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POR AÍ

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VIDA INTERIOR

VIDA INTERIOR

POR KIKI GARAVAGLIA

FOTO ARQUIVO PESSOAL

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UM VAZIO ENORME

Quando voltaremos a ter um futuro de liberdade, sem medos, em que se possa sonhar e viajar?

Um dos ensinamentos de Dalai Lama é: “Conhecer um lugar novo ao menos uma vez por ano”. Todos os anos, eu seguia esse sábio conselho e procurava ir a um país, uma cidade diferente, e o planejar de uma viagem me enchia muitos dias de alegria.

Viajar: sair da mesmice, conhecer outras culturas, rumo ao novo, à aventura, ao desconhecido. Quando “escolho” aonde quero ir, não conhecendo o lugar, começo a estudar e “já estou viajando”. Começo pesquisando na internet, perguntando por dicas aos amigos que já foram, quais são os voos que pegarei, vejo se poderia fazer uma escala num lugar de interesse, estudo as companhias aéreas, comparo preços com outras companhias... Aliás, sempre pago em “cash”, sem dividir em cinco ou dez vezes, pois se quiser viajar outra vez ainda estarei pagando a viagem que passou. Aí, começo a procurar hotéis ou um apartamentinho para alugar, que prefiro. Me sinto uma “local” comprando uma comidinha na rua, levando umas flores para a sala, fazendo minha “casinha” naquela cidade... Escolhido o bairro, estudo a localização, começo a imprimir passeios, lugares de interesse, restaurantes que irei e “já estou viajando”.

Como vocês podem ver, toda essa preparação demora, pesquisas, estudos, horas no computador... Mas assim que chegar lá, poderei ir direto ao que me interessa. Portanto, parte dos meus dias que passo durante o ano organizando uma viagem “ já estou viajando”.

A data do voo se aproxima, começo a organizar a bagagem, o que devo levar, pois odeio levar muita coisa... Viajo light, todas as roupas deverão ser usadas. Se for cidade grande, simplifico a mala usando peças nas cores preta, marrom e branca. Fico horas estudando como posso restringir ao mínimo, mas na maior animação já que “já estou viajando”, pensando e vivendo o lugar...

No dia do embarque, minhas malas já estão fechadas, etiquetadas, chaves dos cadeados na minha bolsa de mão, caso algum chato queira abrir ao chegar no destino e passo o dia calmamente para não demostrar à família, que ficará em casa, que estou histérica de animação e emoção em ir viajar! Chego ao aeroporto, local que a maioria das pessoas odeia, e vibro, sei que falta pouco para o meu destino! Tenho a maior paciência com filas e atendentes, pois, “já estou viajando” rumo à aventura!

Essa porcaria de vírus que me prende em casa, me proíbe de viajar, de sonhar, de planejar uma viagem e, para aumentar minha tristeza, sem ter muito o que fazer, acabo vendo os noticiários tristes e deprimentes e penso neste nosso lindo planeta com tantas pessoas sofrendo, morrendo, sem se saber quando este pesadelo vai acabar, quando voltaremos a ter um futuro de liberdade, sem medos, em que se possa sonhar, em que se possa viajar. n

VIAJANTE INSACIÁVEL, KIKI GARAVAGLIA JÁ CORREU O MUNDO, MAS AINDA TEM MUITO LUGAR PARA CONHECER. SÓ TEM MEDO DE MORRER SEM ANTES IR AO SRI LANKA

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