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masculinidade
CLASSE EXECUTIVA
Três líderes mulheres relatam as estratégias de que lançaram mão e as dificuldades que tiveram de enfrentar para chegar ao topo de carreira
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POR ALINE VESSONI E DADO ABREU
ROBERTA MEDINA, ROCK IN RIO
Por um mundo melhor. O lema do Rock in Rio, o maior festival musical do planeta, com 18 edições realizadas, é a máxima aplicada pela sua vice-presidente executiva, Roberta Medina, à frente dos negócios do grupo em Portugal. “Entendo que todos nós somos um corpo único e dependemos um do outro. Eu dependo que você esteja bem para que eu esteja bem e nós dois precisamos da natureza em harmonia. Se juntos nos combinarmos, nos sintonizarmos, com certeza teremos uma mudança para um lugar melhor.”
A visão de um organismo interdependente explica os 15 anos de sucesso da marca em Portugal, a serem completados em maio próximo, meses antes do Rio de Janeiro sediar mais uma edição da festa na Cidade do Rock. Espanha e Estados Unidos foram outros países onde o festival também fincou bandeira, embora Roberta Medina faça questão de frisar que o Rock in Rio não é de levantar bandeiras. “Porque não há uma mais importante do que a outra”, conta. E por outra simples razão: público e artistas manifestam-se livremente e os temas latentes da sociedade são, naturalmente, apresentados em alto e bom som. Como fez a cantora Karol Conka, em 2017: “A gente está aqui para representar a diversidade. O amor é a única e verdadeira cura para uma das doenças mais graves da humanidade, que é a homofobia. Então, meus queridos, f... eles”, bradou a estrela pop.
Eles, a quem se refere a cantora do hit “Tombei”, poderia ser entendido por showbiz, mercado que mesmo culturalmente dotado possui pouquíssimas mulheres em cargos de liderança. Elas estão no palco, estão com o microfone na mão, mas longe das cadeiras de decisão. “No Rock in Rio nossa referência é o mérito e temos mulheres em todos os postos”, conta Roberta. “Não trabalhamos a igualdade de gênero apenas pela igualdade de gênero. Levamos em conta a questão do mérito e sem jamais ceder a qualquer tipo de preconceito em nossos olhares.”
Um ativo importante para reverter tal quadro, acredita a vice-presidente executiva do Rock in Rio, está no poder de transformação da música. “Uma pesquisa recente mostrou que 94% da geração Z tem a música como parte importante de sua vida. Outros 45% afirmaram que seu artista favorito influencia o seu estilo de vida. Ou seja, é uma arma muito poderosa de transformação.”
Poucos dias antes de conversar com PODER, a engenheira florestal Giovana Baggio esteve no Mato Grosso para acompanhar um dos projetos de agricultura sustentável de que é responsável. Depois, ela voltaria para o home office, em Curitiba. Como gerente da The Nature Conservancy Brasil, Giovana comanda uma equipe de 18 pessoas na Bahia, no Mato Grosso e no Pará. “O objetivo da TNC é encontrar o caminho do meio, que congregue a conservação da natureza com as necessidades da humanidade. Meu papel como gerente de estratégia de agricultura sustentável é achar soluções para que os produtores rurais sigam a legislação vigente. Hoje, falamos de uma agricultura resiliente, a ideia de produzir 30, 40 anos sem acabar com os recursos naturais da terra”, explica.
Com apenas 12 anos, Giovana decidiu que seria engenheira florestal. “Desde criança minha preocupação maior era com a destruição do planeta.” Parece estranho para quem cresceu numa capital como Curitiba, mas a sua Curitiba era tranquila, uma casa afastada da muvuca com quintal enorme, onde viu frutificar mais de 80 macieiras. O escotismo e a experiência do pai, engenheiro agrônomo, também tiveram importância no fu
GIOVANA BAGGIO, TNC
turo de Giovana.
O mercado mudou um bocado de 20 anos para cá, e o número de mulheres aumentou consideravelmente na área de conservação florestal. Mas ainda há perrengues. “No começo, até você ganhar confiança, por falta de hábito daquela equipe em trabalhar com mulheres, principalmente em cargos de liderança, você tem de provar mais do que qualquer homem”, conta. O diálogo, contudo, trava na hora de conversar com os produtores rurais, reduto eminentemente masculino. “Você tem que adaptar a linguagem e se impor para sua opinião ser respeitada. Ainda existe muito machismo nessa área.” Não é à toa que a engenheira gosta tanto do projeto Cacau Floresta, que, além de combater o desmatamento na Amazônia, empodera mulheres. “As agroflorestas são soluções inovadoras. Ali são misturadas espécies locais como banana, mandioca e cacau para recuperar áreas degradadas. Em três anos, a área já produz”, sentencia. “Percebemos que muitas mulheres produtoras rurais se interessavam por isso, então a gente se aproximou dessa liderança feminina, isso fortalece o empoderamento feminino.”
THEREZA MORENO, PRUDENTIAL dos por Thereza como preconceito de gênero e de raça. “Passei por disnais da cidade. Depois resolveu cursar criminações desse tipo, de viés inconsciente, de que se fala muito atualmente. Escutava, respirava fundo e focava no trabalho. O preconceito existe e eu, além de ser mulher, sou negra e senti o preconceito nessas duas pontas, sem dúvida, mas eu tentava olhar para o lado positivo. Fiz isso minha vida toda e adquiri mais conhecimento, que é a grande chave para enfrentar a discriminação.” Tamanha lucidez teve, no mínimo, dois desdobramentos favoráveis, o primeiro para ela mesma. Quando o ex-CEO Marcelo Mancini anunciou, em setembro de 2018, sua aposentadoria, a matriz da Prudential, que fica nos Estados Unidos, não titubeou em fazê-la CEO interina. Há cinco meses, Thereza se desdobra nessa função e na que já ocupava anteriormen
Quem olha para Thereza Moreno em seu campo de atuação, o mercaEla aceitou, com a condição de poder hoje, uma matemática simpática que do de trabalho fecha algumas portas exercer uma gestão participativa. “É não se nega a explicar as funções de para elas. “Toda vez que eu assumia positivo, nossos colaboradores peratuária, sua especialidade, nem imauma área nova, gerenciando algo ceberam essa diferença. Estou sendo gina os desafios que teve de superar que não era minha expertise, era transparente em cada movimento, ispara chegar ao cargo de CEO da Pruquestionada: ‘Será que você vai dar so fez toda a diferença.” O segundo dential do Brasil, maior seguradora inconta?’.” Ao longo da carreira, Thedesdobramento é para o coletivo, da dependente do país no ramo de vida. reza conta que já ouviu diversas vereflexão sobre a construção das carOriunda da classe média carioca, Thezes em reuniões coisas como ‘você é reiras femininas. Motivada por um reza estudou toda sua vida em escolas a única mulher aqui, então finja que evento que aconteceu na sede da Prupúblicas. Por estar entre as melhores é homem’. “Fazia diferente. Sempre dential, nos Estados Unidos, surgiu alunas da educação básica da zona sul reforçava que era mulher e que estaum comitê de diversidade, do qual ela do Rio de Janeiro, foi convidada a inva ali porque era uma exigência da ainda participa. Nessa situação de gagressar no ensino fundamental no Cominha carreira.” nha-ganha, CEO e funcionários saem légio Pedro II – um dos mais tradicioAlguns desafios foram identificatodos fortalecidos. n te, a de vice-presidente de finanças. matemática, sua matéria preferida na ONZE MULHERES E UM SEGREDO escola, na Universidade Federal do DENISE SANTOS: CEO da BP – Beneficência ANA THERESA BORSARI: diretora-geral no Rio de Janeiro. “Quando entrei na Portuguesa Brasil de Peugeot, Citroën e DS faculdade, tinha muito mais homem RACHEL MAIA: CEO da Lacoste MARÍLIA ROCCA: CEO da Hinode que mulher. A matemática, as ciências ANDREA ALVARES: vice-presidente de MARCELLA KANNER: head de marketing exatas, de maneira geral, são um cammarketing da Natura FERNANDA BARROSO: diretora-geral da da Riachuelo NADIR MORENO: presidente da UPS Brasil po bem masculino.” Kroll no Brasil JANETE VAZ: presidente do conselho do
Thereza acredita que embora teDENISE AGUIAR: presidente da Laboratório Sabin nha encontrado mulheres geniais Fundação Bradesco CRISTINA PALMAKA: CEO da SAP no Brasil