Revista Poder | Edição 134

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ISSN 1982-9469

00134

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DEZEMBRO 2019/JANEIRO 2020 N.134

LIGA DA JUSTIÇA Com críticas à magistratura que não tem compaixão e sem receio dos acordos de delação premiada, os advogados JOSÉ LUIS OLIVEIRA LIMA e RODRIGO DALL’ACQUA se firmam como grandes criminalistas do país

ALTA ANSIEDADE

Os males que a vida moderna – e a maconha – traz, segundo o psiquiatra

VALENTIM GENTIL FILHO

MUITO ALÉM DO FATURAMENTO

Executivos e investidores querem saber qual o legado que as empresas deixam para a sociedade – aqui no Brasil, inclusive

E MAIS

O superstar sertanejo LUCAS LUCCO em sua melhor forma; a experiência utópica de Inhotim, a sofisticação master do Four Seasons Comcast na Filadélfia e o que de melhor – e pior – aconteceu em 2019




36

48 SUMÁRIO EDITORIAL COLUNA DA JOYCE DEFESA COM GRIFE

José Luis Oliveira Lima e Rodrigo Dall’Acqua contam como é defender os poderosos em tempos de Lava Jato 20

DE OLHO NO LEGADO DELAS

40

42

ALMOÇO DE PODER

O psiquiatra Valentim Gentil Filho fala sobre os males da modernidade 30 36

RETROSPECTIVA 2019 ENSAIO

Uma nova fase para o cantor Lucas Lucco

50

SAÚDE NA ERA DA COLABORAÇÃO

Claudia Cohn, CEO do Alta Excelência Diagnóstica, e os novos desafios do sistema de saúde 44

ISSO É SOFISTICAÇÃO

Filadélfia nunca mais será a mesma depois da abertura do Four Seasons Comcast

Responsabilidade social e ambiental das empresas agora vale ouro 24

DOUTOR, NÃO

A alta das profissões não tradicionais

48

JARDIM SECRETO

A utopia e as curvas de Inhotim, nas Minas Gerais 50 63 64

CULTURA INC. CARTAS ÚLTIMA PÁGINA

JOSÉ LUIS OLIVEIRA LIMA E RODRIGO DALL’ACQUA POR JOÃO LEOCI

NA REDE: /Poder.JoycePascowitch @revistapoder @revista_poder

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PODER JOYCE PASCOWITCH

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PODER EDITORIAL

N

os inflamados embates no Supremo Tribunal Federal, afeto não parece ser característica presente na corte. Talvez porque a benevolência não transpareça em cores pela televisão, mas fato é que faz parte do ofício da advocacia. É o que nos contou José Luis Oliveira Lima, o Juca, um dos mais célebres advogados criminalistas do Brasil, que acaba de reformatar seu escritório numa versão “butique” e levá-lo do centro para a alameda Santos, em São Paulo. Para ele, o criminalista precisa dar colo para os clientes já que a sociedade muitas vezes os condena – uma espécie de divã judiciário. E se afeto é bom e todo o réu gosta, mudar também é sempre bom. Se não para ser a metamorfose ambulante de que Raul Seixas falava, ao menos para seguir os ventos do norte. Executivos mais preocupados com o stakeholder – a comunidade – do que com o shareholder – o acionista –, por exemplo, hoje são muitos, mas até outro dia não se via um: é o tal legado que as empresas deixam para o ambiente e para a sociedade de que falamos em reportagem especial. No Almoço de PODER, o psiquiatra e professor titular da USP Valentim Gentil Filho explica por que hoje somos tão ansiosos e tão deprimidos – e, navegando contra a corrente, por que ninguém deveria se entusiasmar com a maconha. Ainda passam por aqui o popstar Lucas Lucco, o do hit “Amor Bipolar” (apenas coincidência editorial, doutor Valentim…), a sofisticação surpreendente do novo Four Seasons da Filadélfia, uma joint com o conglomerado de mídia Comcast, a utopia de Inhotim e a empatia à brasileira da jornalista e escritora Eliane Brum. Esta edição celebra o ano que se vai e entra com energia, corpo e alma renovados em 2020. Que estejamos juntos em mais essa viagem.

G L A M U RA M A . C O M


Foto: Casa Leão

Arte: LINA Arte & Design

(foto ampliada para melhor visualização). © Casa Leão Joalheria - Todos os Direitos Reservados - Proibida a reprodução total ou parcial.

Par de brincos de Ouro branco 18k com Turmalinas Paraíba e Brilhantes.

Um século de Credibilidade

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TERAPIA

LILY SAFRA , dona de uma das maiores

fortunas do planeta, está investindo em uma droga contra o câncer de fígado que reúne o canabidiol, presente na cannabis, e doxorrubicina, um agente quimioterápico. A pesquisa é liderada por Alexander Binshtok, da Universidade Hebraica de Jerusalém e do Centro de Ciências do Cérebro Edmond & Lily Safra. Como tudo que envolve a filantropa, as cifras em jogo são milionárias.

Com a Lava Jato no banco dos réus, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal foram para cima dos advogados de acusados nos grandes escândalos que sacodem o país. Em apenas dois casos recentes, mais de 50 escritórios tiveram seu sigilo quebrado.

3X4

Estrela de primeira grandeza nos governos do PT, o ex-presidente da sigla JOSÉ GENOINO tem ultimamente se dedicado a escrever sua biografia. A obra, produzida em parceria com um jornalista, não deverá conter nenhuma crítica ao Partido dos Trabalhadores ou aos anos de Lula e Dilma no poder. A interlocutores, Genoino prefere falar em “balanço”. O ex-parlamentar foi condenado em 2012 no processo do mensalão a quatro anos e oito meses de reclusão. Cumprida em regime semiaberto e domiciliar, a pena foi extinta em 2015 pelo Supremo Tribunal Federal.

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FOTOS GETTY IMAGES; WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL; FELIPE COSTA/DIVULGAÇÃO; BRUNA GUERRA; MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL; ANDRÉ LIGEIRO; FREEPIK; DIVULGAÇÃO

PENTE FINO


OÁSIS

Com jurisdição sobre os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) tem sido chamado de oásis da Justiça Federal. Diferentemente dos outros quatro TRF, a corte reduziu pendências e bateu metas de produtividade. No acumulado dos últimos três anos, frente a um total de 138 mil novos recursos, as turmas do TRF-2 julgaram 191 mil processos. Os dados são do Anuário da Justiça Federal, da editora ConJur, lançado em novembro no STJ com a presença de autoridades, entre elas o presidente do STF, DIAS TOFFOLI. “Não há Poder Judiciário no mundo que trabalhe tanto quanto o brasileiro”, afirmou. Em 2018, 32 milhões de processos foram encerrados em todo o país.

NON STOP

Apesar de se dividir entre Rio, São Paulo e Bahia, é em Salvador que o baiano DAVID BASTOS está bombando de verdade. Arquiteto responsável pelo décor do prédio mais caro de Salvador, o Mansão Wildberger, no Corredor da Vitória, com direito a vista estonteante da Baía de Todos os Santos, ele também cuida de interiores de dez apartamentos. Todos megaluxuosos, com até 993 m2.

HOLOFOTE

No último encontro da Endeavour em São Paulo, uma presença discreta, mas nem tanto, atraiu alguns olhares. Era Paula Drumond Guedes, filha do ministro Paulo Guedes. Empreendedora da área de tecnologia, ela circulava acompanhada de Veronica Serra, sócia-fundadora da Innova Capital Consultoria e filha do tucano José Serra, ex-governador de São Paulo.

REFORMISTA

PAULO GUEDES tem andado contrariado. A ideia do

ministro da Economia era seguir sem pausa com o pacote de reformas após a aprovação da Previdência. Contudo, com protestos agitando a América Latina, o presidente Bolsonaro preferiu segurar a agenda temendo manifestações semelhantes diante de ações pouco populares, fato que não agradou a Guedes, que tem como exemplo o fracasso de Mauricio Macri na Argentina – o medo das reformas levou o país vizinho à sua pior recessão.

SAGA

A empresária SONIA HESS, uma das mais importantes representantes do empreendedorismo feminino do Brasil, está prestes a realizar um grande sonho: o de contar em livro a história de amor dos seus pais. Para isso, ela convidou a escritora gaúcha Leticia Wierzchowski, autora de A Casa das Sete Mulheres, que entrevistou os 16 filhos de dona Adelina e seu Duda, os criadores da Dudalina, uma das grifes mais famosas do Brasil. Também foram ouvidos dezenas de conhecidos do casal do interior de Santa Catarina. A obra será um romance e tem previsão de lançamento para maio de 2020. A ideia é que também possa servir de pano de fundo para uma série televisiva. PODER JOYCE PASCOWITCH 9


Somos o que fazemos, principalmente o que fazemos para mudar o que somos EDUARDO GALEANO

3 PERGUNTAS PARA... ALEXANDRE UGADIN, UGADIN, COO do grupo de comunicação We

O cenário mudou muito, principalmente nos últimos dez anos. Há muito mais a oferecer

HOUVE UMA MUDANÇA DE PARADIGMA NA PUBLICIDADE EM FAVOR DE UM

Não há mais um único caminho. Mas acredito que o storytelling e a criatividade vão ser sempre necessários. Você pode automatizar tudo, colocar um robô pra trabalhar, ter a precisão da análise de dados e ainda assim vai precisar ser criativo. Além disso, a opinião sobre a marca, sua reputação, a história por trás dela, tudo conta na hora em que o consumidor escolhe um produto.

TOQUE DE CLASSE

Um dos hotéis mais chics da Riviera Francesa, o Grand Hôtel du Cap, que fica em Cap d’Antibes, está sendo reformado neste outono e inverno no Hemisfério Norte e será reinaugurado em abril. É o tradicional palco das festas mais famosas do Festival de Cannes e dos agitos da revista Vanity Fair. Detalhe: a responsável pelo trabalho é a arquiteta paulistana Patricia Anastassiadis, que assinou também outros projetos luxuosos do mesmo grupo, o Oetker Collection, como o Jumby Bay Island, em Antígua, e o Palácio Tangará, em São Paulo.

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DISCURSO MAIS INCLUSIVO, CONFERE? ESSA É A NOVA TENDÊNCIA?

Isso demorou para acontecer. Se as marcas não se conscientizarem sobre os estereótipos da publicidade dos últimos 50 anos, elas vão perder força e consumidores. Quem não coloca em igualdade mulheres e homens, negros, orientais e outras etnias não reporta a realidade do mundo. A publicidade brasileira sempre usou o estereótipo da família caucasiana, só agora tem surgido campanhas com afrodescendentes, com LGBTs. Essa é a nova realidade. Quem não pautar isso, vai ser cobrado.

FOTOS RÔMULO FIALDINI/ARQUIVO PESSOAL; REPRODUÇÃO; DIVULGAÇÃO

QUAIS AS PRINCIPAIS MUDANÇAS AO LONGO DAS SUAS DUAS DÉCADAS DE CARREIRA?

aos clientes. Hoje conseguimos cercar a jornada do consumidor em diversos momentos. Antigamente era TV, mídia impressa, rádio, agora há social media, vídeos on-line, aplicativos etc. A marca, independentemente de seu segmento, consegue estar na jornada do consumidor. Antes esse público ficava passivo diante dos comerciais da TV ou da mídia impressa. Mas como o Brasil é muito estratificado – não é todo mundo classe A ou B, não é todo mundo que mora em São Paulo –, a televisão e o rádio ainda têm penetração significativa. Para as agências, se hoje é mais complexo definir estratégia e campanhas, a efetividade é maior: conseguimos medir engajamento, interação, o rendimento da campanha que colocamos na rua.

QUAL O MAIOR DESAFIO DA PUBLICIDADE HOJE, QUANDO AS MÍDIAS SOCIAIS E A ANÁLISE DE DADOS GANHAM IMPORTÂNCIA?


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EM DEZEMBRO E JANEIRO, A MULHER E O HOMEM DE PODER VÃO... TROCAR o FOMO (Fear of Missing Out, ou “medo de estar perdendo algo”) pelo JOMO (Joy of Missing Out, ou “curtir perder algo”) e aproveitar as férias deliciosamente desconectados

RIR com Jerry

Seinfeld, o humorista criador da seminal série sobre o nada Seinfeld. No Beacon Theater, em Nova York

PERCORRER o geometrismo

da obra do escultor, pintor e desenhista Franz Weissmann no Itaú Cultural, em São Paulo. A exposição O Vazio Como Forma fica em cartaz até 9 de fevereiro

OUVIR o novo álbum de Antonio REVER o sensível e ultrapremiado

Manchester à Beira-Mar, do diretor Kenneth Lonergan, que entra este mês no catálogo da Netflix

Nóbrega, o primeiro lançado pelo artista em 12 anos. Rima está disponível nas principais plataformas digitais

APRENDER um hobby novo

no período de descanso. Pode acrescentar muito ao desenvolvimento pessoal. Cozinhar, tocar um instrumento, desenhar...

RELER Paulo

Freire. Pedagogia do Oprimido, a terceira obra de ciências sociais e humanas mais citada no mundo segundo a London School of Economics, acaba de ganhar novo projeto gráfico pela editora Record

BAIXAR algum app para turbinar a câmera do celular antes das férias. Com o Camera+ 2 é possível controlar até a velocidade do obturador e o Huji Cam dá um ar anos 1990 para os cliques VISITAR a retrospectiva da artista carioca Fernanda Gomes reunindo 50 de suas obras por sete salas da Pinacoteca de São Paulo. Em cartaz até 24 de fevereiro

AVALIAR o progresso dos objetivos traçados para o ano que está se encerrando PLANEJAR o novo ano. O que

você espera alcançar pessoal e profissionalmente em 2020? FAZER um checklist da bagagem de verão – prancha de SUP, raquete de frescobol, bola, nadadeiras, máscara e snorkel

ACOMPANHAR o Pipe Masters, a última e mais tradicional etapa do Circuito Mundial de Surfe. Os brasileiros Gabriel Medina, Filipe Toledo e Ítalo Ferreira estão na briga pelo título com o sul-africano Jordy Smith. Em Pipeline, no Havaí

com reportagem de aline vessoni, dado abreu e fábio dutra 12 PODER JOYCE PASCOWITCH

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REUNIR os amigos e servir aquela receita que evoluiu durante todo o ano. Dotes de chef de cozinha são muito valorizados hoje em dia


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COLARINHO

DEFESA COM GRIFE Celebrada dupla de criminalistas do país, José Luis Oliveira Lima e Rodrigo Dall’Acqua estreiam escritório de advocacia em formato “butique” para dar ainda mais atenção – e afeto – aos poderosos que defendem por paulo vieira e dado abreu fotos joão leoci

Os sócios José Luis Oliveira Lima, o Juca (de óculos) culos),, e Rodrigo Dall’Acqua

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E

mbora adore samba e tenha uma paixão pela Vai-Vai, a mais famosa escola de samba paulistana, o advogado criminalista José Luis Oliveira Lima, 53 anos, não ouve o gênero preferido em sua sala quando recebe figuras encrencadas com a Justiça em busca de seus préstimos. Nessas horas, Juca, como é conhecido, prefere algo mais default: música clássica. A sala é novíssima, assim como o escritório. Depois de 30 anos no simbólico Edifício Itália, no centro de São Paulo, ele se mudou em agosto para as cercanias da avenida Paulista. Mais importante, deixou uma sociedade com outros medalhões da advocacia para se concentrar numa formação mais “butique”, como diz. Trouxe como sócio consigo apenas um dos velhos parceiros, Rodrigo Dall’Acqua, que ele próprio empregou, década e meia atrás, quando se preparava para cuidar do caso que reputa como o mais importante de sua carreira. O caso era a famosa Ação Penal 470 – mensalão, no popular; o cliente, o ex-deputado federal José Dirceu; a tribuna, a mais alta corte, o Supremo Tribunal Federal. “Eu era o primeiro a falar e não podia errar, ter um piripaque, desmaiar. Não podia fazer uma sustentação oral pífia”, disse a PODER em seu novo local de trabalho. Juca não livrou Dirceu da condenação – considera que o julgamento não foi exatamente “técnico” –, mesmo tendo feito, segundo ele, “a melhor preparação intelectual e emocional” de toda a carreira. Malgrado a derrota, a sustentação oral colocou o sobrenome Oliveira Lima na plêiade dos criminalistas brasileiros. É bem verdade que Juca é de uma linhagem deles. Seu pai é Areobaldo Espínola de Oliveira Lima Filho, morto em 2017, que fundou banca penalista pioneira no atendimento a instituições financeiras; seu tio, o ex-ministro da Justiça de FHC José Carlos Dias; outro tio, Rubens Oliveira Lima, é desembargador aposentado do TJ paulista e ainda advoga. Foi o ocupado Dias que acabou por indicar o sobrinho a Dirceu, que queria inicialmente o ex-ministro em sua defesa. QUARTO DE HOTEL Muita água rolou desde aquele segundo semestre de

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São Paulo e Rio em versões icônicas nas paredes do corredor que conduz à sala de Oliveira Lima

2005 em Brasília quando Rodrigo Dall’Acqua, então recém-formado na PUC-SP, se incumbia de escrever as petições dentro do quarto de um hotel, enquanto Juca comandava a estratégia para impedir a cassação de Dirceu na Câmara Federal. “Rodrigo é rápido e escreve divinamente”, diz o sênior, que na entrevista de admissão afirma já ter percebido no futuro sócio alguém “brilhante”. Novos clientes se sucederam, de J. Hawilla a Rodrigo Rocha Loures; de Salvatore Cacciola a Roger Abdelmassih; de Erton Fonseca, da Galvão Engenharia, a Léo Pinheiro, da OAS. Muitos desses acabaram por contratar o escritório para fazer o acordo de colaboração com o Ministério Público, instrumento no Brasil mais conhecido como “delação premiada”, que, acoplado à lei das organizações criminosas, homologada por Dilma Rousseff em 2013, acabou por dar estofo legal e a estamina necessária para a Operação Lava Jato fazer e acontecer. Na época do mensalão, Juca era contra o instrumento e não via com


bons olhos o contato direto do réu com o Ministério Público sem a participação mais efetiva do juiz. A PODER ele diz que sua visão do acordo de colaboração “evoluiu” para um “exercício do direito de defesa”, uma “confissão dos pecados” do réu. “O acordo é positivo. Pode desmantelar organização criminosa, vale para o colarinho branco, para o PCC, para o tráfico de drogas. O problema é celebrá-lo para um preso que não terá garantias de vida, que pode ser assassinado dois dias depois.” A Lava Jato trouxe em seu manto supostamente purificador uma proliferação de prisões preventivas que se arrastam por semanas ou meses – a tal “antecipação da pena” –, a espetacularização das operações e até mesmo ataques aos advogados de defesa. Tudo isso acabou por modular o discurso de Juca em relação ao acordo de colaboração. “Há um monte de ajustes a ser feitos. As regras precisam ser claras, o Ministério Público tem de ter mais certeza do que quer e os juízes precisam ficar distantes das tratativas”, diz. JUSTIÇA SOCIAL Algumas imagens do início de carreira calaram fundo na vida profissional de Juca. Como a da Casa de Detenção de São Paulo vazia, recém-desativada, visitada em companhia de José Carlos Dias; e a do tratamento dado aos familiares de presos num dia rotineiro de visita. Ele, que começou literalmente como advogado de “porta de cadeia”, como diz, presenciou “presos humilhados, suas mulheres grávidas humi-

lhadas”. “O sistema penitenciário parece que foi feito para humilhar o ser humano.” Juca diz que não tem tolerância com a “covardia” e critica pesadamente boa parte da elite brasileira que parece ir a restaurantes para “desfilar” e “tratar garçons como não se deve tratar ninguém”. “Arrogante, preconceituosa, pobre intelectualmente e autoritária”, essa elite, segundo ele, “só quer saber do próprio bolso e não percebe a concentração absurda de renda” que marca o país. São essas pessoas que ele diz ter orgulho de não representar – na sua visão todas as pessoas que defendeu jamais agiram com covardia. “Não faço julgamento do meu cliente.” A justiça social que parece brotar caudalosa e impoluta desse discurso não foi a pulsão que o levou à advocacia. “Eu gosto da advocacia criminal, ponto. Gosto de defender, debater com o Ministério Público, ir contra esse julgamento que as pessoas fazem.” Mesmo assim, Juca concede que o tratamento conferido ultimamente a réus em julgamentos criminais o perturba mais do que nos anos de formação. Agora não são apenas algemados, são algemados também nas pernas, com rigor extremado. “Parece que uma parcela da magistratura deixou de ter compaixão.” Juca reconhece que essa parcela da magistratura de

VAZANTE

Embora sejam amantes da liberdade de imprensa e no caso de Juca bastante ligado também na vida pessoal a jornalistas, os sócios do Oliveira Lima & Dall’Acqua têm de lidar constantemente com clientes que têm certa aversão ao jornalismo. O vazamento de dados de contas bancárias físicas e jurídicas de brasileiros em paraísos fiscais como o Panamá – escândalo que ficou conhecido como The Panama Papers – trouxe consternação a correntistas representados pelo escritório. “Há um conflito entre o direito de a imprensa usar os vazamentos e o direito à privacidade de quem tem seus dados vazados”, diz Rodrigo. “Quando esses dados são roubados e usados como prova, trata-se de prova ilícita.” Para o advogado, a chamada “Vaza Jato”, a copiosa compilação de mensagens trocadas por promotores da Lava Jato divulgada pelo site The Intercept, “tangencia um pouco” o caso The Panama Papers. Há expectativa sobre como o STF irá se pronunciar sobre a imparcialidade do ex-juiz Sergio Moro nos julgamentos do ex-presidente Lula na Lava Jato. É a validade da prova – obtida por interceptação eletrônica – que, afinal, estará em jogo. PODER JOYCE PASCOWITCH 17


alguma forma se untou com o bálsamo lavajatista e por isso concorda com certas medidas da lei de abuso da autoridade, como aquela que responsabiliza criminalmente agentes por prisões injustificadas ou por expor denunciados às câmeras de TV. Por outro lado, lamenta o teor do pacote anticrime brandido dia sim, dia sim, pelo ministro da Justiça e aprovado pela Câmara com a exclusão das principais proposições de Moro, como o excludente de ilicitude. “É raso, sem fundamento, sem estudo e não abrange o sistema penitenciário, em que há um índice brutal de pessoas que deixam o cárcere para reincidir no crime. Não há condições mínimas para o cidadão se ressocializar.” Rodrigo concorda: “É um projeto pouco inteligente, nada inovador, que tende a aumentar a população carcerária do país. E na questão do acordo [de colaboração, o chamado plea bargain], ele é mais restritivo do que os que vêm sendo celebrados com o Ministério Público”. Juca tem quatro filhos, dois deles já começando a trabalhar em seu escritório. Diz que o sócio será responsável por “cuidar” deles e que tê-los sob o mesmo CNPJ, digamos, é uma “delícia”. A lógica da mudança para o formato “butique” passa por essa transferência de bastão geracional. Ele está feliz no espaço menor – os dois andares do centro viraram apenas um na alameda Santos – em que “todos podem se encontrar no café” e que a ideia de pertencimento está bastante introjetada. “A vitória não é do advogado José Luis Oliveira Lima, é de todo o escritório.” Qual uma música de Adriana Calcanhotto, Juca vê em Rodrigo uma figura complementar, ideal para esse novo marco de carreira. “Sou mais atirado, ele é mais cauteloso. Dou a estratégia e ele já começa a escrever, logo vem com um boneco da peça pronto. Rodrigo é mais formal, mais alemão. Acho que eu o ensinei a abraçar, a tocar, a dar colo”, diz. “O advogado criminalista precisa dar colo, precisa dar afeto para os clientes, a sociedade os vê como lixo. É por isso que nos tornamos amigos deles no final.” Fora do escritório, um pouco mais de queijo com goiabada: Juca não esconde que “adora a boemia”; Rodrigo prefere guardar o descanso no recato do lar. ESTRELA Ter defendido Léo Pinheiro, cuja delação foi respon-

18 PODER JOYCE PASCOWITCH

sável por incriminar o ex-presidente Lula, torna pouco verossímil a narrativa de que Juca traz no peito um coração em formato de estrela vermelha. Mas a longeva relação com José Dirceu firmou essa imagem, e o advogado é eventualmente hostilizado por simpatizantes de um arco partidário agora um tanto mais amplo. Nessas horas, ele vê os contendores da ala conservadora como “mais inadequados” e para evitá-los procura frequentar os mesmos restaurantes de sempre, além de adotar uma política de contenção na internet. Quando acha que as coisas “passam do tolerável”, a ameaça de um processo serve para “assustar” o interlocutor. “As pessoas são covardes.” E para quem pensava que a conflagração dos últimos anos no Brasil tendia a amainar, a saída de Lula da prisão de Curitiba com um discurso beligerante preocupou. O momento, segundo Juca, é de buscar algum tipo de conciliação. O advogado, que tem “dificuldade em compreender como alguém pôde votar em Jair Bolsonaro”, acha que uma polarização entre o atual presidente e Lula, que na sua opinião tem chance de se tornar novamente elegível, seria um “desastre ao cubo”. Nos fóruns políticos e mesmo no Twitter a frase “as instituições estão funcionando” já virou um bordão cínico. Mas a tese segue de fato bastante aceitável, e, com efeito, o repúdio do Legislativo às reiteradas evocações às leis de exceção parece afirmá-lo. De qualquer forma, Juca e Rodrigo veem problemas no Supremo com as bruscas mudanças de entendimento sobre um mesmo tema e a dissonância de vozes; e no comando do Executivo há hoje nada menos do que uma “aberração”. “A democracia, de vez em quando, produz estadistas – aqueles políticos com a sabedoria necessária para afastar a demagogia e a capacidade de construir alternativas que amadureçam as nações. Noutras, conduz a aberrações, como os Bolsonaros e Trumps vêm corroborar”, registrou Juca em artigo na Folha de S.Paulo. O texto, publicado em julho de 2019, servia como desagravo ao presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, alvo da hora do presidente da República. Curiosamente, Juca não vinha poupando a OAB de críticas severas por suas omissões e perda de protagonismo. Isso pode estar finalmente a mudar com Santa Cruz. Em “tempos sombrios”, para usar novamente a imagem do artigo da Folha, enfim uma “agradável surpresa”. n


‘‘O projeto anticrime é pouco inteligente, nada inovador, tende a aumentar a população carcerária do país. E na questão do acordo é mais restritivo” RODRIGO DALL’ACQUA

‘‘O advogado criminalista precisa dar colo, precisa dar afeto para os clientes. A sociedade os vê como lixo. É por isso que nos tornamos amigos deles no final” JOSÉ LUIS OLIVEIRA LIMA

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GESTÃO

DE OLHO NO

LEGADO DELAS Comum nos Estados Unidos, a preocupação com o que as empresas deixam para a sociedade chegou ao Brasil, e hoje investidores já observam o comportamento social e ambiental das companhias antes de fazer aportes por paulo vieira

ILUSTRAÇÃO FREEPIK

E

m tempo de trabalho precarizado, quem tem CLT é rei. É o que devem achar os empregadores brasileiros que veem muito custo, muita obrigação e pouca competitividade no emprego formal – mesmo que seu setor tenha desonerações e incentivos fiscais, como vem sendo a regra no país para diversos segmentos desde há muito. Mas é justamente nesta época em que a tecnologia joga dúvidas monstruosas sobre o futuro do trabalho, especialmente nas nações periféricas – o escritor e pensador israelense Yuval Harari, autor de Sapiens, já disse que “haverá mais empregos para engenheiros de software na Califórnia, mas menos empregos para operários e moto-

ristas de caminhão no México” –, que se fala como nunca no meio corporativo brasileiro de legado. “A ideia de pensar mais na sociedade do que propriamente no acionista está bombando no Brasil”, disse a PODER Marcelo Apovian, sócio da consultoria internacional de liderança Signium. Para ele, 60% dos CEOs e executivos do C-Level da faixa entre 45 e 55 anos com quem falou nos últimos tempos, um universo, segundo ele, de cerca de 200 pessoas, estão se “questionando seriamente” sobre o legado que pretendem deixar no Brasil. “Ver ricos com menos ambição financeira e envolvimento cada vez maior com o terceiro setor é uma onda global, mas por aqui isso é novo”, diz. Para Apovian, a “onda” chegou nos trópicos por alguns motivos, entre eles o ideário dos líderes das empresas globais de tecnologia, que destinam boa parte de sua fortuna pessoal à filantropia, e também pelos efeitos da Operação Lava Jato, que fortaleceram

os procedimentos de compliance dentro das empresas. O exemplo dos tycoons da nova economia é inegável: as doações que vêm fazendo Mark Zuckerberg (US$ 3 bi para pesquisa científica na área de saúde), Jeff Bezos e sua ex-mulher MacKenzie (US$ 2 bi apenas em 2018 para diversas instituições), Bill e Melinda Gates (US$ 45 bi ao longo de vários anos por meio da fundação do casal) e Pierre Omidyar, fundador da eBay (US$ 392 mi em 2018), entre outros, são substantivas. Mas essa é uma tradição bem mais antiga, e sobrenomes como Carnegie, Rockefeller e Morgan se perpetuaram no imaginário americano ao ajudar a estabelecer universidades, museus, corpos artísticos e instituições de pesquisa científica. Na lista dos “50 mais” da filantropia americana de 2018, o ex-prefeito de Nova York e mais recente postulante democrata à Presidência Michael Bloomberg é outro que se destaca: transferiu US$ 767 mi para diversas instituições. O investidor Warren Buffett é hors concours: já “terceirizou” cerca de US$ 34 bi de sua fortuna pessoal. Mas doar, mesmo na grandeza da dezena de bilhões, pode não ser suficiente. O consultor organizacional Simon Sinek, que tem o terceiro “TED Talk” mais popular da história, com mais de 47 milhões de “views”, afirma que pouquíssimos líderes sabem a razão da existência das corporações que dirigem. “Por que sua organização exis-


CONSUMO

DENTRO DE CASA

A palavra legado foi contrabandeada pelas corporações, mas há gente querendo trazê-la de volta para o mundo da pessoa física. O jornalista Fabio Schivartche, o Xivas, e o fotógrafo Kiko Ferrite criaram, em 2019, o Estúdio Eon, especializado em cinebiografias de anônimos – ou nem tanto. Xivas diz ter notado um interesse por “preservação de valores” em muitas famílias, e é isso que ele crê oferecer com os filmes que produz. “O que nos guia é o interesse das famílias em entender as próprias lutas, seu propósito de existir”, diz. Depois de filmar como piloto a história da própria família, Xivas e o Eon foram contratados para contar a saga dos Wessel. No início se pensou no empresário (e açougueiro) István a conduzir a narrativa, mas ao longo da apuração ficou claro que o protagonismo deveria caber à matriarca, Eva, hoje com 95 anos, que deixou sua Hungria natal por conta do totalitarismo soviético e aportou no Brasil em 1957. Xivas e Ferrite não estão sozinhos nesse negócio. André Viana, da editora Livros de Família, fundada em 2011, especializou-se em plasmar narrativas familiares em livros. Raros dos cerca de 30 que produziu foram destinados a um público mais amplo, com comercialização em livrarias, e um deles chegou a ter uma única cópia impressa – a família do biografado imaginava que ele, de hábitos austeros, pudesse se incomodar com a exposição de sua história, mesmo no círculo mais íntimo.

22 PODER JOYCE PASCOWITCH

ideia é que cada colaborador esteja numa posição em que possa realizar plenamente seu potencial. Para isso, é preciso que haja um espírito coletivo de confiança e que cada um exponha com franqueza suas vulnerabilidades e ambições.

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ATIVISMO

Para Sidney Ito, sócio-líder de Risk Consulting no Brasil e América do Sul da KPMG, as empresas hoje são questionadas sobre os benefícios que deixam para a sociedade. “Há um ativismo grande dos stakeholders, ou seja, de todos os interessados na companhia, não só os acionistas, mas também os consumidores e a própria população”, disse a PODER. Além disso, foi-se o tempo em que os investidores apenas olhavam os resultados financeiros na hora de investir. Outras balizas surgiram. Ito cita o “ESG” (de “Environmental”, “Social” e “Governance”, no acrônimo em inglês), critério que busca esquadrinhar como as empresas se comportam em relação ao ambiente, às questões sociais e à governança. Um estudo recém-publicado pela consultoria Accenture em parceria com a ONU endossa essa visão. Nada menos que 99% dos mil executivos de empresas com mais de US$ 1 bi de receita anual entrevistados veem a sustentabilidade como importante para o futuro de seus negócios. Mesmo assim, apenas 21% deles acreditam que as empresas estão contribuindo “de forma crítica” para alcançar os chamados “objetivos globais de sustentabilidade” da ONU, uma pauta ampla que vai de acesso universal à água e saneamento a questões de gênero. Entre os 100 CEOs inquiridos em mais detalhe, figuram os brasileiros João Paulo Ferreira, da Natura, e Fernando Musa, da Braskem. n

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te?”, ele pergunta na palestra. “Qual é sua causa? Sua crença? Seu propósito?” Para ele, quem tem essas respostas são os líderes verdadeiramente inspiradores -- Sinek cita, entre outros, Steve Jobs, Martin Luther King, e, mais mundanamente, Charlie Kim, fundador da empresa de soluções de administração Next Jump. Kim instituiu o “lifetime employment” (emprego por toda a vida, em tradução livre), a política de demissão zero por motivos de performance. Com cerca de 200 colaboradores e matriz em Nova York, a Next Jump tira o foco do rendimento para uma estratégia que pode ser definida por “encontrar a embocadura”. A


PODER INDICA

ESTAMPAS DA CORAGEM

Transformar histórias de superação em estampas de coragem. O ALTA EXCELÊNCIA DIAGNÓSTICA reuniu cinco mulheres que vivenciaram o câncer de mama para narrar suas trajetórias de cura para a artista brasileira LuWa, que pintou lenços de seda com as emoções dessas mulheres, dando corpo à segunda edição do movimento Histórias na Pele – Estampas da Coragem O Alta, diante da visão de transformar a saúde das pessoas e alertar sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama, acredita que esta não é uma causa com data marcada, e sim uma conscientização que deve durar todo o ano. Conheça cada uma das lindas histórias de Dani Miele, Gi Charaba, Xanda Franco, doutora Fabíola La Torre e Fatiminha Marcondes no Instagram @AltaDiagnosticos. Além dessas histórias de conscientização, o Alta doou mamografias para a ONG Américas Amigas.

FOTOS DIVULGAÇÃO

+@ALTADIAGNOSTICOS

Fatiminha Marcondes no bate-papo Saúde da Mulher no Alta - Vila Olímpia

Fábio Arruda

Dani Miele

HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/USER/ALTADIAGNOSTICOS


24 PODER JOYCE PASCOWITCH


CONSULTÓRIO

VALENTIM GENTIL FILHO Professor titular de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e estudioso do cérebro humano, é um dos mais influentes profissionais da moderna psiquiatria brasileira. Neste generoso encontro com PODER, falou sobre depressão, pânico, os males da vida moderna, uso excessivo de medicamentos e ainda questionou as aplicações medicinais da maconha por dado abreu e fábio dutra

A

imagem é de um homem velho sentado numa cadeira junto ao fogo, cotovelos apoiados nas pernas, coluna curva e cabeça enterrada entre as mãos, esmagado sob o peso da amargura e do vazio da vida. O autorretrato No Portal da Eternidade (At Eternity's Gate) foi o último de Vincent van Gogh antes de sair do hospício de Saint-Rémy, na França, em maio de 1890. Gênio do movimento pós-impressionista, o pintor holandês sofreu de depressão, transtorno bipolar, alucinações e epilepsia que o levaram a cometer suicídio aos 37 anos, dois anos após cortar um pedaço da própria orelha durante uma crise. Em maior ou menor grau, pelo menos 350 milhões de pessoas no planeta, segundo a Organização Mundial da Saúde, têm sentimentos semelhantes

fotos joão leoci e sofrem com a depressão, números que fizeram a OMS chamar a doença de “mal do século”. Apenas no Brasil são 12 milhões de deprimidos, cerca de 5,8% da população. Em âmbito global, é a principal causa de incapacidade entre as doenças. “Basicamente, a depressão é uma alteração sistêmica de ineficiência de processamento. O problema é que hoje o conceito se tornou muito amplo, não ficamos mais naquelas síndromes clássicas”, diz o psiquiatra e professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) Valentim Gentil Filho, um dos mais influentes profissionais da moderna psiquiatria brasileira e companhia agradável neste Almoço de PODER. “Perdeu-se a noção de síndrome nuclear e se incorporou um monte de coisas que respondem à antidepressivos. A PODER JOYCE PASCOWITCH 25


26 PODER JOYCE PASCOWITCH

pressivo? Afinal de contas, somente no Brasil a venda de medicamentos do tipo e de estabilizadores de humor quase dobrou em cinco anos atingindo a marca de 71 milhões de comprimidos em 2018. De imediato, Valentim devolve com outro questionamento: “Mas será que todo mundo precisa ser tratado com medicação?”, diz, antes de explicar que há casos diversos em que a psicoterapia poderia ser eficaz. “O que temos hoje são 30, 40 moléculas antidepressivas. E é claro que, por razões econômicas, os medicamentos mais recentes têm mais publicidade. O que está acontecendo é que não existe mais perspectiva de lançar novas moléculas nos próximos anos. As linhas de produção estão secas, muito poucas moléculas vão aparecer.” Como resultado, explica o psiquiatra, os grandes fundos de investimentos da indústria farmacêutica têm focado suas aplicações em oncologia, hematologia e outros setores médicos com mais perspectiva de rentabilidade. Medicina, sabe-se, é um grande negócio. É nesse aspecto que reside outra

preocupação do livre-docente da USP. No mês em que Valentim encontrou PODER para degustar um risoto negro no Vinheria Percussi, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a venda de produtos à base de cannabis em farmácias, representando uma alternativa para pacientes que sofrem de doenças como epilepsia e autismo. No entanto, tal medida desagrada o doutor por considerar parte das pesquisas que indicam o uso dos derivados da maconha inconclusivas. “É preciso comprovar, de fato, que essas substâncias são melhores ou igual-

ILUSTRAÇÃO ISTOCKPHOTO.COM

era da ansiedade, da angústia e do estresse virou a era da depressão.” Estudioso do cérebro humano, o qual considera ser o “ápice da perfeição”, Valentim é um entusiasta das emoções e conhece profundamente as causas e efeitos da depressão e de outras patologias que acometem a mente não tão impecável. Nos anos 1960, o jeito extrovertido e a boa prosa o levaram para a faculdade de medicina contra os prognósticos familiares e, ademais, devido a uma dose de vacina antipolítica – o pai, advogado e político, foi o presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo responsável por promulgar a Constituição paulista em 1947 e, não menos importante, fundar o time de futebol de sua cidade natal, o Oeste de Itápolis, o Rubrão – campeão brasileiro da Série C em 2012. “Eu cresci em São Paulo. Quando eu tinha uns 10 anos o vizinho de frente, com quem eu jogava bola, ficou psicótico”, lembra Valentim. “Foi a primeira vez que eu vi um doente mental grave, sabia que ele estava alterado. Não sei se isso me influenciou, mas como eu gostava muito de conversar, alguns anos depois quando eu fui fazer o teste vocacional deu psicologia.” Ele optou pela psiquiatria, mas, vale dizer, nada contra a carreira sugerida anteriormente. Sua esposa, Maria de Lourdes, inclusive, é psicanalista. “Evitamos o assunto em casa. Preferimos falar de filosofia, arte, política...”, brinca. Na USP, no departamento de farmacologia e graças a um “acordo com ratos voluntários”, Valentim tornou-se pesquisador e referência nos mecanismos de regulação do humor normal, no estudo da importância da angústia como resposta emocional e no tratamento dos transtornos ansiosos. Diante do extenso currículo, uma pergunta bastante atual parece inevitável: o ser humano está tomando muito antide-


mente eficazes às alternativas existentes, e, para além, que não ofereçam nenhum tipo de risco”, ressalta. “Em vez de nos preocuparmos com a prevenção de danos, estamos expostos à mais ampla promoção do uso de substâncias psicoativas da história.” O sinal de alerta escarlate de um dos maiores conhecedores do cérebro humano foi explicitado meses antes, em junho deste ano, pelo próprio médico em artigo publicado na revista Veja: “Precisamos falar sobre a maconha” era o título do texto em que o estudioso destacava o pouco conhecimento da comunidade científica sobre os efeitos da cannabis no neurodesenvolvimento e no qual apresentou dados de um trabalho publicado em 2012 no Proceedings of the National Academy of Sciences, que mostrou que o uso da planta resulta em redução de oito pontos no Q.I. de usuários entre os 18 e os 38 anos. A PODER, ele comenta que os relatos de deterioração mental pelo uso da maconha existem desde o século 19 e, no início do século 20, chegou-se a falar de “psicose canábica”. “Nem todos desenvolvem psicose. Há pessoas mais vulneráveis. Quanto maior o uso, maior a probabilidade de desenvolvimento da doença”, diz. “A pergunta que eu faço é: Quanto tempo vamos levar para alertar a sociedade sobre os riscos que a geração atual de jovens está correndo?” Riscos que, ele lembra, não precisam ser ilícitos, já que de forma geral há um abuso de limites diante das expectativas contemporâneas. “O burnout [ou síndrome do esgotamento profissional] é uma dessas coisas, o esgotamento físico e mental intenso. Nós vamos viver até os 100 anos, mas é im-

“Nós vamos viver até os 100 anos, mas é importante dizer que se não cuidarmos da máquina ela não vai aguentar” portante dizer que se não cuidarmos da máquina ela não vai aguentar.” Problema ainda mais grave que merece atenção especial do professor está na população em situação de rua. Se cuidar de transtornos mentais em uma situação de estabilidade já é um desafio, o que dizer então dos que enfrentam os mesmos problemas vivendo na rua, sozinhos e sem uma rede de apoio. Andar pelo cen-

tro de cidades como São Paulo, por exemplo, é por vezes semelhante a visitar uma enfermaria psiquiátrica a céu aberto. Sem exageros. Qual a razão desse cenário? Para Valentim são duas as principais causas. A primeira, de ordem social. “Na rua você está na linha de frente do perigo e exposto a substâncias e situações que aumentam o risco de psicose”, explica. A segunda, de ordem administrativa, é PODER JOYCE PASCOWITCH 27


CONSUMO

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POR ANA ELISA MEYER

SIENNA MILLER E JUDE LAW

Casal queridinho do início dos anos 2000, a nova-iorquina criada na Grã-Bretanha Sienna Miller, 37 anos, e o galã britânico Jude Law, 46, se conheceram durante as gravações do filme Alfie, em 2004. Bonitos, descolados e estilosos, os atores viveram um conto de fadas por dois anos até que uma traição de Law veio à tona. O relacionamento esfriou, foram muitas idas e vindas, até que acabou de vez em 2006.

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ainda mais crítica. “Nós temos 10% da população de rua com psicose grave não tratada porque não temos leitos para internar. Hoje temos, inclusive, menos leitos psiquiátricos para casos agudos do que a Itália de Franco Basaglia”, completa, em referência ao médico precursor do movimento de reforma psiquiátrica dos anos 1970, conhecido como Psiquiatria Democrática, que aboliu os hospitais psiquiátricos italianos e de quem Valentim diverge em alguns pontos “porque o movimento nega o diagnóstico, nega a doença mental e nega a intervenção médica de um problema que precisa ser tratado como reabilitação psicossocial”. Segundo Valentim, que ressalta ser “a favor da luta antimanicomial, porém não antipsiquiatria”, o modelo basaliano teve grande força no Brasil – e por consequência no SUS (Sistema Único de Saúde) – de 1985 até meados do governo de Dilma Rousseff, quando leitos voltaram a ser abertos para tratamentos de dependentes de crack. “O grande problema do Brasil na ciência é ser um replicador. Quando vamos fazer coisas originais?”, questiona, com o conhecimento de quem se debruçou por décadas no estudo da síndrome do pânico quando parte da comunidade científica dizia se tratar apenas de um diagnóstico descrito anteriormente por Sigmund Freud, o pai da psicanálise, em 1895. Hoje o transtorno de pânico tem uma biografia robusta e uma base bem demonstrada. E o mais importante: é controlado. “É algo com que se pode aprender a conviver. Muitas pessoas não têm nenhum tipo de recaída, mas há casos raros de pessoas que com cinco, seis xícaras de café, por exemplo, por conta desse excesso de cafeína, acabam tendo crises”, explica, antes de, coincidência ou não, pedir um cafezinho. “Descafeinado, por favor”, ri. n


Crystal Symphony

PODER INDICA

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TESOUROS DO ORIENTE

A Crystal Cruises, companhia de cruzeiros de luxo mais premiada do mundo, leva seus passageiros a lugares extraordinários da Ásia. A bordo dos navios Crystal Serenity e Crystal Symphony, os viajantes percorrerão Japão, Vietnã, China, Tailândia e Filipinas, com itinerários a partir de US$ 2.999. A temporada é dividida em duas etapas: de fevereiro a abril de 2020 e de agosto a dezembro do mesmo ano. Entre os roteiros está o Pagodas & Pearls of the Orient, de Guam a Hong Kong. Na viagem de 13 noites, os hóspedes passam por Manila, capital das Filipinas, com suas montanhas espetaculares de arroz. No itinerário Stars of Southeast Asia de 15 noites, de Hong Kong a Cingapura, os viajantes conhecerão Ko Samui, localizada na costa sudeste da Tailândia, e por lá desfrutarão as praias e baías deslumbrantes que cercam a ilha e as cachoeiras de Hin Lut e Na Muang. O grande destaque da companhia para a região é o lançamento do navio Crystal Endeavor, que fará sua viagem inaugural no dia 10 de agosto, com roteiro de ida e volta a Tóquio – o Russian Far East Maiden Expedition, de 17 noites, vai explorar pontos turísticos da capital japonesa além de cidades russas como Korsakov, situada ao norte da ilha de Hokkaido, com estilo arquitetônico de influências japonesas mescladas a elementos de design europeu. Mais informações: PIER 1 CRUISE EXPERTS, representante Crystal no Brasil: (11) 3078-2474 + PIER1.COM.BR / CRYSTALCRUISES.COM

Bangcoc, Tailând

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Monte Fuji, Japão Crystal Endeavor


Re tros pec 2019 tiva RETROVISOR

Das queimadas da Amazônia a escândalo sexual na monarquia britânica, da torcida feminina no Irã ao quebraquebra chileno, não faltou notícia em 2019

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United colors A diversidade avançou. Em 2018, a Suprema Corte da Índia já havia decidido descriminalizar a homossexualidade. Na pegada, Taiwan foi o primeiro país asiático a legalizar o casamento de pessoas do mesmo sexo. No Brasil, o STF inclui a homofobia e a transfobia entre os crimes de racismo.

10 FATOS DIVERSIDADE NO CAMPUS

Num ano em que a violência policial deixou crianças, adolescentes e os suspeitos habituais pelo caminho – como canta Elza Soares, “é a carne negra a mais barata do mercado” –, os estudantes negros passaram a ser a maioria dos inscritos no ensino superior.

Futebol para todas Assim como uma autoimolação deu o start na Revolução de Jasmim, na Tunísia, outro suicídio provocado por fogo mudou a história do Irã – ao menos a história esportiva. Condenada por entrar disfarçada num jogo, Sahar Khodayari ateou fogo no próprio corpo na saída do tribunal. Em outubro, mulheres foram admitidas no estádio Azadi para ver o Irã meter 14 gols no Camboja.


Lama, fogo e óleo Um ano cheio de tragédias. Logo em janeiro, Brumadinho passou pelo horror do rompimento de uma barragem de rejeitos da mineradora Vale, como já tinha ocorrido em Mariana. As queimadas da Amazônia bateram o recorde da década, e o governo bateu boca com meio mundo, de Emmanuel Macron a Leonardo DiCaprio. E ainda houve um derramamento misterioso de petróleo que atingiu várias praias da costa brasileira, do Maranhão ao Rio de Janeiro.

FOTOS REPRODUÇÃO; FREEPIK; ISAC NÓBREGA/PR; GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO

REFORMA DA PREVIDÊNCIA Foi o assunto do ano: a reforma da Previdência, afinal, passa? No fim, depois de muita negociação entre governo e oposição, passou. Houve concessões a categorias, houve quem a achasse "magra"e quem a achasse injusta. Mas o mercado gostou: investimento privado cresceu e fechará o ano com crescimento em torno de 2% depois de anos de estagnação – e será o responsável pelo aumento do PIB em 1% em 2019, quando as previsões oficiais falavam em 0,8%. Sob nova direção Uma das grifes mais associadas ao luxo do mundo mudou de mãos. A Tiffany foi adquirida pelo conglomerado LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton, dono de marcas como Bulgari e Dior, por US$ 16,2 bi.

rido O mais que go Quebra de decoro en O futebol do Flam 2019 O escândalo sexual que em encantou o país ante respingou na monarquia ss ce com a busca in britânica foi muito além do teve de do gol, algo que nos gossip. Uma mulher disse ter ser redespertado ico sido levada aos 17 anos para técn brasileiros por um seria fazer sexo com o príncipe. o português. O an a O suicídio do negociador e perfeito não foss res da operação e amigo de do morte de dez joga ho Andrew não ajudou. Por ora, in no alojamento N o princípe ficou apenas sem a do Urubu. mesada de R$ 1,5 milhão.

Turbulênc Depois do movimen ia Coletes Amarelos, em to dos Paris, que tomaram as ruas em protesto ao aumento da gaso lina, manifestações pipoca ram pela América do Sul. Colô Equador e Chile fora mbia, m ab Neste último, a fagu aixo. lha aumento da tarifa do foi o metrô.

Trump X China A guerra comercial entre as duas superpotências seguiu em modo on. Entre tantos campos de disputa, as bravatas do presidente americano contra os países que pretendem adotar a tecnologia 5G da chinesa Huawei foram, como de hábito, pouco sutis. No fim do ano sobraram também ameaças para o aço e para o alumínio brasileiros. PODER JOYCE PASCOWITCH 31


MEMÓRIA

RICARDO BOECHAT, jornalista (13/7/1952-11/2/2019) BIBI FERREIRA, atriz (1/6/1922-13/2/2019) COUTINHO, jogador (11/6/1943-11/3/2019) CLÓVIS ROSSI, jornalista (25/1/1943-14/6/2019) PAULO HENRIQUE AMORIM, jornalista (22/2/1943-10/7/2019) FERNANDA YOUNG, escritora (1/5/1970-25/8/2019) GUGU LIBERATO, apresentador (10/4/1959-22/11/2019)

Cinema

mú si

Festival de Cannes. Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, venceu o Prêmio do Júri, e A Vida Invisível, dirigido por Karim Aïnouz, foi premiado na mostra Um Certo Olhar. Bacurau entrou para a lista de três destaques que carregam algo em comum. Como Parasita, filme do sul-coreano Bong Joon-ho, e Coringa, dirigido por Todd Phillips, expressam desejos reprimidos que habitam o inconsciente coletivo em vingar-se com as próprias mãos. Woody Allen lançou Um Dia de Chuva em Nova York, mas estampou as manchetes pelo acordo que pôs fim a ação de US$ 68 milhões contra a Amazon após a empresa cancelar quatro de seus filmes depois da acusação de que Allen teria abusado de sua filha adotiva, Dylan Farrow.

+ Tops

O Barato de Iacanga resgatou a história do Festival de Águas Claras, um dos marcos da música brasileira, com shows de Gil, Alceu e João Gilberto.

A mostra Tarsila Popular, com obras famosas da pintora brasileira Tarsila do Amaral, bateu recorde de visitação e levou mais de 400 mil pessoas ao Masp.

Dor e Glória, o 21º filme de Pedro Almodóvar, traz o mestre do cinema em plena atividade aos 70 anos ofertando sua inteligência e sensibilidade em tons mais sóbrios.

JORGE O PAI DA ESCRAVIDÃO, MENINA AMADO: UMA Laurentino BIOGRAFIA, MORTA, Gomes Joselia Aguiar (Globo Livros) Tiago Ferro (Ed. Todavia) (Ed. Todavia)

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A montagem de José Fernando Peixoto de Azevedo para As Mãos Sujas, do filósofo, crítico e escritor Jean-Paul Sartre, tem certa atualidade no Brasil de 2019 por pôr em cena dois ferrenhos adversários políticos em guerra. A TIRANIA DO AMOR, Cristovão Tezza (Ed. Todavia)

Murakami por Murakami, a primeira mostra individual do nome mais popular da pintura japonesa contemporânea exibiu 35 obras no Instituto Tomie Ohtake. MIS Experience, o primeiro espaço de exposição imersiva da América Latina, foi um grande acerto.

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Os 90 anos de Fernanda Montenegro, considerada a grande dama da dramaturgia brasileira.

LEITURA OBRIGATÓRIA

TIEMPOS RECIOS, Mario Vargas Llosa (Ed. Alfaguara)

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NEY MATOGROSSO, MATOGROSSO, Bloco na Rua LEONARD COHEN, COHEN, Thanks for the Dance BRUCE SPRINGSTEEN, SPRINGSTEEN, Western Stars BAIANASYSTEM, O Futuro Não Demora ESPERANZA SPALDING, SPALDING, 12 Little Spells NICK CAVE & THE BAD SEEDS, SEEDS, Ghosteen THOM YORKE, YORKE, Anima


PODER INDICA

SIM PORQUE GIM

Primeiro bar especializado em gim do Brasil, o G&T aterrissou em solo paulistano há três anos como uma proposta de ser hotspot temporário. Tamanha aceitação do público, não apenas se manteve aberto, como mudou de endereço: a badalada Oscar Freire, no Jardins. Com um visual elegante, a proposta arquitetônica traz o gim como mote principal, com imagens de espécies botânicas do século 18, formando três grandes painéis nas paredes do espaço, com mesas criadas em formato de taças. O projeto é coroado com o forro em quadrados iluminados por um sistema computadorizado de controle das cores, assinado pela Laat Arquitetura Total. De origem holandesa, o gim tem em sua composição

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BAR

zimbro, ervas e temperos como milho, cevada, centeio, coentro e cardamomo. O sabor aromático conquistou os paladares do mundo ao chegar à Inglaterra – onde caiu no gosto da rainha Elizabeth 2ª, que, aos 93 anos, costuma beber diariamente antes do almoço um coquetel de gim com aperitivo à base de vinho, fatias de limão e gelo. Com mais de 300 tipos de gim na sua carta e drinques diversos pensados para cada estação, o G&T é versátil por ser o único bar a abrir suas portas pela manhã com opção de chá, drinques com ou sem álcool. O que explica o fato de, além da rainha, o destilado ter ganhado status de bebida alcoólica queridinha dos brasileiros.

+ @GTBAR_JARDINS


EVENTOS

A C I R B FÁ Ã Ç A I R C DE

C

om um histórico de 7 mil projetos realizados em sete países, 25 estados e 92 cidades, a MChecon é a maior empreMOR sa do mercado cenográfico e U Um aju MBI SHOP considerada a referência na do Pa dante atra PING área. Apenas neste ano, o grupo, fundaem frepai Noel caiu palhado n d do por Marcelo Checon em 2005, foi reslá se es te ao shoppino trenó tabele ponsável pelas principais ativações de g mote d ceu. Estee por marca no Rock in Rio – espaços de Itaú, a deco é ração o Latam, Ford, Johnnie Walker e Tanqueray – e realizou mais de 200 projetos para 85 parceiros. Se você frequentou eventos tipo feiras, salões, shows e festivais, com certeza pisou em um espaço idealizado, desenhado, produzido e colocado de pé pela equipe da MChecon. Este mês, com a chegada do Papai Noel, o foco está, claro, nas decorações de Natal, outra das assinaturas fortes da MChecon, que foi novamente escolhida para execução da cenografia natalina dos shoppings Morumbi, JK Iguatemi, Iguatemi São Paulo, além do RioMar Recife. Mas não para, não! Em janeiro e fevereiro serão mais oito projetos que somarão aproximadamente 30 mil m² de entregas entre cenografia e estandes. Isso sem falar do Carnaval, mas deixemos esse assunto para um outro capítulo...

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IGUAT M I SÃO PAE O projeto ULO d internacioo florista Leatham unal Jeff tilizou

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bolas de Natal douradas

“Um mercado que cresce e investe muito para construir experiências inovadoras e relevantes. É justamente aí que entra nossa cenografia, transformando o conceito de Natal dentro dos shoppings. MARCELO CHECON

PODER JOYCE PASCOWITCH 35


Terno, camisa e gravata Hugo Boss no JK Iguatemi, pulseira Tiffany & Co. no Iguatemi SP e relรณgio Oslo


ENSAIO

SOB CONTROLE Com hits como “Amor Bipolar” e “Mozão”, o sertanejo Lucas Lucco decidiu assumir as rédeas da carreira e diminuir o ritmo de trabalho. Agora são 12 shows por mês, menos da metade do que já chegou a fazer. O pé no freio tem a ver com as crises de pânico que sofreu e um diagnóstico de síndrome de Burnout. Mais centrado agora, ele segue tocando a carreira de bar em bar por aline vessoni fotos pedro dimitrow styling thiago biagi

D

esde pequeno, o cantor Lucas Lucco teve a vida guiada pela música. Como o pai era locutor de rádio, era muito comum que o menino o acompanhasse no trabalho depois da escola. “Eu ia pra rádio com ele lá em Patrocínio (MG) para ajudá-lo a colocar as músicas. Na época era CD, então eu buscava na discoteca. Foi aí que comecei a ouvir estilos diversos, não só o sertanejo”, diz o cantor, que tem um estilo preferido para cada momento: reggae para quando está de boa em casa, sertanejo no carro e hip-hop para os treinos de crossfit. Popular com sucessos como “Amor Bipolar”, “Mozão” e “Paraíso” – este em duo com Pabllo Vittar –, Lucco conta que no início da carreira musical chegou a ter oito empresários e a fazer uma média de 30 shows por mês. “Sempre fui muito livre em relação à criação, ao repertório, mas eu não tinha noção nenhuma do que fazer com uma empresa. Na época eu fazia tantos shows que mal tinha tempo de pensar sobre isso. Mas chegou o momento que eu quis me inteirar mais, e tomar as rédeas da minha carreira”, conta. Hoje com 48 funcionários fixos em sua empresa, Lucco assumiu de fato e de direito os rumos da carreira. Ele e o pai. E muita coisa mudou. A quantidade de apresentações, por exemplo, diminuiu drasticamente


Terno Hugo Boss no JK Iguatemi, pulseira Tiffany & Co. no Iguatemi SP, relógio Oslo, tênis Adidas.

Blazer e sapato Gucci no Iguatemi SP, camiseta Dolce & Gabbana no JK Iguatemi, calça Piet

– de 30 para 12, na média mensal. “No começo, eu fazia quantos shows eu desse conta, mas resolvi limitar isso.” A decisão se deve em grande parte às crises de pânico que o acometeram a partir de 2015. Lucco foi diagnosticado com síndrome de Burnout. Ele agora tem mais tempo para ficar com a família ou para se dedicar a novos projetos musicais, como, por exemplo, o De Bar em Bar, que até o começo de dezembro já tinha seis músicas em seu canal no YouTube. Numa delas, “Disney”, bem ao estilo dor de corno que caracteriza o gênero, ele diz: “Você podia ir pra Paris / Madri / Até Marte / Mas pra Disney já é sacanagem”. Para produzir, o cantor se “interna” de tempos em tempos com amigos e compositores num estúdio em Goiânia. Agora também sobra mais tempo para arquitetar ações como o Bazar do Lucco, em que o cantor vende roupas e acessórios de que não precisa mais e cuja receita beneficia instituições como a Apae. Ah, e, claro, o tempo para malhar é sagrado. Nem que o cantor precise chegar à academia às duas da manhã. n


“Sempre fui muito livre em relação à criação, mas não tinha noção do que fazer com uma empresa”

Trench coat e camiseta Dolce & Gabbana no JK Iguatemi, calça John John no Iguatemi SP, tênis Adidas Beleza: Patrick Guisso (SD MGMT) Arte: David Nefussi Produção executiva: Ana Elisa Meyer Produção de moda: Anne Carvalho Assistente de moda: Julia Myrrha Assistente de fotografia: Adrian Ikematsu


DIPLOMA

DOUTOR, NÃO

Trabalhar como cozinheiro, alfaiate, floricultor e outras profissões que até pouco tempo atrás não eram exatamente prestigiosas está mais do que na moda. Será o fim do reinado de carreiras tradicionais como engenharia, medicina e direito?

E

ngenharia, medicina ou direito. Há até pouco tempo eram essas as carreiras que “tinham” de ser cursadas na universidade. Para o bem dos filhos menos servis hoje existem muito mais opções na mesa. Tornar-se cozinheiro, costureiro, esteticista ou marceneiro agora parece fazer muito mais sentido. Na moda, por exemplo, a década de 1990 foi um marco da abertura do mercado brasileiro ao exterior. Com a entrada de redes de fast-fashion por aqui, o trabalho especializado de costureiras e alfaiates que cuidavam de praticamente todo o processo – da compra de tecido à execução da costura – se tornou menos valorizado. Segundo o fundador da alfaiataria BRNC, Bruno Colella, alguns segmentos sentiram a necessidade de dar um passo atrás, de volta à customização. “Muita gente está fazendo o caminho reverso, do consumo consciente. Na alfaiataria, além de trabalhar com matéria-prima 100% natural, consegue-se criar peças exclusivas totalmente do zero e ter menos quantidade de peças de roupa”, afirma Colella, que faz parte da terceira geração da família a investir no universo fashion masculino. Segundo ele, outro fator que vem colaborando com a transformação do mercado está na mudança de menta-

40 PODER JOYCE PASCOWITCH

Bruno Colella, da BRNC, vê a moda num momento de mudança de mentalidade

lidade: o homem deixou de encarar a moda como tabu. Mas, o que muda crucialmente com o fast-fashion é a proximidade com o cliente. “Com a industrialização se perdeu o relacionamento de confiança. Conheço o universo de meus clientes e sei o que indicar para cada um deles. Acompanho todo o processo, que começa e termina comigo.”

BELEZA PURA

A esteticista e empresária Renata França construiu uma carreira inusitada para uma menina da periferia de

Ilhéus-BA. Com o sonho de ser jornalista, Renata teve que abandonar os estudos para ajudar a mãe a tocar o pequeno salão de beleza da família. Foi quando a potência de sua massagem chamou a atenção de uma cliente, que a incentivou a fazer um curso profissional de massagista até ter a oportunidade de trabalhar em um spa em São Paulo. Queridinha das clientes paulistanas, quando não estava no trabalho – com jornadas que alcançavam até 14 horas – Renata estava estudando. Com muita dedicação chegou a um novo protocolo de massagem, a


“Conheço o universo de meus clientes e sei o que indicar para cada um deles. O processo começa e termina comigo” BRUNO COLELLA, DA BRNC

FOTOS ANDRE PASSOS/ARQUIVO PESSOAL; TADEU BRUNELLI/DIVULGAÇÃO; DIVULGAÇÃO

Renata França criou um método “milagroso” de massagem para empreender

Luiz Filipe Souza, do Evvai, cozinhava para o pai

Miracle Touch, que conquistou famosos da alta sociedade. “No segmento de estética de resultado imediato, fundi duas técnicas que já eram conhecidas no mercado, a drenagem linfática com a redutora modeladora, duas técnicas antagônicas – uma mais leve e a outra mais vigorosa. Com meus anos de experiência, consegui desenvolver um protocolo que une manobras das duas técnicas, por isso o sucesso”, conta ela, que, para incentivar outras mulheres a conquistarem seus sonhos, viaja o Brasil todo ensinando a Miracle Touch e a Miracle Face.

CONEXÃO À MESA

Se na moda e na beleza o cuidado e a personalização ganharam cada vez mais espaço, na gastronomia uma história recente de sucesso mostrou que o caminho é semelhante. É difícil encontrar alguém que não goste de comer, afinal, comida envolve afeto. E foi exatamente por essa razão que o chef do Evvai, Luiz Filipe Souza, resolveu estudar gastronomia. “Nunca tivemos grandes cozinheiros na família, mas a mesa era onde a gente se conectava”, conta. Ao acompanhar o pai na luta contra um câncer, o chef lembra que

um dos maiores prazeres naqueles tempos foi justamente cozinhar para eles dois. “Percebi como era simbólico preparar uma refeição e a possibilidade de fazer as pessoas se sentirem bem. Decidi que era isso que eu queria fazer da vida”, relata Luiz Filipe, que abandonou a faculdade de administração de empresas para hoje ser chef premiado com uma estrela no Guia Michelin. Além da faculdade, deixou também a mãe de cabelos em pé – o que, na época, era bastante comum quando jovens fugiam das carreiras tradicionais. Embaixadora dos cursos de gastronomia da rede global de instituições acadêmicas Laureate International Universities, Rosa Moraes costuma receber pais receosos na escolha dos filhos pelo fogão. “Ainda hoje, fugir de carreiras como engenharia ou direito é uma quebra de paradigma”, conta. “Como disse o [Alex] Atala, antes o cozinheiro ficava escondido atrás da cena, hoje ele é formador de opinião, dita tendências, é ativista, porque comer e cozinhar é um ato político.” Depois dos reality shows e da glamourização dos chefs, é natural que as pessoas procurem mais conhecimento e formação sobre o tema. Segundo Renata Zambon, professora de gastronomia do Centro Universitário Senac, “existe hoje uma maior conscientização de que é uma profissão que precisa ser galgada como qualquer outra”. E, sim: uma profissão tão tradicional como qualquer outra. PODER JOYCE PASCOWITCH 41


ESPELHO

Ao falar sobre o panorama da saúde no Brasil, a diretora executiva da Dasa, CEO do Alta Excelência Diagnóstica, Claudia Cohn diz preferir falar do tema sem distinguir público e privado. “A saúde é uma só, o que basicamente difere é a forma de acesso.” Embora previsto na Constituição brasileira como bem universal – “a saúde é direito de todos e dever do Estado”, art. 196. – o Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta a dificuldade de compatibilizar a teoria com a prática e garantir, de fato, o acesso de todos. “Quando a gente fala de saúde pública, o desenho do SUS, eu diria até de forma romântica, é um dos mais bonitos na questão do acesso à saúde. Na teoria, ele é de uma capacidade de abrangência de atendimento com modelo de referenciamento e modelo matricial exemplares”, afirma. A saúde suplementar também vem encontrando obstáculos, já que, segundo Claudia, o modelo importado dos EUA tampouco consegue dar vazão à alta demanda por causa das sucessivas crises econômicas. “Resumindo, a saúde no Brasil passa por momentos difíceis, assim como no mundo”, esclarece ela, que aponta a necessidade de mudanças iminentes. “A saúde tem que se reinventar. Os serviços estão focados no tratamento da doença, quando, na verdade, deveria estar voltado para educação, prevenção e promoção de saúde.” Para a CEO do Alta Excelência Diagnóstica, esta reinvenção passa pela transformação da era da culpabilidade, que enfrentamos hoje, para a era da colaboração. A discussão traz à tona um novo elemento que é “responsabilidade do paciente sobre a sua saúde”. Ou seja, o modo de vida, a prática de exercícios físicos e cuidados essenciais de prevenção precisam coexistir com a atuação do médico e dos sistemas de saúde. “A colaboração talvez seja a palavra mais importante hoje, para além da inovação, otimização, uso adequado dos recursos. A colaboração entre os setores, incluindo o cidadão e suas responsabilidades, vai contribuir efetivamente para a construção de uma saúde de valor, tanto para cidadão quanto para empresas, gestores e hospitais”, finaliza.

por aline vessoni 42 PODER JOYCE PASCOWITCH

por aline vessoni

FOTO DIVULGAÇÃO

SAÚDE NA ERA DA COLABORAÇÃO


PODER INDICA

SABEDORIA EMPREENDEDORA

FOTO DIVULGAÇÃO

Desde que chegaram ao Brasil, em 1908, os japoneses se espalharam pelo país e aos poucos foram se unindo aos locais e formando uma robusta geração de nikkeis – como são chamados os imigrantes e seus descendentes – de 1,5 milhão de habitantes. Reconhecidos por valores como resiliência, ética, disciplina, família, simplicidade e trabalho, os nikkeis fincaram suas raízes no país e tornaram-se líderes de grandes empresas brasileiras. O sucesso empresarial buscado pelos nikkeis é em grande parte o reconhecimento das gerações já nascidas em solo brasileiro à força e resiliência vividas pelos primeiros imigrantes. E foi esse cenário que inspirou a criação da NIKKEY EMPREENDEDORES DO BRASIL, uma associação sem fins lucrativos e atualmente com 50 empresários nikkeis, que tem como objetivo cultivar e difundir, por meio de práticas empresariais, os valores dos antepassados japoneses para as atuais e próximas gerações. “A NEB é uma associação na qual a troca de conhecimento entre os associados tem o intuito de buscar um bom alinhamento entre as empresas comandadas por nikkeis e preparar um legado para as próximas gerações que irão suceder as organizações”, afirma o presidente e um dos idealizadores da NEB, Paulo Nishimura (foto). O grupo pretende atrair e engajar as novas gerações com projetos voltados para o empreendedorismo, inovação e sustentabilidade; sucessão familiar e empresarial; saúde e bem-estar das pessoas; educação e cultura para a formação do caráter humano; e desenvolvimento de parcerias com diversas instituições culturais, esportivas e sociais. Fazem parte do NEB Ricardo Ikesaki (Ikesaki/ Taiff), Roberto Ohara (Sakura), Chieko Aoki (Blue Tree), Angela Hirata (SurianaTrading), Alessandra Nishimura (Jacto) e Claudio Kurita (Hikari Alimentos), entre outros.


VIAGEM

O bar, com um excelente cardápio de drinques, e o restaurante, dirigido pelo chef Jean-Georges, são alguns dos pontos altos do novo Four Seasons da Filadélfia

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ISSO É SOFISTICAÇÃO Depois da estreia do Four Seasons Comcast, a Filadélfia nunca mais será a mesma. Uma cidade pacata, perto de Nova York, com uma coleção de arte – a Barnes Collection – que merece ser devidamente conferida. Uma experiência inesquecível! Foi esse o cenário escolhido pelo conglomerado de mídia e entretenimento Comcast para desenhar uma parceria com a rede Four Seasons, que promete entrar para o circuito de hotéis mais sofisticados e must see do mundo

O

texto e fotos joyce pascowitch arquiteto escolhido para criar esse sonho foi um inglês, Sir Norman Foster, considerado um dos melhores do mundo. É dele o projeto suntuoso do hotel, anexo ao centro de tecnologia – onde a estrela é um “globo” branco dos estúdios Universal – hoje pertencente ao grupo Comcast. O globo, criado por Steven Spielberg, serve de suporte para que um de seus filmes, de cerca de sete minutos, seja exibido para 30 pessoas por vez. Quanto ao Four Seasons, que ocupa o prédio anexo... ulalá: que cenário! O hotel em si começa no 60º andar, onde está instalado um lobby que já surpreende pela vista e por ser enfeitado pelas flores de Jeff Leatham, o principal florista do mundo, responsável pelos mais belos lobbies de vários Four Season, como o de Paris e o de Beverly Hills. Outro toque inusitado se dá a caminho do salão de festas do hotel, onde escadas rolantes funcionam sob um teto coberto com textos de Jenny Holzer, artista que usa frases de poetas, visionários e crianças. Já o restaurante, impactante e com vistas para todos os lados, é o ponto alto, literalmente: o chef é Jean-Georges Vongerichten, um dos tops do mundo, e o ginger margarita, um must. O serviço e a excelência de sempre já são marcas registradas da rede.

Acima, a sala de espera do spa, que tem pedras no cardápio de massagens, águas aromatizadas e tantos mimos mais; ao lado, as flores de Jeff Leatham, um sonho mais que exclusivo; abaixo, uma das melhores entradas do restaurante, o sushi de salmão com fried rice

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Que tal adormecer com essa vista? E com o som composto especialmente por Brian Eno com conforto e sofisticação?

Como não amar? Nos quartos, uma TV que responde ao comando de voz, conforto, sofisticação e, é claro, uma vista única, com direito a por-do-sol ou nascer do sol, a depender de que lado se está. Até a música ambiente foi desenvolvida especialmente por Brian Eno, músico que fez parte do grupo Roxy Music, junto com o inglês Bryan Ferry: uma experiência transcendental. Um spa onde as pedras têm uma função especial, uma bela piscina mais o espaço fitness compõem aquilo que hoje em dia se faz mais que necessário: um lugar de descompressão. Resumindo: a ideia é que esse Four Seasons seja o melhor do mundo e que vire um marco no mercado e um marco no grupo. Que seja para a Filadélfia como o Rockefeller Center foi para Nova York. O fato é que se esse hotel estivesse em Londres, Paris, Hong Kong ou Nova York, já seria no ato o melhor hotel da cidade. Ponto para a Filadélfia. n *Joyce Pascowitch viajou a convite do Four Seasons Hotels

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FOTO DIVULGAÇÃO

As frases de Jenny Holzer circulando pelo teto, o detalhe do globo criado por Steven Spielberg e a imponência do globo em si – as joias dos prédios Four Seasons Comcast


PODER INDICA

FOTOS DIVULGAÇÃO

TRADIÇÃO ARTESANAL Já faz tempo que o RUBAIYAT deixou de ser exclusivamente um restaurante de carnes. Além de uma excelente opção para as confraternizações entre amigos e para as ceias de fim de ano com a família, a casa aposta nas tradições natalinas para oferecer produtos temáticos e desenvolver sua própria receita do panetone. Pelo segundo ano, a versão para o tradicional bolo natalino é totalmente artesanal, e desta vez vem em duas opções: uma com frutas cristalizadas e outra com chocolate Callebaut e doce de leite (R$ 69,90 – 500 g). Ambas estão à venda em todas as unidades do grupo e também podem ser encomendadas pelo e-mail vendas@rubaiyat.com.br.

O primeiro restaurante Rubaiyat, especializado em carnes, foi fundado em 1957 pelo espanhol Belarmino Fernández Iglesias e seus sócios. Cinco anos depois, seu Belarmino converteu-se no único dono do empreendimento, que ganhou novas unidades. Atualmente, a rede é comandada por seu filho, Belarmino Iglesias Filho, e possui nove casas – três em São Paulo e unidades em Brasília, Rio de Janeiro, Madri, Cidade do México, Buenos Aires e Santiago. O grupo não apenas cresceu em número, mas também passou a oferecer aos seus clientes novos cortes e produtos – como as cervejas artesanais Rubabeer – e o melhor da cozinha mediterrânea, tradição marcada no A Figueira Rubaiyat – famosa unidade em São Paulo com cardápio variado. +GRUPORUBAIYAT.COM / @RUBAIYATBRASIL


VIAGEM

JARDIM SECRETO Inhotim, o belo museu-fazenda, se empenha pela reconstrução da comunidade de Brumadinho após a tragédia da queda da barragem da Vale, inaugura nova obra monumental e faz planos pro futuro

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instalação Yano-a (1), de Gisela Motta e Leandro Lima – projeção de fotos de uma oca ianomâmi em chamas usadas como frames e transformadas em vídeo –, uma das obras abertas ao público no fim de novembro em Inhotim, talvez expresse bem o momento do maior museu a céu aberto do mundo. Tal qual o mito da fênix, os índios incendeiam a própria maloca para erigir outra idêntica – mas nova em folha – em seu mesmíssimo lugar. O efeito do trabalho em uma sala escura da galeria que leva o nome da célebre fotógrafa dos indígenas do Brasil é de tirar o fôlego. Como também é de animar o espírito o clima de vida que surge no museu em Brumadinho, Minas Gerais, após o luto pela absurda tragédia do rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale que matou centenas de moradores da pequena cidade. Engajado na comunidade – os moradores de lá têm acesso gratuito e podem usufruir de diversos projetos culturais e sociais promovidos pela instituição, por exemplo –, Inhotim encabeça o renascimento local e acaba de inaugurar o maior número de trabalhos de uma vez só desde sua fundação. E não são quaisquer obras: são instalações temporárias de artistas como Laura Vinci, Alexandre da Cunha – com seu Mix (2) – e Iran do Espírito Santo, entre outros; a já citada Yano-a a partir da famosa série de fotografias Wakata-ú; e uma nova obra monumental de Robert Irwin (3) sob medida: uma belíssima “ca-

48 PODER JOYCE PASCOWITCH

tedral desconstruída” que, se não tem apelo religioso, no mínimo convida à espiritualidade pela grandeza e pelos efeitos visuais causados pela refração da luz do sol, numa colina em meio à natureza. O diretor executivo da instituição, Antônio Grassi, em almoço no delicioso Tamboril, um dos bons restaurantes de lá, comemorou a volta do número de visitantes ao patamar anterior à tragédia, reiterou que não há qualquer barragem próxima e que Inhotim nunca esteve em um local arriscado – é extremamente seguro. E anunciou mais três MECAInhotim, o festival cultural que virou febre entre os modernos e famosos. Um já no Réveillon deste ano, outro em meados do ano que vem e o terceiro na virada 2020-2021. A comunidade também parece animada com a volta do turismo e espera casa cheia nas férias de verão (passeio que PODER recomenda vivamente). Mas não esquece o que aconteceu. Inhotim, propositadamente ou não, acaba de restaurar uma de suas obras mais famosas, Da Lama Lâmina (4), uma crítica de Matthew Barney à mineração. n

FOTOS LEO LARA/DIVULGAÇÃO

texto e fotos fábio dutra


4

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*O jornalista viajou a convite do Instituto Inhotim

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CULTURA INC. POR LUÍS COSTA

ESCUTADEIRA Em obra indicada a prêmio literário americano, a jornalista Eliane Brum ouve histórias de gente comum e narra lugares e personagens de um Brasil plural

D

a floresta amazônica às favelas de São Paulo, a jornalista Eliane Brum percorre o país à procura de brasileiros e de suas histórias. O resultado são obras como O Olho da Rua, livro de 2017 que agora ganha uma versão internacional – The Collector of Leftover Souls. O livro, que verte para o inglês a brasilidade dos rincões e das ruas, foi indicado para o National Book Award, prestigiado prêmio literário americano, numa categoria dedicada a obras escritas em outros idiomas. “Sempre me refiro a Brasis, no plural”, diz Eliane, que narra trajetórias passadas em lugares tão distantes quanto uma comunidade ribeirinha do Amapá e o bairro da Brasilândia, na zona norte de São Paulo. “Para voltarmos a imaginar um futuro em que possamos

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viver é necessário compreender que a força do Brasil são suas diferenças. Minhas reportagens publicadas no livro mostram esses Brasis tão diferentes e fascinantes. Estes tantos povos que criam modos de vida diversos em diferentes geografias e realidades.” O livro reúne reportagens que combinam perfis curtos e textos de fôlego. São lugares como Eldorado do Juma, região de garimpo no município de Apuí (AM), onde vive Zé Capeta; e personagens como Ailce Souza, merendeira aposentada que repassa a vida que está a se esvair sob o avanço de um câncer. Em comum a todas as histórias, um exercício de empatia pura aplicada, ou, nas palavras da autora, de “desabitar-se de si”. “Perambulando pelos Brasis em busca de histórias

encontro analfabetos que fazem literatura pela boca. Inventam não só uma vida, mas uma linguagem e um mundo. Sou fascinada por essas humanidades, também no plural”, diz. Algumas das reportagens foram escritas na coluna que a jornalista mantinha no jornal gaúcho Zero Hora, nos anos 1990. “O que me move é compreender como cada um inventa uma vida, nu e com tão pouco. Os humanos são criadores de sentidos. De certo modo, a vida de cada um é sua primeira ficção”, conta. “Me fascina como cada pessoa é capaz de se tornar criadora de sentidos e, como jornalista, me dedico a compreender os fios dessa criação e contar como cada pessoa é singular, o que faz dela uma experiência única.”


EXPOSIÇÃO

DENTRO DA MATÉRIA

Escultor inglês Tony Cragg mostra no MuBE, em São Paulo, sua versatilidade com materiais diversos como vidro e aço

Tony Cragg: Espécies Raras

Com 43 esculturas e cerca de 70 desenhos, Espécies Raras é a grande atração desta virada de ano no MuBE (Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia). As peças foram produzidas pelo inglês Tony Cragg, que veio ao Brasil especialmente

para a montagem da exposição – ele é também o curador da mostra. Cauê Alves, do MuBE, revela que, detalhista, Cragg examinou com lupa e rigor diversos aspectos da montagem, como a iluminação e a ambiência. “Ele é supercriterioso e

muito enérgico”, diz. Na sua visão, Espécies Raras propõe uma espécie de panorama, com esculturas em materiais distintos como vidro, madeira, plástico, aço – a diversidade de técnicas também está presente. “O Tony trabalha com a matéria. A forma é o que surge da matéria, o que a deixa aparente”, informa. A exposição, em cartaz até março de 2020, vinha sendo gestada há mais de um ano. Nascido em Liverpool e radicado na Alemanha desde 1977, o artista já expôs individualmente nas principais galerias do mundo. Na mostra paulistana figuram obras icônicas da carreira de Cragg como Minster (1998), feita de anéis e engrenagens de aço; a escultura Eroded Landscape (1998), organizada a partir de várias camadas de objetos utilitários de vidro, como copos, vasos, lustres e garrafas; e Secretions (1998), que se apoia em dados colados. A produção mais contemporânea do autor também ganha destaque no MuBE.

FOTOS DIVULGAÇÃO

PODER É

JUSTINO, UM BRASILEIRO A Febre, longa de Maya Da-Rin, segue colecionando prêmios internacionais – até agora são seis, em países como Suíça, França, China e Estados Unidos, de um total de pelo menos 25 participações em festivais mundo afora. A trama narra a história de Justino, um indígena que trabalha como vigilante em um porto de cargas e vive na periferia de Manaus, entre a opressão da cidade e a distância de sua antiga aldeia na floresta. O filme deve entrar no circuito entre março e abril de 2020.

DNA Maria Helena Luiza Jobim lança Casa Branca, seu álbum solo de estreia. É também a primeira vez que a cantora grava uma música do pai, Tom Jobim: “Meditação”, um dos clássicos vertidos para o inglês e interpretados por Frank Sinatra. Produzido por Alexandre Kassin, está disponível nas plataformas de streaming. PODER JOYCE PASCOWITCH 51


FERVE

JOÃO PAULO AFFONSECA SAMARA E MARCELO CHECON

ENTRE AMIGOS

Na edição do Almoço de PODER em torno de Marcelo Checon, fundador e CEO do Grupo MChecon, empresa de cenografia, poderosos se reuniram no restaurante Parigi, em São Paulo, para trocar figurinhas e, claro, saborear o melhor da culinária tradicional italiana e francesa.

DAVI WU

PEDRO SUPERTI SILVANA TORRES

EDUARDO FRAYHA

BIA AYDAR


MARCELO CHECON E ROGÉRIO GALLO

CAROLINA KORDON

JOYCE PASCOWITCH E SEUS CONVIDADOS BRITTO JR.

MARLY PARRA

FOTOS PAULO FREITAS

FOTOS PAULO FREITAS

MARCOS QUINTELA E ROBERTO JUSTUS

PATRICIA BELLA COSTA

FLAVIA BONFÁ BOGOSSIAN


MARLY PARRA

ROGÉRIO GALLO

A curadoria de vinhos 4U.wine ficou responsável pela harmonização do almoço com rótulos exclusivos que seleciona e traz para o Brasil. De quebra, ainda presenteou a todos que estiveram presentes no Almoço de PODER.

ANA CAROLINA MEDEIROS

MARCOS QUINTELA

BRITTO JR.

SILVANA TORRES

PATRICIA BELLA COSTA

FOTOS PAULO FREITAS

VINHOS COM ALMA


JESSICA SAYEG

RENATA FRANÇA

LYDIA SAYEG

ANNA CHAIA

EM BOA COMPANHIA

Mulheres inspiradoras se reuniram no A Figueira Rubaiyat para mais uma edição do Almoço de PODER. Além de trocas e conversas, as convidadas levaram para casa mimos oferecidos pelo Alta Excelência Diagnóstica, referência em saúde e medicina diagnóstica.

MARISTELA MAFEI

MARIA GAL

FOTOS PAULO FREITAS

LISIANE LEMOS


RENATA FRANÇA

FOTOS PAULO FREITAS

MARISTELA MAFEI

FERNANDA FARES

BRILHANTE

Com uma clientela formada por mulheres de bom gosto, a Casa Leão não poderia faltar no Almoço de PODER. A joalheria presenteou nossas convidadas com uma linda caixinha dourada. LILIANE ROCHA

CLAUDIA COHN

RAQUEL PIROLA


NINA MONTICELLI

MARLY PARRA

TRADIÇÃO A Ofner encerrou o almoço com um toque de sabor e delicadeza. Ofereceu os seus tradicionais panetones em duas versões: frutas cristalizadas e gotas de chocolate. Para o Natal ficar mais doce.

ROSY VERDI

LILIANE ROCHA JESSICA SAYEG

LYDIA SAYEG

MARIA GAL


MARIA GAL

FRESCOR

LYDIA SAYEG E CLAUDIA COHN

E como a reunião de mulheres que inspiram pede um brinde, foi por isso que a Concha y Toro caprichou na seleção de vinhos servidos no Almoço de PODER. Os Marques de Casa Concha tinto, branco e rosé harmonizaram perfeitamente com os pratos da casa.

LISIANE LEMOS

FOTOFOTOS PAULOPAULO FREITASFREITAS

MARLY PARRA


JAIRO LOUREIRO, ANDREA PINHEIRO E RICARDO LACERDA

TESOURO DIRETO Um almoço em comemoração aos 10 anos do BR

MARIANA E LUCIANA QUEIROZ

Partners reuniu executivos, investidores e políticos na Casa Fasano, em São Paulo. Entre os poderosos estiveram presentes Henrique Meirelles, secretário da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. RODRIGO MAIA

FOTOS AGÊNCIA BRAZIL NEWS/DIVULGAÇÃO

LUIZ ANTÔNIO FLEURY E LUIZ CARLOS TRABUCO

AMARÍLIO MACÊDO

BAYARD DE LIMA E JULIANA LOUREIRO

MARIO LEONEL E ANA MARIA IGEL

HENRIQUE MEIRELLES


ARNALDO DANEMBERG

DAVI WU E BRUNO GARFINKEL

NEGÓCIO DA CHINA

A China foi a pauta do Encontro de PODER mediado por Joyce Pascowitch e Bruno Garfinkel que aconteceu no Perseu Coffee House. Entre outros assuntos, o talk abordou os entraves da guerra comercial e os caminhos que devem levar o país asiático à liderança tecnológica global.

ELAINE DE PÁDUA

EDGAR ALBUQUERQUE

MÔNICA ANDRIGO MOREIRA DE ULHOA COELHO

DANIELA DEOTI

ANA PAULA FIGUEIREDO


ANDREA TCHALIAN CONDE E CLAUDIA BURMAIAN

ADRIANA COELHO E SYLVIO BARROS NETTO

SILVANA ABRAMOVAY MARMONTI

JENNY LU

VANESSA DE BARROS

MARCELO LACERDA

MARISTELA MAFEI

FOTOS PAULO FREITAS

MARCELO CAMPANER

RÉGIS ANDAKU

ANA CAROLINA DE DEA


PAULO NISHIMURA E ROBSON TUMA

MARIO NARITA

LIDERANÇA ORIENTAL PODER esteve na festa de lançamento do Nikkey Empreendedores do Brasil (NEB). O agito rolou no Villa Blue Tree, na Chácara Santo Antonio, em São Paulo.

JORGE YAMANISKI NETO E JORGE YAMANISKI FILHO ROSELY YAMANISKI

HIROFUMI IKESAKI E RICARDO IKESAKI

MAIS EM GLAMURAMA.COM/FOTOS

LUCAS E ROBERTO OHARA

FOTOS PAULO FREITAS; JOY PHOTOGRAPHY BRASIL/DIVULGAÇÃO

MASSAMI UYEDA JR. COM ANA E GABRIEL


CARTAS cartas@glamurama.com

O DONO DO PEDAÇO Quanta elegância de Malvino Salvador neste ensaio (PODER 133). Parabéns! @olenkahenriquess Uau, sensacional. Maravilhoso! @regina_lana

GILMAR MENDES

Decepcionada com esta reportagem (“Boca nervosa”, PODER 133). @celia_cosimo Tanta gente bacana para estampar a revista. Justamente esse senhor que nada contribui para o bem dos brasileiros. @juliana_santana_ moreira Parabéns por dar voz ao contraditório em um momento em que a população anda tão desorientada que acha que a lei (ou as leis) deveria estar à disposição das suas conveniências ou das suas ideologias políticas (PODER 133). @alexandrevalentim1 FOTO GUILHERME LIMA

AGENDA PODER

ADIDAS + adidas.com.br DOLCE & GABBANA + dolcegabbana.com GUCCI + gucci.com JOHN JOHN + johnjohndenim.com.br OSLO + oslorelogios.com.br PIET + pietsp.com TIFFANY & CO. + tiffany.com

/poder.joycepascowitch

@revistapoder

@revistapoder

O conteúdo da PODER na versão digital está disponível no SITE +joycepascowitch.com

PODER JOYCE PASCOWITCH 63


Poucas vezes na vida brasileira um encontro ecumênico foi tão digno desse adjetivo quanto o que juntou, em outubro de 1975, o futuro cardeal Paulo Evaristo Arns, o pastor Jaime Wright e o rabino Henry Sobel, que chefiava a Congregação Israelita Paulista. Os três comandaram, na Praça da Sé, em São Paulo, um culto em homenagem ao jornalista Vladimir Herzog, morto sob tortura no cárcere, que reuniu 8 mil pessoas e abalou a ditadura. O regime militar insistia na versão de que Herzog havia se suicidado, e os religiosos confrontaram com coragem a narrativa. Sobel também fez questão de oferecer enterro digno ao judeu Herzog – não aquele normalmente destinado a suicidas. Nascido em Lisboa e educado em Nova York, inscreveu seu nome na história brasileira com poucos anos de país. Sobel morreu em Miami, aos 75 anos, no fim de novembro, e lega a defesa intransigente dos direitos humanos e da tolerância.

64 PODER JOYCE PASCOWITCH

FOTO LETÍCIA MOREIRA/FOLHAPRESS

SHALOM


É com muito orgulho que o Grupo Glamurama apresenta seu caçulinha, o berinjela.com, onde selecionamos produtos de várias marcas pra lá de especiais – e, viva!, para comprar na hora. Com esmero, tentamos separar o joio do trigo, e elegemos o que cremos ser a cara de nossas leitoras. E vamos além do estilo: aqui só entra o que é feito de forma ética e sustentável. Clique e fique à vontade!



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