Roseli M. Kühnrich de Oliveira
Cuidando de quem cuida Um olhar de cuidados aos que ministram a Palavra de Deus
4ª Edição Revista
Joinville, 2012
© 2012 Editora Grafar Ltda. Os direitos dessa edição estão reservados à Editora Grafar Ltda. As traduções dos textos bíblicos são da Nova Versão Internacional (NVI), salvo indicação em contrário. As primeiras três edições desse livro foram publicadas pela Editora Sinodal, São Leopoldo (RS).
Capa: Tércio Schmidt da Rosa Diagramação: Robert W. Beims
Ficha Catalográfica O48c
Oliveira, Roseli M. Kühnrich Cuidando de quem cuida : um olhar de cuidados aos que ministram a palavra de Deus / Roseli M. Künrich de Oliveira. – 4. ed. rev. – Joinville (SC) : Grafar, 2012. 135p. ISBN 978-85-63723-02-4 1. Aconselhamento pastoral. I. Título. CDD 253.5 Elaborada por: Andréa Blaskovski CRB 14/999
Editora Grafar Ltda. Rua XV de Outubro, 4792 – Rio Bonito 89239-700 – Joinville – SC www.editoragrafar.com.br vendas@editoragrafar.com.br
Dedico este livro aos pastores e às pastoras que, ao compartilharem comigo suas histórias de vida, me levaram a refletir e a escrever sobre este tema, “...para que com as consolações que recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando por tribulações”. (2 Coríntios 2:4) Gratidão ao meu pai, Günther Wolfgang Kühnrich, por seu caráter e vida dedicada ao cuidado, na família, profissão, fé e canto coral. Homenagem ao Pastor Pedro Mendes, Mestre no Cuidado, por sua vida dedicada aos que Deus ama. (Salmo 78:72)
É bom pedir socorro ao Senhor Deus dos Exércitos, ao nosso Deus que é uma galinha grande. Nos põe debaixo da asa e nos esquenta. Antes, nos deixa desvalidos na chuva pra que aprendamos a ter confiança n’Ele e não em nós. Adélia Prado
Sumário Prefácio à 4ª edição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 1 Dimensões do cuidado na teologia e na psicologia 1.1 Conceituação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.1.1 A filologia do cuidado . . . . . . . . . . . . . . . 1.1.2 Ponderações sobre o conhecer e o cuidar de si mesmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2 Algumas interpretações do cuidado a partir da tradição semita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.2.1 Do cuidado na dimensão vertical para o cuidado na dimensão horizontal . . . . . . . . . . . . . . 1.2.2 Jesus, o Bom Pastor misericordioso da tradição cristã . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.3 O significado das palavras pastor e poimênica . . . . . 1.4 O cuidado como categoria teológica . . . . . . . . . . . 1.4.1 O cuidado: da corporeidade ao cosmos . . . . . 1.4.2 O cuidado ao ser humano, imagem de Deus . . 1.5 O cuidado como categoria psicológica . . . . . . . . . . 1.5.1 Os postulados de Erikson sobre os estágios do desenvolvimento humano . . . . . . . . . . . . 1.5.1.1 Confiança x Desconfiança: Esperança 1.5.1.2 Autonomia x Vergonha e dúvida: Vontade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.5.1.3 Iniciativa x Culpa: Propósito . . . . . 9
23 . 24 . 25 . 26 . 29 . 31 . . . . . .
32 32 34 35 37 40
. 41 . 41 . 42 . 43
1.5.1.4
Domínio / Produtividade x Inferioridade: Competência . . . . . . . . . . . . . . . . 1.5.1.5 Identidade x Confusão de papéis: Fidelidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.5.1.6 Intimidade x Isolamento: Amor . . . . . 1.5.1.7 Generatividade x Estagnação: Cuidado 1.5.1.8 Integridade x Desespero: Sabedoria . . 1.5.2 O cuidado como qualidade do ego . . . . . . . . . 1.5.3 A contribuição de Carl Rogers para a categoria cuidado na psicologia . . . . . . . . . . . . . . . . 1.5.4 O cuidado na psicologia, a partir de Erikson e Rogers . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.6 A categoria cuidado como possibilidade de diálogo entre a teologia e a psicologia . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.7 A psicologia pastoral e o mito do “cuidador ferido” . . . 1.8 Considerações sobre a dimensão do cuidado nos cuidadores pastorais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 Descuido: o reverso do cuidado 2.1 Pastores são cuidadores cuidados? . . . . . . . . . . . . 2.2 Dando voz aos pastores a partir de uma pesquisa de campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.2.1 Discussão dos resultados da pesquisa . . . . . . 2.3 As necessidades pastorais: um levantamento a partir da bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.4 Algumas patologias do cuidado . . . . . . . . . . . . . . 2.4.1 O estresse . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.4.1.1 Sintomas de estresse patológico entre pastores . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.4.1.2 O uso de recursos defensivos ao sofrimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.4.2 Síndrome de Burnout: desgaste ocupacional dos cuidadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.4.3 A exaustão pastoral . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.5 O pastor como pessoa, perante si mesmo . . . . . . . . .
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43 44 45 45 46 47 48 50 52 54 58 61 61 62 63 64 65 67 68 70 71 72 74
2.6 2.7 2.8 2.9 2.10
2.5.1 Acolher as emoções: um ensinamento aos pastores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.5.2 Acolhendo também as emoções sombrias: depressão, raiva e solidão . . . . . . . . . . . . . . 2.5.2.1 A raiva como inimigo oculto . . . . . . 2.5.2.2 A solidão pastoral . . . . . . . . . . . . A família do pastor na vitrine . . . . . . . . . . . . . . A vida afetiva do pastor . . . . . . . . . . . . . . . . . O pastor perante a comunidade: projeções e imagens idealizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . O cuidado em situações de crise pastoral . . . . . . . . Concluindo este capítulo . . . . . . . . . . . . . . . . .
. 77 . . . . .
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. 87 . 90 . 90
3 Propostas de cuidado integral aos pastores e pastoras 93 3.1 Considerações a partir da teologia e da psicologia no cuidado integral aos pastores e às pastoras . . . . . . . 94 3.2 A relação de ajuda e seus efeitos sobre o cuidador . . . 97 3.3 Misericórdia: característica da prática poimênica de Jesus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 3.4 O cuidado de si mesmo a partir da dimensão biopsicossocioecoespiritual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102 3.4.1 O cuidado físico: aspectos bio-orgânicos em propostas cuidadoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102 3.4.2 O cuidado emocional: aspectos psicológicos em propostas de cuidado . . . . . . . . . . . . . . . . 103 3.4.2.1 A escuta terapêutica como fator de reorganização emocional . . . . . . . . . . 104 3.4.2.2 O valor do desabafo como contraponto ao esgotamento . . . . . . . . . . . . . . 105 3.4.2.3 O descanso sagrado . . . . . . . . . . . . 107 3.4.2.4 O cuidado nas relações afetivas . . . . . 108 3.4.3 Propostas de cuidado no convívio social . . . . . 109 3.4.4 O cuidado espiritual: da integração à integralidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 3.4.4.1 Mentoria, uma proposta de poimênica aos pastores . . . . . . . . . . . . . . . . 111 11
3.4.4.2
A devoção pessoal como fator de cuidado de si mesmo . . . . . . . . . . . . 3.5 Recursos de apoio aos pastores . . . . . . . . . . . . . 3.5.1 O cuidado preventivo aos pastores . . . . . . . 3.5.2 O cuidado terapêutico aos pastores . . . . . . .
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4 Considerações finais
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Referências Bibliográficas
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Prefácio à 4ª edição É com satisfação que me coloco frente a frente com o texto do meu primeiro livro Cuidando de Quem Cuida: um olhar de cuidados aos que ministram a Palavra de Deus, fruto de minha dissertação de Mestrado, em 2004. Decorridos sete anos, nos quais trabalhei intensamente este tema com centenas de pastores e pastoras, através de assessorias, simpósios, congressos, palestras, aulas e atendimentos clínicos, cada vez mais percebo a pertinência da questão do cuidado de si mesmo. O fato de haverem se esgotado todas as edições anteriores, mesmo em linguagem mais formal e sem constar em catálogo, impulsionou-me a fazer uma revisão e trabalhar nesta nova apresentação, que basicamente mantém o texto original, sem as tabelas e gráficos que diziam respeito à pesquisa efetuada por ocasião do mestrado, buscando deixar a linguagem um pouco mais leve. Para esta tarefa de revisão e reedição, contei com o trabalho meticuloso e dedicado de meu ex-colega do mestrado, Robert W. Beims, editor da Grafar e a quem agradeço imensamente! Trabalhando no cuidado a cuidadores das Relações de Ajuda, estou convicta de que somos responsáveis pelo estilo de vida que escolhemos viver. Cabe a nós a decisão de mudar o que podemos mudar e aceitar o que não podemos, dentro das instituições. E podemos pedir sabedoria a Deus para discernir... Sou cada vez mais apaixonada por este tema e grata a Deus por haver me inspirado e permitido aprofundar este assunto! Entendo que a questão do cuidado por nós mesmos é vital para quem trabalha cuidando de outras pessoas. Espero que este livro te ajude a revisar tua própria vida, como ajudou a mim mesma, desde a sua pesquisa e elaboração. Roseli M. Kühnrich de Oliveira Porto Alegre, Epifania, 2012. 13
Apresentação A autora resgata um princípio hermenêutico adotado por Jesus: o outro, aquele que se encontra além de uma realidade, consegue discernir com mais acuidade o que se passa no interior dessa. Neste sentido, Roseli é a outra, pois não é pastora, e apresenta aos que ministram a Palavra de Deus uma espécie de espelho, para que possam fazer o exercício da autoanálise. O título do livro também poderia ser chamado de “o pastor, a pastora no divã”. Mas naturalmente esse não foi o objetivo de Roseli, ou seja, dissecar os problemas desta categoria profissional à luz de categorias psicológicas. Não, ao contrário, Roseli está preocupada com estes profissionais. Sua preocupação parte da misericórdia, da vontade de ajudar e ser solidária e da necessidade de cuidar destas pessoas. Mais ainda do que isso, ela quer matriciar estas pessoas. O que isso significa, o próprio livro nos dirá. Para além de um assunto de um estudo, a autora abriu todo um campo para a pesquisa em psicologia pastoral: o cuidado à saúde das obreiras e dos obreiros eclesiásticos. Uma série de estudos adicionais, como a própria autora aponta ao longo do livro, poderia ser feita à luz da pergunta levantada: o cuidador é alguém cuidado? Devemos concluir com a autora que, de modo geral, a resposta a essa pergunta é de negação. Os cuidadores eclesiásticos não são cuidados! Melhor, dever-se-ia dizer, não se cuidam e tampouco são cuidados. Quer dizer, há um componente pessoal, mas há também uma dimensão estrutural, que faz com que esse cuidado praticamente não exista, podendo até, às vezes, ser caracterizado como “descuido”. A autora também se pergunta pelo porquê disso ser assim. Em certa altura, aponta que essa ausência de cuidado pode ser fruto, inclusive, de um etos religioso, a saber, a compreensão de que o cuidar cristão sempre tem a ver com o outro, ou seja, com um cuidado altruísta e não consigo mesmo, o que seria egoísmo. Mesmo den15
tro desta compreensão, dever-se-ia lembrar, então, que a falta de cuidado apontaria para o não exercício do mandamento do amor ao próximo, entendido aqui enquanto cuidar do próximo. Aliás, esse é um elemento que também faz parte desta reflexão: o exercício do Sacerdócio Geral de todas as pessoas que creem por acaso não se refere também aos obreiros e às obreiras? Seria possível pensar-se o cuidado aos cuidadores também no âmbito das comunidades de fé organizadas? Como esse deveria ser articulado? Lembrando da minha experiência como pastor de comunidade, devo dizer que há muita vontade por parte dos membros da comunidade no sentido de cuidar de seu pastor e de sua pastora. Talvez somente necessitem de orientações sobre como fazê-lo, de forma a realmente ajudarem... Retornando, então, para a questão da ausência de cuidado, que tem uma matriz pessoal e outra estrutural, compreende-se que uma proposta de cuidado também deva abarcar e integrar esses dois horizontes. Nesse sentido, a autora aponta para uma série de questões inequívocas que deveriam ser transformadas em programa. Especialmente o aspecto preventivo precisa ser ressaltado, o que também implica uma responsabilidade dos centros de formação e das respectivas igrejas. Nesse sentido, Cuidando de quem cuida torna-se leitura indispensável a cuidadores das diferentes áreas da saúde que, por ofício ou tão somente por amor, se dedicam à tarefa de apascentar pastores e pastoras. Também a todas as pessoas que procuram tornar o duplo mandamento do amor um princípio de vida. E, especialmente, àqueles, cuja vida muitas vezes é esgotada em prol de outros. Dr. Sidnei Vilmar Noé Escola Superior de Teologia São Leopoldo, RS.
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Agradecimentos A Deus, pelas misericórdias, novas a cada manhã; pelo consolo e cuidados: – “Tu sabes todas as coisas...” Ao meu marido, Felipe, pela parceria, disponibilidade, ternura e bom humor. Aos queridos filhos Thiago Felipe e Thaís Evelyn, pela vivência “zoada” e abençoada, que inclui choros, ausências, beijos e abraços, ternura e crescimento. Aos meus pais, irmã, irmãos e famílias, que transformaram afeto em ajuda real nas horas difíceis, por suas orações e carinho, sempre. Aos pastores e pastoras de diversas denominações que compartilharam comigo as necessidades pastorais e aos que me pastorearam. À Lilo, Karin e Daisi; na oração, nas dores e no silêncio, Carlos Hernandez e “irmandade Leamos la Bíblia”. Aos colegas do CPPC - Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos, pela formação continuada ao longo de mais de 30 anos. Sinto-me honrada e enriquecida pela contribuição de inúmeras pessoas que, tendo vivência pastoral, missiológica, teológica ou psicológica, com muito desprendimento me concederam seu tempo, ouvindo-me, cedendo ou indicando artigos, dissertações afins e pesquisas, prestando esclarecimentos na forma de entrevistas ou conversas informais, acrescentando desta forma, em muito, meus conhecimentos.
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Introdução A questão do cuidado aos cuidadores tem sido objeto de estudos recentes em diferentes áreas: na teologia, na psicologia, na medicina e em outras profissões de ajuda. O ambiente eclesiástico propicia que pastores e pastoras sejam considerados cuidadores por excelência. Isto porque, no contato com a sociedade em geral, os religiosos são muitas vezes procurados por pessoas ou famílias em dificuldades, em busca de aconselhamento ou consolo. Disto resulta uma grande rede de apoio e faz do aconselhamento pastoral um dos maiores sistemas de prevenção e atuação de saúde mental, gratuito e acessível a todas as camadas da população. Mas, e os religiosos, especificamente pastores e pastoras de denominações evangélicas, como eles mesmos lidam com estas situações? O tema que enfoco neste livro é a pessoa do pastor e da pastora1 enquanto ser humano, sujeito a necessidades, desejos e ansiedades; convido, pois, o leitor e a leitora a me acompanharem nesta abordagem. Visões distorcidas e idealizadas da figura do pastor têm sido detectadas junto às comunidades cristãs, tanto as que têm séculos de história quanto às de recente organização. Neste sentido, pastores e pastoras por vezes não são percebidos como pessoas, mas como semideuses, não sujeitos ao cansaço, enfermidades e irritações, entre outras mazelas. O poder pastoral a que estão expostos, as questões do tempo para a família e para si mesmos, as demandas da comunidade religiosa na qual se inserem podem gerar estresse, visto que manter a imagem idealizada ou mostrar-se como ser humano envolve tensão e ansiedade. Por que escrever sobre o cuidado aos cuidadores pastorais? Evidentemente, este tema tem ressonâncias pessoais. Em sendo psicóloga e exercendo esta profissão há mais de vinte anos, deparei-me com o fato de muitos de meus pacientes serem pessoas que exercem 1 Ao
longo do texto, usarei preferencialmente o termo genérico.
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profissões ligadas às relações de ajuda. Entre estas, a medicina, enfermagem, educação, direito, psicologia e teologia, cada uma com seus desdobramentos. Convivendo no meio evangélico, constatei que esta clientela compõe-se, predominantemente, de pessoas que se professam cristãs e para as quais a fé se traduz como um item importante a ser considerado também na escuta terapêutica2 . Acionada nos últimos anos por esta demanda3 e percebendo este fenômeno repercutir em mim mesma, senti-me na urgência de conhecer, até onde for possível neste momento, o universo teológico, entendendo que minha atuação profissional acontece no campo da ciência psicológica. Várias perguntas surgidas de evidências no atendimento clínico tornaram-se pertinentes, tais como: quem cuida dos pastores? Com quem eles podem desabafar e repartir os problemas? De que forma é possível o cuidado aos pastores? Como as estruturas denominacionais ou comunidades religiosas podem colaborar? Pode-se pensar em cuidados preventivos, além dos terapêuticos, contra o estresse e a exaustão? O impulso de partida para o desenvolvimento do assunto aqui apresentado, foi a reflexão sobre o tema a partir da prática profissional e o envolvimento pessoal com o mesmo, pois, sendo cuidadora da área psicológica, vivenciei a experiência de ser cuidada. O movimento seguinte, fundamental, foi realizar a pesquisa bibliográfica que permitiu amparar e relacionar aspectos teológicos e psicológicos da questão do cuidado aos cuidadores-pastores. Visando objetivamente sistematizar e dar expressão às questões pertinentes ao cuidado a pastores e pastoras, foi aplicada uma entrevista através de questionário a um grupo de pastores. Pesquisou-se, por meio dele, como este grupo se sente com relação à sua atividade, se há casos de esgotamento, como lidam com as tensões pessoais, familiares e eclesiais e se há quem os escute e aconselhe.4 2 Esta experiência de escuta inclui pastores e pastoras (bem como suas famílias), entre outras categorias de religiosos. O meu enfoque restringe-se aos pastores e pastoras de denominações evangélicas, por serem estes os religiosos com os quais mantenho maior contato pessoal e profissional, e não por desconsiderar outras formas de atuação religiosa. 3 Ao procurar um trabalho voltado para a restauração pessoal, foi-me indicada a “Casa da Esperança” onde através da orientação espiritual de Lieselotte Hedderich, propicia-se um cuidado integral. 4 Os dados obtidos, analisados através de estatísticas descritivas (tabelas de frequên-
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