Revista DRONEShow 01

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Editorial

Índice de Anunciantes

Dicas de como empreender com os drones

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Linha do tempo

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Uma Nova Visão de Rapa Nui

Cronologia do mercado de drones no Brasil

Soluções aéreas não tripuladas estão fornecendo novas informações para os cientistas e residentes da Ilha de Páscoa

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Os drones e a produção cinematográfica

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DroneShow 2015

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ABM

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Notícias

Capturar imagens é apenas o começo!

A feira que o Brasil precisava!

Notícias e novidades da Associação Brasileira de Multirrotores

Tecnologia, mercado, aplicações e legislação

8 Capa

Um novo mundo de possibilidades e aplicações está se abrindo para os profissionais do setor. DroneShow 2015 reuniu mais de 2,5 mil participantes na feira e atividades

Acesse artigos complementares no DroneShow www.droneshowla.com Colaboraram nesta edição: Flavio Lampert, Giovanna Rossin, Guilherme Y Barbosa, Manoel Silva Neto

Anunciante

Página

FT Sistemas

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G Drones

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Horus

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SkyDrones

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Xmobots

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editorial

Dicas de como empreender com os Drones T

além das imagens, por mais completas que sejam.

udo indica que a nova regulamentação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a nova

Modelos de dados 3D e dados georreferenciados

instrução do Departamento de Controle do Espaço

são fundamentais para aplicações na agricultura,

Aéreo (DECEA) para operações com os veículos aé-

por exemplo. Especial atenção deve ser dada para

reos não tripulados (Vants), mais conhecidos como

as possibilidades de rápida manutenção dos dro-

Drones, começará a valer a partir do início de 2016.

nes adquiridos.

Passada esta etapa, começa de fato uma nova fase para a comunidade do setor que atua profissionalmente. Uma parte importante deste processo é a atividade de pilotagem, que possui dois aspectos relevantes. O primeiro é a garantia de segurança da operação relacionada às pessoas envolvidas ou não e o patrimônio de terceiros, seguindo as normas legais. Neste aspecto, aguarda-se em breve a divulgação pela Anac das condições que os pilotos de drones terão que atender para operações além de 120 metros de altura e além da linha de visada. Relembrando que operações inferiores a este limite devem ser executadas com extrema atenção, mesmo não se exigindo legalmente a licença e habilitação do piloto. A segunda parte relacionada à pilotagem é a habilidade visando o planejamento e execução da missão com sucesso. Esta segunda etapa

Para quem for produzir imagens de alta definição para publicidade, mercado imobiliário, TV, turismo, esporte, aventura e eventos em geral, é importante conhecimentos relacionados a fotografia e cinema, como enquadramento, luminosidade e muita criatividade artística. Para quem vai trabalhar na área de engenharia, mapeamento e agricultura, a sugestão, além de estudar muito bem as necessidades do cliente, é fazer cursos de cartografia, georreferenciamento e processamento de dados para entender melhor como fazer o plano de voo, controlar a missão e executar as correções necessárias nas imagens. Agora é só fazer o seguro exigido pela Anac dos equipamentos e voar. As janelas de oportunidades deste setor estão

vai garantir a produtividade, qualidade dos da-

se abrindo, e existe muita demanda reprimida a ser

dos obtidos e a segurança do equipamento e da

atendida no presente e muitas mais a serem explo-

tecnologia embarcada.

radas a curto, médio e longo prazo.

Outro fator importante é o conhecimento por par-

Boa sorte aos que encararem estes desafios de

Emerson Zanon Granemann

te do prestador de serviços sobre o melhor tipo de

empreender no mercado de Drones. Sugestão final:

Engenheiro cartógrafo, diretor e publisher do MundoGEO emerson@mundogeo.com

sistema para determinada aplicação. Entendendo-

ajam com profissionalismo, valorizem seus serviços

-se o sistema formado pelo drone, sensor, sistema

e contem com a MundoGEO e o projeto DroneShow

de navegação, comunicação e solução de processa-

para ajudar este mercado recém-nascido a crescer

mento dos dados coletados. Muitas aplicações vão

com força, consistência e sustentabilidade.

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CAPA

Mercado de drones: Foi dada a largada! Um novo mundo de possibilidades e aplicações está se abrindo para os brasileiros! A feira DroneShow, pioneira no país, reuniu as principais empresas de drones nos dias 28 e 29 de outubro. Em paralelo, ofereceu cursos e seminários, abordando temas relacionados à profissionalização do uso de drones

Fotos: Daniel Franco

Apesar do momento instável da economia nacional, os participantes da feira demonstraram grande interesse pelos produtos e tecnologias embarcadas nos drones. 8

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O

1º evento do país dedicado especialmente para aplicações profissionais dos drones aconteceu entre os dias 28 e 29 de outubro, em São Paulo (SP), e reuniu especialistas, fabricantes, importadores, prestadores de serviços, desenvolvedores e provedores de tecnologia do Brasil e de vários outros países da América Latina. Foram mais de 2,5 mil visitantes e participantes nas 18 atividades do DroneShow LatinAmerica, que contou com 50 palestrantes das mais diversas áreas, seja de empresas privadas ou instituições públicas e ainda 25 marcas nacionais e internacionais.

10% dos visitantes. A organização do evento, na opinião de 87% dos participantes, foi considerada muito boa e excelente. Além disso, 97% dos participantes afirmaram que retornarão para a segunda edição do evento, que ocorrerá de 10 a 12 de maio de 2016.

DroneShow reuniu especialistas, fabricantes, importadores, prestadores de serviços, desenvolvedores e provedores de tecnologia do Brasil e de vários países da América Latina

Feira recebeu 2,5 mil visitantes Apesar do momento instável da economia nacional, os participantes da feira demonstraram grande interesse pelos produtos e tecnologias embarcadas nos drones. Nos corredores, estandes e rodas de conversas, era possível perceber o interesse e disposição das pessoas em ampliar seu horizonte profissional, o que favoreceu novos negócios. De acordo com a enquete realizada durante a feira, 72% do público atuava no setor privado e 28% dos participantes eram ligados a setores governamentais. Entre os presentes no DroneShow, a maioria era de presidentes, diretores e coordenadores, correspondendo a 50%, enquanto os participantes relacionados aos cargos do setor técnico corresponderam a 40%. Educadores, pesquisadores e estudantes representaram

A repercussão da feira foi ampla, com mais de 300 citações sobre o DroneShow em veículos de imprensa antes, durante e depois do evento. Várias emissora de televisão e programas jornalísticos cobriram o evento, tais como Estadão, Folha, UOL, Rede Glogo, SBT, Record e Rede TV. A feira também contou com a presença de mais de 75 jornalistas. O DroneShow contou a presença de um público bastante focado, estando presente apenas pessoas realmente interessadas em drones para aplicações profissionais. Este fator foi avaliado pelos palestrantes e especialistas como o principal para corroborar que a feira representou um marco para o Brasil, pois esta foi a primeira vez que o país sediou um evento desta magnitude, no qual todas as pessoas buscavam se profissionalizar para atuar com responsabilidade. Denis Pretto, diretor da empresa Eficiente Soluções Florestais, que oferece serviços que melhoram a gestão de informação das organizações, declarou que a “feira foi bastante esclarecedo-


ra e importante para sanar as dúvidas daqueles que estão interessados nesse novo segmento, porém ainda não estão atuando diretamente com os drones. O drone, com toda a sua tecnologia embarcada, é uma ferramenta de trabalho, profissional, não é lazer. E assim, começa neste momento a separação entre o aeromodelismo e o uso profissional desta tecnologia”.

Evento focou nas aplicações profissionais dos Drones

Os drones vieram para ficar! Os drones chegaram para serem incorporados em vários segmentos de trabalho e existem muitos nichos no mercado a serem explorados. Entre os participantes da feira, estavam

presentes profissionais de várias áreas que utilizam drones como ferramenta de trabalho, como agricultura e florestas, engenharia, infraestrutura e construção, meio ambiente e recursos naturais, geotecnologias, jornalismo, esporte, turismo e publicidade, filmagens aéreas, segurança e defesa, monitoramento, entre outras áreas. Portanto, o papel-chave do evento foi cumprir um caráter educativo. Para disseminar a tecnologia e seu uso profissional, o DroneShow ofereceu cursos e seminários envolvendo as diversas possibilidades de atuação profissional dos drones, os quais foram liderados por especialistas e empresas que já têm conhecimento científico e experiências de sucesso na utilização de drones. Na feira, representantes e desenvolvedores mostraram as inúmeras opções de drones disponíveis no mercado, tanto equipamentos nacionais como importados, das mais diversas formas, tamanhos e preços, ajudando os interessados a se informar e a descobrir qual dessas opções pode ser a melhor, de acordo com as diversas necessidades de aplicação. Para que fosse possível demonstrar a capacidade de voo dos drones, uma estrutura semelhante a uma gaiola foi montada para que os equipamentos pudessem voar em segurança. O DroneShow adotou parâmetros de segurança para os voos e apenas equipamentos homologados pela Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) puderam realizar demons-

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trações e expor seus equipamentos. Os pilotos tiveram a autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para realizar os voos. A gaiola possuía as dimensões de 48m², com 3,80m de altura, protegida por uma rede que separava a área de voo, permitindo que os participantes da feira pudessem assistir os voos com segurança. As empresas que praticaram o voo dentro da gaiola foram: Sensormap, a DroneStore e a Família Zhang. Os voos ocorreram na parte da manhã e da tarde de forma alternada, com somente um drone voando de cada vez.

Sensormap

Todas as vagas dos cursos e seminários foram esgotadas antes mesmo do evento começar A feira também contou com quatro seminários durante os dois dias. No seminário A, realizado no dia 28 de outubro, foram apresentados os painéis “drones em projeto de engenharia” no qual as potenciais aplicações dos drones para auxílio nos projetos e inspeções de construções foram apresentadas; “drones para mapeamento e cadastro”, no qual foi levado em conta as vantagens econômicas e a precisão dos levantamentos feitos com drones em projetos de mapeamento e cadastro urbanos e rurais; e “drones para Agricultura e Manejo Florestal” que apresentou os drones para gestão agrícola e florestal, modelagem 3D e combate às pragas. Neste mesmo dia aconteceu o seminário B com os painéis “Inteligência embarcada nos drones”, que discutiu as tecnologias disponíveis atualmente para processamento de imagens, navegação e controle dos drones, a fim de garantir a qualidade e segurança dos projetos; “Pilotagem de drones como nova profissão” que destacou a importância do treinamento dos pilotos e como este setor promete gerar muitas novas oportunidades de empregos no país; “Mecatrônica e Robótica” que apresentou como é a linha de produção, os controles e como funcionam os drones.

Dronestore

Ricardo Cohen, palestrante, vice-presidente da ABM

Família Zhang A demanda pelos cursos oferecidos no DroneShow foi intensa e todas as vagas foram esgotadas antes mesmo do evento começar. Os temas abordados foram “Drones: Tipos, Usos e Aplicações”, “Drones parara Agricultura”, “Como utilizar Drones para Mapeamento” e “Como pilotar Drones para usos profissionais”.

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Durante o dia 29 aconteceram os seminários C e D. Durante o primeiro foram exibidos os painéis “Drones em projetos de Meio Ambiente e Mineração”; “drones em projetos de Infraestrutura”, demonstrando quais as aplicações dos drones em projetos de grandes obras, como barragens, pontes, viadutos, turbinas, redes de energia, óleo e gás; “drones na Agricultura de Precisão” que apresentou as aplicações dos drones na gestão da agricultura, com soluções em tempo real que melhoram a qualidade e produtividade no campo. O seminário D também exibiu três painéis: “Drones para Imagens aéreas” com dicas sobre segurança e melhores técnicas para obtenção de imagens aéreas de esportes, aventuras, eventos, turismo, mercado imobiliário e publicitário entre outros; “Drones no setor de Segurança” com aplicações em segurança pública e privada, no combate e na prevenção


de crimes e os aspectos legais envolvidos no uso das imagens, bem como questões relacionadas a direitos de privacidade; “Drones para Jornalismo & TV” que demonstrou a utilização de drones na captação de imagens para coberturas televisivas. No final da tarde do segundo dia do evento, 29 de Outubro, ocorreu de forma paralela ao DroneShow um evento especial sobre o projeto inovador AtlantikSolar na Amazônia, um Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT) movido a energia solar com capacidade tanto para voos controlados quanto para voos autônomos. Os objetivos e aplicações desse projeto consistem em busca e salvamento, monitoramento de queimada e desmatamento, monitoramento de áreas de difícil acesso e aplicações na agricultura.

Projeto Atlantik Solar foi apresentado no final do primeiro dia do DroneShow

Segurança e responsabilidade Engana-se quem acredita que os drones estão por aqui só de passagem! A primeira feira de drones do país trouxe resultados que mostraram que a era dos drones no Brasil está apenas no começo. O evento DroneShow LatinAmerica 2015 abriu suas portas no dia 28 de Outubro com um debate sobre a Nova legislação para o uso de drones no Brasil. Este momento contou com a ilustre presença de Roberto Honorato, Gerente Técnico do Processo Normativo da Agência Nacional de Aviação Cívil (ANAC). Além disso, Cyro André Cruz, Tenente-Coronel Aviador do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) também esteve presente para apresentar sobre regulamentação e debater junto à comunidade.

Tenente-Coronel Aviador do DECEA, Cyro André Cruz e o Gerente Técnico do Processo Normativo da ANAC, Roberto Honorato O debate contou com a presença de 700 participantes atentos aos próximos passos da ANAC e do DECEA, posto que é de interesse de todos os profissionais da área, instituições públicas, empresas e entusiastas do setor as questões ligadas a nova regulamentação do uso de drones no Brasil. O foco principal das discussões foi a segurança do espaço aéreo, da operação e da fabricação de drones. O Tenente-Coronel Aviador Cyro André Cruz fez uma abordagem sobre Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas e o Acesso ao Espaço Aéreo Brasileiro, na qual foram tratados assuntos como a responsabilidade e a estrutura do espaço aéreo pelo DECEA.

Debate sobre legislação contou com a presença de 700 participantes atentos aos próximos passos da ANAC e do DECEA Visto que os drones estão conquistando cada vez mais espaço e sendo inseridos como novo componente da aviação mundial, o Tenente-Coronel alegou que as normas para o uso de drones serão flexibilizadas, porém sem abrir mão da segurança, que é o aspecto mais importante quando trata-se do uso civil do espaço aéreo. Os drones para usos profissionais, cada vez mais distantes de aeromodelos para entretenimento, possuem toda uma complexidade para serem remotamente pilotados. Tanto a decolagem, quanto o seu manuseio e seu plano de voo, apresentam uma sequência de riscos de acidentes que devem ser todos avaliados até que se chegue a um nível aceitável de segurança. Conforme a ANAC, independentemente do tamanho ou peso, a operação irregular desse tipo de aeronave pode acarretar risco ao espaço aéreo e às pessoas. Ao passo que o número de solicitações de reserva de espaço aéreo está cada vez maior, as alterações no regulamento serão feitas em função da popularização dos drones na sociedade, pois o interesse por esse tipo de aeronave voltou-se para pessoas que não são do ramo da aviação mas querem atuar profissionalmente em diversas áreas utilizando os drones como ferramenta de trabalho. Segundo os órgãos regulamentadores, DECEA e a ANAC, que abriram o DroneShow, está previsto até janeiro os novos procedimentos para a utilização dos drones. ANAC encerrou a consulta pública para contribuições sobre a proposta de regulamento para utilização do drones em 3 de novembro. O DECEA efetuará uma adequação da legislação existente, a ICA-100-40, para o compartilhamento dos drones pelo espaço aéreo com as aeronaves tripuladas que foca na segurança de uso em relação a aviões e pessoas. Ainda que o Brasil enfrente uma instabilidade na economia, esta notícia deixou todos os envolvidos do setor de drones otimistas para as novas possibilidades de ampliação do mercado. Com a liberação da Regulamentação dos drones, as empresas nacionais não precisarão mais se restringir a contratos corporativos, em segmentos como defesa, agricultura e construção, e terão a chance de concorrer no mercado para o consumidor, intensificando a produção de drones e aumentando a competitividade das fabricantes brasileiras. Conforme o idealizador do evento DroneShow, Emerson Granemann, “a estimativa para 2016 é que surjam entre três e cinco mil postos de trabalho, ligados direta ou indiretamente à cadeia produtiva do setor e gerados por fabricantes, importadores, prestadores de serviços de mapeamento, monitoramento e imagens aéreas, além dos pilotos profissionais”. De acordo com dados extra oficiais compilados por Granemann, após comparações com dados mundiais e trocas de informações com empresários brasileiros que atuam no mercado de drones, as estimativas de faturamento do mercado de drones, incluindo vendas de equipamentos, treinamentos de pilotos e prestação de serviços, é de 100 a 200 milhões de reais para o próximo ano.

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Deyse Delamura Formanda em Geografia, Assistente Editorial da Revista MundoGEO/DroneShow News, Assistente de Redes Sociais e Eventos. jornalismo@mundogeo.com

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Conforme Ivo Faria, Diretor de Desenvolvimento de Negócios do grupo Tekever, uma empresa portuguesa que desenvolve tecnologias inovadoras para setores Aeroespacial, Defesa e Mercados de Segurança, “o mercado de drones está bastante movimentado, tanto em demanda quanto em novidades, podendo perceber grandes interesses por partes das fabricantes brasileiras. Estou surpreso com a feira DroneShow, uma surpresa bastante agradável em ver o auditório lotado de pessoas para assistir o debate da DECEA e ANAC sobre a legislação de uma tecnologia, que a meu ver, ainda não está tão difundida.” O diretor da MundoGEO e idealizador do evento DroneShow, ressalta que "o evento DroneShow foi concebido em um momento que temos uma janela de oportunidades se abrindo para empreendedores oferecerem soluções para inúmeras aplicações dos drones. E em paralelo estamos na iminência de receber uma regulamentação para proporcionar mais segurança as operações." Para Ivo Faria, “as ideias ainda não estão muito organizadas, pois está todo mundo eufórico em querer a tecnologia que está cada vez mais disponível e está na hora deste novo setor começar a se organizar”. Segundo o Diretor da Tekever, o primeiro passo foi a audiência pública da ANAC. “A partir do momento que os drones vão se popularizando e tornando-se mais acessíveis, cada um vai querer ter o seu próprio drone, portanto a necessidade da legislação se dá para evitar o uso desorganizado, conscientizando a população que o drone não é brinquedo e que há uma série de responsabilidade ao se pilotar uma aeronave não tripulada. E quanto aos fabricantes, aqueles que não tiverem em seus equipamentos como premissa a segurança, acabarão por inviabilizar seu próprio negócio.” A legislação que logo estará em vigência para alguns se mostra, a primeira instância, de forma bastante tolerante, o que permitirá aos usuários de drones trabalhar com tranquilidade. Paulo Bomnonatti, diretor da empresa Fabris, diz estar confiante quanto a isto e que a legislação, sem dúvidas, é algo bastante positivo e contribuirá para a eclosão do mercado e da demanda por serviços e equipamentos. Os drones civis ganham força gradativamente no mercado global e, o Brasil, que não está do lado de fora desta novidade, se encontra preparado para se profissionalizar neste setor. É nisto que Lucas Cespedes Tavolaro, da plataforma DroneAqui, acredita. "Deposito todas minhas fichas neste mercado em crescimento e em seu amadurecimento. Aqueles que buscam os serviços prestados pelo profissional do ramo pouco a pouco exigirão que o prestador de serviços esteja devidamente homologado. E a feira DroneShow está sendo o divisor de águas entre os equipamentos de aeromodelismo para entretenimento e o drone como ferramenta de trabalho de um mercado em ascensão”. Para Tavolaro, “a feira foi extraordinária, trouxe um público realmente interessado em competir neste novo mercado, mostrou que o pro-

fissional desta área terá que trabalhar com segurança, com equipamento de ponta para obtenção de bons resultados, profissionais estes que serão cada vez mais requisitados em diversas áreas. A regulamentação dos voos de drones é de competência da ANAC, já quanto à demanda pelo trabalho do profissional envolvido direta ou indiretamente com os drones é o mercado quem vai regular”, afirma. Leandro Camboim da Silveira, Gerente de Programas de ARP da AEL Sistemas, empresa brasileira fabricante de drones, mostra-se convicto de que os drones revolucionarão o meio corporativo. “De um jeito ou de outro, diversos setores do universo empresarial serão influenciados pelos drones de forma implacável. Aqueles que não se atualizarem a essa novidade tecnológica aos poucos estarão em descompasso na competição por espaço no mercado futuro”, afirma. E como ressalva Guilherme Y. Barbosa, Diretor da empresa Caraca Imagens, empresa especializada em imagens aéreas, “para todos os envolvidos nesse meio que estão apostando no mercado de drones, aguardando a regulamentação e investindo capital, a feira está sendo um marco histórico. Pela primeira vez vejo diversos segmentos da área de drones, que tentavam se organizar, enfim reunidos”, comemora. O drone tem que ser reconhecido e regulamentado! Esta foi a ideologia que norteou a feira DroneShow, bem como preparar o usuário para ingressar de forma responsável neste novo mercado. “O evento foi bastante importante tanto para informar sobre o surgimento dos drones no país quanto para desmistificar o seu uso”, manifesta Leonardo Garcia, Diretor da empresa fabricante de drones XFLY, que acredita ainda nos resultados positivos da feira para a comunidade e para sua empresa. Já para Leandro Camboim, da AEL Sistemas, “a regulamentação dos drones que ainda está por vir é preliminar, entretanto ajudará muitos fabricantes brasileiros a saírem do caráter experimental, sendo vantajosa para toda a comunidade de drones”. A partir do momento em que se estabelecer a lei que regulariza as operações de Veículos Aéreos Não Tripulados no Brasil, o mercado voltado para esse equipamento acompanhará o avanço da indústria de forma propícia, além de abater a insegurança dos usuários desse dispositivo quanto ao que é permitido e seguro e o que não é. E mesmo que o mercado de drones esteja apenas começando, o convidado Lic. Martín González, Diretor da Bayanal SA, uma distribuidora de drones do Uruguai, crê que o crescimento deste mercado para os próximos anos será de forma exponencial, ou seja, um mercado de vastas possibilidades e crescimento muitíssimo rápido. O diretor comemorou o momento experienciado no Brasil afirmando que a feira aconteceu no momento perfeito e de forma exemplar em sua organização e proposta.


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TENDÊNCIAS

Análise cronológica do mercado dos drones no Brasil e as tendências futuras A

chegada dos VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados) no mercado de geotecnologia é considerada uma inovação disruptiva. Este termo apareceu pela primeira vez em 1995 em um artigo do Clayton Christensen, professor de Harvard, que se inspirou no conceito de “destruição criativa” criado pelo economista austríaco Joseph Schumpeter, ainda em 1939. Para explicar os ciclos de negócios, ele menciona que o capitalismo funciona em ciclos, de forma que cada nova revolução (industrial ou tecnológica) destrói a anterior, tomando o seu mercado. A inovação disruptiva geralmente se apresenta como algo mais simples, mais barato do que o que já existe ou capaz de atender um público que antes não tinha acesso ao mercado. Podemos usar como exemplo, a internet, que proporcionou inovações como Uber, Netflix, WhatsApp, Instagram e outros. Até aqui, você notou alguma semelhança com a história dos drones? No cenário internacional, a ascensão dos drones no mercado de geotecnologias ocorreu em 2012, ano em que a Trimble, uma das maiores empresas do mercado de geotecnologias com forte atuação no mercado de fotogrametria, resolveu apostar suas fichas no segmento, comprando a startup belga Gatewing, sinalizando, assim que esta tecnologia seria promissora. Já no Brasil, isso ocorreu em 2013, ano em que eu tive o meu primeiro contato com os VANTs. Na ocasião, fui contrato por uma empresa em São Paulo que foi uma das pioneiras a apostar no uso dos VANTs no mercado das geotecnologias. Minha função era fazer a ponte entre a fabricante e o mercado de geotecnologias, realizando pesquisas técnicas e testando se os produtos gerados pelos VANTs se aproximavam da fotogrametria tripulada.

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Nesta época o desafio era a validação dos produtos gerados pelos drones. Não havia softwares específicos para o processamento dos dados e os que eram utilizados na fotogrametria tripulada não eram capazes de processar os dados provenientes dos VANTs, devido a grande variação angular nas tomadas de fotos ocasionadas pelos ventos. Na universidade aprendemos que o ângulo de cambagem (nome dado a esta variação angular) deveria ser no máximo 3°. Este fato era um dos principais motivos da descrença do mercado de fotogrametria em relação aos VANTs. Na feira MundoGEO#Connect 2013, realizada pela MundoGEO, eram apenas dois expositores de drones, sendo um deles da organização que eu trabalhava e ouvi de muitas pessoas que não era possível realizar fotogrametria com VANT. Notava-se um forte traço de pessimismo, característica clara do mercado brasileiro, que em vez de testar a funcionalidade e depois opinar, primeiro se convence de que não funciona e apenas depois de comprovada a eficiência no cenário internacional, começa a se movimentar. Com o avanço da visão computacional surgiram novos algoritmos de processamento, como o SIFT (Scale Invariant Feature Transform ou Transformação de Feições Invariantes à Escala) que foram capazes de processar os dados provenientes dos VANTs. A chegada deste algoritmo no mercado foi protagonizada pelo software russo Agisoft PhotoScan, que já era utilizado para modelagens 3D e, com o crescimento do mercado dos VANTs foi adaptado para processamento de imagens aéreas. Na época, o PhotoScan não fornecia o relatório da aerotriangulação para compararmos os resultados finais gerados, então nós fizemos uma conexão entre o PhotoScan e o Inpho (software de processa-


mento de dados da Trimble muito famoso no mercado de fotogrametria) e os resultados finais foram surpreendentes: conseguimos alcançar praticamente a mesma precisão posicional de um levantamento feito com aeronaves tripuladas. “Este era um indicador claro e mais seguro de que esta tecnologia veio para ficar.” O ano de 2014 foi marcado pela estruturação do mercado. Em contato direto com este público, comecei a notar que a procura crescia exponencialmente. Naquele ano, a Trimble lançou o UAS Master. Com base no estado da arte do seu clássico software Inpho, a empresa lançou a sua versão para o processamento de dados provenientes dos VANTs. Neste mesmo mês outra empresa gigante do mercado de geotecnologias também entrou no jogo, a Hexagon anunciou a compra da Aibotix, uma startup alemã fabricante de modelos multirrotores. Na feira MundoGEO#Connect 2014, o cenário já era outro. O mercado se mostrava mais maduro: enquanto em 2013 eu tinha que explicar o que eram os VANTs e o que eles faziam, em 2014 os participantes já conheciam os potenciais da técnica e pesquisavam aplicações no seu segmento. O evento contou com diversos expositores, sem contar nos inúmeros veículos de comunicação que estavam no evento em busca de mais informações sobre essa tecnologia revolucionária. Em constante contato com o mercado, notei uma demanda crescente por prestação de serviços, ao contrário do que estava convencionado, no caso, a compra do sistema completo. Como na época a empresa em que eu trabalhava não teve interesse em trabalhar com serviços, resolvi apostar no segmento. Me considero um empreendedor nato, sou filho e neto de empreendedores, na universidade fiz parte durante três anos da EJECart (Empresa Júnior de Engenharia Cartográfica), portanto, já tinha em mente o objetivo de abrir minha própria empresa. Fruto de um sonho aliado com uma oportunidade de mercado surgiu a Droneng, uma startup de mapeamento aéreo com drones e desenvolvimento de soluções de geotecnologias. A Droneng surgiu com o propósito de inovar não somente na tecnologia, mas também em sua gestão. Motivada pela estrutura horizontal, nós damos voz aos nossos colaboradores e acreditamos que a convergência dessas ideias trilham o caminho que devemos seguir. Seguindo a linha do tempo, considero 2015 o ano dos VANTs. Nunca se falou tanto destes robôs voadores! Com a tecnologia consolidada e as aplicações validadas, este ano foi marcado pela adesão do mercado, onde empresas referências em seus seg-

mentos como a Tecnisa, AES Tietê, Eldorado, Raízen, Guaraní e diversas outras começaram a utilizar os drones em seus negócios. O setor da agricultura confirmou o estudo da AUVSI (Associação Internacional de Sistemas de Veículos Não Tripulados) realizado em 2013, sobre o impacto dos VANTs na economia americana, atestando que a agronomia representaria 80% dos 13,2 bilhões de dólares previstos até 2025. No Brasil é notável a adesão deste setor, que assim como o GPS aposta nos drones como sendo a próxima revolução tecnológica do mercado. A Droneng tem como foco o mercado da agricultura com ênfase na cana-de-açúcar, onde estamos desenvolvendo sistemas automatizados para uma gestão estratégica do plantio através da base cartográfica gerada pelos VANTs. Nós geramos soluções como levantamento de falhas no plantio, mapeamento das linhas da plantação e mapa de saúde da vegetação. Nosso objetivo é melhorar as decisões estratégicas dos nossos clientes através de mapas digitais inteligentes. Acredito que 2016 será marcado por um crescimento ainda maior do mercado nacional. O projeto do uso de VANTs na segurança das olimpíadas, por exemplo, já indica que a regulamentação deverá ser consolidada. Outro indicador foi o anúncio do Conselho Monetário Nacional (CMN) de que a partir deste ano os bancos fiscalizarão operações de crédito rural através de imagens de satélites ou de VANT. No mercado de geotecnologias a fotogrametria será popularizada, gerando uma demanda para “cartografia rápida” e soluções geográficas com foco em problemas reais dos clientes. A tecnologia tem surpreendido a cada ano: os modelos no mercado estão cada vez mais robustos, a autonomia de voo vem crescendo, aliada com a capacidade de payload. Isto irá proporcionar um crescimento na demanda por outros sensores embarcados a bordo dos VANTs, como laser, câmera multispectral e hiperspectral, proporcionando um crescimento ainda maior para a demanda de novas aplicações. Como este mercado apresenta um crescimento acelerado, fica complicado estimar o que vem pela frente, mas tudo indica que teremos novos modelos de aeronaves, novos sensores embarcados e com isso novas soluções e aplicações. O futuro para esta tecnologia é promissor e instigante. Mal posso esperar pelos próximos anos! Assim, a proposta da ANAC atende aos anseios dos profissionais e é um bom começo pois possibilita o trabalho legal de muitos operadores.

Seguindo a linha do tempo, considero 2015 o ano dos VANTs. Nunca se falou tanto destes robôs voadores!

Manoel Silva Neto Formado em Engenharia Cartográfica na UNESP. Sócio fundador da Droneng Drones e Engenharia, uma startup de mapeamento aéreo com Drones e desenvolvimento de soluções em geotecnologia. Possui mais de dois anos de experiência em Fotogrametria com Drones trabalhando em pesquisa & desenvolvimento e estruturação do mercado. manoel@droneng.com.br

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ARQUEOLOGIA

Uma nova visão de Rapa Nui Estudos sobre a Ilha de Páscoa vão além de suas estátuas icônicas. Soluções aéreas não tripuladas estão fornecendo novas informações para os cientistas e residentes da ilha

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ocalizada no Pacífico Sul, a minúscula Ilha de Páscoa (tradicionalmente conhecida como “Rapa Nui”) é um dos lugares mais isolados e intrigantes do planeta, e tem sido fonte de fascínio - e desacordo – entre historiadores e arqueólogos. Pesquisadores de todo o mundo têm realizado, durante décadas, estudos antropológicos ambientais e sobre as famosas estátuas de Rapa Nui. No entanto, uma importante ferramenta científica tem faltado: apesar de anos de pesquisa, não há nenhum conjunto de dados geoespaciais abrangente para Rapa Nui. Isto é, até que uma equipe de cientistas da Califórnia começou a trabalhar para resolver o problema. Para muitos pesquisadores, a compreensão de como as mais de 900 estátuas de rocha (conhecidas como "moai") foram criadas, movidas e encaixadas, requer um quadro maior da vida dos residentes pré-históricos de Rapa Nui. Esculpidas em afloramentos expostos de basalto encaixadas em plataformas de pedra maciça, denominadas "ahu". Em média, as estátuas possuem, aproximadamente, 4 metros de altura e pesam 12,5 toneladas, mas algumas possuem quase 10 metros de altura e pesam mais de 82 toneladas. Para aprender sobre a pré-história da ilha é preciso começar com a própria ilha. Rapa Nui é pontilhada com evidência de seus habitantes pré-históricos, incluindo ruínas de casas, fornos, jardins e características de cultivo. De acordo com Carl Lipo, Professor de Antropologia da California State University Long Beach (CSULB), toda a ilha é um mistério. Lipo realizou uma pesquisa significativa sobre o moai, mas atualmente sua pesquisa está focada nos recursos naturais da ilha, como a água doce e suas relações com assentamentos arqueológicos. "A topografia é a chave para a compreensão do registro arqueológico", explicou Lipo. E ainda acrescentou que boa parte dos dados topográficos ajudam a identificar antigas estradas e canteiros de obras que não são detectáveis a partir do solo.

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Arqueologia a partir de cima As imagens aéreas de alta resolução fornecem informações que auxiliam na análise da topografia mas fatores como o isolamento da ilha e orçamentos limitados têm frustrado a utilização de fotografias aéreas em Rapa Nui. Além disso, as imagens de satélite que estão disponíves não fornecem a resolução necessária para as pesquisas. Assim, a equipe de pesquisa da CSULB têm experimentado uma variedade de plataformas aéreas, incluindo os drones de asa fixa. Em janeiro de 2015 a equipe realizou um projeto ao longo da costa sul de Rapa Nui com o objetivo de avaliar o desempenho do VANT em capturar imagens aéreas e de integrar as ortofotos resultantes com os conjuntos de dados existentes. Os pesquisadores selecionaram o sistema de aviões não tripulados Trimble UX5 para coletar as imagens. "Em nove dias voamos mais de 26 missões que abrangeram uma área de, aproximadamente, 18,5 km². O VANT capturou mais de 20.000 imagens que foram processadas, produzindo 26 ortofotos." disse Lipo.

Christopher Lee e Eliza Pearce lançam o VANT Trimble UX5. A equipe identificou um mínimo de cinco pontos de controle para cada voo, e as estações foram medidas com o Trimble GeoExplorer 6000 GNSS. Segundo Lipo, como um backup, a equipe também operou a partir de sua própria base GNSS. Com o VANT, Lipo completou três a quatro voos por dia, utilizando a aplicação Trimble Access Aerial Imaging para definir os polígonos das áreas de cobertura para


cada voo. Os polígonos permitiram otimizar os voos para cobrir as áreas perto da costa da ilha. Segundo os pesquisadores, o planejamento foi muito útil no sentido de obter a melhor cobertura da área diante de ventos constantes, terreno irregular e rochoso que limitaram a seleção dos locais de desembarque. Em vários casos, os pesquisadores lançaram missões a partir do mesmo local, com a aeronave voando um quilômetro ou mais para a área de destino antes de obter as fotos, além disso os pesquisadores mudaram as câmeras, substituindo a câmera colorida de alta resolução por um sensor de infravermelho próximo. "É uma mudança rápida, e você pode reutilizar o plano de voo anterior. Assim, é possível combinar os dois voos para iluminação e tempo " disse Lipo. Trabalhando para gerenciar os grandes conjuntos de dados, o sistema produziu 60 GB de imagens a partir das quais derivam DEMs para análise topográfica. A equipe utilizou o software Trimble eCognition para classificar os recursos arqueológicos e identificar os restos de casas, plataformas de pedra e estruturas circulares.

Ortofotos produzidos pela equipe CSULB.

Ortoimagem (topo) e DEM na escala 1: 125.

Uma ilha de Informação O alto desempenho do VANT da Trimble convenceu a equipe CSULB do valor da utilização de imagens aéreas. A equipe está planejando novos projetos que utilizarão o sistema Trimble para cobrir toda Rapa Nui com a finalidade de obter imagens de alta resolução. Além da arqueologia, as imagens aéreas podem apoiar outras atividades na ilha. As informações podem auxiliar o Minis-

tério de Obras Públicas no planejamento e desenvolvimento do ecoturismo como, por exemplo, o Ministério está planejando implementar ciclovias ao redor da ilha. Assim, os dados podem fornecer informações detalhadas que permitem projetar caminhos para acessar os recursos históricos, sem danificar o registro arqueológico. Além disso, as imagens permitem aos pesquisadores e funcionários do governo ver mudanças na topografia ao longo do tempo, de modo a avaliar o impacto do turismo e do desenvolvimento na ilha. Para Lipo, a recompensa está na ciência. Ao combinar a informação topográfica com dados hidrológicos, ele obteve novas informações sobre a história de Rapa Nui. Para ilustrar, ele aponta que os moai e ahu se instalavam com base na localização de água, em vez de visibilidade como se acreditava anteriormente. “Os dados são surpreendentes”, disse Lipo. "Agora enxergamos coisas que antes não era possível, mesmo que a ilha tenhasido estudada por centenas de anos. O VANT fornece um registro completo do que está no chão. É a maneira que a arqueologia deve ser feita."

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PUBLICIDADE E CINEMA

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Guilherme Y Barbosa Diretor do Caraca Imagens, fótografo e piloto de drones. guilherme@caraca.org

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meio da publicidade e cinema estiveram, e sempre estarão, em busca de novas formas de captar imagens através de novas tecnologias e, acima de tudo, na busca pela redução de custos. Se você pensou que helicópteros e gruas eram os únicos meios de captação de imagens aéreas, se enganou. Segundo especialistas da indústria cinematográfica, o drone está revolucionando o mercado, assim como as câmeras mais leves fizeram nos anos 60 e o SteadyCam fez nos anos 70, com a série de filmes Rocky Balboa. O custo dos drones é mais baixo, além de serem mais rápidos e seguros e possuírem a característica de adaptação mais rapidamente do que em relação aos métodos tradicionais, a fim de captar aquele take aéreo perfeito. A simplicidade deste equipamento o torna a solução ideal para produtoras e diretores. Afinal, são tão simples de se usar que praticamente qualquer pessoa com um background de videogames é capaz de pilotar um Multicóptero, em poucos dias. Embora esta facilidade de manuseio acabe tornando-se um problema, uma vez que existem regras e normas a serem cumpridas. A regulamentação do setor, por parte da ANAC, está prevista para março de 2016. E já existe inclusive uma Associação Brasileira de Drones, a Associação Brasileira de Multirrotores (ABM), que vem buscando a legalidade e profissionalização desta nova atividade. Capturar imagens, antes impossíveis fisicamente ou devido ao budget, são coisas do passado e são apenas o começo do que drones podem fazer por esta indústria. Os drones têm acesso aos locais que pessoas não poderiam e os aparelhos menores podem facilmente caber em uma mochila. Enquanto estes pequenos drones são capazes de filmar, utilizando uma GoPro e pesando pouco mais que 2 kg e custando em

@ istockphoto.com / Christopher Futcher

Os drones e a produção cinematográfica

média R$ 6.000,00, existem drones que podem chegar até 20 kg, capazes de levantar câmeras de cinema podendo ultrapassar o custo de mais de $100.000,00, como é o caso do X8 da Caraca Imagens. O mercado de publicidade está aberto para todos os tipos de drones, desde os pequenos, como os utilizados em videoclips para internet, assim como drones maiores capazes de captar imagens com alta qualidade, inclusive para serem usadas em filmes de longa metragem, como foi o caso do filme 007 Skyfall e, claro, podem ser atores principais, como no caso da propaganda de CupDrones. Por ser um novo equipamento, diretores e clientes ainda estão se adaptando a esta nova linguagem que proporciona movimentos inéditos e uma nova perspectiva para quem assiste. No começo, os drones eram usados para tentar substituir equipamentos muito mais caros. Hoje, o mercado já entende que existem aplicações específicas para cada um destes, e os diretores mais antenados fazem o uso correto de cada uma destas ferramentas, não sendo difícil de se ver no mesmo set de filmagem, drones, carcams , gruas e até helicópteros, trabalhando juntos como, por exemplo, a propaganda da Hillux ou da Land Rover que estão veiculando nos canais de TV, e utilizaram todos estes recursos no mesmo filme publicitário.


FEIRA

DroneShow 2015: A feira que o Brasil precisava! A

julgar pela fachada impecável e silenciosa do Shopping Frei Caneca, em rua homônima da capital paulista, ninguém seria capaz de adivinhar que no quarto andar daquele edifício se acomodavam dezenas de aeronaves. Havia até uma gaiola para essas aeronaves, apenas aeronaves não tripuladas – e, que fique claro, apenas aeronaves tripuladas remotamente pilotadas (RPAs). Mas aquele dia 28 de outubro foi uma data importante. Foi o dia de estreia da primeira feira específica no Brasil para o setor dos veículos aéreos não tripulados, os Vants, popularmente conhecidos como drones. O dia 29 deu continuidade àquele dia histórico, com mais demonstrações ao vivo de voo dos multirrotores, mais palestras, debates, cursos, contratos, e, inevitavelmente, troca de cartões. Dois dias. Um sem número de novidades. Ao redor dessa gaiola central, estavam cerca de 20 expositores dos mais variados setores, entre fabricantes nacionais (inclusive as que já possuem destaque no mercado internacional), montadoras, importadoras e prestadoras de serviço. O interessante foi observar, em apenas dois dias, tantas pessoas com interesses diversos, caminhando e perguntando pelos diferenciais de cada um dos modelos e as particularidades de cada uma das empresas, cujas sedes estão espalhadas pelo Brasil todo, do interior de São Paulo ao Rio de Janeiro e ao Rio Grande do Sul. Até o presidente da Associación Uruguaya de Drones, Miguel Remuñán, esteve presente na feira para viabilizar potenciais parcerias com empresas brasileiras e também com a Associação Brasileira de Multirrotores (ABM). Aliás, esta esteve muito bem representada pelo presidente Flávio Fachel e o vice-presidente Ricardo Cohen, que deu palestras e realizou a primeira assembleia anual da ABM, com a presença de grande parte dos afiliados. Outros grandes destaques da feira foram as palestras de representantes da Anac e do Decea sobre a nova legislação específica para as RPAs, e o lançamento do primeiro livro sobre o assunto no país, “Vant e Drones – A Aeronáutica Ao Alcance De Todos”, escrito pelo Coronel Luiz Munaretto, ex-piloto de caça, ex-piloto de provas e instrutor de voo.

A DroneShow 2015 foi um sucesso. O dia foi histórico não pela gaiola, que estava ali por segurança aos visitantes e demais participantes nos momentos em que expositores colocaram para voar seus modelos, mas pela importância que ela significava. Quando um drone está no ar, todas as atenções se voltam para ele. As cerca de 2500 pessoas que pelo quarto andar circularam tinham o propósito de ver com os próprios olhos o que havia de mais novo em um setor cujo uso comercial é ainda recente no país: o lançamento de novos equipamentos fabricados em território nacional; outros novos equipamentos importados da China, Suíça, Alemanha e outros países; vídeos que demonstravam o potencial gigantesco para o uso do equipamento como recurso de agricultura de precisão e mapeamento; a apresentação de startups que tiveram a visão de lançar plataformas virtuais de serviço para atender a esse mercado. Um mercado comercial vasto no mundo e que é relativamente recente, se considerarmos as décadas anteriores de uso de tal categoria de aeronaves nos setores militar e de defesa, tanto no Brasil como em outros países. Na última década, a miniaturização, o barateamento e o aprimoramento de vários componentes dessas aeronaves ajudaram a alavancar esse fenômeno de maneira gradual e hoje eles estão cada vez mais próximos de cidadãos comuns. Ao passo que a tecnologia dos drones avança e os seus preços ficam mais acessíveis, o uso dessas máquinas deflui nos mais variados mercados. E isso não se trata apenas de uma questão geográfica - eles alcançam muito, muito longe. Se estão revolucionando o conceito de guerra que tínhamos até anos atrás, eles também estão transformando nosso espaço civil. Em algumas situações, eles se mantêm simultaneamente nos dois lados da moeda - uma boa e outra ruim. Por isso é preciso cautela e experiência. O interessante é abrir a discussão para isso, tomando como partida a ideia de que assim é com qualquer outra tecnologia já criada pelo homem, e procurar agir sempre com o bom senso. Como se diz por aí, os drones não apenas dão poder aos humanos, mas também nos tentam a usá-los.

Giovanna Rossin Jornalista formada pela ECAUSP. Trabalhou como repórter para Folha de São Paulo, Info, Galileu, VIP e Brasil Post. Atua como jornalista freelancer. giovannarossin@gmail.com

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MULTIRROTORES - ABM

ABM representa os pilotos remotos brasileiros A

Associação Brasileira de Multirrotores foi fundada em setembro de 2014 e, com apenas um ano, se apresenta como referência na representação de quem voa com “drones”, por lazer ou de modo profissional. Com sede no Rio de Janeiro, a ABM tem associados em todos os Estados brasileiros e participa ativamente do processo de discussão da nova regulamentação proposta pela ANAC. A sua primeira Assembleia Geral foi realizada nas dependências da DroneShow, em São Paulo, onde os associados decidiram ampliar a atuação nacional com a ativação das Representações Regionais. Em breve, cada Estado brasileiro terá um núcleo de atuação, onde a ABM realizará cursos e seminários. O principal aprendizado nessas atividades será voar dentro das normas e com segurança. “Em breve, o mercado estará dividido em dois grandes grupos: o das pessoas que não vão seguir as regras e o dos pilotos remotos conscientes, que voarão com segurança, seguindo as regras estabelecidas”, diz Flávio Lampert, Presidente da ABM. A partir do ano que vem, quando a regulamentação da ANAC entrar em vigor, os grandes contratos vindos do poder público e de grandes empresas deverão exigir o cumprimento dos requisitos da regulamentação. Entre eles, estará a necessidade de homologação na ANATEL, de cadastro na ANAC e da contratação de seguro obrigatório. “Quem estiver no grupo dos que não desejam seguir as normas, será naturalmente eliminado do grande mercado”, prevê Lampert. Quem faz parte da ABM recebe a identificação de associado, reproduzida nesta página. “Antes mesmo da publicação da regulamentação, o mercado já tem exigido a apresentação da carteirinha da ABM”, revela o presidente da entidade que explica: “isso acontece porque o Estatuto da ABM obriga aos associados a prática do voo dentro da regulamentação vigente, o que traz mais segurança ao contratante”. É fácil se associar à ABM: basta enviar um email para abmultirrotores@gmail.com e seguir as orientações que serão enviadas de volta.

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Identificação da ABM “salva” brasileiro em Buenos Aires Durante um trabalho de gravação de imagens aéreas para um comercial de TV em Buenos Aires, na Argentina, o associado Guilherme Barbosa foi abordado por policiais locais em uma das praças da cidade. Um dos agentes ficou fascinado pelo equipamento, mas perguntou ao piloto se ele tinha as autorizações em mãos. Todos os papéis estavam no hotel, com a produção do trabalho. Guilherme, então, lembrou que a sua identificação de associado da ABM estava na carteira. Ele, imediatamente, a mostrou ao policial que se surpreendeu com o que estava escrito na parte de trás do documento. “A identificação da ABM traz impresso em seu verso um compromisso do associado em voar dentro das normas e com segurança”, explica Guilherme. Mesmo entendendo só um pouco de português, o policial compreendeu a mensagem e liberou Guilherme para continuar as filmagens. “Fiquei realmente feliz com a reação do policial. É bom saber que a ABM é reconhecida também aqui, na Argentina”, disse o associado.

Asociación Uruguaya de Drones fecha acordo com a ABM Representado pelo seu presidente, Miguel Angel Remuñán, a AUD (Asociación Uruguaya de Drones) firmou parceria com a ABM para o trabalho conjunto das enti-


dades no Mercosul. “Trata-se de um passo importante para que profissionais do Uruguai possam trabalhar no Brasil e profissionais brasileiros possam ter acesso ao mercado uruguaio”, disse Remuñán. Para o vice-presidente da entidade brasileira, Ricardo Cohen, a parceria entre a AUD e a ABM reforça a relevância da entidade brasileira no cenário nacional e continental. “A ideia é firmar, em breve, parcerias também com associações do Paraguai, do Chile e de outros países” revelou Cohen. O presidente da Asociación Uruguaya de Drones também anunciou que decidiu se associar à ABM, recolhendo a anuidade e preenchendo sua ficha de inscrição. “Acredito que gestos falam mais que palavras e que este deve ser o espírito de participação de todos”, concluiu Miguel Remuñán.

ABM quer habilitação para a Classe 3

ANAC considera ABM parceira no processo de regulamentação

ABM presta auxílio gratuito na homologação

Na reunião presencial da audiência pública para a regulamentação dos RPAS no Brasil, ocorrida em setembro na sede da ANAC, em Brasília, os representantes da agência agradeceram à ABM pela colaboração no processo de produção do texto que foi submetido à análise da sociedade até o fim de outubro. “Consideramos a ABM uma parceira nesse processo”, disse um dos representantes da agência durante o encontro. “É muito importante ver nosso trabalho reconhecido pelas autoridades do setor”, diz Flávio Lampert, presidente da ABM. A entidade estava representada na audiência pelo seu vice-presidente, Ricardo Cohen. “Chamou a atenção de todos o destaque dado à ABM”, descreveu Cohen. Além de participar de duas reuniões com técnicos da ANAC, a ABM também foi consultada sobre as características do mercado de multirrotores e dos equipamentos mais usados no Brasil. As informações vão servir para a ANAC dimensionar a ferramenta online que será utilizada para realizar o cadastro dos equipamentos dos pilotos remotos profissionais. Segundo o texto da regulamentação proposta, esse cadastro será inteiramente online e obrigatório para quem desejar trabalhar com o equipamento.

Os associados da ABM decidiram participar da audiência pública com várias propostas de mudanças no texto original. A mais importante delas é a que pede a criação de uma habilitação simples para quem desejar trabalhar com multirrotores até 25 kg. O texto da proposta da ANAC não exige habilitação e pede apenas um cadastro do equipamento, além da homologação na ANATEL e da contratação de um seguro. “Queremos uma habilitação simplificada, onde o piloto remoto tenha que comprovar em um teste simples, online, o conhecimento da legislação e do que deve fazer em situações de emergência”, diz Flávio Lampert, presidente da ABM. A ideia não é “testar” a habilidade de um piloto, mas dar um referencial ao mercado que, com a regulamentação, não existe. “Precisamos dar a quem contrata um serviço com multirrotores uma forma de identificar se a pessoa que ele está contratando tem o mínimo de conhecimento e de preocupação com segurança”, diz o representante da entidade. A justificativa é a popularização do equipamento e da grande quantidade de pessoas que entra no mercado sem conhecer o equipamento e sem perceber que um multirrotor não é um brinquedo.

A Associação Brasileira de Multirrotores auxilia de graça os seus associados no pedido de homologação de seus multirrotores na ANATEL. “A homologação é obrigatória agora e será no ano que vem, quando a regulamentação entrar em vigor”, diz Ricardo Cohen, vice-presidente da ABM. A obrigatoriedade está prevista na Resolução 242 da ANATEL e o pedido de homologação pode ser feito de forma online. O problema é que o site da ANATEL é lento e limitado: hoje, ele só funciona em PCs e no navegador Explorer. “O sistema está atrasado e, claramente, não consegue atender a demanda dos novos proprietários de multirrotores que desejam regularizar a sua situação e a dos equipamentos”, diz Flávio Lampert, presidente da ABM. A fiscalização nas ruas é praticamente inexistente. Boa parte dessa “onda” de procura por homologações vem da pressão que a própria ANATEL decidiu fazer nas aduanas brasileiras. A pedido da agência, os fiscais da Receita Federal fizeram centenas de apreensões de multirrotores. “Os equipamentos só são liberados quando o proprietário providencia a homologação exigida pela ANATEL”, diz um dos fiscais que trabalha no aeroporto do Galeão e prefere não se identificar.

ABM Associação Brasileira de Multirrotores www.facebook.com/ abmultirrotores

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Notícias Drones

Mercado de Drones no Brasil projeta faturamento de até 200 milhões em 2016 As estimativas de faturamento do mercado de Drones para 2016, incluindo vendas de equipamentos, treinamentos de pilotos e prestação de serviços, é de 100 a 200 milhões de reais. Estes dados são extraoficiais e foram compilados por Emerson Granemann, diretor da MundoGEO e idealizador do evento DroneShow, após comparações com dados mundiais e trocas de informações com empresários brasileiros que atuam no mercado de Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs ou Drones, como são conhecidos popularmente). "A expectativa é que, em breve, a comunidade brasileira se organize para pesquisar e mapear com precisão a movimentação econômica e os índices de novos postos de trabalhos que serão gerados direta e indiretamente por este setor. Estima-se que, em 2016, serão criados entre três e cinco mil postos de trabalho, ligados direta ou indiretamente à cadeia produtiva do setor e gerados por fabricantes, importadores, prestadores de serviços de mapeamento e monitoramento, além dos pilotos profissionais”, afirma Emerson Granemann. Segundo informações da Associação Brasileira de Multirrotores (ABM), apesar de ainda não existirem estatísticas oficiais, existem hoje mais de 20 mil profissionais operando drones comercialmente no Brasil.”Estimamos que existem mais de 20 mil multirrotores sendo usados de forma comercial em todo o país. Uma estimativa mais precisa só será possível quando entrar em vigor o cadastramento previsto pela regulamentação da ANAC”, afirma Ricardo Cohen, vice-presidente da ABM.

FT Sistemas firma convênio com Instituto Agronômico do Paraná A FT Sistemas e o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) assinaram um convênio para Desenvolvimento e Pesquisa de aplicação de ARPs no manejo agrícola e pecuário. O convênio marca o início do trabalho da FT Sistemas, voltado para o setor privado para pesquisa e desenvolvimento de produtos e de projetos estruturantes, com a criação de plataforma tecnológica voltada para o setor agrícola. O objetivo da cooperação tecnológica é a realização de pesquisas, negócios e prestação de serviços em agricultura de precisão, envolvendo a utilização dessas aeronaves em atividades como aerolevantamento e desenvolvimento de metodologias, algoritmos e softwares, com o objetivo final de agregar valor ao meio rural e ao agronegócio brasileiro. O monitoramento inicial será feito nas lavouras de soja e milho, típicas do verão. O objetivo é buscar soluções em manejo e gestão para estas culturas.

Secretaria de Aviação Civil inicia a campanha "Drone Legal" A Secretaria de Aviação Civil lançou a campanha de conscientização para alertar a população a respeito do uso adequado das aeronaves remotamente pilotadas (RPA na sigla em inglês). Dez órgãos do governo federal estão trabalhando em parceria para regulamentar o dispositivo num grupo de trabalho (GT) coordenado pela Secretaria. Segundo Eliseu Padilha, o ministro da Aviação, a Olimpíada, apontada por ele como marco importante na oferta de serviços aéreos, é uma excelente oportunidade para testar novos conceitos. A campanha é uma das ações do grupo de trabalho coordenado pela Secretaria junto com os ministérios da Justiça; Defesa (MD); Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Polícia Federal (DPF), Receita Federal (RFB), Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) e Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). É importante destacar que o assunto é novo no mundo inteiro e ainda não há regulamentação detalhada que englobe todos os usos, características, funções, necessidades, restrições, funcionalidades e riscos dessa atividade cada vez mais popular e avançada.

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STORM RAVEN X8 Os sistemas Storm Raven X8 fazem parte do processo de aquisição de tecnologia em VANTs estabelecido pelo Exército Brasileiro desde 2004, inicialmente com grandes aeronaves de asa fixa com envergadura superando 4 m e 75 kg de peso, e mais recentemente com modelos do tipo drones mais leves e ágeis. Cada sistema Storm Raven X8 é composto por duas aeronaves, uma estação de controle e um conjunto de apoio logístico com alto nível de resistência e estanqueidade à água para atender às demandas do Exército Brasileiro no monitoramento de fronteiras, treinamento de combate e incursões em ambientes civis. As aeronaves Storm Raven X8 são octacópteros com os oito rotores arranjados em quatro pares na configuração conhecida por octa-quad, X8 ou octa-coaxial ( Figura 1). O sistema Storm Raven X8 foi concebido especialmente para missões em terrenos inóspitos e conta com um conjunto de apoio logístico composto por uma mochila impermeável para o transporte da aeronave, cujas hastes podem ser dobradas reduzindo seu volume consideravelmente. A mochila ainda acondiciona um conjunto de ferramentas, materiais sobressalentes e seis baterias reservas que garantem mais de 90 minutos de voo adicionais (Figura 2).

Figura 1

Figura 2

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Impacto da regulamentação da operação comercial de VANT Por Luiz Munaretto, Coronel da FAB, especialista em Drones Um passo importante foi dado no dia 3 de setembro de 2015 com o início do período de audiência pública para definir os Requisitos gerais para Veículos Aéreos não Tripulados e Aeromodelos, constantes do RBAC-E 94. A partir da publicação oficial do RBAC-E 94 milhares de operadores brasileiros de VANT poderão se adequar à nova legislação, operando com maior segurança para si e para terceiros. Até que seja publicada a nova legislação (esperada para o fim de 2015) permanece apenas a possibilidade de operações experimentais, o que não inclui operações com fins comerciais. Na prática, a grande maioria das operações a serem autorizadas pela nova legislação serão as dos VANT da Classe 3 (com massa menor que 25 kg), na linha de visada do operador e abaixo de 400 ft (120 m), em função dessa ser a maior demanda e maior disponibilidade de equipamentos no mercado. Como benefícios da nova legislação podem ser observados: A expectativa do aumento de operadores no Brasil. Países que implementaram legislações similares puderam ver o surgimento de um grande número empresas legalizadas, como, por exemplo: EUA (mais de 1200 operadores), Alemanha (mais de 300) e Austrália (mais de 250). A maior aproximação dos operadores das autoridades aeronáuticas e a maior difusão da legislação para a comunidade de VANT. A tendência de profissionalização dos operadores e prestadores de serviços de VANT. Uma maior difusão da tecnologia de VANT e de processos a ele vinculados nas escolas técnicas, nas universidades, tanto do nível da graduação e pós-graduação. Destaca-se ainda que estão sendo feitas pesquisas em centros que anteriormente não eram relacionados com o mercado aeronáutico, surgindo assim novos atores nesse mercado especializado.

Topcon e Agisoft assinam acordo A Topcon Positioning Group anunciou uma nova parceria com o provedor de soluções fotogramétricas Agisoft LLC. O acordo foi concebido para expandir o portfólio de soluções da Topcon para coleta de dados em massa (MDC). A Agisoft atua no processamento de imagens digitais, a fim de gerar alta precisão de dados espaciais em 3D usando técnicas da fotogrametria. A Topcon fornecerá o Kit Agisoft Photogrammetric para pós-processamento dos dados coletados usando os drones Falcon 8 e o Sirius Pro. INFO www.topconpositioning.com

DECEA lança instruções O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) emitiu as Novas Instruções sobre Drones. O documento chama-se ICA 100-40. As Novas Instruções são uma adequação da legislação existente para a acomodação dos drones pelo espaço aéreo com as aeronaves tripuladas, e foca na segurança de uso em relação a aviões e pessoas. As Novas Instruções regulamentam os procedimentos e responsabilidades necessários para o acesso seguro ao Espaço Aéreo Brasileiro por Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPAS). Muito aguardada por toda a comunidade de pessoas envolvidas do setor de drones do Brasil, as novas instruções do DECEA ampliam ainda mais as possibilidades de desenvolvimento deste mercado. Com a liberação da Regulamentação dos drones por parte da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o que deve ocorrer no início de 2016, as empresas nacionais não precisarão mais se restringir a contratos corporativos, em segmentos como defesa, agricultura e construção, e terão a chance de concorrer no mercado para o consumidor, intensificando a produção de drones e aumentando a competitividade das fabricantes brasileiras. A ANAC encerrou a consulta pública sobre a proposta de regulamento para utilização dos drones no dia 3 de novembro deste ano. A previsão de lançamento dos novos procedimentos para a utilização dos drones no Brasil é no mês de Janeiro. INFO servicos.decea.gov.br

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