EDITORIAL
Fórum Empresarial de Drones consolidado D
Emerson Zanon Granemann Engenheiro cartógrafo, diretor e publisher do Grupo MundoGEO emerson@mundogeo.com
ia 22 de setembro aconteceu em São Paulo o II Fórum Empresarial do Setor de Drones. O evento atraiu 75 profissionais de todo o Brasil, representando mais de 100% de crescimento em relação ao primeiro encontro, realizado em junho. No início do evento, fiz um resumo do que aconteceu no primeiro fórum (veja mais na matéria de capa). Em seguida foram discutidos a obrigatoriedade do seguro de drones e as regras – a serem definidas - para credenciamento de escolas de formação de pilotos, por Roberto Ferraz, Diretor da XMobots, e pelo consutor Luiz Munaretto. Em seguida, foi apresentado por Silvia Ethel, gerente sênior da PwC, uma pequisa global do mercado para aplicações de Drones, detalhando as principais áreas que, somadas, chegam a 127 bilhões de dólares. Complementaram este painel Nei Brasil, diretor da FT Sistemas, e Manuel Martínez, diretor para América Latina da fabricante chinesa DJI. Todos foram unânimes em apontar a necessidade de se mapear o mercado nacional do setor, para orientar investimentos das empresas. George Longhitano, diretor da Gdrones, e Guilherme Barbosa, diretor da Caraca Imagens, comentaram as dificuldades de executar, na prática, uma operação de Drones segundo a legislação atual do setor. Na parte da tarde, o ponto alto do fórum foi a sessão de perguntas & respostas com os integrantes dos orgãos governamentais reguladores do setor no Brasil. Estavam presentes: Capitão Leonardo Haberfeld, chefe da Seção de Operações Militares do Subdepartamento de Operações do DECEA – Departamento de Controle do Espaço Aéreo; Ailton José de Oliveira Júnior, Especialista da Gerência Técnica
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Notícias e Lançamentos
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Capa
Raio X do Mercado de Drones
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Gestão Territorial
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Software
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Drones na Gestão do Território
Drone2Map for ArcGIS
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de Processo Normativo da ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil; e Rafael Gasparini, Gerente Técnico de Normas Operacionais da ANAC. A sessão de tira-dúvidas foi extensa, com dezenas de questionamentos prontamente atendidos pelos convidados. Na oportunidade, inclusive, ambos os órgãos governamentais adiantaram com exclusividade alguns pontos das mudanças previstas com o lançamento da legislação completa do setor, que será anunciada ainda este ano. Por fim, o tema precificação foi apresentado e debatido com os presentes, por Fabiano Cucolo, diretor da 99GEO; Bruno Holtz, diretor da 3DGEO; e George Longhitano. O evento marcou a plena integração da comunidade do setor com as agências reguladoras, pois todos querem que o mercado cresça com segurança, que seja atrativo por empresas e investidores e que possibilite a geração de receita, beneficie a sociedade com ganhos de produtividade e qualidade dos serviços prestados. Todos os profissionais que participaram dos dois fóruns estão conectados através de um grupo especialmente criado nas redes sociais, com o objetivo de acompanhar a evolução das discussões e projetar novos encontros.
Índice de Anunciantes Anunciante
Página
DroneStore
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G-Drones
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Innovations
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Santos Lab
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Skydrones
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Notícias
DJI lança drone compacto e dobrável Mavic Pro
EUA atualizam regra para uso comercial de Drones
A DJI enfim lançou o seu mais novo drone compacto e dobrável, o Mavic Pro, que deve estar disponível ainda em 2016. Um dos grandes diferenciais do equipamento é a praticidade de utilização e voo controlado para imagens e fotos aéreas, bem como planejamento de voo circular programado. O sistema de transmissão oferece alcance de até 7 quilômetros, com voos de até 64 quilômetros por hora ou por até 27 minutos. Conta ainda com recursos para suavização de imagens e contorno de obstáculos. Veja nossa análise completa: http://bit.ly/2dsgEo5.
As novas regras para o uso comercial de Drones em território americano facilitam a profissionalização de pilotos. Por outro lado, criam barreiras práticas para aplicação da tecnologia para entregas, especialmente em áreas urbanas. Confira aqui nossa análise completa: http://bit.ly/2cWstlv.
Intel adquire a empresa Movidius A Intel anunciou no início de setembro que está em fase de aquisição da Movidius, uma pequena fabricante de chips que faz processadores de visão computadorizada utilizados em drones e dispositivos de realidade virtual. Os valores envolvidos na aquisição não foram revelados. Confira os detalhes da transação: http://bit.ly/2dshZeu.
senseFly lança novo eBee SQ A senseFly, fabricante suíça de drones profissionais, acaba de expandir seu portfólio com o lançamento do novo eBee SQ, drone agrícola de asa fixa. Este novo sistema de aeronave não tripulada de ponta é construído para a câmera multiespectral Parrot Sequoia e pode cobrir até 10 vezes mais área do que os pequenos drones quadrirrotores. O eBee SQ fez sua primeira aparição pública no dia 1º de setembro, no evento The Commercial UAV Show Asia, em Singapura. Saiba mais: http://bit.ly/2dDSfiw.
GoPro anuncia o drone Karma A GoPro, especialista em equipamentos de imagem e vídeo e criadora das câmeras versáteis e compactas mais conhecidas no mundo todo, anunciou recentemente o lançamento do seu primeiro Drone, chamado Karma. A intenção é fazer com que qualquer pessoa possa ter a experiência de pilotar o seu drone, e registrar momentos a partir de uma perspectiva completamente diferente da que os usuários da GoPro já possuíam, com a mesma qualidade, mas com imagens vistas do alto. Veja nossa análise: http://bit.ly/2danYH7.
XMobots projeta aumento de 60% no faturamento A XMobots, empresa especializada no desenvolvimento e na fabricação de sistemas de aeronaves remotamente pilotadas (RPAS, na sigla em inglês) para aplicações profissionais, está finalizando o processo de certificação do Supi, seu primeiro modelo para sobrevoar áreas urbanas. Em 2015, o total de faturamento da XMobots foi de R$ 5,4 milhões, sendo que 60% vieram da agricultura de precisão. Para 2016, a empresa prevê fechar o ano com um faturamento próximo a R$ 9 milhões. “A empresa já recebeu, entre 2010 e 2015, cerca de R$ 11 milhões em investimento para pesquisa e desenvolvimento de seus produtos de órgãos de fomento como a FAPESP, Finep e CNPq. Se considerado o retorno em impostos, em 2017 todo o valor investido na XMobots já terá retornado para a sociedade”, afirma Giovani Amianti, CEO da empresa.
São Paulo recebe em outubro a Semana de Capacitação em Drones Que tal ter acesso a alguns dos principais especialistas em Drones do Brasil, participar em cursos de capacitação e ainda ter acesso exclusivo a uma mostra de produtos e serviços? Tudo isso vai acontecer de 24 a 27 de outubro em São Paulo (SP). “Esta será uma excelente oportunidade de contato com os palestrantes e entre os alunos, que poderão atualizar seus conhecimentos e ter contatos com especialistas do setor, além é claro de ampliar sua rede de networking”, comenta Eduardo Freitas, diretor de operações da MundoGEO. Veja como fazer parte desta “imersão” no mundo dos Drones: http://bit.ly/2cLHUzh.
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CAPA
Raio-x do Setor de Drones Conheça quais são as forças, fraquezas, oportunidades e ameaças do mercado de Drones no Brasil
Por Emerson Granemann
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alta de regulamentação, transporte dos equipamentos, insegurança jurídica. Por outro lado, tecnologia de ponta, amplo campo de trabalho e “glamour”. Você pode ter notado claramente que estamos falando dos prós e contras dos Drones. Ou, se usarmos a famosa análise SWOT, podemos analisar o setor através de suas forças, oportunidades, fraquezas e ameaças. A MundoGEO tem contribuído na construção da imagem do mercado profissional de Drones no Brasil, com foco em mostrar que os drones não são brinquedos, que a segurança deve ser prioritária e que é muito importante termos profissionais capacitados trabalhando no setor, não só na pilotagem como no processamento e utilização dos dados obtidos com tais aeronaves. Para isso, temos procurado suprir a comunidade com informações através de nossos canais de comunicação e eventos presenciais e online. Um destes eventos foi realizado em São Paulo (SP), o I Fórum Empresarial de Drones, no qual dezenas de empresários traçaram um diagnóstico do setor, apontando seus pontos fortes e fracos, além das oportunidades e ameaças do setor. A partir disso, foi definida uma estratégia e um conjunto de ações com o objetivo de mapear e fortalecer este mercado. O conceito deste movimento empresarial é criar um espaço permanente para dar voz a esta comunidade.
Um dos movimentos gerados por este grupo foi elaborar uma Carta Aberta com o objetivo de sensibilizar a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) sobre a urgência da regulamentação das aeronaves remotamente pilotadas em território brasileiro, para que o mercado possa crescer de forma segura e sustentável. Confira aqui a carta na íntegra: bit.ly/2daK8Hq Mais uma vez, estamos diante de uma inovação que abre portas a novas oportunidades de negócios, ganhos de produtividade, diminuição de riscos, geração de empregos e renda utilizando os drones. Particularmente, estes aspectos se tornam mais sensíveis e ganham maior relevância em face deste período de retração econômica e altas taxas de desemprego que o Brasil vive. Hoje, as Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPAs, popularmente conhecidas como Drones) representam uma dessas oportunidades de desenvolvimento econômico que os países têm para dinamizar os diversos setores de suas economias. Face ao cenário econômico mundial relativo às movimentações com a comercialização de Drones e serviços correlacionados, e ainda em virtude das atuais perspectivas sociais e econômicas projetadas para o mesmo, fica evidente a urgência e importância da aceleração dos desentraves burocráticos em relação à regulamentação do uso profissional de tais aeronaves em nosso país. Dentre as principais restrições ao bom andamento do mercado que se anuncia, a regulamentação governamental foi o principal aspecto que os empreendedores identificaram no Fórum Empresarial, pois as incertezas jurídicas impedem – ou no mínimo inibem – que usuários que precisam dos serviços façam contratações, e que empresários tomem suas decisões e façam novos investimentos. A falta desta regulamentação pode comprometer a inserção do Brasil no cenário mundial desta tecnologia.
Além disso, o grupo do Fórum Empresarial de Drones elaborou um abaixo assinado online, que obteve mais de mil assinaturas em menos de 30 dias, comprovando a necessidade de que esta regulamentação da ANAC seja definitivamente liberada.
Oportunidades Foi identificado, pelos empresários, um grande potencial de aplicações na prestação de serviços para as áreas de mapeamento, agricultura, entretenimento, segurança, infraestrutura, meio ambiente, serviços emergenciais, mitigação de riscos, gestão de cidades, mineração, entre novas que são descobertas a cada dia. Outra demanda identificada foi a área de capacitação e a existência de um ambiente favorável para investimentos externos e internos em startups, bem como de cooperações entre universidades e empresas.
A falta desta regulamentação pode comprometer a inserção do Brasil no cenário mundial desta tecnologia.
Estratégias e Ações
Análise SWOT Durante este primeiro Fórum foram identificadas - utilizando o processo SWOT - as seguintes características do setor de drones no Brasil: Aspectos Internos Forças O setor de Drones, de maneira geral, oferece um ambiente favorável para inovação tecnológica associada a uma grande capacidade de flexibilização da plataforma e velocidade nas respostas para melhoria nos processos. Os custos de desenvolvimento da inteligência embarcada e da plataforma são relativamente baixos quando comparados com outras soluções de coleta e processamento de dados. Este mercado tem grande capacidade de geração de empregos, novas empresas e receitas com baixos investimentos. Fraquezas Apesar do esforço deste Fórum, foi identificada uma falta de união das empresas do setor para realizar ações conjuntas de interesse de todos. Além disso, nota-se ausência de qualificação dos profissionais envolvidos, dificuldade de comunicação com o cliente potencial e variação de preços muito grande para um mesmo tipo de serviço ofertado. Falta ainda uma melhor validação dos resultados como informação essencial para o convencimento do cliente. Aspectos Externos Ameaças A falta de regulamentação do setor é, com certeza, a maior barreira atual do setor. Esta indefinição da ANAC gera um ambiente desfavorável, que afasta investidores do setor e não permite segurança jurídica para que grandes contratos sejam assinados. O momento ruim da economia e a cotação da moeda norte-americana reduzem a capacidade de investimento e tornam as plataformas e softwares importados ainda mais caros.
Várias ações foram estruturadas no Fórum, tais como campanhas educativas para inibir a comercialização de equipamentos sem documentação, a criação de um repositório na web de casos de sucesso de aplicações para servir de referência. Foi decidido ainda, como já foi mostrado anteriormente, enviar à ANAC uma Carta Aberta pedindo maior agilidade na regulamentação do setor e realizar uma petição online para envolvimento da comunidade no reforço do pedido. Outras questões mereceram destaque nas ações. Uma relacionada ao treinamento e certificação dos pilotos e outra a utilização de seguros por parte dos operadores. Ambas situações previstas nas informações iniciais da regulamentação, mas que preocupam a comunidade, que prevê um intervalo de tempo considerável para que as empresas se ajustem à nova regulamentação depois de lançada. Desta forma, a ideia dos empresários é solicitar maiores informações à ANAC para adiantar estes assuntos. E, por fim, foi apontado que pesquisas de mercado seriam muito importantes a serem desenvolvidas para orientar investimentos e apontar as principais aplicações dos drones no Brasil. A MundoGEO já iniciou este projeto com uma pesquisa preliminar, que será divulgada oportunamente. O segundo Fórum Empresarial de Drones aconteceu no dia 22 de setembro, em São Paulo, com a participação de representantes de todo o setor: fabricantes, importadores, desenvolvedores, prestadores de serviços e órgãos do governo. Na próxima edição da revista faremos um resumo de suas principais discussões e recomendações. Temos um horizonte cheio de possibilidades no setor de drones no Brasil. A MundoGEO seguirá no seu propósito de registrar o que está acontecendo, antecipar tendências, mapear o mercado e promover bons negócios para os envolvidos. Todos que estão investindo devem lucrar. Os empresários que atuam na fabricação, importação, desenvolvimento de sistemas e pilotos apostam neste mercado. Por outro lado, os usuários querem usufruir dos serviços que utilizam drones. Estamos todos juntos nesta empreitada. Com informações do grupo do Fórum Empresarial de Drones
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ARTIGO
Drones na Gestão do Território Confira os resultados da aplicação dos Drones, gerando alta produtividade e baixo custo
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[...] a partir de dados levantados por drones, mesmo com todas as suas limitações técnicas e com um sensor simples (não métrico), foi possível produzir geoinformações que poderiam atender demandas diversificadas, entre elas a gestão territorial. 10
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ão se pode negar que os VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados) – ou Drones, como são mais conhecidos popularmente – estão sendo cada vez mais usados profissionalmente para diversos fins. Para a obtenção de geoinformações não poderia ser diferente: a utilização destas plataformas (que, muitas vezes, mais parecem brinquedos) está ficando cada vez mais comum neste mercado, embora não esteja devidamente regulamentado no Brasil para fins que não sejam experimentais ou de pesquisas. Porém, provavelmente, em breve estará. Não é de hoje que tantos pesquisadores e instituições trabalham nesse assunto, discutindo os verdadeiros ganhos com uso destas plataformas no meio geoinformacional. A Nasa, em 2006, publicou um documento chamado Earth Observations and the Role of UAVs (Observações da Terra e o Papel dos VANTs), em que analisa os potenciais de aplicações, que vão desde missões para ciências da terra e gestão costeira até o uso do solo e segurança pública. Além disso, em 2009 o pesquisador Henri Eisenbeiss, em sua tese de doutorado, aponta que estes veículos também podem ser utilizados para a agricultura de precisão, arqueologia e cadastro de propriedades. A partir dessas informações, é plausível afirmar que os drones podem ser uma alternativa propícia para se realizar gestões territoriais. Contudo, por suas limitações, (ainda) fica restrito principalmente a municípios ou comunidades de pequeno porte, bem como a áreas de difícil acesso, com complexa dinâmica ou desordem – como favelas. Baseado neste argumento, se propõe aqui mostrar um estudo que procurou verificar o quão vantajoso de fato pode ser o uso destes instrumentos para a gestão do território, a fim de ratificar a utilidade do uso dos drones. Foi realizado um processamento de dados obtidos por esses instrumentos e a análise de
qualidade dos produtos gerados, além de uma revisão de trabalhos já realizados a partir deles, que têm sido “tendência” nos últimos anos. Ainda que o seu boom comercial seja relativamente recente, desde 1888 (ano em que foi projetada a primeira aeronave não tripulada, na França) os drones são de grande utilidade. Também foram usados largamente na Segunda Guerra Mundial. Entretanto, os seus usos não ficaram restritos apenas ao militarismo e, com o tempo, foram surgindo também aplicações civis, como as já citadas. Com a evolução da tecnologia em ritmo exponencial, rapidamente foram projetados novos e modernos modelos de drones (com diferentes arquiteturas e tamanhos), e variados tipos de sensores. Além disso, houve um grande upgrade nos softwares - a partir do surgimento de algoritmos mais sofisticados como o SIFT (Scale Invariant Feature Transform) – e nos hardwares, que estão mais potentes e cada vez mais acessíveis. Tudo isso faz com que o uso destes instrumentos, que para os pesquisadores mais conservadores ainda parece duvidoso, se torne mais viável e até mesmo adequado profissionalmente. Para confirmar isso, a partir de um levantamento fotogramétrico feito com o auxílio de uma ARP (Aeronave Romotamente Pilotada) sobre o campus da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) – que também foi objeto de estudo de Moutinho (2015) – realizou-se um processamento em um software proprietário utilizando 50 imagens RGB e sete pontos de controle. O modelo do drone utilizado foi um eBee acompanhado de uma câmera RGB não métrica, Canon IXUS 127 HS, em uma área de aproximadamente 300 hectares de característica semi-urbana. Os produtos gerados tiveram suas qualidades analisadas a partir da verificação feita com 38 pontos de
check. Os erros planimétricos alcançaram exatidão abaixo de 28 centímetros para 90% da amostra, já os altimétricos ficaram abaixo de 50 centímetros. Os desvios padrões foram 7,6 e 17,0 centímetros, respectivamente. A partir disso, chegou-se à conclusão de que o ortomosaico pode ser considerado “Classe A” consoante ao PEC-PCD (Padrão de Exatidão Cartográfica dos Produtos Cartográficos Digitais) para escalas iguais ou menores que 1:1.000. Já o MDE está classificado igualmente apenas para escalas iguais ou menores que 1:5.000, para as escalas 1:1.000 e 1:2.000 este ficou enquadrado na “Classe B”. A menor qualidade para a altimetria já era esperada, contudo não descarta a possibilidade de uso do produto, dependendo da aplicação que se deseja.
Como visto, a partir de dados levantados por drones, mesmo com todas as suas limitações técnicas e com um sensor simples (não métrico), foi possível produzir geoinformações que poderiam atender demandas diversificadas, entre elas a gestão territorial. Tomando as devidas atenções no processo, desde o levantamento até o processamento dos dados levantados, é possível gerar produtos cartográficos com qualidade suficiente tanto para realizar cadastros multifinalitários quanto para controles ambientais, permitir que se obtenha informações geoespaciais sempre atualizadas em levantamentos periódicos, além de ter (na maioria dos casos) um menor custo comparado a outras técnicas – o que tornará, se já não tiver tornado, o drone uma poderosa ferramenta.
Ortomosaico gerado (Fonte: O Autor, 2016)
Referências Bibliográficas EISENBEISS, H. UAV Photogrammetry. Doctor of sciences, University of Technology Dresden, Germany, 2009. MOLTINHO, O. Evaluation of Photogrammetric Solutions for RPAS: Commercial vs Open Source. 2015. 120f. Dissertação (Mestrado) – Engenharia Geográfica, Universidade Do Porto, Porto, 2015. NASA. Earth Observations and the Role of UAVs. 2006.
Henrique Lima de Sousa Graduando em Engenharia Cartográfica (UERJ) hls.henrique@gmail.com
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ARTIGO
Nada será como antes... Drones derrubam modelos de negócios e remodelam padrões de mercado. Entenda
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revolução da tecnologia da informação, que começou no ano de 1980, transformou completamente a economia moderna, permitindo à indústria reinventar suas operações. Hoje, com a tecnologia de drones, estamos testemunhando um rompimento comparável, em escala semelhante, que derrubará modelos de negócios e remodelará padrões de mercado. Em um futuro próximo, os clientes em todas as áreas da economia irão começar a ver o impacto dos drones no funcionamento dos processos. Na busca pela otimização de processos, cada segmento da indústria tem suas necessidades e, como consequência, requer diferentes tipos de soluções provenientes de drones e suas funcionalidades. Algumas delas dão valor a velocidade de voo e capacidade de carga útil, enquanto outras desejam se concentrar em soluções para entrega de dados de alta qualidade, em tempo real, de uma forma rentável. Recorrerão aos diferentes modelos oferecidos pelo mercado - como os multirrotores, com quatro, seis ou oito hélices - ou modelos de asa fixa - conhecidos como os que possuem maior autonomia de voo - e talvez até modelos híbridos, que reúnem o que há de melhor em cada tipo de plataforma de voo.
O empresário da área deve tomar algumas precauções quanto à segurança, configuração e registro das operações de voo, que estão compreendidas no escopo do que é abordado. A intenção é preparar o profissional para este mercado em ascensão, dentro do cenário atual, podendo posteriormente à obtenção da certificação oferecer um serviço de alta qualidade e baixo risco, com conhecimento dos possíveis obstáculos que possam aparecer rumo ao sucesso.
Por dentro do Drone2Map O Drone2Map, recentemente lançado, pode ser usado para fazer imagens em 2D e 3D georreferenciadas, DSM e ortomosaicos, além de extração do NDVI. Foi desenvolvido para ter plena compatibilidade com a interface Arcmap, ArcCatalog - no processamento e armazenamento - e o ArcGIS Online no compartilhamento. Além de sua compatibilidade, já citada, também possui a mesma característica com todos os outros programas ESRI, normalmente complementares, que erradicam problemas de storage e intercâmbio de arquivos, que o profissional encontrará na execução deste tipo de serviço.
Tipos de Drones Hoje em dia, dados podem ser processados em duas e três dimensões em minutos com o programa Drone2Map, não mais durante horas e dias, como no passado, já que muitas vezes era preciso esperar a disponibilidade de uma aeronave ou mesmo de um satélite. O curso “Análise e Geoprocessamento de Imagens na Plataforma ArcGIS utilizando o Drone2Map” foi desenvolvido para que o aluno aprenda a lidar com os desafios da captação e processamento de imagens de drones, independentemente do equipamento adotado. Lidando com o formato de armazenamento adequado, o profissional poderá desenvolver ferramentas de monitoramento menos custosas, arriscadas e sob demanda. O usuário adquirirá o conhecimento necessário, desde a etapa de captação, passando pela etapa de processamento e posteriormente a de edição de layout e formatação de relatórios, até a etapa final de compartilhamento. A intenção é passar o conteúdo da forma mais simples possível, de modo a atender interessados de diferentes setores da economia.
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Visão geral do Drone2Map Soluções 2D geradas no Drone2Map e posteriormente processadas no ArcGIS Desktop poderão servir para análises quantitativas, quando trabalhadas com dados de Topografia, o que proporciona uma etapa de planejamento de projetos muito mais detalhada e precisa, por conseguir unir análises topográficas e de imageamento aéreo complementares para este tipo de serviço. Com a geração deste tipo de dado e com o uso das ferramentas citadas, o usuário poderá aplicar em seus projetos uma grande variedade de tipos de arquivos diferentes, do .dwg (CAD), .obj ao .pdf usados rotineiramente. A partir do roteiro abordado, usando o Drone2Map, os profissionais estarão preparados para fazer relatórios prontos para serem compartilhados com qualquer um, em ambiente off-line e on-line pela plataforma GIS. Assim como nas análises quantitativas, grandes ganhos também foram adquiridos no que se refere às análises qua-
litativas, como no caso do NDVI - sigla para Normalized Diference Vegetation Index -, usado para medir padrões fisiológicos da vegetação de acordo com a refletância e absorbância observadas no momento da captura das imagens, antes só viável economicamente
Ortomosaico proveniente de captura com drone com layer de topodata
com uso de imagens de satélite para grandes extensões. Hoje, isso é viável pela aplicação do drone no campo e com apenas alguns comandos na interface Drone2Map. Esse produto será usado invariavelmente, no futuro, tanto na área agrícola como em reflorestamentos, dado à evidente diminuição de gastos com eventuais insumos essenciais nesses casos. Adicionalmente ao que já foi posto, modelos 3D TIN – sigla para Triangular Irregular Net - são facilmente gerados a partir das imagens capturadas, que dependendo do método e plano de voo adotado, podem apresentar inclusive a textura dos objetos em solo. Modelo este facilmente de ser trabalhado, pois possui estrutura leve quando comparado a outros modelos 3D existentes. Nunca antes foi tão fácil e rápido trabalhar com geração de ambientes 3D reais. Este re-
curso e o DSM - Digital Surface Model - podem ser úteis para obtenção de volumes na superfície, pois ambos possuem dados do eixo Z, produtos obtidos também no Drone2Map. O Drone, por ser um hardware de baixo custo e apresentar resultados on demand, já está sendo aplicado no monitoramento, geração de inventários, análises de riscos, manutenção, exploração, entre outros serviços nos setores de energia, minas, saneamento, meio ambiente, segurança, agronomia e transporte. Seja em qual for o setor em que esta solução seja aplicada, poderemos esperar que, além da mitigação de riscos e custos e do aumento de velocidade de processos, o Drone, juntamente com softwares inovadores como os citados anteriormente, apresentará as melhores soluções num futuro bem próximo. No Brasil, o que falta para que este mercado tome corpo é o desenvolvimento de regras claras para a prestação de serviços com estes equipamentos. A falta desse detalhe tão importante ainda mantém relações comerciais em número reduzido quando comparado ao potencial que ainda pode ser explorado. A chance de se tornar mais competitivo começou, tanto para o profissional de GIS quanto para tomadores de decisões, que já utilizavam imageamento aéreo em suas soluções. Assim sendo, a capacitação hoje significa poder se diferenciar na prestação de serviços amanhã.
Armando Carvalho de Oliveira Martins Instrutor da Academia GIS Imagem MBA em Gestão e Auditoria Ambiental da norma ISO 14000, com certificado no EARA/ IEMA (Inglaterra) e mestre pela Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP, na área de Saneamento e Ambiente.
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