Revista MundoGEO 69

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3 es geoespaciais çõ lu so de to en ev e nt rta po O maior e mais im tina terá como tema La ica ér Am da ão aç liz ca lo e serviços de dogeoconnect.com un m em s ai m a ib Sa o. ge 24 desafios do setor de s re de s so ci ai s! Acom pa nh e ta m bé m pe la

E I V EN S UA

I IDE

A

Prê m i o M u n d o G E O # Co n n e c t 2 0 1 3 A premiação reconhecerá os melhores do setor. Aguarde os indicados e vote!

PATROCÍNIO DIAMANTE

PATROCÍNIO PLATINA

PATROCÍNIO PRATA

PATROCÍNIO OURO

PATROCÍNIO DA PREMIAÇÃO


Novas ideias, grandes soluções Cen tro de Con ven çõe s Fre i Ca nec a São Pa ulo (SP ) - Bra sil

18 a 20 de junho 2013

#

Programação interativa com seminários, talkshows, fóruns, mini-cursos, workshops e encontros de usuários

+ de 90% de aprovação dos participantes da edição anterior Evento de 2012

31%

Presidente ou diretor

40%

29%

Gerente ou coordenador

30% 25% 17% 15% 13%

+ 120

Setor técnico

Perfil dos Participantes

PALESTRANTES

+ 3.350

PARTICIPANTES

M e i o a m b i e nte e re c u r s o s n at u ra i s P l a n e j a m e nto te r r i to r i a l

+ 27 PAÍSES

E m p re s a s d o s e to r g e o e s p a c i a l

PARTICIPANTES

B u s i n e s s i nte l l i g e n ce U t i l i t i e s e i n f ra e s t r u t u ra

Área de Atuação

FEIRA COM

+ 70 MARCAS GLOBAIS

PARCEIROS ESTRATÉGICOS

APOIO

REALIZAÇÃO

DIVULGAÇÃO


SUMÁRIO

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Entrevista

Eric van Praag, Coordenador do Programa GeoSur

30

Passo a Passo

Wikimapa: mapeamento colaborativo ao alcance de todos

32 14

Latitude

Opinião sobre a criação de uma nova Agência para regular a atividade geoespacial no Brasil

Pesquisa

Por dentro do mercado: Sistemas de Informações Geográficas

33

GeoQuality

34

Atlas Ambiental

Sustentabilidade espacial: um novo conceito, ainda em discussão

Construção colaborativa de Atlas Ambiental Escolar com apoio de Geotecnologias

24

ç ão

e cria Capetao de Lei proaprtõografia &

eC Proj ncia d eoespacial ora ê g A de ss ação G o asse Inform o Geodireit utados na listas t Institu ara dos Dep eto. Especia m roj â C a o do p am que o ã ç a r elabo r concord no. IBGE & o do set nto é oportu criação da a m o m e se opõem r a c n o C ia Agênc


36

Onde estudar?

Continuação da série traz principais cursos nas regiões Norte e Centro-Oeste

44

Alta Acurácia

39

GeoDireito

46

Cadastro

40

Laser Scanner 3D

49

GeoIncra

50

Itaipu

53

IDE#Connect

56

Quem é Quem

42

Cultura regulatória se avizinha à infraestrutura cartográfica

Saiba como usar alvos para aumentar a qualidade da união de cenas

Lidar para Geologia

Uso do sistema escaner a laser terrestre para pesquisas geológicas

06 10 12 16 20 58 60 62

Por dentro da Diluição de Precisão no GNSS

Comitê Permanente de Cadastro na Ibero América

Legislação Cadastral: dicas para preenchimento da documentação

Parque tecnológico gera conhecimento para uso dentro e fora da usina

Infraestruturas de Dados Espaciais e Gestão da Informação Geoespacial

Conheça os profissionais de destaque na América Latina no setor de geo

Editorial Web

Acesse artigos complementares na revista online

Seção do Leitor Navegando

www.mundogeo.com

Lançamentos OnLine MundoGEO#Connect Guia de Empresas

Colaboraram nesta edição: André Luiz dos Santos Furtado, Arlete Meneguette, Célia Regina Grego, Cristina Aparecida Gonçalves Rodrigues, Cristina Criscuolo, Fabiano Ferrari, Francisco Manoel Wohnrath Tognoli, João Francisco Galera Monico, Leonardo Campos Inocêncio, Luiz Antonio Ugeda Sanches, Marlon Aguilar Chaves, Maurício Roberto Veronez, Paulo Sergio Gomes Paim, Reginaldo Macedonio da Silva, Roberto Tadeu Teixeira, Rovane Marcos de França, Wilson Holler


EDITORIAL

Hora de mudanças?

EDUARDO FREITAS Engenheiro cartógrafo, técnico em edificações e mestrando em C&SIG Editor da revista MundoGEO eduardo@mundogeo.com

Envie sua opinião sobre o tema que, com certeza, terá desdobramentos na próxima edição da revista: editorial@mundogeo. com.

Conversas de corredores, reuniões na Câmara dos Deputados, seminários online, grupos em redes sociais: nas últimas semanas o assunto que agitou a comunidade de geotecnologia foi a proposta de criação de uma nova Agência para a regulamentação deste setor tão vital para o desenvolvimento da nossa Nação. Mais do que discutir um nome para a Agência (Ancar, Angeo, Anigeo ou similar), o momento é de reflexão sobre o papel de cada setor – governo, empresas, academia, profissionais – na normatização, produção e compartilhamento de informações geoespaciais. Existem, hoje, diferentes posições sobre a Ancar, tanto sobre suas funções e atribuições, bem como sobre sua nomenclatura, já que há uma discussão sobre a obsolescência do termo “cartografia” em contraste a “informações geoespaciais”, mais alinhado às demandas atuais. Como a proposta encontra-se na fase de recebimento de sugestões, ainda tem “muita água para passar embaixo da ponte” e a sociedade será convidada, em vários momentos, a contribuir para a formatação da nova Agência, com a intenção de complementar ou até mesmo superar o projeto. O MundoGEO tem atuado fortemente como

principal protagonista na função de conectar a comunidade para debater sobre a proposta de criação da Agência e quanto às suas atribuições e forma de atuação. A comunidade foi convidada a participar através de comentários no portal MundoGEO, interação durante o evento MundoGEO#Connect LatinAmerica 2012 - onde o tema foi lançado - e nos seminários online, além do compartilhamento de informações em grupos específicos sobre o assunto em redes sociais. Avaliando as pesquisas realizadas recentemente, percebe-se que a comunidade apoia a necessidade de mudanças no quadro atual da cartografia nacional. Durante um webinar realizado em 30 de agosto, apenas 4% dos participantes disseram-se satisfeitos com a situação da cartografia no Brasil. Chegou a hora dos atores que fazem parte do mercado brasileiro de geotecnologia unirem forças, dos protagonistas repensarem seus papéis para o início de um novo ato do setor, e que todos trabalhem juntos, na mesma direção, nesta grande peça que tem o objetivo único de organizar as informações, otimizar os recursos e acelerar o crescimento do país.

Diretor e Publisher | Emerson Zanon Granemann | emerson@mundogeo.com Editor | Eduardo Freitas | eduardo@mundogeo.com Assessor Editorial | Alexandre Scussel | redacao@mundogeo.com Assessora Editorial | Elis Jacques | jornalismo@mundogeo.com Gerente de TI | Guilherme Vinícius Vieira | guilherme@mundogeo.com Comercial | Jarbas Raichert Neto | jarbas@mundogeo.com Atendimento e assinaturas | Thalita Nishimura | atendimento@mundogeo.com Administração | Eloísa Stoffel Eisfeld Rosa | financeiro@mundogeo.com Projeto Gráfico e Editoração | O2 Design | o2@o2comunicacao.com.br CTP e Impressão | Gráfica Capital | www.graficacapital.com.br

MundoGEO www.mundogeo.com | Fone/Fax (41) 3338-7789 Rua Doutor Nelson Lins d’Albuquerque, 110 - Bom Retiro Curitiba – PR – Brasil – 80520-430 Todas as edições da Revista MundoGEO estão online no Portal MundoGEO. O material publicado nesta revista só poderá ser reproduzido com autorização expressa dos autores e da MundoGEO Ltda. Todas as marcas citadas nesta publicação pertencem aos respectivos fabricantes. O conteúdo dos anúncios veiculados é de responsabilidade dos anunciantes. A editora não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Edições avulsas da Revista MundoGEO estão disponíveis para compra no Portal MundoGEO.

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Revista MundoGEO Publicação bimestral - ano 14 - Nº 69

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furtado e cintra


ENTREVISTA

Eric Van Praag Coordenador do Programa GeoSur Por Eduardo Freitas

“A missão do Programa GeoSur é facilitar o acesso a dados e informação espaciais e promover o desenvolvimento de conjuntos de dados regionais ” 8

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F

ormado em Ciências da Computação pela Universidade Simón Bolívar (Venezuela), com mestrado em Ciências Ambientais pela Salford University (Reino Unido), Eric van Praag hoje coordena o Programa GeoSur, uma iniciativa de Infraestrutura de Dados Espaciais Latinoamericana, liderada pelo Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) e Instituto Panamericano de Geografia e Estatística (IPGH). O GeoSur estabeleceu a primeira rede latinoamericana de provedores de dados geoespaciais, em apoio ao melhor planejamento de projetos e tomada de decisão na região. MundoGEO: Como é a estrutura do GeoSur e quais são as ações do Programa para promover as tecnologias geoespaciais na América Latina e Caribe? Eric Van Praag: A missão do Programa GeoSur é facilitar o acesso a dados e informação espaciais e promover o desenvolvimento de conjuntos de dados regionais. Desde seu início, em 2007, o Programa GeoSur tem crescido para atender a um público interessado em usar informação confiável, a fim de apoiar processos de desenvolvimento. Hoje, mais de 23 países e ao redor de 60 instituições nacionais participam no GeoSur. O GeoSur tem três componentes principais: 1) um geoportal; 2) uma rede de serviços de mapas; e 3) um serviço regional de processamento topográfico. Estes serviços permitem que o usuário busque, encontre, veja, analise e processe dados espaciais locais, nacionais e regionais com métodos que eram inimagináveis há uns poucos anos. O GeoSur é coordenado pelo CAF e o IPGH, com assistência técnica proporcionada pelo Centro Eros do U.S. Geological Survey (USGS) e os institutos geográficos do Chile, Colômbia, Equador e Espanha. A participação no GeoSur está aberta a qualquer produtor de dados espaciais, com ênfase em organismos governamentais que produzem dados oficiais que podem utilizar-se no processo de tomada de decisões. Hoje, mais de 60 instituições participam do GeoSur. O GeoSur proporciona capacitação e assistência técnica a todas as instituições participantes, enquanto desenvolvem os serviços de mapas e os catálogos de metadados necessários para conectar-se ao Geoportal e ao Serviço Regional de Mapas do GeoSur. Da mesma forma, o GeoSur

promove as comunicações entre especialistas participantes e conduz periodicamente seminários na web sobre temas relativos ao GeoSur e reuniões anuais do Programa, onde se analisam e desenvolvem as políticas e os componentes de seus planos de ação anual. O GeoSur já capacitou mais de 180 especialistas da região em cinco oficinas que tiveram lugar nos Estados Unidos e Colômbia (um deles se realizou online). Também oferece ensino virtual pontual em temas geoespaciais e mantém uma programação ativa de seminários pela web, centrado em temas de interesse para seus participantes. Além disso, mantém uma ativa lista de correios que conta com mais de 300 membros, a maioria deles especialistas geoespaciais da região. MG: Como foi desenvolvido o visor regional do GeoSur? Que tipo de informação está disponível no Geoportal? Quais são os desafios para novos desenvolvimentos? EVP: O GeoSur apoia o estabelecimento de serviços de mapas em suas instituições associadas. A grande maioria destas instituições possui informação de caráter nacional, municipal e/ou urbano. O CAF e o IPGH, ao iniciar o Programa, concordaram sobre a


necessidade de estabelecer um serviço de mapas de alcance regional, com o fim de disseminar informação transnacional que estivesse fora do âmbito de ação de suas instituições participantes e que fosse de grande utilidade para planejar projetos de desenvolvimento que envolvessem dois ou mais países. O Programa GeoSur concebeu, como mecanismo idôneo para colocar esta informação regional à disposição do público, o desenvolvimento de um visor regional de mapas. O visor tem sido desenvolvido com a tecnologia ArcGIS Server da empresa Esri e contém mais de 80 camadas de informação regional, entre as que se destacam mapas de relevo da América Latina (30 metros de resolução), mapas de ecossistemas, mapas de projetos de infraestrutura, mapas de áreas protegidas e mapas de territórios indígenas, entre muitos outros. O uso do visor é gratuito e não se requer software especializado para seu uso. O GeoPortal do GeoSur tem sido desenvolvido com o apoio do Centro Eros do USGS, e é o primeiro portal regional que proporciona acesso a dados e serviços geográficos dos países da América Latina e Caribe. Lançado em março de 2007, o Portal foi desenvolvido com tecnologia Geoportal Server, uma plataforma de código aberto da empresa Esri. O Portal mantém atualizada uma base central de metadados que se atualiza periodicamente, mediante um mecanismo automático que coleta metadados dos geocatálogos das instituições participantes. Hoje em dia, existem mais de 130 serviços Web Map Service (WMS) conectados ao Portal e mais de 11 mil registros de metadados disponíveis em sua base de dados (com mais de 160 mil registros de metadados associados que podem consultar-se). Este é o primeiro portal que oferece acesso a informação espacial de todos os países da região em um só lugar. Nosso principal desafio, hoje, é a ampliação da rede GeoSur com a finalidade de incorporar um maior número de instituições, com ênfase na incorporação de instituições de áreas temáticas sub-representadas atualmente no GeoSur, como instituições do setor de saúde ou do setor educacional. MG: Como você avalia o desenvolvimento das Infraestruturas de Dados Espaciais (IDE) na América Latina e Caribe, com relação a outras regiões do mundo? EVP: Considero que se tem alcançado importantes avanços nos últimos anos na região, especialmen-

te no estabelecimento de IDEs em vários países pela via de decretos ou diversos tipos de mandatos legais. Porém, em aspectos técnicos e no desenvolvimento de aplicações práticas que tenham utilidade para um número amplo de usuários, considero que ainda falta muito caminho a percorrer. Países como Estados Unidos, Canadá ou Espanha, por mencionar uns poucos, apresentam avanços importantes e nos mostram modelos interessantes a seguir na região. Outros países com um desenvolvimento mais consonante com os países de nossa região, como Coréia, Taiwan e África do Sul, nos demonstram que se podem alcançar importantes avanços na formação de IDEs nacionais sem a necessidade de contar com fortes recursos finaceiros. MG: Qual é a importância do Prêmio GeoSur para o desenvolvimento das tecnologias geoespaciais e as IDEs na região? EVP: As instituições que outorgam este prêmio - o IPGH e o CAF - esperam que a premiação se consolide como um importante reconhecimento à aplicação dos dados espaciais ou o desenvolvimento de geoserviços na América Latina e Caribe, com ênfase em iniciativas que se tem desenvolvido no marco do Programa GeoSur ou colaboração próxima com o mesmo. Afinal de contas, se busca promover o uso da informação geográfica em aplicações práticas que contribuam ao desenvolvimento de nossos países e de nossa região.

“Nosso principal desafio, hoje, é a ampliação da rede GeoSur com a finalidade de incorporar um maior número de instituições ”

+Info Acesse o Geoportal em http://geosur.info

MG: Como diferentes instituições podem participar do GeoSur? EVP: A participação no Programa está aberta a instituições que produzam informação geográfica e que desejem estabelecer mecanismos práticos para sua disseminação a todo tipo de público. O mecanismo para participar é simples, pois as instituições interessadas somente têm que enviar uma carta de intenção ao CAF, expressando seu interesse em ser membros do GeoSur.

Endereço do CAF Ave. Luis Roche, Torre CAF, Altamira, Caracas - Venezuela Telefone +58 (212) 209-2111 Email infocaf@caf.com

l ecia p s oe oçã m pro

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WEB

MundoGEO reúne mais de 30 mil membros nas redes sociais! O MundoGEO acaba de atingir a marca de 30 mil membros nas redes sociais. Presente no Twitter, Facebook, LinkedIn, YouTube, Vimeo, Flickr, o MundoGEO também conta com um fórum de discussão e gerencia o GeoConnectPeople, primeira rede social do mundo exclusiva para o setor de geo. Emerson Zanon Granemann, diretor e publisher do MundoGEO, constata que a liderança nos números “deve-se aos colaboradores que atuam na empresa na área de redes sociais, que aproveitaram uma grande oportunidade ao possibilitar novas conexões com os profissionais do setor de soluções geoespaciais”. Atuando nas redes através de um diálogo bilateral, os benefícios desse relacionamento online seguem para ambos os lados. “Além de utilizarmos as redes sociais para o relacionamento com nossos seguidores, elas são uma ótima fonte para mapearmos quais assuntos estão em alta, gerando conteúdo para o portal e revista MundoGEO”, explica Eduardo Freitas, editor. Para Elis Jacques, gerente de redes sociais, “viabiliza-se a terceirização de discussões e compartilhamento de conteúdos, onde os próprios usuários desenvolvem novas abordagens sobre as informações divulgadas”.

tv mundoGEO Prêmio MundoGEO#Connect 2012 Destaques do Prêmio MundoGEO#Connect 2012, com 25 categorias, que reconheceu os melhores do setor de geotecnologia:

http://youtu.be/W58oEZxogkE

Luis Bermudez Entrevista exclusiva com Luis Bermudez, Diretor de Certificação de Interoperabilidade do Consórcio Geoespacial Aberto (OGC, na sigla em inglês):

http://youtu.be/ZJ_6uCAoGhw

Gilberto Câmara Entrevista exclusiva com Gilberto Câmara, exdiretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), durante o MundoGEO#Connect 2012:

http://youtu.be/Jk5Nbo00D_0

MundoGEO e Inpe realizam webinar O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com o apoio do MundoGEO, realizou um seminário online no dia 18 de junho com a transmissão do Workshop de Lançamento do TerraMA², sistema que será aliado ao monitoramento de riscos ambientais. O webinar atraiu 846 participantes, sendo que o evento durou o dia todo e, por volta das 11h, o número de pessoas online simultaneamente chegou a 592. Esse foi o maior índice de participantes ativos, pelo maior tempo, em seminários online realizados pelo MundoGEO. O retorno que o webinar proporcionou ao Inpe foi positivo, de acordo com representantes da Divisão de Processamento de Imagens (DPI) do Instituto. Além disso, outro destaque foi a presença do novo diretor do Inpe, Leonel Perondi, durante a abertura do workshop, realizado em São José dos Campos (SP). Os vídeos com a gravação de todas as apresentações estão disponíveis em http://vimeo.com/mundogeo. Confira também a agenda dos próximos webinars promovidos pelo MundoGEO pelo link http://mundogeo.com/webinar.

+Lidas

Março

Agosto

10

Julho

Junho

Geógrafos lançam Atlas do trabalho escravo no Brasil

Seminário online mostra as possibilidades do ArcGIS Online

Congresso Nacional pode mudar a Cartografia

IBGE lança nova Base Cartográfica do Território Nacional

Inpe abre inscrições para curso online de Meteorologia

Inpe anuncia concurso para técnicos e tecnologistas

Marinha do Brasil abre Concurso Público para engenheiros

DSG realiza curso gratuito de capacitação em Padrões da Inde

IBGE disponibiliza mapa índice digital atualizado

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conheça a maior rede social de geotecnologias do mundo! Conheça a rede GeoConnectPeople, que já conta com mais de 4 mil membros, sendo a única rede social global especializada em geotecnologias. É um espaço aberto para a troca de experiências, onde todos podem fazer contatos, debater temas relacionados à área e produzir e divulgar conteúdos.

QUER PARTICIPAR?

s

Você também pode fazer seu login através de sua conta do Facebook, Twitter, Google e LinkedIn. Acesse: geoconnectpeople.org

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SEÇÃO DO LEITOR Twitter @breno_mineiro | Breno Mazzinghy Muito boa a iniciativa dos webinars, pois agregamos conhecimento e nos reciclamos. @Rosadearg | Rosana B Muchas gracias por permitirnos adquirir conocimientos a partir de éste, y todos los webinars! @erickson_melo | Erickson Melo Estou muito admirado com a tecnologia dos VANTs, é incrível! E que praticidade oferece ao levantamento geográfico! #webinar. @lucenitt | Lucesita Muy buen taller, espero seguir aprendiendo cada dia más. Abrazos desde Colombia. @paulmilli | Juan Pablo Millicay Felicidades!! a la gente de @MundoGEO y a la comunidad gvSIG por el seminario “gvSIG: trabajando con el SIG libre”.

facebook Tiago Botelho Ulhoa Sempre muito bom ter a oportunidade do conhecimento transmitido com tanta clareza pelo Professor – Engenheiro Agrimensor Roberto Tadeu Teixeira - Incra. Seminário muito técnico e objetivo. Parabéns! Edson Magalhães Bastos Júnior Parabéns à MundoGEO por mais uma promoção especial como essa. E até o próximo webinar! Grande abraço

errata: Edição 68 Na matéria “Saiba Onde Estudar Geo no Sudeste do Brasil”, páginas 64 a 66, considerar as seguintes instituições na lista de cursos do estado de São Paulo: • São Paulo (SP) | Centro Universitário Sant’Anna (Uni Sant’Anna) | Geografia (Licenciatura e Bacharelado) • Limeira (SP) | Unicamp | Curso Técnico em Geomática

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Portal MundoGEO Graças à divulgação no MundoGEO estamos tendo hoje um excelente banco de dados e qualidade das propostas que nos são enviadas. Lucyana Barros | The Nature Conservancy Obrigada pela divulgação de vaga de emprego. Recebemos currículos do mundo todo e de candidatos com excelente experiência na área de GIS. Isso mostra que o Portal MundoGEO é um ótimo meio de comunicação nessa área. Roberta Viola | São Paulo (SP)

Webinars O webinar do TerraMa foi muito legal! A proposta de vocês é show de bola, ainda mas para aquelas pessoas que estão fora do eixo Rio-São Paulo e nem sempre podem participar presencialmente nos eventos de geotecnologia. Amaro Luiz Ferreira | Manaus (AM) Venho acompanhando o conteúdo MundoGEO e os seminários presenciais e mais recentemente os online, desde quando comecei a trabalhar no Instituto Socioambiental, em 2007. Trata-se de uma iniciativa única neste tema por aqui. Parabéns. Thomas Gallois | São Paulo (SP) Foi sensacional essa parceria MundoGEO/Inpe para o webinar sobre o lançamento do TerraMA². Foi uma atitude louvável que nos presenteou e enriqueceu-nos com conhecimentos sobre a evolução de equipamentos e suas respectivas funcionalidades, quando antes contávamos apenas com teodolitos e algumas fórmulas matemáticas. Francisco José Pereira de Oliveira | Ceará Felicitaciones por el seminario sobre gvSIG. Los expositores fueron muy entendibles y amenos. Adelante! Jorge de Vita | Uruguay Mis felicitaciones por la iniciativa de realizar esta clase de eventos y asi aprender mas acerca de software GIS, para su utilización en el trabajo diario de nosotros los usuarios. Quisiera ponerles en bandeja la idea de seguir presentando mas acerca de estos softwares como el gvSIG, pero también el ArcGIS. Jalfien Fernandez Barahona | Guatemala - Petén Gostaria primeiramente de parabenizar a equipe da MungoGEO pelos webinars já realizados. Após a indicação de um amigo, participei em dois (ArcGIS e gvSIG) e achei muitíssimo interessante e bem realizado. Notei que já foram realizados webinars com o assunto georreferenciamento de imóveis rurais, mas como eu não tinha conhecimento da realização desses eventos, não pude participar. Vivian Rodrigues Glosqui | São Jerônimo (RS) Vivian, você pode encontrar os materiais (pdf e/ou vídeo) de webinars sobre georreferenciamento em http://mundogeo.com/webinar. Basta clicar nos anos anteriores, buscar os eventos sobre este tema e acessar a aba “Arquivos”.

Revista MundoGEO El motivo del mail es felicitaros por la revista MundoGEO cada vez esta mejor, crece día a día elevando su nivel técnico y profesional. Hoy en día, debe ser la revista de mayor jerarquía a escala global. Felicitaciones! Armando Del Bianco | Córdoba - Argentina Envie críticas, dúvidas e sugestões para editorial@mundogeo.com. Por uma questão de espaço, as mensagens poderão ser editadas.


imagem


LATITUDE

Ancar ou Angeo? Opinião sobre a criação de uma nova Agência para regular, organizar e fomentar a atividade geoespacial no Brasil

Emerson Zanon Granemann Engenheiro cartógrafo, diretor e publisher do MundoGEO emerson@mundogeo.com

http://ggim.un.org

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Gostaria de compartilhar com vocês algumas opiniões sobre este importante momento de repensar a organização da cartografia no Brasil. Ser contra ou a favor? Esta é a pergunta que mais estou recebendo nos últimos dias. No recente webinar que realizamos em parceria com o Instituto GeoDireito, sobre a proposta de criação da Agência Nacional de Cartografia (Ancar), 80% dos 750 participantes apontaram não estarem satisfeitos com o quadro atual em que se encontra a cartografia no Brasil. Eu estou 100% convencido que precisamos fazer algo neste setor. Penso que a iniciativa do Deputado Arnaldo Jardim, de propor debater o assunto no Congresso Nacional sob a forma de um Projeto de Lei (PL), veio em boa hora e pode ser o provocador de um debate na comunidade para impulsionar esta necessária mudança. Afirmo isso pois existe um tempo interessante antes que a PL seja levada para a votação e depois possa receber contribuições de forma a atender sua função de reorganizar e promover o desenvolvimento do setor, para atender os usuários públicos e privados, empresas, universidades e profissionais do setor. Ajustes estes que devem contemplar uma plena integração do novo modelo, quando aprovado, com a Comissão Nacional de Cartografia (Concar), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Diretoria do Serviço Geográfico do Exército (DSG). Além de prever a criação de uma estrutura eficiente e eficaz para atender as atribuições por ela propostas. Mudar o nome da agência, de Ancar para Agência Nacional de Informações Geoespaciais (Angeo ou outra combinação de letras): Mais do que mudar a sigla, penso que seria muito estratégico reavaliar alguns conceitos, contextualizando a discussão às atuais demandas da sociedade no século 21. Algumas justificativas para rever o nome e o conceito da Agência: Cartografia- Informações Geoespaciais (informação associada a uma posição): os mapas evoluíram do papel para o meio digital e, com a popularização do GIS e do GPS (mobilidade), ganharam outra dimensão de uso. A quantidade de usuários é imensa e o seu perfil é diverso devido à evolução da tecnologia. Hoje já se discute, por exemplo, como o mapeamento colaborativo

pode ser integrado às bases oficiais. A grande maioria das empresas do setor, incluindo as de mapeamento mais tradicionais, já não se apresenta como empresa de mapeamento, mas enfatizam que seu negócio é gerar informações. Empresas, como Vale, Petrobras, Governos e Prefeituras, não buscam mais somente bases cartográficas mas sim informações geoespaciais para tomar suas decisões. Evidente que toda a informação geoespacial tem que ter uma boa cartografia como base, mas a proposta da Agência, a meu ver, para conseguir apoio amplo da sociedade e atingir seus objetivos tem que absorver não só no seu nome, mas na sua essência, esta nova demanda. Não se trata de modismo, mas de uma nova forma de coletar, modelar, processar, analisar e compartilhar os dados com seus inúmeros atributos para a tomada de decisões. GGIM – ONU: Vemos que na ONU, como bem comentou o Instituto GeoDireito, já recomenda-se que os países se regulem e modernizem os processos de geração e disponibilização de informações geoespaciais. Esta será uma decisão vital e estratégica nos próximos 10 anos para o planeta, junto com temas como sustentabilidade, meio ambiente, utilities e educação. Observem que no site da Global Geospatial Information Management (GGIM) existem várias iniciativas mundiais dos Estados Membros que seguem esta tendência de discutir, prover e legislar, não em cima da cartografia, mas de um conceito mais amplo de informações geoespaciais. Com certeza será vitorioso um movimento, via Agência ou não, que possa disseminar para a sociedade os conceitos da informação geoespacial e suas inúmeras aplicações. Além disso, que facilite a plena integração destas informações, sua ampla disponibilidade e sua reutilização para diferentes fins. Será o fim dos vazios de informações geoespacias e de áreas mapeadas várias vezes. A sociedade não quer mais só mapas, mas sim informação. Temo que manter o termo e foco só na cartografia vai acabar despertando tão somente interesse de nichos de empresas, usuários, instituições e profissionais especificamente do setor. Mas se o movimento for mais amplo, terá um apoio e impacto maior, e mais chances de realmente despertar a atenção de governantes e políticos.


CPE


NAVEGANDO A Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável aprovou uma proposta que altera o Estatuto da

Cidade para incluir itens relativos à proteção do meio ambiente O Governo do Brasil anunciou

investimento de 18,8 bilhões de reais na prevenção, mapeamento, resposta e sistema de monitoramento e alerta contra desastres naturais

A DigitalGlobe anunciou um acordo com a Esri para disponibilização de imagens do serviço Global

Basemap

A CGI, companhia canadense de TI, anunciou a aquisição da Logica por um valor total de 2,7 bilhões de dólares A Trimble entrou em um acordo definitivo para adquirir a TMW Systems, fabricante de softwares para transporte e logística A Autodesk assinou um acordo para adquirir o aplicativo móvel Socialcam, para captura, edição e compartilhamento de vídeos

Universidade desenvolve aplicativos de geo para Android O Laboratório de Geomática do Departamento de Engenharia Rural da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), que há vários anos desenvolve sistemas de gestão com integração de geotecnologias, iniciou a partir de julho deste ano um projeto de difusão de aplicativos de tecnologia móvel relacionados à agricultura de precisão e ao geoprocessamento, desenvolvidos para uso em smartphones e tablets com sistema operacional Android. O primeiro aplicativo, que já está disponível, é o C7 AP-GPS e Malha, o qual utiliza o GPS integrado ao aparelho. Aplicado à agricultura de precisão, o aplicativo compreende rotinas de mapeamento de lavouras; cálculos de áreas; registro de coordenadas geográficas de pontos, linhas e polígonos em arquivos texto; estruturação e edição de malha de amostragem; localização de pontos amostrais georreferenciados; e ainda o registro georreferenciado de atributos qualitativos e quantitativos de solo e planta em banco de dados SQLite. Também permite a possibilidade de integração com a API do Google Maps, visualizando polígonos e pontos sobre as imagens do Gmaps. Já o C7 Planimétrico I é um aplicativo voltado à topografia que, utilizando a API do Google Maps, permite a localização de qualquer área sobre as imagens de satélite do Google Maps e, sobre estas, possibilita a vetorização e edição de poligonais, cálculo de área e perímetro com o armazenamento das coordenadas geográficas de latitude e longitude em arquivo de texto e a possibilidade de envio deste arquivo por email a qualquer destinatário a partir do próprio ambiente do aplicativo. Outro aplicativo é o C7 AP-Mapas Geo, com utilização na agricultura de precisão, que tem por finalidade executar a sobreposição georreferenciada de mapas digitais de fertilidade, NDVI e, a partir da localização de um ponto qualquer, possibilita identificar numericamente o valor do atributo da variável de solo ou planta naquele ponto.

Info www.crcampeiro.net

Durante a Rio+20 os governos do Brasil e da China elevaram o nível de sua parceria para “estratégica global” A companhia TaKaDu, de Israel, fornecedora de serviços GIS para monitoramento de redes de água, anunciou sua expansão na América Latina A TerraGo Technologies adquiriu a Geosemble Technologies, desenvolvedora da solução GeoXray, para visualização e compartilhamento de dados geoespaciais não estruturados

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Esri adquire imagens de alta resolução para usuários do ArcGIS A DigitalGlobe, provedora de imagens da Terra e análise geoespacial, anunciou recentemente o estabelecimento de um acordo com a Esri para disponibilização de imagens do serviço Global Basemap. As imagens serão integradas ao banco da Esri, dentro do portal ArcGIS Online. Ainda neste ano, os usuários do ArcGIS poderão utilizar as imagens em seus mapas da web e facilmente compartilhar os resultados com outros colegas. Além disso, usuários do ArcGIS Desktop também terão acesso a estes dados. Segundo informações oficiais, a integração do ArcGIS Online com o serviço de imagens Global Basemap está em andamento, e as imagens serão disponibilizadas até o final de 2012.


ArcGIS Online traz soluções para negócios com uso de inteligência geográfica

ESA declara fim da missão Giove-A Com os primeiros satélites da constelação Galileo funcionando normalmente em órbita, a Agência Espacial Europeia (ESA) decidiu encerrar a missão do satélite de navegação Giove-A. Lançado em 28 de dezembro de 2005, este primeiro satélite experimental executou a tarefa de proteger as frequências de rádio provisoriamente reservadas para o Galileo. Projetado para operar por 27 meses, o satélite já completou quase 80 em operação. Em abril de 2008 foi lançado o Giove-B, com um tempo de vida de 50 meses, que ainda será usado em testes de calibração com os dois satélites Galileo que estão em órbita. Em setembro, o Giove-B será manobrado para uma órbita 300 quilômetros mais alta, e logo após irá encerrar suas operações.

Trimble expande serviço RTX para América Latina A Trimble anunciou que sua nova tecnologia para correção GNSS está disponível para agricultores da América Latina. A tecnologia Trimble RTX - sigla para Real-Time Extended - combina dados em tempo real com algoritmos de posicionamento e compressão inovadores, para proporcionar acurácias melhores que 3,8 centímetros em tempo real, sem a necessidade de uma estação tradicional RTK de referência. Inicialmente, o serviço de correção por satélite CenterPoint RTX cobria uma faixa de 1,8 bilhão de hectares na região central da América do Norte, estendendo-se desde o Canadá até o norte do México. A nova área de cobertura foi expandida para incluir todo o México, América Central e América do Sul, onde os agricultores poderão usar o serviço de correção GNSS para o cultivo, plantio, gestão de pragas, nutrientes, colheita, etc.. As correções em tempo real CenterPoint RTX são entregues diretamente para o receptor GNSS, assim não há custos adicionais para planos de dados móveis ou hardware, tais como rádios e antenas.

O ArcGIS Online é um sistema de gestão de recursos geográficos que permite a geocolaboração entre profissionais de uma empresa através de conteúdo geográfico, mapas e aplicações. O ArcGIS Online está disponível na cloud pública ou privada e fornece aos usuários conteúdo geográfico de alta qualidade e integração total com produtos do Sistema ArcGIS 10.1. Com o ArcGIS Online é possível: editar conteúdo geográfico, transformar dados em informação através do Office (MS Excel), compartilhar mapas, criar aplicações baseadas em templates desenvolvidos pela Esri, criar usuários e grupos específicos para demandas corporativas, criar apresentações dinâmicas usando mapas, exibir indicadores e gráficos baseados em dados espaciais, usar informação geográfica através de desktop, dispositivos móveis e navegadores. O ArcGIS Online está disponível através do endereço www.arcgis.com para ser avaliado por 30 dias.

Intergeo 2012 será em outubro O Intergeo, evento internacional voltado para a indústria da geoinformação, geodésia e gestão territorial, acontece anualmente na Alemanha. Em 2012 a conferência vai acontecer na cidade de Hannover, de 9 a 11 de outubro, e contará com palestrantes nacionais e internacionais. Em sua 18ª edição o Intergeo irá abordar temas como dados geoespaciais abertos e questões energéticas, computação em nuvem, 3D e novas tecnologias, desenvolvimento urbano e avaliação de imóveis. Outro destaque será a primeira Conferência Nacional da iniciativa Inspire, que vai tratar de questões centrais para a Europa. A 2ª Conferência de Navegação e a 3ª Conferência dos Agrimensores Europeus também farão parte da programação. A revista MundoGEO estará presente no Intergeo 2012, com um estande na feira para a cobertura completa do evento. INFO www.intergeo.de/en

l ecia p s oe oçã m pro

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DigitalGlobe e GeoEye entram em acordo para fusão das empresas A companhias DigitalGlobe e GeoEye anunciaram no fim de julho a aprovação unânime, por parte dos diretores das empresas, de um acordo de fusão definitivo no valor de 900 milhões de dólares. O debate entre a fusão das empresas já ocorre há meses, sendo que em maio deste ano a GeoEye fez uma oferta de 792 milhões de dólares para adquirir a DigitalGlobe. Porém, o que aconteu foi o oposto, já que após a conclusão da transação os acionistas da DigitalGlobe deverão possuir cerca de 64% da companhia combinada, enquanto os acionistas da GeoEye terão 36%. A empresa combinada irá se chamar DigitalGlobe e continuará a ser chamada de DGI na bolsa de valores. A nova companhia terá um conselho com 10 diretores, seis da DigitalGlobe e quatro da GeoEye. Ao final da transação, a companhia combinada deverá ter uma constelação de cinco satélites de observação da Terra e um amplo conjunto de ferramentas para produção geoespacial. A companhia terá também dois satélites de última geração em construção, WorldView-3 e GeoEye-2. O valor total líquido da empresa será de aproximadamente 1,5 bilhão de dólares.

OGC A revista MundoGEO traz as principais novidades em padrões e serviços disponibilizados pelo Consórcio Geoespacial Aberto (OGC, na sigla em inglês), um consórcio internacional que reúne mais de 450 companhias, agências governamentais e universidades com o objetivo comum de desenvolver padrões.

Padrão para implementação de geoserviços O OGC lançou o padrão GeoServices Rest API, que fornece diretrizes para que clientes web se comuniquem com tecnologias geoespaciais, tais como servidores GIS. Usando esta API como base, clientes podem fazer requerimentos ao servidor que sejam identificados por URLs. O servidor responde com imagens de mapas, dados baseados em texto, localização ou outras representações de informações geoespaciais. A API oferece um mecanismo para interagir com mapas, imagens e serviços, para realizar análises geoespaciais. O padrão GeoServices Rest API do OGC está disponível para avaliação e comentários.

Nações Unidas e OGC O Grupo das Nações Unidas sobre Informação Geográfica (UNGIWG) associou-se como membro da categoria principal no OGC. O UNGIWG trata de questões relacionadas como intercâmbio de informação geoespacial e qualidade da informações de localização. O grupo está trabalhando através das Nações Unidas com o intuito de otimizar o uso eficiente da informação geográfica para uma melhor tomada de decisões, promover padrões e normas para os mapas, assim como de localização, e proporcionar discussões tanto em temas comuns como em mudanças tecnológicas emergentes.

África discute criação de agência espacial do continente Ministros africanos debateram um projeto de criação de uma agência espacial comum aos países do continente, durante uma reunião ocorrida em Cartum, capital do Sudão. Segundo documento da reunião, a agência, que deve ser batizada de AfriSpace, irá permitir a cooperação entre os estados africanos em matéria de investigação e tecnologia espacial e a sua aplicação no espaço.

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AMS Kepler

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LANÇAMENTOS Rastreamento de estações totais A CPE Tecnologia apresenta o King Survey Tracker (KST), um sistema de rastreamento para equipamentos topográficos que, ao utilizar a tecnologia GSM/GPRS associada à recepção de sinal GPS, permite monitorar e rastrear em tempo real as estações totais com finalidade de apoio logístico e segurança. O KST utiliza um um chip de dados tipo Machine-to-Machine (M2M), presente também em sistemas de telemetria que, depois de instalado nos equipamentos, consegue informar com precisão a sua localização. Para obtenção das coordenadas, é necessário realizar uma chamada através de um aparelho celular convencional para o número do chip que compõe o equipamento. O sistema envia então um SMS com a informação desejada. INFO www.cpetecnologia.com.br

Base cartográfica do Brasil O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou uma nova base cartográfica para o território nacional, em escala 1:250.000 (BC250), como parte do projeto SIGBrasil. Referência cartográfica para as ações de planejamento, monitoramento e atualização das informações dos recursos naturais do país, a nova escala possibilita uma visualização muito mais detalhada do que a escala anterior, de 1:1.000.000. A BC250 está disponível em formato shape, que permite utilização em programas de Sistema de Informações Geográficas (SIG). Com os dados das diversas categorias de informação presentes nos novos mapas, de forma integrada e totalmente digital, a nova Base Cartográfica 1:250:000 está preparada para integrar a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (Inde) no futuro próximo. O mapa do Brasil mostra a divisão em blocos da base cartográfica em escala 1:250.000, disponibilizada para 81% do território nacional. INFO www.ibge.gov.br

Atlantis Tecnologias, produtos e serviços desenvolvidos pela Embrapa, relacionados aos temas sustentabilidade e economia verde, integram o aplicativo Atlantis, um software lançado durante a Rio+20 que está disponível para consultas na internet. As contribuições da Embrapa Monitoramento por Satélite, que já integram o aplicativo, são voltadas para os temas integração lavoura-pecuáriafloresta, biodiversidade e recuperação de pastagens degradadas. Mapeamento de áreas com degradação, tipos de solos, mapa de risco de erosão e uso e cobertura das terras são algumas das informações disponíveis no WebGIS desenvolvido no âmbito do projeto de pesquisa Mapastore. INFO www.cnpma.embrapa.br/atlantis2.ht

Autodesk Education A Autodesk anunciou sua linha 2013 de softwares, serviços em nuvem e treinamentos, para instituições de ensino médio, superior e profissional. Os produtos da nova linha incluem os softwares mais recentes para criação e design, com programas específicos para educação.

OSGeo-Live GIS 6.0

Uma novidade apresentada é a plataforma Autodesk 360, que utiliza computação nas nuvens para conectar professores e estudantes, possibilitando armazenar, editar e compartilhar seus projetos. Além disso, a companhia fornece materiais de aprendizado para que professores incorporem tecnologia de design à sala de aula. A novidade inclui vídeos e lições interativas, com modelos em 3D para professores, e está disponível na página da Autodesk Education.

A Fundação Geoespacial de Software Aberto (OSGeo, na sigla em inglês) lançou a versão 6.0 da coleção de softwares OSGeo-Live GIS. A ferramenta reúne vários softwares geoespaciais de código aberto, sem a necessidade de instalação. O conjunto fornece aplicativos pré-configurados para uma série de aplicações geoespaciais, incluindo armazenamento, edição, visualização, análise e manipulação de dados. Também contém exemplos para implementação de conjuntos de dados e documentação.

INFO http://students.autodesk.com

INFO http://live.osgeo.org/en/index.html

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Vantage A Faro Technologies, fornecedora de tecnologia de medição 3D, anunciou recentemente o lançamento do Vantage, um laser tracker que combina vários recursos em um design portátil. Recursos como SmartFind, Multiview e Wi-Fi integrados aceleram as rotinas de medição possibilitando mais velocidade e eficiência. Os laser trackers são instrumentos que medem com precisão objetos grandes, determinando as posições de alvos ópticos. Embora o Vantage seja 25% menor e 28% mais leve do que o seu predecessor, a Faro incluiu novos sistemas ópticos em linha, que melhoram a medição a longo alcance em 45% para até 80 metros. Dois novos recursos do Vantage – SmartFind e MultiView – aumentam a produtividade ao reduzir o tempo de medição. O sistema SmartFind responde a gestos simples do operador e permite encontrar rapidamente o alvo desejado, sempre que o feixe estiver perdido ou quebrado. O sistema MultiView utiliza duas câmeras integradas que permitem aos usuários apontar automaticamente para alvos específicos e difíceis de alcançar. O Vantage ainda é resistente à água e poeira.

INFO www.faro.com

TopNET live A Topcon Positioning Systems (TPS) lançou o TopNET live, um site com serviços e dados GNSS que oferece aos assinantes uma rede de referência RTK e também DGPS, com correção GPS e Glonass de alta qualidade para diferentes aplicações, tais como levantamento, construção, mapeamento GIS, controle de máquinas e agricultura de precisão. Gerenciado pela equipe da Topcon e seus distribuidores, o novo site de redes de referência oferece dados GNSS de alta qualidade, através de uma variedade de dados em tempo real, de produtos e formatos, para equipamentos de todas as marcas que utilizem este tipo de estrutura em rede.

SuperGeo lança material para aprendizagem de GIS e GPS

O TopNET live está disponível por enquanto para usuários na Europa e América do Norte, com guias de equipamentos, vídeos, notícias, FAQs, entre outras funcionalidades. Os usuários podem se registrar e se inscrever para as redes de sua escolha, seguindo os links de cada país, que contêm detalhes adicionais e serviços de cada rede individual.

A SuperGeo lançou novas versões dos cursos sobre GPS e GIS, distribuídos através de CDs. Com novos recursos e conteúdo atualizado, o material facilita a aprendizagem com a utilização de animações em flash. Projetado para iniciantes nas tecnologias GIS e GPS, os CDs de aprendizagem contam com conceitos para os dois domínios. O CD sobre GIS ilustra principalmente a manipulação de dados diversos e análises, enquanto que o CD de aprendizagem GPS introduz sobre estrutura e aplicações da tecnologia. Cada capítulo conta com animações que ajudam os usuários a entender conceitos complexos, de maneira fácil e simples. Para quem já comprou os CDs, a SuperGeo oferece atualização gratuita. O material está disponível em inglês.

INFO www.topnetlive.com

INFO www.supergeotek.com

Geomatica 2013 A PCI Geomatics anunciou o lançamento do software Geomatica 2013. Disponível em versão beta para ser testado por usuários, o software foi aprimorado em algumas áreas, contando com fluxos de trabalho mais eficientes para processamento de grandes projetos (100 a mil cenas por projeto); nova interface de correção atmosférica para detecção automatizada de nuvens e remoção de névoa; melhor extração de modelos digitais de terreno a partir de imagens de alta resolução, etc.. INFO www.pcigeomatics.com


Juno T41

FME 2012 SP3

A Trimble anunciou o lançamento do novo computador portátil Juno T41, inspirado em smartphones. Segundo a companhia, o Juno T41 é um aparelho amigável indicado para condições reais de trabalho em campo. O computador pode vir com os sistemas operacionais Windows Embedded 6.5 ou Android 2.3.4, possui receptor GPS com acurácia de dois a quatro metros, bússola eletrônica, etc.. O aparelho tem suporte a 10 idiomas e vem sendo comercializado desde setembro.

A Safe Software, fabricante de ferramentas para transformação de dados espaciais, anunciou o pacote de atualização Service Pack 3 (SP3) para o FME 2012, apresentando compatibilidade com o ArcGIS 10.1 da Esri e AutoCAD Map 3D 2013 da Autodesk. O software FME 2012 com a atualização SP3 permite que usuários atualizem o software da Esri para a última versão, sem precisar se preocupar em perder funcionalidades de qualquer programa. A atualização também fornece acesso a diversos novos recursos, incluindo suporte do Windows 64 bits para mais formatos de geodatabase e a capacidade de gravar arquivos LAS produzidos no FME para uso dentro do ArcGIS.

INFO www.trimble.com

Atlas da Amazônia Está disponível para consulta o Atlas Interativo do Macrozoneamento Ecológico-Econômico (MacroZEE) da Amazônia Legal, um software interativo que permite ao usuário acessar as informações, selecionando e cruzando os dados de seu interesse, como as principais atividades produtivas da região, empreendimentos de infraestrutura, áreas protegidas, clima e tipos de solo, entre outras informações. A ferramenta, que é gratuita, foi desenvolvida pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e elaborada a partir do software livre I3Geo. Possui interface com todo o catálogo de informações disponíveis no I3Geo do MMA, de outros órgãos públicos e com os sistemas Google Maps e Google Earth. INFO www.mma.gov.br/atlaszeeamazonia

ArcGIS para AutoCAD A Esri lançou uma nova versão do ArcGIS para AutoCAD, um plug-in gratuito que melhora a capacidade de trocar dados e informações entre o ArcGIS e plataformas AutoCAD. Usuários do ArcGIS para AutoCAD podem agora editar bases de dados geográficas através do CAD. Isto permite uma disseminação de dados mais fácil entre usuários CAD e GIS em toda a empresa, reduz a duplicação de trabalho e aumenta a eficiência. Profissionais de CAD podem usar o aplicativo grátis para adicionar, criar e editar dados GIS dentro de desenhos do AutoCAD. A nova versão também inclui o acesso a serviços de imagem e de geolocalização, para navegar dentro de um desenho do AutoCAD. INFO www.esri.com/software/arcgis/arcgis-for-autocad

Satélite Spot 6 O satélite de observação da Terra Spot 6, contruído pela companhia Astrium, foi lançado com sucesso em órbita, a partir da Índia, no início de setembro. O aparelho vai se unir ao Pléiades 1A, satélite de altíssima resolução, que já está em operação. Segundo a Astrium, a partir de 2014 a constelação ficará completa, com o lançamento dos satélites Pléiades 1B e Spot 7. O Spot 6 é um satélite óptico de alta resolução. Tal como o seu gêmeo Spot 7, tem uma faixa de cobertura de 60 quilômetros e irá fornecer produtos com resolução espacial de até 1,5 metro. Os satélites irão assegurar a continuidade do serviço de satélites Spot 4 e 5, que estão em operação desde 1998 e 2002, respectivamente.

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INFO www.safe.com

Atlas do trabalho escravo Idealizado pela organização Amigos da Terra – Amazônia Brasileira e lançado este ano, o Atlas do Trabalho Escravo no Brasil traz dados sobre os casos registrados de trabalho forçado no país e duas novas ferramentas para auxiliar autoridades na formulação de políticas públicas: os índices de probabilidade de trabalho escravo e de vulnerabilidade ao aliciamento. De acordo com o documento, o típico escravo brasileiro do século 21 é um migrante do Norte ou Nordeste, de sexo masculino, analfabeto funcional, que foi levado para municípios isolados da Amazônia, onde é utilizado em atividades vinculadas ao desmatamento. De acordo com a pesquisa, as atividades que mais utilizam mão de obra forçada estão ligadas à criação de novas fazendas, como desmatamento para abertura de pastagens, cuidado com esses terrenos e produção de carvão vegetal. INFO http://amazonia.org.br/amigosdaterra


Techgeo


CAPA

Projeto de Lei propõe criação de Agência de Cartografia & Informação Geoespacial Instituto Geodireito assessora a Câmara dos Deputados na elaboração do projeto. Especialistas do setor concordam que o momento é oportuno para propor mudanças. IBGE & Concar contestam a criação da Agência Por Eduardo Freitas

fotos: Ofício da Imagem

Assista o vídeo do webinar, na íntegra, em http://vimeo. com/48620703

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U

m assunto tem movimentado o mercado brasileiro de geotecnologia nas últimas semanas: a proposta de criação da Agência Nacional de Cartografia (Ancar) e do Código Cartográfico Nacional (CCN), que está incentivando a comunidade a debater a necessidade de mudanças neste setor, tão vital para o desenvolvimento do país. A inteligência geográfica é questão chave no desafio da reforma agrária, na implementação do Código Florestal, no ordenamento territorial, na contabilização de ativos de empresas de infraestrutura e até na decisão de abertura de novos pontos de venda. Hoje, a tomada de decisão em qualquer organização depende de informações confiáveis. Estima-se que pelo menos 85% dos dados no mundo tenham algum atributo de localização; desta forma, a maioria dos sistemas de informações para a tomada de decisão é baseada no uso de mapas. No dia 30 de agosto o MundoGEO, em parceria com o Instituto Geodireito (IGD), realizou um webinar sobre a proposta de criação da Ancar e do CCN, com a participação de mais de 750 profissionais. A apresentação ficou por conta de Luiz Antonio Ugeda Sanches, presidente do IGD, para quem o seminário contribuiu para disseminar o conhecimento cartográfico e jurídico aos interessados em identificar formas de regulação da infraestrutura cartográfica. Mediado por Emerson Zanon Granemann, diretor e publisher do MundoGEO, o webinar teve intensa participação do público, que aproveitou a oportunidade para opinar e debater sobre o tema. “Foi muito bom moderar o seminário sobre a Ancar. Tivemos 1,4 mil inscritos e 750 conectados de todos os estados brasileiros, além de Portugal, Espanha, Bolívia, México, Chile, EUA e Argentina. Recebemos mais de 320 interações, com comentários e perguntas”, comemora Emerson. A ideia inicial de criação da Ancar e do CCN foi ex-

Você está satisfeito(a) com a situação da cartografia no Brasil? 80% Não 16% Não sei responder 4% Sim

Por que os investimentos em cartografia não acontecem de forma adequada? 37% Falta de cultura e planejamento 25% Falta de conhecimento da sociedade sobre o tema 19% Falta de vontade política 13% Falta de mobilização da comunidade cartográfica 6% Não sei responder

Enquetes realizadas durante o webinar

posta à comunidade em maio deste ano, pelo Deputado Federal Arnaldo Jardim (PPS/SP), durante o evento MundoGEO#Connect LatinAmerica 2012. No entanto, durante o webinar foi realizado um detalhamento mais completo do projeto e também houve ampla interação dos participantes via chat. Segundo o Deputado, as discussões devem ser pautadas em grandes objetivos: criar o CCN; aprimorar a governança setorial; fortalecer o


Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); criar a Ancar; aprofundar os esforços para que a União e os cidadãos tenham uma plataforma cartográfica única e confiável; e fortalecer a indústria e profissionais do setor.

Deputado Federal Arnaldo Jardim no evento MundoGEO#Connect 2012

Etapas de Tramitação de um Projeto de Lei 1. Um PL pode ser apresentado por Deputados, individual ou coletivamente, pelas Comissões, Mesa da Câmara, Presidente da República, Senado Federal, Supremo Tribunal Federal, Tribunais Superiores, Procurador Geral da República ou cidadãos 2. O PL é apresentado à mesa diretora da Câmara. O presidente da Câmara envia o projeto para discussão e votação em comissões especializadas na Casa 3. O projeto pode, então, ser analisado e concluído nas comissões ou, então, caso exista a solicitação de 52 deputados, tem de ser enviado ao plenário 4. O PL aprovado pela Câmara será revisto pelo Senado, em um só turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado, se o rejeitar. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora 5. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o PL à Presidenta da República, que, concordando com o projeto, o sancionará e ele será publicado no Diário Oficial da União, momento em que passará a ser Lei 6. Se a Presidenta da República considerar o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente

Por dentro da proposta De acordo com Ugeda Sanches, a proposta de criação da Ancar parte do pressuposto de que a cartografia, no Brasil, tem se tornado cada vez mais complexa, multifinalitária e compartilhada entre diversas instituições (veja mais na página 42). Além da Ancar e do CCN, o PL propõe a criação do Conselho Nacional de Cartografia (Concar), enquanto conselho de Estado vinculado à Presidência da República e presidido pelo Ministro da Casa Civil, com a atribuição de propor ao Presidente da República políticas nacionais e medidas específicas destinadas a: promover o aproveitamento racional dos recursos cartográficos; planejar e estabelecer diretrizes para a cartografia; estabelecer diretrizes para conexão com a cartografia internacional; entre outras ações de cunho estratégico. Para o exercício de suas atribuições, o Concar contaria com o apoio técnico da Ancar, IBGE, Diretoria do Serviço Geográfico do Exército (DSG), dentre outros órgãos. As atividades cartográficas serão realizadas por meio do Sistema Cartográfico Nacional (SCN), que obedecerá as diretrizes do Concar e será composta pela cartografia pública militar, civil e privada. O PL institui a Ancar, autarquia sob regime especial vinculada ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, com sede no Distrito Federal e prazo de duração indeterminado.

A Ancar teria por finalidade, entre outras ações: implementar as políticas e diretrizes do governo para o desenvolvimento da cartografia; coordenar a atividade dos organismos públicos produtores de cartografia; promover a cobertura de todo o território com cartografia oficial nos tipos e escalas necessários à satisfação dos interesses nacionais; estabelecer mecanismos de regulação e fiscalização; promover o estabelecimento do Sistema Geodésico Brasileiro (SGB); gerir a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (Inde); promover o desenvolvimento de soluções em código aberto e de livre distribuição; operar o SIG Brasil; etc.. Ainda, segundo o PL, a Ancar será dirigida por um Diretor-Geral e quatro Diretores, sob regime de colegiado. O PL propõe que entidades produtoras de cartografia privada deverão requerer registro na Ancar e a homologação da produção cartográfica prevista será obrigatória e condicionada à normatização do Concar. Institui, ainda, a Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cartográfica Nacional (Condecar), que teria como fato gerador o registro de empresas que contemplem trabalhos cartográficos, batimétricos, geodésicos; elaboração de cartas geográficas; serviços afins e correlatos; além da homologação de obras que contemplem trabalhos de cartografia.

Participe do debate! Qual sua opinião sobre a proposta de criação da Agência? Envie suas considerações para editorial@mundogeo. com

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Encontro de lideranças No dia 7 de agosto, a Frente Parlamentar Mista em Defesa da Infraestrutura Nacional se reuniu em Brasília para discutir o Projeto de Lei de criação do CCN e da Ancar. Na ocasião, houve diversas colaborações dos mais variados segmentos ligados à cartografia nacional que se fizeram presentes. O encontro teve a presença dos Deputados Arnaldo Jardim (Presidente da Frente Parlamentar), Eduardo Sciarra, Irajá Abreu e Ronaldo Benedet. Também compuseram a mesa o general Pedro Ronalt Vieira, diretor da DSG, e Ugeda Sanches. O Deputado Arnaldo Jardim citou também a presença de Emerson Granemann e de representantes da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Sindicato Nacional de Engenheiros e Arquitetos (Sinaenco). Segundo o Deputado, o estímulo para o debate teria surgido de Ugeda Sanches, que o procurou para apresentar uma reflexão acerca dos desafios nessa área, e sobre a importância de uma legislação que unificasse esforços, congregasse conceitos e fosse referência para estabelecer procedimentos. O projeto básico elaborado pelo Instituto Geodireito propõs, na forma de um Anteprojeto de Lei, o CCN e a Ancar. Antes de apresentar o projeto, o Deputado manifestou o interesse em submetê-lo à crítica, ou seja, seria oferecido o contraditório e a intenção seria a de complementá-lo ou superá-lo. O projeto seria apresentado já bastante amadurecido e contendo contribuições. Na ocasião, Ugeda Sanches apresentou o PL e todos seus detalhes. Após a explanação de Ugeda Sanches, o general Pedro Ronalt Vieira ressaltou a importância crescente da produção de dados geoespaciais e fez um prognóstico de que, no futuro, todos os bancos de dados serão geoespaciais. “Hoje, quando se faz cartografia, se faz de maneira estanque, não de maneira holística, deixando de levar em consideração estados vizinhos ao estado cartografado, tais como feições viárias e hidrográficas. Como não há quem defina essa importância, o todo não é considerado”, afirma. Na ocasião, Emerson Granemann sugeriu que se poderia ousar mais e se discutir a criação de uma Agência Nacional de Informações Geoespaciais (com a sigla Angeo, por exemplo), mais alinhada às demandas atuais da sociedade (veja mais na página 18). Já Cláudio Bielenki Júnior, especialista em recursos hídricos da ANA, comentou que a Agência não produz cartografia e recebe esse dado do IBGE para poder estabelecer as suas bases, mas não havendo política de cartografia é impossível avançar mais. Para ele, a Ancar seria muito importante porque a cartografia no Brasil é muito fragmentada. “Isso acontece por falta de um órgão que assuma

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Gen. Pedro Ronalt, Diretor da DSG “Na qualidade de Diretor da DSG, manifesto posicionamento favorável a toda e qualquer medida que tenha como objetivo fortalecer os segmentos institucional, empresarial e acadêmico relacionados à produção e ao uso de dados geoespaciais. Sou favorável à criação da Ancar se ela for uma entidade capaz de: desenvolver, aprimorar e integrar a cartografia brasileira; consolidar os objetivos e estratégias para a atividade cartográfica, tendo em vista a sua dinamização e a racionalização dos recursos disponíveis; proteger os interesses dos produtores e usuários quanto a preço, qualidade e acesso a informação cartográfica; garantir, com eficiência e economicidade, o acesso a recursos tecnológicos para a produção cartográfica; obter recursos financeiros para a atividade cartográfica; fomentar a pesquisa e o desenvolvimento relacionados à atividade cartográfica; fomentar a formação e a capacitação de recursos humanos para suprir as necessidades das atividades cartográficas; valorizar as profissões afetas à atividade cartográfica; promover a manutenção e atualização do acervo cartográfico; executar o mapeamento do território nacional, de forma contínua e sistemática, priorizando as demandas. Outro aspecto importante é a existência - e hoje não temos - de uma instituição independente para fiscalizar e garantir a execução da política pública de atendimento às necessidades da sociedade brasileira no que se refere aos dados geoespaciais nacionais. A atual Concar, por ser um órgão colegiado e com as simples atribuições de assessorar o Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão na supervisão do Sistema Cartográfico Nacional, de coordenar a execução da política cartográfica nacional - que não existe - e de exercer outras atribuições nos termos da legislação pertinente, não tem competência legal para alcançar os objetivos propostos no parágrafo anterior. Ou seja, o mínimo que precisa ser feito, se não for criada a Ancar, é um novo Decreto para a Concar, conferindo à mesma mais poderes e uma estrutura permanente e 100% dedicada à novas atribuições e obrigações relacionadas à cartografia. Há pontos que precisam ser melhorados na proposta, principalmente no sentido de harmonizar conflitos legais e finalidades das instituições. Mas isto certamente será alcançado se a proposição prosperar, considerando que haverá ainda amplo debate sobre o tema e consulta às principais instituições integrantes do sistema cartográfico e à comunidade cartográfica nacional”. Veja a íntegra da entrevista na versão online da revista MundoGEO 69 a responsabilidade de concentrar esforços para gerir uma base de dados”. Já Antônio José da Trindade, representante do Sinaenco, declarou o compromisso integral do Sindicato com o anteprojeto e ofereceu colaboração no que for possível para o sucesso da proposição. Helen Gurgel, do Departamento de Geografia da Universidade de Brasília (UnB), comentou que a cartografia acabou não acompanhando a regulamentação para a qualidade dos dados e a Agência seria importante para a organização dessas informações. “Como a demanda existe, o dado é produzido mas encontra-se espalhado e há necessidade de organizá-lo”, comenta. As opiniões sobre a Ancar e o CCN são as mais diversas. Para o engenheiro cartógrafo Marcio Bonifacio, já existe a Concar e a Sociedade Brasileira de Cartografia (SBC). “Para que criar mais uma entidade, se as que já existem não estão sendo atu-


Gilberto Câmara, ex-diretor do Inpe “Sou favorável à criação de uma Agência Nacional de Informações Geoespaciais. Os avanços tecnológicos da última década transformaram a produção de mapas. Tradicionalmente, a cartografia era uma missão estratégica de Estado, delegada a orgãos especializados com padrões de qualidade rígidos. A disponibilidade ampla da internet, de dispositivos de navegação móveis (GNSS) e de imagens com resolução espacial cada vez maior, mudou este panorama. Hoje, a cartografia tradicional é apenas uma parte da produção de mapas e informaçoes geoespaciais. Sistemas como Google Maps e Google Earth fazem parte do dia-a-dia de grande parte dos cidadãos brasileiros. Muitas empresas reorganizaram suas cadeias de produção e de suprimentos para aproveitar os dispositivos GPS. Prefeituras, hoje, podem fazer mapas muito mais rapidamente com imagens de alta resolução. Em lugar de mapas topográficos tradicionais, gerados por aerolevantamento, podemos ter modelos digitais de terreno produzidos por satélite com resolução adequada para muitos problemas práticos. As informações geoespaciais são hoje universais e ao alcance de quase todos. Esta mudança tecnológica nos leva à necessidade de repensar as atividades cartográficas tradicionais. Assim sendo, sou contra a criação de uma Ancar, cuja missão seja produzir (ou organizar a produção de) cartas. Do jeito que a Lei está escrita, a Ancar seria criada olhando para o passado, adotando padrões e práticas obsoletas. Sou a favor de uma Agência Nacional de Informações Geoespaciais (Anigeo), cuja missão seria colocar o máximo de informações geoespaciais à disposição da sociedade brasileira”. Veja a íntegra da entrevista na versão online da revista MundoGEO 69 antes? O que se pode sim, fazer, é a reestruturação das já existentes”. Já para Andrea Carneiro, professora e pesquisadora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o momento deveria ser aproveitado para abordar também o setor de Cadastro. “Tratar da cartografia cadastral implica em indicar também quem seriam as instituições responsáveis pela produção de cartas cadastrais oficiais. Em alguns países, os institutos geográficos são também instituições cadastrais, ou pelo menos produzem cartas oficiais em escala cadastral. Em outros casos, são instituições distintas”. As questões políticas e os obstáculos para a aprovação do PL também são uma preocupação da comunidade. Maurice Tomioka Nilsson, mestre em Ecologia, comenta que “o projeto parece bastante enxuto e consegue desenrolar o fio cartográfico, mas parece haver um entrave maior em sua aprovação, já que ele altera poderes em relação à cartografia dentro do Estado”. Para Valther Xavier Aguiar, diretor técnico da empresa Esteio, além de incentivar a pesquisa e o desenvolvimento relacionados à cartografia, a Agência deveria fomentar também a indústria voltada aos dados geoespaciais. “Temos um vazio cartográfico e nossa cartografia é pobre por falta de investimento na área. Tivemos sim, no passado, alguns investimentos, mas que no meu modo de ver foram mal empregados. Temos uma indústria e um parque tecnológico relativamente bem equipados,

por isso acho que temos de investir mais na construção de bases de dados”.

Vamos jogar juntos? A criação da Ancar - ou Angeo - visa colocar o Brasil alinhado aos demais países desenvolvidos e em desenvolvimento. Vale lembrar que o Comitê Geoespacial da ONU prevê que, nos próximos 10 anos, a informação geoespacial se tornará tão fundamental para os países como energia e água, e que os governos serão cada vez mais reguladores e menos produtores de dados geoespaciais. A criação da Agência pode ser o primeiro passo para que o Brasil se prepare para esta nova realidade. Para Emerson Granemann, a participação da comunidade é muito importante para formatar o projeto. “Avaliando as pesquisas e os comentários, percebemos que a comunidade apoia a necessidade de mudanças no quadro atual da cartografia nacional. Na minha opinião, este debate sobre o melhor formato do Projeto de Lei será muito positivo, na medida em que reúna os diversos atores que formam este mercado. Penso que o caminho é o de unir esforços e reformular o papel dos protagonistas, para debater o melhor formato de uma Agência eficiente, fortalecendo o IBGE, a Concar, a DSG e as empresas e profissionais multidisciplinares que atuam no setor”, conclui.

“Se poderia ousar mais e se discutir a criação de uma Agência Nacional de Informações Geoespaciais (com a sigla Angeo, por exemplo), mais alinhada às demandas atuais da sociedade” Emerson Granemann, diretor e publisher do MundoGEO

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Opinião de Wadih João Scandar Neto Diretor de Geociências do IBGE e Secretário Executivo da Concar fala com exclusividade à revista MundoGEO sobre a proposta de criação da Agência

“Não vejo necessidade de se criar outra instituição, gastar recursos com estrutura, empregos, cargos, para executar uma atividade para a qual já existe o IBGE” 28

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MundoGEO: Você é favorável à criação da Ancar? Wadih Neto: O IBGE desenvolve inúmeros projetos na área da cartografia que, integrados a outras áreas da instituição e às parcerias com várias instituições federais e estaduais, possibilitam de forma inédita o conhecimento do território nacional. Com sua presença ímpar no território, o IBGE apresenta vantagens históricas para a realização desse trabalho. Além disso, tudo o que é executado no IBGE, sejam produtos geoespaciais ou estatísticos, tem o caráter público. A sociedade já pagou por eles, assim sendo são imediatamente disponibilizados para seu uso por quem quer que seja. Portanto, não vejo necessidade de se criar outra instituição, gastar recursos com estrutura, empregos, cargos, para executar uma atividade para a qual já existe o IBGE. Uma Agência pode ser classificada de duas formas quanto às suas funções: Agência Reguladora e Agência Executiva. As Agências Reguladoras, no Brasil, existem para regulamentar o exercício de atividades públicas exercidas privadamente sob o regime de concessão, ou outro equivalente, no sentido de preservar os interesses dos cidadãos em um ambiente de concorrência privada, a exemplo da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), etc.. Não creio ser este o caso da cartografia, onde os serviços não são concedidos para execução privada, mas contratados por instituições públicas nas três esferas de governo (federal, estadual e municipal), com as especificações dadas para atingir seus interesses. Desta forma, a Ancar teria muito mais o caráter de uma Agência Executiva e, neste caso, já existe uma instituição que vem cumprindo este papel executor da cartografia nacional em escala topográfica (até 1:25.000), temática e censitária (em diversas escalas). É importante ressaltar que o IBGE se oporá a qualquer iniciativa que venha a restringir suas atribuições, pois cumpre exemplarmente sua missão e, nesse sentido, conta com o reconhecimento da sociedade brasileira.

MG: Caso seja contra a criação da Ancar, indique como a situação da cartografia no Brasil poderia mudar com a estrutura atual. Quem deveria assumir este papel de regulação do setor? Deve existir algum tipo de mudança na Lei atual? WN: Não há porque utilizar o termo regulação, pois não se trata disto. Estamos falando de uma produção de dados geoespaciais de referência, no qual incluo a geodésia e a cartografia, que em termos atuais devem muito mais ser normatizados do que regulados. A normatização, hoje, vai além do que se fez em passado recente. Com o desenvolvimento tecnológico e o grande acesso do público em geral à informação geoespacial, são necessárias Normas que garantam a interoperabilidade, o que já aparece no Decreto 6.666 de 2008 que institui a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (Inde). Sem dúvida nenhuma, a legislação deve ser atualizada, pois há mudanças de paradigma na produção de informação geoespacial. Enquanto a legislação ainda se refere a folhas cartográficas, cartas gerais, temos hoje bases digitais contínuas que sequer são citadas. No papel de normatização já existe instituição constituída para tal propósito, a Comissão Nacional de Cartografia (Concar). Mudar por decreto seu nome (de Comissão para Conselho) não altera nada. O Ministério do Planejamento, que preside a Concar, e as instituições que o compõem têm reforçado seu papel normatizador e, mais que isso, articulador das entidades públicas que contratam os serviços de produção cartográfica. Não se trata de regular a produção dos mapas usados em smartphones ou nos gigantes sites de busca, o que o Estado não teria estrutura nem interesse em fazer, mas de normatizar a cartografia paga com recursos públicos, dos cidadãos deste país. MG: Historicamente, a cartografia no Brasil sempre foi muito pouco valorizada pelos gestores públicos. Você concorda com esta afirmação? Caso positivo, por que isso aconteceu ou continua acontecendo?


WN: A cartografia sempre teve um tipo de usuário preferencial com o qual dialogava e deve continuar dialogando, que são as engenharias, notadamente as de obras civis, além do seu uso militar, é claro. Acontece que, de uns anos para cá, o barateamento das tecnologias digitais para tratamento da geoinformação e, principalmente, a disponibilização de imagens, mapas e o uso disseminado do GPS fizeram com que um público muito mais amplo tomasse conhecimento e passasse a utilizar este tipo de informação com diferentes propósitos. Isto tem sido muito bom para a produção da informação geoespacial de referência. Nos últimos 10 anos, o IBGE mais que dobrou a quantidade de engenheiros cartógrafos (de 51 para 103, já descontadas as aposentadorias) e sua produção cresceu enormemente. Somente nestes 10 anos foram produzidas e disponibilizadas uma quantidade de cartas que representa 63% de toda a produção de quatro décadas anteriores. É importante dizer que os aspectos qualitativos dos produtos mudaram. Por exemplo, a base 1:1.000.000 agora é uma base digital contínua para todo o país, e o mesmo ocorrerá no ano que vem para a escala 1:250.000. Para escalas mais detalhadas, estão sendo produzidas bases contínuas por estado, de acordo com o detalhamento de cada um. Além disso, novos produtos foram disponibilizados, como ortoimagem e ortofotocarta. O Banco de Nomes Geográficos, compatível com a carta ao milionésimo, foi disponibilizado, o primeiro somente para que todas as informações de nomes geográficos sejam centralizadas e padronizadas. MG: Você é contra ou a favor do foco do debate e da nova Lei mudar de “cartografia” para “informações geoespaciais”? Esta mudança não seria mais alinhada com os tempos atuais? WN: Creio que minhas repostas anteriores mostram que já procuro empregar o termo informação geoespacial ou até mesmo geoinformação. Até mesmo porque tenho a convicção que há uma demanda muito grande, hoje, não somente pela informação geoespacial de referência (cartografia e geodésia), mas também por informações geoespaciais temáticas. Os planejadores, os técnicos do governo, a academia e o público em geral não se contentam mais somente com quantificações, mas também querem saber onde as coisas acontecem. Não basta mais saber, por exemplo, quantas creches serão construídas em um determinado ano, mas onde elas serão cons-

truídas, quais as características demográficas e socioeconômicas da população na região afetada por uma obra e assim por diante. O território volta a ser importante na tomada de decisões e o IBGE está preparado para atender às novas demandas. MG: Qual sua opinião sobre o papel atual do IBGE, DSG e Concar na coordenação, normatização e produção cartográfica? WN: O papel normatizador e articulador da Concar eu já respondi anteriormente. Sou um civil, dirigente de uma instituição civil, não pretendo e nem saberia dizer o papel da cartografia militar, que é a função primeira das forças armadas, a defesa nacional, cabendo portanto à DSG a produção das geoinformações necessárias para dar suporte a esta função. Reconheço o papel histórico que a DSG teve e tem na representação cartográfica deste país, compartilhando a produção e suprindo necessidades onde são necessárias. Gostaria, no entanto, de me concentrar na missão institucional do IBGE, que vem a ser retratar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento da sua realidade e ao exercício da cidadania. Neste sentido, há um planejamento para continuarmos produzindo as informações geoespaciais de referência, nas escalas topográficas, produzir e integrar informações de temáticas de recursos naturais, uso e cobertura da terra, exercer a função de nó central da Inde, além de integrar a produção estatística que pode ser espacializada nos padrões preconizados na Inde, disponibilizando-a também neste meio. Exercemos ainda a Secretaria Executiva da Concar, papel que pretendemos continuar exercendo, e colaborar na melhoria das funções de articulação intergovernamental. Em todos os encontros internacionais que participamos, o fato da geoinformação estar junto com a estatística numa mesma instituição é reputado como uma vantagem que nos coloca na vanguarda de um processo que tende a se acentuar em todos os países. Justamente agora que, notadamente, existe uma valorização da geoinformação e de sua integração com outros tipos de informação, seria um retrocesso despender esforços para dividir, para criar novas instituições que viriam substituir uma instituição que tem história, que tem credibilidade, compromisso de seu corpo funcional e que vem empreendendo esforços e conseguindo aumentar sua produção. Seria uma lástima e um desperdício de dinheiro público.

“Em todos os encontros internacionais que participamos, o fato da geoinformação estar junto com a estatística numa mesma instituição é reputado como uma vantagem”

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Passo a Passo

Wikimapa Mapeamento colaborativo ao alcance de todos

H

Arlete Aparecida Correia Meneguette Engenheira cartógrafa (Unesp), PhD em fotogrametria (University College London). Docente e pesquisadora do Departamento de Cartografia da Unesp Campus de Presidente Prudente arletemeneguette@gmail.com

oje, há várias plataformas de mapeamento colaborativo, tais como Google Maps (http:// maps.google.com), Google Map Maker (http://mapmaker.google.com), OpenStreetMap (www.openstreetmap.org), Wikimapia (http://wikimapia.org), dentre outras, mas uma delas se destaca: trata-se do Projeto Wikimapa, que pode ser acessado em http://wikimapa.org.br. Além de permitir o mapeamento de pontos de interesse (POIs) utilizando o computador com acesso à internet, o Wikimapa também disponibiliza um aplicativo para os celulares Nokia N95 e N99. Antes de iniciar o mapeamento colaborativo, você precisa se tornar um mapeador voluntário, portanto, clique em “Cadastrar-se” e preencha os dados solicitados no formulário online. Leia os Termos de Uso e depois clique no botão “Aceito os termos acima”. Verifique sua conta de email, pois você receberá uma mensagem com um link para confirmar seu cadastro. Preencha os dados do seu perfil e, se desejar, altere seu email e/ou sua senha. Cabe ressaltar que, da próxima vez que for acessar o site do Wikimapa, basta clicar em Login, preencher os dados solicitados e clicar no botão Login. A partir da página principal do Wikimapa clique em “Mapeados”. Amplie a imagem de satélite para selecionar uma área de estudo. Neste Tutorial será adotada a área urbana de Presidente Prudente (SP).

goria Serviços. Faça o mesmo procedimento para mapear outros locais de interesse público. Digite o nome e endereço do lugar, além de uma breve descrição. Digite o site do local de interesse público (por exemplo, a Prefeitura Municipal). Insira uma fotografia digital, sendo possível fazer upload de um arquivo salvo no seu computador ou então pode ser fornecida a URL de uma foto já postada em algum site. O mesmo se aplica a um vídeo. No exemplo a foto foi selecionada a partir de um arquivo disponível no disco rígido do computador e no caso do vídeo foi fornecido o link para o YouTube. Tendo terminado o preenchimento do formulário, clique no botão “Enviar”. Após alguns segundos será exibida uma etiqueta com as informações fornecidas, associadas ao local mapeado. Ainda assim é possível editar, deletar ou denunciar o lugar, bem como editar a posição. O nome da pessoa que realizou o mapeamento colaborativo é exibido juntamente com a data de inserção do elemento no Wikimapa. Para saber detalhes, basta clicar em Ver+, o que fará com que sejam mostrados na tela os dados históricos. Outro mapeador ou usuário do Wikimapa poderá avaliar o elemento inserido, clicando em “Gostei do lugar” ou “Não gostei”.

+INFO Clique no botão para mapear um novo local. Arraste o marcador para posicionar o novo lugar na imagem de satélite. Clique no link apresentado na tela flutuante para preencher os detalhes do novo lugar. Na tela flutuante é possível escolher a categoria do novo lugar, estando disponíveis as seguintes: Saúde, Educação, Esportes, Serviços, Serviços (alimentação), Serviços (berçário), Serviços (telefones), Cultura, Lazer e Outros. O exemplo a seguir se aplica à Prefeitura Municipal de Presidente Prudente, a qual se enquadra na cate-

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O Blog do Wikimapa está disponível em http://blog.wikimapa.org.br e para entrar em contato com a equipe basta acessar o site ou enviar um email para wikimapa@redejovem. org.br. Para acessar o Guia Completo de uso das ferramentas Wikimapa, entre em www.redejovem.org.br/media/tutorial_ Wikimapa.pdf . Para assistir o Tutorial em vídeo, acesse http://www.youtube.com/ watch?v=2gdX23pAKJs


furtado 2/2

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pesquisa

Por dentro do mercado

Qual sua área de atuação principal com GIS?

MundoGEO continua a série de pesquisas sobre o mercado de geotecnologia. GIS é o tema desta edição

40,9% Criação de mapas temáticos 19,8% Análise de dados em escritório 12,6% Transformação | Integração de dados 6,6% Desenvolvimento 4,9% Consultoria para implantação 4,7% Operação em campo (GIS móvel) 2,1% Venda/suporte 0,6% Avaliação/compra 7,9% Outro

Em que setor(es) você faz uso de GIS? 46,4% Meio ambiente 38,5% Governo (Federal, Estadual ou Municipal) 29,7% Florestal | Agronegócio 27,0% Gestão territorial 22,5% Infraestrutura | Utilities 21,1% Cadastro 16,9% Mineração | Óleo & Gás

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14,5% Educacional 6,9% Business Intelligence

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6,9% Outro

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Qual(is) tipo(s) de dado(s) você utiliza? 57,2% Imagens aéreas 56,7% Obtidos por topografia 53,0% Imagens orbitais 48,2% CAD 43,3% GIS 2D 15,8% GIS 3D 12,3% Obtidos por laser scanner 3,8% Imagens oblíquas 3,6% BIM 3,3% Imagens terrestres

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4,7% Outro

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m março deste ano foi iniciada uma série de pesquisas que tem como objetivo esquadrinhar a indústria de geomática e soluções geoespaciais no Brasil e na América Latina. Serão várias campanhas ao longo do ano, divididas por temas específicos, e ao final será possível fazer um estudo completo das principais tendências do setor de geo. A primeira pesquisa, publicada na edição 67 da revista MundoGEO, teve como tema o sensoriamento remoto. Na edição posterior, mapeamos o setor de Sistemas Globais de Navegação por Satélite (GNSS) e na atual o tema são os Sistemas de Informação Geográfica (GIS). A pesquisa teve mais de 820 participantes em apenas três dias, no início de setembro. Veja um extrato dos resultados!

Gerenciamento e compartilhamento A pesquisa também tinha o objetivo de avaliar a gestão de dados nas organizações. Dos participantes da pesquisa, 93,8% responderam que entendem o que é gerenciamento de dados e sua importância para a empresa. Porém, apenas 40,8% responderam que a organização onde trabalham possui uma política clara para gestão de dados e metadados. Outro objetivo da pesquisa era saber que tipo de ferramentas as organizações estão utilizando para o compartilhamento dos dados geoespaciais. Segundo os resultados, 38,6% utilizam estrutura de arquivos na rede e 31,9% portal de mapas na internet, enquanto para 28,2% cada departamento utiliza seus próprios dados, 20,1% links na intranet, 11,8% não souberam responder e 6,3% usam outra forma de compartilhamento. Sobre o uso de Cloud GIS, apenas 38,4% já sabem o que significa e 7,9% comentaram que a organização onde trabalham já utiliza esta tecnologia. Entre os desafios para a adoção, 29,9% apontaram falta de conhecimento, 22,9% a segurança de dados, 22,7% a infraestrutura, 18,3% a manutenção dos dados, 18% a confiabilidade e qualidade do serviço, 17,8% a tecnologia, 39,8% não souberam responder e 2,7% apontaram outro tipo de obstáculo. Para finalizar a pesquisa, foi perguntado quais atributos são mais importantes para a escolha de um sistema GIS. As funcionalidades existentes são mais importantes para 58,4%, seguidas de preço para aquisição/atualização (49,7%), performance técnica (48,6%), tipo de licenciamento - software livre ou proprietário (46,4%), customização e configuração (45,3%), capacitação da equipe (43,8%), suporte (39,1%), compatibilidade com padrões (32,6%), sistema operacional (27,8%), integração com sistemas corporativos (21,2%), requisitos de hardware (19,7%), aderência ao negócio (18,2%), idiomas (13,2%), referência de clientes (12,3%) e tempo no mercado (11,6%). Dentre os comentários dos participantes da pesquisa, destaca-se o de Bruno Dourado, engenheiro florestal e especialista em geoprocessamento. “A importância de se mapear os gargalos para expansão da conscientização do uso de um GIS para os clientes (públicos ou privados), quanto ao dimensionamento em relação ao uso de softwares proprietários e livres integrados de acordo com o uso em relação ao objetivo e ao objeto. A padronização de metadados e o interesse público de dar retorno aos recursos públicos gastos também são fatores importantíssimos de serem esclarecidos e trabalhados na conscientização técnica, política e de cidadania perante os serviços e produtos no nosso setor de geoprocessamento”. Já Alberto Calderon comentou sobre a importância da atualização profissional. “À medida em que nos especializamos, o trabalho aumenta e o tempo para estudar diminui. Temos que achar um meio termo para o trabalho e a capacitação”, conclui. Outro participante – que não se identificou - sugeriu a criação de um “ranking” com a relação custo/benefício dos softwares de GIS disponíveis no mercado. A próxima pesquisa terá como tema as estações totais. Participe e compartilhe sua experiência! Os resultados serão compartilhados com a comunidade, pelo portal e revista MundoGEO.


GEOQUALITY

Sustentabilidade Espacial Um novo conceito, ainda em discussão O termo “sustentável” foi difundido pelo Relatório Brundtlan, em 1987. Em sua origem, a definição de sustentabilidade tornada popular sugeria que um padrão sustentável deveria garantir “as necessidades do presente sem comprometer as necessidades das gerações futuras”. Normalmente as discussões sobre o tema são pautadas nas dimensões econômica, social e ambiental, mas existem outras. Há mais de 20 anos Wolfgang Sachs destacou cinco dimensões da sustentabilidade: Social: processo de desenvolvimento em que o crescimento está a serviço da construção de uma sociedade com maior equidade na distribuição de renda e bens, de modo a reduzir diferenças entre ricos e pobres. Promoção de processos participativos. Econômica: alocação mais eficiente dos recursos públicos e privados, avaliada em termos macrossociais e não apenas pelo critério de rentabilidade empresarial de caráter microeconômico. Abordagem integrada de planejamento e de gerenciamento. Ambiental/ecológica: capacidade de suporte dos ecossistemas, pela redução do uso de recursos não renováveis, redução da emissão de resíduos, equilíbrio no consumo de recursos naturais entre países ricos e pobres, pesquisa de tecnologias menos poluidoras, de baixo custo e eficientes, tanto para o meio rural quanto para o urbano e, finalmente, é dada pelas normas adequadas que visem à proteção do ambiente. Desenvolvimento e adoção de sistemas de monitoramento. Cultural: procura de raízes endógenas de processos de modernização e de sistemas agrícolas integrados, processos que busquem mudanças dentro da continuidade cultural e que traduzam o conceito normativo de ecodesenvolvimento em um conjunto de soluções específicas para o local, ecossistema, cultura e área. Espacial: obtenção de uma configuração rural-urbana mais equilibrada e melhor distribuição territorial dos assentamentos humanos e das atividades econômicas. Promoção de equidade entre diferentes regiões geográficas. O assunto não é novo, mas a importância é cada vez maior e oportuna para a área de geoprocessamento. Nas dimensões de sustentabilidade apontadas, a que irei discutir é a “espacial”. A dimensão da sustentabilidade espacial referese ao tratamento equilibrado da ocupação rural e urbana, equilíbrio de migrações, desconcentração

das metrópoles, adoção de práticas agrícolas não agressivas à saúde e ao ambiente, manejo sustentado das florestas e industrialização descentralizada, envolvendo melhor distribuição territorial das atividades econômicas e assentamentos humanos, com ênfase nas seguintes questões: • Concentração excessiva nas áreas metropolitanas. • Destruição de ecossistemas frágeis, mas vitalmente importantes, por processos de urbanização descontrolados. • Promoção de projetos de agricultura regenerativa e agroflorestamento, operados por pequenos produtores, proporcionando para isso o acesso a pacotes técnicos adequados, ao crédito e aos mercados. • Ênfase no potencial para industrialização descentralizada, associada a tecnologias de nova geração (especialização flexível), com especial atenção às indústrias de transformação de biomassa e ao seu papel na criação de empregos rurais não agrícolas. • Estabelecimento de uma rede de reservas naturais e de biosfera para proteger a biodiversidade. Segundo Tim Benton, coordenador do Programa de Segurança Alimentar Global da Universidade de Leeds, no Reino Unido, “pode-se reduzir o rendimento agrícola em um país por achar que isso é mais sustentável, mas a demanda continuará a mesma, ou aumentará ainda mais. Assim, se você reduz o rendimento, alguém, em algum lugar, vai precisar aumentar o rendimento”. Isto mostra a importância da dimensão espacial em sustentabilidade, na promoção da equidade entre diferentes regiões geográficas. Algumas áreas de plantações podem ser gerenciadas de forma insustentável, enquanto outras podem compensar de maneira altamente sustentável, mas o que é verdade para uma parcela de terra isolada nem sempre é verdade na escala regional, nacional, continental e global. Na escala regional, podemos gerenciar não apenas a terra agriculturável, mas também as terras não agrícolas, fundamentais para esta atividade, porque mantêm os polinizadores, os inimigos naturais, os microclimas, a infraestrutura de transporte e assim por diante. Cada área tem sua vocação e uma deve equilibrar a outra. A sustentabilidade espacial existe para colocar as distintas regiões geográficas - e suas vocações - na balança.

Wilson Anderson Holler Engenheiro cartógrafo, analista GIS, supervisor do Núcleo de Análises Técnicas da Embrapa Gestão Territorial wilson.holler@embrapa.br

Normalmente as discussões sobre o tema são pautadas nas dimensões econômica, social e ambiental, mas existem outras 33


Atlas ambiental

GeoAtlas na Escola Construção colaborativa de Atlas Ambiental Escolar com apoio de Geotecnologias André Luiz dos Santos Furtado Biólogo, pesquisador da Embrapa Monitoramento por Satélite, atua no uso de sensoriamento remoto em estudos da Ecologia da Paisagem

Cristina Criscuolo Geógrafa, pesquisadora da Embrapa Monitoramento por Satélite, atua em temas como uso e cobertura das terras e sensoriamento remoto e ensino

Célia Regina Grego Engenheira Agrônoma, pesquisadora da Embrapa Monitoramento por Satélite, atua na área de análise geoestatística

Cristina Aparecida Gonçalves Rodrigues Zootécnica, pesquisadora da Embrapa Monitoramento por Satélite, atua em geoprocessamento nas áreas de produção animal e recursos naturais

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A utilização de sensoriamento remoto e Sistemas de Informação Geográfica (GIS) na educação de crianças e adolescentes não é algo novo, mas ainda tem potencial para expansão no ensino formal. Observa-se, no Brasil, embora às vezes desequilibrada, a intensificação do ensino de sensoriamento remoto e a formação de profissionais técnicos, principalmente os de nível superior. Entretanto, ainda há carência de projetos ou ações que visem à capacitação e ao treinamento de professores dos ensinos fundamental e médio para a inclusão das geotecnologias em sala de aula. A Região Metropolitana de Campinas, localizada no interior do Estado de São Paulo, é um expressivo polo de tecnologia do Brasil. A existência de universidades e instituições de pesquisa contribui para a geração de uma infinidade de dados e informações locais e regionais. Embora existam dados de excelente qualidade sobre essa região, e em específico sobre o seu principal município, esses dados não atingem de forma eficiente o público escolar de ensino fundamental. Em reuniões com o corpo docente de escolas locais, que procuram a Embrapa Monitoramento por Satélite com o objetivo de adquirir materiais para seus trabalhos e projetos com enfoque regional, essa questão fica evidente. A carência de conteúdos de caráter local e regional é uma característica inerente dos livros didáticos e atlas convencionais utilizados nas escolas. Neste caso, os professores podem ter o importante papel de compilar, agrupar e elaborar atividades, utilizan-

do fontes variadas de informações. A aproximação entre os centros de pesquisa locais e os educadores pode contribuir para levar o resultado das pesquisas para a sala de aula. Além disso, podem ser fornecidas as bases para transformar a escola num ambiente capaz de produzir conhecimentos, e não apenas de reproduzi-lo. O projeto “Geotecnologias como apoio à elaboração de material didático para o ensino fundamental: Atlas Ambiental Escolar da Região Metropolitana de Campinas” (GeoAtlas), financiado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), atualmente desenvolve uma metodologia para a construção colaborativa de um Atlas Ambiental Escolar com o objetivo de divulgar a importância das atividades agropecuárias desenvolvidas na região de Campinas e utiliza ferramentas de geotecnologias como facilitadoras do processo de ensino e aprendizagem. O uso destas ferramentas que aparentemente não pertencem ao cotidiano escolar, como no caso das imagens de satélites, aguça a curiosidade e desperta o interesse dos alunos, pois estes passam a ter novos olhares sobre o lugar em que vivem. O produto final do projeto compreenderá o Geo Atlas impresso, conciso e disponível como material paradidático, e uma versão digital, mais abrangente, que será publicada em um portal eletrônico, hospe-


dado no website da Embrapa Monitoramento por Satélite. Outro aspecto do projeto é a elaboração de materiais personalizados focados em temas relacionados ao bairro, ao município ou à região mais próxima onde a criança ou o adolescente estuda ou habita, a fim de despertar-lhes o interesse pelo conhecimento de seu ambiente. O GeoAtlas é desenvolvido de forma interdisciplinar, envolvendo pesquisadores e, sobretudo, professores da rede municipal de ensino fundamental do Município de Campinas. O projeto contribui com informações sistematizadas e conhecimento sobre as atividades agropecuárias e suas relações com o meio ambiente, a economia e a sociedade, com possibilidade de extração de dados espaciais derivados e representações temáticas. Por sua vez, o portal web disponibilizará todos os resultados online, permitirá maior interação entre os usuários e, fundamentalmente, auxiliará na construção de uma estrutura potencial de visualização e consulta pelos cidadãos de dados regionais especializados, para que eles conheçam a sua região e colaborem na solução de problemas regionais. A execução do projeto é coordenada pela Embrapa Monitoramento por Satélite, que estabeleceu um contrato de cooperação técnica com a Prefeitura Municipal de Campinas. As atividades têm a participação de instituições parceiras, como a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Embrapa Meio Ambiente e a Embrapa Informática Agropecuária. Em 2009, trabalhou-se com os professores do ensino fundamental em uma equipe multidisciplinar, no processo de capacitação dos profissionais envolvidos no projeto, disseminando conhecimentos sobre o uso de geotecnologias aplicadas ao estudo do meio ambiente e das atividades agropecuárias. No decorrer de 2010, após a conclusão do curso de capacitação, oficinas de trabalho serviram para desenvolver temas e estratégias de ensino e aprendizagem que serão posteriormente oferecidos aos alunos do ensino fundamental. Paralelamente, procedeu-se à compilação e produção de dados georreferenciados sobre a Região Metropolitana de Campinas, para a construção do Atlas Ambiental Escolar em consonância com os temas e estratégias de ensino e aprendizagem propostos pelos professores. Em 2011, iniciou-se o processo de redação do GeoAtlas, que deverá estar pronto no ano que vem. Espera-se que o material favoreça novas oportunidades de aprendizagem, baseadas no maior conhecimento do indivíduo sobre o seu espaço de convívio mais próximo, intermediado por ferramentas modernas de acesso à informação. Esta experiência representa uma forma acessível de desenvolvimento de material didático com o propósito de disseminar atividades factíveis envolvendo geotecnologias e poucos recursos financeiros. A parceria entre as instituições de pesquisa e a escola é interessante, pois representa uma forma de aproximação desses dois segmentos, que, na maior parte das vezes, trabalham de forma isolada.

Área cultivada de café na Região Metropolitana de Campinas: exemplo de produto a ser disponibilizado pelo GeoAtlas ao público escolar


cursos

Saiba onde estudar geo no Brasil Série de matérias que lista os principais cursos técnicos e graduações chega às regiões Centro-Oeste e Norte Por Alexandre Scussel e Elis Jacques

Veja mais em: Edição 67 http://ning.it/LNaAWO Edição 68 http://ning.it/P4pN1U

O

mercado de trabalho de geo exige dos profissionais cada vez mais conhecimento e prática na sua atuação, requisitos solicitados pela maioria das empresas e órgãos públicos contratantes. O ensino superior e os cursos técnicos são procurados tanto por profissionais que já atuam no setor quanto por aqueles que buscam novas oportunidades na área. Mas será que as instituições estão preparadas para atender a essa demanda com qualidade e eficiência? A série de matérias sobre os principais cursos de geo do Brasil começou na edição 67 da revista MundoGEO. Nas edições anteriores, foram apresentadas tabelas e dados sobre as regiões Sul e Sudeste, além de perfis e a relação muitas vezes presente entre alta demanda e baixa oferta de profissionais capacitados. Confira agora a terceira parte da série sobre os principais cursos de geo do Brasil, abordando as regiões Norte e CentroOeste do país.

Centro-Oeste

Colabore! A próxima edição da Revista MundoGEO vai trazer os cursos da região Nordeste. Se você é aluno, docente ou profissional na área da geoinformação, ajude-nos a mapear os cursos de geo no Brasil. Envie suas dúvidas, comentários e sugestões para redacao@mundogeo. com e/ou jornalismo@ mundogeo.com.

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A pesquisa realizada pela revista MundoGEO constatou, na região, uma carência de cursos de graduação e técnicos na área da geoinformação. Entre as opções encontradas, a Geografia é a mais representativa, porém também foram encontradas algumas graduações em Geologia e Ciências Geoambientais e Geofísica. A formação em Engenharia Cartográfica não existe na região. No Mato Grosso do Sul foram encontradas quatro instituições, todas ofertando somente a graduação em Geografia. A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) oferta os cursos de Geografia nas modalidades Bacharelado e Licenciatura, além de cursos de pós-graduação em diversas sub-áreas. As duas contam com 50 vagas semestrais cada, ofertadas em períodos diferentes (Bacharelado pela manhã e Licenciatura à noite). O Departamento de Geografia da Universidade é ligado ao Instituto de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e conta, hoje, com 20 professores em seu quadro docente e mais de 200 estudantes de graduação, 50 de mestrado e outros 50 de especialização. A graduação em Geologia também é oferecida, no período integral, com 40 vagas anuais. A Universidade Estadual de Mato Grosso (UEMS) oferece o curso de Geografia em três campi, somente na modalidade Licenciatura. O objetivo é formar professores, com competência técnica, pedagógica e política, para atuar no ensino fundamental e médio. Segundo informações da Universidade, o curso de Campo Grande conta

com 50 vagas e foi implantado para atender a demanda por formação de professores na região, já que é o único curso público de Licenciatura em Geografia oferecido na capital do estado de Mato Grosso do Sul. No estado mais populoso da região Centro-Oeste, Goiás, a revista MundoGEO encontrou cinco instituições que ofertam cursos de geo, tendo predominância a graduação em Geografia. A Universidade Federal de Goiás (UFG) oferece Bacharelado e Licenciatura em Geografia, nas cidades de Goiânia, Jataí e Catalão. O Bacharelado possui habilitações em Análise Ambiental e em Planejamento Urbano e Regional. A primeira conta ainda com o curso de Ciências Geoambientais, que se propõe a formar profissionais que consigam compreender a natureza complexa e integrada dos processos ambientais, os quais devem ser observados em diferentes escalas e interpretados nas várias esferas que compõem o sistema terrestre, tendo como referência espacial a bacia hidrográfica. O curso de Ciências Geoambientais da UFG, oferecido na modalidade de Bacharelado e na forma presencial integral, está fundamentado em disciplinas básicas vinculadas, entre outras, às Geociências, Geografia, Ciências do Solo e Ecologia de Paisagens. No Distrito Federal foram encontradas quatro instituições que ofertam cursos de geo, a maioria concentrada na Universidade de Brasília (UnB), que conta com graduações em Geofísica, Geologia e Geografia, o último nas modalidades Bacharelado e Licenciatura e com possibilidade de graduação à distância. Para aprimorar a experiência dos alunos, a Universidade conta com o Instituto de Geociências, que oferece 13 laboratórios para o ensino e a pesquisa. Os principais utilizados pelos alunos de graduação são os de Petrografia, Geoprocessamento, Geoquímica, Geofísica Aplicada e o Observatório Sismológico. A graduação em Geofísica prepara o aluno para planejar e executar levantamentos geofísicos, realizar processamento, análise e interpretação de dados. É recomendável ter familiaridade com conceitos de Física, Matemática, Geologia e com sistemas computacionais. Segundo a Universidade, a demanda pelo profissional de Geofísica cresce ano a ano. Empresas do setor público e privado, em áreas como a indústria petrolífera, mineração, meio ambiente e geotecnia, oferecem boas oportunidades para quem quer seguir a carreira. A UnB oferece também a possibilidade de se graduar em Geografia na modalidade Licenciatura à distância, através do Programa Universidade Aberta do Brasil (UAB).


Região Norte A região do Brasil mais representativa espacialmente, segundo levantamento feito pela revista MundoGEO, possui 26 instituições que ofertam cursos de geo em suas sete unidades da federação, quase sempre por instituições públicas. Notou-se a carência de opções diversificadas, tais como graduações em Geologia e Engenharia Cartográfica, e também cursos técnicos, salvo o estado do Pará. A graduação em Geografia predomina na região. Entre as opções da região está o curso de Geografia na Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Inicialmente era ofertada somente a Licenciatura, pela manhã, e em 1992 criou-se o complemento de habilitação para Bacharelado, o único do estado. O curso dispõe de laboratórios de Geografia Física, Humana, Ensino de Geografia, Cartografia e Geoprocessamento, permitindo a formação de profissionais que possam compreender a dimensão espacial da sociedade e propor intervenções para melhoria da vida em sociedade e sua relação com o ambiente. Segundo Ricardo Nogueira, Coordenador do Curso de Graduação em Geografia, o mercado de trabalho para o profissional é, majoritariamente, a educação dos ensinos médio e fundamental, e com a ampliação de novas instituições de ensino superior no Estado do Amazonas, tanto públicas quanto privadas, oferecendo o curso de Geografia, ampliou-se a contratação deste profissional. “Somente a rede municipal de Manaus possui 500 escolas e, além da região contar com dos outros 61 municípios, é possível fazer o atendimento ao oeste do Pará e à ampla rede de escolas do estado do Amazonas”, afirmou. Em relação ao Bacharelado em Geografia, o professor informa que sua criação teve por objetivo cobrir uma lacuna no estado. “Com a questão

ecológica em alta e o surgimento de vários órgãos públicos voltados ao controle e a conservação dos recursos naturais, percebeu-se a necessidade deste profissional, que vem ocupando postos de trabalho em órgãos ambientais, gestão de unidades de conservação, trabalhando com análise ambiental, educação e mesmo a utilização de novas ferramentas tecnológicas para o mapeamento urbano e rural. Enfim, percebe-se também uma gradativa absorção deste profissional pelo terceiro setor: as organizações não-governamentais, voltadas, principalmente, para a questão ambiental”, completa. Voltado para a realidade Amazônica, o curso de Geografia da Ufam assume uma posição nodal nos debates sobre a região e reflete sobre as “diversas Amazônias”. É o que conta Diego Aguiar, estudante do 5º período do curso de Bacharelado em Geografia. “É um desafio a ser superado dia após dia. Imersos em tanta diversidade biológica e sociocultural, os geógrafos amazônidas cuidadosamente revelam a realidade multifacetada de uma região ainda desconhecida”. Para o aluno, os cursos de Geografia no Estado do Amazonas cumprem com o compromisso de capacitar bacharéis e licenciados na consolidação dos conhecimentos que abarquem as especificidades da região, por vezes ignorada por pesquisadores alheios à realidade regional. Diego compartilha ainda sua visão do mercado de trabalho: “Para geógrafos no Amazonas, o mercado encontra-se restrito aos cargos públicos, sendo que por vezes a concorrência com profissionais de outras áreas e a exigência de formação mais especializada dificulta a inserção do geógrafo recém-formado. Ainda assim, o mercado é carente de profissionais que tenham um olhar mais acurado para os problemas físicos e humanos, que a meu ver nunca deveriam ser dissociados”.

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Centro-Oeste

Cidade

Instituição

Graduação / Técnicos

Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

Geografia (bacharelado e licenciatura) Geografia (licenciatura)

Universidade Católica Dom Bosco - UCDB Faculdades Integradas de Naviraí - Finav Faculdade Anicuns

Geografia (licenciatura) Geografia (licenciatura) Geografia (licenciatura)

Universidade Estadual de Goiás - UEG

Geografia (licenciatura)

Universidade Federal de Goiás - UFG

Brasília Brasília

Faculdade Projeção Centro Universitário de Brasília Faculdades Integradas Upis

Geografia (bacharelado e licenciatura) | Ciências Geoambientais | Geografia EaD Geografia (licenciatura) Geografia (licenciatura) Geografia (licenciatura) Geografia (bacharelado e licenciatura) Geologia (bacharelado) Geografia (licenciatura) Geografia (licenciatura) Geografia (bacharelado e licenciatura) Geografia - EaD (licenciatura) | Geofísica | Geologia Geografia (licenciatura) Geografia (licenciatura e bacharelado) Estudos Sociais - Habilitação em Geografia

Cidade

Instituição

Graduação / Técnicos

Universidade Federal do Estado do Amapá - UNIFAP Faculdades Integradas de Ariquemes - FIAR Fundação Universidade Federal de Rondônia - UNIR

Geografia (bacharelado e licenciatura) Geografia (licenciatura) Geografia (bacharelado e licenciatura) | Arqueologia

Centro Universitário Claretiano - CEUCLAR

Geografia - EaD (licenciatura)

Três Lagoas, Nova Andradina Campo Grande, Glória de MS Dourados, Jardim Campo Grande Naviraí Anicuns Anápolis, Formosa, Goiás, Iporá, Itapuranga, Minaçu, Morrinhos, Pires do Rio, GO Porangatu, Quirinópolis Goiânia, Jataí, Catalão

MT

Aparecida de Goiânia Goiânia Juína Cuiabá

Faculdade Alfredo Nasser - Unifan Pontifícia Universidade Católica de Goiás Faculdades do Vale do Juruena

Cáceres Cuiabá

Universidade do Estado de Mato Grosso Universidade de Cuiabá

Brasília

Universidade de Brasília

Norte

DF Taguatinga

AP Macapá Ariquemes Porto Velho P Velho, São Miguel do RO Gorto uaporé, Ji-Paraná, Vilhena Rolim de Moura Ouro Preto do Oeste, Cacoal

AM Manaus RR Boa Vista Araguaína, Porto Nacional Colinas AC Rio Branco

TO

Belém

PA Santarém Belém 38

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Universidade Federal de Mato Grosso

Faculdade Rolim de Moura - Farol Universidade de Santo Amaro - UNISA Universidade do Estado do Amazonas - UEA Centro Universitário do Norte - Uninorte Universidade Federal do Amazonas - UFAM Universidade Estadual de Roraima - UERR Universidade Federal de Roraima - UFRR Universidade Federal do Tocantins - UFT Faculdade Integrada de Ensino Superior de Colinas Universidade Federal do Acre - UFAC Escola Superior da Amazônia - ESAMAZ Faculdade Integrada Brasil Amazônia - FIBRA Faculdades Integradas Ipiranga Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará - IFPA Universidade da Amazônia - UNAMA Universidade do Estado do Pará - UEPA Universidade Federal do Oeste do Pará - UFOPA

Geografia (licenciatura) Geografia - EaD (licenciatura) Tecnologia em Arqueologia | Geografia (licenciatura) Geografia presencial e EaD (licenciatura) Geografia (licenciatura e bacharelado) | Geologia Geografia (licenciatura) Geografia (bacharelado e licenciatura) | Geologia Geografia (bacharelado e licenciatura) Geografia (bacharelado e licenciatura) Geografia (bacharelado e licenciatura) Geografia com ênfase em Cartografia (bacharelado) Geografia (licenciatura) Geografia (licenciatura) Geografia presencial e EaD (licenciatura) | Técnico em Mineração | Técnico em Agrimensura | Técnico em Geodésia e Cartografia Geografia (licenciatura) Geografia (licenciatura) Geografia | Arqueologia | Geologia (licenciatura) G eografia (bacharelado e licenciatura) Universidade Federal do Pará - UFPA Geologia | Geofísica | Oceanografia Faculdade de Tecnologia e Desen. de Competências - FDC Tecnologia em Geoprocessamento


GEODIREITO

Por uma regulação cartográfica Cultura regulatória se avizinha à infraestrutura cartográfica

A

cartografia impressa é historicamente utilizada como fundamento jurídico das pretensões territoriais, incluindo as dos impérios marítimos. No século XXI, a cartografia deverá continuar a ser assim utilizada, mas agora como instrumento de regulação do território enquanto elemento de infraestrutura. Esta infraestrutura cartográfica tem obtido importância e relevância no Brasil e no exterior, a ponto de algumas instâncias internacionais a considerarem imprescindível em um futuro próximo. Previsões do Comitê Geoespacial da ONU estimam que, em dez anos, a informação geoespacial reproduzida por métodos cartográficos se tornará tão fundamental quanto a energia elétrica, e o governo será mais regulador e menos produtor de cartografia e de dados geoespaciais. Dada esta relevância, é necessário identificar o regime jurídico que passará a fundamentar a regulação desta infraestrutura. A Constituição Federal brasileira foi minuciosa ao dispor sobre a competência cartográfica. Está previsto que cabe à União organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional (art. 21, XV, CF), sendo privativo à mesma legislar sobre sistema estatístico, cartográfico e geológico (art. 22, XVIII, CF). Neste cenário, resta a questão central, que é identificar qual o órgão representante da União para exercer a competência constitucional de organizar e manter o serviço oficial de cartografia. Atualmente a infraestrutura cartográfica é gerida pela Comissão Nacional de Cartografia (Concar), órgão colegiado do Ministério do Planejamento. Em que pese a virtude de se ter uma entidade que reflita sobre a cartografia nacional, o fato é que o Concar não é um órgão apto a regular e fiscalizar, com estrutura jurídica própria que proporcione a eficácia de suas iniciativas. Na ausência de um único órgão que regule e fiscalize a cartografia, há atualmente uma espécie de proliferação de políticas públicas que

utilizam a cartografia como base de suas atividades. Como exemplo, além da responsabilidade do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de fixar precisão posicional do Sistema Geodésico Brasileiro para efeito de transação de propriedades rurais, temos o novo Código Florestal apontando 13 itens de repercussão cartográfica, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) elaborando um Sistema de Informações Geográficas Regulatório (SIG-R) e os municípios preparando cartas geotécnicas para inclusão nos planos diretores. Todas estas políticas usam a cartografia como instrumento de representação das áreas de atuação daqueles órgãos. Logo, é preciso se criar um órgão autárquico que estabeleça regras claras e funcione como maestro das iniciativas. Uma Agência Cartográfica, pautada pela criação de um Código Cartográfico, poderia ser o primeiro passo para aprimorar a governança setorial e aprofundar os esforços para se editar uma plataforma cartográfica una. Seria a grande oportunidade para desenvolver políticas públicas multissetoriais com base cartográfica robusta, bem como para redimensionar as profissões de engenheiro agrimensor, de engenheiro cartógrafo e de geógrafo para este novo enfoque. A cultura regulatória se avizinha à infraestrutura cartográfica, necessidade já percebida em outros segmentos da indústria e que possibilita individualizar direitos e deveres do governo, das empresas e dos cidadãos. Há um provérbio Chinês que diz que os pais sensíveis dão aos seus filhos raízes e asas. E também um mapa. A cartografia do século XXI é um pressuposto da Justiça, praticada na transação de propriedades, na proteção do meio ambiente, na gestão das cidades, bem como numa infinidade de situações que o Brasil apenas começou a descortinar e que, para tanto, precisará de um grande, estruturado e preciso mapa.

Luiz Antonio Ugeda Sanches Presidente do Instituto Geodireito (IGD) e sócio do Demarest & Almeida Advogados las@geodireito.com

Na ausência de um único órgão que regule e fiscalize a cartografia, há atualmente uma espécie de proliferação de políticas públicas que utilizam a cartografia como base de suas atividades 39


mapa sp Laser Scanner 3D

O papel dos Targets Saiba como usar alvos para aumentar a qualidade da união de cenas

Rovane Marcos de França Professor de geodésia e georreferenciamento do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC) e consultor da Vector Geo4D. Engenheiro civil, técnico em geomensura e Estradas. Experiência em levantamentos com laser scanner há três anos em várias aplicações, usando diversos softwares de processamento e modelagem de nuvem de pontos rovane@vector.agr.br

Na edição anterior vimos que o levantamento com LS3D Estático é composto por cenas, e estas, através de pontos em comum, devem ser unidas para compor uma única nuvem de pontos. Chamamos de Registro o processo em escritório para a união de cenas. É no registro que analisamos a qualidade da medição executada em campo, pois são apresentados os desvios padrões dos erros após o ajustamento das cenas. Para aumentar a qualidade no registro, nos pontos em comum ou nos pontos de referência utilizamos targets (alvos) que permitem medir o ponto com maior precisão. Estes targets podem ser de vários formatos, tamanhos e materiais.

Esféricos Permitem grande agilidade no posicionamento das cenas, pois podem ser medidos em direções totalmente opostas. Através dos pontos medidos na superfície esférica, é calculado o centro do target com grande precisão. Pode ser instalado sobre base nivelante, bastão ou base magnética. Não necessita seu direcionamento manualmente, pois qualquer posição da esfera será possível calcular o seu centro.

Planos

Para aumentar a qualidade no registro, nos pontos em comum ou nos pontos de referência utilizamos targets 40

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Elemento plano onde o centro do target é identificado pelo contraste entre as cores impressas. Pode ser instalado sobre base nivelante, bastão ou base magnética. Pode ser articulado tanto na horizontal como na vertical, permitindo maior flexibilidade para o direcionamento ao equipamento, porém o direcionamento deve ser manual. Alguns modelos possuem o centro com um microprisma identificável pelo LS3D, chegando a precisão similar ao modelo esfera.

Adesivos Similar ao target plano, porém impresso numa folha normalmente adesiva para ser colada numa superfície plana e lisa. Tem a limitação de não possuir articulação após ser colado, impedindo que seja escaneado de cenas opostas ou com inclinação muito grande em relação ao LS3D. No registro, o target tem somente dois estados: coordenado e não coordenado. Se ele é coordenado, servirá de referência para o ajuste da nuvem de pontos. Se ele é não coordenado, serve de amarração de uma cena com outra e portanto sofrerá ajuste juntamente com a nuvem de pontos. Quando os pontos coordenados forem demarcados sobre o solo (piquetes, marcos, pinos, etc) será necessário utilizar base nivelante ou bastão na vertical para que o target esteja na projeção do ponto. Neste caso, devemos informar a altura do target, pois o registro é essencialmente tridimensional. Para a amarração entre cenas, utiliza-se targets fixos temporariamente. Um target pode ser usado por várias cenas, onde somente então ele poderá ser removido. Para estes casos, os targets podem ser acoplados em bases magnéticas para fixação em elementos metálicos, mini-tripés para fixação no solo ou adesivados em superfícies planas. Sendo targets adesivos ou targets planos, mesmo que temporários, eles podem ainda ser medidos com estação total sem prisma para aumentar a qualidade do ajustamento e melhorar a precisão, diminuindo assim a quantidade de cenas no ajuste. A quantidade mínima de targets para efetuar o registro entre uma cena com pontos de referência ou duas cenas entre si, são de dois targets quando o LS3D possui compensador angular e três targets quando não possui ou este está desabilitado. Porém, quanto mais targets melhor, pois permitem que façamos simulações incluindo e excluindo os targets que melhor contribuem para o ajustamento, reduzindo assim os erros entre cenas. Com os targets bem distribuídos espacialmente, inclusive em altitudes, garantimos um registro consistente e de qualidade, que atenderá a precisão especificada pelo fabricante.


Revistas

MundoGEO#Connect 2013

5 mil cópias e 20 mil downloads por edição

Maior evento do setor na AmŽrica Latina, realizado anualmente em S‹o Paulo - Brasil www.mundogeoconnect.com

Ediç‹o anterior:

+ 3,350 participantes + 27 países

3

+ 70 marcas globais + 120 palestrantes

Redes Sociais

Webinars

+ 30 mil pessoas conectadas nas redes sociais

Seminários online para lançamento de produtos e atualização profissional

Mundogeo institucional + 1.000 participantes por evento

Por tal MundoGEO

Cursos Online

+ 100 mil visitas únicas por mês

Desenvolvimento de novos conhecimentos e atualização profissional

EM BREVE

Líder na América Latina em soluções integradas de mídia e comunicação no segmento de geotecnologias desde 1998

+ 100 mil PROFISSIONAIS CONECTADOS

(70% no Brasil e 30% em outros países da América Latina)


Laser Scanner

Lidar no Brasil Uso do sistema escaner a laser terrestre para pesquisas geológicas Fabiano Ferrari ferrari@ferraritopografia.com.br

Maurício Roberto Veronez veronez@unisinos.br

Francisco Manoel Wohnrath Tognoli ftognoli@unisinos.br

Leonardo Campos Inocêncio lcinocencio@unisinos.br

Paulo Sergio Gomes Paim ppaim@unisinos.br

Reginaldo Macedonio da Silva macedoniors@yahoo.com Programa de Pós-Graduação em Geologia, Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos)

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O

sistema Escaner a Laser Terrestre é uma tecnologia que permite a obtenção de dados tridimensionais (X, Y e Z) de nuvem de pontos, que podem ser georreferenciadas com o uso de Global Navigation Satellite System (GNSS), além de agregar informações de textura e cor em função de uma câmera fotográfica acoplada ao equipamento. Em função disso vem sendo difundida em diversos setores da sociedade. No Brasil, nas áreas de engenharia, cartografia e arquitetura, tal técnica já está bem consolidada (F. Ferrari et al., 2012). A utilização do Escaner a Laser Terrestre para Modelos Digitais de Afloramentos (MDA) tem sido introduzida recentemente em trabalhos de campo, para estudos geológicos e que ainda existem metodologias a serem definidas, devido a curto espaço de tempo de uso dessa ferramenta, que vem ganhando popularidade entre os geocientistas. É um método eficiente na obtenção de medidas com alta resolução de um afloramento, possibilitando observar no modelo gerado os níveis de contraste facilitando o processo de interpretação geológica.

Lidar para pesquisa geológica Pesquisas na área de modelagem de corpos geológicos utilizando produtos advindos de uma técnica Light Detection and Ranging (Lidar) vêm favorecendo a interpretação, comparação e quantificação de continuidades laterais, além de indicar direções de fluxos de sedimentos. Porém, neste estudo efetuado com o Escaner a Laser Terrestre modelo Ilris 3D, concluiu-se que algumas variáveis são importantes para a qualidade do trabalho. Para que se possa ter uma visão do afloramento baseado na nuvem de pontos é importante que, no momento do imageamento, a luz solar esteja incidindo diretamente sobre o objeto a ser trabalhado. Assim, podem-se evitar áreas com sombras ou pouca luz, pois a fotografia capturada pelo equipamento é de média resolução/qualidade (F. Ferrari et al., 2012). A área de estudo localiza-se no Brasil, no município de Caçapava do Sul, região central do Rio Grande do Sul, há aproximadamente 300 quilômetros de Porto Alegre (RS). O acesso a partir de Porto Alegre se dá pelas rodovias BR-290, BR-153 e RS-625, essa última próxima à localidade de Minas do Camaquã. A Rocha Pedra Pintada foi escolhida como objeto desse estudo em razão de sua excelente exposição. As faces íngremes e relativamente pouco vegetadas no seu entorno, a existência de áreas amplas próximas ao afloramento, a presença de estruturas sedimentares com dimensões métricas e a existência de superfícies estratigráficas nítidas foram os elementos principais considerados para o imageamento. O processo de imageamento integrado ao sistema GNSS foi realizado a partir da definição de um ponto de referência próximo ao afloramento, realizando seu transporte de coordenadas. Nesse ponto foi implantado um marco geodésico, que foi rastreado durante quatro horas com um equipamento de dupla frequência (L1, L2), modelo Leica 900. Para o transporte de coordenadas foram utilizados como pontos de controle as estações da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) das cidades de Santa Maria (Smar) e Porto Alegre (Poal). Esse ponto foi ajustado com o software LGO e serviu de apoio para a obtenção


das coordenadas geodésicas de sete estações utilizadas no imageamento da Pedra Pintada. As coordenadas UTM de todas as estações de imageamento foram obtidas com um nível de exatidão menor que 10 milímetros. A preocupação com o nível de exatidão na obtenção das coordenadas geodésicas é de suma importância no processo de imageamento, uma vez que o modelo 3D gerado proporcionará interpretações geológicas que poderão ser integradas com outros sensores remotos, e todos os dados integrados servirão para a geração de modelos geológicos tridimensionais (F. Ferrari et al., 2012). Utilizou-se para o escaneamento o Escaner a Laser Terrestre Optech, modelo Ilris 3D, instalado nos sete pontos da rede geodésica com duração de 40 minutos e com o tempo total de configuração e instalação de três horas cada estação. A resolução da nuvem de pontos foi de quatro centímetros, tendo assim o total de 17 milhões de pontos. As distâncias das estações de imageamento ao afloramento variaram de 170 a 320 metros.

Limpeza, alinhamento, georreferenciamento e triangulação O processamento da nuvem de pontos foi realizado em três etapas, utilizando-se os recursos dos aplicativos PolyWorks, Parser e Point Cloud, conforme descrito a seguir: limpeza, alinhamento, georreferenciamento e triangulação. O MDA da Pedra Pintada foi interpretado utilizando-se um aplicativo de plataforma CAD denominado Point Cloud Pro, desenvolvido exclusivamente para manipular nuvens com grande quantidade de pontos. Com o Point Cloud Pro foi possível segmentar o afloramento e demarcar feições geológicas identificadas de forma hierárquica. Nesse processo, utilizou-se a técnica de montagem para sobrepor uma imagem digital de alta resolução ao MDA. Essa montagem foi executada pelo próprio software e apresentado um relatório de precisão melhor que 0,2 metro. Os resultados obtidos na interpretação do MDA foram exportados em um formato que pode ser carregado e visualizado no aplicativo de modelagem geológica Gocad. A exportação do modelo para o Gocad foi executada através dos softwares 3D Reshaper,

CAD e conversor de arquivo vetorizados em pontos. Devido ao volume de dados em formato de nuvem de pontos, foi necessário exportar para o Gocad somente o modelo digital da rocha e posteriormente os vetores da interpretação no Point Cloud Pro. O Gocad não suportava o trabalho com nuvens de pontos e nem a junção da foto com a nuvem.

Vantagens do Lidar A grande vantagem de se utilizar o sistema Lidar para a geração de MDAs é a possibilidade de se ter um modelo virtual 3D com qualidade de visualização suficiente para a análise e interpretação geológica. Além disso, permite interpretar áreas inacessíveis do afloramento com a mesma qualidade visual das áreas onde o geólogo pode acessar durante um trabalho de campo. Por ser um modelo tridimensional gerado a partir de uma nuvem de pontos georreferenciada de alta densidade, é possível estabelecer medidas precisas, como altura, extensão, espessura de estratos sedimentares, orientação de planos, etc.. A possibilidade de movimentar (isto é, inclinar, rotacionar, etc.) o modelo tridimensional permite que a interpretação seja coerente e precisa, pois de forma rápida pode-se conferir a continuidade de superfícies que estão sendo interpretadas em diferentes faces de um mesmo afloramento ou de afloramentos diferentes em uma mesma região. Essa é uma vantagem que o trabalho de campo convencional não possibilita em razão da limitação do campo visual que o ser humano possui em relação à distância do objeto de estudo ou às distâncias entre diferentes pontos da região de estudo (F. Ferrari et al., 2012). O objetivo desse trabalho foi estabelecer procedimentos e métodos para a geração de MDAs a partir da utilização da técnica Lidar, que envolveram a aquisição de dados, seu processamento, visualização e interpretação de feições geológicas. Todos esses procedimentos foram integrados com dados do sistema GNSS, o que permitiu gerar um MDA georreferenciado.

Veja mais! Veja as referências bibliográficas na versão online deste artigo

l ecia p s oe oçã m pro

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ALTA ACURÁCIA

Diluição de Precisão no GNSS Saiba mais sobre o conceito de DOP no posicionamento preciso

N

João Francisco Galera Monico É graduado em engenharia cartográfica pela Universidade Estadual Paulista, com mestrado em ciências geodésicas pela Universidade Federal do Paraná e doutorado em engenharia de levantamentos e geodésia espacial pela Universidade de Nottingham. Professor e líder do Grupo de Estudo em Geodésia Espacial da Unesp. Autor do livro Posicionamento pelo GNSS galera@fct.unesp.br

Leituras adicionais Peter J.G. Teunissen and Dennis Odijk Ambiguity Dilution of Precision: Definition, Properties and Application. Delft Geodetic Computing Centre (LGR) Faculty of Geodesy Delft University of Technology The Netherlands. 1997. Moncio J F G Posicionamento pelo GNSS: Descrição Fundamentos e aplicações. Editora UNESP, 2008. 487p

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o posicionamento e navegação por GNSS é comum utilizar o conceito denominado Dilution of Precision (DOP), o qual foi muito utilizado no planejamento de missões de coleta de dados GPS. Detalhes podem ser obtidos em Monico (2008). Ele proporciona uma indicação da precisão dos resultados advindos do posicionamento por ponto simples. Essa precisão depende basicamente de dois fatores: Da precisão da observação de pseudodistância, expressa pelo erro equivalente do usuário (UERE: User Equivalent Range Error), que é associado ao desvio-padrão da observação (σr); e Da configuração geométrica dos satélites, obtidos pelos DOPs. A relação entre σr e o desvio-padrão associado ao posicionamento (σP), é descrita pela seguinte expressão:

σ P = DOPσ r

As seguintes designações são encontradas na literatura: σH = hdop σr para posicionamento horizontal; σV = vdop σr para posicionamento vertical; σP = pdop σr para posicionamento tridimensional; e σT = tdop σr para determinação de tempo. O efeito combinado de posição 3D e tempo é denominado GDOP, dado pela seguinte expressão:

GDOP = ( PDOP) 2 + (TDOP ) 2 A seleção adequada de valores de DOPs para a definição da janela de observação (período de coleta dos dados) não é mais crítica nos dias atuais, haja vista que, a partir do momento em que a constelação GPS tornou-se completa, em 8 de dezembro de 1993, os valores dos PDOPs passaram a ser relativamente baixos. Em geral, dispõe-se de um número de satélites maior que os quatro utilizados na definição de DOP, tal como mostrado na figura ao lado, e os valores são adequados para a maioria das aplicações. Nesta figura mostram-se duas situações:

levantamentos quando há possibilidade de ocorrer obstrução do sinal. A inclusão dessa informação nos programas de planejamento pode auxiliar na definição do intervalo de coleta de dados. Nas aplicações geodésicas, faz-se, em geral, o uso de posicionamento relativo, e nesse caso tem-se maior importância a análise do Relative DOP (RDOP), introduzido pelo Prof. Clyde C. Goad em 1988. Mais recentemente, foi introduzido pelo Prof. Teunissen e seu grupo, em 1997, o conceito de Ambiguity DOP (ADOP), ou seja, o DOP vinculado com as ambiguidades, o qual está relacionado com a capacidade de solução das ambiguidades GNSS, importante no RTK e RTK em Rede, bem como no PPP. Quanto menor o valor do ADOP, maior a probabilidade de se obter a solução das ambiguidades. A seguinte expressão proporciona seu valor:

ADOP = |Qâ| 1/(2n) O lado direito da expressão é dado pelo determinante da Matriz Variância e Covariância das ambiguidades antes da solução como número inteiro (número real) e n é o número de ambiguidades envolvidas. O resultado é dado em ciclos. Para o caso da segunda época de uma linha de base em que sete satélites foram observados, tal valor fica na ordem de 0,25 ciclos. Para solução instantânea das ambiguidades, esse valor deve ser reduzido para 0,13 ciclos. Para alcançar esse nível, os requisitos essenciais são: dispor de um bom modelo externo para correção dos efeitos da ionosfera, um número suficiente de satélites e maior número de frequências disponíveis. Dentro deste contexto, a boa notícia é a portadora L5 que estará presente no B loco IIF dos satélites GPS. Para os leitores interessados no assunto, comunicamos que um artigo com os detalhes envolvidos no ADOP, bem como alguns resultados preliminares, está sendo produzido e virá a público em breve.

(a) uma configuração que proporciona bom valor de PDOP; (b) uma configuração que proporciona PDOP ruim. Nas aplicações geodésicas, os valores DOPs são de menor importância, pois os receptores modernos são capazes de rastrear todos os satélites visíveis. No entanto, eles são úteis nas operações de planejamento dos

P PDOP bom (a)

P PDOP ruim (b)


Hexagon 1/2


cadastro

Comitê Permanente de Cadastro na Ibero America O Cadastro como base de dados fundamental para o desenvolvimento territorial

A

Marlon Aguilar Chaves Presidente do CPCI. Engenheiro topógrafo com graduação em geodésia e topografia pela Universidad Nacional, en Heredia, Costa Rica, e bacharel em topografia pela Universidad de Costa Rica San Pedro. Funcionário do Registro Nacional desde 1984. Professor da Escola de Engenharia Civil da Universidade Latina da Costa Rica m_aguil@yahoo.com

iniciativa de se criar o Comitê Permanente de Cadastro na Ibero America (CPCI) ocorreu em 2005, no Seminário Internacional Infraestruturas Cadastrais e Uso da Informação Cadastral para o Desenvolvimento Sustentável, organizado para comemorar o 25° aniversario do Departamento Administrativo de Cadastro de Bogotá, na Colômbia. Esse evento reuniu países como Argentina, Colômbia, Costa Rica, Chile, Equador, El Salvador, Espanha, Guatemala, Panamá, Peru, Uruguai e Venezuela, sendo manifestado o desejo dos presentes de se organizarem em um “fórum para troca de experiências, formar uma rede de excelência e suporte de trabalho de cooperação...” fundamentados nos princípios de “flexibilidade organizativa, participação aberta a todas as organizações cadastrais interessadas em nosso âmbito territorial...” O anseio acima mencionado foi incluído na Declaração de Bogotá, documento elaborado durante o seminário e assinado pelos participantes. Um dos temas abordados durante o evento e inserido nesse documento, é a sensibilização das autoridades dos países da Ibero América para que compreendam e apoiem da melhor maneira essa iniciativa de criação de um fórum, promovendo até onde seja possível, maiores níveis de formação e difusão. Entende-se que é um trabalho fundamental para o avanço de projetos cadastrais de grandes dimensões e que propiciará uma adequada gestão de recursos, os quais deverão ser administrados de maneira eficiente.

Missão O CPCI é uma associação que agrupa as instituições públicas cadastrais da Ibero América. Ao reconhecer a capacidade dos profissionais representantes das instituições cadastrais, o CPCI se dedica a servir como uma rede de excelência ao intercâmbio de informação, perícia, apoio tecnológico e melhores práticas entre seus membros e também a auxiliar outras instituições públicas ou privadas que requeiram informações sobre o tema cadastral para desempenhar suas atividades. Os fóruns virtuais são coordenados pelo Instituto Geográfico Agustín Codazzi (Igac), que tem também organizado a revista Data Cadastro desde 2007. O conteúdo dessa publicação é o resultado de um questionário dirigido aos países ibero americanos e procura destacar a importância do Cadastro na tomada de decisões para o desenvolvimento territorial. A primeira edição foi apresentada durante a segunda assembleia do CPCI em novembro de 2008. Desde então, já são três edições publicadas e a próxima está prevista para ser publicada no primeiro semestre de 2013.

A Criação

As atividades e atuações do CPCI podem ser consultadas através de sua página web www.catastrolatino. org, mantida pela Direção Geral de Cadastro da Espanha

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Durante a realização do XI Seminário sobre Cadastro Imobiliário, foi decidida a criação do CPCI e elaborado o Estatuto do Comitê, em 12 de maio de 2006, na cidade de Cartagena das Índias, Colômbia. Nesse documento foi manifestada a necessidade da criação de mecanismos para divulgar a importância do Cadastro para o desenvolvimento dos países, como também a criação de um elo permanente entre as organizações cadastrais na Ibero América, constituindo uma rede de informações nos países.

Membros Podem se tornar membros todas as instituições cadastrais que tenham a competência legal para criar e manter o cadastro a nível nacional, provincial, regional ou municipal. É importante citar que existem membros na qualidade de observadores, os quais podem ser instituições de âmbito público ou privado, sem fins lucrativos.


Comitê Diretivo Desde a sua origem, o Comitê foi liderado tanto por representantes do Cadastro da Espanha, o Igac da Colômbia e atualmente o Comitê Diretivo está constituído da seguinte maneira: Presidência - Costa Rica Registro Imobiliário Nacional Marlon Aguilar Chaves, Subdiretor Cadastral www.rnpdigital.go.cr Vice-Presidência - Colômbia Igac Iván Darío Gómez Guzmán, Diretor Geral www.igac.gov.co Vocal Europa - Espanha Direção Geral de Cadastro Cristina Planet Contreras, Adjunta à Diretora Geral www.catastro.meh.es Vocal América do Sul - Uruguai Direção Nacional de Cadastro Sylvia Amado Aparicio, Diretora www.catastro.gub.uy Vocal América Central – Panamá Autoridade Nacional de Administração de Terras Franklin Iván Oduber Burillo, Diretor Geral www.anati.gob.pa Como o CPCI não possui fundos próprios, o apoio de todas as instituições membros é fundamental, fazendo o melhor uso das diferentes experiências e conhecimentos que aportem cada um dos participantes.

Declarações do CPCI É importante esclarecer a existência de vários documentos, as declarações, que são emitidos no Comitê, durante as reuniões e assembleias e são disponibilizados através da página web www.catastrolatino.org. Declaração de Cadastro na Ibero América Em 12 de maio de 2006, também em Cartagena das Índias, é assinada a Declaração de Cadastro na Ibero America. Trata-se de um documento de suma importância, pois resume conceitos claros sobre os Cadastros na Ibero América. Reconhece a Declaração, que os cadastros encontram-se organizados em uma ampla variedade de organizações, no entanto para todos os casos entende-se como uma função pública e que não poderá ser objeto de apropriação ou comércio privado. Também são mencionados os distintos modelos cadastrais, enquanto alguns países têm desenvolvido um modelo relacionado ao Registro da Propriedade, com a função de incrementar o crescimento e a segurança do mercado imobiliário, outros têm dado maior ênfase na finalidade fiscal, de apoio às atividades agrárias ou de desenvolvimento de infraestruturas. Enfim, os Cadastros nos diferentes países podem ter distinta dependência orgânica e administrativa, diferentes objetivos e modelos de gestão, e apesar de tudo isto todos participam de um espírito comum. Essa Declaração define sete princípios fundamentais que, em forma resumida, se indicam a seguir: 1. O Cadastro como sistema de informação básica do território, resulta necessário para favorecer o desenvolvimento social. MundoGEO 69 | 2012

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2. O Cadastro tem como objetivo máximo a realização dos princípios de igualdade, de segurança e de justiça para todos os cidadãos Ibero Americanos. 3. O Cadastro se define como um registro sob a responsabilidade do setor público que não pode ser objeto de propriedade e nem de comércio privado. 4. Todos terão acesso à informação cadastral. 5. A unidade básica do Cadastro é o lote ou prédio. 6. Os dados descreverão sua natureza rural ou urbana, sua superfície, seus lindeiros, o valor ou os direitos e restrições legais. 7. A informação inscrita nos cadastros e nos registros da propriedade deverá estar adequadamente coordenada e conectada.

Ata de San Jose

Manifestamos nosso desejo de que esta mensagem seja utilizada por qualquer profissional que necessite justificar seus projetos cadastrais junto às instâncias políticas correspondentes 48

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Na V Reunião Anual, realizada em San Jose, Costa Rica, entre 26 a 30 de março de 2012, com a presença de 18 entidades cadastrais representadas em 13 países, o CPCI concorda: Em virtude dos avanços no tema e o protagonismo que a atividade cadastral está tendo na definição de políticas públicas na Ibero América, o CPCI põe em manifesto aos responsáveis pela tomada de decisões, que a informação cadastral e registral, como também os serviços disponibilizados pela instituições, são a base para a segurança jurídica e a correta aplicação de políticas relacionadas ao território. A garantia da segurança jurídica e a atualização econômica da propriedade são essenciais para o desenvolvimento equitativo dos países, sendo assim a conectividade entre cadastro e o registro deve ser um propósito, tendendo a manter os dados unificados e precisos. Também é particularmente importante o apoio prestado pelo Cadastro na proteção dos territórios de domínio público, mediante sua correta identificação e delimitação, como sua utilização em políticas do meio ambiente. Devido aos avanços tecnológicos e da adaptabilidade dos dados e serviços cadastrais nas ações de governo eletrônico, é possível divulgar e massificar seu uso, simplificando o acesso dos dados cadastrais aos usuários, em especial aos cidadãos. Com base no exposto, recomenda-se aos governos de cada país e aos governos provinciais, estaduais ou locais representados no

CPCI, a manutenção e um crescente esforço para fortalecer o cadastro como uma base de dados fundamental para o desenvolvimento de seus territórios.

Conclusão Na leitura da ata anterior, percebe-se a linguagem simples e clara, os conceitos que estamos expondo há algum tempo, como se mencionado na Declaração de 2005: “Buscar em nossos países que todas as autoridades compreendam e apoiem da melhor maneira possível o cumprimento de nosso propósito”. Manifestamos nosso desejo de que esta mensagem seja utilizada por qualquer profissional que necessite justificar seus projetos cadastrais junto às instâncias políticas correspondentes, mesmo que a instituição a que pertença não seja membro do CPCI. Manifestamos também nosso desejo de que mais instituições cadastrais se unam a este esforço que se realiza através do CPCI.

documentos consultados Estatutos del CPCI (Cartagena de Indias, Colombia, 2006) Declaración del Catastro en Iberoamérica (Cartagena de Indias, Colombia, 2006) Declaraciones del CPCI (Bogotá 2005, Cartagena 2009, Bogotá 2011) Acta de San José (San José, Costa Rica, 30 Marzo de 2012) Presentación Balance del CPCI, Dr. Iván Darío Gómez, Director del Instituto Geográfico Agustín Codazzi. (Cartagena de Indias, Colombia, 2009).

Agrademos à arquiteta Daniella Farias Scarassatti, da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano da Prefeitura Municipal de Campinas (SP), por sua colaboração nesta publicação.


Geoincra

Legislação Cadastral – Parte I Conceitos e dicas para o correto preenchimento da documentação O Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR), emitido pelo Incra, foi instituído pela Lei Federal 5.868 de 12/12/72, regulamentada pelo Decreto 72.106 de 18/04/73, que obriga todos os proprietários rurais, titulares do domínio útil ou possuidores a qualquer título, bem como os parceiros arrendatários e comodatários a se cadastrarem no Incra, onde após o cadastro o proprietário obterá o respectivo CCIR, documento indispensável para desmembrar, arrendar, hipotecar, vender ou prometer em venda o imóvel rural e para homologação de partilha amigável ou judicial “sucessão causa mortis”, de acordo com a Lei 4.947 de 06/04/66. É importantíssimo que todo profissional credenciado no Incra para executar trabalhos de georreferenciamento de imóvel rural em atendimento à Lei 10.267/01 tenha total conhecimento de toda essa legislação afeta, pois terá reflexos na apresentação final de seus trabalhos que serão certificados. Nesta edição daremos início à primeira etapa na série de três, onde orientaremos os profissionais credenciados a terem conhecimentos básicos sobre toda a legislação cadastral e alguns conceitos fundamentais para que o mesmo se qualifique a preencher corretamente os três formulários de coleta de dados do imóvel, os quais deverão fazer parte dos documentos necessários à Certificação exigida no Decreto 4.449/02 que regulamentou a Lei 10.267/01. Este é um serviço a mais que o profissional poderá oferecer ao proprietário que o contratou, visto que este formulário na maioria das vezes é preenchido erroneamente, onde os equívocos cometidos no ato do preenchimento podem ensejar a classificação irreal do imóvel, quanto à sua efetiva utilização (exploração) e produção (eficiência).

O que deve ser cadastrado - O imóvel rural: “prédio rústico de área contínua, qualquer que seja a sua localização, que se destine ou possa se destinar a exploração agrícola, pecuária, extrativa vegetal, florestal ou agro-industrial”, nos termos da Lei 8.629 de 25/02/93 e Estatuto da Terra – Lei 4.504 de 30/11/64. Em termos conceituais considera-se como um único imóvel, uma ou mais áreas confinantes, registradas ou não, pertencentes ao mesmo proprietário ou posseiro, na ocorrência destas hipóteses: estar situado total ou parcialmente em um ou mais municípios; estar situado total ou parcialmente em zona rural ou urbana; ter interrupções físicas tais como: cursos d’agua e estradas , desde que seja mantida a unidade econômica, ativa ou potencial. Quem deve cadastrar: As pessoas que mantém vinculação com o imóvel rural: proprietários, posseiros e detentores a qualquer título, bem como os parceiros, arrendatários, comodatários e usufrutuários. Proprietário: é a pessoa física ou jurídica que possui imóvel rural, válido e regularmente destacado do patrimônio público, registrado em seu nome no Registro Imobili-

ário. Detém o domínio pleno (direto e útil), assim conceituados: direto diz respeito ao direito de dispor do imóvel rural; útil diz respeito ao direito de utilizar ou usufruir do imóvel rural. Enfiteuta ou Foreiro: é a pessoa que possui o domínio útil do imóvel rural, através de constituição de um título de domínio, caracterizado como “Carta de Aforamento ou Enfiteuse”. Usufrutuário: é o titular do direito de usufruto de um bem imóvel rural, através de cessão ou reserva de usufruto, possuindo, usando, administrando e percebendo seus frutos, não podendo, entretanto, dispor do imóvel. Nu-proprietário: é a pessoa que detém o direito de dispor do imóvel rural (domínio direto), não podendo, entretanto, utilizá-lo ou usufruí-lo, visto que este direito ficou reservado ao usufrutuário (domínio útil). Posseiro a Justo Título: é a pessoa que exerce o direito de posse, que configura por um ato translativo de domínio, cujo título não foi ainda levado a registro imobiliário. Posseiro por simples ocupação: posseiros sem documentos de titulação, promitentes compradores que detém a posse e os titulares da posse oriunda de concessão de uso fornecida pelo Governo Federal, Estadual e Municipal. Quando o imóvel rural for explorado mediante arrendamento, parceria ou comodato caberá aos proprietários, titulares do domínio útil ou possuidores a qualquer título, apresentar ao Incra as declarações de cadastro de cada um dos arrendatários, parceiros ou comodatários, assim conceituados: arrendatário é a pessoa que explora imóvel rural, no todo ou em parte, mediante contrato escrito ou verbal, remunerando o proprietário, titular do domínio útil ou possuidor a qualquer título com valor pré-determinado; parceiro é a pessoa que explora o imóvel rural, no todo ou em parte, mediante contrato agrário escrito ou verbal, remunerando o proprietário, titular do domínio útil ou possuidor a qualquer título com um percentual da produção alcançada; comodatário é a pessoa que explora imóvel rural, no todo ou em parte, cedido pelo proprietário, titular do domínio útil ou possuidor a qualquer título de forma gratuita. Como utilizar os formulários: Existem três formulários, sendo dois destinados à coleta de dados referentes ao imóvel rural e um às informações sobre as pessoas e sua vinculação com o imóvel: Declaração para cadastro de imóveis rurais - dados pessoais e de relacionamento; Declaração para cadastro de imóveis rurais - estrutura; Declaração para cadastro de imóveis rurais - uso. Cabe esclarecer que a Norma de Execução 96/2010 do Incra não exige a apresentação dos formulários de cadastro rural entre os documentos obrigatórios para protocolar um processo de certificação em atendimentos à Lei 10.267/01, no entanto, no artigo segundo, parágrafo terceiro da própria Lei, a atualização cadastral será necessária e obrigatória sempre que ocorrer alteração na área do imóvel. Desta forma, recomendamos que apresente os formulários de cadastro corretamente preenchidos e assinados, para que o Incra proceda a devida atualização cadastral da área do imóvel, a qual foi modificada em função do georreferenciamento.

Roberto Tadeu Teixeira Engenheiro agrimensor, especialista em georreferenciamento de imóveis rurais, formado pela Feap, de Pirassununga (SP). Professor do curso de pós-graduação em georreferenciamento de imóveis rurais – disciplina “Normas e Legislação aplicada ao Georreferenciamento de Imóveis” da Universidade Regional de Blumenau (SC); Fundação Educacional de Fernandópolis (SP) e União Educacional do Norte, em Rio Branco (AC). Integrante da equipe técnica que elaborou a Norma de Georreferenciamento de Imóveis Rurais do Incra. Ministra o Curso Legeo na Universidade Santiago & Cintra robertotadeuteixeira@gmail.com

+Info www.incra.gov.br

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Geo em Itaipu

Geotecnologia e conhecimento a favor da sociedade Pesquisas do Parque Tecnológico de Itaipu são aplicadas dentro e fora da usina e contribuem para a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento regional Por Alexandre Scussel

Veja mais em http://ead.pti.org.br/wra

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aior usina hidrelétrica do mundo em geração de energia, a Itaipu é uma obra que encanta pela suas dimensões e pelos seus aspectos tecnológico e ambiental. Com uma potência instalada de 14 mil megawatts, a usina de Itaipu abastece o equivalente a 18,9% do consumo de energia elétrica do Brasil e cerca de 77,% de toda a energia consumida no Paraguai. Em 2003, a usina ampliou sua missão empresarial, visando executar ações que impulsionassem o desenvolvimento regional, econômico, turístico, tecnológico e sustentável em ambos os países. Nesse contexto foi criado o Parque Tecnológico Itaipu (PTI). Instalado nos antigos alojamentos dos operários que construíram a usina de Itaipu, o parque conta com uma área de 116 hectares. Neste ambiente, o PTI reúne ações em duas vertentes: desenvolvimento regional e retorno à Itaipu. Ao caminhar por alguns minutos em suas instalações, é possível perceber que o parque trabalha para promover avanços científicos e tecnológicos e, dessa forma, participar do desenvolvimento regional, atuando também no processo de modernização da usina.

Com espaço para formação, capacitação e incentivo à pesquisa, o PTI trabalha de forma integrada com instituições de ensino, recolhendo muitas vezes alunos para atuar junto ao Parque. As instituições instaladas no PTI são: Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Universidade Aberta do Brasil (UAB), Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e a Escola Técnica Aberta do Brasil (e-Tec). Assim, não é incomum observar muitos “rostos jovens” integrando o corpo de funcionários do PTI, sem renunciar o caráter responsável e comprometido com a inovação tecnológica.

Hidroinformática

Sendo uma binacional, um dos desafios do PTI é trabalhar em conjunto com laboratórios e pesquisadores localizados dos dois lados da usina. Através de equipes multidisciplinares, o parque transpõem muitas barreiras físicas e culturais. Um exemplo é o Centro Internacional de Hidroinformática (CIH), resultado de uma parceria entre a Itaipu Binacional e o Programa Hidrológico Internacional da Unesco. Visando promover o acesso universal à hidroinformática com o uso de softwares livres, o CIH trabalha em quatro áreas temáticas: gestão de bacias hidrográficas, modelagem hidrológica, plataforma web de gestão territorial e a plataforma Web Rádio Água (WRA). O Centro tem seu foco de atuação na América Latina e Caribe, mas desenvolve projetos para vários locais, inclusive na África, visando promover o acesso das pessoas à água, trabalhando a relação das pessoas com o meio ambiente e o entorno dos recursos hídricos, através do desenvolvimento de tecnologias para acesso à informação. Como base de território para os estudos o CIH utiliza a bacia Hidrográfica do Paraná III (área de abrangência da usina). O Centro promove o desenvolvimento por meio de três frentes de atuação: o Cadastro Técnico Multifinalitário (CTM), a plataforma interativa WRA e a comunidade brasileira do software livre gvSIG, que teve início através de uma iniciativa do CIH. A fim de disponibilizar e interpretar os dados coletados em pesquisas, como auxílio à tomada de decisão e modelagem hidrológica, o Centro faz uso de sistemas de informação. Para o processamento e estudo de dados, o CIH produz modelos hidrológicos, que demonstram o risco de ocorrência à seca, inundação e outros impactos, por exemplo. Para permitir o acesso e compartilhamento a estas informações, por parte da sociedade, o Centro possui ferramentas como a WRA.

Plataforma unificada

O uso e desenvolvimento de sistemas de geoprocessamento pelo CIH se dá, principalmente, pelo software livre gvSIG, para a produção de material cartográfico. Segundo Rafael de Aguiar Gonzalez, engenheiro ambiental do PTI, “o gvSIG atende as necessidades do Centro para a geração de dados cartográficos, sendo compatível com padrões internacionais do OGC e com projetos

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gerados pela Usina, esta que por sua vez utiliza o software ArcGIS”. Para processar e disponibilizar os dados gerados pelo corpo de engenheiros do PTI, o Centro utiliza como ferramenta padrão o gvSIG e também outros, como o QuantumGIS, para fazer validações e verificações. O CIH, conforme afirma Marcos Roque da Rosa, utiliza a plataforma Java para o desenvolvimento de sistemas para web, banco de dados PostgreSQL e extensão PostGIS. “Estamos agora com um projeto que irá unificar todas informações geográficas em uma base de dados centralizada. Vemos, atualmente, várias organizações tentando fazer esta plataforma unificada. É um grande desafio categorizar tantas classes de informações”, afirma o analista de sistemas. O Centro de Hidroinformática, como afirma Gonzalez, trabalha através de parcerias com empresas e instituições para o desenvolvimento da inovação tecnológica, por se tratar de um programa do PTI que não visa o lucro. Além disso, o CIH ministra regularmente cursos de atualização, dentre eles de manuseio do gvSIG. Dentre as plataformas de cadastro técnico que o CIH vêm desenvolvendo, hoje, está o Sistema Gestor de Energias Renováveis, que possibilita a integração entre geração e consumo de energia elétrica por meio da visualização geográfica e a emissão de relatórios do potencial energético dessas fontes. Outro exemplo é o Sistema de Qualidade de Plantio Direto na Palha, que possibilitará o cadastro, cálculo de indicadores e visualização geográfica de informações e parâmetros das propriedades, classificando-as em relação à qualidade do plantio. Outro projeto em desenvolvimento pelo CIH é o Sistema Informações de Energias Renováveis para América Latina e Caribe, que irá ampliar a base de informações energéticas da Organização Latino-Americana do Desenvolvimento Energético (Olade). O sistema proporcionará a visualização dessas informações, de cada país, georreferenciadas através de mapas interativos.

Segurança de barragens

O Parque Tecnológico de Itaipu conta com um Centro de Estudos Avançados em Segurança de Barragens (Ceasb), que desenvolve pesquisas e atende às demandas da Itaipu Binacional. Paralelo a isso, o Ceasb também proporciona o desenvolvimento técnico-científico da região, por meio de pesquisas realizadas por universidades, parceiros e pelo meio técnico da Itaipu Binacional. São pesquisas que têm como base os dados técnicos da Usina, relacionados com o comportamento das estruturas da barragem e seus respectivos materiais. Tais estruturas e materiais são modelados e simulados, utilizando parâmetros resultantes da instrumentação. Assim como outros setores do PTI, o Centro também busca, nas universidades parceiras, novos profissionais

para compor seu quadro de pesquisadores, em diferentes linhas de pesquisa, como modelagem 3D, simulação, robótica, sustentabilidade em UHE, métodos numéricos aplicados a engenharia, monitoramento estrutural, concreto, instrumentação, geotecnia, base de dados, realidade aumentada e cadastro. O Ceasb conta atualmente com 75 bolsistas. Na linha de modelagem 3D, com o aporte de softwares específicos, tais como Ansys e SolidWorks, o Ceasb produz projetos de simulação em 3D, capazes de auxiliar no monitoramento de barragens, identificando fissuras, por exemplo. A realização de modelos em 3D é um projeto que está sendo implementando atualmente, e que visa modernizar o arquivo técnico da usina - feito manualmente em 2D durante a construção da barragem - facilitando o acesso a essas informações e o trabalho de manutenção e operação, com um arquivo técnico digital disponível na rede. Outra linha de pesquisa desenvolvida pelo Centro é o cadastro de barragens, realizado através de uma parceria com o Comitê Brasileiro de Barragens (CBDB). No sistema web, que já se encontra disponível para associados do CBDB, pode ser feito o cadastro de todas as barragens do Brasil. O sistema conta com informações referentes a dados da barragem da usina, tais como produção de energia, localização, altura, entre outras. Para a linha de pesquisa que trata de geotecnia, o Ceasb utiliza o ArcGIS e também o Grass e o Spring. Já na linha de pesquisa sobre realidade aumentada, atualmente o Centro vem desenvolvendo projetos que visam auxiliar no treinamento e o trabalho de funcionários, durante inspeções e manutenções. Segundo engenheiro do Ceasb, “quando o funcionário for realizar a manutenção da barragem, ao focar seu tablet nos instrumentos, todas as informações coletadas serão mostradas e armazenadas em seu banco de dados”.

Saiba mais! www.pti.org.br www.hidroinformatica.org

Sustentabilidade e comprometimento social

Muitos dos projetos desenvolvidos pelo Parque Tecnológico de Itaipu são voltados para a utilização e desenvolvimento de energias renováveis, em especial com resíduos sólidos rurais e urbanos. Para disseminar o uso de tais energias, o PTI conta com a Plataforma Itaipu de Energias Renováveis (Pier), que visa demonstrar a viabilidade técnica, econômica e ambiental do uso de fontes renováveis de energia. A plataforma atua na criação de novas oportunidades de negócios e busca proporcionar autonomia energética para os setores agropecuário e agroindustrial da região oeste do Paraná, paralelamente a um processo de saneamento ambiental. Ao desenvolver a metodologia da Pier, a Itaipu atua como articuladora de diferentes atores econômicos e sociais, como instituições de ensino e pesquisa, associações e cooperativas, empresas e governos.

Veja mais em www.plataformaitaipu. org

l ecia p s oe oçã m pro

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intergeo


IDE#Connect | Infraestruturas de Dados Espaciais | Gerenciamento da Informação Geoespacial |

ve nto O Intergeo, e o para a d a lt o v l a n io internac formação, in o e g a d ia r t indús erritorial t o ã t s e g e geodésia almente u n a e c e t n o c que a em 2012 , a h n a m le A na gramação o r p a u s m e terá ncia da a 1ª Conferê e Dados d a r u t u r t s e Infra a (Inspire) p o r u E a d is Espacia


IDE#connect

Intergeo reúne especialistas da Inspire Especialistas falam sobre infraestruturas de dados espaciais e gerenciamento da geoinformação

O

Intergeo, evento internacional voltado para a indústria da geoinformação, geodésia e gestão territorial, acontece anualmente na Alemanha. Em 2012, em sua 18ª edição, a conferência vai acontecer na cidade de Hannover, de 9 a 11 de outubro, e terá em sua programação a 1ª Conferência da Infraestrutura de Dados Espaciais da Europa (Inspire). A Inspire é uma iniciativa fundamental para o desenvolvimento da geoinformação da infraestrutura de dados espaciais na Europa. Segundo o Dr. Andreas Wytzisk, da empresa alemã Con terra, o foco agora está mudando cada vez mais do fornecimento de dados para a utilização de dados. Em

OGC tem novo diretor para as Américas O Consórcio Geoespacial Aberto (OGC, na sigla em inglês) anunciou recentemente que Trevor Taylor é o novo diretor de serviços para as Américas. Trevor tem mais de 24 anos de experiência no setor privado na comunidade internacional de Observação da Terra. Com formação em Geografia (Universidade de Carleton, Canadá), trabalhou com a Dipix Technologies, Interra Tecnologias (agora InterMap) e, nos últimos 18 anos, junto à PCI Geomatics, onde seu último cargo foi diretor de desenvolvimento de negócios com foco na América do Sul e Central. Taylor tem experiência global em uma grande variedade de serviços técnicos, atuando com clientes, projetos, negócios e em atividades de planejamento estratégico. Taylor foi a ponte de negócios entre a PCI Geomatics e o OGC durante a última década, representando os interesses de ambas as partes, particularmente na América do Sul, Índia, China e Europa Ocidental.

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sua opinião, é também crucial, para governos, que administrações regionais e autoridades locais cheguem a um acordo em determinadas condições de licença para o uso de dados serviços. Segundo a organização do evento, este cenário será uma das principais discussões da Conferência Inspire no Intergeo, que irá focar não só nas vantagens, mas também no potencial de mercado e casos de sucesso de melhores práticas. Uma explicação de geoestratégia nacional será formulada ao final da conferência.

Info

www.intergeo.de/en

Especialista do IBGE explica como usar metadados O MundoGEO#Connect LatinAmerica 2012, maior evento de geotecnologias da América Latina, realizado de 29 a 31 de maio em São Paulo (SP), trouxe vários profissionais e representantes de empresas e instituições para debater temas de interesse da comunidade geoespacial. A equipe MundoGEO cobriu todo o evento, entrevistando palestrantes, expositores e visitantes. A série de vídeos sobre o MundoGEO#Connect traz uma entrevista exclusiva com Rafael Lopes da Silva, Supervisor de Mapoteca Digital na Gerência de Infraestrutura de Dados da Coordenação de Cartografia da Diretoria de Geociências do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Veja como o especialista explica o conceito de metadados, apontando suas características, utilização e disponibilização junto à Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (Inde).

Info http://youtu.be/uiYXPi95F0M


Exército promove cursos de geotecnologias A Diretoria de Serviço Geográfico (DSG) do Exército Brasileiro possui uma grade regular de cursos voltados para a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (Inde), aquisição e tratamento de dados geoespaciais, entre outros temas. Em 2012, a DSG está com inscrições abertas para nove cursos, tais como Introdução às Especificações Técnicas do Mapeamento Sistemático Terrestre da Inde, Metodologia de Aquisição de Dados Geoespaciais, Metodologia de Tratamento e Edição de Dados Geoespaciais, entre outros. Com duração de 40 horas, todos os cursos serão realizados em Brasília (DF), no Centro de Imagens e Informações Geográficas do Exército (CIGEx). Para mais informações e inscrições, acesse a página de cursos da Diretoria de Serviço Geográfico em http://ning.it/OD3OVi.

Concar realiza evento sobre a Inde A Presidência da Comissão Nacional de Cartografia (Concar), por intermédio da Secretária de Planejamento e Investimentos Estratégicos, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, realiza a Primeira Jornada Inde Academia, de 24 a 26 de setembro no Auditório da Escola Nacional de Administração Pública, em Brasília (DF). O objetivo do evento é ampliar a cooperação entre a academia, gestores de políticas públicas e as instâncias de coordenação da Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (Inde), permitindo um avanço nos debates sobre as atividades de ensino, desenvolvimento, pesquisa e inovação em temáticas associadas à inserção da dimensão territorial na gestão de políticas públicas, num contexto de desenvolvimento e aperfeiçoamento da Inde. A expectativa é que o evento em foco permita uma aproximação entre as demandas dos gestores públicos por captar a dimensão territorial no planejamento público e a visão da academia, identificando oportunidades de ampliação e diversificação de suas linhas de pesquisa em temáticas de interesse para a consolidação da Inde como plataforma governamental para o monitoramento e avaliação das políticas públicas.

Info

Cathalac lança visor geográfico para Mesoamérica e Caribe O Centro de Água do Trópico Úmido para a América Latina e Caribe (Cathalac) lança o PortalGIS, uma nova ferramenta para apoio à Mesoamérica e Caribe sobre questões de meio ambiente, risco de desastres e mudanças climáticas. O PortalGIS é um sistema web amigável de informação geográfica que, através de um portal interativo, oferece dados temáticos visuais, aplicáveis às diferentes necessidades regionais, compartilhando informações geoespaciais disponíveis através da web para toda a comunidade da região. Esta ferramenta permite aos usuários visualizar e compartilhar informações geoespaciais sem a necessidade de software especializado. Apoiado por uma infraestrutura robusta interna, que garante aos usuários a disponibilidade, confiabilidade dos processos, bem como navegação do site de forma mais fácil e eficaz, o PortalGIS oferece aos usuários um conjunto de ferramentas que ajudam a realizar várias análises e estudos, desde consultar estatísticas populacionais, visualizar o número e localização dos incêndios, até a delimitação interativa de bacias hidrográficas nacionais e das fronteiras. Fonte: Informativo IDE-LAC

Info

http://portalgis.cathalac.org/cathalac/maps

diagnóstico 2012 das ides nas américas Em sua nona Reunião Plenária, o Grupo de Planejamento GTplan do Comitê Permanente para Infraestrutura de Dados Geoespaciais das Américas (CP-IDEA) apresentou o “Diagnóstico sobre temas relevantes da gestão de informação geoespacial e desenvolvimento das Infraestruturas de Dados Espaciais (IDE) nos países das Américas”. Esta nova publicação encontra-se disponível em http://ning.it/OBWrYC.

www.concar.ibge.gov.br MundoGEO 66 | 2012

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quem é quem A revista MundoGEO dá continuidade à série iniciada na edição 66 e mostra a você quem são os profissionais de destaque do setor de geotecnologia na América Latina.

M arksuel X avier Bastos

Ramón Morales Zúñiga Sales Account Manager - Trimble Navigation. Santiago, Chile. Formado em Engenharia de Geomensura pela Universidade de Santiago do Chile, Mestre em Ciências Geodésicas pela Universidade Federal do Paraná. Já trabalhou na Finning Chile, diretor de tecnologia a bordo de maquinaria para mineração.

Tata L acale C anal

Channel Sales Manager - GeoEye Brasil. Rio de Janeiro (RJ) Brasil. Formado em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com Mestrado em Geoinformatics pelo ITC, Holanda. Já trabalhou na Space Imaging Brasil e Digibase.

Engenheiro de Geodésia – Petrobras. Rio das Ostras (RJ) Brasil. Formado em Engenharia Cartográfica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Já trabalhou no Comando da Aeronáutica.

Patrícia Procópio

Coordenadora de Geoinformação – Vale. Belo Horizonte (MG) Brasil. Formada em Geologia com Especialização em Geoprocessamento.

Roberto Varela

Regional Sales Manager South America – DigitalGlobe. São Paulo (SP) Brasil. Formado em Engenharia Eletrônica pela Universidade São Judas Tadeu e pós graduado em Gestão de TI pela Faculdade de Informática e Administração Paulista. Já trabalho na Bentley, Elucid Solution e Sisgraph.

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Pedro F. Figoli

CEO – Geofusion. São Paulo (SP) Brasil. Graduado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Já trabalhou no Banco Nacional e KFC.

Tomás Donda

Gerente de Serviços – Aeroterra. Buenos Aires, Argentina. Formado em Análise de Sistemas e Técnico Eletromecânico. Já trabalhou na IBM.


trimble

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ONLINE As seguintes empresas, presentes no Portal MundoGEO, convidam-no para visitar seus sites com informação atualizada sobre negócios, produtos e serviços. Para participar desta seção, entre em contato pelo email comercial@ mundogeo.com ou ligue +55 (41) 3338-7789 Alezi Teodolini

Bandeira

CPE Tecnologia

www.aleziteodolini.com

www.abandeira.com

www.cpetecnologia.com.br

Embratop

Furtado, Schmidt

Geoposition

www.embratop.com.br

furtadonet.com/lojavirtual

www.geoposition.com.br

Geosoft

Imagem

Labgis Extensão

www.geosoft.com

www.img.com.br

www.labgis.uerj.br/extensao

Runco

Santiago & Cintra Consultoria

Santiago & Cintra Geotecnologias

www.runco.com.ar

ww.santiagoecintraconsultoria.com.br

www.santiagoecintra.com.br

Sight GPS

Tecnosat

Space Imaging

www.sightgps.com.br

www.tecnosatbr.com

www.spaceimaging.com.br

Engesat

Autodesk

Senac

www.engesat.com.br

www.autodesk.com.br

www.sp.senac.br

Índice de Anunciantes Anunciante

Página

AMS Kepler

19

CPE Tecnologia

15

Furtado Schmidt

5 | 31

Garmin

61

Geoambiente

21

Embratop

59

Hexagon

45 | 63

HXR

21

Imagem

13

Intergeo

52

Space Imaging

37

Techgeo

23

Trimble

57

58

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embratop


MundoGEO#Connect

MundoGEO#Connect 2013 apresenta 24 desafios à comunidade de geotecnologia

Feira

Evento apresenta temas que vão inspirar os cursos, seminários e fóruns previstos para 2013. Comunidade do setor pode colaborar enviando ideias e propondo soluções a estes desafios do encontro, que acontece em junho de 2013 em São Paulo (SP) O MundoGEO#Connect LatinAmerica 2013, maior e mais importante evento do setor de soluções geoespaciais na América Latina, que se realizará de 18 a 20 de junho em São Paulo (SP), já conta com um novo site exclusivo sobre o encontro. Os interessados no evento podem visualizar melhor fotos, vídeos, notícias, depoimentos, e também interagir colaborando na construção dos conteúdos. Acesse o site em http://mundogeoconnect.com. Entre os destaques desta nova plataforma está uma área dedicada aos “desafios” que o evento propõe debater, baseados no tema “Novas ideias, grandes soluções”. A partir das ideias recebidas de toda a comunidade de geotecnologia, os conteúdos dos cursos, seminários e fóruns serão elaborados. Conheça os 24 desafios propostos pelo evento: • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •

Mineração & GIS 3D Distribuição de Dados Geoespaciais Diversidade das Soluções Aerotransportadas Lei de Acesso à Informação ROI das Informações Geográficas Soluções Geoespaciais na América Latina Agência Nacional de Cartografia Produtividade da Automação Topográfica Obras de Infraestrutura Óleo & Gás em Terra e Águas Profundas Serviços de Localização Imagens de Satélite Geomarketing na Prática GIS Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs) Qualidade de Dados Geoespaciais Profissional de Geo do Século 21 Infraestruturas de Dados Espaciais Soluções Geoespaciais para Gestão Pública e Privada Valor da Informação Geográfica Inteligente Cidades Geoinovadoras Mapeamento Colaborativo Cadastro Técnico Multifinalitário Georreferenciamento de Imóveis Rurais

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MundoGEO 69 | 2012

A visitação da feira é gratuita para profissionais do setor, mediante credenciamento com antecedência. Desta forma, você evitará filas pois sua credencial estará a disposição nos terminais de auto-atendimento e na secretaria do evento.

Esta fase de coleta de informações se encerra no final de outubro, já que em novembro a grade preliminar do MundoGEO#Connect LatinAmerica 2013 deverá ser definida e lançada no site do evento. Para enviar suas ideias para os desafios propostos, acesse: http://mundogeoconnect.com/2013/cat/desafios.

+Info http://mundogeoconnect.com connect@mundogeo.com http://twitter.com/mundogeo www.facebook.com/mundogeoconnect 41 3338 7789 | 11 4063 8848


garmin


GUIA DE EMPRESAS O Guia MundoGEO é a lista mais completa do Brasil de empresas do setor de geotecnologias, divididas em prestadoras de serviços e fornecedoras de produtos e equipamentos. Acesse www.mundogeo.com/empresa e saiba mais.

EMPRESA

SITE

CIDADE

SERVIÇOS Mapeamento

Aerocarta S.A.

www.aerocarta.com.br

São Paulo (SP)

Dados

Aerogeo

www.aerogeo.com.br

Porto Alegre (RS)

www.aeromapa.com.br

Curitiba (PR)

Aerosat

www.aerosat.com.br

Curitiba (PR)

Alezi Teodolini

www.aleziteodolini.com.br

São Paulo (SP)

Allcomp

www.allcompgps.com.br

Porto Alegre (RS)

AMS Kepler

www.amskepler.com

Rio de Janeiro (RJ)

Autodesk

www.autodesk.com.br

São Paulo (SP)

PRODUTOS Outros

Aeromapa

Georreferenciamento

• •

• •

Base

www.baseaerofoto.com.br

São Paulo (SP)

www.cpeltda.com.br

Belo Horizonte (MG)

Embratop

www.embratop.com.br

São Paulo (SP)

www.engefoto.com

Curitiba (PR)

Softwares

• •

CPE Tecnologia Engefoto

Equipamentos

• •

• •

Engemap

www.engemap.com.br

Assis (SP)

Engesat

www.engesat.com.br

Curitiba (PR)

Fototerra

www.fototerra.com.br

São Paulo (SP)

Funcate

www.funcate.org.br

São José dos Campos (SP)

• •

Geoambiente

www.geoambiente.com.br

São José dos Campos (SP)

Geofusion

www.geofusion.com.br

São Paulo (SP)

• •

• •

Geograph

www.geograph.com.br

São Paulo (SP)

GeoHorizonte

www.geohorizonte.com.br

Belo Horizonte (MG)

Geojá

www.geoja.com.br

São Paulo (SP)

Geomat

www.geomat.com.br

Belo Horizonte (MG)

GeoPed

www.geoped.com.br

João Pessoa (PB)

GlobalGeo

www.globalgeo.com.br

Rio de Janeiro (RJ)

HGT

www.geoexpert.com.br

Belo Horizonte (MG)

Hiparc

www.hiparc.com.br

Belo Horizonte (MG)

• •

HXR

www.hxrtophid.com.br

São Luís (MA)

IPNET Soluções

www.ipnetsolucoes.com.br

Rio de Janeiro (RJ)

K2 Sistemas

www.k2sistemas.com.br

Rio de Janeiro (RJ)

• •

Medral

www.medral.com.br

São Paulo (SP)

MemoCAD

www.memocad.com.br

Belo Horizonte (MG)

NIP SA

www.nipdobrasil.com.br

Vitória (ES)

NorteGeo

nortegeo.net

Castanhal (PA)

OpenGeo

www.opengeo.com.br

Rio de Janeiro (RJ)

Orbisat

www.orbisat.com.br

São José dos Campos (SP)

• •

• •

• •

www.rcrequipamentos.com.br

Ribeirão Preto (SP)

www.sisgraph.com.br

São Paulo (SP)

www.softmapping.com.br

Curitiba (PR)

www.solsoft.com.br

Matão (SP)

• •

Space Imaging

www.spaceimaging.com.br

Rio de Janeiro (RJ)

SPGEO Sistemas

www.spgeosistemas.com.br

São Carlos (SP)

Telepazio Brasil

www.telepazio.com.br

Rio de Janeiro (RJ)

Terravision

www.terravisiongeo.com.br

Nova Lima (MG)

www.threetek.com.br

Rio de Janeiro (RJ)

Topocart

www.topocart.com.br

Brasilia (DF)

Topomapa

www.topomapa.com.br

Ourinhos (SP)

VirtualCAD

www.virtualcad.com.br

Belo Horizonte (MG)

• •

Threetek

RCR Softmapping

Sisgraph Solution Softwares

• •

• •

• •

• • •

Inclua sua empresa no guia online do Portal MundoGEO e na tabela acima | Informações: (41) 3338 7789 | comercial@mundogeo.com | @mundogeo

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hexagon 2/2


SEMINÁRIOS presencial e online

Participe do novo projeto da MundoGEO! Você pode optar por estar presente nos seminários em São Paulo ou acompanhar o evento a distância, ao vivo, pela internet. Em ambos os casos, você poderá interagir com os palestrantes. Quem estiver presente também terá a oportunidade de visitar as exposições exclusivas de equipamentos, softwares e serviços paralelas aos seminários.

VANTS (VEÍCULOS AÉREOS NÃO TRIPULADOS) Confira as questões sobre regulamentação e oportunidades neste mercado, além das características e aplicações dos diversos tipos de VANTs com sensores para mapeamento, nas áreas de meio ambiente, florestal, agricultura, infraestrutura, gestão territorial, entre outras. mundogeo.com/seminarios/vants

Participe deste evento que irá abordar as principais tendências relacionadas aos sistemas para tomada de decisão, fontes de dados geográficos e socioeconômicos, além da avaliação do custo e benefício de investimentos na área de inteligência geográfica para empresas de vários tipos e portes. mundogeo.com/webinar/geomarketingnapratica

GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS (apenas online) Saiba mais sobre as questões atuais da legislação e normas técnicas necessárias à aprovação dos projetos junto ao Incra e aos cartórios de Registro de Imóveis. Especialistas ligados ao Incra, cartórios, profissionais e empresas que executam esses trabalhos debaterão vários casos práticos de levantamentos e aprovação de projetos. mundogeo.com/webinar/gir

Contato: seminario@mundogeo.com • (11) 4063 8848 • (41) 3338 7789 Mais informações: mundogeo.com/seminarios

outubro 9h às 17h

29 de

novembro

GEOMARKETING NA PRÁTICA (apenas online)

Bourbon Convention Ibirapuera Av. Ibirapuera, 2927 - Moema São Paulo - SP

25 de

9h às 17h

6 de

dezembro 9h às 17h

I N V E S T I M E NTO seminário presencial

R $ 3 45,00

seminário online

R $ 99,00


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