Revista Mundogeo74

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Estamos lançando uma nova plataforma de cursos online, que foram elaborados por especialistas para atender profissionais e estudantes que buscam aperfeiçoar e atualizar seus conhecimentos ou adquirir novas habilidades. Conheça as novas opções!


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INTRODUÇÃO AOS SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS (8 horas) Práticas com ArcGIS ou Quantum GIS Neste curso você verá conceitos básicos e aplicações de GIS, além de aprender na prática como gerar seus primeiros mapas

MUNDOGEO.COM/CURSOS


SUMÁRIO

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Entrevista

Diego Erba: Latin America & the Caribbean – Lincoln Institute of Land Policy

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GeoQuality

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Pregões

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TI+GEO

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Certificação de Imóveis

Latitude

O fator humano: da Universidade para o Mercado

+Trends

A cartografia do futuro e o futuro da cartografia

Passo a Passo

Por dentro do Google Earth – Parte 5

Inteligência territorial para a gestão estratégica no agronegócio – Parte 2

Uma ameaça à engenharia!

A representação do complexo mundo real pelos nossos limitados olhos

Novos rumos para o georreferenciamento de imóveis rurais no Brasil

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Capa

15 Desafios da Geomática no Brasil: veja o que precisa mudar nas áreas de educação, legislação, políticas públicas, inovação e relações de mercado


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GeoIncra

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Educação a Distância

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GeoCertificação

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Geomarketing

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Laser Scanner 3D

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Quem é Quem

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Alta Acurácia

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IDE#Connect

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Uma nova realidade no cadastro fundiário no Brasil e no registro de imóveis

Sigef: fim de uma novela ou começo de mais um capítulo?

A nuvem de pontos em arquivo

Projeto contribui para a Geodésia, estudos atmosféricos e agricultura de precisão

Os fatos e as dúvidas que ainda existem sobre cursos online

O uso de inteligência geográfica para o setor florestal

Conheça os profissionais de destaque na América Latina no setor de geo

Fique por dentro das Infraestruturas de Dados Espaciais

Cadastro

Imposto Predial e Cadastro Urbano

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Editorial Web Seção do Leitor Navegando

Acesse artigos complementares na revista online

Lançamentos VANTs & Drones

www.mundogeo.com

Location Intelligence MundoGEO#Connect OnLine Guia de Empresas

Colaboraram nesta edição: Arlete Meneguette, Claudio A. Spadotto, Daniella Farias Sacarassatti, Edgardo Javier Ramírez, Fábio Pagliosa Ulkowski, Heliomar Vascocelos, João Francisco Galera Monico, José Augusto Sapienza Ramos, Kilder José Barbosa, Margarete Maria José Oliveira, Miguel Pedro da Silva Neto, Oscar Oséias Oliveira, Roberto Tadeu Teixeira, Rovane Marcos França, Silvana Camboim, Thiago Marra, Valther Xavier Aguiar, Wilson Holler


EDITORIAL

15 (Geo)Desafios

EDUARDO FREITAS Engenheiro cartógrafo, técnico em edificações e mestrando em C&SIG Editor da revista MundoGEO eduardo@mundogeo.com

O ritmo de evolução das tecnologias geoespaciais é alucinante, os profissionais estão cada vez mais conectados, a quantidade dos dados geográficos – o famoso big data – não para de crescer, mas ainda existem alguns entraves que atrasam o desenvolvimento do setor. Seja pela falta de legislação clara e atualizada, poucos recursos para investimento em projetos e inovação, falhas na formação e atualização dos profissionais, o mercado carece de mudanças – drásticas em alguns casos, pontuais em outros. Em uma pesquisa realizada recentemente pelo MundoGEO, a comunidade de geotecnologia apontou a relevância entre 15 itens propostos, mostrando alguns dos possíveis caminhos a seguir. Confira na matéria de capa os resultados da pesquisa e a opinião de pessoas chave do setor.

3ª Norma e Sigef O Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) apresentou, no dia 23 de agosto, a terceira edição da Norma Técnica de Georreferenciamento de Imóveis Rurais, seus manuais e ainda demonstrou os novos métodos de certificação e as funcionalidades inseridas no Sistema de Gestão Fundiária (Sigef). A partir de agora, o processo de certificação de imóveis rurais passará a ser feito de forma automa-

tizada, por meio do Sigef, que é um sistema online criado pra enviar, recepcionar, validar, organizar e disponibilizar dados georreferenciados dos imóveis rurais. O novo sistema é capaz de analisar a sobreposição com o cadastro georreferenciado do Incra e gerar a planta e memorial descritivo de forma automática. Veja mais sobre a nova edição da norma técnica nos artigos das páginas 46, 50 e 52.

Nova coluna: TI+GEO Esta edição inaugura uma nova coluna sobre dois “mundos” que têm cada vez mais interfaces entre si: a Tecnologia da Informação e as Geotecnologias. O autor é José Augusto Sapienza Ramos, professor do Departamento de Geologia Aplicada da Faculdade de Geologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com formação na área de Engenharia e Ciência da Computação, atuando há mais de 12 anos na área de Geotecnologias com pesquisa, ensino e consultoria. Boas vindas!

Diretor e Publisher | Emerson Zanon Granemann | emerson@mundogeo.com Editor | Eduardo Freitas | eduardo@mundogeo.com Assessor Editorial | Alexandre Scussel | redacao@mundogeo.com Estagiário | Ivan Leonardi | jornalismo@mundogeo.com Gerente de TI | Guilherme Vinícius Vieira | guilherme@mundogeo.com Comercial | Jarbas Raichert Neto | jarbas@mundogeo.com Marketing | Bruno Born | marketing@mundogeo.com Relações Internacionais | Rodrigo Ruibal | parceria@mundogeo.com Atendimento e assinaturas | Thalita Nishimura | atendimento@mundogeo.com Administração | Eloísa Stoffel Eisfeld Rosa | financeiro@mundogeo.com Projeto Gráfico e Editoração | O2 Design | o2@o2comunicacao.com.br CTP e Impressão | Maxigráfica MundoGEO www.mundogeo.com | Fone/Fax (41) 3338-7789 Rua Doutor Nelson Lins d’Albuquerque, 110 - Bom Retiro Curitiba – PR – Brasil – 80520-430 Todas as edições da Revista MundoGEO estão online no Portal MundoGEO. O material publicado nesta revista só poderá ser reproduzido com autorização expressa dos autores e da MundoGEO Ltda. Todas as marcas citadas nesta publicação pertencem aos respectivos fabricantes. O conteúdo dos anúncios veiculados é de responsabilidade dos anunciantes. A editora não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. Edições avulsas da Revista MundoGEO estão disponíveis para compra no Portal MundoGEO.

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Revista MundoGEO Publicação bimestral - ano 15 - Nº 74

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ENTREVISTA

Diego Erba Latin America & the Caribbean – Lincoln Institute of Land Policy

E

ngenheiro agrimensor pela Universidade Nacional de Rosario, Argentina. Pós-doutor em GIS pela Universidade de Shiga, Japão, e Clark University no Projeto Idrisi. Desde 2004 atua no Instituto Lincoln de Políticas de Solo, onde gerencia a área de educação a distância e conduz pesquisas e publicações em tópicos relacionados com cadastro territorial e GIS. Atualmente é membro do Grupo de Trabalho em Cadastro 3D na Comissão 7 da Federação Internacional de Agrimensores (FIG), e consultor para a Millenium Challenge Corporation em Cabo Verde. MundoGEO: O que é o Lincoln Institute of Land Policy, como é sua estrutura e quais são os objetivos do instituto para promover a difusão do Cadastro? Diego Erba: O Instituto Lincoln de Políticas de Solo (www.lincolninst.edu) é uma organização educacional sem fins lucrativos estabelecida em 1974. Sua mis-

Foto: Daniel Franco

A incerteza na informação territorial na América Latina é produto de sua história, o que tem trazido consigo apropriações indevidas de terras por métodos ilegais e ilegítimos

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são é estudar e ensinar sobre as políticas de solo e os impostos territoriais. Os objetivos do Instituto são integrar teoria e prática para contribuir a definir melhores políticas de solo e compartilhar conhecimentos acerca das forças multidisciplinares que influenciam nas políticas públicas. Inspirado pelas ideias de Henry George, economista político e filósofo social norte-americano do século XIX, autor do livro Progress and Poverty (Progresso e Miséria), o Lincoln introduz sua forma de pensar e ideias no debate contemporâneo de políticas de solo e tributação para avançar até uma sociedade mais equitativa e produtiva. O trabalho do Instituto está organizado em três departamentos: Avaliação e Tributação, Planejamento e Desenvolvimento, e Estudos Internacionais. Dentro deste último está incluído o Programa para a América Latina e Caribe, que visa melhorar a qualidade do debate e aumentar a conscientização sobre questões críticas da política pública, convocando gestores de políticas e cidadãos com diversas experiências e talentos. Também promove estudos, o intercambio de ideias e trabalha visando uma compreensão mais abrangente das complexidades da política de terras e de tributos. O Instituto não adota um ponto de vista particular, mas serve como um catalisador para facilitar a análise e discussão destas questões, a fim de fazer a diferença hoje e ajudar os tomadores de decisão sobre as políticas públicas do amanhã. Na área cadastral em particular, as atividades são projetadas para trazer acadêmicos, administradores, legisladores e técnicos para analisar as realidades e discutir as tendências que podem ser incorporadas. É notório que a grande maioria dos cadastros territoriais latinoamericanos ainda está estruturado sob o modelo ortodoxo (econômico, físico e jurídico), o que é insuficiente para a definição de políticas de solo urbano. As instituições não evoluíram de acordo com as necessidades dos planejadores, economistas e juristas urbanos e, como resultado, a maior parte das cidades não conhecem a si próprias, o planejamento urbano é improvisado, a política fiscal é injusta e a implementação de outros instrumentos de financiamento é, na prática, uma utopia. Este cenário , embora generalizado, não é hegemônico. Entre as mais de


16 mil jurisdições administrativas da região, existem exemplos de cadastro territoriais completos e atualizados, que apoiam efetivamente o desenvolvimento urbano de forma compatível com a economia, o meio ambiente e as expectativas da sociedade. A situação econômica é resultado, basicamente, de uma visão sobre o cadastro territorial excessicamente fiscalista, da falta de reconhecimento da informalidade urbana nas bases de dados e de mapas cadastrais, e da carencia de profissionais bem preparados para a manutenção dos dados (técnicos de cadastro) e para o uso da informação cadastral (planejadores e desenvolvedores). Para promover as discussões na área cadastral, o Programa para América Latina apoia congressos e seminários, desenvolve cursos presenciais e a distância, dá suporte a pesquisas e publicações. A maioria das atividades se desenvolve em alianças institucionais com entidades de classe, acadêmicas e políticas, existindo um amplo espectro de possibilidades e procedimentos desburocratizados. MG: Quais são os programas do Instituto para a região da América Latina e Caribe? DE: Desde 1993, o Programa para América Latina e Caribe tem ampliado e consolidado sua presença na região latinoamericana mediante seu apoio a eventos educativos de capacitação, pesquisa e difusão de informação e conhecimentos em temas relacionados com políticas de solo. O público chave está composto por tomadores de decisão, assessores e técnicos de alto nível, incluindo legisladores e oficiais executores de políticas, assim como também acadêmicos e profissionais de entidades civis. Os esforços do Programa são apoiados por redes locais de profissionais experts, que ajudam o Instituto a detectar temas chave no debate, identificar contrapartidas e parceiros, convocar audiências apropriadas, investigar temas críticos, e desenvolver materiais pedagógicos relevantes que complementem nosso programa de estudos base. • Recuperação de Ganhos: tem foco nos aspectos legais, econômicos e administrativos relacionados com mobilização direta ou indireta dos incrementos de valor do solo como instrumento para promover o desenvolvimento urbano e beneficiar a comunidade em geral. • Tributação Imobiliária, Avaliação e Cadastros: O esforço é concentrado nos impostos que incidem

direta ou indiretamenta sobre o valor do solo, na concepção e o manejo adequado dos cadastros e sistema de informação territorial, e na avaliação dos métodos para promover maior equidade e eficiência na tributação imobiliária. • Projetos de Re-desenvolvimento Urbano em Grande Escala: Promove-se o estudo, nestas operações, dos aspectos urbanísticos, seus conteúdos sociais e econômicos e seus efeitos sobre o uso do solo de forma generalizada, e sobre os mercado do solo em particular. Também são consideradas as negociações entre agentes e o desafio da inclusão social inerentes a estes projetos. • Informalidade: São discutidas as conexões entre os mercados de solo formais e informais e os conteúdos e impactos urbanos dos programas de regularização do pertencimento e melhoramento urbanístico de assentamentos populares. • Análises de Mercados de Solo Urbano: São apresentadas as ferramentas, técnicas e métodos adequados para a análise empírica da terra em suas menifestações gerais e particulares nas cidades latinoamericanas, e para a interpretação dos atributos específicos, referentes à complexidade e dinâmicas dos mercados de solo urbanos formais e informais. • Dimensão Jurídica das Políticas de Solo: São examinados os fundamentos jurídicos das instituições e legislações, assim como as políticas de solo e seus instrumentos de intervenção pública. É dada uma atenção especial para a incidência das prerrogativas do direito da propriedade do solo e sua relação com a regulação pública do solo. MG: Quais são os principais desafios, hoje, para os gestores do Cadastro nas cidades? DE: A incerteza na informação territorial na América Latina é produto de sua história, o que tem trazido consigo apropriações indevidas de terras por métodos ilegais e ilegítimos (como a grilagem de títulos, no Brasil) e apropriação injusta de rendas de solo (por falta de captura de ganhos, por falta de coleta de contribuição de valorização e por falta de definição de uma política tributária equitativa). Parte da responsabilidade recai sobre as instituições que administram a informação, ou seja, sobre o cadastro territorial. A dispersão dos dados econômicos, físicos, jurídicos, ambientais e sociais a nível de parcela, dentre diferentes instituições, tem

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inviabilizado o desenvolvimento de análise espaciais que possam ser cruzadas para gerar informações chave para o desenvolvimento de políticas públicas. Há várias formas de sair desta espiral descendente: pode-se seguir estratégias bem sucedidas na região que organizaram cadastros territoriais realmente orientados ao desenvolvimento urbano integral, ou pode-se desenvolver novas, de forma criativa, sempre sob o conceito catalizador de padronização e compartilhamento de dados. Os cadastros municipais devem sistematizar sua informação, ainda que seja em formato analógico, para ingressarem, quando possível, em ambiente digital. Embora a incorporação da tecnologia não seja uma solução definitiva, tendo em conta que a reestruturação de um cadastro territorial é uma decisão política, a sua absorção constrói pontes para atender os objetivos levantados pela administração local. A implementação gradual de Sistemas de Informação Geográfica (GIS) nas cidades com bases de dados cadastrais, mesmo que eles estejam estruturados sob o modelo ortodoxo, permite sistematizar informações, desenvolver planos e definir políticas de proteção ambiental e financiamento urbano mais eficientes. Em resumo, entre os desafios dos administradores, podemos destacar: a necessidade de estruturar e atualizar as bases de dados dos aspectos econômico (valorização dos terrenos e elaboração dos mapas de valor), físicos (forma e dimensões das parcelas) e jurídicos (conectando as bases cadastrais aos registros de imóveis). Uma vez que isto seja realizado, se deve entrar no ambiente digital, através de softwares livres ou, no Brasil, adotando o pacote oferecido pelo Ministério das Cidades de forma gratuita, para saltar a aplicativos comerciais, uma vez que haja cultura de manejo da informação geográfica. Imediatamente, ou de forma paralela, começam a se relacionar com outras intituições locais, regionais ou federais que trabalham com dados territoriais, estabelecendo alianças interinstitucionais para dar um caráter multifinalitário ao cadastro, sem que o município altere nada em sua instituição cadastral. MG: Como os municípios com poucos recursos podem obter um Cadastro Técnico Multifina-litário? DE: Se os recursos humanos e/ou financeiros são escassos, uma alternativa é formar cooperativas municipais ou outro tipo de alianças estratégicas com seus vizinhos, ou com outros municípios que, ainda que distantes, tenham problemas similares. O Manual para a implementação das Diretrizes para a Criação, Instituição e Atualização do Cadastro Territorial Multifinalitário nos Municípios Brasileiros, que produzimos

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junto ao Ministério das Cidades, e está disponível na internet de forma gratuita, tem um capítulo específico dedicado a este assunto. MG: As bases de dados 3D serão o futuro do Cadastro Multifinalitário? DE: Certamente, mas é importante iniciar a resposta dizendo que não considero que sua estruturação deva ser uma prioridade para os administradores latinoamericanos, nem hoje nem nos próximos anos. Não pretendo com esta afirmação desestimular o desenvolvimento de iniciativas destinadas a investigar ou a implementar projetos piloto neste campo, mas o afirmo porque evidentemente há outras premissas mais básicas para os catastros latinoamericanos. Neste sentido, é importante recordar que começamos a falar de Cadastro Territorial Multifinalitário na América Latina faz quase 20 anos em publicações e eventos científicos, mas as primeiras legislações contemplando estes termos (ou pelo menos seu espirito) surgiram há somente 7 ou 8 anos. A implementação está ainda no começo, mas não tenho dúvidas de que seguirá firme, pois é evidente que grande parte dos técnicos que trabalham nos cadastros da região estão convencidos dos benefícios do modelo. Fazendo um paralelo deste processo com o que pode acontecer com os cadastros 3D, creio que se tivermos protótipos funcionando integralmente nos próximos cinco anos na região, será um avanço conceitual acelerado. Sem os aspectos do cadatro ortodoxo bem ajustados, pensar em implementar um cadastro 3D é uma utopia. Analisando somente os aspectos físicos do cadastro, as propriedades passarão a ser representadas através de objetos 3D e não mais de polígonos. Para os administrar, será essencial atrabalhar com GIS e bases de dados sejam capazes de manusar os dados no espaço. A gestão de objetos 3D inicial muda a representação, mas será necessário realizar análises em 3D, como por exemplo fazer a intersecção de edifícios virtuais - antes que comecem a ser construídos – com os cones de aproximação de um aeroporto, e determinar assim as alturas máximas que serão autorizadas. Felizmente, aplicativos comerciais evoluíram na questão geométrica e já contam com algumas destas capacidades. Insisto que não estamos falando em criar bases de dados referentes aos volumes dos edifícios em 3D somente, mas sim de bases espaciais que permitam representar, por exemplo, restrições ao direito de propriedade que tem efeito sobre o espaço, tanto em cima quanto embaixo da superfície terrestre. Um cadastro 3D deve permitir representar e calcular os impactos econômicos da Concessão Onerosa do Direito


de Construir, as operações urbanas interligadas e tantos outros intrumentos de financiamento que podem aplicados nas cidades. Os custos envolvidos na aplicação de geotecnologias para levantamento e representação 3D serão insignificantes em comparação com os benefícios adicionais que a população urbana terá, por exemplo, ao definir planos urbanísticos de forma participativa, visualizando claramente, além das mudanças físicas, a redistribuição dos direitos e as alterações no valor do solo do espaço urbano. Na América Latina em particular, os espaços formais e informais das cidades estão, aos poucos, sendo construídos em entornos virtuais em 3D. Há várias iniciativas que poderam ser capitalizadas em um cadastro completo 3D em diferentes jurisdicições. Sua descrição e correlação, através de publicações e conferências, contribuirão para difundir as ideias espaciais e abrirão novas oportunidades para as implementações de cadastros 3D. MG: Quais são as atividades de educação (seminários, cursos, etc.) do Lincoln Institute para a difusão do Cadastro? Quem pode acessar tais atividades? DE: Os cursos (presenciais e a distância), conferên-

cias, seminários e oficinas são desenhados para capacitar os atores públicos e privados de alto nível sobre os temas centrais nos quais o Instituto Lincoln concentra seu trabalho na América Latina. Para acessá-los é necessário registrar-se no site www.lincolninst.edu e, a partir disto, o interessado passa a receber informação sobre tudo o que fazemos na América Latina e Caribe e, além disso, pode acessar as publicações (em sua grande maioria gratuita) e multimídia. A participação nos cursos é por seleção baseada em uma postulação realizada através do próprio site. Os critérios de seleção são especificamente definidos para cada evento; porém, sempre se busca a diversidade de profissões e representatividade geográfica. Os seminários, conferências e oficinas normalmente são de participação aberta. O Programa atua em educação a distância (EAD) desde 2004. A oferta é ampla e tem como finalidade oferecer alternativas para aqueles interessados em temas relacionados com a política de solo urbano que não tenham a oportunidade de participar em outros programas educacionais. Os cursos são gratuitos e se oferecem em duas modalidades: abertos (audio-classes e mini-cursos de auto-estudo) e moderados.

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LATITUDE

O fator humano

Da Universidade para o Mercado

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Emerson Zanon Granemann Engenheiro cartógrafo, diretor e publisher do MundoGEO emerson@mundogeo.com

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ndo direto ao ponto: precisamos urgentemente preparar melhor os profissionais do futuro para atuar na cadeia produtiva e usuária do setor de geomática no Brasil. Apesar dos avanços, notamos uma distância considerável entre a formação e as demandas do mercado. Apesar de parecer uma questão complexa, comento algumas ações relativamente simples que podem acelerar esta integração entre formação universitária e ingresso na vida profissional. Como primeiro passo, pode-se criar uma ponte permanente de comunicação entre as universidades e o mercado. Sabe-se que a atualização curricular precisa ser amplamente discutida, mas geralmente ela é demorada. Um atalho que pode ajudar é estabelecer uma agenda de reuniões entre os professores, usuários e empresas privadas. Notam-se algumas iniciativas de profissionais sendo convidados para fazer palestras aos estudantes ou visitarem as instituições. Mas isto só não basta. O que falta são os responsáveis pelo ensino participarem mais, pois são eles - e não os estudantes - que têm mais força para promover mudanças que permitam alinhar os conteúdos com os avanços das geotecnologias e com as reais necessidades dos futuros contratantes, públicos ou privados. Outro passo é a universidade propor temas para

pesquisas mais alinhados com o que o mercado necessita. Claro que é importante o setor acadêmico pensar no futuro, mas é também essencial que os trabalhos acadêmicos possam apontar alguns caminhos inovadores para soluções de problemas atuais. Por fim, o terceiro passo é a participação mais efetiva das universidades (alunos e professores) em eventos, não só necessariamente acadêmicos e científicos. Para os alunos é importante perceber o mercado como ele é, e não só imaginá-lo como é descrito dentro da vida acadêmica. E para os professores é fundamental entender as demandas e ajustar melhor a sintonia das disciplinas. Afinal, para que serve o ensino se não preparar os futuros profissionais para atuar com eficiência, eficácia e com visão inovadora que os inspire a construir um mundo melhor. Neste desafio, cada um tem que fazer a sua parte: indústria, usuários, instituições, universidades e os profissionais. Para colaborar nesta aproximação, a MundoGEO criou o evento mundogeoXperience, que acontecerá de 6 a 9 de maio em São Paulo (SP), em paralelo à quarta edição do evento MundoGEO#Connect. Nele estão previstas várias atividades especialmente projetadas para estimular esta aproximação, como o GEO Hackhatom e o GEO Academia.



WEB

A TV MundoGEO vem com tudo! Você já acessou os últimos vídeos com os destaques da semana no setor de geo ou já viu as entrevistas mais recentes? Sim? Então você deve ter percebido que agora a MundoGEO tem um estúdio próprio para a produção constante de conteúdo áudio-visual. Sendo a MundoGEO uma plataforma para conexão entre a comunidade de geomática e soluções geoespaciais, os vídeos vêm complementar os canais de conteúdo, que já contam com o portal, a revista, os webinars, os cursos online e o evento MundoGEO#Connect LatinAmerica.

Você sabia?

O GeoConnectPeople é baseado no Ning, uma plataforma online que permite a criação de redes sociais individualizadas. Fundado em outubro de 2005 por Marc Andreessen - criador do browser Netscape - e Gina Bianchini, a palavra “ning” significa “paz” em chinês. Cada usuário pode criar a sua própria rede social e aderir a redes de usuários que compartilhem os mesmos interesses.

Integrações sociais

O Ning é totalmente integrado às redes sociais. O acesso de membros pode ser feito via Facebook, Twitter, LinkedIn, Google e mais. Além disso, pode-se facilmente agregar vídeos do Youtube, Vimeo e similares à rede. As atividades dentro do GeoConnectPeople podem ser sincronizadas e postadas em tempo real no Facebook, Twitter, RSS, etc..

Destaques

Toda sexta-feira vai ao ar um programa com aproximadamente cinco minutos no qual é comentado um assunto de maior destaque durante a semana, além dos outros temas importantes, a agenda com os próximos eventos e as mensagens dos leitores.

VANTs & Drones

Conheça a rede social DIYDrones.com, baseada no Ning, que tem como tema principal os VANTs e Drones. Criada em 2007 por Chris Anderson, esta rede tem como slogan “O local certo para veículos aéreos não tripulados” e o principal marco foi a criação, pela própria comunidade, do primeiro piloto automático universal do mundo.

Entrevistas

A TV MundoGEO conta também com entrevistas - com cerca de 15 minutos cada - feitas com profissionais de destaque no setor de geotecnologia. Dentre eles, já foram entrevistados Valther Aguiar (Esteio) e Silvana Camboim (UFPR). Acesse o canal e veja os bate-papos mais recentes.

MundoGEO Café

Esta série conta com os comentários de Emerson Zanon Granemann, diretor e publisher da MundoGEO, sobre alguns temas estruturais na área de geo, além de provocações sobre o que deve mudar para que o mercado cresça de forma mais sustentável. Acesse a TV MundoGEO em www.youtube. com/mundogeo e conecte-se!

Crie sua própria rede!

Você mesmo pode criar e manter uma rede social baseada no Ning. Acesse www.ning.com e veja como!

Semana de Webinars teve 7 mil inscritos O MundoGEO realizou de 9 a 13 de setembro a Semana de Webinars MundoGEO, em parceria com empresas e instituições do setor de geotecnologias, reunindo 7.125 inscritos de 37 países, sendo a maioria da América Latina. Com duração aproximada de uma hora cada, os webinars promoveram um período de interação, pois, além de saber mais sobre geotecnologias, os participantes puderam enviar comentários e questões diretamente aos palestrantes. Os materiais dos cinco seminários online (PDF e vídeo) serão disponibilizados em www.mundogeo.com/webinar, no hotsite de cada evento. Os participantes também receberam certificados digitais individuais, através do email informado no momento da inscrição. Para mais informações sobre webinars, entre em contato através do email mundogeo@mundogeo.com.

+Lidas Setembro IBGE abre concurso público com 300 vagas MMA abre inscrições para curso de Comitê de Bacias Hidrográficas Georreferenciamento de imóveis não será exigido em alguns casos 16

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Agosto Incra apresenta 3ª edição da Norma de Georreferenciamento Petrobras abre inscrições para Programa de Estágio MundoGEO começa a oferecer cursos online de geotecnologias



SEÇÃO DO LEITOR OPINIÃO Participei do MundoGEO#Connect em São Paulo. A partir daí, fiz a assinatura da revista e, paralelamente, estou participando dos webinars, que por sinal parabenizo a todos pelo conteúdo e pela dinâmica dos palestrantes. José Carlos Soares | São Paulo (SP)

Gostaria de parabenizar a MundoGEO pelo webinar VANTs - Mercado e Regulamentação. A sequência das apresentações ficou muito boa, abordando assuntos das várias camadas que envolvem os trabalhos com VANTs.

Breno Augusto da S. Amaral | Goiânia (GO) El webinar sobre Geoprocesamiento con gvSIG estuvo muy interesante. Espero que sigan programando webinars así de completos. Mis más sinceras felicitaciones por la organización.

Muito obrigado pelo pronto atendimento da publicação de nossa oportunidade. Recebemos uma grande quantidade de contatos com interesse na vaga, o que demonstra a grande repercussão do portal MundoGEO. Rodrigo Colleone | Curitiba (PR)

Francisco Castillo | México

WEBINARS

Tenho participado dos webinars pelo celular e sempre recebo emails informando que eu nao participei. Vejo essa situação como inconveniente e um problema no gerenciamento da plataforma utilizada para as webinars.

Muchas gracias por la gentil comunicación, predispocisión, receptividad y envío de los certificados de webinars. El propósito es difundir estas actividades que propone MundoGEO entre los profesionales del Instituto Nacional de Tecnología Agropecuaria (INTA) en Argentina y otros profesionales de países limítrofes.

Derlys Collado | San Luis - Argentina Un gusto poder felicitarles por la realzización de eventos virtuales, que nos ayudan mucho a mejorar nuestras capacidades y conocimientos. Sin embargo he participado en dos eventos y no he podido acceder

Felicitaciones por el éxito alcanzado en la semana de webinars MundoGEO, por su calidad en los temas presentados. Muchas gracias y muchos éxitos más.

Juan Torres Reategui | Lima - Peru

Gleidy Marianelli | Santarém (PA) Gleidy, Realmente há um problema com o sistema da Citrix, pois os participantes que se conectam com dispositivos móveis recebem estes e-mails. Porém, no relatório final - usado para envio dos certificados - eles aparecem como conectados e recebem os certificados normalmente. Já relatamos o problema à Citrix e estamos aguardando a solução.

al material

Nikolay Aguirre Mendoza | Loja - Equador Nikolay, Os arquivos dos seminários online se encontram em www.mundogeo.com/webinar.

Rafael Dantas Muito boa a produção, acho que ficaria melhor se quando estivesse falando de um vant, por exemplo, aparecesse a imagem dele ao lado para ilustrar! Laurent Martin Uma Lição de Marketing, Administração e Estratégia: entrevista que o Emerson Granemann fez com Valter Aguiar, diretor da Esteio, que falou sobre tendências no mercado de aerofotos... (e vale para as imagens de satélites). Parabéns!

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Envie críticas, dúvidas e sugestões para editorial@ mundogeo.com. Por uma questão de espaço, as mensagens poderão ser editadas.

Anderson Arias Parabéns [...]. Excelentes apresentações! Espero que estas maratonas de Webinars ocorram mais vezes!

@GISforAfrica Great job! @MundoGEO @ gvsig #webinar @masquesig Muy interesante @global_mapper en @MundoGEO e incluye un módulo de programación para desarrolladores de scripts.

Jefe Rodolfo AA P Silva Sensacional a entrevista. O Engenheiro Valther foi bastante esclarecedor, tem a mente aberta para as novas tendências de tecnologia, e isso o manterá na ponta do conhecimento. O mesmo acontece com a empresa que dirige, renomada e respeitada no mercado. Parabéns!



NAVEGANDO O mexicano Rolando Ocampo assumiu a presidência da Iniciativa de Gerenciamento Global de Informação Geoespacial das Nações Unidas nas Américas (UN-GGIM Américas) O Grupo Hexagon adquiriu a Devex, desenvolvedora brasileira de soluções para mineração A Microsoft adquiriu a unidade de Aparelhos e Serviços da Nokia por mais de 7 bilhões de dólares A Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC) colocou em operação duas novas estações, nas capitais dos estados de Sergipe e Paraíba A Supergeo anunciou que a Geosam tornou-se uma revendedora autorizada Platinum no Peru A Geoambiente foi certificada pela Trace Internacional, que avalia a ética e a transparência comercial das empresas A Geograph assinou um contrato de representação das soluções GIS da empresa francesa Geoconcept Depois de mais de quatro anos mapeando a gravidade da Terra, a missão do satélite Goce, da Agência Espacial Europeia, está chegando ao fim A Astrium fornecerá novas imagens dos satélites Pléiades e Spot para os serviços de mapas do Google Os quatro satélites em órbita do sistema de navegação Galileo estão sendo testados para oferecer um sinal mais seguro e de alta precisão A francesa Galigeo adquiriu a divisão de Location Intelligence da Apos Systems O Radarsat-1, primeiro satélite de observação da Terra do Canadá, foi declarado não-operacional após 12 anos em órbita A DigitalGlobe forneceu imagens para os aplicativos móveis da linha Trimble

Outdoors

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Embrapa inaugura laboratório de agricultura de precisão Para desenvolver interação entre equipamentos agrícolas, computação e técnicas de agricultura de precisão, a Embrapa inaugurou o Laboratório de Referência Nacional em Agricultura de Precisão (Lanapre). O espaço de 3 mil metros quadrados foi construído em São Carlos (SP), com investimento de 7,1 milhões de reais do governo federal. “Não tínhamos ambiente que comportasse máquinas agrícolas e desenvolvimento de equipamentos eletrônicos e softwares”, afirmou Ricardo Inamasu, coordenador da Rede de Agricultura de Precisão da Embrapa. O laboratório tem estrutura para abrigar máquinas, fazer testes de conexão entre equipamentos de fabricantes diferentes e testar programas de computador. “Mas nossa proposta vai além disso”, garantiu Inamasu. “Vamos fazer esses testes com o equipamento logo ao lado do campo”. O novo espaço será utilizado pelos pesquisadores que já atuam na rede de agricultura de precisão da Embrapa, que conta com a contribuição de cerca de 250 profissionais de 21 unidades espalhadas pelo País. Segundo o coordenador, possíveis parcerias com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) devem garantir oferta de engenheiros de mecânica, eletrônica e computação e profissionais que atuam com geoestatística.

3ª edição da Norma Técnica de Georreferenciamento O Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) apresentou no dia 23 de agosto a terceira edição da Norma Técnica de Georreferenciamento de Imóveis Rurais. Integram a Norma: o Manual Técnico de Limites e Confrontações, que contém orientações sobre como proceder a descrição dos limites dos imóveis rurais, ou seja, o que medir, não considerando o proprietário e sim o bem imóvel; e o Manual Técnico de Posicionamento, que explica sobre como medir o imóvel. A 3ª Norma possibilita a utilização de novos métodos de posicionamento, utilizando sensoriamento remoto para limites naturais como rios, encostas, montanhas, e elimina a obrigatoriedade de implantação de marcos físicos em alguns casos. A 3ª edição da Norma Técnica pode ser acessada em http://goo.gl/bAZnPW.

Certificação digital Além da nova norma, a Diretoria de Ordenamento Fundiário do Incra apresentou também os seus manuais e ainda demonstrou os novos métodos de certificação e as funcionalidades inseridas no novo Sistema de Gestão Fundiária (Sigef), criado para enviar, recepcionar, validar, organizar e disponibilizar dados georreferenciados dos imóveis rurais. De acordo com o Instituto, a partir do dia 23 de novembro próximo, a certificação de imóveis rurais no Brasil deverá ser feita somente por meio digital. O Sigef possui capacidade operacional de análise de 20 mil processos por mês. Com a implementação do sistema, todos os dados geoespaciais das propriedades rurais brasileiras vão ser integrados em uma base da dados única e de acesso público. Veja mais na página 46.


Cbers-3 passa por revisão final

Em Pequim, na China, especialistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Academia Chinesa de Tecnologia Espacial apresentaram e discutiram os resultados dos testes elétricos e ambientais realizados no satélite Cbers-3. Este é o quarto satélite desenvolvido pelo Programa Cbers (sigla para Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres), uma parceria com a China que garantiu a ambos os países o domínio da tecnologia do sensoriamento remoto para observação da Terra. A expectativa é que o Cbers-3 seja lançado até dezembro de 2013 a partir do Centro espacial de Taiwan.

OGC A revista MundoGEO traz as principais novidades em padrões e serviços disponibilizados pelo Consórcio Geoespacial Aberto (OGC, na sigla em inglês), um consórcio internacional que reúne mais de 450 companhias, agências governamentais e universidades com o objetivo comum de desenvolver padrões.

OGC se associa com instituição de geomarketing

A Associação de Localização Baseada em Marketing (LBMA, em inglês) e o OGC assinaram um acordo de cooperação visando uma série de divulgações e projetos em conjunto e a criação de um banco de dados aberto para Pontos de Interesse (POIs, em inglês).

Padrão GeoPackage

O OGC anunciou o padrão GeoPackage (GPKG), que fornece uma plataforma livre de SQLite para distribuição e uso direto de todos os tipos de dado geoespacial. O padrão pode ser usado por usuários de dispositivos móveis que necessitam de serviços e aplicações geoespaciais em locais com conexão de dados limitada ou inexistente.

OrbiSat passa a se chamar Bradar A OrbiSat Indústria e Aerolevantamento, empresa nacional de base tecnológica, especializada em radares de abertura sintética para sensoriamento remoto e aplicações de defesa e segurança, inicia agora uma nova fase de sua história e passa a se chamar Bradar. A mudança representa a consolidação de um novo momento da empresa, iniciado há mais de dois anos, quando a OrbiSat passou a ser controlada pela Embraer Defesa & Segurança. “Estamos desenvolvendo uma série de projetos para atender às demandas das Forças Armadas e do mercado de sensoriamento remoto”, explica o presidente da Bradar, Maurício Aveiro. “A integração com a Embraer Defesa & Segurança representou um passo importante para a consolidação de seus projetos e agora podemos seguir adiante”. Os centros tecnológicos da Bradar contam com especialistas de diversas áreas, que hoje são responsáveis por desenvolver pesquisas e patentear um grande número de projetos de alta tecnologia. Ao todo, são mais de 200 profissionais distribuídos em duas unidades, em São José dos Campos e em Campinas. Desde 2011, a receita da OrbiSat receita cresceu mais de 100% e, segundo a companhia, deve chegar a 80 milhões de reais até o final de 2013.

Publicações da Embrapa disponíveis online A Embrapa Monitoramento por Satélite disponibiliza 100% de seu acervo de publicações em formato digital, com foco na geração de conhecimento, tecnologias e inovações na área de geotecnologias para a agricultura. O acervo pode ser acessado a partir do espaço digital da Biblioteca, onde há também links diretos às bases de publicações do Sistema Embrapa de Bibliotecas. A temática das publicações está focada principalmente no monitoramento geoespacial, uso e cobertura das terras, modelagem espacial, indicadores de sustentabilidade, mapeamentos e zoneamentos. O acervo da Embrapa está disponível em www.cnpm.embrapa. br/biblioteca.

Mato Grosso atualiza cartografia A Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral (Seplan) deve iniciar a atualização da base cartográfica do estado de Mato Grosso. O trabalho irá atender as Especificações Técnicas para Estruturação de Dados Geoespaciais Vetoriais (ET-EDGV) e determinações da Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (Inde). O objetivo é dinamizar a produção cartográfica no Estado, evitar o retrabalho por meio de uma maior padronização e criar um banco de dados nacional sobre a cartografia brasileira.

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LANÇAMENTOS DR400 DigiRod A Coréia do Sul lançou com sucesso o Kompsat 5, que irá gerar imagens e monitorar o clima

A Blue Marble anunciou o Geographic Calculator 64 bits, acelerando o processamento de dados

A Leica Geosystems apresentou a antena externa GIS/GNSS GG03, otimizada para fornecer dados GNSS em ambientes extremos e compatível com a linha Zeno GIS

O serviço de mapas da Nokia lançou o HERE Auto, um programa de localização integrado a carros com conexões à internet, semelhante à versão para smartphones

A Allcomp Geotecnologia e Agricultura lançou no Brasil o receptor laser DR400 DigiRod, da Spectra Precision. O aparelho possui sensor de inclinação combinado a um medidor de distância a laser de 50 metros, e sua operação é simples e intuitiva. As aplicações são variadas, podendo ser utilizado em nivelamento de lajes e pisos, controle de escavações, marcações de caixas elétricas, verificação de verticalidade, fundações em geral, montagem de estruturas de pré-moldados, alinhamentos e principalmente terraplenagens. INFO www.allcompgps.com.br

Atlas da Fauna Ameaçada de Extinção O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) disponibilizou o Atlas da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção em Unidades de Conservação Federais, produto dos 10 anos do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Trata-se do primeiro esforço em compilar e disponibilizar informações existentes sobre a ocorrência de espécies de fauna ameaçadas de extinção nas unidades de conservação brasileiras. Para elaboração dos mapas foram utilizados arquivos vetoriais no formato shapefile, processados no software ArcGIS. Os mapas foram produzidos em escala variável, de acordo com a melhor visualização para cada Estado. INFO www.icmbio.gov.br

A Associação gvSIG disponibilizou uma nova atualização para o gvSIG versões 2.0, 1.12 e 1.11, a qual traduz os algoritmos do Sextante para o português

A Supergeo lançou o aplicativo SuperSurv 3.1a Beta para dispositivos com sistema Android

A Esri anunciou a versão 10.2 do

ArcGIS, com maior acesso a dados em tempo real, implantação facilitada de WebGIS e suporte expandido de Business Intelligence

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eCognition 8.9 A Trimble anunciou uma nova versão do seu software de análise geoespacial, o eCognition 8.9. Segundo a empresa, esta nova versão oferece novas funções para extração automatizada das informações, a partir de dados coletados com soluções de mapeamento móvel. O software fornece também resultados mais precisos e classificação mais rápida de objetos. INFO www.ecognition.com

Topocad 14.4 A Adtollo, desenvolvedora do Topocad, lançou a nova versão da plataforma CAD, feita especialmente para levantamento topográfico, cálculo, design e mapeamento. Novas funções permitem visualização de rodovias, recorte de imagens georreferenciadas, criação de fachadas em 3D, entre outras. INFO www.adtollo.se/en


Global Mapper 15 A Blue Marble Geographics anunciou o lançamento da nova versão do Global Mapper, um software GIS acessível e fácil de usar, com grandes atualizações e três módulos: a ferramenta Coast para análises de incidentes e inundações costeiras; uma nova ferramenta para visualização geral de mapeamento; e um poderoso módulo para análises de dados laser. A nova versão também apresenta uma nova ferramenta, a Mathematical Raster Calculator, desenvolvida para que os usuários realizem análises de imagens multi-bandas, exportem camadas 3D em PDF, etc.. INFO www.bluemarblegeo.com

Satélites de Monitoramento A Embrapa Monitoramento por Satélite lançou a nova versão do website Satélites de Monitoramento, uma base de dados com informações sobre os principais satélites e sensores remotos utilizados em agricultura e ambiente. O website está na sua quarta edição, com informações atualizadas, um visual mais claro e novos recursos de pesquisa. Em mais de 200 páginas de conteúdo, o website reúne informações técnicas sobre 31 missões espaciais responsáveis pela geração dos dados orbitais mais utilizados em projetos de agricultura e meio ambiente. São informações sobre o histórico das missões, características técnicas dos satélites, exemplos de imagens e de aplicações em trabalhos da Embrapa. Ao todo, são 105 sistemas sensores, entre ópticos e radares, e uma relação de 30 satélites,

Edge Laser Line Probe ES

sete deles recentemente desativados.

A Faro Technologies lançou o laser scanner Edge Laser Line Probe ES, seu mais leve e acessível sistema de medição portátil. Com a tecnologia de escaneamento Enhanced Scanning Technology (EST), o novo aparelho é otimizado para capturar dados de plástico, metal e uma variedade de acabamentos e cores da superfície. O novo modo High Dynamic Range (HDR) permite que os usuários examinem materiais com cores contrastantes (por exemplo, preto e branco) de maneira simultânea.

elaboração de zoneamentos, mapeamentos e monitoramentos

INFO www.faro.com

As imagens originadas pelas missões orbitais são essenciais na do uso e da cobertura das terras, além de apoiar a geração de importantes indicadores de sustentabilidade e competitividade para a agricultura. INFO www.sat.cnpm.embrapa.br

ArcGIS Marketplace

Atlas com IDH de municípios brasileiros

A Esri anunciou o ArcGIS Marketplace para que

A Organização das Nações Unidas no Brasil lançou o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, que avalia 5.565 municípios no país. O Atlas mostra que cerca de 74% dos municípios brasileiros se encontram nas faixas de médio e alto desenvolvimento humano, enquanto cerca de 25% deles estão nas faixas de baixo e muito baixo desenvolvimento. As regiões Sul (64,7%) e Sudeste (52,2%) têm uma maioria de municípios concentrada na faixa de alto desenvolvimento humano. No CentroOeste (56,9%) e no Norte (50,3%), a maioria está no grupo de médio desenvolvimento humano. Ainda segundo o mesmo levantamento, Sul, Sudeste e Centro-Oeste não possuem nenhum município na faixa de muito baixo desenvolvimento humano. Por outro lado, as regiões Norte e Nordeste não contam com nenhum município na faixa de muito alto desenvolvimento.

dados de organizações como a DigitalGlobe, RapidEye

INFO www.pnud.org.br

usuários do ArcGIS localizem aplicativos geoespaciais e dados de fornecedores. A nova ferramenta fornece e AccuWeather. Além disso, todos os aplicativos e os dados podem ser compartilhados entre grupos do ArcGIS Online e com outros usuários. O

ArcGIS

Marketplace

está

disponível

globalmente, mas a Esri alerta para que os usuários o verifiquem com frequência nos próximos meses, pois o número de aplicativos e dados está sendo ampliado rapidamente. INFO http://marketplace.arcgis.com

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CAPA

15 Desafios da Geomática no Brasil Veja o que precisa mudar nas áreas de Educação, Legislação, Políticas Públicas, Inovação e Relações de Mercado Por Alexandre Scussel, Eduardo Freitas e Emerson Granemann

F

alta de legislação clara e incentivos do governo, mapeamentos sobrepostos e consequente desperdício de recursos, competição predatória entre empresas. Este são apenas alguns problemas enfrentados pelo mercado de geomática e soluções geoespaciais no Brasil. Em reuniões com lideranças do setor e pesquisas realizadas recentemente pela MundoGEO, foram sugeridos alguns temas que julgamos essenciais para o debate com a comunidade, e os resultados mostram que todos querem mudanças no setor. Há vários anos esses pontos essenciais vêm sendo calorosamente discutidos nos eventos e fóruns empresariais, governamentais e acadêmicos, nos corredores de feiras e no cafezinho, mas infelizmente evoluem muito pouco. Citando uma expressão de um empresário do setor, são questões “fundamentais e estruturantes” que vêm emperrando o pleno desenvolvimento do mercado e afetando uma comunidade formada por centenas de empresas, instituições públicas, universidades e milhares de profissionais que atuam direta ou indiretamente neste mercado. Queremos ouvir você! A MundoGEO convida toda a comunidade a contribuir nestes importantes assuntos, para que tenham continuidade e, principalmente, caminhem para ações concretas. Nesta fase é fundamental se deixar claro o que, como, porque e quem vai fazer o que precisa ser feito. Acompanhem este tema aqui na revista, no portal MundoGEO, nos blogs, nos webinars, no evento MundoGEO#Connect 2014 e na TV MundoGEO.

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Mercado: pregão eletrônico, qualidade dos projetos e mapeamento do setor A palavra chave aqui é qualidade dos serviços por preços justos, que permitam os usuários receberem produtos e serviços que lhes atendam, que as empresas possam obter resultados do capital investido para reinvestir e crescer. Na pesquisa online a comunidade apontou como a relevância destes três itens:

• Rever o uso do pregão eletrônico na contratação e serviços e produtos pelo governo

• Preparar usuários para especificar melhor os termos de referência e fiscalizar a execução dos serviços


consultorias especializadas ou convênios com universidades. O cuidado nestas opções é que os profissionais tenham neutralidade, estejam atualizados com os avanços tecnológicos e procurem entender o que o usuário realmente precisa, de acordo com sua disponibilidade de recursos. E, por fim, para que esta relação “produtores x usuários” ganhe consistência, falta um real conhecimento da cadeia produtiva do setor, os • Mapear o número de profissionais, o faturamento das empresas e as novas demandas

tipos de empresas, o perfil dos seus colaboradores e as demandas dos usuários. Todo setor econômico que se preze tem dados econômicos e de empregabilidade. Na área de Geomática isto já se tornou um mito. Ninguém sabe. Desta forma, fica mais difícil o setor empresarial se planejar e a comunidade como um todo mostrar sua força e promover melhorarias institucionais. Afinal, qual é tamanho deste setor? Quantos profissionais emprega? Quanto movimenta de recursos e quais as demandas anuais por serviços e produtos? Além disso, as mudanças tecnológicas também mexem com o mercado. Para Maurício Meira, Diretor da RapidEye para a América Latina, o

Dois pontos são destaque: primeiro, a modalidade de escolha de serviços por pregão eletrônico, o chamado “leilão”. Esta opção tem suas vantagens, incluindo a compra de produtos e dados do setor, mas pela legislação que a criou não deveria ser usada para contratação de serviços de engenharia, como muitos trabalhos de mapeamento, por exemplo. Neste caso, o risco de se contratar uma empresa não preparada para fazer o trabalho é grande, pois nem sempre os documentos para habilitação ao leilão são pedidos de forma correta. Existem vários casos conhecidos que os contratantes ficam frustrados com a baixa qualidade do trabalho ou até trabalhos que simplesmente não são entregues, por falta de capacidade técnica e operacional do ganhador do leilão. Outra questão relacionada apresenta um grande despreparo, em muitos casos, na especificação do serviço a ser contratado e no acompanhamento da sua execução. Neste caso, esta falha compromete não só a forma de seleção da melhor proposta, como também a garantia de recebimento de um resultado de qualidade. A solução passa pela melhor qualificação dos profissionais que atuam nas empresas privadas e públicas contratantes. Uma opção é o uso de

mercado de geotecnologias está passando por um momento importante de re-estruturação. “Eu acredito que o mercado de Geomática está em plena mudança de um período aonde havia escassez de dados para a época atual aonde já existe um excesso de informação. Esta nova realidade requer uma mudança no paradigma do mercado, já que as empresas precisam compreender melhor como os usuários utilizam a informação geográfica para oferecerem soluções criativas de acesso a este conhecimento espacial”. Outra preocupação é quanto ao futuro dos negócios no setor de geotecnologia. Segundo o engenheiro Marciano Carneiro, da empresa Allcomp, há um receio de retração nos próximos anos. “O mercado nacional da agrimensura, no Brasil, está ligado diretamente aos grandes eventos da Copa de 2014 e Olimpíadas de 2016, às legislações referentes ao meio ambiente e à regularização fundiária rural. O principal receio das empresas que comercializam equipamentos e dos prestadores de serviço da área é que, após este período, o mercado se retraia, pois os investimentos do Governo Federal ligados a obras públicas serão reduzidos significativamente.

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Políticas públicas: fontes de recursos, coordenação e planejamento de longo prazo. O que esperar do Governo para o setor de Geomática? Muito. A lista é grande, mas foram selecionados três pontos essenciais e conectados. E a comunidade foi unânime em apontar como muito relevantes todos os três itens:

• Definir melhor os responsáveis pela padronização, coordenação, produção e distribuição de dados geoespaciais no país

• Planejar e executar um Plano de Mapeamento Básico e Sistemático do Brasil

• Garantir recursos para executar e manter atualizados os dados geoespaciais do país

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Considerando o nível federal, não existe, hoje, uma instituição que atue como integradora de esforços e coordenadora das políticas públicas do setor. A prioridade do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sempre foi a estatística, a Diretoria do Serviço Geográficos do Exército (DSG) tem suas principais missões ligadas à defesa nacional, a Comissão Nacional de Cartografia (Concar) é um órgão que tem uma missão nobre, mas que na prática pouco tem feito para dinamizar o setor. A coordenação do Ministério de Planejamento e Gestão poderia ter um papel importante na integração dos esforços dos demais ministérios, bem como na tentativa de unir esforços. Por outro lado, os avanços do IBGE, DSG, Concar e demais órgãos para implementação da Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (Inde) têm sido notáveis. O que falta realmente é a definição mais clara das funções dos atores. Sem esta definição, não se percebe um movimento claro de um projeto a longo prazo, que viabilize recursos permanentes para a execução e manutenção do mapeamento do país em escala adequada. O vazio cartográfico continua e a colcha de retalhos aumenta. Entra governo, sai governo, de direita, de esquerda, de centro, mas infelizmente o quadro não muda. Este é um assunto dos mais complexos e mais comentados em eventos, mas que há anos não evolui na velocidade que se espera. Um país que está crescendo, que quer ser de fato uma grande potência, tem que ser plenamente mapeado, para que sua infraestrutura seja projetada, executada e monitorada a partir de informações atualizadas, de fácil acesso e georreferenciadas. A principal pergunta, apesar de importante, não deveria ser “Quanto vai custar este mapeamento?” mas sim “Quanto custa ao Brasil não ter este mapeamento atualizado?” Para Dênis de Moura Soares, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, uma forma de agilizar as questões relacionadas às Geotecnologias foi a criação do Fórum Intergovernamental de Gestores de Geoinformação (FIGG), que se constitui como uma instituição de composição mais flexível e menos limi-


tada por questões formais, cujas decisões são formadas por consenso. “O FIGG representa, portanto, uma ponte entre as políticas públicas e a Concar, além de um mecanismo de interface com a sociedade, permitindo a inserção da geoinformação no processo de planejamento e de monitoramento de programas, projetos e políticas públicas”. Por outro lado, Luiz Antonio Ugeda Sanches, Presidente do Instituto Geodireito, afirma que é urgente a necessidade de políticas públicas que levem em conta os avanços atuais. “As diferentes escalas de governança (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) começam a perceber a necessidade de usar as informações geoespaciais para melhor compreender fatos geográficos, com o objetivo de construir a espacialização da cidadania. Para tanto, é imperioso cumprir a Constituição Federal e criar uma política pública geográfica e cartográfica atualizada, de forma a conferir ferramentas jurídicas eficazes ao cumprimento desta missão”. Além da definição mais clara de políticas públicas, a grande quantidade de impostos é uma preocupação recorrente dos empresários. Para Eduardo Oliveira, presidente da Santiago & Cintra, “um ponto importante que gostaria de chamar a atenção, refere-se à alta tributação imposta aos equipamentos de topografia e mapeamento. Há casos em que a totalidade de impostos chega a 60 ou 70% do valor importado”. E isto impacta vários setores da economia. “Trata-se de equipamentos utilizados nos mais variados segmentos, como georreferenciamento, mineração, cadastro, agricultura, meio ambiente, obras de infraestrutura, etc., ou seja, áreas fundamentais para o desenvolvimento do país”, argumenta. Já Moema José de Carvalho Augusto, da Diretoria de Geociências do IBGE, os exemplos de outros países são fundamentais. “Na definição da Política Nacional de Informação Geoespacial é importante considerar as reflexões feitas por outras Infraestruturas de Dados Espaciais (IDE) na busca para aumentar o acesso físico a redes e serviços, e da ‘liberalização’ da informação do setor público, para facilitar a sua reutilização e criar mercado e indústria de informação competitivas, propiciar serviços mais eficientes e apoiar a participação pública”. Assim como Eduardo Oliveira, o presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Cartógrafos – Regional Paraná, Juan Carlos Gironda, também aponta para a falta de políticas claras. “Assim como as políticas públicas

que são embrionárias, lentas e desligadas da realidade nacional em todas as áreas que envolvem Tecnologia, principalmente as que serviriam de sustentação para o desenvolvimento, não poderia ser diferente nas áreas de Cartografia, Mapeamento, Geoprocessamento e outras ferramentas da Geomática”. Juan Carlos comenta, ainda, sobre os resultados da enquete: “a pesquisa também revela a maturidade e consciência dos entrevistados que, ao apontar deficiências de padronização, planejamento e recursos, expressou quão precárias são as políticas públicas para o segmento”, conclui. Da mesma forma, Rogério Rigato, Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Sisgraph/Hexagon, concorda com a ordem de relevância do resultado da pesquisa. “Enquanto existem iniciativas em andamento para padronização e distribuição de dados geoespaciais no Brasil, como a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais, a execução de mapeamentos é muito carente de recursos”. O problema, segundo ele, são os mapeamentos descoordenados. “É comum que governos municipais contratem aerolevantamentos com regularidade [...]. Mas, em geral, os produtos obtidos para esse fim ainda são meros ‘desenhos’ CAD, sem a inteligência topológica típica de dados SIG, não aderentes às Normas Técnicas da Cartografia Nacional. Se essas iniciativas tivessem apoio do Governo Federal, o escopo do mapeamento poderia ser mais abrangente e o produto final poderia ser melhor aproveitado por todos”, complementa. Legislação: carga tributária, VANTs & Drones, Ministério da Defesa Assim como em muitas outras áreas no Brasil, o setor sofre devido à legislação antiquada, complexa demais ou inexistente. As pesquisas junto à comunidade apontaram como unanimidade os três pontos abaixo: • Rever carga tributária de produtos importados sem similar nacional

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• Agilizar a legislação do uso de VANTs e Drones para mapeamento

• Modernizar a legislação de serviços de mapeamento do Ministério da Defesa

O primeiro ponto deste tema é a necessidade de uma revisão imediata na carga tributária que onera os equipamentos topográficos, geodésicos e fotogramétricos. Tais valores dificultam às empresas e profissionais se atualizarem e, com isso, obterem maior produtividade, qualidade e oferecerem serviços mais baratos para os usuários. Considerando os dados obtidos por VANTs e Drones para mapeamento, está sendo muito aguardada a finalização da legalização dos levantamentos para fins comerciais. Com certeza esta plataforma veio para se somar às imagens

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de satélite e aerofotogrametria clássica. Mas as notícias são boas, já que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) prometeu até 2014 liberar esta regulamentação. Por fim, nos parece fundamental uma urgente modernização na legislação de serviços de mapeamento do Ministério da Defesa (MD). As empresas do setor têm se deparado com a demora das licenças para a execução dos aerolevantamentos. Outra preocupação é a tentativa do MD de também controlar e catalogar as informações obtidas as milhares por imagens de satélites e, no futuro, de VANTs no Brasil. Nos tempos atuais, parece impossível implementar estas ações. O MD não tem estrutura para fazer isso. As prioridades poderiam ser outras. Além disso outro ponto importante seria rever os critérios para as empresas se cadastrarem no MD, visando se habilitar para realizar trabalhos. A palavra-chave, nesta questão, é atualização da legislação à luz das demandas por agilidade e tipos de produtos diferentes - cada vez maiores da sociedade - associada a uma rapidez muito grande das novas tecnologias de coleta de dados da Terra. Dados geográficos, hoje, são menos de segurança nacional e mais de suporte ao crescimento do Brasil. Segundo Claudio Queiroz, da empresa Topocart, a área de geotecnologias evolui rapidamente e exige uma constante revisão no arcabouço legal que regula o setor. “Um exemplo atual é o VANT, que já está sendo amplamente comercializado e utilizado, mas ainda não estão difundidas as regras de uso do mesmo, causando insegurança para quem investe e para quem adquire os serviços, além dos perigos que seu uso pode trazer, sem observar os critérios básicos de segurança”. Atrasos e burocracia também são empecilhos aos negócios, como comenta Kleber de São José, Diretor Comercial da Furtado Schmidt. “Um dos grandes problemas que enfrentamos no Brasil com relação à Legislação é a morosidade com que as coisas acontecem. Hoje convivemos com uma Legislação atrasada, que não condiz com a nossa realidade”. Além disso, a alta carga tributária gera problemas para todos. “Posso dizer que sofremos muito com a carga tributária que nos é imposta; esta tributação chega a inviabilizar muitos negócios e, consequentemente, muitos empregos deixam de ser gerados”, conclui. Ainda segundo Denis Soares, é importante observar que, apesar de várias iniciativas esta-


rem em desenvolvimento no governo, o marco legal da cartografia nacional encontra-se bastante desatualizado. “Sua espinha dorsal vem do ano de 1967 (Decreto-lei 243) e é completado por alguns instrumentos legais das últimas décadas do século passado. Diante dessa constatação o FIGG começou a trabalhar na construção da nova Política Nacional de Geoinformação. O tema dominou a pauta da 3ª edição do Fórum, realizada no mês de setembro do ano corrente”, comemora. Inovação: mais recursos, mais parcerias, mais projetos de pesquisa aplicada Um dos principais conceitos do século 21 é a necessidade da constante inovação das soluções para uma sociedade cada vez mais exigente. A criatividade e a iniciativa são essenciais, mas o que fará a roda girar são recursos de fomento a pesquisa para serem utilizados tanto pelas empresas privadas como pelas universidades. Sendo que o ideal é que elas trabalhem juntas e envolvam instituições usuárias. Num tempo de otimização de recursos e demandas cada vez mais específicas, a solução passa obrigatoriamente pela união de esforços rumo à inovação. Neste assunto a comunidade indicou o seguinte grau de relevância quanto aos três itens:

• Ampliar a oferta de verbas de fomento à pesquisa e inovação

• Ampliar os projetos de pesquisa acadêmica aplicada às necessidades da sociedade

• Ampliar parcerias entre as Universidades, Empresas e Usuários

Vale então as empresas procurem uma aproximação mais efetiva com as universidades. E principalmente estas abrirem a cabeça, portas e janelas, e verem nesta oportunidade a principal via para gerar resultados de pesquisa de uso mais imediato para a sociedade e melhoria na formação dos profissionais, na medida do envolvimento deles e na atualização dos seus docentes. Segundo Iara Musse Felix, diretora da Santiago & Cintra Consultoria, a colaboração é um dos fatores mais importantes, hoje, no setor de geo. “Um dos mais inovadores conceitos de Inovação não vem da evolução tecnológica surgida originalmente dos provedores de tecnologia e serviços, mas da inovação comportamental transformadora relacionada ao novo modelo colaborativo de se construir soluções que são agora geradas simultaneamente e em conjunto, onde os clientes e usuários são atores ativos deste processo”.Também os modelos de negócios são fortemente influenciados pelo maior ou menor grau de inovação das soluções. “Por outro ponto de vista, a inovação não está restrita e contextualizada apenas pelos requisitos tecnológicos ou processos que mapeiam e melhoram os workflows dos projetos e das organizações, mas aborda sobretudo, a forma e os modelos de negócios associados à análise das informações Geoespaciais”, comenta Iara. Já para Ulf Bogdawa, diretor da Skydrones, empresa do setor de VANTs, tudo começa com a qualidade da educação e o acesso da informação. “Ser inovador não é só ter um momento de lucidez ou um ‘raio cósmico’ na cabeça, é a preparação para este momento desde a educação do jardim de infância! As pessoas têm que ser educadas e provocadas a pensar e a criar”. Para ele, a inovação não deve ser uma peça de marketing: “por isto a inovação verdadeira no Brasil (não aquela que se coloca no slogan da empresa

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para ser politicamente correto e ‘na moda’) é tão rara. Ela na grande maioria das vezes é feita por pessoas acima da média e por aqueles que tiveram a sorte de ter um estudo melhor”, conclui. A academia deveria acompanhar mais de perto o ritmo de inovações do mercado, como pontua o professor Maurício Roberto Veronez, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. “Em duas décadas a área de Geotecnologias evoluiu muito em termos de inovação. Em contrapartida, muitas vezes, por motivos financeiros várias universidades brasileiras não conseguiram acompanhar essa evolução, fazendo com que os laboratórios se deteriorassem ao longo do tempo, comprometendo a formação profissional de seus egressos”. Para ele, é preciso estar pronto para a nova geração de estudantes que ainda está por vir. “Penso que a única forma de equilibrar essa evolução tecnológica é repensar a estrutura curricular dos cursos, criando eixos formativos na área de Inovação e Empreendedorismo, além dos professores e pesquisadores das Universidades aproximarem-se do setor privado, desenvolvendo projetos de P&D&I no sentido de captar recursos para a modernização de laboratórios e formação de recursos humanos compatíveis com as novas exigências do mercado”, complementa Maurício. Renato Asinelli Filho, presidente da Engefoto, destaca o resultado da enquete, que mostra o quanto as Universidades estão afastadas dos temas cotidianos das empresas e das demandas da sociedade de um modo geral. “Esta mazela não é exclusividade da nossa área, permeando de um modo geral a vida acadêmica neste país”. Ele comenta, ainda, sobre a soma de esforços entre setor privado e Universidades: “sou francamente favorável a esta aproximação entre o mundo acadêmico e o empresarial, o que, por certo, resultaria numa relação do tipo ‘ganha ganha’ para ambas as partes e para a sociedade no final”. Já para Jefe Rodolfo Pereira da Silva, Analista de SIG da empresa Consis, a enquete confirma a necessidade de transparência quanto às demandas para a promoção das atividades de pesquisa e desenvolvimento. “Essa falta de clareza nos objetivos é o ponto chave para explicar o porque não se conseguem verbas para pesquisa e inovação de maneira transparente. A pesquisa deve vir de uma demanda, que pode ser apenas uma ideia, mas tem que ser uma boa ideia. A inovação é uma ação para se trabalhar em cima de algo que existe, que funciona, mas que pode ser otimizado. Para as duas, pesquisa e inovação, temos que exercer nosso poder maior,

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a criatividade. Sendo criativos, seremos também articulados, e com clareza nos objetivos ganharemos credibilidade, o que trará o fomento”, pontua. Quando deparado com os resultados da pesquisa, Ulf Walter Palme, CEO da Inovoh comenta que eles demonstram que ainda investe-se pouco em Inovação, que as parcerias precisam ser alavancadas; e também que deve-se estar mais atento às necessidades da sociedade. “Este resultado é esclarecedor e aponta uma direção que temos o dever de trilhar. Tenho a convicção que precisamos ser mais incisivos na Inovação Estratégica e, com a nossa brasilidade peculiar, inovar com marketing. Temos profissionais e empresas de destaque mundial no Brasil. O mercado existe e em grande parte ainda é um gigante adormecido. E há espaço para todos”. Educação: como melhorar os recursos humanos Peça mais importante na cadeia produtiva, o fator humano vem sendo citado como um dos principais obstáculos atualmente. O que vem acontecendo é que a formação vem falhando, com algumas raras exceções. Como regra geral, o atual momento brasileiro de crescimento vem esbarrando na quantidade de profissionais bem formados disponíveis no mercado. A comunidade indicou sua satisfação quanto à Educação segundo os itens abaixo: • Ampliar a oferta de cursos na área de Geomática

• Aproximar mais as universidades das empresas do setor

• Modernizar os currículos universitários dos cursos afins


Vale lembrar aqui que as equipes de profissionais que atuam no mercado são cada vez mais multidisciplinares. Geógrafos, Agrimensores, Cartógrafos, Analistas de Sistemas, entre outros, formam a base de especialistas do setor, mas os demais Engenheiros, Geólogos, Urbanistas, Administradores, Ambientalistas estão também nas diversas equipes de desenvolvimento e de usuários. Em ambos os casos, nem sempre a formação destes profissionais vem sendo alinhada com as novas tecnologias e as demandas da sociedade. Segundo Andrea Carneiro, professora do Departamento de Engenharia Cartográfica da Universidade Federal de Pernambuco, um dos problemas é a baixa quantidade de formandos em relação aos calouros. “Embora tenha aumentado a oferta de vagas em formações específicas da área de Geomática (cursos de engenharia cartográfica, de agrimensura, tecnólogos em geoprocessamento, agrimensura), a taxa de evasão é alta em muitos destes cursos. Acredito que ainda não aprendemos qual a melhor forma de atrair um maior número de candidatos que tenham condições de superar as exigências características dos cursos de engenharia”. Algumas ações podem ser feitas de imediato para amenizar a situação. Aproximar mais as universidades das empresas do setor pode diminuir um pouco esta distância. Modernizar os currículos universitários dos cursos existentes, além de ampliar e distribuir melhor pelo Brasil a oferta de cursos na área de Geomática, fará ampliar a massa crítica e diminuir a quantidade de profissionais pouco preparados que atuam no setor. Antonio Tommaselli, professor da Unesp Presidente Prudente, concorda com os resultados da pesquisa e complementa: ”é preciso aproximar os cursos das empresas, porque esta sinergia será benéfica para ambos os lados. Vencer as resistências de um corpo acadêmico

forjado para atuar na pesquisa mais acadêmica e, do outro lado, empresas que precisam de respostas muito rápidas são desafios a serem vencidos”. As carências na área de Educação para o setor de geo são antigas, conforme comenta Edmilson Volpi, presidente da Associação Brasileira de Engenheiros Cartógrafos – Regional São Paulo. “Esses são problemas recorrentes que existem desde a década de 80, embora tenham evoluído muito de lá para cá. Mas ainda é pouco para um país imenso como o nosso. Além de mais cursos - que também são necessários, principalmente na área das Engenharias - precisamos de capacitação na área de Geomática nos cursos afins já existentes”. Ainda segundo Andrea Carneiro, a aproximação entre universidade e empresa é importante. “Tivemos a oportunidade de observar - inclusive no evento paralelo realizado no MundoGEO#Connect deste ano - que, enquanto outras áreas tecnológicas tem investido em editais ou outras oportunidades de parceria, projetos deste tipo ainda são raros na área das geotecnologias. Seja por preconceito e dificuldades burocráticas das próprias universidades, seja por falta de interesse das empresas, provavelmente”, conclui. Como passar do debate para as ações? Cabe aqui um desafio. Apostamos que, de uma forma geral, todos que lerem esta matéria vão se sensibilizar com alguns dos pontos levantados na pesquisa. O momento, então, é para a comunidade sair da inércia e da zona de conforto e manifestar sua opinião. E, mais do que isso, estar disposta a manter constante o diálogo e definir estratégias que permitam a criação de ações concretas e transformadoras. A MundoGEO, através de seus diversos canais, como a revista, internet, redes sociais, blogs, webinars, cursos online, TV e o evento MundoGEO#Connect 2014, tem a proposta de expor estas questões e convocar a comunidade, não só a debater mas para também a propor soluções concretas para estes desafios. A proposta é fazer com que estes temas não só sejam discutidos continuamente, mas principalmente que caminhem para ações objetivas. Discuta os temas com seus colegas, envie sua opinião e acompanhe o avanço deste assunto nos canais de conteúdo da MundoGEO.

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To d o m u n d o n o m e s m o l u g a r : empresas, governo, universidades e a s s o c i a ç õ e s . To d o s c o m p a r t i l h a n d o experiências, debatendo tendências, atualizando conhecimento, fazendo parcerias, gerando negócios, ampliando conexões e celebrando conquistas. mundogeoconnect .com/2014 PA R T I C I P E :

CENTRO DE CONVENÇÕES FREI CANECA SÃO PAULO (SP) 7 A 9 DE MAIO


CREDENCIAMENTO | ACCREDITATION

P L AN TA DA FEI R A

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202 24m²

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170 48m²

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CONF I RM A D O RE S E RVA D O

AUDITÓRIO

AUDITÓRIO

AUDITÓRIO

AUDITÓRIO

AUDITÓRIO

12m²

10 SOMENGE 12/31/106/107 WORLD BOSON 14 TECHGEO 20 AMS KEPLER 22 CARLSON 24 SANTIAGO & CINTRA CONSULTORIA 30 GARMIN 32 MR TOOLS 40 PITNEY BOWES 50 GEOAMBIENTE 61/62/63/64/65 ESPAÇO VANTS 72 ENGEMAP 74 DSG 76 GEOFUSION 82 EMBRAPA MONITORAMENTO POR SATÉLITE 86 BASE 90 ORBISAT 100 MUNDOGEO - CURSOS ONLINE

104 110 112 114 116 126 130 132 134 140 142 150

LACTEC MAPTEK MÉTRICA TOTALCAD ALBATROZ GEOCENTER BENTLEY TOPOMAP IMAGEM/ESRI EMBRATOP/GEOMAX STONEX SANTIAGO & CINTRA GEOTECNOLOGIAS 160 FURTADO SCHMIDT 164 TECNOSAT 166 TEODONÍVEL 170 CPE 180 HEXAGON 190 ALEZI TEODOLINI 194 IBGE 196 DMC 200/202 SALA DE REUNIÕES E PALESTRANTES


PROGRAMAÇÃO 4ª CONFERÊNCIA E FEIRA DE GEOMÁTICA E SOLUÇÕES GEOESPACIAIS PRÉ-EVENTO

06

GEOMARKETING curso

de maio

07

de maio

IMAGENS DE SATÉLITE curso

CADASTRO TÉCNICO MULTIFINALITÁRIO curso

INFRAESTRUTURA DE DADOS ESPACIAIS curso

GIS: MODELAGEM E ANÁLISE ESPACIAL curso

LASER SCANNER curso

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA seminário

IMAGENS DE SATÉLITE E AÉREAS seminário

ENCONTRO DE AGRIMENSORES E CARTÓGRAFOS evento especial

GESTORES PÚBLICOS DA GEOINFORMAÇÃO seminário

GEOINTELIGÊNCIA PARA DEFESA E SEGURANÇA

VANTS E DRONES curso

CADASTRO AMBIENTAL RURAL curso

evento especial

M AIS : seminário curso

ALÉM DA PROGRAMAÇÃO DA GRADE, TEREMOS VÁRIOS WORKSHOPS E ATIVIDADES ESPECIAIS E GRATUITAS TODOS OS DIAS! EM BREVE, DISPONÍVEIS NO SITE DO EVENTO.

E s p a ç o p a r a a t ua l i z a ç õ e s t e c nológic a s, d e b a te s e tr oc a d e e xp e r iê nc ia s (6 h)

B á s i c os e i nt e r m e d i á r i o s m i n i s t r a d os p or e sp e c ia lista s no se tor (6 h)

evento especial

E s p a ç o s d i nâ m i c o s e i nt e r a tiv os p a r a d e b a te r te m a s e sp e c ific os (6 h)

PAT R O C I N A D O R E S D I A M A N T E

PAT R O C I N A D O R E S P L AT I N A

PAT R O C I N A D O R E S O U R O

DIVULGAÇ ÃO ESPECIAL

PAT R O C I N A D O R E S P R ATA


08

de maio

09

de maio

VANTS E DRONES seminário

GEOINFORMAÇÃO EM CIDADES INTELIGENTES seminário

BANCOS DE DADOS GEOGRÁFICOS curso

GIS NA GESTÃO AMBIENTAL curso

AUTOMAÇÃO TOPOGRÁFICA seminário

LI BRASIL evento especial

PADRÕES OGC DE DADOS GEOESPACIAIS I curso

GEOINFORMAÇÃO EM SÃO PAULO seminário

GIS NA GESTÃO FLORESTAL E AGRONEGÓCIO curso

GEOINFORMAÇÃO NA GESTÃO MUNICIPAL curso

PADRÕES OGC DE DADOS GEOESPACIAIS II curso

PROCESSAMENTO DIGITAL DE IMAGENS curso

ANÁLISE ESPACIAL DE BACIAS HIDROGRÁFICAS curso

GEOESTATÍSTICA NOS NEGÓCIOS curso

APPS PARA LOCALIZAÇÃO curso

GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS curso

GOOGLE EARTH PRO curso

A P R OV E I T E A S VA N TAG E N S DA I N S C R I Ç ÃO A N T EC I PA DA . VO C Ê T E R Á L I B E R DA D E DE FA ZER SUA INSCRIÇ ÃO POR SEMINÁRIO, CURSO OU EVENTO ESPECIAL . M O N T E S U A G R A D E E G A R A N TA S EU E S PAÇO. VAG A S L I M I TA DA S !

APOIO INSTITUCIONAL

APOIO

Instituto Brasileiro de Geomática

APOIO INTERNACIONAL

DIVULGAÇ ÃO


+trends

(Pre)visões

A cartografia do futuro e o futuro da cartografia

N Silvana Camboim Professora de Banco de Dados Geográficos e SIG no Departamento da Geomática da UFPR. Engenheira Cartógrafa e doutora em Ciências Geodésicas pela UFPR, com mestrado em Gestão Ambiental pela Universidade de Nottingham, Reino Unido, e MBA em Gerenciamento de Projetos pela FGV. Coordenadora do nó da UFPR da rede ICA/OSGeo Labs. Coordenadora do Grupo de Trabalho de Normas e Padrões do Cinde/Concar silvanacamboim@gmail.com

Quais são as visões da indústria, da academia, dos governos, sobre o papel dos mapas no futuro da nossa sociedade? 38

MundoGEO 74 | 2013

ovas formas de interagir com a informação geoespacial vêm sido previstas por livros e filmes de ficção científica há anos. Mapas holográficos, tridimensionais, posicionamento global em tempo real, interação com mapas via toque, são exemplos de visões de futuro que apareceram no campo da ficção e hoje estão disponíveis no mercado, ou ao menos há tecnologia disponível para tornar a ficção realidade. Em 1964, há quase 50 anos, no filme “007 contra Goldfinger”, o espião mais famoso do mundo já usava uma espécie de GPS para rastrear pessoas. Entretanto, o que nos aguarda para os próximos anos? Quais são as visões da indústria, da academia, dos governos, sobre o papel dos mapas no futuro da nossa sociedade? Em alguns eventos realizados nos últimos meses, foi possível refletir, se inspirar e compartilhar visões com outros profissionais ao redor do mundo sobre o que podemos esperar para a área nos próximos anos. Em Dresden, Alemanha, foi realizada em agosto a 26ª Conferência Cartográfica Internacional, reunindo profissionais de diversos países, principalmente da área acadêmica. Dentre as mais desafiadoras falas entre os keynotes esteve a explanação do representante da área de pesquisa e desenvolvimento da empresa Daimler, que expôs os esforços na indústria automotiva em direção à criação de automóveis que trafeguem sem motoristas. Num primeiro momento, a implantação se daria em ambientes internos, como estacionamentos de shoppings, para em seguida estarem disponíveis para autoestradas e, somente numa terceira etapa, estas invenções seriam capazes de trafegar em estradas secundárias e áreas urbanas. A grande questão, no que concerne à cartografia nestes projetos, é a exigência de uma base cartográfica muito mais detalhada e confiável do que as disponíveis atualmente. Por exemplo, a existência de semáforos e lombadas deveria estar representada com uma precisão de cerca de 5 a 20 centímetros, para permitir tempo de frenagem suficiente para o veículo se adaptar aos obstáculos. Outra provocação veio por parte da apresentação do professor Franz Leberl, que constata que, com a tecnologia atual, é possível a criação de um modelo global tridimensional com 10 centímetros de resolução, e que é apenas uma questão de tempo para esta visão se tornar realidade. As apresentações realizadas no congresso e os anais completos da conferência estão disponíveis nos links http://goo. gl/UnDYnu e http://goo.gl/8aWMGO, respectivamente. Em setembro foi realizada em Nottingham, Inglaterra, a FOSS4G - conferência dedicada às tecnologias geoespaciais abertas, destacando uma nova forma de produzir inovação nesta área de uma forma colaborativa. Dentre estas iniciativas está a vertiginosa expansão

de laboratórios educacionais baseados em tecnologias livres, iniciativa conjunta da Associação Cartográfica Internacional (ICA) e da Fundação Geospacial Open Source (OSGeo), que já conta com 45 laboratórios em diversos continentes e se propõe auxiliar na troca de experiências, criação de material de ensino, desenvolvimento de projetos de pesquisa conjuntos e investimento no ensino a distância. No Brasil, inúmeras universidades e instituições se mostram interessadas, sendo que a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR) já contam com laboratórios estabelecidos. A lista de laboratórios existentes e maiores informações podem ser acessadas no site http://goo.gl/ euOv9d e as apresentações da conferência estão disponíveis em http://goo.gl/CLD49D. O interesse global no tópico mostra que novas formas criativas de se disseminar globalmente o conhecimento e a tecnologia serão essenciais no futuro da cartografia. Finalmente, também em setembro, reuniram-se em Brasília representantes dos governos federal, estadual e municipal, além de profissionais da indústria e academia, na 3ª Reunião do Fórum Intergovernamental de Gestores de Geoinformação (FIGG). Foi um primeiro esforço de estruturação da Política Nacional de Geoinformação, ainda a ser discutida amplamente com a comunidade de produtores e usuários, no qual foram levantadas algumas das principais preocupações a ser atendidas ao se criar um arcabouço legal atualizado que trate desde a coleta até a disponibilização da informação geoespacial. É interessante notar que conceitos como a cartografia colaborativa, a transparência e a acessibilidade já estão estabelecidos e considerados como questões chave na criação da política. Uma preocupação constante é com a qualidade de dados nesta nova realidade de múltiplos autores, com diversas dificuldades ao se estabelecer a confiabilidade no posicionamento e a oficialidade dos dados. Por outro lado, a nossa comunidade ainda chama a atenção para a falta de investimento constante que possibilite a existência de uma base de dados atualizada, confiável e em escala compatível com as necessidades regionais e temáticas para todo o país. Sejam desafios tecnológicos, com demandas em termos de novos processos de coleta, visualização, compartilhamento de dados geoespaciais, como desafios políticos e institucionais, para delinear a forma que as instituições e o mercado vão continuar reagindo aos novos cenários, é importante salientar que a área se mostra hoje mais relevante do que nunca, exigindo, entretanto, flexibilidade por parte das pessoas e organizações para conseguir visualizar as novas demandas e adaptar-se a elas.



Passo a Passo

Por dentro do Google Earth - Parte 5 Veja como exibir coordenadas geográficas e altitudes

N Arlete Aparecida Correia Meneguette Engenheira cartógrafa (Unesp), PhD em fotogrametria (University College London). Docente e pesquisadora do Departamento de Cartografia da Unesp Campus de Presidente Prudente arletemeneguette@gmail.com

a edição 73 da Revista MundoGEO demonstramos como obter perímetros e áreas usando o Google Earth Pro. Desta vez vamos mostrar o passo a passo de como exibir coordenadas geográficas e altitudes, tomando como referência a Estação PPTE da Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC), que consiste em um pilar de concreto dotado de um dispositivo de centragem forçada localizado na Unesp – Campus de Presidente Prudente. Entre no site do IBGE em http://goo.gl/JCkS9g, onde são listadas para a PPTE as coordenadas geodésicas (Latitude, Longitude, Altitude Elipsoidal, Altitude Ortométrica), as coordenadas cartesianas (X,Y,Z) e as coordenadas planas (E,N), todas referenciadas ao Sirgas2000 (Época 2000,4), portanto, compatíveis com o Google Earth, que adota WGS84.

Adicionando um marcador em coordenadas geográficas Faça login no Google Earth Pro. No menu, clique em Ferramentas e escolha Opções. Em Opções do Google Earth, opte por mostrar as coordenadas geográficas (Latitude e Longitude) em graus, minutos e segundos. Em unidades de medida, escolha a opção que indica metros e quilômetros. Em Terreno, habilite a opção para usar terreno de alta qualidade. Clique em OK. No painel à esquerda, em Camadas, habilite Terreno (a última opção da lista). A “elevação do marcador” pode ser vista na barra de status. Entretanto, esse valor se aplica a uma área e não a um ponto, uma vez que os dados altimétricos do Google Earth são provenientes da missão SRTM (Nasa). O referencial altimétrico é o WGS84, sendo o modelo terrestre representado pelo EGM96. No painel à esquerda, clique com o botão direito do mouse em “Lugares temporários” e escolha Adicionar Marcador. Digite PPTE-LatLong como nome do marcador, digite a latitude 22° 7’11.66”S e a

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MundoGEO 74 | 2013

longitude 51°24’30.72”O. Altere o ícone do marcador e clique em OK. Aplique zoom na imagem de satélite, passe o mouse sobre o marcador e observe que ele fica destacado em tamanho um pouco maior. Note, na barra de status, que são exibidas as coordenadas (Latitude e Longitude), além disso, ao marcador PPTE-LatLong parece estar associado o valor de 433 metros de “elevação” quando o mouse está sobre o ponto.

Criando um perfil de elevação No painel à esquerda, clique com o botão direito do mouse em “Lugares temporários” e escolha Adicionar Caminho. Clique na imagem em três pontos, sendo que um deles necessariamente deve coincidir com o marcador criado anteriormente. Se necessário, desloque os pontos para ajustar. Digite Perfil A-B como o nome do caminho. Clique em OK. Clique com o botão direito do mouse sobre o nome do caminho Perfil A-B. Escolha a opção Mostrar perfil de elevação. Um perfil de elevação é exibido na parte de baixo da tela e é possível, então, deslizar um ponteiro que indica a elevação ponto a ponto. Cabe ressaltar que a região de estudo é relativamente plana e os dados SRTM usados pelo Google Earth são válidos para uma área e não para pontos específicos. Ao mover o ponteiro ao longo do perfil de elevação e fazer coincidir com a posição do marcador, é possível constatar que está associada a esse ponto a elevação de 432 metros (na verdade, a mesma mostrada para o primeiro ponto do perfil A-B).


Deslocando o ponteiro para a outra extremidade é possível verificar que a elevação permanece em 432 metros. Outra informação exibida é a distância percorrida ao longo do caminho. Ao terminar de utilizar o perfil de elevação clique em para fechar. Repita o procedimento para criar um novo caminho denominado Perfil C-D, perpendicular ao Perfil A-B, sendo que um dos pontos necessariamente deve coincidir com o marcador PPTE-LatLong, como foi feito anteriormente. Clique com o botão direito do mouse sobre o nome do caminho Perfil C-D. Escolha a opção Mostrar perfil de elevação. Repita o procedimento para exibir a elevação do marcador, observe que desta vez parece ser de 431 metros! Note que, neste perfil, há uma variação maior do relevo, como pode ser visto no perfil de elevação. Ao terminar de utilizar o perfil de elevação clique para fechar. em

Clique com o botão direito do mouse sobre Lugares temporários, opte por Salvar lugar como e escolha entre as extensões KML e KMZ. É possível também enviar os dados por e-mail. Finalmente, escolha a opção Salvar em Meus lugares.

significa que o geóide está abaixo do elipsóide. É interessante ressaltar que as mensurações efetuadas no Google Earth indicaram: • Perfil A-B  elevação: 432 metros • Perfil C-D  elevação: 431 metros Isso indica que a elevação mostrada pelo Google Earth é mais próxima da Altitude Elipsoidal (ou Altitude Geométrica) do que da Altitude Ortométrica.

MAPGEO O Modelo MAPGEO2010 em SIRGAS2000 pode ser visualizado em http://goo.gl/ dd0ZnP. Na região da Estação PPTE, o valor da altura geoidal varia de 0 a -5 metros. Para obter gratuitamente o aplicativo MAPGEO2010, entre no site do IBGE em http://goo.gl/FBupD8. Após executar o programa, habilite a caixa Entrada via Teclado, digite o valor da Latitude e da Longitude em graus, minutos e segundos (GMS). Observe que a Longitude por padrão é negativa, mas a Latitude pode ser positiva ou negativa, dependendo do lugar do ponto. Em Sistema, escolha SIRGAS2000. Depois clique no botão para Processar Ponto. Em seguida, o valor da ondulação geoidal é exibido na tela. O resultado pode ser salvo ou impresso. É possível realizar a entrada dos dados via arquivo também.

Analisando os resultados Como vimos anteriormente, a Altitude Elipsoidal e a Altitude Ortométrica da Estação PPTE são fornecidas pelo IBGE em http://goo.gl/JCkS9g. Segundo os dados do IBGE, a Altitude Elipsoidal da PPTE é de 431.05 metros (obtida com uso do GPS), enquanto que a Altitude Ortométrica é de 435.97 metros (valor calculado através do modelo MAPGEO2010). A Latitude da Estação PPTE é -22°07’11.6571” e a Longitude é -51°24’30.7225”. De acordo com o MAPGEO2010, a ondulação geoidal da Estação PPTE é de -4.92 metros, ou seja, como é negativa, isso

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GEOQUALITY

Dinâmica territorial da produção agropecuária Aplicações de inteligência territorial para a gestão estratégica no agronegócio – Parte 2

A Wilson Anderson Holler Engenheiro Cartógrafo, Esp. (UFPR), Supervisor de equipe na Embrapa Gestão Territorial wilson.holler@embrapa.br

Claudio Spadotto Engenheiro Agrônomo, Ph.D. (University of Florida). Gerente Geral da Embrapa Gestão Territorial claudio.spadotto@embrapa.br

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nalisar o contexto agropecuário no território nacional de forma estratégica, considerando as possíveis limitações de uso da terra, compreendendo as tendências de evolução da agropecuária brasileira e com a possibilidade de confrontar com dados sociais, econômicos e ambientais, podem levar ao redirecionamento dos vetores de crescimento do agronegócio de forma mais sustentável. Com isso em mente, a Embrapa Gestão Territorial vem desenvolvendo o Serviço de Análise Espacial para a Tomada de Decisão Estratégica (SAE), que foi pensado e planejado para ser um serviço de inteligência territorial para o agronegócio. O SAE permite analisar a dinâmica das relações entre áreas de produção, áreas com limitações legais de uso, modais de transporte, possíveis áreas de evolução, direcionamento de ações de transferência de tecnologia, inserção de barreiras fitossanitárias, adoção de estratégias para o combate a doenças e pragas que afetam o agronegócio. Também permite estabelecer cenários de evolução territorial da agropecuária, beneficiando produtores, associações, cooperativas, sindicatos, órgãos públicos e empresas privadas do setor. Para fundamentar os resultados gerados no SAE, estão sendo desenvolvidos protocolos de análise, embasados em critérios estatísticos e espaciais, para o tratamento e apresentação dos dados, considerando todo o território nacional. Nessa edição apresentamos, como exemplo de aplicação do SAE, a determinação de vetores temporais, que demonstram a dinâmica territorial da produção agropecuária e que pode ser aplicada em diversas cadeias produtivas. Os vetores foram determinados a partir dos centros geométricos do conjunto de municípios mais representativos na produção nacional em cada ano. A metodologia para a determinação de vetores mostra o sentido da dinâmica espaço-temporal da agropecuária e quando confrontada com dados norteadores do crescimento, como modais de transporte e áreas com restrições de uso, evidencia quais são as áreas mais apropriadas para a expansão do agronegócio. A figura mostra o vetor gerado pela dinâmica da produção de soja no Brasil de 1990 a 2011, considerando os municípios mais representativos no período. O vetor apresentado está fora de escala e serve apenas para ilustrar o trajeto da evolução da produção de soja no território nacional. Observa-se na figura que a área de influência direta das rodovias e ferrovias,

previstas no Plano Nacional de Logística Integrada (PNLI), se implementado, poderá beneficiar o escoamento de grande parte da produção de soja do Centro-Oeste do País. Os municípios responsáveis por 25% da produção em 2011 está representado em verde escuro (Q4). Associados à figura, são gerados relatórios e gráficos que auxiliam a interpretação. Como exemplos, são apresentados os vetores em escala real e o gráfico do tipo radar. Os gráficos mostram a dinâmica espaço-temporal da produção de soja, onde os vetores, representam os deslocamentos dos centros geométricos nos quadriênios. O gráfico do tipo radar mostra a tendência de deslocamento ao longo de todo o período (1990-2011).

Percebe-se que no quadriênio inicial (1990-1994) há ocorrência de maior deslocamento dos centros geométricos. Entre 1990 e 1994 o vetor apresenta sentido nordeste, no quadriênio seguinte a movimentação dos centros geométricos segue para noroeste, de 1998 a 2002 e de 2002 a 2006 para noroeste e por fim, de 2006 até 2011 segue, predominantemente, para leste. A metodologia mostra como é possível analisar, em diversas escalas, a evolução da produção de determinado produto agropecuário. Também incorpora à análise aspectos de: infraestrutura de transportes; análises de contextos político-econômicos distintos; distribuição de renda, melhorias na infraestrutura dos municípios e auxilia a conservação dos recursos naturais, pois indica áreas com restrições de uso agropecuário como as Unidades de Conservação. As análises podem ser realizadas por região (Norte, Sul, Leste e Oeste), por estados, por mesorregião, por microrregião, por municípios, por bairros rurais, por bacias hidrográficas ou qualquer outro agrupamento que possuam dados históricos.



PREGÕES

Pregão Uma ameaça à engenharia!

O Valther Xavier Aguiar Engenheiro cartógrafo, diretor técnico da empresa Esteio Engenharia e Aerolevantamentos e vice-presidente da Associação Nacional das Empresas de Aerolevantamento (Anea) valther@esteio.com.br

Não seria surpresa se algum “jurista”, extrapolando esse conceito, concluísse que não só os Serviços de Engenharia, mas também os da Advocacia, da Medicina e muitos outros seriam também passíveis de serem leiloados. 44

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mercado brasileiro, não só o das geotecnologias, vem sofrendo constantes mudanças. Uma delas é provocada pela introdução da modalidade de contratação chamada Pregão, também conhecida por Leilão Reverso ou simplesmente - como muitos preferem – Leilão. Esta modalidade foi criada para simplificar e agilizar os processos de compra e contratação do governo. Desde sua criação vem ganhando cada vez mais destaque, adeptos e simpatizantes, a ponto de ser utilizada indiscriminadamente e sem nenhum critério, levando a consequências temerárias e em alguns casos desastrosas. Não sou contra o Pregão, entretanto ele surgiu com a Medida Provisória 2026/2000 e foi regulamentado pelo Decreto 3555/2000 com a finalidade específica para a contratação de bens e serviços comuns. Embora na sua criação tenha ficado claro e explícito que: a licitação na modalidade de pregão não se aplica às contratações de obras e serviços de engenharia, muitos se vêem obrigados a criarem argumentos e justificativas para que o Pregão seja e continue a ser utilizado, se não errado, de forma a prejudicar, num primeiro momento, as prestadoras de serviços de engenharia, num segundo momento os contratantes e, por último, os profissionais envolvidos e o próprio mercado. Os defensores do leilão ignoram o artigo 5° do Decreto 3555/2000, onde fica estabelecido que o pregão não se aplica a serviços de engenharia, e se fundamentam na Lei 10520/2002 que condiciona o uso do Pregão somente para bens e serviços comuns, assim definidos: “aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado”. Estes consideram serviços de engenharia como serviços comuns e, portanto, passíveis de contratação pelo pregão. Seguindo esta linha de raciocínio, com muita semântica e boa vontade de quem assim o quer, qualquer serviço poderia ser bem definido e especificado e, desta forma, contratado por esta modalidade. Não seria surpresa se algum “jurista”, extrapolando esse conceito, concluísse que não só os Serviços de Engenharia, mas também os da Advocacia, da Medicina e muitos outros seriam também passíveis de serem leiloados.

Em 2005, o Decreto 5450 regulamentou o pregão na forma eletrônica no âmbito federal e estabeleceu que: não se pode aplicar esta modalidade – o pregão eletrônico – para contratações de obras de engenharia, silenciando-se quanto aos serviços de engenharia e, com isso, deu margem a diferentes interpretações – nisto reside o problema!

Uso indiscriminado A utilização indiscriminada do pregão é uma tendência que precisa ser alterada. Os resultados e os prejuízos desta modalidade de compra, para serviços de engenharia, já começam a ser revelados e indicam uma necessária mudança. Diversos serviços do mercado não puderam ser utilizados devido a problemas de ordem técnica e tiveram de ser refeitos devido a uma má contratação. O pior dos Pregões é aquele em que se disputa primeiro o preço, sem nenhum critério técnico de seleção, e depois que os preços despencaram, julga-se a capacidade, quase sempre somente jurídica e fiscal do vencedor. Isto soa como um grande estímulo aos tão comuns “aventureiros do mercado”. Não se pode deixar de dizer que existem alguns exemplos de sucesso, mas raros são eles! Em síntese costumo dizer: na modalidade Pregão sem nenhum critério de admissibilidade, a probabilidade de se contratar serviços de engenharia por preço baixo é tão grande quanto à probabilidade de se contratar um mau serviço! Existe uma pressão muito grande e uma crença, infundada para muitos, de que o pregão, na área de engenharia, é um processo mais transparente e que com ele se economizam recursos na contratação de serviços, – lamentavelmente também alguns “engenheiros” pensam assim. É também muito comum, por parte do serviço público, o desejo de que os processos de compra sejam o mais simples possível – evitando maiores complicações e trabalho. Uma interessante e bizarra ideia foi proferida por um colega do setor, quando me dizia que as últimas fases desse movimento seriam a punição dos culpados pela má contratação e que os empregos públicos também seriam leiloados, ou seja, seriam funcionários públicos aqueles que aceitassem o emprego pelo menor salário e, obviamente, sem a necessidade de concurso ou qualificação.


Alternativas Em oposição ao pregão, os defensores das outras modalidades de contratação previstas na nossa legislação possuem argumentos fortes e aparentemente muito sólidos para serem contrários. As modalidades são: concorrência por menor preço, melhor técnica, ou a combinada de técnica e preço. Considero esta a mais indicada para a contratação dos serviços de engenharia. Todos nós, quando vamos comprar algo para nosso uso ou consumo, fazemos uma análise considerando o custo e o seu benefício. Este raciocínio lógico é usado quando vamos comprar carro, computador, telefone, eletrodoméstico, vinho, etc.. É quase sempre simples assim: buscamos o melhor que podemos comprar dentro do nosso orçamento ou a um preço justo. E porque não quando vamos comprar serviços de engenharia, mapeamento ou outro qualquer serviço de geotecnologia? Um parceiro comercial costuma sempre dizer: “escolher quem irá executar um levantamento de precisão por Pregão é tão absurdo como escolher, pelo mesmo processo, o médico que irá fazer a sua cirurgia cardíaca”! Por pressão, medo do Ministério Público ou do Tribunal de Contas, muitos contratantes optam pelo Pregão, por imaginar que esta seja a modalidade mais simples, fácil e que menos daria margem à corrupção. Entretanto, forçar ou induzir o licitante a praticar preços irreais é ainda pior do que ter de se explicar ao Ministério Público. Qual deveria ser a punição para quem contrata mal? Ou para quem paga por um serviço errado ou fora do prazo? Especificamente sobre o mapeamento, é muito comum fazer parte do objeto da licitação a expressão “contratação de serviços técnicos e especializados de...”, mas mesmo sendo “técnicos e especializados”, na hora de escolher a modalidade estes mesmos serviços são considerados, por muitos, como serviços comuns, pois podem ser definidos de forma inequívoca. Ao se especificar um serviço de mapeamento ou de geotecnologia, quase sempre se recorre ao auxílio de um consultor, especialista ou cartógrafo com experiência. Ora, se precisamos de um especialista para definir, porque não seria necessário um especialista para executar, ou porque seria este um serviço comum, simples ou sem complexidade? Não parece lógico, ético, nem tão pouco correto este tipo de interpretação, cujo único objetivo seja a busca incansável e inconsequente do “menor” preço e não do “melhor” preço.

Prejuízo para todos Esta implacável busca pelo baixo preço acaba resultando em perdas muito grandes ao mercado, pois se uma empresa é contratada por um preço que mal remunera o serviço, ela poderá, dependendo da sua

ética ou objetivo, transferir estas perdas à qualidade do trabalho, pois o controle de qualidade, para muitos, é uma etapa que não impede a execução do serviço e acaba sendo negligenciada. Ou na utilização de recursos técnicos mais simples e baratos e, ainda, na substituição dos profissionais envolvidos por outros mais baratos e menos qualificados. É também comum empresas não considerarem adequadamente os encargos sociais e até mesmo as devidas taxas e impostos. Isso quando a prestadora de serviços já não fez todas estas considerações na formação do preço apresentado e, depois oferta, irresponsavelmente, lances de forma a reduzir ainda mais seu preço final. De uma forma ou outra o profissional envolvido, seja ele da parte contratante ou contratada, irá sempre perder, num primeiro momento em qualidade e depois em perdas salariais. O preço baixo de hoje se tornará a referência de preço amanhã e, assim, realimentando um vicioso ciclo em que as perdas irão se acumulando e se agigantando. As empresas vão se descapitalizando e diminuindo gradativamente os seus necessários investimentos, levando, a curto ou médio prazo, ao inevitável sucateamento. Nada poderia ser pior do que isso para a engenharia brasileira. O Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), em 3 de dezembro de 12, aprovou por unanimidade, em sessão plenária, que os serviços de engenharia, dada a natureza intelectual, científica e técnica, jamais poderão ser considerados serviços comuns, portanto, não são passiveis de compra pela modalidade Pregão (decisão N. PL-2467/2012). De uma forma simples e direta, decide que: se para o serviço em questão é necessário Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), este não deve ser comprado sob a forma de pregão! As entidades Associação Brasileira de Consultores de Engenharia (ABCE), Sindicato da Arquitetura e Engenharia (Sinaenco), Associação Nacional das Empresas de Aerolevantamento (Anea) , entre outras, vêm se posicionando contra o pregão, e as demais, como Associação Brasileira de Engenheiros Cartógrafos (Abec) e Instituto Brasileiro de Empresas de Geomática e Soluções Geoespaciais (IBG) - e muitas outras - podem e devem fomentar e divulgar o quão danoso e prejudicial é o Pregão para a engenharia brasileira. Fica então a mensagem a todos os engenheiros, empresários, cartógrafos e simpatizantes: não deixe que a engenharia seja considerada um serviço comum e simples, pois não é, nem nunca foi! Não foram em vão todos os esforços para sua graduação, especialização, estudos, congressos, seminários e tudo mais que fez que, a partir de agora, por uma interpretação tendenciosa, passaria a ser considerado um serviço comum, sem nenhuma especialidade.

O preço baixo de hoje se tornará a referência de preço amanhã e, assim, realimentando um vicioso ciclo em que as perdas irão se acumulando e se agigantando. MundoGEO 74 | 2013

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TI+GEO

Dados geoespaciais na berlinda

A representação do complexo mundo real pelos nossos limitados olhos

N José Augusto Sapienza Ramos Coordenador Acadêmico do Sistema Labgis. Professor do Departamento de Geologia Aplicada da Faculdade de Geologia da UERJ. Formação na área de Engenharia e Ciência da Computação, atua há mais de 12 anos na área de Geotecnologias com pesquisa, ensino e consultoria sapienza@labgis.uerj.br

[...] o dado geográfico é uma interpretação do mundo real dotada nas limitações da percepção humana. 46

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o desafio da integração entre a tecnologia da informação e geociências (TI+GEO), o dado geo -gráfico fica na berlinda. O entendimento mais completo sobre este dado demanda conhecimentos das ambas as áreas. Apesar de importantes, talvez hoje a principal dificuldade não esteja nas definições de matricial/vetorial ou escala e precisão, mas sim no entendimento da epistemologia da representação do mundo por meio de dados geográficos. No sentido de contribuir nesta direção, ressaltam-se alguns pontos sobre a limitação de tal representação. Diversos filósofos se debruçaram sobre o tema da percepção humana, onde um dos trabalhos mais importantes foi do Immanuel Kant, que define que o processo de percepção não é passivo, mas um processo de construção de uma experiência, acrescentando memórias, afeto, raciocínio e outras qualidades subjetivas ao indivíduo. Kant e outros pensadores, cada um em sua linha e contemporaneidade, definem que percebemos e entendemos o mundo não como ele é, mas o reconhecemos por meio das qualidades e limitações de nossas percepções. Sendo assim, quando duas pessoas observam um mesmo objeto, a percepção pode não ser equivalente e muito menos será completa. Mas o que essa conversa filosófica tem a ver com o dado geográfico? Tudo, pois o dado geográfico é uma interpretação do mundo real dotada nas limitações da percepção humana. Em complemento dessa argumentação, o livro Spatial Data Quality leva no prefácio a seguinte colocação: “o dado espacial precisa ser necessariamente aproximado, já que é impossível capturar toda a infinita complexidade da superfície da Terra sobre qualquer forma, seja como um mapa, um globo, um banco de dados digital, ou uma narrativa”. Essa limitação não vem somente da tecnologia que é aplicada no levantamento, mas também da nossa capacidade de perceber a completa complexidade. Cabe ressaltar que o dado geográfico é um dado técnico, provido de metodologias definidas para sua criação, representação e manipulação. Uma equipe especializada pode se sentar em uma mesa e definir

como será tecnicamente a representação de uma área de estudo por meio de dados geográficos. Por outro lado é incorreto pensar que o dado geográfico seja totalmente cartesiano. O livro supracitado afirma ainda no seu prefácio: “muitos tipos de dados espaciais envolvem julgamento humano”. Para ficarmos em um exemplo: dois profissionais igualmente experientes em mapeamento de vegetação podem não chegar ao consenso na definição das bordas de duas classes de vegetação ou mesmo em qual classe uma região se encaixa. Reforça-se assim a influência da percepção do homem sobre o dado geográfico que ele constrói. Apesar de não capturarmos toda a complexidade da superfície da Terra, podemos capturar uma grandeza de informações que torne a base de dados complexa. “A criação de um mapa ou um banco de dados espaciais é um processo longo e complexo, envolvendo muitos estágios de aquisição, interpretação, análise e generalização” – transcorre ainda no prefácio do Spatial Data Quality. É, portanto, pertinente que se documente tecnicamente este processo de criação. Assim, considera-se para melhor entendimento sobre o dado geográfico: • Ele não representa toda a complexidade do mundo real, mas é complexo; e • Duas representações do mesmo elemento da superfície da Terra podem não ser iguais, pois estas representações estão de acordo com diferentes percepções. A citar algumas consequências deste cenário: um produtor de dados não pode gerar uma base para atender qualquer aplicação de qualquer usuário, por outro lado o usuário deve definir o que ele precisa; dados geográficos relacionados nem sempre convergem ou geograficamente ou em atributos, devido aos diferentes processos de criação; uma documentação falha sobre o processo de criação do dado restringe a avaliação de como se dá a representação e quais são as limitações. Moral da história: tal como é o criador, é sua criatura.



CERTIFICAÇÃO DE IMÓVEIS

Sistema de Gestão Fundiária

Novos rumos para o georreferenciamento de imóveis rurais no Brasil Fábio Pagliosa Ulkowski Engenheiro Cartógrafo - Analista em Reforma e Desenvolvimento Agrário – Incra/PR

Heliomar Vasconcelos Engenheiro Agrimensor - Analista em Reforma e Desenvolvimento Agrário – Incra/TO

Kilder José Barbosa Engenheiro Agrimensor - Analista em Reforma e Desenvolvimento Agrário – Incra/MG

O

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), juntamente com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), aprovaram recentemente documentos importantes que definirão os novos rumos do georreferenciamento de imóveis rurais no país. Dentre eles estão a Portaria Nº 486, a Instrução Normativa Nº 77 e a Norma de Execução Nº 107, construídos com o principal propósito de modernizar as ações de certificação de imóveis rurais, que serão processadas pelo Sistema de Gestão Fundiária (Sigef). Todos os normativos passarão a vigorar a partir do dia 23 de novembro deste ano. Até lá, o sistema estará disponível para ambientação com a nova sistemática de trabalho.

Miguel Pedro da Silva Neto Engenheiro Cartógrafo - Analista em Reforma e Desenvolvimento Agrário – Incra/BA

Oscar Oséias Oliveira Engenheiro Agrimensor - Analista em Reforma e Desenvolvimento Agrário – Incra/ES

Thiago Marra Geógrafo - Analista em Reforma e Desenvolvimento Agrário - Terra Legal/BSB

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Portaria 486 Esta Portaria homologa os novos normativos para execução dos serviços de georreferenciamento de imóveis rurais, que foram reestruturados e divididos em: • Norma técnica para Georreferenciamento de Imóveis Rurais 3ª Edição, que aborda os conceitos e princípios fundamentais para a realização dos serviços; • Manual Técnico de Limites e Confrontações, que define qual objeto deve ser medido e qual a forma de identificá-lo; e • Manual Técnico de Posicionamento, que estabelece a forma de como medir o objeto e referenciar o levantamento ao Sistema Geodésico Brasileiro. As alterações em relação à 2ª Edição da Norma foram realizadas com o propósito de tornar o processo mais célere, com menor custo, sem prejuízo da qualidade final do produto.

Não se exige mais a elaboração de um conjunto de documentos e peças técnicas, hoje apresentados para fins de certificação. O processo, totalmente eletrônico, passa a ser operado via Sigef. A partir de 23 de novembro o único documento a ser apresentado será uma planilha eletrônica no formato Open Document Sheet (ODS - documento de planilha aberto), segundo o padrão Open Document Format (ODF - formato de documento aberto). O uso da planilha ODS é homologado para o aplicativo Calc, contido no pacote LibreOffice, o que atende à política do Governo Federal de utilização de software livre e aos Padrões de Interoperabilidade do Governo Eletrônico (e-Ping). Este modelo diminuirá drasticamente o trabalho de preparação de peças técnicas, requerimentos e outros documentos apresentados hoje, tanto em meio analógico quanto digital. Outro avanço importante está na definição do objeto a ser considerado para o georreferenciamento e a certificação, que agora passa a adotar o conceito de imóvel rural contido na Lei de Registros Públicos. Isso aproxima os procedimentos de certificação com o registro de imóveis. Com esta medida, o proprietário rural fica desobrigado a georreferenciar todas as suas matriculas, para o caso de matrículas vizinhas, permitindo a certificação de apenas uma, quando for de seu interesse. Apesar de não exigir a apresentação de nenhuma peça técnica, estes normativos indicam a necessidade da guarda das informações que geraram a planilha e a consequente certificação, enfatizando a responsabilidade técnica da produção dessas informações.

Norma de Execução 107 Esta importante Norma homologa o Manual para Gestão da Certificação de Imóveis Rurais, que estabelece os procedimentos a serem realizados pelo Incra para promover a gestão da certificação. Padroniza os critérios técnicos e os procedimen-


tos administrativos, garantindo impessoalidade ao processo de Cerificação, uma vez que determina a unicidade das ações de todos os Comitês Regionais. Este manual está voltado exclusivamente para os servidores do Incra, que estarão envolvidos nas verificações dos requerimentos de análise de sobreposição, desmembramento, remembramento, retificação e cancelamento de parcelas certificadas. Deve-se salientar que todas as ações previstas no Manual serão operadas via Sigef e poderão ser acompanhadas, a qualquer momento, por qualquer cidadão, independentemente se é ou não parte do processo. O Incra, preocupado com a qualidade dos dados produzidos pelo processo de Certificação, determinou que fosse incluído neste manual um capítulo específico para sanções administrativas cabíveis nos casos comprovados de imperícia, negligência ou má fé nos serviços de georreferenciamento relativos à certificação e na abertura indevida de requerimentos. O objetivo dessas sanções não é penalizar os profissionais credenciados, mas sim coibir o mau uso das atribuições técnicas frente aos novos recursos disponíveis para a Certificação.

Instrução Normativa Nº 77 Esta instrução regulamenta os procedimentos de Certificação de imóveis rurais a que se refere o § 5º do art. 176 da Lei de Registros Públicos (Lei 6.015, de 1973): “Nas hipóteses do § 3º, caberá ao Incra certificar que a poligonal objeto do memorial descritivo não se sobrepõe a nenhuma outra constante de seu cadastro georreferenciado e que o memorial atende às exigências técnicas, conforme ato normativo próprio.” Já em seu segundo capítulo, aponta o Sigef como o sistema responsável pela efetivação dos requerimentos de certificação, desmembramento, parcelamento e remembramento de imóveis rurais: as operações cartoriais já previstas pela Lei de Registros Públicos.

Por dentro do Sigef O Sigef é um sistema web desenvolvido para automatizar a certificação de imóveis rurais e dar

suporte a outras atividades ligadas à destinação de terras públicas. Contempla a recepção, validação, organização, regularização e disponibilização das informações georreferenciadas de limites de imóveis rurais, públicos ou privados. O Sigef abrange as seguintes funcionalidades: • Recepção de dados georreferenciados, via internet; • Validação rápida, impessoal, automatizada e precisa, de acordo com a 3ª Edição da Norma Técnica de Georreferenciamento de Imóveis Rurais e Manuais Técnicos; • Certificação automática com geração online de documentos: planta e memorial descritivo; • Atualização de informação de forma segura com o Registro de Imóveis; • Realizar operações de desmembramento, remembramento, retificação e cancelamento de parcelas; • Gerência eletrônica de processos relativos a parcelas: certificação, registro, desmembramento, remembramento, retificação, cancelamento; • Pesquisa pública online para dados cadastrais rurais georreferenciados; • Gestão de serviços de georreferenciamento realizados por órgão públicos. Para a gestão de serviços de georreferenciamento, o Sigef possui as funcionalidades de cadastro de licitações, contratos, empresas contratadas, responsáveis técnicos e fiscais. O responsável técnico possui a funcionalidade de envios de planilhas referentes aos serviços contratados e o fiscal tem a funcionalidade de analisar os dados enviados, aprovando ou rejeitando as parcelas contidas nas planilhas. O acesso é feito pelo endereço https://sigef.incra. gov.br e está disponível para todos os profissionais credenciados para requerer certificação de imóveis rurais. Quanto aos procedimentos para Certificação, primeiro o profissional credenciado executa o georreferenciamento de acordo com a Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis Rurais 3ª Edicão e seus Manuais Técnicos. Depois, formata os dados em planilha eletrônica segundo o Manual do Sigef e acessa o sistema com certificado digital padrão da Infraestrutura de Chaves Públicas (ICP-Brasil), definida pelo governo brasileiro. Então, informa a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) do serviço e envia os

Apesar de não exigir a apresentação de nenhuma peça técnica, estes normativos indicam a necessidade da guarda das informações que geraram a planilha e a consequente certificação, enfatizando a responsabilidade técnica da produção dessas informações.

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dados, os quais são validados em questão de segundos ou minutos, dependendo da quantidade de vértices. Caso não seja detectado erro, o profissional pode confirmar a solicitação de certificação, que é realizada instantaneamente. Neste momento já é possível obter os documentos planta e memorial descritivo, prontos para serem levados ao Cartório de Registro de Imóveis. De posse da certidão atualizada da matrícula contendo o memorial descritivo certificado, o profissional credenciado ou o oficial de registro efetua um requerimento de registro, informando o número da matrícula e os dados dos proprietários. Finalizada a análise do requerimento, a parcela certificada passa a conter informações atualizadas em relação ao registro de imóveis.

Segurança e Estrutura do Sigef Para profissionais credenciados e outros usuários que têm permissão para alteração de dados, o acesso ao Sigef é feito exclusivamente com certificado digital. O padrão de certificado segue as definições da ICP-Brasil, um recurso seguro de identificação, válido juridicamente. Já é utilizado por diversos órgãos e instituições no país, públicos e privados. Em termos de infraestrutura de Tecnologia de Informação, o Sigef conta com dois ambientes distintos e independentes, cada um composto por quatro servidores: um de aplicação, um de tarefas e dois de banco de dados. O ambiente de homologação é utilizado para testes de novas funcionalidades e correções de eventuais falhas, antes de serem aplicadas no ambiente de produção, que hospeda o sistema disponível no endereço https://sigef.incra.gov.br, acessado por usuários com certificado digital e que guarda e

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atualiza os dados válidos. A estrutura foi dimensionada para comportar o modelo de dados que contempla a relação entre vértices, limites e parcelas. A partir do momento da certificação, todos esses dados são gravados no banco de dados do SIGEF e passam a ser considerados como critério para análise de sobreposição.

Transparência O Sigef disponibiliza um conjunto de consultas importantes por meio de sua página pública, acessível por qualquer cidadão. Uma delas é a consulta de parcelas, por meio da qual é possível acessar detalhes de cada parcela certificada pelo sistema: dados de vértices, limites, polígono em mapa interativo, datas, situação registral, além de acesso à planta e ao memorial descritivo. Também é possível exportar os dados em formatos shapefile e kml de vértices, limites e parcela. Na página pública também é possível obter informações online sobre requerimentos, acompanhar sua situação e interagir com os Comitês de Certificação. Além disso, disponibiliza dados de profissionais credenciados por município, com nome e contato. Os dados cadastrais são atualizados pelos próprios credenciados. O Sigef é operado por diferentes atores, que têm acesso a funcionalidades bem definidas: • Profissionais credenciados - podem abrir requerimentos de certificação, registro, desmembramento, remembramento, retificação, cancelamento e sobreposição; • Comitês de Certificação do Incra - analisam os requerimentos de registro, desmembramento, remembramento, retificação, cancelamento e sobreposição; • Oficiais de Registro de Imóveis - podem efetuar requerimentos de registro, retificação e cancelamento; • Órgãos Públicos - atuam na gestão de serviços de georreferenciamento; • Público em geral - pode consultar informações sobre requerimentos, parcelas e profissionais credenciados.

Desenvolvimento O Sigef foi desenvolvido com apoio do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (PDRS Xingu), instituído em 2010 pelo Decreto nº 7.340 da Presidência da República e composto por órgãos governamentais representações da sociedade civil organizada. O projeto de desenvolvimento do Sigef foi apresentado pela Câmara Técnica de Ordenamento Territorial, Regularização Fundiária e Gestão Ambiental. A especificação, monitoramento e fiscalização do serviço de desenvolvimento foram realizados por profissionais do Incra e MDA - Analistas em Reforma e Desenvolvimento Agrário. O desenvolvimento foi realizado pela empresa ZNC Sistemas, com pessoal especializado e com experiência no tratamento de dados geoespaciais. Utiliza 100% tecnologia livre, segundo as recomendações da política de software livre do Governo Federal. Atende os padrões do e-Ping, o que possibilita a interoperabilidade com outros sistemas, conforme também estabelece a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (Inde). Dessa forma, procurou-se garantir que outros entes envolvidos, como órgãos públicos de diferentes esferas e outros sistemas, tenham acesso aos dados e possam integrá-los para atender às suas necessidades específicas.

Expectativas Sabemos que este é apenas um primeiro passo de muitos ainda necessários, mas acreditamos ter encontrado o caminho. Contamos com a fundamental contribuição de todos os profissionais envolvidos para trilhá-lo. Sem isso nada novo será construído. Por fim, esperamos que o trabalho desenvolvido atenda à sociedade brasileira de forma mais eficiente, impessoal, transparente e justa, como o Serviço Público deve ser. Dessa forma, contribuiremos de fato para o desenvolvimento econômico e a consolidação da democracia no campo.



Geoincra

IMPLEMENTAÇÃO DO SIGEF

Uma nova realidade no cadastro fundiário no Brasil e no registro de imóveis

C Roberto Tadeu Teixeira

Engenheiro Agrimensor – Incra-SP. Especialista em Georreferenciamento de Imóveis Rurais, formado pela Feap – Pirassununga. Professor do Curso de Pós Graduação em Georreferenciamento de Imóveis Rurais, disciplina de Normas e Legislação aplicada ao Georrreferenciamento de Imóveis das Universidades: Fundação Educacional de Fernandópolis (SP), União Educacional do Norte - Rio Branco (AC) e Universidade do Vale do Itajaí (SC). Instrutor do curso EAD Legislação e Georreferenciamento da Universidade Santiago e Cintra robertotadeuteixeira@gmail.com

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omo todos nós sabemos, a estrutura fundiária no Brasil caracteriza-se pela inconsistência dos elementos técnicos definidores do contorno da unidade territorial, onde não existe nenhum rigor no encaixe da medição na geometria das propriedades vizinhas, gerando um registro totalmente frágil, inconsistente e irreal do memorial descritivo nos Serviços de Registro de Imóveis. Milhares de áreas são ocupadas por posseiros, os quais sem documentos de propriedade, ficam impedidos de acessar financiamentos, de terem assistência técnica e de produzirem, deixando de gerar riqueza para o país. Com o advento da Lei nº 10.267/01, temos o instrumento legal para concretizar o ordenamento territorial brasileiro, através de ações de Regularização Fundiária, Recadastramento dos Imóveis Rurais e Retificação do Registro Público administrativo, cujos imóveis tiveram suas descrições perimetrais modificadas em função do georreferenciamento executado em função da Lei Federal 10.267/2001. A Lei nº 10.931/04 que, em seu artigo 59, regulamentou definitivamente, em função das novas redações dos artigos 212 e 213 da Lei nº 6.015/73 a alteração dos registros imobiliários de forma administrativa, inclusive em perímetros urbanos, contribuindo sobremaneira com a celeridade nos processos de regularização fundiária e ordenamento territorial. A propriedade é, historicamente, um dos direitos mais fortes e tutelados pela sociedade humana. No início a terra pertencia ao estado que a conquistava, passando num segundo momento às mãos dos particulares para fins de ocupação e para prover o sustento. Com a evolução da sociedade e de suas relações foram gerados sistemas para regular o direito à propriedade, criando assim o que se chama de propriedade regular, a qual advém

do registro de um título hábil na Serventia Registral Imobiliária da situação do imóvel, conferindo ao proprietário os mais amplos poderes sobre a coisa. O artigo 5, inciso XXIII, da Constituição Federal de 1998, dispõe que a propriedade atenderá à sua função social entendendo por isto a produção . De certo modo ampara-se a propriedade quase tanto como a vida, e isto se verifica quando se oportuniza o exercício da reivindicatória, que é a legítima defesa do proprietário contra aqueles que atentam contra o seu direito. Para o registro de um imóvel ou de uma unidade territorial, entendendo por isto lote, gleba ou parcela, nos registros públicos se exige levantamento técnico, onde o contorno da unidade territorial é descrito por azimutes e distâncias entre dois pontos. Não há nenhum rigor no encaixe da medição na geometria das propriedades vizinhas. Como consequência disto se tem uma total inconsistência das medições com possibilidades de múltiplas definições de cada ponto limite entre duas propriedades. O princípio da especialidade, o qual estabelece que tanto o objeto do negócio (o imóvel) como os contratantes devem estar perfeitamente determinados, identificados e particularizados, para que o registro reflita com exatidão o fato jurídico que o originou, não é atendido com o necessário rigor. Os Serviços de Registros de Imóveis não eram obrigados a informar ao governo as alterações ocorridas nas matrículas imobiliárias decorrentes de mudanças de titularidades, parcelamento, desmembramento, etc.. Esta não obrigatoriedade causa um descompasso entre as informações que constam nos Serviços de Registros de Imóveis e aquelas que constam no Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNCR).


Esta não unicidade de informações e o não

tuadas a recepção, validação, organização, re-

compartilhamento das mesmas, aliados a um

gularização e disponibilização das informações

sistema registral ainda embasado em processos

georreferenciadas de limites de imóveis rurais,

analógicos e não digitais, facilitam sobremanei-

públicos e privados.

ra a ocorrência de fraudes envolvendo quase

Por meio do Sigef serão realizadas a certifi-

sempre o patrimônio público, e inviabilizam a

cação de dados referentes a limites de imóveis

implantação de políticas eficientes de gestão

rurais (parágrafo 5º do artigo 176 da Lei 6.015,

territorial, visto que, com o cenário atual, não se

de 31 de dezembro de 1973) e a gestão de con-

conhece verdadeiramente o território brasileiro.

tratos de serviços de georreferenciamento com

Tendo como principal objetivo o saneamento do

a administração pública, compreendendo:

Sistema Registral de Imóveis brasileiro, em 28

• Credenciamento de profissional apto a reque-

de Agosto de 2001 promulgou-se a Lei 10.267,

rer certificação;

a qual alterava dispositivos de leis anteriores e

• Autenticidade de usuários do sistema com cer-

dispunha sobre providências a serem tomadas

tificação digital, seguindo padrões da Infraes-

no sentido de se alcançar o objetivo principal. A nova lei de Registro Públicos 10.267 trouxe consigo grandes avanços na área fundiária brasi-

trutura de Chaves Públicas (ICP-Brasil); • Recepção de dados georreferenciados padronizados, via internet;

leira. Com ela, o Serviço de Registro de Imóveis

• Validação rápida, impessoal, automatizada e

ficou obrigado a repassar ao Instituto Nacional

precisa, de acordo com os parâmetros técni-

de Colonização e Reforma Agrária (Incra) todas as

cos vigentes;

alterações ocorridas nas matrículas imobiliárias.

• Geração automática de peças técnicas (planta

A exigência da especialidade passou a ser

e memorial descritivo), com a possibilidade de

atendida de uma forma que lhe conferiu quali-

verificação de autenticidade online;

dade, as informações de rumos/azimutes e dis-

• Gerência eletrônica de requerimentos relati-

tâncias não puderam mais ser utilizadas para

vos a parcelas: certificação, registro, desmem-

a descrição imobiliária. A partir de então, ape-

bramento, remembramento, retificação e

nas as coordenadas georreferenciadas bastaram

cancelamento;

para definir o imóvel. Esta simples mudança trouxe uma série

• Possibilidade de inclusão de informações atualizadas do registro de imóveis (matrícula e

de vantagens:

proprietário) via internet, permitindo a efe-

• Melhora a identificação do imóvel, descobre a

tiva sincronização entre os dados cadastrais

sobreposição de títulos, evita ou dificulta fraudes de dupla titulação; • Possibilita o referenciamento entre registros e mapas cadastrais; e • Facilita a interligação dos dados registrados com outros registros territoriais. E agora, com a implantação do Sistema de

e registrais; • Gestão de contratos de serviços de georreferenciamento com a administração pública, com acesso para órgãos públicos, empresas, responsáveis técnicos e fiscais; • Pesquisa pública de parcelas certificadas, requerimentos e credenciados.

Gestão Fundiária (Sigef), um dos problemas que

Desta forma, entendemos que a Instrução

atrapalhava - impedindo uma maior celeridade

Normativa 77 de 23 de agosto de 2013, que im-

na viabilização da transformação do sistema ca-

plementou o Sigef, e a portaria 485 de 2 de se-

dastral e registral do país, que era a morosidade

tembro de 2013, que aprovou a 3ª Edição da

da certificação dos imóveis pelo Incra - vai dei-

Norma Técnica para Georreferenciamento de

xar de existir.

Imóveis Rurais, bem como os Manuais Técnicos

Isto porque o Sigef, que é uma ferramenta

de Posicionamento e o Manual Técnico de Li-

eletrônica desenvolvida pelo Incra e pelo Minis-

mites e Confrontações, irão contribuir sobre-

tério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para

maneira para a implementação de um cadastro

subsidiar a governança fundiária do território

fundiário nacional e com um registro público

nacional, mudará esse quadro. Por ele serão efe-

confiáveis sob o ponto de vista técnico e legal.

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Geocertificação

O SIGEF

Fim de uma novela ou começo de mais um capítulo?

E Margarete Maria José Oliveira Sócia da empresa TGR Treinamentos. Cursou Tecnologia em Geoprocessamento no IFG. Trabalha com montagem de processos de Georreferenciamento de Imóveis Rurais há mais de cinco anos marga1807@gmail.com

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MundoGEO 74 | 2013

m novembro de 2012 foi publicada a Norma de Execução (NE) 105, retirando do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a responsabilidade pela análise das peças técnicas do processo de georreferenciamento, embora ainda fosse necessário entregá-las ao órgão. Somente o perímetro limpo e o memorial descritivo seriam objeto de análise. Isso possibilitou a aceleração no processo de certificação. Na mesma época, o presidente do Incra, Sr. Carlos Guedes, apresentou aos órgãos competentes uma nova proposta: o Sistema de Gestão Fundiária (Sigef), que entraria em vigor, a princípio, no mês de fevereiro daquele ano. Trata-se de um sistema automatizado, que elimina a análise humana sobre o processo e, se aprovado, emite a certificação automaticamente; caso contrário, o interessado será notificado. Possui capacidade operacional de 20 mil processos por mês. Segundo destacava Guedes, “o novo sistema traz agilidade, transparência, segurança e simultaneidade na certificação, além da redução de custos para o produtor rural”. A partir deste anúncio, iniciaram-se os questionamentos e as dúvidas: acreditar ou não na realização desta proposta? Muitos acreditaram e até compraram o token imediatamente. Mas, por que não acreditar? A NE 105 estava entrando em vigor, preparando os envolvidos para a realidade que estava por vir. Já não seriam mais “alunos do grupo escolar” fazendo tarefas de casa para o professor corrigir - afinal, após tantos anos passados desde o início do georreferenciamento, será que ainda haveria necessidade de conferência de processamentos, relatórios, PDOP etc.? Estariam os órgãos competentes convocando os profissionais para assumirem atitudes de “alunos de curso superior”? A equipe envolvida nesta mudança pensou bem: não deve haver nada a conferir, afinal é dever de todo profissional, em qualquer área, trabalhar bem e ser responsável direto pelos seus atos. E, depois de tanta expectativa, finalmente no dia 23 de novembro de 2013 entrará em vigor a 3ª Edição da Norma que, para surpresa de todos, traz significativas mudanças, não só para os profissionais

envolvidos como também para os proprietários dos imóveis rurais.

Manuais Muito bem elaborada, a 3ª Edição da Norma chega acompanhada de dois outros documentos: o Manual Técnico de Limites e Confrontações e o Manual Técnico de Posicionamento. O Manual Técnico de Limites e Confrontações, logo em sua introdução, nos diz que, finalmente, fará justiça à Lei 6.015, adotando seu conceito de imóvel rural. Este manual nos orienta sobre a identificação e descrição dos limites do imóvel (o que medir? onde medir?). Esclarece sobre os imóveis rurais objetos de título de domínio, os passíveis de titulação, imóveis com área encravada, com posseiros e, em seu capítulo 6, esclarece, de uma forma bem elaborada, sobre as situações de desmembramento/ remembramento. Neste capítulo, o manual confirma o que muitos profissionais ainda “não entenderam”: o desmembramento só deve ocorrer após a certificação do perímetro. O item 6.1.1 traz uma mudança substancial: quando no desmembramento/parcelamento ocorrer a inclusão de vértice na parcela confrontante, e esta já estiver certificada, deverá o credenciado gerar uma ART especifica para este trabalho e, além da alteração da certificação, “se a parcela confrontante estiver efetivada no registro de imóveis, haverá necessidade de ações também no cartório”.

Lemos no capítulo 4 (4.2.2.1) que “em limites já consolidados, definidos por elementos físicos, fica a critério do credenciado e dos proprietários envolvidos a implantação do marco”. Seria viável não implantar o marco? Onde podemos nos basear para calcularmos a acurácia ao nos depararmos com um imóvel confinante de outro já georreferenciado e sem marcos implantados? Não podemos esquecer


que, quando se diz “proprietários envolvidos”, está incluído o confrontante do imóvel. Fica na consciência e maneira de trabalhar de cada um. O Manual Técnico de Posicionamento trata dos novos métodos de posicionamento, esclarece sobre a utilização do RTK e dedica boa parte ao Posicionamento por Topografia Clássica. Nele, a grande mudança ficou por conta, a meu ver, da utilização do sistema de coordenadas locais. Situação que tem sido discutida e esperada pelos credenciados, professores e demais interessados no assunto desde a edição da 1ª Norma Técnica, ou melhor, desde que entrou em vigor a Lei 10.267. Como sabemos, um imóvel mensurado através do Sistema Geodésico Brasileiro apresenta variação não só de área, como de azimute e distância, dependendo do fuso ao qual pertença; o mesmo imóvel, mensurado através do plano topográfico, não sofrerá alteração de área, azimutes nem distâncias independentemente da região em que se encontre. Podemos dizer que é a Cartografia x Topografia. Segundo o professor Djacir Ramos, “fazer um levantamento topográfico significa estabelecer um plano de projeção local, tangente à vertical do lugar e executar uma série de medições angulares e lineares com o objetivo de representar, no plano de projeção topográfico local, com a melhor proximidade da verdade”. A figura 18 do Manual Técnico de Posicionamento nos mostra a diferença entre os dois Sistemas:

Sistema Geodésico Local e Sistema Geocêntrico

Para ser coerente com a minimização da distorção nos valores de área, distância e azimute, cada vértice obtido através de posicionamento por geometria analítica (paralela ou interseção de retas), deverá ter um valor de altitude a ele atribuído. Enfim, muitas foram as mudanças e ainda faltam algumas orientações, porém a Norma está apenas nascendo, e certamente haverá adaptações e esclarecimentos. Não posso deixar de comentar uma frase importante que li neste manual: “menor detalhamento de especificações técnicas (atribuindo esta tarefa ao credenciado)”. Em outras palavras, chegou o momento de se colocar em prática tudo que foi estudado nos cursos técnicos, tecnológicos e faculdades. Em ambos os manuais está claro em seu final: a necessidade da guarda de peças técnicas e documentação, incluindo aí cópia das certidões das matrículas ou transcrições dos imóveis confrontantes.

[...] chegou o momento de se colocar em prática tudo que foi estudado nos cursos técnicos, tecnológicos e faculdades.

Separando o joio do trigo É hora de separar o “joio do trigo”, da seleção natural segundo Darwin. Serviço “bem feito”, dentro da Norma, não deverá ter problemas e, se houver, também haverá argumentos para se defender, principalmente diante dos clientes. Como sempre costumo dizer nos treinamentos da TGR, o credenciado deverá entender a questão “como um todo”. Primeiramente, pesquisar a propriedade, os lindeiros, visitar o imóvel, perguntar, juntar dados, conferir matrículas, tirar dúvidas, antes de assinar o contrato e sair a campo - e isso sempre esteve na Norma - é antigo! Porém, pelo simples fato da falta de conhecimento, ou por não acreditarem no que possa vir acontecer, muitos passam a ver o georreferenciamento como um feixe de laser e não como uma abrangência de 360 graus. Temos que estudar, e estudar muito. O nosso rumo deverá ser o mesmo de sempre: tentarmos o melhor serviço... e pronto! Em consequência, teremos a cabeça erguida para cobrarmos um preço justo, afinal, se cada propriedade é um mundo, cada geo é um filho.

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mapa sp Laser Scanner 3D

Laser Scanner 3D A nuvem de pontos em arquivo

A Rovane Marcos de França Professor de geodésia e georreferenciamento do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC) e consultor da Vector Geo4D. Engenheiro civil, técnico em geomensura e Estradas. Experiência em levantamentos com laser scanner há três anos em várias aplicações, usando diversos softwares de processamento e modelagem de nuvem de pontos rovane@vector.agr.br

nuvem de pontos, após o seu registro, é composta muitas vezes por alguns milhões de pontos, variando a quantidade em função do detalhamento necessário, assim como da extensão do trabalho. Mas como os arquivos de nuvem de pontos são vetoriais (pontos em X,Y,Z), o tamanho do arquivo em Bytes depende exclusivamente da quantidade de pontos e de suas informações adicionais. Uma nuvem com 1 milhão de pontos numa obra de terraplenagem com 2 hectares terá praticamente o mesmo tamanho em Bytes que uma nuvem com 1 milhão de pontos num equipamento industrial de 4 metros quadrados. Como sabemos, quanto maior o tamanho dos arquivos, maior será a exigência de hardware e software para o seu processamento, tratamento, importação, exportação e armazenamento. Por este motivo, os fabricantes de equipamentos e também os desenvolvedores de softwares de Laser Scanner vêm desenvolvendo formatos próprios de arquivos com compactação para ocupar menos memória RAM e também menos memória em disco, para melhorar a trabalhabilidade da nuvem de pontos. Tomando o exemplo de uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) e de um tanque de líquidos, ambos realizados pela Vector Geo4D, podemos verificar as seguintes estatísticas:

Características Finalidade

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Tanque Medir deformações

Área de interesse

120m x 120m = 14400m²

Quantidade de Pontos na nuvem

17milhões

Tamanho da Nuvem em formato nativo do software

510MB

Tamanho da Nuvem em formato TXT

690MB

Tamanho da Nuvem em formato DXF

880MB

Pudemos observar que os tamanhos dos arquivos são gigantes, se comparados com outras aplicações de engenharia, o que nos exige hardware e software específicos para trabalhar com estes dados. A nuvem de pontos pode ser exportada em vários formatos de arquivo, entre eles o mais comum é no formato de texto sem formatação (TXT). Este arquivo pode possuir várias combinações de dados associados a cada um dos pontos medidos, onde a mais comum é: Y, X, Z, intensidade e cor RGB. A cor RGB (nível de vermelho, verde e azul) é a cor real obtida por câmera fotográfica. A seguir um exemplo de um arquivo TXT contendo este formato: 7096679.0014 746661.0028 3.5198 -198 170 181 175 7096679.0011 746661.0028 3.3915 -268 32 33 27 7096679.0864 746660.2043 3.5545 -234 88 87 67

A nuvem de pontos pode ser também exportada para um formato bastante comum na engenharia, que é o Drawing Exchange Format (DXF), formato este que virou padrão para exportação e importação em softwares CAD. Porém, nele você não terá as facilidades de escolher entre intensidade ou cor RGB, pois o tipo de cor escolhida na exportação será aplicado como cor dos pontos para o DXF. Inclusive, desta forma, cada ponto da nuvem vira um “point” ETE em DXF, tornando o arquivo no CAD impossível de ser trabalha“As Built” Industrial do por limitações de hardware e software. Na tabela comparati84m x 20m = va, podemos ver o tamanho dos 1680m² arquivos em DXF, onde o tamanho do arquivo em DXF da ETE foi 360milhões impossível exportar, tendo o seu tamanho estimado em função de outros trabalhos similares. 10,3GB Para trabalhar com a nuvem de pontos, são necessários softwares próprios para esta finali19GB (estimado) dade, que permitam a mudança de ângulos de visão e zoom rapidamente para facilitar a extração de dados da Nuvem de pontos 22GB (estimado) ou mesmo para simples consulta de dimensões.


ALTA ACURÁCIA

Projeto Temático GNSS-SP Contribuição para a Geodésia, Estudos Atmosféricos e Agricultura de Precisão

O João Francisco Galera Monico É graduado em engenharia cartográfica pela Universidade Estadual Paulista, com mestrado em ciências geodésicas pela Universidade Federal do Paraná e doutorado em engenharia de levantamentos e geodésia espacial pela Universidade de Nottingham. Professor e líder do Grupo de Estudo em Geodésia Espacial da Unesp. Autor do livro Posicionamento pelo GNSS galera@fct.unesp.br

projeto temático intitulado “GNSS: investigações e aplicações no posicionamento geodésico, em estudos relacionados com a atmosfera e na agricultura de precisão”, conhecido sob a denominação Projeto Temático GNSS-SP, foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e realizado sob a liderança da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Presidente Prudente, contando com a participação do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/ Inpe), Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Epusp/PTR) e Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq). O projeto teve início em outubro de 2008 e foi finalizado em julho de 2013. O tema central foram os Sistemas Globais de Navegação por Satélites (GNSS), como o título sugere, abrangendo o desenvolvimento de algoritmos diversos e suas aplicações em várias áreas, incluindo a Geodésia, Meteorologia, Aeronomia e Agricultura de Precisão. Toda a infraestrutura do projeto está disponível para uso, sendo dois Centros de Dados e Processamento GNSS e uma rede de estações continuas GNSS, estando os seus receptores conectados com estações meteorológicas (PTU) proporcionando dados em tempo real via NTRIP.

projeto e outras fontes, dados gravimétricos foram coletados no Estado de São Paulo e vizinhança e um modelo geoidal foi produzido para o estado de São Paulo, com acurácia da ordem de 20 centímetros.

Modelo Geoidal do Estado de São Paulo No que concerne à agricultura de precisão, um dispositivo transportável, capaz de permitir a realização de testes Real Time Kinematic (RTK) em condições reais de campo, foi desenvolvido e alguns testes foram realizados numa área teste. Um sistema para RTK em rede, comercial, também se encontra em funcionamento com correções prontas para serem disponibilizadas aos usuários, além de um sistema mais científico. Testes iniciais estão sendo desenvolvidos e resultados estarão disponíveis em breve.

Rede GNSS-SP Programas computacionais processam os dados e calculam o atraso troposférico, Integrated Water Vapor (IWV), série temporal de coordenadas e produtos ionosféricos, tais como o Total Electron Contents (TEC). Adicionalmente, com recursos desse

Coleta de dados no modo RTK para Agricultura de Precisão INFO http://gege.fct.unesp.br

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CADASTRO

Desafio permanente

Imposto Predial e Cadastro Urbano

U Edgardo Javier Ramírez Advogado da Agência de Arrecadação da Província de Buenos Aires (Arba)

Daniella Farias Scarassatti Arquiteta, Msc da Prefeitura Municipal de Campinas. Coordenadora Latinoamericana na Rede de Especialistas em Cadastro da Fundação Ceddet

m permanente desafio dos governos é conseguir que os impostos se convertam de fato em instrumentos que promovam o crescimento econômico, em provimento de infraestrutura urbana e demais necessidades da gestão pública. O imposto sobre a propriedade ou imposto predial e territorial urbano - o IPTU, no Brasil - é um dos fortes aliados ao desenvolvimento sustentável e inclusivo das cidades, porém ainda se verifica uma baixa capacidade dos sistemas fiscais para atender a esse propósito. Em geral, os elementos do imposto, a base de cálculo e a alíquota determinam o valor do tributo a ser pago. A base tributária é formada a partir do valor fiscal, calculado a partir de um conjunto de dados do cadastro territorial e de valores de mercado dos imóveis. Os cadastros territoriais historicamente são mais voltados à finalidade fiscal. Também encontramos algumas diferenças de competências e responsabilidades em sua gestão entre os países, no entanto, questões como a desatualização da base de dados cadastrais e dos valores fiscais são recorrentes entre as organizações. Uma base de dados de cadastro inadequada e /ou desatualizada e uma avaliação sobre o imóvel não alinhada aos valores praticados de compra e venda são fatores que influenciam o desempenho fiscal.

Em uma atividade realizada na Rede de Especialistas em cadastro da Fundação Ceddet - com profissionais do Peru, Argentina, Uruguai, Equador, Espanha, República Dominicana, Colômbia e Brasil - para discutir alternativas para aperfeiçoar os processos e

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métodos sobre o imposto predial, essas questões foram bem evidenciadas. No Peru, por exemplo, o cadastro é desenvolvido pelos municípios e a avaliação das edificações é muito difícil de atualizar, o que afeta a eficiência do cálculo do imposto e gera maior tempo e gastos na atualização do cadastro urbano. Para evitar que isto se suceda, estima-se que uma medida de base é a sensibilização dos setores políticos e de representação da sociedade sobre a necessidade da manutenção de processos contínuos de atualização do cadastro. Em tais processos é fundamental a abordagem dos três aspectos que caracterizam o cadastro, quer dizer, físico, econômico e jurídico. Cada um deles cumpre um papel sobre a informação territorial, com distinto alcance, mas essencialmente vinculados entre si. Sem um bom cadastro físico não é possível a identificação da riqueza imobiliária e sem dados jurídicos que permitam identificar as pessoas e sua relação com o imóvel, não é possível levar adiante políticas públicas direcionadas a um desenvolvimento ordenado do território e a arrecadação de impostos implantados sobre o mesmo. Quanto ao aspecto econômico do cadastro, a discussão sobre processos e métodos de avaliação teve o propósito de analisar e extrair conclusões sobre a maneira pela qual distintos países enfrentam o desafio de manter atualizado o valor dos imóveis mais próximos dos valores praticados no mercado. Opinião compartilhada entre os participantes do debate é que a prática demonstra que, além do estabelecimento legal de ciclos de avaliação dos imóveis, devem ser previstos meios permanentes de obtenção e atualização dos valores. Uma medida adotada pelo órgão encarregado pela avaliação de imóveis para efeitos tributários no Chile é integrar efetivamente a informação de transferências de imóveis, declarada pelas pessoas ante os notários e o Registro de Bens Imóveis (equivalente ao Registro de Propriedade). Esta informação permite obter, de maneira mais fiel, o valor de venda final do imóvel, considerando-o como valor máximo de referência a determinar para os imóveis que terão características similares.


Fatores ambientais Diversas circunstâncias obrigam a mudanças profundas nos sistemas de avaliação cadastral que até agora conhecemos. Em concreto, foi considerado que logo veremos nas normas de avaliação cadastral elementos para os “impostos verdes”, quer dizer, aqueles que punem as atividades contaminantes ou incentivam os comportamentos alinhados com a conservação do meio ambiente. Na Europa, as normativas sobre uso e ocupação do solo, de água Na Espanha está em curso um ambicioso plano que contempla a inspeção, avaliação massiva e procedimentos para regularização sem penalidades. Para os participantes espanhóis, os valores cadastrais deveriam ser capazes de seguir continuamente a evolução do mercado imobiliário como um todo, assim, é de grande importância os Observatórios de Cadastrais de Mercado Imobiliário (OCMI) cuja implantação está em estudo em alguns países latinoamericanos. Na Província de Buenos Aires, Argentina, existe um procedimento massivo de identificação de construções não declaradas, mas à diferença da Espanha se prevê uma sanção pelo não cumprimento da obrigação de declarar alterações. Trata-se de uma multa, implantada a partir de 2013.

e do ar, são a porta de entrada para que decorram muitos destes debates. Sobre estas abordagens, pergunta-se: em um modelo de avaliação cadastral moderno, se deveria avaliar um elemento que deprecia o valor ou nível de contaminação do solo? Por outro lado, haverá um mercado de imóveis verdes, como ao que existe no setor de “alimentos biológicos”, que definirá um valor comercial mais alto para os imóveis que cumpram com determinadas características ambientais? É necessário pensar e investigar esta nova realidade existente no mercado imobiliário, mas ainda não muito explorada nas políticas públicas territoriais. O desafio é incorporar ao estudo de avaliação imobiliária as novas condicionantes relacionadas ao meio ambiente e que já obrigam os governos a

Fato comum entre os países latinoamericanos, a

tomar medidas de proteção sobre o habitat, para

questão da incorporação no cadastro dos dados de

evitar sua degradação e consequente prejuízo para

imóveis informais também foi abordada. No Equa-

os cidadãos.

dor, os assentamentos informais são atendidos pe-

Em conclusão, as distintas opiniões permitem

los municípios com redes de energia elétrica, água

confirmar que a importância do imposto predial

potável. Coloca-se imperioso levantar a informação

como uma ferramenta para o financiamento das

predial que permita conhecer a verdadeira dimen-

cidades somente se alcança a partir de uma sus-

são dos setores e áreas que estejam nestas condi-

tentável atualização dos valores fiscais, através de

ções e, assim, dimensionar a verdadeira magnitude

ferramentas imprescindíveis, como a cartografia

de áreas construídas e população residente nestes

do território, também sistematicamente atualizada,

locais. Importante é estabelecer métodos e proce-

plataforma para se construir os valores através dos

dimentos de atualização e levantamentos massivos

quais se reconhece a riqueza territorial.

de informação, caracterizados tanto pelos setores da cidade legal como aqueles da cidade real, as ocupações, favelas etc..

INFO www.ceddet.org

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ead

5 Mitos do EaD Os fatos e as dúvidas que ainda existem sobre cursos online Por Eduardo Freitas

M

esmo com vários anos de desenvolvimento e diversas instituições ofertando cursos online, ainda existem alguns “mitos” sobre a Educação a Distância (EAD). Destacamos aqui alguns deles:

O Mito da Falta de Qualidade Muitos dos cursos online são baseados em experiências anteriores de treinamentos presenciais. A diferença é somente quanto ao ambiente de estudo, através de um computador e uma conexão à internet para acessar os materiais, ver os vídeos e interagir com os colegas e tutores. Por outro lado, é o próprio aluno que faz sua agenda, mas precisa ter disciplina e organização para cumprir a programação de leituras obrigatórias, exercícios práticos e acesso a conteúdos complementares.

O Mito do Isolamento Fazer um treinamento online não significa ficar isolado, pelo contrário, pois hoje – com internet de banda larga e redes sociais – o contato é instantâneo entre colegas e tutores. A própria concepção dos cursos online é baseada na interação entre os participantes (aluno-tutor e aluno-aluno). Os alunos contam com acesso aos tutores e colegas através de grupos nas redes sociais, email, skype, etc..

O Mito dos Professores Menos Qualificados Este mito também não se sustenta quando verificamos quem são os instrutores de cursos online disponíveis no mercado, muitos deles doutores, mestres e especialistas. Ou seja, são profissionais altamente qualificados, de competência reconhecida em suas respectivas áreas de atuação e certificados por instituições de renome.

O Mito do Aprendizado Mais “Fácil” Hoje, os contratantes do mercado dão o mesmo valor aos alunos de cursos online em relação aos presenciais e, muitas vezes, até preferem contratar quem estudou através de educação a distância, pois sabem que são pessoas organizadas e disciplinadas. Resultados do Enade, por exemplo, comprovam que alunos da EAD aprendem tanto quanto os dos cursos presenciais. O ambiente é de fácil navegação e o aluno ainda tem suporte tecnológico e pedagógico durante todo o período de realização do curso.

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O Mito do Diploma com Menor Valor Toda instituição que oferta cursos online deve ser registrada e qualificada para este fim. Por outro lado, o Ministério da Educação (MEC) não faz a certificação de instituições que não sejam de nível fundamental, médio, técnico ou superior. Desta forma, cursos online como os oferecidos pelo MundoGEO são classificados como livres e de atualização ou qualificação profissional, sem necessidade de portaria de regularização do MEC. Certificados de treinamentos a distância de atualização ou qualificação profissional são válidos em todo o território nacional, podem constar no currículo dos alunos e têm a mesma validade de certificados de cursos presenciais.

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VANTs & Drones

Anac promove debate sobre regulamentação

Por Alexandre Scussel

E

m vista da necessidade de uma regulamentação para o setor de Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs), a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) promoveu, nos 4 e 5 de setembro em São Paulo (SP), o Workshop para Regulamentação de Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas (RPAS, em inglês), sigla empregada pela Agência para designar as aeronaves não tripuladas. No evento estavam presentes representantes de associações e instituições públicas que compartilharam suas experiências e considerações sobre utilização e demandas em relação à tecnologia. Assim, foram realizadas discussões específicas sobre aeronavegabilidade, operações/licenças e organizações. A Anac ouviu a comunidade e afirmou que está desenvolvendo uma regulamentação que viabilize a operação segura e viável dos RPAS. Abrindo o workshop, Roberto Honorato, da Superintendência de Aeronavegabilidade da Anac, demonstrou as iniciativas e o esforço para a criação da proposta de regulamentação, que deverá estar disponível em 2014. De acordo com Honorato, a Anac já colheu os tópicos a serem regulados e agora está na fase de definição de como regular. No segundo momento, foi discutido sobre regras atuais e perspectivas para a regulação da utilização do espaço aéreo brasileiro por RPAS. A explanação ficou por conta do Major Cyro Cruz, do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), que ressaltou os aspectos da segurança que devem ser executados em voos com RPAs, além de ressaltar a importância da AIC N 21/10, normativa que opera atualmente no país para o voo com as aeronaves não tripuladas. Segundo o Major, a norma proíbe o voo sobre cidades, povoados e lugares habitados, e não pode oferecer risco a pessoas ou propriedades. As operações com RPAS devem seguir então as mesmas regras das aeronaves tripuladas, inclusive a necessidade de voar somente em áreas segregadas. Em outra apresentação, Wellington Soares Gon-

çalves, delegado da Polícia Federal, demonstrou como a PF vem utilizando os RPAS em operações policiais e de vigilância. De acordo com o Delegado, a PF planeja utilizar 14 aeronaves, e a operação deve obedecer a mesma legislação das aeronaves tripuladas, exigindo inclusive a mesma certificação para os pilotos (CCF e CMA). Também houve uma explanação sobre os tipos de certificação que podem ser emitidos para os RPAS: Autorização Especial de Vôo (AEV) e o certificado de Aeronavegabilidade para Voo Experimental (Cave). O workshop também contou com uma apresentação de Antonio Castro, presidente do comitê da Abimde que discute o tema. Atualmente, a Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde) conta com 11 indústrias de RPAS associadas, e tem seu foco no mercado civil, mais promissor que o militar, segundo o presidente. O painel também contou com a participação de representantes da Petrobras e da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que manifestaram a necessidade das companhias por uma regulamentação que facilite o uso civil das aeronaves remotamente pilotadas, contribuindo assim para a execução de trabalhos com mais segurança e custos reduzidos, como por exemplo para inspeção de linhas e dutos. No último momento do primeiro dia do workshop, a Anac reuniu especialistas para ouvir o público e debater com fabricantes e usuários dos RPAS. Ailton José de Oliveira Junior, Especialista em Regulação de Aviação Civil da Anac, apresentou ao público vários aspectos relacionados a padrões e requisitos para os RPAS e a certificação. De acordo com Ailton, é importante considerar os conceitos de registro, matrícula e marca, três aspectos que estão relacionados e são necessários para se obter o certificado de aeronavegabilidade. Segundo a Anac, até dezembro de 2013 o grupo de trabalho responsável irá apresentar a proposta de regulamentação à sociedade.

Investimento Milionário A 3D Robotics, empresa americana que desenvolve drones de baixo custo, recebeu um aporte de 30 milhões de dólares para tocar adiante os planos comerciais da empresa nas vendas de VANTs. Realizado pelos fundos Foundry Group e True Ventures, o investimento é o maior da história já realizado em uma empresa fabricante de drones. Anteriormente, o maior valor era da Airware, que levou 10,7 milhões da Google Ventures. A 3D Robotics é presidida por Chris Anderson, ex-editor da revista Wired. A empresa lançará em breve o Iris, um drone para que custa menos de mil dólares e requer baixo conhecimento técnico para ser operado.

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AGX Tecnologia é adquirida A empresa responsável pelo primeiro voo em solo nacional de um drone ou Veículo Aéreo Não tripulado (VANT) de asa fixa, realizado em 2005, foi adquirida pela Transpreserv, empresa de Minas Gerais. A negociação foi concretizada em setembro, na sede do grupo AGX, em São Carlos (SP), mas o valor não foi divulgado. Fundada em 2002, a AGX também é especializada em desenvolvimento de sistemas para aerofotogrametria para mapeamento e análises agrícolas e ambientais e desenvolveu, em conjunto com a USP São Carlos e a Embrapa Instrumentação Agropecuária, pesquisas na área de sistemas de controle, que culminaram com a criação do Projeto Arara, o qual deu origem ao primeiro VANT de asa fixa desenvolvido com tecnologia 100% brasileira e que hoje já está em sua segunda geração. O diretor-presidente da AGX, Adriano Kancelkis, permanecerá à frente da empresa, e afirma que viu no negócio uma oportunidade de crescimento para o grupo, que está prestes a abrir a primeira filial de uma empresa nacional de drones em solo norte-americano, faltando apenas definir a cidade sede entre os estados de Indiana e Massachusetts.

Divulogação

Drone Solar A Titan Aerospace revelou seus protótipos de satélites atmosféricos movidos a energia solar e capazes de se manter no ar por até cinco anos. O primeiro drone solar de longa duração, o Solara 50, está sendo construído e deve voar em 2014. A aeronave possui um único motor e envergadura de 50 metros. A superfície das asas são equipadas com mais de 3 mil células fotovoltaicas, capazes de gerar até 7 quilowatts de energia.

VANTs na América Latina Segundo um relatório publicado pelo Centro de Política Internacional (CIP), Grupo de Trabalho sobre a América Latina (Lawgef ) e pelo Escritório de Washington sobre a América Latina, os Estados Unidos usarão mais VANTs na América Latina nos próximos anos, impulsionados pela retirada das aeronaves do Afeganistão e pela queda dos custos dos equipamentos. Na América Latina, pelo menos oito países têm programas próprios para a fabricação de VANTs. Segundo o relatório, o objetivo mais citado é para fins de vigilância, tanto por razões de segurança como para a detecção de atividades ilícitas. Além disso, outros usos incluem a inspeção de áreas agrícolas e a detecção de problemas ambientais. No início de 2013, os Estados Unidos forneceram ao Governo colombiano seis VANTs Boeing Scan-

Eagle e um veículo pequeno para reconhecimento, que pode ser lançado manualmente. O Brasil lidera a aquisição e fabricação de VANTs na América Latina, contando com dois VANTs Hermes de origem israelita, e em 2010 passou a investir 350 milhões de dólares na aquisição de 14 VANTs israelense Heron, que serão entregues nos próximos anos. Segundo o estudo, a Bolívia vem utilizando VANTs israelenses para a detecção de tráfico de drogas, e Argentina, México e Peru também estão desenvolvendo seus próprios veículos. O Chile adquiriu VANTs de Israel e deu os primeiros passos para produzir os seus próprios, planejando ter 18 aeronaves para equipar sua força aérea. Além disso, o Equador e o Uruguai também começaram a empregar seus programas de aeronaves não tripuladas.

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Location Intelligence Fapesp e Microsoft Research lançam chamada de propostas A Fapesp e a Microsoft Research lançaram a sétima chamada de propostas de pesquisa no âmbito do Instituto Virtual de Pesquisas Fapesp-Microsoft Research, mantido pelas instituições. A chamada está aberta até 20 novembro a pesquisadores associados a instituições de ensino superior e de pesquisa, públicas ou privadas, no Estado de São Paulo. O objetivo da chamada é explorar aplicações das Ciências da Computação aos desafios da pesquisa básica em áreas relacionadas a “big data” (grandes bases de dados) no contexto das mudanças climáticas globais, ciências ambientais e computação urbana que aproveitem as enormes possibilidades do trabalho realizado por sistemas integrados de computação (nuvem). INFO www.fapesp.br/en/8142

Cognatis apresenta ferramenta NetTool Durante a 3ª edição do MundoGEO#Connect Latin-America, que aconteceu em São Paulo (SP) de 18 a 20 de junho, a Cognatis Inteligência Aplicada apresentou novidades. Nesta entrevista, Reinaldo Gregori, sócio-fundador da Cognatis, fala sobre os projetos e serviços de geomarket-ing desenvolvidos e oferecidos pela empresa, comenta sobre a nova forma para fornecimento de dados - chamada de modularização da informação - e também apresenta a nova versão da ferramenta de geomarketing NetTool. Acesse o vídeo em http://youtu.be/Thm-eSdVyxY

Geofusion realiza webinar sobre informações de mercado No dia 10 de outubro a Geofusion organizou um seminário online sobre a importância de informações geográficas de mercado como matéria prima para análises de geomarketing, que contou com a participação de 550 pessoas. A palestrante foi Susana Figoli, Diretora de Inteligência de Mercado da Geofusion, que mostrou o conjunto de informações desenvolvidas pela empresa para uso em estudos de mercado, mapeadas e periodicamente atualizadas, disponíveis por quarteirões para todos os municípios brasileiros, contendo informações sobre população residente, potencial de consumo para mais de 80 categorias, shopping centers com mix de lojas e pontos de interesse, etc.. Para baixar o pdf e o vídeo do webinar, acesse www. mundogeo.com/webinar.

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Dados do Twitter cada vez mais valiosos O Wall Street Journal publicou recentemente uma nota sobre o negócio de mineração de dados do Twitter, que ainda representa uma pequena parcela de suas receitas em relação às verbas publicitárias. No entanto, o impacto do seu negócio de dados - que cresceu 53% no ano passado – para a oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) pode ser significativo. Na medida em que mais empresas procuram usar o Twitter para entender o comportamento de clientes para campanhas de marketing ou para monitorá-los em tempo real, o valor do serviço de dados da empresa mostra potencial de crescimento a longo prazo. Muitas pessoas têm usado o TweepsMap para mapear seus seguidores usando a localização de tweets, e as empresas de mineração de dados estão usando o Twitter firehose para modelar e extrair informações de mídia social para aplicativos de Business Intelligence. Enquanto a receita do Twitter a partir de seus dados era de apenas 47,5 milhões de dólares no ano passado, o Big Data está cada vez mais em evidência e o Twitter é uma das principais fontes de informação que continua a crescer e ser usada em uma variedade de aplicações baseadas em localização. Fonte: Directions Magazine

Geograph lança sistema GeoScheduling A Geograph, fornecedora de soluções para geoprocessamento no Brasil, anuncia o lançamento da solução GeoScheduling no Brasil. O sistema foi desenvolvido pela empresa francesa GeoConcept, a maior fornecedora de GIS para o governo francês e para grandes empresas como Peugeot, Citroën, Renault, Sodexo, France Telecom, Carrefour, entre outras. De acordo com Carlos Azevedo, diretor da Geograph, o GeoScheduling faz parte de uma nova geração de sistemas corporativos com motor geográfico voltados para a gestão de serviços de campo (Field Services). “As empresas, especialmente as de varejo e assistência técnica, têm o desafio de prover serviços de qualidade, com hora marcada e sem cobrar a mais por isso. Para que não tenham prejuízo, necessitam automatizar com inteligência suas operações de campo”. INFO www.geograph.com.br



GEOMARKETING

Inteligência geográfica nas florestas

O uso de técnicas de geomarketing para o setor florestal Da redação

E

ntre os meses de fevereiro e julho de 2013 foi realizado pela empresa Holtz Consultoria um trabalho de estudo de mercado relativo à oferta e demanda por madeira de florestas plantadas utilizando imagens de satélite. A área de abrangência desse estudo foi entre as regiões sudeste do Estado de São Paulo e o leste do estado do Paraná. Com o objetivo de obter dados espaciais com confiança que servem de base para esse tipo de trabalho, foram utilizadas imagens de satélite Landsat 7 disponíveis e que possuem resolução espacial de 30 metros. A metodologia do trabalho incluiu a ortorretificação das imagens e classificação supervisionada de uma série de sete imagens, diferenciando os plantios comerciais dos gêneros Pinus e Eucaliptos. Após esses processos foram produzidos vários mapas de campo com os plantios extraídos da classificação, nos quais foram quantificadas as áreas por espécie. Com estes mapas, as equipes de campo foram levantar diversos dados, tais como crescimento do reflorestamento, destinação de uso da madeira, e também verificar se os reflorestamentos estavam corretamente classificados. Além disso, foi feita uma atualização da base cadastral das empresas e proprietárias de florestas comerciais e também de empresas consumidoras, e foram apuradas as especificações quanto à demanda por matéria-prima utilizada. Após esse processo, foi construído um banco de dados no qual foram feitos vários cruzamentos e correlações de dados utilizando as técnicas de geomarketing. Segundo o diretor da Holtz Consultoria, o engenheiro florestal Mário Wanzuita, as

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crescentes restrições ambientais e o aumento da pressão sobre o uso da terra fazem da utilização de imagens orbitais de baixa e média resolução espaciais, importantes fontes de dados para o monitoramento de grandes extensões territoriais, sendo que seu uso pode ser justificado principalmente pelo menor custo de aquisição quando comparado com fotografias aéreas e imagens de alta resolução. Além da gestão territorial, técnicas de geomarketing são cada vês mais indispensáveis para, por exemplo, a caracterização geoespacial dos mercados, definição logística de transportes, caracterização das fontes de matéria-prima, centros de consumo, definição de sites, etc.. Conforme o engenheiro cartógrafo Fabricio Pereira Barbosa, consultor em geotecnologias que auxiliou a Holtz nesse projeto, foi aplicado um tratamento digital específico nas imagens que realçou os diversos reflorestamentos. Segundo ele “as imagens Landsat têm sido muito úteis para esse tipo de trabalho, pois abrangem áreas muito extensas e possuem resolução bastante propícia para a finalidade deste estudo. Tivemos a preocupação de que os dados não tivessem falhas e, por isso, houve uma grande revisão e edição dos dados antes e, principalmente, depois que as equipes de campo vieram com os dados levantados. Esse repasse rigoroso dos dados é necessário, pois definimos com bastante confiança as áreas dos reflorestamentos e também para compilar os dados dentro do ambiente de Sistema de Informações Geográficas (SIG), no qual

foi possível fazer o cruzamento dos dados e as diversas análises exigidas para esse tipo de trabalho, que é bastante complexo”. Os dados finais foram entregues a uma grande empresa de reflorestamento com sede no estado do Paraná, em um relatório no qual constam todos os dados tabulados, com as diversas análises e considerações, e um conjunto de 12 mapas, sendo 11 na escala 1:125.000, com as diversas pranchas que cobriram toda a área de estudo, e um geral na escala 1:2.000.000, com a distribuição espacial dos plantios na região de estudo. Entre as informações contidas nos mapas, além das áreas de reflorestamento com códigos por proprietários e empresas, foram inseridas as rodovias principais e secundárias, sedes municipais e localidades. Fundamentalmente, este trabalho demonstrou que o perfil da propriedade florestal tem se modificado ao longo dos anos; a estrutura de produção florestal totalmente verticalizada, que no passado viabilizou grandes empreendimentos, hoje também passa a ser de pequenos, médios e grandes investidores, que vêem no negócio florestal uma oportunidade de diversificar o investimento, reduzindo o risco para a obtenção de ganhos.


MundoGEO#Connect

GEO Hackathon e GEO Academia Disponível o site do MundoGEO#Connect LatinAmerica 2014 A quarta edição da maior e mais importante conferência e feira de geotecnologia da América Latina será realizada de 7 a 9 de maio em São Paulo Desde 2011 focando em interação e conectividade, reunindo especialistas, pesquisadores, usuários e empresários do setor, o MundoGEO#Connect LatinAmerica chega à sua quarta edição e lança seu novo site. Em 2014 o evento será realizado de 7 a 9 de maio no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo (SP), e já tem disponível em seu site a programação preliminar. Além disso, no novo portal do evento também é possível visualizar fotos, vídeos, notícias, depoimentos, informações sobre expositores, localização, hospedagem, inscrições, planta da feira, Prêmio MundoGEO#Connect, entre outras. “Na quarta edição do evento, nosso foco é fortalecer as parcerias com as universidades, trazer mais participantes de outros países da América Latina e ampliar o leque de opções de atividades para os usuários das soluções geoespaciais. Para isso, estamos preparando uma grade com 20 cursos, 7 seminários e 2 eventos especiais, oferecendo espaços interativos que promovam a geração de ideias inovadoras”, afirma Emerson Granemann, diretor do MundoGEO#Connect. A feira do MundoGEO#Connect reúne anualmente as maiores marcas e companhias do setor geoespacial. “A apenas oito meses do evento, a maioria dos estandes previstos na feira já está vendida ou reservada. As empresas confirmadas são Hexagon, Imagem, CPE Tecnologia, Alezi Teodolini, Furtado Schmidt, Santiago & Cintra Geo-Tecnologias, Carlson, Embratop, Santiago & Cintra Consultoria, entre outras”. Em 2013, o evento teve a presença de 3.540 participantes, divididos desta forma: 28% presidentes e diretores, 26% gerentes e coordenadores, 37% do setor técnico e 9% estudantes e professores universitários. A expectiva em 2014 é atrair mais de 4 mil profissionais para a feira e para as mais de 30 atividades previstas para o evento. Acesse o site do MundoGEO#Connect LatinAmerica 2014 e conheça a programação do evento: http://mundogeoconnect.com.

A MundoGEO está finalizando o projeto para a realização de uma maratona para desenvolvimento de soluções voltadas à sociedade utilizando dados geoespaciais, entre os dias 7 e 9 de maio de 2014. O evento acontecerá em paralelo ao MundoGEO#Connect LatinAmerica 2014 e contará com espaços especiais para receber os jovens talentos do setor de geo e seus mentores. O GEO Hackathon terá desafios propostos pelo setor público e colocará à disposição das equipes dados, softwares, suporte e infraestrutura para o desenvolvimento das soluções no próprio local do evento. As equipes vencedoras serão premiadas e terão seus trabalhos amplamente divulgados. Na mesma data e local, a MundoGEO está preparando o lançamento do GEO Academia, um espaço inovador para divulgação de pesquisas científicas voltadas às demandas atuais do mercado. Este encontro terá um modelo diferente do formato tradicional de eventos acadêmicos, geralmente baseados em sessões de pôsteres fixos e apresentações orais longas. Com base em pesquisas e consultas à comunidade, o novo evento está sendo formatado para contar com a mostra de pesquisas aplicadas em apresentações de no máximo 10 minutos – chamadas de GEO Talks – em uma arena especialmente montada para esta finalidade, além de telas digitais para apresentação de resultados de pesquisa aplicada sob a forma de “e-Posters”. Tanto o GEO Hackathon como o GEO Academia vão ocorrer no Centro de Convenções Frei Caneca, mesmo local do evento MundoGEO#Connect 2014. Desta forma, através de um simples deslocamento por uma escada rolante ou elevador será possível conectar produtores e usuários de geoinformação – que se reúnem anualmente no evento MundoGEO#Connect – com pesquisadores, estudantes, desenvolvedores, jovens talentos e empreendedores, todos buscando soluções para as demandas do presente e preparando melhor os profissionais do futuro. Mais informações em breve!

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quem é quem A revista MundoGEO dá continuidade à série iniciada na edição 66 e mostra a você quem são os profissionais de destaque do setor de geotecnologia na América Latina

M arcelo Rodrigues de Albuquerque M aranhão

J osé E duardo G onçalves

Coordenador Adjunto e Gerente de Operações na Coordenação de Cartografia - Diretoria de Geociências – IBGE. Formação em Engenharia Cartográfica UERJ (1986) e Mestre em Engenharia da Computação/ Geomática UERJ (2005). Atuou por 12 anos na Prospec S/A, como Coordenador de Projetos. Está no IBGE desde 2002.

Pesquisador - Instituto Tecnológico Simepar. Físico com Doutorado em Oceanografia Física. Já trabalhou no Instituto Oceanográfico da Unversidade de São Paulo, Naval Postgraduate School - Monterey CA (USA) e Centro de Estudos do Mar – UFPR.

Luiz Leonardi

Sócio/Diretor na IMAGEM desde 1988. Engenheiro Agrônomo, Msc em Sensoriamento Remoto pelo INPE. Presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Brasileiro de Empresas de Geomática (IBG).

Sonia Maria Alves Costa

Rodrigo Fanton

Presidente da Harpia Sistemas. Engenheiro Mecânico (Unicamp) com MBA Executivo Internacional (FIA). Atuou na Embraer por 16 anos.

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MundoGEO 70 | 2012

Gerente de Redes Planialtimétricas, Coordenação de Geodésia, Diretoria de Geociências, IBGE. Formação em Engenharia Cartográfica, doutorado na UFPR e pós-doc na EP-USP. Já atuou também na Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e Instituto Astronômico da Universidade de Berna (AIUB).


IDE#Connect | Infraestruturas de Dados Espaciais | Gerenciamento da Informação Geoespacial |

ora novos p r o c in R U S Geo eoserviços g s u e s a s o dad Cartogeo, a d io o p a o Com venezuelana a s re p m e a um de muitas s de SIG, além ões geradora iç tu ti s in s a tr ou o a nível de informaçã rnacional, te in e l a n io reg imos meses lt ú s o te n ra du eoSUR o Programa G s dados ao o vo incorporou n as ional de Map g e R r o is V u se


IDE#connect O GeoPortal do Programa GeoSUR oferece acesos a dados espaciais da América Latina a nível local, nacional e regional. Os dados podem ser consultados através de visores de mapas operados por instituições participantes. O GeoSUR realiza importantes esforços para incorporar dados supra-nacionais em seus geoserviços com frequência. Dentre os novos dados que foram incorporados, destacam-se: • Cobertura e uso da terra, Ilhas do Caribe (dados fornecidos pelo USGS e USDA); • Sistemas Ecológicos, região Amazônica do Peru e Bolívia (dados fornecidos pelo Nature Serve); • Mapa de Corais do Caribe (dado fornecido pelo World Resources Institute). Segundo Eric Van Praag, coordenador do Programa, o GeoSUR continuará incorporando novos dados regionais durante os próximos meses. “Alguns dados regionais, como depósitos minerais, alguns dados sócio-econômicos, de biodiversidade e dados biofísicos, entre outros, estão disponíveis unicamente em serviços WMS operados pelo GeoSUR e podem ser consultados no próprio Portal, em www.geosur.info, usando a palavra chave “WMS” na busca de metadados”, informou.

Mapa integrado da América Central O Programa GeoSUR também anunciou recentemente a elaboração do primeiro mapa integrado da América Central na escala 1:250.000, como parte de um projeto inovador e pioneiro na Região, realizado pelos institutos geográficos com financiamento do Instituto Panamericano de Geografia e História (IPGH) e do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF), e com apoio técnico do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS). Especialistas dos oito institutos geográficos da

região definiram um dicionário de dados comum e integraram seus dados durante três oficinas regionais realizadas na Costa Rica e El Salvador durante os anos 2012 e 2013. O mapa contém as seguintes camadas de informação: vias, hidrografia, limites político-administrativos (três níveis), centros povoados e áreas urbanas, e está disponível para consulta no Visor Regional de Mapas do Programa GeoSUR.

Costa Rica anuncia Sistema Nacional de Informação Territorial O Programa de Regularização de Cadastro e Registro da Costa Rica anunciou recentemente a criação do Sistema Nacional de Informação Territorial (Snit), que tem o objetivo de dar o suporte necessário para o desenvolvimento de uma plataforma sobre a qual se fundamentará uma Infraestrutura Nacional de Dados Geoespaciais.

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MundoGEO 74 | 2013

A IDE da Costa Rica será comum a todas as entidades governamentais, tanto para os municípios, que deverão estar interconectados a tal sistema, como para outras entidades e órgãos públicos usuários da base de dados cadastral/registral e, opcionalmente, com usuários privados. Fonte: IDE-LAC


Disponível novo serviço de mapas no Geoportal do Chile Dentro das iniciativas com objetivo de alcançar a interoperabilidade da informação geográfica do Estado, foi incluída no Visor de Mapas do Geoportal do Chile a camada “Pontos Sirgas IGM”, que se encontra na categoria “Topografia” e tem como origem os servidores do Instituto Geográfico Militar (IGM). Os pontos que se mostram na camada formam o Marco de Referência de todas as atividades e representações geodésicas e cartográficas no Chile, e é composto por pontos geodésicos criados, calculados e materializados pelo IGM. Tais pontos são utilizados para elaborar cartografia e densificar outras redes geodésicas com múltiplos propósitos (mineiros, florestais, urbanos, etc.) Acesse o Visor de Mapas do Geoportal do Chile em http://www.geoportal.cl/Visor.

IDE Uruguai lança site No dia 12 de setembro foi anunciado o novo site da Infraestrutura de Dados Espaciais do Uruguai (IDEuy), onde os usuários podem acessar informações geográficas de qualidade. O site oferece a possibilidade de descarregar informação associada a camadas geográficas e acessar ferramentas, como visualizadores de mapas, catálogos de metadados e geoserviços, disponíveis em distintos organismos e instituições públicas. A IDEuy é uma articulação interinstitucional que procura potencializar o uso da informação geográfica, evitando a redundância e incrementando o intercâmbio de dados espaciais. Desde sua instauração, tem procurado coordenar, padronizar e tornar disponível a informação geográfica gerada no país com a participação e o apoio de diversos organismos e instituições públicas. Para acessar a IDEuy, clique em http://ide.uy.

Ministério da Saúde publica dados na Inde O Ministério da Saúde do Brasil iniciou a publicação de dados na Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (Inde), tais como percentual de óbitos infantis, cobertura da atenção básica, índice parasitário anual de Malária, percentual de óbitos de mulheres

em idade fértil, entre outros. Esses indicadores são utilizados no acompanhamento da agenda de Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU). Para visualizar os dados acesse www.visualizador.inde.gov.br.

Tire as suas dúvidas sobre: ...Google Earth

| Microstation | AutoCAD | gvSIG...

Como fazer curvas de nível no AutoCAD? Qual será o novo rumo da Bentley Systems na área civil? Como fazer curvas de nível no Google Earth? É possível fazer trabalhos profissionais com o gvSIG?

http://egeomate.com

Zatoca CONNECT MundoGEO 74 | 2013

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ONLINE As seguintes empresas, presentes no Portal MundoGEO, convidam-no para visitar seus sites com informação atualizada sobre negócios, produtos e serviços. Para participar desta seção, entre em contato pelo email comercial@mundogeo.com ou ligue +55 (41) 3338-7789

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Índice de Anunciantes Anunciante

Página

Alezi Teodolini

22

CPE Tecnologia

47

DGI

65

Furtado, Schmidt

15

Garmin

43

Geoambiente

7

Geomate

71

IBG

61

Manfra

8

OGC

51

Santiago & Cintra Consultoria

17

Trimble

39

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MundoGEO 74 | 2013


GUIA DE EMPRESAS O Guia MundoGEO é a lista mais completa do Brasil de empresas do setor de geotecnologias, divididas em prestadoras de serviços e fornecedoras de produtos e equipamentos. Acesse www.mundogeo.com/empresa e saiba mais. EMPRESA

SI TE

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Bel oHor i z ont e( MG)

Embr at op

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Engef ot o

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Engemap

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As s i s( S P)

Enges at

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Es t ei o

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Fot ot er r a

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Func at e

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Geof us i on

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T r êsL a goa s( MS )

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GeoPed

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J oã oPes s oa( PB)

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Si s gr aph

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Sol ut i onSof t war es

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Ter r avi s i on

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