A batalha de Oliveiros com Ferrabrás – em quadrinhos

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São Paulo - 1ª edição - 2012


Copyright © 2012 Klévisson Viana e Eduardo Azevedo Todos os direitos reservados. Editora Nova Alexandria Ltda. Av. Dom Pedro I, 840 01552-000 – São Paulo – SP Fone/fax: (11) 2215-6252 E-mail: novaalexandria@novaalexandria.com.br Site: www.novaalexandria.com.br Editor: Marco Haurélio Edição de texto: Max Krichanã Capa: Klévisson Viana e Cayman Moreyra Editoração Eletrônica: Klévisson Viana e Viviane Santos

DADOS PARA CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) Viana, Klévisson A batalha de Oliveiros com Ferrabrás / Leandro Gomes de Barros ; adaptação de Klévisson Viana, Eduardo Azevedo. - São Paulo : Nova Alexandria, 2012. 52p. : il. Adaptação de A batalha de Oliveiros com Ferrabrás ISBN 978-85-7492-329-1 1. Literatura de cordel. 2. Cordel em quadrinhos. I. Título. II. Azevedo, Eduardo. III. Barros, Leandro Gomes de, 1865-1918. CDD: 398.5 CDU: 398.51

Índice para catalogação sistemático 027- Bibliotecas gerais 027.7 - Bibliotecas universitárias 028 - Leitura. Meios de difusão da informação Em conformidade com a nova ortografia. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida sem a autorização expressa da Editora.


A versão em quadrinhos do clássico cordel brasileiro, A batalha de Oliveiros com Ferrabrás, é especial por vários motivos. Primeiro porque une o talento do fundador da literatura de cordel no Brasil, Leandro Gomes de Barros, ao dos consagrados ilustradores Klévisson Viana, também poeta e editor, e Eduardo Azevedo. Segundo porque apresenta às novas gerações, em um formato mais do que atraente, um dos melhores textos poéticos daquele que, no cordel, foi cognominado O Primeiro sem Segundo. Os demais motivos estão explicitados nos próximos parágrafos. Leandro Gomes de Barros, ao reescrever em versos episódios significativos da História de Carlos Magno e dos Doze pares de França, inaugurou, na poesia popular, o gênero épico. Compostas em décimas de sete sílabas, A batalha de Oliveiros com Ferrabrás e sua continuação, A prisão de Oliveiros, têm um ancestral remoto: a canção de gesta francesa do século XII, chamada Fierabras. Pertence, como a anterior Canção de Rolando, ao chamado Ciclo Carolíngio. Nela, pela primeira vez aparece Ferrabrás filho do emir Balan (o almirante Balão do romance leandrino), governante da Espanha muçulmana. Na Espanha, surgiu, com título ampliado, uma tradução de 1525: Historia del emperador Carlomagno y de los Doce Pares de Francia: e de la cruda batallha que hubo Oliveiros con Ferrabrás, Rey de Alexandria, hijo del grande Almirante Balán. A tradução portuguesa, feita por Jerônimo Moreira de Carvalho, a mesma que circularia pelos sertões do Brasil por mais de dois séculos, é de 1728. A velha canção de gesta narra como, liderando as hordas da Turquia, Ferrabrás e seu pai saqueiam Roma e se apropriam de relíquias da Igreja de São Pedro: a coroa de espinhos de Cristo, os cravos e a inscrição da cruz sagrada, além


do óleo usado para untar o corpo de Nosso Senhor. Este episódio aparece no folheto de Leandro, narrado por um dos guerreiros franceses, Ricarte da Normandia, com a ação deslocada para Jerusalém:

Aquele foi quem entrou Dentro de Jerusalém. Não respeitando ninguém, Até apóstolos matou, No templo sagrado achou Bálsamo que Deus foi ungido, Coisas que tinham servido Na paixão do Redentor, A coroa do Senhor, Tudo ele tem conduzido.

Carlos Magno e seus paladinos dão combate aos invasores, mas não impedem a destruição da cidade. De volta à Península Ibérica, Ferrabrás, gigante bravateador, desafia os paladinos franceses para um duelo singular. Diante da recusa destes, Carlos Magno se enfurece e ofende o maior dos heróis da França, seu sobrinho Roldão. Oliveiros, companheiro de todas as horas de Roldão, mesmo ferido, apresenta-se para o combate. A princípio faz passar-se por Guarim, seu escudeiro, mas Ferrabrás, desconfiado, descobre tratar-se de um nobre e, durante a batalha, mais de uma vez, mostra-se cortês, de acordo com as leis da cavalaria. Notando o estado em que se encontrava o oponente, Ferrabrás oferece-lhe um bálsamo capaz de curar todas as feridas, mas Oliveiros, orgulhoso, recusa. Só aceita servir-se de bálsamo quando o toma pela espada.

Klévisson Viana junto ao monumento de Carlos Magno, próximo à Catedral de Notre-Dame de Paris (2004).


A Batalha na cultura popular Nas cavalhadas, uma das mais belas manifestações da cultura popular brasileira, resta, diluída, a lembrança dos embates entre mouros (turcos) e cristãos. Em Serra do Ramalho, na Bahia, na véspera de São João, ocorre uma encenação a céu aberto, que reconta a saga do imperador cristão Carlos Magno em guerra com o almirante Balão. Esta modalidade é a cavalhada teatral, que mescla a encenação à demonstração de habilidades dos cavaleiros, lembrando as justas (torneios medievais). Em outras cidades do Brasil, a exemplo de Divinópolis, Goiás, a cavalhada é atração turística. Durante a encenação, os paladinos cristãos, trajados de azul, combatem os mouros, que vestem encarnado (vermelho). Geralmente, o auto é encerrado com a conversão dos mouros ao Cristianismo.

Marco Haurélio

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HQ valoriza obra-prima do cordel Essa nova roupagem que Klévisson Viana e Eduardo Azevedo dão à Literatura de Cordel ficou um luxo. Não no sentido elitista, mas no sentido figurado da palavra. Digamos, então, mais apropriadamente, ficou chique... Como requer a cultura do povo. E a HQ, que é cultura de massa, aproxima o cordel do público mais jovem. O texto poético de Leandro Gomes de Barros, que já era rico, ganhou com a sua adaptação para HQ um cabedal inigualável. É o fino da literatura universal, com raízes na França e na Península Ibérica, alcançando culturalmente todas as camadas do nosso povo, agora com um entrelaço popular e erudito inconfundível pelas imagens que envolvem os versos inimitáveis do mestre Leandro. A batalha de Oliveiros com Ferrabrás, clássico que faz parte das obras-primas da Literatura de Cordel, compõe o acervo da Academia Brasileira de Cordel-ABC, e agora reaparece em bela versão em quadrinhos, para enaltecimento da literatura sem fronteiras. Depoimento de Vidal Santos Presidente da Academia Brasileira de Cordel-ABC




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