Historia de uma escadaria divulgação

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d a e u r i ma ó t is d a a ri a c s E

Neusa Jordem Possatti

Ilustrações de Valeriano



Editora Volta e Meia apresenta História de uma escadaria, de Neusa Jordem Possatti Narrada pela própria escadaria, esta é uma emocionante história de força e de coragem. Força e coragem de quem? De Maria Ortiz, a famosa heroína capixaba. Por iniciativa própria, ela liderou uma resistência contra a invasão holandesa em Vitória, em 1625. Não é à toa que a escadaria leva o nome dela. Segundo a autora, Maria Ortiz comandava as outras crianças, enfrentava os meninos na rua e adorava conduzir grupos pelas vielas estreitas, que ela conhecia como ninguém. Incansável, sempre tentava recrutar mais uma criança para o seu pelotão. Era uma líder nata. E uma líder que amava sua terra. Além da fascinante história de Maria Ortiz, que justifica o nome que leva hoje, a escadaria conta a sua própria, desde os seus primórdios, quando era ainda uma ladeira sem nome usada pelos índios e pelos primeiros habitantes locais, até os nossos dias, quando foi transformada numa escadaria que virou um imperdível ponto turístico.

História de uma escadaria Neusa Jordem Possatti, ilustrações de Valeriano ISBN: 978-85-7492-194-5 – 28 páginas – Preço: R$ 31,00


© Copyright, 2011, Neusa Jordem Possati Todos os direitos reservados. Editora Nova Alexandria Avenida Dom Pedro I, 840 01552-000 São Paulo Sp Fone/Fax: (11) 2215-6252 Site: www.novaalexandria.com.br E-mail: novaalexandria@novaalexandria.com.br Editor: Marco Haurélio Revisão: da Editora Capa: Viviane Santos sobre ilustrações de Valeriano Editoração Eletrônica: Adriana Ortiz Ilustrações: Valeriano Pesquisa Iconográfica: Paulo Roberto Zuccherato Coordenação: Francisco Aurelio Ribeiro

DADOS PARA CATALOGAÇÃO Possatti, Neusa Jordem História de uma escadaria / Neusa Jordem Possatti ; ilustrações de Valeriano. - 1.ed. - São Paulo : Nova Alexandria, 2011. il. color. - (Volta e meia)

ISBN 978-85-7492-194-5 1. Espírito Santo (Estado) - História - Literatura infantojuvenil. 2. Literatura infantojuvenil brasileira. I. Valeriano (Ilustrador). II. Título. III. Série. CDD: 028.5 CDU: 087.5


d a e i u r ó ma t is d a a ri a c s E Neusa Jordem Possatti Ilustrações de Valeriano

1ª edição - 2011


Apresentação Essa história começa num tempo distante quando os índios usavam uma estreita rampa que dava acesso à parte alta da Ilha do Mel. Vieram os portugueses, foi implantada a escravidão e a rampa passou a se chamar Ladeira do Pelourinho. Ainda era íngreme e estreita. O povo a chamava, também, Ladeira da Cadeia e Ladeira do Trapiche. Muito depois, uma construção cuidadosa transformou-a na bonita escadaria Maria Ortiz. Afinal de contas, tudo aconteceu por causa dela, a menina Maria Ortiz, heroína capixaba que liderou a resistência do povo de Vitória a uma invasão holandesa.



Estou precisando bater um papo. Queria te contar a minha história. Seres humanos acumulam amigos, recordações e experiências, ao longo dos anos, acontecimentos que os acompanharão para sempre. Então, a gente viaja no tempo e encontra companhia nas recordações. Acontece o mesmo comigo. Vou me apresentar: sou uma escadaria antiga que acumulou experiências, lições de vida, patrimônio. E assim vou seguindo. As pessoas podem achar que estou velha, mas eu não acho. Já faz um tempão que resolvi que essa coisa de velhice é pra quem já entregou os pontos. Eu ainda tenho o que viver, e muito. Essa história começa num tempo distante quando os índios passavam por aqui e eu era uma estreita rampa. Muito depois, uma construção cuidadosa transformou-me na bonita escadaria Maria Ortiz. Por falar nisso, tudo aconteceu por causa dela, a menina Maria Ortiz. Eu quase posso ver seus pés voadores, correndo pelos becos, cais e travessas. Mais tarde eu falo dela. Uma coisa de cada vez.

- Você não pega a gente. ... E ela pegava.

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Antes que eu me tornasse uma ladeira, as tribos indígenas habitavam essa vastidão desconhecida, falavam a língua tupi-guarani e chamavam a ilha de Guanaaí, ou Guananira, a Ilha do Mel ou A que é semelhante ao mel. O lugar era protegido por uma grande mata e pelo Oceano Atlântico. Os índios se alimentavam da caça e da pesca das águas ricas em peixes e mariscos. Em busca de um lugar seguro, os portugueses desembarcaram nesta bela ilha, uma fortaleza natural protegida por um imponente maciço rochoso e cercada de espessa vegetação, que os guardaria de possíveis assaltos. Deram a ela o nome de Vila Nova do Espírito Santo – em oposição à Vila Velha, que tinham fundado no continente, em 1535, quando aqui chegaram – e, mais tarde, o belo nome de Vitória.

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“O Desembarque” (óleo s/ tela) 1945, de Kurt Guilherme Herrmann

1551


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No tempo da Colônia, na Cidade Alta, havia várias igrejas, o colégio e residência dos jesuítas, um convento franciscano, algum comércio e a sede do governo. Na parte baixa, estavam os mangues, o mar, e pequenos cais para o embarque e desembarque de pessoas e mercadorias. A cidade nasceu nos morros, e eu, uma ladeira, servia para levar os índios e os primeiros habitantes da parte baixa à parte alta. Do antigo caminho índio, que eles chamavam de “peaçaba”, me transformei na Ladeira do Pelourinho, a mais importante da Vila, pois conduzia ao símbolo maior da autoridade portuguesa na Vila de Nossa Senhora da Vitória, a sede do governo. Nesse ano aconteceu a mais bela recordação que guardo na memória: uma viagem ao meu passado que adoro fazer. Naquele tempo, eu ainda era uma estreita rampa e por aqui morava a menina Maria Ortiz. O que mais admirava nela era sua força e coragem.

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1625


Nada no mundo a assustava: baratas, ratos, cobras e lagartos, para ela eram bichos do bem. Às vezes, ela se sentava no meu colo, e descia numa folha do pé de coqueiro, de forma côncava, chiando numa velocidade incrível. Como era divertido... Mas, o que mais me encantava nela, além da sua coragem, era a enorme compaixão pelos escravos açoitados, no poste da lei, o tal do Pelourinho. Quando Maria Ortiz ouvia os terríveis gritos dos escravos sendo castigados, corria para lá, e tão logo o castigo terminasse, levava água e comida pra os açoitados. Aí, sim, ela ficava mais bonita ainda.

“Escravo no pelourinho” Gravura de Jean Baptiste Debret, 1835.

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Para Daniel, que está nos braços amorosos de Deus. Com todo o meu amor.

Maria Ortiz é uma heroína capixaba. Graças a ela foi organizada uma resistência à invasão holandesa na capital do Espírito Santo, em 1625. Sua coragem não foi esquecida. A escadaria Maria Ortiz, em Vitória, assim chamada em sua homenagem, Neusa Jordem Possatti é natural de Muniz Freire, Espírito Santo. Vive em Iúna, no é a narradora desta fascinante história, aqui recontada pela mesmo Estado, há mais de vinte anos. Graduada pela Faculdade de Filosofia, Ciências Neusa Jordem e Letras de Alegre. escritora Membro da Academia Feminina Possatti. Espírito-Santense de

Neusa

Letras, ocupante da cadeira nº. 36, membro correspondente da Academia Cachoeirense de Letras e vice-presidente da Academia Iunense de Letras. Faz parte de movimentos pastorais da Igreja Católica e de movimentos em defesa da vida.

Para Noemi, Henrique e Rosa que me inspiram e transformam cada trabalho, numa experiência sem igual. Valeriano

Valeriano é paulistano, faz projetos gráficos e ilustrações para livros, sobretudo os infantis. Dentre os livros que ilustrou estão Rodrigo enxerga tudo, Rodrigo bom de bola, Mitologia viva, As melhores histórias de Irmãos Grimm e Perrault e As sete viagens fabulosas do marinheiro Simbad em cordel.


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