Ano 14 - nº 79
NSI
NÚCLEO DE SERVIÇOS INTEGRADOS
PANDEMIA QUE CUIDADOS TOMAR NO SETOR AUTOMOTIVO
• Orientações para as oficinas trabalharem • Montadoras ajudam hospitais e profissionais de saúde • Peças para reposição: veja mudança nos seguros • Scania aposta no gás como alternativa ao diesel CADERNO SINCOPEÇAS ASSOPEÇAS: CONFIRA AS AÇÕES DO SETOR
EDITORIAL Setor que não se dobra a crises A palavra resiliência, que significa a capacidade de se adaptar a mudanças e, a partir do novo cenário recriar formas de viver melhor, tem sido usada bastante no Brasil. O país enfrenta, há quase uma década, seguidos percalços na economia. E em 2020, a expectativa era de recuperação dos anos perdidos e o otimismo começava a aparecer nos prognósticos de muitos segmentos do setor automotivo. Mais eis que, novamente, outro desafio se apresenta, e na forma de uma pandemia, problema de alcance mundial que vai afetar as economias de praticamente todos os países. O que fazer diante de um cenário como esse? A resposta, pelo que o leitor poderá ver nas páginas desta edição de Auto Revista Ceará, está novamente na resiliência. Trazemos textos com dicas de colunistas, empresas e consultorias mostrando os caminhos possíveis. Através do diálogo entre gestores e funcionários, mostrando que todos precisam contribuir e entender o momento, todos os empreendimentos do setor automotivo podem achar seus caminhos. É hora, mais uma vez, de mostrar a força e a união. A crise vai passar, as pessoas vão continuar precisando de seus carros. E quem estiver pronto para atender essa demanda vai se beneficiar. Por outro lado, montadoras e fabricantes de autopeças, em um esforço louvável, se mobilizaram para contribuir no combate à pandemia. Iniciativas como fabricação de máscaras e componentes para respiradores se multiplicaram pelas unidades fabris, mostrando toda a força e a versatilidade do setor automotivo. Que esses exemplos sirvam para destacar que montadoras, fábricas de autopeças, distribuidoras, concessionárias e centros de serviço representam um segmento que, sempre que for preciso, vai ressignificar a palavra resiliência, adaptando-se e voltando ainda mais revigorado depois de cada crise. Boa leitura! O editor
Auto Revista Ceará
autorevista_ce CUIDADOS Como manter o carro parado durante longos períodos
(85) 98114.4792
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COVID-19 Montadoras se mobilizam para ajudar
SEGURADORAS Poderão usar peças não originais de reposição e preços podem cair para consumidores
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DICAS Para enfrentar os efeitos da pandemia nas oficinas
SCANIA Investe na produção de caminhões a gás como alternativa sustentável ao diesel
EXPEDIENTE Diretor: Ariel Ricciardi / Editor e jornalista responsável: Sílvio Mauro | Diagramação: Marcos Aurelio | Capa foto: divulgação Colaboradores: Alexandre Costa, Claudio Araújo, Demostenes Moreira de Farias, Flávio Portela, Haroldo Ribeiro, Izabel Bandeira, e Luciano Bonatti. Contato para anunciar na AUTO REVISTA CEARÁ: (85) 3038.5775 ou através dos e-mails: autorevistaceara@gmail.com Fale com a gente, envie e-mail, fotos, notícias para a redação. A sua opinião é fundamental para a melhoria de nosso produto. A AUTO REVISTA CEARÁ é uma publicação bimestral da Editora Núcleo de Serviços Integrados. As opiniões dos artigos assinados não representam necessariamente as adotadas pela revista. Não é permitida a reprodução parcial ou total dos textos.
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Conta-giros Takao lança novos produtos Em março último, a Takao introduziu no mercado de reposição bronzinas para o novo motor 1.0 turbo de 3 cilindros da Volkswagen, além de anéis para motor 1.0 da Renault, comandos de válvulas da Chevrolet (1.4 e 1.8) e pistões para Hyundai/Kia 1.8/2.0 e Jeep 2.0. Ao todo foram lançadas peças para 6 marcas e 14 modelos.
Dayco: batalha contra o coronavírus A Dayco, fornecedora de produtos para motores e sistemas de transmissão para as montadoras de automóveis, linha industrial e reposição, colocou seus recursos de fabricação à disposição para ajudar na batalha contra a pandemia de Covid-19. A empresa usou suas instalações para transformar um componente de máscaras de mergulho em um ventilador que pode salvar vidas. A adaptação da máscara foi apoiada por uma equipe de projeto formada pela consultoria italiana Isinnova e oito integrantes de vários parceiros. Os primeiros beneficiados com a iniciativa foram hospitais do norte da Itália e a Cruz Vermelha Italiana.
Dica da Freudenberg-Nok para cuidados com o motor Para evitar aumento de desgaste do trem da válvula, de ruídos e da temperatura, é importante saber que existe um retentor de válvula específico para cada motor, e que economizar na compra de uma peça de má qualidade gerará custos altos em um futuro próximo. “A utilização de peças não originais ou com o perfil incorreto pode acarretar em diversos danos e até mesmo a perda do motor”, afirma Alexandre Morselli, Gerente de Produto da Freudenberg-Corteco.
Agradecimento aos caminhoneiros A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) e suas filiadas, as associações de marca ligadas aos segmentos de caminhões, ônibus e implementos rodoviários, divulgaram nota de gratidão e reconhecimento para os profissionais que não pararam de transportar itens de primeira necessidade durante a pandemia de coronavírus. “Que Deus os abençoe por tamanha generosidade! Estamos certos de que esse vírus. mesmo tão cruel, despertou a união e a solidariedade de toda a nossa nação. Obrigado, caminhoneiros!”, disse a nota das entidades.
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Conta-giros
Nova campanha da Volda A Volda, uma das principais marcas do portfólio da Tagia Importadora
(empresa especializada em importação e distribuição de autopeças) lançou a campanha “Universo Volda”, que traz um conceito que unifica a identidade da marca para diferentes públicos, como distribuidores, vendedores, motoristas, mecânicos e demais profissionais do ramo automotivo. Uma das primeiras atividades desenvolvidas pelo Universo Volda foi a realização de atendimento personalizado aos clientes, que inclui palestras não apenas com foco na área técnica, mas com temas variados.
Novas palhetas automotivas da Magneti Marelli
Filme do Sertões 2019 disponível no Net Now e na Vivo Play O rali dos Sertões virou filme. A pré-estreia aconteceu em um evento virtual, em março, para pilotos, navegadores e convidados que assistiram, de casa. A produção está disponível para o público nas plataformas Net Now e Vivo Play. Em 109 minutos, são retratados os desafios dos personagens que fizeram a história da prova de 2019. Mais do que falar sobre duelos motor X poeira e velocidade X distância o filme é sobre sobre desafios que as pessoas são obrigadas a enfrentar quando se dispõem a atravessar o Brasil numa jornada de Campo Grande (MS) a Aquiraz (CE).
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A Marelli Cofap Aftermarket, empresa do mercado de reposição automotiva, lançou uma linha de palhetas automotivas disponíveis em 29 códigos desenvolvidos para atender as principais aplicações de veículos nacionais. São duas versões: Standard e Touch Flat. A versão Standard é do tipo metálico com vértebra de aço inoxidável e apresenta armação com pintura fosca. Já as palhetas da linha Touch Flat têm design aerodinâmico com o objetivo de aproveitar a força do vento para elevar ao máximo o contato da palheta com o vidro.
Webmotors lança ensino à distância para lojistas A Webmotors, empresa de tecnologia especializada em compra e venda de veículos, disponibilizou serviço de capacitação à distância para lojistas. A versão online da Universidade Webmotors é uma trilha educacional que apresenta técnicas de venda, boas práticas e cases de sucesso. Em sua versão presencial a instituição já capacitou mais de 19 mil vendedores em todo Brasil e, com o formato EAD, a Webmotors pretende ampliar o alcance e capacitar ainda mais lojistas. Mais informações: https://universidade. webmotors.com.br.
Conta-giros Nova lâmpada LED da Osram A Osram, multinacional alemã, lançou no mercado latino-americano a Led Cool Blue Intense. O produto reúne características como temperatura de cor de 6.000K na tensão de 12V e o recurso Canbus Control Unit, que evita mensagens de erro de luz queimada no computador de bordo. Segundo a Osram, como a distribuição de luz é muito otimizada, não há ofuscamento dos demais condutores na pista. Além disso, a empresa desenvolveu um cooler passivo para refrigeração prolongada do ar dentro do farol, aumentando a vida útil do produto.
Para que servem as velas especiais? A NGK, marca especialista em sistema de ignição, possui em seu portfólio velas especiais nos modelos G-Power e Iridium IX. Elas são produzidas com materiais nobres como platina e irídio, que resultam em mais energia para iniciar a combustão e melhor queima da mistura ar/combustível. A G-Power pode ser aplicada em motores originais de fábrica sem nenhuma preparação. Já a Iridium IX se destaca por ter ampla faixa térmica, viabilizando o uso em motores de competições. Outras vantagens dos produtos são mais estabilidade em marcha lenta, menor possibilidade de falhas de ignição, retomadas mais rápidas e menos interferência em sistemas eletrônicos.
Carregamento por indução do BMW 530e ganha prêmio A BMW recebeu o prêmio de Tecnologia do Ano da publicação norteamericana Green Car Journal por seu programa carregamento elétrico por indução para o modelo 530e. Ele permite que clientes da marca e proprietários do sedan híbrido testem o dispositivo de carregamento sem fio e reportem suas considerações à fabricante. O recurso consiste em uma estação de carregamento indutivo e um componente secundário fixado na parte inferior do automóvel. A transferência de energia é feita a uma distância de apenas sete centímetros.
ZF apresenta freio de estacionamento elétrico dianteiro A ZF apresentou o Front EPB, freio de estacionamento elétrico dianteiro projetado para equipar veículos menores com sistemas avançados de freio e com maior liberdade de design interior, sem a necessidade da clássica alavanca de freio de mão ou pedal de freio de estacionamento. Com o recurso a alavanca pode ser substituída por um interruptor compacto, criando mais espaço no interior do veículo. O início da produção em série do produto foi na Coréia do Sul e na China.
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Manutenção
Cuidados com o carro parado Veja algumas dicas que reunimos e informações adicionais sobre manutenção automotiva
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arro foi feito para andar. Por isso, é importante dizer, para quem acha que o período de quarentena fez bem ao veículo por deixa-lo guardado e protegido na garagem, que o efeito pode ser o contrário para boa parte de componentes muito importantes. E pior: se alguns deles forem danificados, isso pode representar prejuízo, no futuro, quando o veículo voltar à movimentação normal. Começando por uma das partes mais importantes, que é o motor, ele tem vários componentes que precisam ser movimentados com frequência, como os pistões e as válvulas. É principalmente entre eles que circula o óleo lubrificante, e essa circulação evita problemas como o emperramento de alguma peça. Se o motor fica parado muitos dias, o óleo, pela força da gravidade, escorre para a parte de baixo e fica alojado em um reservatório chamado cárter. Por isso, além de ligar o carro pelo menos uma vez por semana, no mínimo, o proprietário precisa fazer isso sem acelerar muito, para esperar o óleo subir e lubrificar todos os componentes. Fazer as partes metálicas se movimentarem sem a devida lubrificação pode provocar desgaste - e o prejuízo, se houver algum problema, é grande. Esse cuidado também vale para o óleo da caixa de marcha, principalmente se o câmbio for automático. Vale ressaltar, ainda, que o motor tem retentores e juntas que podem ressecar, se ficarem muito tempo sem lubrificação. Isso pode levar a vazamentos, no futuro. Em resumo, além de ligar o carro,
é recomendável fazê-lo circular um pouco, movimentando pneus e engrenagens das marchas. Sobre os pneus, aliás, um fenômeno causado pela falta de uso é a perda de ar. Por isso, se for tirar o veículo da garagem para fazer algum trajeto mais longo, um cuidado recomendável para o motorista é ver a calibragem dos pneus. Outro componente importante é a bateria. De acordo com o engenheiro mecânico Denis Marum, especialista em manutenção automotiva, na maioria dos carros as baterias possuem placas de chumbo imersas em uma solução ácida dentro de uma caixa plástica. Pela falta de movimento do veículo, o ácido acaba por se concentrar no fundo do recipiente plástico, corroendo as placas de chumbo e, por consequência, diminuindo a capacidade de recarga da bateria. “Portanto, não basta apenas funcionar o motor uma vez por semana. É necessário movimentar essa bateria para homogeneizar a solução ácida, evitando a corrosão das placas. Funcione o motor e ande com o carro para gerar movimentação da solução dentro da bateria”, recomenda Marum. Ele dá a capacidade de resistência de acordo com o componente: baterias com mais de dois anos de uso exigirão carregamento mais frequente, algo entre três e cinco dias. Já as mais novas e as de última geração podem suportar até três semanas. Sobre a conservação da cabine, o engenheiro mecânico lembra que bactérias e fungos podem se proliferar nos dutos do ar condicionado. Por isso, é recomendável funcionar o sistema com o seletor de temperatura na po-
sição quente por alguns minutos. “O aquecimento dos dutos removerá a umidade, impedindo a proliferação das bactérias e fungos”. Considerando o calor de Fortaleza, no entanto, o melhor é fazer isso com o carro parado na garagem, os vidros abertos e ninguém sentado nos bancos. Ainda sobre a parte interna, Marum afirma que existem bactericidas na forma de aerossol que podem ser encontrados em supermercados. “Apesar de difícil aplicação, eles podem ser utilizados. Para isso, o motorista deve ligar o veículo, ligar a ventilação interna no modo recirculação, aplicar o produto nos dutos de entrada de ar do painel e sair imediatamente do carro”, explica. Depois, é preciso deixar o veículo funcionando por cinco minutos com os vidros fechados. Terminado esse tempo, os vidros devem ser abaixados e carro e sistema de ventilação precisam funcionar por mais cinco minutos, para o ar continuar circulando pelo sistema. Por fim, o profissional recomenda cuidado com a gasolina. O ideal, para períodos muitos longos com o carro parado, é não colocar muito combustível e ir abastecendo quando precisar, porque a gasolina é um produto perecível. “O apodrecimento da gasolina pode gerar entupimento dos bicos injetores e dificuldade na partida”, explica Marum. Ele conclui com um alerta: “nunca funcione seu carro por muito tempo em locais fechados como garagens sem ventilação. O monóxido de carbono eliminado pelo escapamento pode levar à morte!”
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Salão do automóvel
Novos tempos Crise nos salões de automóveis e mudanças nas concessionárias. A forma como os veículos estão presentes na sociedade está diferente, e isso se reflete na cadeia automotiva
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muito usual associar carros com paixão. Ou seja, a relação dos consumidores com seus automóveis envolve, para muitos deles, sentimento, além da necessidade de um meio de locomoção. Mas se é assim para as pessoas, para as montadoras passa bem longe. Como acontece com qualquer empresa, elas precisam vender e ter lucro. O exemplo mais contundente desse pragmatismo da indústria automotiva está na crise dos salões de automóveis. Diferentemente de outros eventos segmentados, onde em paralelo com as exposições também são realizados negócios, os salões de automóveis têm um formato de mostra de tendências, onde as empresas expõem seus melhores produtos e ideias para um público que vai ali apenas contemplar. É no salão do automóvel que o proprietário de um carro 1.0, por exemplo, poderia ver de perto uma Ferrari de um
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milhão de reais que ele sabe que jamais poderia comprar. Mas em tempos de internet, mais interação com públicos específicos através de redes sociais, realidade virtual e metas cada vez mais ambiciosas de redução de custos no setor corporativo, os salões passaram a ser vistos de outra forma pelas montadoras. Mais precisamente, muito custo para pouco retorno financeiro em vendas. O resultado disso apareceu na edição do Salão do Automóvel de São Paulo, que aconteceria esse ano. Depois da desistência de grandes marcas, como Toyota, Chevrolet, BMW, Volvo e Land Rover. Do dia 6 de março último, depois de terem negado algumas vezes, a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotivos (Anfavea) e a Reed Alcântara Machado, empresa responsável pela realização do evento, comunicaram oficialmente que a edição 2020 do Salão foi adiada para
2021. De acordo com a Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea, “o Salão do Automóvel precisa evoluir e refletir o momento de disrupção tecnológica” que a indústria automotiva está vivendo. A promessa é de “reduzir custos e avaliar novos formatos”. Há, no entanto, uma expectativa de que o Salão do Automóvel de 2021 também não irá acontecer, porque ele realmente não interessa mais às grandes empresas. A Chevrolet, por exemplo, já lançou uma nota não muito amigável classificando o salão como um evento “analógico” e afirmando que também não estará presente no ano que vem. Ou seja, não tem nada de paixão aí, apenas preocupação com custos e lucros, e o cancelamento pode acontecer de novo. Para tentar aliviar um pouco o impacto da notícia, os organizadores do Salão do Automóvel lembraram que a crise não atinge só o evento brasileiro. “Não é um movimento
local, está acontecendo em todos os países do mundo e pelos mesmos motivos”, afirmou Luiz Carlos Moraes. De fato, outro salão clássico, que é o de Frankfurt, na Alemanha, mudou de sede e vai passar a ser realizado em Munique. A meta é, com a mudança, reduzir custos e ampliar a temática, falando também de sustentabilidade e mobilidade urbana. Além das mudanças nos salões de automóveis, fatores que têm transformado o universo automotivo, como condução autônoma e novas políticas de mobilidade urbana (nas quais o carro deixa de ser uma propriedade e passa a ser apenas um dos meios de transporte, integrado a outros modais) estão chegando também às concessionárias. O documento “Will this be the
end of car dealerships as we know them?” (“Seria o fim dos vendedores de automóveis da forma como os conhecemos?”) publicado em 2018 pela consultoria KPMG sobre o mercado norte-americano, registrou que entre 2011 e 2016, a despeito do aumento da venda de carros, o número de revendas autorizadas se manteve inalterado. A empresa cita fatores como vendas online e carros compartilhados para explicar o fenômeno. Além disso, o levantamento da KPMG mostra que serviços de mobilidade e carros autônomos devem reduzir as vendas de veículos em cerca de 50% até 2035. É fato que a realidade norte-americana é bem diferente da brasileira mas, mesmo com atraso, a revolu-
ção que aquele país já vive no universo automotivo deve chegar por aqui. Por isso, talvez um dia, assim como o glamour dos antigos salões dos automóveis, muitas outras características do setor acabem apenas como nostalgia, e todos precisarão se adaptar aos novos tempos. Vale ressaltar que, além de todos esses fatores conjunturais, o mundo sofre hoje os efeitos da pandemia de coronavírus. A estimativa é de que os problemas causados por ele, como a queda da atividade econômica em todo o planeta, tenha graves consequências, pelo menos a médio prazo. Eventos que demandam grandes investimentos, como os salões de automóveis, acontecerão no próximo ano, diante desse cenário? Fica a pergunta no ar.
Nova versão
GRANDES MUDANÇAS O Tracker ganhou da Chevrolet um novo design e motores menores e mais modernos, para ficar mais atraente para os consumidores da sua categoria
E
m alguns modelos de segmentos com vendas expressivas, a Chevrolet é líder de mercado. Isso acontece com o Ônix (hatchs pequenos), Cruze (hatchs médios), Ônix Plus (sedans compactos). Além disso, o Cruze é o terceiro sedan médio mais comercializado. O bom desempenho desses veículos, no entanto, não acontece com o Tracker, SUV compacto da marca. Entre os concorrentes da sua categoria, ele ocupa apenas a oitava posição. A versão que pode ajudar a mudar esse quadro foi lançada tendo como principais atrativos dois motores turbos pequenos (1.0 e 1.2) de três cilindros e promessa de economia de combustível, item importante em um segmento de carros grandes
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movidos a álcool ou gasolina e que não rendem tão bem quanto os modelos a diesel nesse quesito. O Novo Tracker tem, além das duas opções de motorização turbo já citadas, duas opções de transmissão de seis marchas (manual e automática) e quatro opções de acabamento (versão de entrada, LT, LTZ e Premier). Em relação ao espaço, a principal alteração foi no porta-malas, cuja capacidade passou de 306 para quase 400 litros. Comprimento, largura e entre-eixos tiveram poucas alterações: aumento de 1,2 cm no primeiro e 1,5 cm na segunda e no último. O modelo vem equipado com rodas de alumínio de série. Na versão Premier, elas são de 17 polegadas com superfície usinada e fundo cinza
metálico. Os faróis são totalmente de LED, luzes de condução diurna (DRL) e sistema de luz auxiliar lateral que amplia em 11% a área iluminada em manobras e curvas. A luz de sinalização dianteira também é de LED e fica no para-choque. Na versão Premier existem LEDs também nas lanternas traseiras. No interior, o painel ficou mais largo e foi levemente rebaixado. Tem tela central de LCD de oito polegadas tipo pedestal e quadro de instrumentos com tela de 3,5” TFT colorida na qual estão velocímetro e conta-giros com ponteiros iluminados por LEDS e visor do computador de bordo de até 14 funções. Entre essas funções estão indicador de distância do veículo à frente, mo-
nitoramento da pressão dos pneus e percentual da vida útil do óleo. O volante conta teclas para comando do limitador de velocidade e do piloto automático no lado esquerdo e botões de atalho para o sistema multimídia e para o comando de voz. Há um carregador wireless apoiado sobre o console central, que se estende até os comandos do ar condicionado, da tecla que permite a desativação do sistema Stop/Start, e os botões das travas das portas e do assistente de estacionamento. Para os ocupantes do banco traseiro, houve aumento das dimensões nas áreas das pernas (+74 mm), dos ombros (+46 mm) e da cabeça (+19 mm). No Novo Tracker, os assentos são do tipo anfiteatro, ou seja, quem viaja atrás senta em um patamar mais alto para melhorar visibilidade. Também para melhorar a sensação de espaço interno, o modelo ganhou janelas extras laterais. Em relação à segurança, o Tracker tem estrutura nova na carroceria, com maior percentual de aços de alta resistência e mais uma série de tecnologias de proteção aos ocupantes. Entre elas estão seis airbags,
controle eletrônico de estabilidade e assistente em partida em rampa de série em toda as versões. O sistema de freios conta os seguintes recursos: • Assistente de frenagem capaz de identificar potenciais situações de perda de eficiência de frenagem por aquecimento do sistema, como acontece em descidas de serra, por exemplo. Nestes casos, o veículo aumenta automaticamente a pressão do conjunto hidráulico para que o motorista não precise elevar muito a força no pedal para realizar as frenagens; • Sistema de freio em curvas: o veículo analisa constantemente a velocidade, a aceleração lateral e o ângulo de esterçamento do volante para otimizar a distribuição da força de frenagem em cada roda, aumentando a estabilidade e melhorando a dirigibilidade; • Recurso que ajuda a manter a trajetória em frenagens em linha reta, podendo aplicar uma força específica em cada roda, compensando variações comuns de aderência da pista ou da distribuição irregular do peso de carga, por exemplo; • Sistema de alerta de colisão com frenagem autônoma em caso de
emergência para mitigar ou mesmo evitar acidentes. Com uma câmera no parabrisas e sensores ultrassônicos, ele detecta a aproximação de algum veículo à frente. Primeiro, o Novo Tracker tenta alertar o condutor com um alarme sonoro e um facho luminoso refletido na base do parabrisas. Caso não haja reação, o sistema aciona automaticamente os freios. O pacote de segurança do Novo Tracker ainda oferece alerta de ponto cego, sensores de estacionamento dianteiros, traseiros e laterais com indicação gráfica no computador de bordo e câmera de ré com linhas guias que projetam a movimentação do veículo conforme o ângulo de esterçamento do volante. Em relação a conforto, um dos itens que vale ressaltar é o assistente de estacionamento semiautônomo para vagas paralelas e perpendiculares (de série apenas na versão top de linha Premier). O sistema é capaz de girar o volante sozinho e passa instruções de manobra para o motorista na tela do veículo. Outro é a chave “inteligente” de série a partir da versão LT. Quando o condutor se aproxima com ela, o
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veículo permite o destravamento das portas e o acionamento da ignição por botão. O Novo Tracker também pode vir equipado com retrovisor eletrocrômico, que temporariamente para evitar ofuscamento da visão do motorista enquanto um veículo logo atrás trafega com a luz alta ou desregulada, por exemplo. Falando mais detalhadamente sobre os motores, a Chevrolet afirma que o downsizing (nome que se dá, no setor automotivo, à adoção de motores menores e mais eficientes) deixou o Novo Tracker até 17% mais econômico. Seguem os dados mais importantes deles: o 1.0T tem 16,8 kgfm de e 116 cv de potência. Já o 1.2T tem 21,4 kgfm e 133 cv. Na configuração de entrada, com transmissão manual, o Novo Tracker mostrou rodar - segundo a montadora - médias até 14,8 km/l com gasolina e 10,4 km/l com etanol, em perímetro rodoviário, e até 13 km/l com gasolina e 9 km/l com etanol em trechos urbanos. Com transmissão automática a fábrica diz que as médias de consumo 1.0T são 13,7 km/l (gasolina) 9,6 km/l (etanol) e 11,9 km/l (gasolina) e 8,2 km/l (etanol), respectivamente. Já o modelo 1.2T percorre na estrada, também segundo a Chevrolet, médias de 13,5 km/l (gasolina) e 9,4 km/l (etanol). Na cidade, os números passam para 11,2 km/l (gasolina) e 7,7 km/l (etanol). Quanto ao comportamento em acelerações e retomadas de velocidade, o Novo Tracker 1.0T tem aceleração de 0 a 100 km/h em 10,9 segundos. Outro destaque sobre os novos motores é que a Chevrolet garante menos custos e trabalho com manutenção. “Componentes mecânicos foram reposicionados e/ou otimizados para que o tempo necessário para a execução dos serviços (de troca) fosse drasticamente reduzido. Tudo isso resultou em uma redução de mais de 20% no custo de manuten-
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ção do carro”, diz a empresa. Sobre tecnologias de conectividade, O Novo Tracker tem sistema de internet de alta velocidade nativo. Ou seja, ele faz parte da arquitetura eletrônica do veículo, permitindo atualizações remotas, como acontece com smartphones. O Wi-Fi da Chevrolet é uma parceria com a Claro, e o condutor precisa adquirir planos de dados que vão de 2 GB a 20 GB por mês. Há também o aplicativo myChevrolet. Através dele, é possível consultar informações do computador de bordo. Ele também dá acesso a funcionalidades como relatórios por viagem, por dia, semana ou mês. Já o sistema multimídia, que na Chevrolet tem o nome de MyLink, agora permite o pareamento simultâneo de até dois celulares por Bluetooth. MOTORIZAÇÃO Número de cilindros Taxa de compressão
O sistema é compatível com os sistemas Android Auto e Apple CarPlay para projeção de aplicativos, incluindo os principais de trânsito online e os de troca de mensagens, como o Whatsapp. Para evitar distrações, há comandos por voz. Preços do novo Tracker (de entrada, sem pintura metálica) 1.0 turbo (manual)
R$ 82.000
1.0 turbo LT (automático)
R$ 89.900
1.2 turbo (automático)
R$ 90.500
1.2 turbo LTZ (automático)
R$ 99.900
1.2 turbo Premier (automático)
R$ 112.000
1.0 Turbo 3 em linha 10,5:1
1.2 Turbo 3 em linha 10,5:1
Potência Máxima
Gasolina / Etanol: 116cv @5500
Gasolina: 132 cv @5500 Etanol: 133 cv 5500
Torque Máximo
Gasolina: 16.3 mKgf @ 2000 / Etanol: 16.8 mKgf @ 2000
Gasolina: 19.4 mKgf @ 2000 / Etanol: 21.4 mKgf @ 2000
Manual de 6 velocidades Automática de 6 velocidades
Automática de 6 velocidades
A disco ventilado A tambor
A disco ventilado A tambor
Elétrica Progressiva
Elétrica Progressiva
Liga leve 16” x 7.0”, 5 furos (Roda sobres. aço 16” x 4.0”T)
Liga leve 16” x 7.0”, 5 furos Liga leve 17” x 7.0”, 5 furos (Roda sobressalente de aço 16” x 4.0” T) 215/60 R16 215/55 R17 (Pneu sobressalente T115/70R16)
TRANSMISSÃO Tipo FREIOS Dianteiros Traseiros DIREÇÃO Tipo RODAS E PNEUS Rodas Pneus
215/60 R16 (Pneu sobres. T115/70R16)
DIMENSÕES Comprimento Total (mm)
4,270
4,270
Largura Total - espelho a espelho (mm)
2,044
2,057 (Premier)
Altura (mm)
1,624
Distância entre eixos (mm) Altura livre do solo (mm) Ângulo de ataque (graus) Ângulo de saída (graus)
2,570 157 17 28
1.624 (Pneus 16”) 1.626 (Pneus 17”) 2,570 157 17 28
393 1294
393 1294
1.196 (MT) / 1.228 (AT) 410
1.233 (AT) / 1.248 (LTZ) / 1.271 (Premier) 410
CAPACIDADES Porta-malas (litros) Porta-malas com bancos rebatidos INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES Peso em ordem de marcha (Kg) Carga útil, com 5 passag. mais bagagem(Kg)
Pioneiro
O PRIMEIRO CARRO DA FIAT Fábrica italiana se rendeu à demanda e escolheu carro que é um dos seus símbolos para lançar o primeiro modelo elétrico da sua história
D
emorou, mas chegou. Nascida na Europa, continente onde o uso de carros elétricos têm crescido a cada ano, a Fiat ainda não tinha um modelo com essas características. E para tentar conseguir empatia com os consumidores, escolheu o 500 (conhecido na Itália como “cinquecento”) um veículo ultracompacto que é icônico da marca, foi lançado há 63 anos e continua em evidência desde a chegada da segunda geração em 2007. De acordo com a Fiat, as baterias de íons de lítio do carro garantem autonomia de até 320 km no ciclo WLTP (Worldwide Harmonized Light Veihcle Test Procedure, protocolo baseado no perfil de condução de milhões de condutores de todo o mundo e que considera o uso de todos os equipamentos do carro para
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calcular o consumo). Além disso, o Novo Fiat 500e é equipado com um sistema de carregamento rápido que em cinco minutos na tomada dá uma reserva de energia suficiente para percorrer 50 km. Com 35 minutos, a bateria atinge 80%. Considerando que o tempo de carga é um desafio para os veículos elétricos, apenas cinco minutos para 50 km é uma boa marca, porque dentro de uma cidade, dificilmente alguém roda mais do que essa distância entre um ponto e outro que tenha outra tomada disponível para nova recarga. Para recarga completa em casa, o veículo usa o Easy Wallbox, um sistema desenvolvido para ligar o veículo em uma tomada comum. De acordo com a montadora, a carga completa leva pouco mais de seis horas em um sistema com potência máxima. O
modelo também vem com um cabo Modo 3 (uma tomada com formato específico para sistemas de carros elétricos) para carregar diretamente em postos na rede pública. O motor tem uma potência de 87 kW (118 cv), velocidade máxima de 150 km/h (limitada) e aceleração de 0 a 100 km/h em 9 segundos. O carro tem três modos de condução: Normal, Range e Sherpa. Este último otimiza os recursos disponíveis, atuando em diversos componentes para reduzir ao mínimo o consumo de energia. Nele, a velocidade máxima é limitada a 80 km/h e há controle sobre a resposta do acelerador e desativação do ar condicionado. O modo Normal é o mais próximo possível da condução de um veículo com um motor convencional a combustão. Já o modo Range ativa a
função na qual é possível dirigir o veículo praticamente só com o pedal do acelerador. Quando o motorista o libera, causa uma desaceleração muito maior do que em um motor de combustão normal - quase como se fosse pressionado o pedal do freio, que deve ser usado apenas para parar completamente o carro. Entre os principais recursos de tecnologia, o O Novo Fiat 500e é equipado com direção autônoma cuja tecnologia de monitoramento de câmera frontal pode controlar as áreas do carro, longitudinal e lateralmente. Um sistema inteligente de controle de cruzeiro adaptativo (iACC) freia ou acelera em resposta a qualquer obstáculo: carros, ciclistas, pedestres e o carro se mantém na pista através das marcações quando a estrada tem as faixas bem
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identificáveis. Outros recursos são o Urban Blind Spot, que tem sensores para monitorar os pontos cegos, e o Attention Assist, que fornece avisos no visor, recomendando que o motorista pare e faça uma pausa quando estiver cansado. O Novo Fiat 500e é o primeiro carro da FCA (holding que engloba as marcas Fiat, Chrisler, Jeep e Ram) equipado com o sistema de infotainment UConnect 5, plataforma compatível com Android Auto e Apple CarPlay e tela sensível ao toque de 10,25” de alta definição. O UConnect 5 oferece as seguintes funcionalidades: • My Assistant: conecta o motorista a um assistente para solicitar ajuda em caso de avaria ou receber suporte para resolver qualquer problema; • My Remote: através de um smartphone, permite verificar o nível de carga da bateria, agendar o carregamento do veículo para os horários mais econômicos, encontrar a localização exata do carro, trancar e destrancar as portas, acender e apagar as luzes e programar o sistema de ar condicionado; • My Car: faz verificação de vários parâmetros, desde a pressão dos pneus ao cronograma de revisões; • My Navigation: sistema de navegação que também permite visualizar pontos de carregamento localizados perto do usuário, sendo demonstrados graficamente no mapa os locais
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que podem ser alcançados com base no nível atual de carga da bateria; • My Wi-Fi: ponto de acesso que conecta até oito dispositivos eletrônicos à Internet ao mesmo tempo; • My Theft Assistance: o motorista é notificado em caso de roubo do carro. Por fim, o modelo é equipado como o sistema de interface Natural Language, de reconhecimento de voz. Com ele é possível controlar parâmetros, definir o controle do ar condicionado e escolher músicas no sistema multimídia. Em relação ao design externo, a nova plataforma deu à terceira geração do 500e uma carroceria 6 cm mais larga e 6 cm mais longa. A distância entre eixos também foi aumentada, ganhou 2 cm. No interior, entre os dois bancos dianteiros, onde o câmbio estava originalmente localizado, foi criada uma área de armazenamento de
objetos. Um fundo plano abrigou as baterias de lítio sem comprometer a capacidade do compartimento de bagagem, que permaneceu inalterado - embora seja bastante pequeno, como acontece com qualquer modelo ultracompacto. Um detalhe interessante é que o novo modelo estreou apenas na versão conversível. “O primeiro quatro lugares ao ar livre com emissão zero: todos abertos, todos elétricos, todos silenciosos”, diz a Fiat. Outra curiosidade é que a Fiat promete, “posteriormente”, o Sistema de Alerta Acústico de Veículo (AVAS), um aviso para pedestres com o carro em velocidades de até 20 km/h. E o som escolhido, de acordo com a montadora, é a música de Amarcord, de Nino Rota, “no puro estilo Dolce Vita, um exemplo da criatividade italiana mais autêntica”, diz a Fiat. Apresentado em março, o 500e deve estar disponível para venda apenas no fim do segundo semestre desde ano, tanto no Brasil quanto na Europa. A montadora não informou o preço. Procuramos sites do Velho Continente, onde ele está disponível em um sistema de pré-venda, mas também por lá não é informado qualquer valor. Quando ele era vendido no Brasil, até 2018, com motor a combustão, seu preço era próximo dos 80 mil reais. Então, é possível imaginar que a versão elétrica e conversível fique próxima dos R$ 100 mil.
Solidariedade
UNIÃO DE RECURSOS E DE CONHECIMENTO As montadoras de veículos colocaram infraestrutura, recursos tecnológicos e profissionais para contribuir no combate à pandemia de coronavírus
C
om milhares de componentes, o carro é um dos produtos mais complexos entre todos os que consumimos. Por isso, as montadoras e suas fábricas parceiras trabalham com os mais variados materiais e processos de produção. Essa versatilidade foi bastante útil para as empresas usarem seus parques fabris e ajudarem no combate à pandemia de coronavírus (Covid-19). Além disso, a imensa rede de concessionárias ligada a cada marca foi um diferencial para algumas delas realizarem ações integradas ao esforço coletivo contra a doença. Começando por este último exemplo, a Renault do Brasil, com sua rede de revendas autorizadas, contribuiu para o combate ao coronavírus com um trabalho de recuperação e manutenção de ambulâncias do Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (SIATE) do Corpo de Bombeiros do Estado do Paraná, onde a empresa tem fábrica. Das trinta e quatro ambulâncias do Siate do Paraná, a Renault se comprometeu a recuperar onze que estavam fora de operação por falta de manutenção e a realizar reparos nas restantes, para garantir a continuida-
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RENAULT
de do funcionamento dos veículos. A ação incluiu as peças necessárias, as oficinas e a mão-de-obra das concessionárias - tudo sem custo para o governo paranaense. Outras ações da Renault foram a cessão de veículos para a Defesa Civil do Paraná e uma parceria com o Senai na recuperação de aparelhos de UTI. Ainda dentro do conglomerado que abrange a montadora francesa, o Instituto Renault, entidade que tem como objetivo promover ações voltadas para a sustentabilidade socioambiental, entrou com ajuda para a produção de máscaras descartáveis, item essencial na luta contra o coronavírus. A Associação Borda Viva, apoiada pelo Instituto e situ-
ada próxima ao complexo Ayrton Senna em São José dos Pinhais (PR), cidade sede da fábrica da empresa, fez a formação das mulheres da comunidade que trabalham no projeto Casa da Costura para a produção de máscaras descartáveis. Ao todo, foram sessenta mulheres envolvidas no processo de produção de 40 mil unidades encomendadas encomendadas pela Renault do Brasil. As máscaras são de TNT (Tecido Não Tecido, um material que segue os padrões estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa). A ação teve benefício duplo: garantir renda para as mulheres e oferecer um produto importante no combate à pandemia.
FIAT
Já a Fiat, sediada em Betim, Minas Gerais, instalou um hospital de campanha no Fiat Clube, que a montadora mantém na cidade. A unidade levou pouco mais de uma semana para ficar pronta e foi o primeiro centro de atendimento médico exclusivo para combate à pandemia causada pelo coronavírus a ser instalado em Minas Gerais. A Fiat cedeu, para a Prefeitura de Betim, uma área de 2 mil metros quadrados, espaço suficiente para 200 leitos disponibilizados para pacientes sem sintomas graves da doença ou em recuperação após a saída da UTI. Os dois andares do edifício principal do Fiat Clube foram ocupados pelo hospital. O primeiro piso foi destinado ao atendimento assistencial dos pacientes e o piso inferior ficou dedicado à retaguarda dos profissionais da saúde, contando com vestiários, refeitório, almoxarifado e sala de descanso. Por fim, a Fiat doou um Ducato ambulância para apoiar as ações do hospital de campanha no transporte de pacientes. O hospital foi uma das ações de um programa integrado do grupo FCA (Fiat Chrysler Automóveis do Brasil) de suporte no combate à Covid-19. Ele se baseou em três frentes principais de atuação: • Contribuição para a instalação de hospitais de campanha em Betim (MG) e Goiana (PE), com oferta to-
tal de 300 leitos; • Uso da expertise e de recursos da empresa para a produção e a ampliação de oferta de itens hospitalares altamente estratégicos, como equipamentos de proteção individual para as equipes de saúde e ventiladores pulmonares. Para o reparo de ventiladores pulmonares fora de uso por necessidade de manutenção, a Fiat capacitou 18 engenheiros e instalou duas oficinas nas fábricas de Betim e Goiana; • Doações e comodato de materiais, equipamentos e veículos para autoridades da área da saúde. A Volkswagen, por sua vez, uniu-se a uma rede voluntária para manutenção de ventiladores pulmonares com apoio e coordenação do Senai de São Paulo. De unidade Anchieta da empresa, localizada em São Bernardo do Campo (SP), empregados
voluntários fizeram capacitação técnica para operar com os equipamentos. A identificação dos ventiladores pulmonares que precisavam de manutenção e o encaminhamento para os hospitais foram coordenados de forma conjunta pela Volkswagen e pelo Senai. Até marcas de luxo se mobilizaram no esforço coletivo. A Jaguar Land Rover entrou com a fabricação de máscaras e apoio à Cruz Vermelha. A montadora disponibilizou três modelos Land Rover Discovery Sport para integrarem a frota da Cruz Vermelha Brasileira e colocou impressoras 3D da sua fábrica de Itatiaia (RJ) para produzir máscaras de proteção facial em acrílico. Os veículos emprestados ajudaram no carregamento de EPIs (equipamentos de proteção individual), kits de higiene e outros itens necessários e no alcance de locais e comunidades de difícil acesso, explorando a capacidade off road. Já em relação às máscaras, o modelo produzido foi do tipo reutilizável, criado e verificado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Uma equipe da Land Rover foi destacada para garantir o funcionamento das impressoras 24 horas por dia. E, como dissemos, a versatilidade que envolve os veículos é gigantesca e permitiu que a Hyundai desse sua contribuição através da mobilidade.
GM
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HYUNDAI
Com o Transporte Solidário Hyundai, carros de test-drive das concessionárias da marca foram colocados à disposição para o transporte gratuito de idosos e profissionais de saúde. Houve casos de parceria entre as revendas e as prefeituras, com funcionários do município conduzindo os veículos - alguns deles vindos do transporte escolar, paralisado com a suspensão das aulas durante a quarentena. O serviço foi estruturado para funcionar por agendamento, com uma central de atendimento verificando a disponibilidade do motorista mais próximo da localidade da solicitação. Dentre as possibilidades de atendimento, o Transporte Solidário Hyundai inclui deslocamento ponto-a-ponto, consulta médica, retirada de compras e medicamentos e transporte para vacinação drive-thru. A Brazzo, fabricante de produtos para limpeza e higienização de veículos foi parceira da Hyundai na ação. A empresa forneceu uma linha de higienização própria a ser utilizada após cada viagem dos carros dedicados ao Transporte Solidário Hyundai. Entre os cuidados, sanitização por ozônio (para livrar a cabine de fungos e bactérias), higienização de superfície para volante, botões, manopla do câmbio, puxadores de maçaneta e bancos, entre outras partes, e proteção com fil-
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me em rolo no volante, no câmbio e no freio de estacionamento e uma capa protetora para os bancos dos passageiros. Todos os motoristas foram equipados com máscaras e luvas de proteção para usar durante o trajeto. Outra empresa que se engajou na luta contra o coronavírus foi a GM. Ela criou uma força-tarefa de conserto de respiradores no Brasil em parceria com o Ministério da Economia, o Senai e a Associação Brasileira de Engenharia Clínica (Abeclin). As instalações de Gravataí (RS), Joinville (SC), São Caetano do Sul (SP), São José dos Campos (SP) e Indaiatuba (SP) foram selecionadas para o trabalho, realizado por mais de 60 empregados voluntários da GM. Foram mapeados mais de 3 mil respiradores inoperantes. Por fim, Ford outra grande montadora, deu sua ajuda através da pro-
dução de máscaras em suas fábricas no Brasil e na Argentina. Foram designadas as unidades de Camaçari, na Bahia, e Pacheco, na Argentina, para doação, por meio de órgãos públicos e organizações sem fins lucrativos, a profissionais de saúde que atuam na linha de frente do combate à doença. Além disso, a empresa disponibilizou veículos à Cruz Vermelha dos dois países já citados e do Chile, da Colômbia e do Peru para auxiliar no transporte de equipes e suprimentos. A frota foi formada pelos modelos Transit, Fusion, EcoSport, Ranger e Ka, além de uma ambulância. As máscaras foram fabricadas com lâmina de acetato e peças de suporte e a distribuição nos pontos de serviço teve os critérios definidos pelas secretarias de Saúde e pela Cruz Vermelha. De acordo com a Ford, a experiência em projetos, cadeia de suprimentos, manufatura e logística permitiu a criação, em tempo recorde, de uma linha de produção (formada exclusivamente por voluntários) para as máscaras. A recuperação de respiradores mecânicos descartados ou com necessidade de manutenção também contou com a participação da Ford, que se uniu à força-tarefa formada pelo Senai e outras empresas para o trabalho de aumento de oferta dos equipamentos. VW
Gestão
ATITUDES PARA UMA OFICINA SUSTENTÁVEL Confira dicas da Alpha Consultoria feitas para orientar os empresários sobre as principais atitudes a serem tomadas no atual momento de consequências da pandemia de coronavírus
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ATITUDE 1: Tenha uma conversa franca com seus funcionários Em momentos difíceis, uma conversa franca é a melhor atitude. Reúna sua equipe, dando a correta distância entre eles e em local aberto, e relate a situação do negócio e da importância da participação de todos na manutenção da empresa e na preservação dos empregos. Fazendo isso, você dá ao funcionário a visão da importância dele para o negócio e divide com ele a responsabilidade pela preservação da empresa e, consequentemente, dos empregos.
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ATITUDE 2: Entender que o mercado mudou Entenda que o momento em que sua empresa fechou as portas, cumprindo uma determinação do governo, tínhamos um perfil de mercado e ela vai reabrir em uma realidade totalmente diferente. Um dos principais fatores nessa diferença é uma demanda reprimida dos clientes que estavam resguardando recursos e priorizando outras ações, ao invés da manutenção do carro. Haverá ainda maior limitação de crédito, queda do ticket médio e surgimento de novos custos. É hora, então, de repensar seu negócio!
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Se há demora na entrega dos veículos, é porque há falhas graves nos processos internos. ATITUDE 3: Volte a ser o “empresário fundador” Esse novo contexto de controle de custos, baixa demanda e crédito limitado vai exigir a mentalidade do “fundador” de volta, á frente do negócio! Ou seja, aquelas atitudes que você teve quando abriu a empresa, onde seu capital era limitado, onde as despesas eram controladas na ponta do lápis, onde era sempre o primeiro a chegar e o último ao sair, onde não havia ainda um histó-
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rico de crédito com os fornecedores serão mais do que nunca úteis nesse momento. Observe que lá atrás você passou por tudo isso, sofreu, lutou mas conquistou seu espaço. Chegou a hora de refazer tudo isso! Agora é hora de “reabrir” o seu negócio! ATITUDE 4: É hora de manter a equipe Se está difícil com eles, imagine, sem eles! Ninguém melhor do que sua equipe, que já entende seu negócio e já trabalha de forma entrosada para ajudar você a tocar sua oficina. Pense em todo o investimento que foi feito, em treinamento técnico, orientação sobre processos e atividades internas. Não é hora de desperdiçar isso! Além do quê, demissão é um processo caro, que vai atrapalhar seu caixa no curto prazo. Há outras alternativas como férias e negociações que dentro da lei, e com a orientação de um contador e um advogado trabalhista, podem ser realizadas.
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ATITUDE 5: Aproveite para entender o ponto fraco de sua empresa Um momento difícil como esse traz à tona as principais fraquezas das empresas. Em vez de se lamentar, aproveite a oportunidade para entender claramente quais são suas limitações e trabalhe para reduzi-las ou mesmo saná-las! Se o fôlego financeiro está curto e já em 15 dias sentiu dificuldade de honrar compromissos, é porque há custos muito elevados no seu negócio ou sua operação não é rentável o suficiente para sustentar a empresa. Se há demora na entrega dos veículos, é porque há falhas graves nos processos internos. Identifique os problemas e foque na resolução!
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ATITUDE 6: É hora de entender de custos Daqui por diante, o Jogo das Oficinas será o de Custos x Caixa. Ou seja, será bem sucedido aquele que conseguir gerar caixa com o menor custo possível. Por isso, entender seus custos nesse momento é fundamental. Relacione os custos mensais e defina o custo diário de funcionamento. Assim, você terá uma noção de quanto deve gerar de receita para se manter a cada dia e fica mais clara a percepção se está compensando trabalhar aos sábados, se será mantido o horário normal de funcionamento ou ele será reduzido e se o mesmo número de funcionários ficará trabalhando diariamente.
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ATITUDE 7: Use a base de clientes a seu favor Seu principal ativo não está nos equipamentos, no prédio ou no estoque. Seu principal ativo, e ainda mais nesse momento, é sua base de clientes! Nela há dados como modelo de veículo, tipos de serviços realizados, formas preferidas de pagamento, intervalos de manutenção, média de quilometragem entre os serviços e muito mais. Faça filtros, selecionando clientes por tipo de serviço ou veículo e gere campanhas mais focadas. Isso otimiza o estoque, direciona as compras e agiliza a realização do trabalho, padronizando temporariamente os serviços.
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ATITUDE 8: Mantenha o relacionamento com seus clientes Não importa se na sua cidade ou no seu estado as empresas estão funcionando ou não! Seu cliente precisa saber que sua empresa ainda existe! Sim, essa é a hora de investir nas redes sociais, enviar e-mails de feliz aniversário, lançar campanhas pelo
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Seu principal ativo, e ainda mais nesse momento, é sua base de clientes!
WhatsApp e fazer vídeos informativos. Os recursos para isso você já tem, como um smartphone, um plano de internet e uma conta em rede social. Além disso, o custo desse tipo de ação é praticamente zero! ATITUDE 9: Não espere pelo cliente, gere sua própria demanda Não espere que, ao abrir as portas de sua oficina, você já terá demanda de serviços. A baixa circulação de veículos nas ruas e o receio do seu cliente de retomar as atividades cotidianas vai exigir de você a habilidade de gerar a própria demanda! Por isso, vá atrás do seu cliente! Agende ser-
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viços, ofereça serviços de leva-e-traz, crie campanhas direcionadas para públicos específicos, ligue para pequenos frotistas e faça condições diferenciadas para taxistas e motoristas de aplicativo. O foco, nesse momento, é gerar demanda para manter sua oficina funcionando! ATITUDE 10: Foque nos serviços rápidos. Não é hora de resolver problemas Conseguirá se manter, nesse momento, a empresa que conseguir gerar mais caixa no menor tempo possível. Foque na realização de serviços rápidos, nos quais o veículo seja entregue no mesmo dia, em até 24 horas ou, no máximo, em 48 horas. Agindo assim, o cliente pagará mais rápido gerando receita para seu negócio. Avalie o que você precisa para realizar esses serviços, quais os itens a serem trocados, quais as ferramentas necessárias e quantos funcionários será preciso para que você possa executar os trabalhos com a maior agilidade possível! Seguindo estes passos, você estará contribuindo para uma Oficina Sustentável!
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Serviço
SOBRE O MOTOR
BICOMBUSTÍVEL
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esmo após o lançamento do primeiro motor capaz de rodar com gasolina ou álcool, feito pela Volkswagen há dezessete anos, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre o assunto. Há muitos mitos e incertezas sobre qual a melhor opção de abastecimento ou qual combustível renderia mais para uma viagem. Com a variação do preço dos combustíveis, o brasileiro muitas vezes prefere optar pelo mais econômico e acaba usando repetidas vezes mais um produto do que o outro. No entanto, será que utilizar apenas um tipo de combustível por um longo período de tempo pode “viciar” o motor? De acordo com Silvio França, supervisor de P&D da STP do Brasil (empresa produtora de fluidos para motores), isto é um mito. “O motor Flex possui um dispositivo chamado ‘sensor lambda’, que é responsável por informar ao módulo de injeção de combustível se há uma mistura e se ela está adequada ou não. Após receber esta informação, o módulo da injeção faz as contas e
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Rodar apenas com álcool ou gasolina pode “viciar” o motor? E em relação à durabilidade, o flex dura menos que o tradicional? Veja a resposta para essas e outras perguntas
corrige a quantidade de combustível a ser injetada para que ocorra uma queima completa”, explica França. Ele afirma que não é necessário esperar acabar um combustível para abastecer com o outro. “O motor foi criado com o objetivo de permitir os dois combustíveis em qualquer proporção”, complementa o supervisor. Já em relação à durabilidade do motor flex, Silvio destaca que a vida útil é equivalente à do motor tradicional. A diferença do bicombustível é que ele tende a ser mais econômico, porque permite ao motorista uma tomada de decisão sobre qual opção (gasolina ou álcool) oferece a melhor relação custo-benefício no momento de abastecer. Em relação a cuidados com o motor bicombustível, eles são parecidos com os que se deve ter com um motor tradicional. Deve-se evitar, por exemplo, rodar com velas estejam que estejam muito degastadas ou com o tempo de vida útil ultrapassado, porque isso pode prejudicar o desempenho do automóvel. Outra medida importante é não andar
com o tanque na reserva, porque o combustível que fica no fundo tende a ter sujeira e isso acaba levando impurezas para o motor. As consequências possíveis vão desde a perda de desempenho até complicações maiores no motor, como a queima da bomba de combustível. Em relação ao meio ambiente, já que o motor bicombustível dá a liberdade ao motorista de escolher o que colocar no tanque, Sílvio França ressalta que o álcool é menos prejudicial. A gasolina, explica ele, é composta basicamente por hidrocarbonetos (carbono e hidrogênio) e apresenta como produtos de sua combustão o Dióxido de Carbono e Monóxido de Carbono. Ambos são gases tóxicos e o primeiro tem o agravante de contribuir para o efeito estufa e o aquecimento global. “Já o álcool é um combustível que não afeta a camada de ozônio e por isso não é tão prejudicial para a atmosfera quanto a gasolina. Portanto, neste quesito ele é sempre a melhor opção dentre os dois combustíveis”, finaliza.
Mercado
MUDANÇA PARA MELHOR O fim da obrigatoriedade do uso de peças de reposição originais pelas seguradoras pode trazer redução de custos para os consumidores
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o segundo semestre de 2019, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) determinou o fim da obrigatoriedade do uso de peças originais do carro em eventual necessidade de troca. Ou seja, no caso de colisões com danos parciais, as seguradoras podem oferecer aos segurados a opção de uso de peças de fabricantes independentes, que na maioria esmagadora dos casos representam menor custo no conserto. Segundo Emerson Feliciano, gerente sênior de Pesquisa e Desenvolvi-
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mento do Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi Brasil), centro de pesquisa dedicado ao estudo da reparação automotiva, “a mudança proposta pela Susep trouxe desafios e boas perspectivas tanto para o mercado segurador quanto para as oficinas”. Na sua avaliação, ambos os segmentos deverão ficar mais atentos à qualidade dos itens utilizados na reparação para evitar retrabalho e garantir a satisfação dos clientes. Para a Cesvi Brasil, diante desse cenário, o mercado segurador as-
sumirá novos papeis fundamentais na cadeia automotiva. Com uma possível redução nos custos envolvidos na reparação, a entidade espera ampliação da carteira de veículos segurados, já que a tendência é que os pacotes de seguros fiquem mais acessíveis para os consumidores. “Por outro lado, as seguradoras terão o desafio de homologar fornecedores que garantam a qualidade técnica das peças fornecidas”, comenta Feliciano. No mesmo movimento, destaca a Cesvi, as oficinas terão a oportunidade de aumentar
o número de veículos reparados sem perder a qualidade, seja dos serviços prestados ou das peças que serão utilizadas na reparação. Já os fabricantes independentes terão a oportunidade de entrar no mercado de fornecimento de peças para seguradoras, um negócio que abrange aproximadamente 30% da frota circulante, de acordo com o centro de pesquisa. “O desafio dessas companhias está na busca pela homologação da qualidade das peças que estão dispostas no mercado, evitando que fabricantes que não atendam aos requisitos mínimos de qualidade possam prejudicar toda a cadeia”, finaliza Feliciano. Para entender como é o mercado atual, veja a diferença entre as peças que são produzidas e comercializadas: • Genuína - É toda peça usada no processo de fabricação do veículo e é produzida pela montadora ou por seus fornecedores oficiais. Geralmente essas são as peças comercializadas pelas concessionárias e a precificação é feita pela própria montadora, que disponibiliza uma
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tabela referencial para sua rede. • Original - É produzida por um fornecedor de peças da montadora com as mesmas especificações técnicas e a qualidade da genuína. A diferença entre elas está na comercialização, que é feita pelo fabricante e não pela marca do carro. O seu custo, portanto, é menor. • Fabricante independente - É produzida por empresas não homologadas pelas montadoras. Os fabricantes dessas autopeças usam as mesmas especificações técnicas das genuínas, mas é preciso observar a procedência e não aceitar componentes de origem duvidosa. O preço é sugerido pelas fábricas e não há unificação de valores: uma mesma peça pode ter preços diferentes de acordo com cada fornecedor. • Usada (não original) - São peças retiradas de veículos provenientes de desmanches devidamente regularizados.
Carro dos sonhos
Um carro de 16 milhões de reais Com produção limitada a 60 unidades, o superesportivo da Bugatti tem características quase inacreditáveis como 1.500 cavalos de potência e um motor com nada menos que 16 cilindros Pura emoção de dirigir e muita adrenalina. É o que promete a Bugatti, fábrica italiana de superesportivos com o Chiron Pur Sport, uma evolução do modelo conceito Chiron. Em relação ao carro que o inspirou, o Pur Sport ganhou melhorias tecnológicas no chassi, na caixa de câmbio e no motor. De acordo com a fábrica, ele ficou “mais radical, mais agressivo e mais dramático”. Fazendo uma analogia com a clássica história “A bela e a fera”, a Bugatti diz que o modelo é uma combinação harmoniosa de beleza do design e furor no desempenho. A configuração do chassi teve foco na garantia de que o condutor possa realizar manobras precisas e com dirigibilidade dinâmica até em estradas desafiadoras e com muitas curvas. O Chiron Pur Sport vem com o motor Bugatti W16, que como o nome já entrega, tem nada menos que 16 cilindros. É um colosso projetado para ter a potência de dois V8. No novo modelo, o W16 recebeu um aprimoramento, resultando em
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melhoria na elasticidade e na aceleração. A faixa de rotações por minuto (RPM) aumentou de 6.100 para 6.900. Os números beiram o inacreditável: 1.500 cavalos de potência e 163 kgf.m de torque. Só para efeito de comparação, o Audi R8, superesportivo da marca alemã, tem 610 cavalos. É uma marca incrível, mas representa menos da metade da potência do Chiron Pur Sport. Combinado com esse motor, para proporcionar melhor aceleração e ainda mais elasticidade, 80% da caixa de marcha do modelo foi otimizado para garantir uma relação de transmissão curta - item que faz toda a diferença em um superesportivo. Todas as 7 marchas foram reduzidas em 15%. Como resultado, o Chiron Pur Sport, na 6ª marcha, acelera de 60 a 120 km por hora, quase 2 segundos mais rápido do que o Chiron. E a velocidade máxima é de 350 km por hora. Vale ressaltar que ela é limitada eletronicamente, por razões de segurança. O carro tem potência para ir além desse patamar.
Com um desempenho desses, a aderência ao solo está entre os fatores mais importantes para o modelo. Por isso, o pára-choques dianteiro ganhou entradas de ar maiores que as do Chiron original, um difusor mais baixo combinado com uma versão modificada da grade em forma de ferradura (marca registrados carros da Bugatti) e paralamas dianteiros remodelados com saídas de ar integradas. Além da maior aderência, o conjunto garante melhor gerenciamento térmico, graças à circulação melhor do ar. Ainda em relação à aerodinâmica, a parte traseira ganhou um difusor maior e uma asa traseira fixa. Ambos os componentes fornecem uma enorme quantidade de força para baixo, o que também contribui para aumentar a aderência no solo. Na asa traseira, o sistema hidráulico que equipa o Chiron foi substituído por um dispositivo de acionamento automático. E o novo sistema de escapamento foi impresso em 3D. Segundo a Bugatti, essas duas últimas medidas
levaram a uma significativa redução de peso do Pur Sport em relação ao modelo que lhe deu origem. Também houve mudança na suspensão do chassi para melhorar a aceleração lateral (força que joga o motorista para fora nas curvas). As molas dianteiras ficaram 65% mais rígidas e as traseiras, 33%. O modelo ganhou novos amortecedores e buchas e estabilizadores de carbono adicionais, para melhorar a aderência mesmo em velocidades surpreendentemente altas. Para deixar o motorista com mais liberdade para experimentar de forma mais intensa sua marca pessoal na condução, os sistemas de assistência - como o ESP, por exemplo - foram revisados. O Chiron Pur Sport tem o modo de direção adicional Sport+. Com ele, o controle de tração entra em funcionamento mais tarde, permitindo que o motorista ajuste seu estilo de direção pessoal sem a interferência de recursos de segurança. Para os pneus, a Bugatti desenvolveu, em conjunto com a Michelin, o Sport Cup 2R, tamanho 285/30 aro 20 para a dianteira e o 355/25 aro 21 para a traseira. A estrutura do pneu modificada e a uma nova mistura de borracha levaram a 10% mais aderência e possibilidade de maior velocidade nas curvas. Cada uma das rodas de magnésio pode ser opcionalmente equipada com asas de car-
bono para melhorar o resfriamento e o fluxo de ar. Como consumidores de um carro desse tipo também fazem questão de muito luxo, o interior do Chiron Pur Sport tem, nos painéis das portas, um revestimento em dois tons elaborados pela Alcantara, uma empresa de design italiana especializada na elaboração de produtos sofisticados para vários segmentos, entre eles o automotivo. Segundo a Bugatti, esse artifício de dois tons “cria tridimensionalidade e acentua o caráter arrojado da imponente máquina de dirigir” que é o Chiron Pur Sport. No design externo, o carro trouxe uma nova divisão horizontal de cores que permite aos compradores escolher combinações personalizadas, ou seja, ter um carro com visual absolutamente exclusivo. Com uma produção limitada a apenas 60 unidades, o Chiron Pur Sport tem um preço digno da exclusividade. A “módica” quantia de 3,26 milhões de
dólares (com o dólar a R$ 5,00, algo como 16,3 milhões de reais). Dados técnicos Velocidade máxima: 350 km / h (limitada eletronicamente) Potência: 1.500 cv a 6.900 rpm Torque: 163 kgf.m de 2.000 a 6.000 rpm Relação peso-potência: 1,19 kg / cv Consumo de combustível: 2,84 km por litro (urbano) e 6,57 km por litro (estrada).
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Tributação
Informe de adiamentos Confira tabela elaborada pela Secran Contabilidade para informar as empresas sobre os novos prazos de pagamento de tributos federais, estaduais e municipais conforme medidas determinadas pelas três esferas da administração pública.
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Dicas
O QUE A EMPRESAS DE REPARAÇÃO PODEM FAZER NOS TEMPOS DE
É fundamental tomar cuidados extras para garantir a segurança de seus colaboradores e clientes. Confira dicas da Dana, fabricante mundial de autopeças
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rganizações e empresas estão informando quais os cuidados adotados para garantir mais higiene e reduzir as possibilidades de transmissão do Covid-19. Para dar segurança aos clientes que buscarem sua empresa para a realização de reparos ou serviços de manutenção preventiva, é importante que eles saibam antecipadamente que esta empresa está ciente e engajada na luta contra a propagação do vírus e na preservação da saúde de todos. Veja, a seguir, alguns pontos a serem destacados nesta luta contra a pandemia. As dicas são da Dana, fabricante mundial de autopeças. Confira:
Veja alguns pontos a serem destacados na luta contra o coronavirus. Informação
Use suas mídias sociais para informar sobre as melhorias implementadas no estabelecimento em relação a higiene pessoal, limpeza e saneamento das instalações. Ressalte que seu cliente será bem atendido, sem contatos físicos, como apertos de mãos e abraços, e terá fácil acesso a dispenser ou a frascos de álcool gel para higiene das mãos, além de sanitários limpos e com sabonete germicida, entre outros cuidados.
Limpeza de pontos de contato
Essa é uma prática que precisa ser realizada com mais frequência e intensidade. Locais de acesso comum, como balcões, interruptores de iluminação, equipamentos e teclados de computadores, por exemplo, devem ser limpos com produtos adequados, para descontaminação e segurança do cliente e da equipe da empresa. É importante que o cliente não apenas saiba o que você e seu time estão fazendo, mas também que veja os cuidados sendo tomados. Os principais pontos de alto toque são os seguintes:
• Máquinas de cartão de crédito; • Alças de telefone; • Áreas de café e sala de espera; • Áreas de cozinha, vestiários e sanitários; • Braços e mesas da cadeira nas áreas de espera do cliente; • Ferramentas.
Limpeza e descontaminação dos veículos de clientes (antes e depois da manutenção)
Antes de iniciar os serviços de reparo e até mesmo ao receber o carro do cliente, tome algumas providências. Use luvas descartáveis para o primeiro contato com o veículo e faça uma higiene nos pontos de toque (chaves, maçanetas das portas, volante, alavanca de câmbio e painel são áreas de mais contato). Proteja as partes internas de contato no interior do veículo com produtos como capas e filmes plásticos e, sempre que possível, use luvas. Evite tocar o rosto durante os serviços, use lenços de papel para limpar
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olhos, nariz ou outra parte do rosto e descarte-os imediatamente no lixo. Após fazer a manutenção do veículo do cliente, limpe as chaves e todas as áreas do interior em que seus funcionários tenham tocado, como maçanetas, volante, alavancas de câmbio e acionamento do freio de estacionamento e botões e acionadores dos vidros. Na devolução, use luvas descartáveis para assegurar ao cliente que após a desinfecção geral do veículo ninguém tocou nas partes de contato além dele naquele momento. Lembre-se: ele deve ver sua equipe tomando os cuidados com a higiene e a segurança da saúde.
Opções para o cliente
Apresente aos clientes opções, em termos de serviços, para oferecer o atendimento adaptado à forma e aos cuidados que eles estão tendo para lidar com a pandemia do Covid-19. Se você oferece serviços de leva e traz, por exemplo, envie comunicações lembrando sobre essa opção, destacando-a como oportuna e diferenciada para devolver o veículo na casa dele e lembrando que a higienização será feita no recebimento e na entrega do veículo. Ela pode ser especialmente interessante para clientes que integrem os grupos de risco de contágio (como idosos e portadores de doenças que baixam a imunidade), evitando viagens e exposições desnecessárias.
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Lugar de funcionário doente ou de grupo de risco é em casa Isso é óbvio, mas vale a pena ressaltar: oriente os funcionários que não se sintam bem a ficar em casa.
Outros hábitos saudáveis Aposte na prevenção. Como o coronavírus é transmitido por meio de partículas de secreções respiratórias, alguns cuidados básicos de higiene devem ser tomados para reduzir o risco de transmissão e contágio. Por isso, oriente seus clientes e colaboradores a adotar práticas preventivas como as que serão descritas a seguir: • Lavar adequadamente as mãos, evitando levá-las aos olhos, nariz e boca. Se as mãos não estiverem visivelmente sujas, basta esfregar com água e sabão por volta de 30 segundos. Caso contrário, o tempo de lavagem deve ser aumentado para cerca de 50 segundos. • Utilizar álcool em gel com frequência ao longo do dia; • Não compartilhar objetos pessoais, como talheres, toalhas, pratos e copos; • Manter distância de pelo menos 1 metro de qualquer pessoa; • Evitar aglomerações e frequentar espaços fechados e muito cheios; • Manter os ambientes bem ventilados. É importante salientar que o uso de máscara não é necessário para as pessoas sem sintomas respiratórios, já que ela apenas bloqueia partículas e gotículas daqueles que a vestem e não impedem uma eventual contaminação. Cuide-se e cuide de seus colaboradores e clientes. Nós estamos cuidando dos nossos!
Recursos Humanos Izabel Bandeira Psicóloga e coach izabelband@hotmail.com
A incerteza e o medo do futuro, causado pelo Covid-19 Há um tempo escrevi um artigo com o título: Desacelerar é preciso, parar, nunca. Tenho certeza de que muitos leitores tomaram consciência momentânea da necessidade de desacelerar, outros, além da tomada de consciência colocaram em prática, e outros, simplesmente ignoraram, achando que era balela. Chegada a hora de não termos mais escolha, somos obrigados a parar por um tempo ou simplesmente, deixamos de existir enquanto pessoas nesse mundo, ou seja, morremos e ainda levamos alguns. Sei que não está sendo fácil para nenhum de nós, o medo neste momento é o nosso maior companheiro. Para onde olhamos somos bombardeados de informações, incertezas, fake news e até mesmo verdades. Enfim, já não conseguimos mais identificar o que é verdade ou mentira e o que nos serve de informações. Então cumpro mais uma vez a minha missão, que é de mostrar e suplicar a vocês que está na hora de, de fato, parar. Parar já não é mais uma escolha, é simplesmente a única opção que nos resta. Permita-se.” Pare”. Volte seu olhar pra si. Olhe em volta, reconheça seus familiares, cumprimente seus colaboradores, parceiros e amigos, mas com aquele olhar de quem está vendo alguém especial pela primeira vez. Entenda que agora a roda da
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vida está lhe exigindo equilíbrio. É necessário que consigamos balancear nossos círculos, que tenhamos com quem contar, que nos reinventemos para nos adaptarmos a nova realidade. Parar não é ficar na inércia, movimente-se dentro de si, com seus novos projetos. Está nas suas, nas minhas, nas nossas mãos planejar e construir um futuro incerto, que o invisível nos apresentou. Aceite o medo, mas não deixe ele fazer morada. Alimente-se de boas energias, faça coisas simples, busque perceber a sua volta às oportunidades e o privilégio que tem mesmo diante do caos, exercite o olhar para o coletivo, veja o que pode fazer pelo outro, mas lembre-se, só podemos fazer algo quando o nosso eu está
estruturado. Então siga com esses dias de quarenta desenvolvendo novos projetos, estudando algo que há muito tempo você desejava e não tinha tempo, fique com sua família, cozinhem juntos, assista bons filmes, exercite-se, medite, dance, grite, cante, ligue para os seus amigos, enfim, coloca pra fora o seu Eu, equilibre-se e emocionalmente. Se redescubra, se reinvente, se reconheça. Permita-se pedir ajuda se não estiver dando conta, assuma com coragem a sua vulnerabilidade, pois, só assim, encontrará o meio de se reinventar. Acredite, você, eu, nós juntos somos capazes de reerguer um mundo inteiro, pois onde o amor habita se floresce. Sejamos luz.
Componente
VITAL PARA O CONFORTO A caixa de direção do carro trabalha silenciosamente para facilitar a vida do motorista. Saiba mais sobre ela e que cuidados básicos de manutenção devem ser observados
E
m tempos remotos e nada saudosos, a esmagadora maioria dos carros brasileiros tinha caixa de direção mecânica. Isso significa que boa parte da força necessária para girar os pneus em curvas e manobras tinha de vir dos braços do motorista. Hoje muita gente nem se dá conta, mas essa tarefa ficou bem mais fácil graças às direções do tipo hidráulica e elétrica. Eles usam sistemas que transferem boa parte do esforço para os seus componentes, trazendo conforto para quem está no volante. Saiba
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mais, a seguir, como funcionam esses recursos e que cuidados devem ser tomados para conservá-los. A título de curiosidade, vale explicar como funcionava a antiga direção mecânica. Ela se baseava em um princípio simples, com o uso de duas peças chamadas pinhão e cremalheira. Eles nada mais eram que uma haste ligada ao volante com uma engrenagem redonda no fim (o pinhão) que se ligava com uma engrenagem plana (a cremalheira). A grande ajuda veio com o sistema de direção hidráulica. Ele também
funciona com pinhão e cremalheira, só que uma bomba hidráulica ajuda o movimento da cremalheira, assumindo boa parte do esforço que seria do motorista para vencer o atrito das rodas no solo. O sistema mais moderno de direção é o elétrica. Ao invés da bomba hidráulica, ele tem um motor elétrico gerenciado por uma central de comando. Esse motor elétrico faz o mesmo trabalho da bomba hidráulica, só que de forma bem mais eficiente e sem depender nem da força do motorista. Por isso que
O primeiro cuidado é dar um pouco de atenção à direção hidráulica quando for fazer a manobra.
as direções elétricas são levíssimas, permitindo manobrar o carro com apenas um volante no dedo. Infelizmente, a direção hidráulica, por ser mais barata que a elétrica, ainda é a que equipa a esmagadora maioria dos carros nacionais mais baratos. Por isso, vamos agora dar algumas dicas de como conservá-la bem. Por ser um componente relativamente complexo e bastante exigido, é recomendável cuidar bem dela, para manter o conforto e evitar grandes prejuízos. O primeiro cuidado é dar um pouco de atenção à direção hidráulica quando for fazer a manobra. Por ter
o funcionamento baseado em um fluido (o termo “hidráulica” vem do óleo usado na bomba), ela não deve fazer barulho. Por isso, se ouvir algum ruído, é bom levar o carro para uma revisão no componente. Outra coisa que pode ser facilmente verificada é observar se o volante, de repente, ficou mais pesado. Bem conservada, a direção não perde sua capacidade de facilitar as manobras. Se o motorista precisa colocar mais força que o normal, isso pode ser desgaste de peças, necessidade de troca do óleo e ou algum vazamento que está fazendo as engrenagens rodarem sem a devida lubrificação.
Uma precaução é importante é levar o carro à oficina o quanto antes, assim que for detectada alguma característica. Geralmente o problema é resolvido com a troca do reparo, um conjunto de peças e juntas que evita vazamentos e entrada de sujeira no sistema. O próprio reparo e a mão de obra não têm custos elevados. Mas se o problema chegar à bomba, o motorista precisa preparar o bolso. Além da atenção ao funcionamento da direção, o proprietário do carro pode ajudar tendo alguns cuidados ao dirigir, como não encostar o pneu no meio o fio ou na calçada e não forçar o volante quando sentir que o giro terminou. Cada movimento que exponha o sistema a um esforço desnecessário pode afetar a caixa de direção. Da mesma forma, é sempre bom ter os pneus alinhados, para não forçar o sistema. Por fim, uma das verificações mais simples é ver o nível do fluido da direção e a coloração dele. Para isso, basta abrir o capô durante um abastecimento no posto e verificar. Em caso de dúvida, o frentista pode ajudar. Se o óleo precisar de troca, alguns postos têm área para isso e o serviço é relativamente rápido.
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Novo Olhar Claudio Araujo claudioaraujo@secrel.com.br www.exitotreinamento.com.br
COVID-19
Momento de reflexão e aprendizado É tempo de repensar como vai ser o mercado depois que passar a pandemia, para garantir a recuperação econômica. Toda crise também pode ser uma oportunidade
E
stamos passando por um momento de profunda turbulência em todos os aspectos de nossas vidas. Repentinamente, o mundo foi abalado por um vírus de baixo risco de morte, porém com um elevado grau de contaminação, provocando um caos no sistema de saúde mundial. Diante da única solução para evitar a disseminação rápida do vírus, necessitamos acatar o isolamento social e, desta forma, abalamos toda a estrutura econômica do país. O ciclo de produção, renda e consumo foi desacelerado e não temos ideia de quanto tempo será necessário para solucionar esta crise. O momento é de priorizar os CPFs em detrimento dos CNPJs. As pessoas devem recuperar sua segurança, primeiramente no quesito saúde, para poder retomar a economia. Com este pensamento gostaria de propor algumas dicas quanto à gestão do caos nas organizações: 1) a liderança deverá tomar a frente de seus times e expor a realidade do momento; 2) diante do cenário de cada organização, proponho que seja preservado o caixa para atender o pagamento dos funcionários, já que não temos ideia de quanto tempo a crise vai durar; 3) veja como é possível negociar
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algum tipo de redução de remuneração, mas nunca a interrupção dos pagamentos; 4) as demais despesas devem, na medida do possível, ser suspensas até a retomada dos negócios. Preservar o pagamento dos colaboradores é uma contribuição importantíssima para evitar um colapso social. A falta de pagamento certamente, tornaria o cenário muito pior do que já se encontra. Depois de administrada a situação de equilíbrio com os colaboradores, é hora de criar cenários e desenvolver planos estratégicos. Como estamos fechados ou em baixa produção, não será necessário gastar muita energia para atender ações operacionais, então vamos usar o tempo para cuidar das coisas importantes e estratégicas. Desenvolva planos para a crise: um para o caso dela acabar em 30 dias, outro para 60 dias e outro para 90 dias. Procure deixar sua mente ativa, ficar parado e lamentando não será a solução. Tente executar coisas importantes que você estava postergando e nunca tinha tempo. O tempo agora existe e deve ser bem usado. Um planejamento, uma racionalização dos processos, uma revisão do seu sistema e muitas outras coisas podem ser feitos agora.
É importante ficar antenado às medidas que o governo está disponibilizando para amenizar a dor deste momento, tudo será importante para que você reduza os traumas. E que na retomada, você herde o menor número possível de passivos e que estes sejam administrados. Prejuízos, todos terão e isso será inevitável. Gostaria de fechar o artigo como um pensamento que tive a oportunidade de ver nestes dias: “Toda crise tem três componentes: Uma data para acabar, novas oportunidades e ensinamentos para a sua vida”. Que mensagem feliz! A data ainda não sabemos, mas o sucesso do retorno depende de nossa consciência no isolamento social. Teremos sim, muitas oportunidades depois do ciclo, só que para oportunidades serem vistas, devem ser antes estudadas e, já que agora você está com tempo disponível para isso, faça valer a pena. Finalizo com o que considero da maior importância: o que aprenderemos diante de tudo isso. Acredito que, no final, teremos um fortalecimento social e tomaremos consciência da necessidade de uma economia colaborativa e equilibrada. Com fé e esperança, logo estaremos juntos em um grande abraço coletivo.
Análise Demóstenes Moreira de Farias Professor de Vendas, Marketing Estratégico e Estratégia Empresarial. Mestre em Avaliação de Políticas Públicas, MBA em Marketing, Graduado em Administração.
Os negócios nos tempos do coronavírus Os empresários de todos os portes anseiam por respostas práticas e alternativas de saída para a crise provocada pelo coronavírus.
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situação está posta e é necessário encarar a realidade. Os reflexos da pandemia nos negócios constituem uma verdadeira prova de fogo para ver até que ponto a empresa é “ágil e antifrágil”. Sabemos que não vai ser fácil: conforme a atividade econômica e o modelo de negócios, algumas empresas sofrerão mais, outras menos. Assim, este artigo espera trazer alguns insights que sejam úteis para despertar a reflexão e a busca por saídas, lembrando que cada empresa deve construir as suas próprias soluções, com coragem e criatividade, que sejam adequadas à sua atividade econômica, ao modelo de negócios, ao estilo de seus líderes e às possibilidades que eventualmente se descortinem. Será inevitável pensar nos problemas, mas será imperativo focar nas soluções. O que há a fazer é buscar e hierarquizar estratégias factíveis e acreditar que nossas empresas vão sobreviver, superar esta crise e aprender lições de superação, as quais serão muito valiosas para os passos seguintes. Há consenso entre os consultores quanto aos conselhos que se seguem:
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Não fique paralisado. Reúna os líderes e gerentes da empresa e forme um comitê de crise. Lance mão da experiência, do repertório, da intuição empresarial, do conhecimento, da resiliência e abuse da criatividade para buscar alternativas de soluções. Estabeleça três cenários: o pessimista, o moderado e o otimista. Defina que ações serão tomadas, quando e como serão avaliadas, defina métricas e anteveja as possíveis correções de rumo, que certamente virão. Foque no core business, o qual já está validado e apresenta os principais resultados. Identifique que produtos ou serviços apresentam maior relevância e aceitação, que são mais rentáveis. Foque neles e corte gastos com outros produtos que não apresentem margem positiva. Racionalize seus gastos: identifique o que é essencial para a cadeia de valor do negócio. Verifique se há despesas que não sejam essenciais ou que possam ser adiadas por alguns meses. Na medida do possível, tente compatibilizar as datas dos pagamentos a fornecedores com as dos recebíveis. A prioridade deve ser preservar caixa.
Reduza seu próprio salário para dar o exemplo de impacto à sua equipe. Não fique acanhado ao renegociar os compromissos com seus fornecedores, locadores de imóveis, e credores – os bancos, em particular. Faça parcerias: conecte ideias que antes pareciam não fazer sentido, ligue os pontinhos; una-se a empresas de outro ramo ou até do mesmo; não se surpreenda em saber que empresas de sucesso aliam-se até a concorrentes. Enfim, o céu é o limite para as soluções. Vão enfrentar melhor a crise aquelas empresas que já trabalham com estrutura adequada de e-commerce e de entrega de suas mercadorias em domicilio. Se o seu negócio ainda não está na internet e nas redes sociais, urge providenciar as condições para tal: procure estabelecer parcerias com empresas que já vêm trabalhando bem com e-commerce e com o delivery. E caso a sua empresa seja bem pequena, vale até mesmo vender pelo telefone ou WhatsApp ou utilizar o seu próprio veículo para entregar pessoalmente. Só não vale ficar parado.
Faça revisões em seu veículo regularmente.
Manutenção II
Como limpar o motor Diferentemente da área externa, o motor do veículo não deve ser lavado. No processo de limpeza deve ser evitada a água, principalmente a de jatos de pressão
A
lavagem do veículo é um hábito comum para os proprietários de veículos, mas é preciso diferenciar cada componente. Algumas pessoas querem, por exemplo, lavar também o motor, que costuma acumular resíduos de poeira e de óleo. Essa prática, no entanto, não é recomendada, principalmente se a limpeza for feita com produtos químicos e jatos de água de alta pressão. Confira, a seguir, dicas do Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi Brasil), instituição de pesquisa dedicada à segurança viária, veicular e à disseminação de informações técnicas. A área externa do veículo é composta de materiais resistentes como metal, borracha e polímeros. Além disso, a pintura é revestida com um verniz que suporta muitos impactos causados por fatores como sol, calor, chuva e produtos químicos. Já o motor é bem mais complexo e tem alguns componentes bastante sensíveis. Um jato de água contra o radiador, por exemplo, pode provocar a dobra das lâminas (a área externa é toda coberta por lâminas finas distantes uma da outra para permitir a passagem do ar que vai resfriar o motor). Se elas dobrarem, vão obstruir o fluxo de ar, prejudicando
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todo o sistema de arrefecimento. Além disso, os motores têm presença cada vez maior de componentes eletrônicos. Os veículos de hoje possuem inúmeros conectores elétricos de sensores e atuadores do sistema de injeção eletrônica. Se eles acumularem água, no caso de uma lavagem - principalmente com um jato de água de alta pressão - há o risco de mau contato e até de oxidação interna do conector, gerando problemas e falhas no funcionamento do motor. A água também pode prejudicar o funcionamento dos cabos de vela e das bobinas de ignição, pois pode causar fuga de corrente.
Também há componentes do motor que são sensíveis a água ou produtos químicos, como retentores, mangueiras, correias e outros componentes de borracha e metais e conectores ue podem oxidar se forem molhados com certa frequência ou ficarem úmidos. Por fim, produtos químicos para limpeza não são recomendáveis, porque podem provocar reações nos materiais e até ressecamento. De acordo com a Cesvi Brasil, o ideal para limpeza do motor é realizar um procedimento simples: passar um pano úmido e depois um pano seco para remover eventuais sujeiras.
Tecnologia Automotiva: Controle eletrônico do turbocompressor Sistema de admissão de ar O sistema de ar é planejado para suprir o motor de ar limpo (oxigênio) e em quantidade que garanta o melhor rendimento do combustível durante seu funcionamento. 1.1 Sistema de aspiração natural Neste sistema, o ar é admitido para dentro do cilindro pela diferença de pressão atmosférica, provocada pela sucção decorrente do movimento descendente dos pistões, passa pela filtragem, caminha através do coletor de admissão e alcança a câmara de combustão. Após a combustão, os gases resultantes da queima são empurrados pelos pistões através do coletor de escape para o meio exterior.
Sistema turbo-alimentado O turbo compressor, conhecido popularmente como turbo, é basicamente uma bomba de ar. O turbo compressor tem a função de comprimir fazendo caber mais massa de ar dentro do mesmo volume das câmaras de combustão e isto, consequentemente, favorece a combustão demais combustível, gerando mais potência e torque no motor. Os gases quentes de escape que deixam o motor após a combustão fazem girar o rotor da turbina. Este rotor é ligado a um outro rotor por um eixo. A rotação do rotor da turbina provoca a rotação, na mesma velocidade, do rotor do compressor. A rotação do rotor do compressor puxa o ar da atmosfera, o comprime e o bombeia para dentro do motor. Característica do turbo-alimentador. Dá a possibilidade a um motor pequeno de ter a mesma potência que um motor muito maior. Tornar motores maiores ainda mais potentes, auxiliando na redução da emissão de gases poluentes, pois o turbo injeta mais ar ao motor fazendo com que a combustão seja mais completa e mais limpa. Diminui o consumo de combustível. A perda de calor pelo atrito aumen-
ta drasticamente com o aumento do tamanho do motor. Menores, os motores turbo alimentados aproveitam melhor a energia desperdiçando menos energia por calor e atrito. Previne a perda de potência e a emissão de fumaça preta em grandes altitudes.
1.2.1 Intercooler O sistema de admissão com turbocompressor conta com um trocador de calor ar-ar, que utiliza o ar ambiente para reduzir a temperatura do ar comprimido e aquecido pelo turbocompressor, antes deste adentrar as câmaras de combustão. A temperatura do ar comprimido pode ser reduzida em até 100 graus célsius, o que melhora o desempenho do motor. Isto é devido à maior densidade de oxigênio do ar que é arrefecido e que melhora o desempenho da combustão.
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calor da carcaça do mancal do turbocompressor no desligamento.
Controle eletrônico da válvula de descarga (wastegate) O turbocompressor incorpora uma válvula de descarga controlada pelo módulo de controle do motor, por meio de um solenoide com Modulação por Largura de Pulso (PWM), para controlar a alimentação. É usada uma válvula de desvio do turbocompressor (válvula de recirculação do compressor) controlada pelo módulo de controle do motore para impedir que o compressor tenha uma sobretensão e seja danificado durante condições de fechamento abrupto do acelerador. A válvula de desvio abre durante condições de desaceleração fechada do acelerador, que permite que o ar recircule para a admissão do compressor do turbocompressor. Durante um comando de aceleração totalmente aberta, a válvula de desvio fecha para otimizar a resposta do turbo. O turbocompressor está conectado ao sistema de lubrificação do motor por um tubo de alimentação e drenagem. É necessário óleo para o funcionamento do sistema de mancais e também serve para carregar um pouco de calor do turbocompressor. Existe um circuito do sistema de arrefecimento no turbocompressor que reduz ainda mais astemperaturas de operação e dissipa passivamente o
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2.1 Válvula solenóide de descarga A válvula de descarga abre e fecha uma passagem de desvio ao lado da roda da turbina. Uma mola espiral funciona na direção de fechamento enquanto a pressão no diafragma funciona na direção de abertura. O módulo de controle do motor fornece um sinalde PWM para a válvula solenóide, que permite então que a pressão do turbo passe. Quando a pressão supera a força da mola a haste do atuador começa a se mover, abrindo a válvula de descarga até um grau correspondente. O módulo de controle do motor muda a abertura da válvula de descarga variando o sinal de PWM, que regula a velocidade da turbina. Em cargas baixas, a válvula de descarga é fechada. Todo o gás da exaustão passa então através da turbina. Em cargas altas, o volume do gás da exaustão é maior, o que faz com que a roda da turbina gire mais rápido. Isto rende um maior deslocamento da massa de ar para o motor. O turbo precisa ser regulado quando o deslocamento da massa de ar se torna tão grande que a massa de ar atual por combustão não pode ser controlada somente com o acelerador. Isto é feito abrindo-se a válvula de descarga para que algum gás de exaustão passe através da válvula. Consequentemente, este gás não contribui para acionar aturbina e a velocidade desta será regulada de modo que o deslocamento da massa de ar do turbo será o correto. Quando certos códigos de falhas forem ativados o módulo de controle do motor limitará a quantidade de pressão de impulso disponível. A limitação da pressão de impulso é feita pelo módulo de controle do motor que
controla a válvula solenoide do atuador da válvula de descarga e mantendo o ciclo de trabalho a 0%. Isso significa que o módulo não abrirá ativamente a válvula de descarga durante cargas do motor maiores. Neste ponto o sistema é limitado a impulso mecânico. Impulso mecânico significa que a válvula de descarga ainda se moverá, mas a quantidade de movimento é limitada pelas propriedades mecânicas da mola de retorno dentro da válvula do diafragma, as propriedades pneumáticas do atuador, e a física do fluxo do gás da exaustão no sistema de exaustão. Os diagramas a seguir ilustram as condições de válvula de descarga do turbocompressor aberta e fechada: válvula de descarga do turbocompressor fechada
válvula de descarga do turbocompressor aberta
vula contra seu assento no compartimento do turbo. A válvula é DESLIGADA.
A válvula de descarga é fechada completamente em ponto morto. Toda a energia da exaustão está passando através da turbina. Durante a operação normal, quando o acelerador está totalmente aberto e em rotações menores do motor, o módulo de controle comanda o solenoide da válvula de descarga com um ciclo de trabalho de 100% para minimizar o atraso do turbo. Durante cargas do motor nas faixas de RPM mediana e superior, o módulo comanda o solenoide com um ciclo de trabalho de 65-80%, aproximadamente. 2.2 Válvula solenoide de desvio (válvula de recirculação do compressor) A válvula de desvio do turbocompressor evita que o turbo exceda o limite de sobretensão do compressor em fluxo baixo e alta pressão. Isto ocorre quando o motor está funcionando com uma carga e o acelerador fecha subitamente. Neste caso, o fluxo é quase nulo e a pressão muito alta. Isto não apenas é danoso para o turbocompressor, mas também gera ruído e desacelera a velocidade da turbina. O módulo de controle fornece um sinal de tensão para o driver de saída da válvula solenoide, que regula a posição aberta e fechada da válvula.
Pedal do acelerador liberado Para evitar picos de pressão no coletor de admissão e descarga ou transbordamento do turbo, o ECM envia um sinal de tensão para a válvula de desvio, que então será aberta. O ar comprimido no lado de pressão do turbo é enviado para a admissão através da válvula aberta. Quando a pressão cai, a velocidade da turbina pode ser mantida relativamente alta e o turbocompressor é impedido de exceder o limite de sobretensão do compressor. Turbo de geometria variável com acionamento elétrico O turbo de geometria variável proporciona ao motor maior torque em baixas rotações. A fim de assegurar uma resposta rápida do turbocompressor em baixas rotações, o ajuste das palhetas é realizado usando um elemento de controle elétrico. Isso permite uma adaptação exata das palhetas para alcançar a pressão ideal. A geometria variável em conjunto com o atuador elétrico possibilita melhor controle da pressão e respostas mais rápidas. Além da lubrificação por óleo de motor, este tipo de turbo também é resfriado por liquido de arrefecimento.
3.1 Componentes do sistema
3.2 Diagrama elétrico e dados técnicos
Resistência: 1 a 10ohms Tensão de trabalho: 12v Tipo de onda: PWM (Pulso de Largura Variável) 2.3 Sinal do sensor e acionamento do TGV
Pedal do acelerador pressionado A válvula de desvio é fechada. A força na mola de retorno integrada na válvula pressiona o cone da vál-
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Perspectiva de Mercado Flávio Portela Executivo e palestrante. Formado em Administração de Empresas com MBA em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral-SP flavio.portela@globo.com
O mundo não parou... Ele está se reinventando! As empresas as pessoas estão aproveitando a crise causada pela pandemia de coronavírus para aprender. Com certeza, sairemos dela mais fortes
D
ecididamente, 2020 entrará para a história como o ano em que o mundo precisou aprender a “respirar”. Empresas estão se reinventando e se reestruturando, profissionais estão aprendendo a valorizar rotinas e famílias estão aprendendo que união, amor e compaixão sempre serão a receita para superação. As “peças” estão se encaixando novamente. Começamos a valorizar o “simples”. Tudo está acontecendo muito rápido. Ainda não sabemos nem quando e nem como isso tudo vai acabar, porém sabemos que o mundo não será como antes e a maneira de fazer negócios e a relação entre as empresas passará por uma grande transformação. A globalização, pela primeira vez, se ajoelhou e pensou como um grande e único bloco. Fronteiras foram “ultrapassadas” sem visto por um inimigo invisível que, quando subestimado, leva com ele muitas vidas e projetos. Hoje presenciamos que não só os países subdesenvolvidos estão vulneráveis a pandemias. O grande “legado” para os próximos governos
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é que eles terão que investir verdadeiramente na saúde de maneira planejada, pois quando isso não acontece, o resultado é catastrófico. E o que fazer neste momento? Estamos divididos entre disputas políticas e orações por recuperação de pessoas que amamos. O governo brasileiro está trabalhando de maneira competente, porém o mesmo se perde com “política” e perde tempo com pressões de partidos oportunistas, mídias especulativas e “brasileiros” torcendo para que nada funcione para ter a quem culpar. E no meio de tudo isso, fica a população. Empresários, pais de família, trabalhadores que precisam do pão de cada dia para sobreviver. Ah, não podemos esquecer de agradecer e reconhecer os “imortais” médicos e enfermeiros que estão nos hospitais e os profissionais de segurança, de delivery e de comércios “essenciais”, que estão trabalhando duro para manter nosso Brasil “vivo”. Muito obrigado! Também aprenderemos a valorizar vocês! E o segmento automotivo? Neste momento, montadoras e fábricas de
autopeças estão em férias coletivas e lojas, distribuidores e oficinas, que precisam manter o país “rodando”, operam com restrições em muitas regiões, pois cada estado e município segue uma linha de interesse. Decreto para abrir, decreto para fechar, decreto para anular o decreto anterior. Precisamos rapidamente sair deste imbróglio para planejar nossa retomada. Penso como melhor solução o isolamento vertical e uma retomada gradativa da economia, sem descuidarmos das máscaras, do distanciamento e da higienização. O Brasil pós Covid-19 não será o mesmo. Já vivemos novas e rápidas mudanças e o nosso segmento acompanhará estas transformações. O e-commerce irá crescer, valorizaremos mais nosso trabalho e as empresas que tanto se desdobram por suas equipes. O relacionamento interpessoal estará amadurecido, as empresas cuidarão mais dos seus caixas e seremos mais resilientes em relação à superação de novos desafios. Tudo passa!
Menos poluente
Scania aposta no gás e traz produção para o Brasil Modelos começam custando até 30% a mais que os similares a diesel, mas empresa afirma que os benefícios compensam o investimento inicial
C
omo parte do objetivo de investir na mudança para um sistema de transporte mais sustentável, a Scania Latin America iniciou a produção de caminhões movidos a gás, GNV (Gás Natural Veicular) e GNL (Gás Natural Liquefeito), em sua fábrica em São Bernardo do Campo (SP). “Estamos no Brasil há 63 anos, aqui temos a segunda maior operação industrial fora da Suécia, contando com quase 4 mil colaboradores, e um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento que nos permite oferecer ao mercado continuar avançando na jornada da sustentabilidade”, diz Christopher Podgorski, presidente e CEO da montadora.
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A chegada dos caminhões a gás está incluída no plano da empresa de um investimento de R$ 2,6 bilhões no período de 2016 a 2020. “A industrialização dos veículos a gás complementa a Nova Geração de Caminhões Scania lançada em 2018, disponibilizada ao mercado com base no Sistema de Produção Global Scania”, pontua Podgorski.1 Outro R$ 1,4 bilhão será investido no período compreendido entre 2021 a 2024. De acordo com a Scania, esse novo montante permitirá avançar ainda mais em tecnologias ligadas a combustíveis alternativos e à descarbonização do setor de transporte e logística. Segun-
do Podgorski, o gás é uma grande oportunidade devido à quantidade disponível no Brasil, além de ser um passo importante na busca por um transporte mais sustentável até chegar aos veículos híbridos, elétricos e autônomos. A produção de caminhões a gás segue os preceitos do Sistema Modular Scania, que permite a fabricação de diferentes modelos a partir de um número limitado de componentes de acordo com a aplicação do veículo. No caso dos modelos a gás, a diferença entres os que rodam com GNV e GNL está na instalação dos tanques, que são específicos para o armazenamento conforme o estado físico do combustível: líquido por resfriamento (GNL) ou gasoso por pressurização (GNV). Inicialmente foram colocados três modelos com a opção: P280, G340 e R410 nas versões 4x2 e 6x2. “Com o aumento do volume a partir das entregas, outros serão gradativamente homologadas”, informa Silvio Munhoz, diretor comercial da Scania no Brasil. Segundo ele, os motores dos modelos são funcionam com 100% de gás (seja na forma gasosa ou líquida), biometano (gás que pode ser produzido a partir de dejetos como lodo sanitário e resíduos de diversas culturas agrícolas).
O desempenho é semelhante ao do caminhão a diesel, mas têm a vantagem de emitir 20% a menos de ruído. A autonomia fica entre 400 e 500 km. Em relação aos preços, os caminhões são, em média 30% mais caros que os similares a diesel. “Mas este investimento será recuperado com os benefícios do produto”, garante Sílvio. A montadora não informou a expectativa do percentual de vendas dos caminhões a gás em relação ao total alegando que “por uma estratégia corporativa, não divulga volumes futuros”, mas Sílvio ressalta que a Scania “tem certeza do potencial do mercado para adquirir os veículos a gás. Prova disso é o investimento feito na fábrica”. Agora, estão sendo feitas demonstrações dos modelos em eventos por todo o Brasil, para mostrar aos consumidores as principais características técnicas e as possíveis vantagens em relação aos caminhões tradicionais. O executivo destaca que a dependência do diesel é um tema cada dia mais difícil de ser defendido, do ponto de vista da sustentabilidade, considerando que emissões de caminhões e ônibus contribuem para o aumento da poluição global, além de elevar o nível de contaminantes como material particulado e óxidos de enxofre, entre outros gases. “A Scania sabe que faz parte deste problema e trabalha para ser parte da solução na busca por alternativas viáveis ao diesel”, conclui o executivo. A unidade de São Bernardo do Campo também será responsável por conduzir o desenvolvimento global dos veículos a gás. “A área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) irá liderar os futuros desenvolvimentos dessa tecnologia no grupo Scania”, confirma Podgorski. A equipe de P&D no Brasil conta com mais de 270 engenheiros que atuam em sinergia com a matriz na Suécia. “Esta decisão foi tomada dada a vocação
do Brasil para o gás e a confiança no ‘choque de energia’ de baixo custo que vem sendo mencionado pelo Governo Federal como alavancador de desenvolvimento econômico”, completa o executivo. Segundo a Scania, a utilização de GNV ou GNL reduz em até 15% o nível de emissão de Dióxido de Carbono (CO2). No caso do biometano, gás obtido a partir de resíduos orgânicos, a redução pode chegar a até 90%. A empresa acredita na expansão desse mercado. “Segundo números da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal vinculada ao Ministério de Minas e Energia, até 2030, o Brasil deve quase triplicar a produção líquida de gás natural, saindo dos atuais 59 milhões
para 147 milhões de metros cúbicos (m³) por dia”, diz a montadora através de sua assessoria de imprensa. Segunda maior fábrica dentro do Grupo Scania em capacidade produtiva em todo o mundo, a planta de São Bernardo do Campo tem capacidade para fabricar 30 mil unidades ao ano. Em 2019, a Scania Latin America exportou 40% de sua produção, vendendo o restante para o mercado interno, cenário que mudou em relação aos outros anos, quando a empresa exportava cerca de 70% da produção. Ainda no ano passado, a Scania vendeu 12,7 mil caminhões pesados, alta de 57,8% em relação a 2018, um aumento de cerca de 9,1% em relação ao mercado, que cresceu 48,7%.
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Componente II
Eles são essenciais O sistema de freios é um dos principais componentes de segurança dos veículos pesados e tem particularidades e procedimentos de regulagem que merece muita atenção
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iferentemente dos veículos de passeio comuns, que usam o freio hidráulico (lembra que os proprietários precisam verificar periodicamente o freio do carro?), a maioria dos ônibus e caminhões tem um sistema pneumático. Ele é mais eficiente, para estes modelos, porque suporta altíssimas pressões de frenagens. Existem caminhões cujo peso, somado com a carga, pode ultrapassar as 20 toneladas, e não é fácil segurar tudo isso em uma descida. Os freios dos veículos pesados também têm outra distinção, em relação aos dos veículos pequenos. Estes últimos podem ser equipados com freios a disco em duas ou quatro rodas, mas ônibus e caminhões usam lonas de freio e tambor. A regulagem desses tipos de freios, na maioria dos casos, é realizada manualmente e como eles são submetidos com frequência a situações críticas, a manutenção e a regulagem correta são essenciais. Com o uso contínuo dos freios, existe o desgaste natural das lonas e
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da superfície do tambor. Com isso, a folga desse conjunto vai aumentando e o poder de frenagem tende a diminuir, sendo necessária uma aplicação mais longa no pedal de freio. Além disso, o desgaste pode causar danos às sapatas (componentes que dão suporte e movimentam as lonas), danificar a superfície de atrito do tambor e levar a uma situação conhecida como “virar o S”. A expressão vem do fato de que o eixo que sustenta as sapatas das lonas ter, em uma das pontas, a forma da letra “S”. Ele é o componente responsável pela movimentação das sapatas de freio e “virar o S” é quando ele sai de seu encaixe junto às sapatas. Esta soltura do encaixe é uma situação de perigo, pois pode acontecer durante uma frenagem, fazendo com que o sistema de freio do veículo opere de forma inadequada, transformando um procedimento normal de frenagem em um evento de risco à vida. Por tudo isso, é importante verificar a regulagem e o correto funcionamento dos freios com frequência.
O motorista deve lembrar de realizar um teste com o veículo sempre que a regulagem dos freios for feita, pois, como dissemos, ela é feita de forma manual, e o veículo pode ficar “puxando” para um dos lados antes de ter um ajuste final. Outros cuidados que valem ressaltar são a checagem da lubrificação dos principais componentes de acionamento e o procedimento de drenar regularmente os reservatórios de ar do sistema pneumático. Excesso de água no sistema pode danificar os demais componentes.
Opinião de Mercado Luciano Gomes Bonatti Gerente de Operações Grupo TRUCKÃO. Palestrante e formado em Adm. de Empresas com Pós Graduação em Marketing e Propaganda pela Universidade São Judas-SP.
Vamos vencer os efeitos da pandemia de coronavírus O mercado de caminhões recuou no primeiro bimestre de 2020, mas as expectativas para o ano ainda são bem otimistas
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e acordo com o artigo da revista Caminhões e Carretas, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) registrou uma pequena queda, de 0,40%, no total de emplacamentos de caminhões no primeiro bimestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019. No ano passado, tivemos um registro de 13.748 caminhões emplacados, contra 13.693 caminhões em 2020. No entanto, segundo o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, mesmo com esta pequena queda atribuída ao período de férias escolares, acúmulo de pagamentos do início do ano e a pausa do Carnaval, o otimismo se mantém em relação ao segmento e ainda há expectativa de crescimento de 10% para este ano. Se estas expectativas ainda se mantêm otimistas para o decorrer do ano quanto à venda de caminhões 0 km, no segmento de reposição (aftermarket) não podemos pensar diferente, e devemos estar alinhados e preparados. No primeiro 1º bimestre, tivemos muitos lançamentos dos principais fabricantes e um pequeno crescimento na procura por serviços (reparação). O mercado está se aquecendo e quem pensar fora da caixa com certeza colherá grandes resultados. Tenho conversado com grandes fro-
tistas nestes últimos dois meses e o que sempre me relatam é que há procura por uma reparação confiável e com preços justos, ou seja, o sucesso dos negócios está, cada vez mais, na relação de transparência e confiança e um nível jamais visto. O frotista quer estar preocupado com sua atividade fim, que é o transporte, e saber que ao seu lado tem um grande parceiro com agilidade, qualidade e a confiança necessária para a garantia de todo o processo. Estamos falando de ganhar espaço, sim, neste mercado turbulento, mas com muito suor e muita dedicação. A variedade e a diversidade aumentam diariamente, nos dias atuais, e o cliente passa a ser cada vez mais exigente e preparado. Temos que saber em qual momento atacar e dar o tiro certo no alvo. Estas informa-
ções estavam baseadas apenas com relação aos resultados do primeiro bimestre do ano e ninguém imaginava que teríamos este estouro da pandemia de Covid-19. Se eu pudesse dar algum conselho, neste momento, seria de mantermos a calma e aguardar. O mercado mundial será afetado economicamente e nós teremos de, mais uma vez, com muita habilidade e acima de tudo muita criatividade, nos reinventarmos. Criaremos novas oportunidades, novos tipos de atendimentos, novos tipos de manutenções automotivas, novas campanhas de incentivos, novos TUDO. Pense sempre que se fosse fácil, qualquer um faria. Nós não somos “qualquer um”. Somos o diferencial que fará a mudança necessária e esperada para a retomada desta economia.
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Gestão e Controle Haroldo Ribeiro Consultor especialista em prevenção de perdas e gestão de estoques para o Varejo Brasileiro e sócio na Max Result Consultoria de Resultados. haroldo@maxresult.com.br
Perdas operacionais Problema sem dono A eficiência de uma empresa está diretamente ligada à sua capacidade de evitar ao mínimo possível o volume de produtos vencidos ou com avarias
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ão é difícil de entender que o maior problema das perdas operacionais nas empresas (quase sem exceção), é sem dúvida nenhuma, o volume de mercadorias que são avariadas (vencidas ou por maus tratos causados por fornecedores, entregadores, colaboradores ou clientes) e que não têm seu tratamento dedicado por um profissional específico. Este profissional tem como missão principal fazer com que a tratativa junto aos fornecedores (revendedores, distribuidores ou fabricantes) em relação aos produtos na área de avarias/garantias tenha a maior agilidade possível. Querendo ou não, o volume de produtos na área de avarias/garantias das empresas passou a ser um termômetro de eficiência ou ineficiência da área de prevenção de perdas. Antes de tudo, é preciso saber que o melhor cenário, mesmo, é prevenir essa perda, se antecipando ao problema através do mapeamento dos vários processos que podem ocasioná-lo, reduzindo assim o cus-
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to operacional de ter que resolvê-lo. No ranking dos maiores e mais atuais problemas, temos o vencimento de produtos. Para evitá-lo, é preciso que regras claras sejam adotadas pelas empresas. Estabelecer validade mínima para os diversos grupos de produtos logo na sua entrada, no ato do recebimento, é fundamental. É difícil ver empresas praticarem essa regra e, na maioria dos casos, quando ela existe, é quebrada por ordem superior. É autorizada a entrada de produtos com data crítica e que muito provavelmente vai gerar problemas futuros e trabalho para a área de avarias/ garantias, alimentando o ciclo de geração das perdas. A decisão pela quebra da regra quase sempre é fundamentada na simples vontade de vender, mas não é levado em consideração o risco das consequências que podem advir dessa decisão. Configurado o problema, resta agora buscar a solução, e ela tem um custo que poucos costumam medir. Pra piorar a situação, o profissional
encarregado de recuperar os produtos tem outras tantas atribuições que o obrigam a considerar esta como uma das que estão entre as prioridades menos importantes. Por isso, sempre é adequado, quando se tem uma cifra elevada de produtos avariados ocupando espaços no depósito de mercadorias, avaliar a eficiência do processo de trocas e o profissional responsável à frente dele. Nos diagnósticos realizados para avaliação e medição dessa eficiência, invariavelmente se percebe que a nota atribuída à agilidade e rapidez de negociação com os fornecedores é sempre muito baixa. Exatamente por essa situação, somos muitas vezes levados a crer que o problema não tem dono. Sob um ponto de vista responsável, podemos até dizer que a coisa é muito simples. Não precisa querer reinventar a roda. Nomeie um profissional competente e dedicado para essa tarefa, atribua metas de redução do volume de suas avarias e exija indicadores que comprovem a dedicação e o envolvimento desse profissional. Simples assim.