Ano 11 - nº 62
NSI
NÚCLEO DE SERVIÇOS INTEGRADOS
STRADA
CAMPEÃ DE VENDAS DE CARA NOVA • ID.3, o novo candidato a ícone da Volkswagem • Inspeção Técnica Veicular: Projeto para 2021 • Linha pesada: Saiba mais sobre a importância do filtro de cabine CADERNO SINCOPEÇAS PERNAMBUCO: CONFIRA AS AÇÕES DO SETOR
Auto Revista Pernambuco
EDITORIAL Os motores da retomada Estamos vivendo uma segunda fase, após o impacto inicial causado pela pandemia de coronavírus. É o momento de se recuperar dos prejuízos que o setor automotivo registrou em todas as suas cadeias e investir na atração de clientes que durante meses ficaram na expectativa, esperando para saber como a crise de saúde e suas consequências iria acabar. E nessa retomada, cada segmento mostra a sua força, de acordo com suas principais características. Cada um tem dado sua contribuição. As montadoras, que tiveram de interromper a produção e até se adaptar para usar seus parques fabris para atender a demanda por máscaras, respiradores e outros equipamentos essenciais no combate à Covid-19, aos poucos retomaram as atividades. As concessionárias autorizadas, por sua vez, tentam atrair os clientes, muitos ainda se recuperando do impacto econômico causado pela crise, com redução de salários e aumento do desemprego. Já os setores de usados e de autopeças e serviços tendem a ser os que mais rápido irão se recuperar, por uma razão bem simples: eles são os que operam com menos custos para os clientes. Hoje, sai mais barato comprar um carro usado ou reformar o que está na garagem do que comprar um modelo novo. É, portanto, com essa força de cada segmento que o mercado automotivo nacional irá se recuperar. Mesmo com todos os percalços causados pela crise, esse setor, que é um dos maiores do mundo em volume de vendas e de faturamento, mostra que consegue se reinventar e seguir em frente.
EXPEDIENTE
autorevista_pe STRADA Picape da Fiat passou por completa reestilização e se despediu da plataforma do antigo Palio
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CARROS FAMOSOS Conheça casos em que automóveis dividem com os atores o protagonismo de grandes sucessos
INSPEÇÃO TÉCNICA VEICULAR O alinhamento em reunião entre o Denatran e a Câmara Automotiva Nacional define pauta prioritária para 2021
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CADERNO SINCOPEÇAS Veja as ações do setor de autopeças em Pernambuco
LINHA PESADA Saiba mais sobre o componente que é essencial para a saude do motorista e dos passageiros
Diretor: Ariel Ricciardi Diagramação: Marcos Aurelio Colaboradores - Textos: Alexandre Costa, Claudio Araújo, Flávio Portela, Izabel Bandeira e Haroldo Ribeiro. Impressão/Halley S/A Gráfica e Editora Contato para anunciar na AUTO REVISTA PERNAMBUCO: (85) 3038.5775 ou através do e-mail autorevistape@gmail.com Fale com a gente, envie e-mail, fotos, notícias para a redação. A sua opinião é fundamental para a melhoria de nosso produto. A revista AUTO REVISTA PERNAMBUCO é uma publicação bimestral da Editora Núcleo de Serviços Integrados Ltda. As opiniões dos artigos assinados não representam necessariamente as adotadas pela revista. Não é permitida a reprodução parcial ou total dos textos.
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Conta-giros Fras-le conclui aquisição da Nakata Automotiva A compra da empresa Nakata Automotiva pela Fras-le foi concluída em setembro. Essa união, que somou o investimento de R$ 457 milhões, combina a experiência de serviços em reposição automotiva das duas companhias e amplia a gama de produtos reunidos sob um mesmo grupo, com a junção do portfólio da Nakata ao mix das marcas Fras-le, Controil, Fremax e Lonaflex.
Dana conquista novamente prêmio da Mercedes-Benz Pelo segundo ano consecutivo, as operações brasileiras da Dana, em Gravataí, no Rio Grande do Sul, e Sorocaba, em São Paulo, foram premiadas pela MercedesBenz do México como “Master of Quality” pelo excelente desempenho em qualidade e entrega no fornecimento de cardans para os ônibus fabricados na planta da montadora, localizada em García, na região metropolitana de Monterrey, no México. “Sermos reconhecidos pelo segundo ano consecutivo por um cliente internacional como a Daimler é motivo de orgulho e celebração. Isso demonstra nosso elevado padrão e capacidade de atender às expectativas de classe mundial de nossos clientes”, comenta Raul Germany, presidente da Dana para o Brasil.
Sertões 2020 adaptado para a pandemia Na edição deste ano, o Rali dos Sertões se transformou no “Rally da Solidariedade”. A missão da prova é levar instalar de cabines de telemedicina para atendimento médico gratuito de qualidade e adquirir cestas básicas de pequenos produtores locais que serão distribuídas na mesma região onde foram compradas, para as pessoas que estão sem trabalho e renda. Além disso, um rígido protocolo de segurança prevê deslocamentos “de bolha em bolha”, ao invés do modelo tradicional de cidade em cidade. Todos os acampamentos (bolhas) são lacrados. Quem romper o isolamento está fora da prova. O Sertões 2020 larga de São Paulo no dia 31/10 e chega no Maranhão dia 07/11. Vai cruzar 5 estados e o Distrito Federal – SP, MG, DF, GO, TO e MA, em um total de 4.749 km.
Delphi com novos conteúdos para reparadores A Delphi Technologies, empresa de gerenciamento de motores, está trabalhando em uma série de ações de inovação digital para reforçar sua parceria com reparadores de todo o Brasil durante a pandemia de Covid-19. Entre os diversos conteúdos e cursos que já vinham sendo disponibilizados, a marca apresenta agora duas novidades: o lançamento de um podcast, com episódios já disponíveis na plataforma de streaming Spotify, e um canal no WhatsApp para facilitar a comunicação com a fábrica e o atendimento técnico.
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Conta-giros Tecfil é eleita a marca de filtros automotivos preferida entre os mecânicos pelo 4° ano consecutivo A Tecfil foi eleita, mais uma vez, pela “Pesquisa O Mecânico 2020”, como a marca mais lembrada e comprada pelos profissionais da manutenção automotiva, nas categorias Filtro de Ar, Filtro de Cabine, Filtro de Combustível e Filtro de Óleo. “Conquistar o reconhecimento, de forma recorrente, entre os principais influenciadores da indústria de autopeças, é motivo de grande satisfação para a Tecfil, e traduz o relacionamento de respeito e parceria que mantemos com nossos clientes”, afirma Plinio Fazol, gerente de marketing e novos produtos da Tecfil. Para auxiliar os mecânicos em seu dia a dia e estreitar o relacionamento com esses profissionais, a Tecfil realiza diversas iniciativas, bem como mantém um Centro de Treinamento Automotivo TECSTOP, onde oferece cursos gratuitos – presenciais e online – sobre temas diversos relacionados ao universo dos filtros automotivos. Outro diferencial da empresa são as ações do Departamento de Assistência Técnica, que também promove palestras, treinamentos e testes em campo em todo o país, por meio de seus Laboratórios Móveis - veículos utilitários em que os clientes da Tecfil podem acompanhar em tempo real os testes de eficiência de determinado filtro e tirar dúvidas.
Novo aplicativo Redux 32 Pensando em facilitar ainda mais a vida dos clientes, a Redux32 disponibiliza um novo aplicativo no qual o usuário pode pesquisar todos os produtos e lançamentos da marca na palma da mão. O aplicativo Redux32 possui atualização online, busca por veículos, conversão por concorrente e fotos de todos os produtos e está disponível tanto na Play Store (para dispositivos Android) quanto na App Store, para iOS.
Hipper Freios lança novo conceito “Inovação é a nossa estrada”. Este é o novo conceito da Hipper Freios, que traduz na comunicação da empresa o foco na atenção especial aos clientes e no desenvolvimento de produtos que têm como objetivo revolucionar o mercado de peças automotivas. “Nossa bandeira é a inovação e nossa meta é estarmos sempre à frente com o que de melhor podemos oferecer a nossos clientes”, reforça o supervisor de comunicação da empresa, Jefferson Pereira, ao comentar os pilares do novo conceito.
Astrotur adquire oito novos Volare Fly 9 A Astrotur, operadora de transportes de Recife, adquiriu, por meio da concessionária Compacto, oito veículos Volare Fly 9 para aplicações de fretamento. Os Volare Fly 9 Executivo fornecidos à Astrotur têm plataforma Mercedes-Benz e contam com 31 poltronas executivas 940mm com tomada USB, porta-copos e porta-pacotes. Os modelos possuem também ar condicionado, vidros colados, faróis de rodagem diurna, piso com acabamento amadeirado, parede de separação total, cortinas, itinerário eletrônico, bagageiro e preparação para sistema de áudio e vídeo com DVD e monitor.
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Rolemar investe no Instagram e no WhatsApp As novas tecnologias estão cada vez mais presentes e necessárias, nas empresas, para a realização de negócios. Por isso a Rolemar tem investido também em sua presença digital, como o perfil recém inaugurado no Instagram (@rolemaroficial) e no WhatsApp para toda a equipe comercial. O principal objetivo é promover uma comunicação direta com os clientes, divulgar as ações da empresa e, claro, fechar vendas de forma mais prática e rápida.
Magneti Marelli lança faróis e lanternas para Land Rover A Marelli Cofap Aftermarket ampliou seu catálogo no segmento de iluminação automotiva sob a marca Magneti Marelli com o lançamento de faróis e lanternas para o Range Rover Sport, da Land Rover. Com essas novidades, a empresa segue sua estratégia de oferecer um portfólio de iluminação automotiva composto de produtos genuínos fabricados nas unidades da Automotive Lighting no Brasil e no exterior, que fornecem faróis e lanternas para as maiores montadoras do mundo.
Conta-giros Matrix comemora 20 anos no mercado de acessórios A Matrix, distribuidora de acessórios integrante do grupo DASA (Distribuidora Automotiva S.A.), completou em 2020 seu vigésimo aniversário. Desde sua fundação, a empresa viu seu negócio se desenvolver com a moda dos carros “tunados”. Hoje, com um portfólio de mais de 3.500 itens e 17 filiais, a Matrix investe em tecnologia e especialização de sua equipe para continuar evoluindo. Com o tema “Duas décadas, um só orgulho”, a campanha de comunicação para o aniversário reforçou o posicionamento da empresa como referência no setor e envolveu colaboradores, parceiros e fornecedores como parte dessa conquista.
Kolbenschmidt amplia linha de produtos A Motorservice, divisão responsável pela comercialização das marcas Kolbenschmidt, Pierburg e BF no mercado de reposição, apresentou novos componentes de conjuntos para motor (pistão e anel), bronzinas de biela e válvula para veículos leves e pesados. Os conjuntos (pistão + anel) atendem veículos Agrale, Ford, Foton, Jac, Volare e Volkswagen. Já as bronzinas de biela são disponibilizadas para modelos leves das marcas Ford, Honda, Hyundai, Kia e Renault. As válvulas de admissão e de escape se aplicam ao Toyota Corolla.
Amortecedor Monroe para veículos off-road A Monroe disponibilizou ao mercado o amortecedor Rancho, produto com alto nível de absorção de impactos. “A grande vantagem por ser um amortecedor pressurizado, possuindo óleo e gás nitrogênio em sua estrutura interna, é evitar a cavitação – formação de bolhas de ar no fluido durante o funcionamento da peça. Dessa forma, o equipamento entrega alto desempenho de trabalho nas diversas condições de utilização, o que impacta diretamente na melhor dirigibilidade do veículo”, explica Juliano Caretta, Supervisor de Treinamento Técnico da DRiV, detentora da marca Monroe.
ZM lança programa de fidelidade para reparadores A ZM S.A., empresa fornecedora para o mercado de reposição nas linhas elétrica e mecânica, lançou o programa de fidelidade “Eu aplico ZM”. Para participar, o reparador só precisa baixar em seu celular o aplicativo, escanear os qr codes das embalagens e já passa a acumular pontos. Com o recém lançamento de mais de 500 itens para os sistemas de suspensão e direção, a ZM espera estreitar o relacionamento com o público aplicador dessas peças, oferecendo prêmios que podem ser trocados pelos pontos acumulados. O aplicativo pode ser baixado em celulares com sistema Android e iOS.
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Conta-giros Roles encerra sua campanha 50 anos com premiado em Alagoas Chega ao fim a campanha Roles 50 anos e o último carro zero quilômetro vai para Alagoas. Iniciada em novembro de 2019, a promoção distribuiu mais de 50 prêmios, além de três HB20 0 Km sorteados pela Loteria Federal. Os dois primeiros automóveis foram para as cidades de São Paulo e Campinas (SP), e o terceiro seguirá para Santana do Ipanema (AL) para a Autopeças Rocha, premiada no sorteio de 22 de agosto. Criada em São Paulo em 1969, a Roles expandiu sua atuação como distribuidora de autopeças para todo o Brasil a partir de 1976. Em 1980, o Grupo Comolatti assume o controle acionário da companhia e, a partir de 2002, é criada a CAR – Central de Autopeças e Rolamentos, companhia que representa a união da Roles com a RPR. Em 2014, as empresas passam a atuar em segmentos diferentes, ficando a Roles com foco em autopeças e a RPR exclusiva para motopeças. A comemoração desses 50 anos de sucesso ofereceu aos clientes Roles, além dos 3 carros zero quilômetro, televisores 60 polegadas, caixas de som JBL, adegas, chopeiras e cervejeiras. A promoção foi registrada na SECAP sob o número 04.005598/2019, e contou com o patrocínio das marcas Autho Mix, Cobreq, Cofap, Controil, Dana, Dayco, Delphi Tecnologies, Driveway, Dyna, FAG, Fram, Fras-le, Fremax, Freudenberg-Nok, INA, Mahle, Magneti Marelli, Metal Leve, Monroe Axios, Nakata, NGK, LuK, Philips, Sachs, Schaeffler, SKF, TRW, Valeo, Varga, ZF.
Tagia recebe selo Great Place To Work A Tagia, empresa do ramo de autopeças e importadora das marcas Takao (peças para motor) e Volda (peças para suspensão), recebeu o selo Great Place To Work (GPTW) de 2020, prêmio concedido por uma consultoria global que certifica e reconhece as empresas com os melhores ambientes de trabalho em noventa países. A avaliação da empresa a colocou acima da média das 150 melhores empresas para se trabalhar no Brasil.
Pysko disponibiliza catálogo via aplicativo Aproveitando o crescimento das transações online, a Pysko, fabricante de kits automotivos para suspensão e direção, tem todo o seu catálogo de produtos disponíveis através do seu aplicativo para dispositivos móveis. Ele é gratuito e pode ser baixado na Aplle Store e no Google Play.
20 anos de KYB no Brasil Em 2020, a KYB, fabricante de amortecedores, celebra seu aniversário de 20 anos no Brasil. A presença da empresa teve início no ano de 2000, prestando atendimento às montadoras, e a produção começou em 2014. Localizada na Fazenda Rio Grande, no Paraná, a fábrica brasileira da KYB opera com os mesmos padrões de qualidade da fábrica de Gifu, no Japão e foi desenvolvida também com o foco no mercado de reposição, com produtos do mesmo nível de excelência dos originais. Só na linha leve, a KYB disponibiliza ao mercado de reposição brasileiro e sulamericano mais de 1.000 aplicações diferentes.
Sama, Laguna e Matrix fazem arraiá consciente
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uem disse que neste São João não ia ter festa junina? Com o estado de pandemia, seria inviável fazer a comemoração tradicional do mês. Mas as distribuidoras Sama, Laguna e Matrix resolveram inovar, com o apoio da Sabó, para levar um pouco de alegria e positividade às nossas filiais das Regiões Nordeste e Centro-Oeste. Organizamos um espaço seguro e preparamos um café da manhã especial para os colaboradores, com comidas típicas de São João e outras guloseimas. A ação contou com uma estratégia diferenciada, para seguir todas as recomendações de higiene e prevenção ao coronavírus, incluindo um distanciamento adequado, uso de álcool em gel e máscaras. “Um arraiá diferente, com menos gente, mas que marcou a importância dessa data para nossas filiais e nossos colaboradores”, conta Antonio Pádua, gerente regional da Distribuidora Automotiva. Em momentos como este que estamos vivendo, as pequenas atitudes que trazem bem-estar e alegria são as que fazem a maior diferença.
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Filial Fortaleza
Filial Recife
Filial Salvador
Filial Salvador
Filial João Pessoa
Filial São Luis
Fiat Strada
Fiat reinventa a Strada para garantir a liderança que já mantém há 22 anos. Modelo é o único da sua categoria que oferece versões de quatro portas 14 - Auto Revista Pernambuco
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ualquer observador mais atento ao gosto dos consumidores brasileiros vai perceber o quanto eles gostam e sonham com um SUV. E as picapes médias como Toyota Hilux, Mitsubishi L200, Ford Ranger e Chevrolet S10, entre outras, estão entre esses objetos de desejo. E elas só não vendem mais por uma razão bem simples. Os automóveis no Brasil são caríssimos e um modelo como esses citados não são por menos de R$ 130 mil. Quem não pode comprar um SUV grande, então, se vira como pode. Não foi à toa que surgiram no mercado as imitações, como as versões com pneus maiores e algumas peças de borracha para modelos comuns de passeio. O caso mais ilustrativo é o Kwid, que a Renault lançou como um “SUV compacto”. Talvez isso explique o sucesso, há tantos anos, da Fiat Strada. O veículo tem sido o mais comercializado, no seu segmento, há duas décadas provavelmente porque a fábrica não deixa de arranjar um jeito de torná-la mais próxima do sonhado segmento de SUVs. Picapes pequenas, tradicionalmente, têm só duas portas. Mas os consumidores bem que gostariam de que elas tivessem quatro e fossem mais robustas. Assim, eles teriam um veículo com mais porte e conforto, típicos dos SUVs. Foi assim, por exemplo, em 2013, quando foi introduzida uma versão de três portas do modelo, que também tinha um banco de trás relativamente generoso em termos de espaço. E agora, mais uma vez, a Fiat mostra que está antenada com os desejos dos seus consumidores e lançou a nova Strada com quatro portas e uma cabine (realmente) feita para levar até cinco pessoas. Em resumo, por um preço na faixa entre pouco mais de R$ 75 mil e pouco menos de R$ 85 mil, o consumidor pode levar um carro com certo sta-
tus. Pode não ser uma Hilux, mas também não é um hatch compacto sem moral nenhuma. Além desse “jeitão de SUV”, a Strada se despede da plataforma anterior, que era baseada no antigo Palio e se aproxima mais da Toro, outra picape de Fiat de porte maior. Ela tem frente elevada faróis com luzes diurnas em LED e se baseia na plataforma MPP, dedicada exclusivamente ao seu desenvolvimento. Como já fez com outros modelos, a Fiat manteve uma versão anterior da Strada, a Hard Working, que vem de série com ar condicionado, direção hidráulica, computador de bordo, volante com regulagem de altura, iluminação do vão de carga e porta-escada. Já na nova plataforma as opções são Endurance Cabine Plus, Endurance Cabine Dupla, Freedom (Cabine Plus e Dupla) e Volcano (Cabine Dupla). Traduzindo, esse nome “Cabine Plus” significa versão duas portas com cabine estendida. Além dos itens citados para a Hard Working, a Endurance Cabine Plus vem com controle de estabilidade, controle de tração E-Locker e Hill Holder (assistente de subida em rampa). As versões Endurance são equipadas com o motor 1.4 Fire, que gera potência de 88 cv a 5.750 rpm (etanol) e 85 cv a 5.750 rpm (gasolina). Seu torque é de 12,4 kgfm com gasolina e 12,5 kgfm com etanol, ambos a 3.500 rpm. O controle de tração E-Locker é um sistema voltado para situações que a Fiat chama de “off-road leve”, ou seja, manobras do veículo em terreno escorregadio e com a roda patinando. O recurso transfere mais torque para a roda com maior aderência, fazendo com que a picape vença mais obstáculos. A função é desativada automaticamente a partir de 65 km/h. O mesmo sistema ativa o ABS Off-Road, uma calibração que melhora o comportamento de frenagem
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do veículo quando é necessário o acionamento do ABS em superfícies deformáveis (areia, terra, brita, neve), permitindo o travamento da roda por breves instantes e formando “cunhas” de material na frente da roda. Esse material melhora a aderência dos pneus e a manobra, reduzindo a distância de parada em piso de pouca aderência. A partir da versão Freedom, o motor da nova Strada é o 1.3 Firefly de quatro cilindros com 109 cv de potência a 6.250 rpm e 14,2 kgfm de torque (etanol). Com gasolina, são 101 cv a 6.000 rpm e torque de 13,7 kgfm a 3.500 rpm. Entre os itens de série da Freedom estão direção com assistência elétrica, sensor de pressão dos pneus, volante multifuncional, retrovisores elétricos, quadro 3,5” de TFT, capota marítima e rodas de liga leve. Já a Volcano conta também com vidros traseiros elétricos, bancos com combinação de couro e tecido, volante em couro, faróis de LED, central multimídia UConnect 7” com projeção wireless (Apple Carplay e Android Auto), sensor de estacionamento com câmera de ré, barras de teto longitudinais e airbags laterais. Com a nova plataforma, livre das limitações do velho Palio, a Strada tem maior altura do solo (era 170 mm na antiga, passou para até 214 mm). Em relação a capacidade de carga, são 844 litros na cabine dupla e 1.354 litros na Cabine Plus. Outra novidade é que a tampa traseira teve o peso de manuseio amortecido em 60% por um novo sistema de molas, para facilitar a vida de quem a opera. Internamente, o grande atrativo é a versão cabine dupla com quatro portas, que torna a Strada única na sua categoria. De acordo com a Fiat, o espaço para porta-objetos aumentou em 30%, também para dar à picape compacta um conforto mais próximo de modelos de categorias superiores.
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Pacotes de opcionais Endurance • Pack Worker, por R$ 2.500,00 (alarme, travas e vidros elétricos, break light, fechadura elétrica na caçamba, comando elétrico na tampa do combustível e banco do motorista com ajuste de altura) • Pack Audio, por R$ 1.500,00 (rádio, autofalantes, porta USB frontal e volante multifuncional) • Pack Multimedia, por R$ 3.490,00 (central Multimídia com tela de 7, preparação para rádio (chicote e antena), sensor de estacionamento, câmera de ré, controles de áudio no volante parcialmente em couro, 2 tweeters no painel, visor de 3,5’ TFT, auto-falantes, 2 tweeters e entrada USB). Freedom • Pack Teck, por R$ 2.990,00 (central multimídia Uconnect 7”, alto-falantes, câmera de ré e sensor de estacionamento) Volcano Rodas de liga leve 16 polegadas por R$ 2.500,00 Preços sugeridos Hard Working - R$ 61.590 Endurance Cabine Plus 1.4 Fire MT5 - R$ 63.590
Endurance Cabine Dupla 1.4 Fire MT5 - R$ 74.990 Freedom Cabine Plus 1.3 Firefly MT5 - R$ 69.490 Freedom Cabine Dupla 1.3 Firefly MT5 - R$ 77.990 Volcano Cabine Dupla 1.3 Firefly MT5 - R$ R$ 79.990
Carro elétrico
A busca por um novo carro icônico Citando o Fusca, a Volkswagen espera que o ID 3, seu primeiro modelo desenvolvido para ser exclusivamente elétrico, também entre para a história do automobilismo mundial
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a mesma forma que o Fusca um dia mobilizou as massas e o Golf, como líder de seu segmento, ofereceu grandes inovações a cada versão lançada, o ID irá fazer a mobilidade elétrica se tornar acessível a um gran-
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de espectro de consumidores”. É com essa frase, nada modesta, que a Volkswagen define a relevância, para manter a sua participação no mercado, do ID 3, carro que no Brasil chegou a ser chamado pela imprensa de especializada de “novo Fusca”.
Diferentemente do New Beetle, modelo de desenho simpático que lembra o pioneiro Fusca na forma mas sempre foi bem diferente no conteúdo e nunca chegou perto do fenômeno que este último foi no mercado mundial, o ID 3 é a esperança da Volkswagen de criar um novo carro icônico e que entre para história do automobilismo. Seu nome, apesar meio esquisito, tem explicação: segundo a montadora, vem de “Intelligent Design”. Com a vendas iniciadas na Europa em julho último e preços a partir de pouco mais de 30 mil euros (já considerando os bônus de desconto que são oferecidos pelos governos do continente para carros considerados ecológicos), o modelo foi concebido a partir da mobilidade elétrica, vem com uma considerável quantidade de itens de tecnologia e uma autonomia de mais de 400 km, patamar aproximadamente 30% superior ao de seus concorrentes na
mesma faixa de valor, como Nissan Leaf e Renault Zoe. Infelizmente, pelas políticas erráticas e a defasagem tecnológica existente no Brasil, não há qualquer previsão de chegada do carro por aqui. O carro representa uma ação importante da Volkswagen rumo ao desenvolvimento com foco na mobilidade elétrica. Ela envolve, inclusive, uma parceria com a Ford que, entre outras coisas, prevê o desenvolvimento de uma van elétrica que muitos dizem ser a sucessora da Kombi, outro modelo de sucesso mundial da montadora. Nos sites da empresa da França e de Portugal, que consultamos, existem três versões disponíveis do ID 3 (básica, Plus e Max) e três patamares de autonomia: 409, 419 e 424 km. Vale ressaltar que de básica, a versão inicial não tem nada. Ela já vem com itens como App-Connect Wireless, ar condicionado de duas zonas, Cruise Control Adaptativo ACC (piloto automático), monitor da pressão dos pneus, reconhecimento de sinais de trânsito, retrovisores externos elétricos, sensores de chuva e de estacionamento (dianteiro e traseiro), sistema “Front Assist”, com proteção de pedestres e ciclistas, sistema “Lane Assist”, sistema de navegação, Voice Control e volante multifunções em couro. A versão Plus tem todos os itens anteriores mais câmara traseira, 2 entradas USB na parte da frente e na parte de trás e faróis em LED
com controle dinâmico automático. A Max, por fim, acrescenta Display Head-Up, ajuste elétrico dos bancos, teto panorâmico e sistema Bluetooth com carregamento por indução. Além da boa autonomia da bateria, que dá ao carro a mesma capacidade de rodagem dos seus similares movidos a combustível, o forte do ID 3 é o motor. Ele tem 204 cv de potência e 31 kgf.m de torque. Para efeito de comparação, veja os números dos concorrentes: o Nissan Leaf tem 150 cv e 32 kgf.m e o Renault Zoe tem 108 cv 22 kgf.m. A Volkswagen prevê sete modelos para o ID 3. Todos devem estar disponíveis até 2021, quando a linha estiver consolidada e em plena produção. Veja quais são e os respectivos preços sugeridos (sem o bônus de desconto dos governos) considerando o mercado da Alemanha, onde ele também já começou a ser vendido: Pro Performance Itens básicos principais: sistema de navegação, Adaptive Cruise Control (piloto automático) e carregamento do telefone por indução. Preço: € 35.574,95 Life Itens básicos principais: aquecimento do volante e dos bancos e duas portas USB adicionais. Preço: € 37.787,72 Style Itens básicos principais: acrescenta luzes e lanternas de LED e teto panorâmico. Preço: € 40.946,04
Business Itens básicos principais: câmera de visão traseira e sistema de travamento “Keyless Access” Preço: € 41.287,22. Family Itens básicos principais: faróis em LED, teto panorâmico grande, ar condicionado de 2 zonas, câmera de visão traseira e “Keyless Access” Preço: € 42.305,87 Max Itens básicos principais: assento de massagem elétrico de 12 vias, direção progressiva e DCC (Dynamic Chassis Control) a bordo. Preço: € 43.680,32 Tech Itens básicos principais: sistema de segurança com sensores para auxílio em viagens, pacote de informação e entretenimento e som “premium” Preço: € 44.810,00 Se o ID 3 vai, realmente, se tornar um sucesso como o Golf e a Kombi ou mesmo o Fusca, o tempo dirá. Mas para os consumidores, ele já representa um momento histórico: a partir dele, uma das maiores e mais importantes montadoras do mundo irá dar uma guinada rumo à mobilidade elétrica, desenvolvendo toda uma linha de produção a partir desse conceito. Mesmo que demore um pouco, essa mudança vai chegar até o Brasil e introduzir uma nova realidade nos nossos centros urbanos.
Informações técnicas Motor Potência 204 cv Torque 31 kgf.m Desempenho Velocidade máxima 160 km/h Aceleração, s 0-100 km/h 7,3 s Dimensões Comprimento 4.261 mm Largura 1.809 mm Altura 1.568 mm Distância entre eixos 2.770mm
Carros famosos
Eles também são estrelas de cinema Do Fusca ao Audi e-Tron: conheça casos em que automóveis dividem com os atores o protagonismo de grandes sucessos da indústria do entretenimento
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m membro da família. Quem não conhece pelo menos um caso de alguém que nutre afeto por um automóvel? Seja porque ele simplesmente virou um companheiro de viagens e de momentos felizes ou pelo fato de trazer a lembrança de um parente querido que possuía o modelo e ele remete à infância, os carros despertam fascínio em muitas pessoas. Atenta a isso, a indústria cinematográfica criou várias obras tendo veículos que assumem relevância, no roteiro, quase como personagens. Veja casos curiosos e interessantes em que isso aconteceu.
Fusca: Herbie e Bumblebee Na década de 1960, o filme “Se meu Fusca falasse” trazia a história do Herbie, um exemplar simpático do modelo da Volkswagen que, realmente, só faltava falar. Ele era um personagem do filme e interagia com os demais através de todos os recursos possíveis: buzina, farois, portas, capôs e motor, dentre outros. A personificação do Fusca fez tanto sucesso que a história rendeu vários filmes, sendo o último em 2005. E, logicamente, a indústria do cinema continuou vendo o carisma do Fusca e seu potencial junto ao público. Por isso, trouxe o modelo de volta na séria de filmes Bumblebee, que começou na década de 1990. Em uma das continuações da série, na década de 2010, um exemplar amarelo do carro icônico da Volkswagen “faz o papel” de um extraterrestre com ares de heroi que ajuda a salvar a terra.
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Os carros do universo Batman Quem já viu pelo menos um filme do super-herói Batman sabe que seu carro, o Batmóvel, é quase um personagem, cheio de recursos e o livrando das situações perigosas. Desde os primeiros filmes, a escolha para os modelos a serem adotados foi para clássicos da cultura automobilística americana, como Cadillac, Oldsmobile e Lincoln. Com a evolução tecnológica, os batmóveis foram ficando menos no estilo “banheira” e mais próximos de veículos de guerra ou utilitários. Um exemplo é o Tumbler, veículo cenográfico criado para o filme “Batman begins”, lançado na década de 2000. Outra curiosidade da série de filmes sobre o Batman foi o uso de um “primo” da primeira versão do Voyage. Batizado de Fox, esse modelo foi comercializado nos Estados Unidos e protagonizou praticamente todas as cenas de destruição de carros (um clichê dos filmes norte-americanos) em “Batman returns”, da década de 1990.
Ford Gran Torino em dois filmes O primeiro é um grande exemplo da importância dos automóveis para a cultura norte-americana. Apesar de não ser protagonista de cenas espetaculares, o Ford Gran Torino deu o nome ao filme em que o personagem principal era um típico habitante apegado a tradições dos Estados Unidos - entre elas, a de gostar de só usar carrões nativos com motores grandes e gasta-
O DeLorean em “De volta para o futuro” Você pode não gostar de ficção científica, mas é praticamente impossível não ter ouvido falar ou reconhecer o DeLorean DMC-12, modelo com portas do tipo gaivota (que abrem para cima) que levava e trazia o personagem principal em suas viagens pelo tempo na série de filmes “De volta para o futuro”. Até o primeiro ser exibido, o fato é que quase ninguém conhecia o DeLorean, modelo com poucas unidades vendidas no mercado e que não deslanchou nem com o sucesso dos filmes. Mas também é verdade que muita gente ficou sonhando em dar uma volta nele, seja pelas características diferentes (além das portas do tipo gaivota ele tinha lataria sem pintura, na cor de metal) ou pelo sonho de ser um viajante do tempo.
dores de combustível. O Gran Torino, inclusive, é usado no filme como um contraponto ao crescimento da participação de carros japoneses no mercado dos Estados Unidos. Ele é tão importante na obra que a cena final, em que é lido o testamento do personagem principal, é dedicada a quem vai herdar o carro e de que forma ele deve ser usado para não ferir tradições norte-americanas. Outro caso de uso do Gran Torino é a série policial “Starsky & Hutch – Justiça em Dobro”, exibida na TV de 1975 a 1979. O modelo é uma marca registrada da atração. Tanto que na refilmagem para o cinema, lançada em 2004, o carro, com sua estética da década de 1970 e pintado na cor vermelha com uma listra branca nas laterais, continuou sendo usado.
Aston Martin e o agente 007 A série de filmes sobre o agente britânico James Bond tem nos carros uma das principais atrações. São sempre modelos que reunem potência, sofisticação, charme e tecnologias (muitas delas inexistentes e colocadas nos modelos via efeitos especiais). Para atender todos esses requisitos, os exemplares da indústria automobilística Aston Martin, também britânica, cairam como uma luva e foram protagonistas em muitos filmes. O modelo DB5, de “007 Contra Goldfinger”, foi o primeiro Aston Martin do espião e fez uma participação especial 30 anos depois no filme “007 Contra Goldeneye”. O personagem James Bond ainda usou os modelos V8 Vantage (em “007 Marcado para a Morte”, de 1987), DB 9 (em “007 Quantum of Solace”, de 2008) e DB 10, em “007 Contra Spectre”, lançado em 2015.
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A agilidade dos Mini Cooper para um crime épico No fim da década de 1960, o filme “Um golpe à italiana”, estrelado pelo ator Michael Caine, conta a história de um grupo de criminosos que faz um roubo espetacular e usa unidades do Mini Cooper para escapar. Pequenos e ágeis, os carrinhos aparecem como elementos essenciais na trama. Tanto que no remake do filme, feito em 2003 com o título de “Uma saída de mestre”, eles foram usados novamente. Mas já em versões mais modernas e potentes. Na primeira versão eles desfilam em alta velocidade, fazendo malabarismos pelas ruas de Turim, na Itália. Já na segunda, a fuga acontece em Los Angeles, nos Estados Unidos, com cenas de tirar o fôlego.
“Os gatões” e o Dodge Charger Um clássico dos chamados “muscle car” (modelos potentes e com visual agressivo no design) norte-americanos, o Dodge Charger é capaz de muita coisa, mas dificilmente algum carro no mundo sobreviveria aos saltos, derrapagens e arrancadas dos irmãos Duke, que tinham no carro a principal forma de mostrar como eram motoristas habilidosos e destemidos. Além de uma série televisiva na década de 1980, a história rendeu um filme nos anos 2000 no qual o “General Lee”, nome que os personagens deram ao carro, marcou presença novamente.
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O cinema como divulgação do Audi e-tron A indústria automobilística está tentando mostrar aos consumidores que consegue fazer carros elétricos eficientes, com bom desempenho e grande autonomia. E nada melhor do que se associar a outra grande indústria como a cinematográfica para fazer isso. Foi a iniciativa da Audi, que usou o mega sucesso “Os vingadores” para vincular o seu modelo elétrico e-tron ao personagem do Homem de Ferro, um dos super heróis da série de filmes. Através de uma parceria entre a Audi e a Marvel, o bilionário Tony Stark, a outra “persona” do Homem de Ferro, começou usando o superesportivo Audi R8 e depois o trocou pelo e-tron.
Stallone Cobra e o Ford Mercury Em outro exemplo de apelo da indústria norte-americano à exaltação de seus “valores”, no filme “Cobra”, estrelado por Silvester Stallone, o personagem principal age sozinho e tem apenas um Ford Mercury, outro clássico da indústria automotiva daquele país, como seu fiel escudeiro. O carro suporta tudo durante praticamente todo o filme, sendo completamente destruído apenas no final. Mas seu visual agressivo, combinado com o jeito de herói imbatível do protagonista, é um dos principais recursos para exaltar o poder dos norte-americanos.
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Câmara automotiva
Inspeção Técnica Veicular no Brasil será pauta prioritária para 2021 O alinhamento surgiu em reunião realizada em julho, entre o Denatran e a Câmara Automotiva Nacional
O
presidente do Sincopeças Brasil, Ranieri Leitão, esteve reunido em videoconferência com o Diretor do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), Frederico de Moura Carneiro, onde trataram, dentre outros assuntos, sobre as condições para implantação e operação do Programa de Inspeção Técnica Veicular (ITV) no Brasil. Segundo Ranieri Leitão, a proposta é implementar a ITV no Brasil em dois sentidos: no undercar e na parte ambiental. A ideia é que os veículos zero quilômetro com capacidade para até sete passageiros e que não tenham sofrido acidente graves façam a primeira inspeção apenas após três anos de emplacamento. Depois, a
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cada dois anos, no caso dos veículos de passeio; e a cada ano, os veículos de passageiros. Para veículos escolares, o prazo para realização da ITV será a cada seis meses. “Depois da reunião com o Denatran criou-se uma expectativa muito positiva para que nós possamos trabalhar de forma mais efetiva na questão da implantação da ITV no Brasil. Segundo o Dr. Frederico, já agora no início de 2021 o assunto será colocado na pauta para o trabalho de 2021-2022 do Departamento e a gente vai estar inserido neste trabalho, como Sincopeças Brasil e como Câmara Automotiva Nacional. Nós incorporamos um desejo de deixar um legado para o Brasil em relação à Inspeção Técnica Veicular. Acredito que nós temos que avançar neste assunto”, ressalta Ranieri Leitão. “Hoje, o Brasil é o segundo país do mundo com mais mortes no trânsito. São 40 mil mortes, sem contar com as 400 mil pessoas que ficam com alguma sequela por conta também de acidentes de trânsito. O nosso custo anual por acidentes de trânsito é de 52 bilhões de reais. Além disso, a PRF tem dados que apontam que 6% dos acidentes de trânsito nas estradas federais provém dos defeitos
mecânicos dos veículos. Todos estes números mais que justificam uma visão estratégica do governo para que a ITV aconteça. Então a nossa expectativa para que a ITV entre em vigor no país é para ontem”, enfatiza. Enquanto o Brasil caminha cauteloso na implementação da ITV, países da Europa realizam esse tipo de ação há décadas. A Alemanha, por exemplo, realiza vistoria em seus carros há mais de 100 anos. A vistoria também acontece na França, Inglaterra e Espanha. “Na América do Sul temos países como Argentina e Chile que há muito tempo adotaram a ITV. Na América do Norte, temos Estados Unidos e Canadá que tem a ITV… todos os países de primeiro mundo já adotaram a inspeção pois entendem que há uma necessidade de se manter bem os veículos. Em todos estes lugares, existe um custo adicional para os proprietários de veículos. Para o Brasil, nós pensamos em um modelo de forma a minimizar estes custos. Um estudo está sendo feito e a gente vai tentar encontrar um caminho para que a ITV seja viabilizada sem que isso represente apenas mais um imposto alto para o brasileiro arcar, conclui Ranieri.
Carro dos sonhos
Mustang Mach 1-2021
A volta de uma lenda
Mustang Mach 1-2003
Ford lançará, no ano que vem, nova versão do carro que tem em seu histórico nada menos que 295 recordes de velocidade e resistência nas pistas
A
Ford apresentou nos Estados Unidos, em junho, a nova versão Mustang Mach 1, modelo que foi criado em 1969 e estava desde 2004 sem presença no mercado. Em uma edição limitada, o carro voltará a ser vendido na América do Norte no segundo trimestre de 2021. No portfólio do Mustang que a empresa disponibiliza para os consumidores de lá, onde existem 11 versões do Mustang, o Mach 1 vai ficar entre o topo de linha do GT e o modelo de entrada do Shelby. A montadora não divulgou preço do carro, mas pelo posicionamento ele vai custar mais de 40 mil dólares e menos de 60 mil. Tomando como referência o valor de US$
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50 mil, que está na média entre os dois, no Brasil seria algo perto de 300 mil reais. Considerando apenas impostos (sem incluir a margem de lucro das revendas) o valor do carro chegaria fácil perto de meio milhão de reais por aqui. De acordo com a Ford, o nome Mach 1 é uma referência à quebra da barreira da velocidade do som (quando um avião se desloca com uma velocidade igual à do som, ele está voando a Mach 1). O carro, obviamente, não tem essa capacidade, mas traz um motor V8 5.0 especialmente calibrado capaz de faze-lo voar baixo: mais de 480 cv de potência a 7.000 rpm e 58 kgfm de torque a 4.600 rpm.
A montadora também afirma que “o novo Mach 1 é o Mustang com motor V8 5.0 mais preparado para as pistas de todos os tempos, graças a uma nova frente e peças da Ford Performance emprestadas dos modelos Mustang Shelby GT350 e Shelby GT500, além de um pacote especial de dirigibilidade”. Ford Performance, para quem não sabe, é a divisão da montadora para veículos de alto desempenho - a exemplo da linha RS, da Audi, e da AMG, da Mercedes-Benz. A nova versão do Mach 1 incorpora, além da frente aerodinâmica, itens como a transmissão manual Tremec 3160 de seis velocidades e o radiador de óleo do Shelby GT350 e a
Mustang Mach 1-1973
Histórico
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Mustang Mach 1-1969
embreagem de disco duplo e câmbio curto do Mustang GT. Haverá também a opção da transmissão automática SelectShift de 10 velocidades, com conversor de torque atualizado e calibração exclusiva para maior performance. Um segundo resfriador de óleo a ar aumenta em 75% a capacidade de resfriamento. A grade dianteira do novo Mach 1 remete ao original, com recorte em formato de nariz de tubarão e o emblema do cavalo no centro. As rodas pretas de alumínio são de 19 polegadas. Ainda na dianteira, um divisor melhora o desempenho na pista e cria uma aparência mais agressiva, trabalhando em conjunto com o spoiler traseiro para trazer o equilíbrio dinâmico ideal. Dependendo do pacote escolhido, o Mach 1 pode ter “downforce” (uso da força do ar para aumentar a aderência dos pneus à pista) até 150% maior que o do Mustang GT.
Para melhorar a resistência na pista, foram adicionados dois trocadores de calor laterais – um para resfriar o óleo do motor e outro para o óleo de transmissão –, ao Mach 1, além do sistema de refrigeração do eixo traseiro e do difusor inferior do Shelby GT500. Outra característica do modelo para aumentar a performance é uma nova cobertura do assoalho, que avança 20 polegadas a mais para trás que a do Mustang GT Performance Pack. Ele tem como objetivo suavizar e aumentar o fluxo de ar sob a frente do carro. O interior do carro combina elementos modernos e clássicos. O painel de instrumentos é uma tela de LCD de 12,3 polegadas com detalhes em alumínio. A alavanca de marcha tem na ponta uma bola branca, bem ao estilo dos modelos antigos, e os bancos de couro preto trazem uma faixa laranja contrastante, uma herança da linha Mach 1.
Mach 1 estreou como ano-modelo 1969 usando a suspensão do GT. Nos anos seguintes, ganhou aprimoramentos em relação a esta última versão e foi posicionado com preço mais acessível que as versões Shelby e Boss. Dois anos depois da estreia, em 1971, além de ficar mais comprido e largo que o original, o Mach 1 ganhou suspensão de competição e mais opções de motores. Em 1974, passou novamente por grandes mudanças, sendo redesenhado pela primeira vez como um hatchback. Essa geração do Mach 1 foi produzida durante cinco anos e, para aprimorar ainda mais a dirigibilidade, oferecia o kit opcional de suspensão “Suspension Rallye”. O modelo retornou como anos-modelo 2003 e 2004, combinando mecânica moderna com elementos nostálgicos de design dos anos 1970. Sua suspensão exclusiva, com freios a disco dianteiros Brembo maiores, aprimorou o desempenho na pista. O visual também foi destacado com spoiler e faixa no capô em preto fosco. A produção de novas versões foi então interrompida até o surgimento desta última em 2020.
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Prevenção
Muito além das máscaras Confira o que o Cesvi Brasil, centro de pesquisa dedicado ao estudo da reparação automotiva, recomenda para o combate ao coronavírus nas oficinas
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vida tem de seguir adiante e as pessoas, mais do que nunca, precisam dos seus carros para enfrentar as dificuldades causadas pela pandemia de coronavírus. Nesse contexto, o trabalho das oficinas é absolutamente essencial. Mas ainda sem vacina, o que deve ser feito nesses centros de serviço automotivo para proteger profissionais e clientes? Auto Revista Pernambuco, a partir de informações fornecidas pela Centro de Experimentação e Segurança Viária (Cesvi Brasil) apresenta, a seguir, um conjunto de cuidados e medidas sanitárias mais rígidas que permitem equilibrar a execução dos serviços nos carros com a segurança que todos precisam. De acordo com a instituição, hoje “muitos clientes com problemas nos veículos os deixam sem a manutenção ou o reparo necessário por receio de que a oficina seja um foco de contaminação pelo novo coronavírus”. Para evitar, isso, seguem as recomendações. Para as oficinas • Implementar um sistema leva-e-traz para dar comodidade e poupar o cliente de ter de sair de casa. • Ao receber o carro, fazer uma lavagem antes de tudo, para proteger os profissionais que entrarão em
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contato com ele. • Oferecer para os clientes serviços de limpeza para o veículo como a oxi-sanitização (limpeza com ozônio, gás com conhecido poder de eliminação de vírus e bactérias). • Colocar proteção nos bancos, no volante e na alavanca do câmbio. • Ter sempre álcool em gel disponível e de fácil acesso em todos os ambientes da oficina. • Determinar que todos os funcionários usem máscaras durante todo o expediente. • Oferecer máscaras e sachês de álcool em gel para os clientes. • Dar preferência para os pagamentos em cartão e sempre higienizar a máquina após o uso. • Restringir o acesso dos clientes ao interior da oficina, sempre explicando que se trata de uma medida de segurança. • Ter à disposição um medidor de temperatura para controlar e impedir a entrada de pessoas que estiverem com febre. • Nos ambientes com ar condicionado da oficina, fazer periodicamente a limpeza e trocar os filtros, se houver. • Colocar cartazes com as medidas de distanciamento social, descrevendo os principais cuidados (como não abraçar e não trocar apertos de
mão, além de manter distância segura uns dos outros). • Reforçar a necessidade desses cuidados em palestras (de preferência, em vídeo) para os funcionários, explicando os principais riscos de contágio. Para os clientes • Perguntar, por telefone e antes de ir à oficina, se ela oferece o serviço de leva-e-traz e priorizar estabelecimentos que têm essa comodidade. • Antes da entrega do carro para a oficina, retirar os objetos pessoais que estejam nos espaços internos (portas, bolsos dos bancos, console, bancos, porta-luvas e porta-malas). • Evitar que pessoas do grupo de risco (idosos, hipertensos, diabéticos e portadores de outras doenças que enfraquecem o sistema imunológico) vão à oficina. Caso tenha disponível, pedir a um parente que não seja do grupo de risco para realizar as tarefas que demandem alguma exposição. • Entrar em contato com o mínimo necessário de profissionais dentro da oficina. E se for possível, evitar os ambientes climatizados. • Após o recebimento do carro, caso a oficina não ofereça o serviço de oxi-sanitização ou um similar, levá-lo imediatamente para um centro automotivo que realize o procedimento.
Clássicos
Arnóbio Tomaz
GURGEL BR800 O Brasil já teve o seu carro 100% nacional. Mas sua produção durou apenas dois anos e atualmente restam poucas unidades dele rodando pelo país
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Gurgel BR 800, idealizado pelo engenheiro mecânico João Augusto do Amaral Gurgel, foi o primeiro automóvel fabricado com tecnologia exclusivamente nacional. Seu motor, de apenas dois cilindros e 800 cilindradas, era produzido na própria indústria da Gurgel, em Rio Claro, estado de São Paulo. Ele foi um veículo polêmico, do
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início de seu projeto ao fim da produção. Originalmente, fora batizado de Gurgel Cena, mas o piloto Airton Senna se manifestou contrariamente ao nome. O modelo também deixou de ser fabricado em meio a muita discussão, o que remete ao seu lançamento problemático. Quando começou a ser produzido em série, durante o governo do pre-
sidente José Sarney, o pequeno automóvel foi agraciado com a redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), tendo sido o verdadeiro pioneiro no segmento dos “carros populares”, hoje dominado por modelos de mil cilindradas de diversos fabricantes estrangeiros (inclusive por aquele que dizem ter sido o primeiro, o Fiat Uno Mille). Na época, o BR 800 pagava apenas 5% de IPI, enquanto os demais veículos tinham uma taxa que variava entre 37% e 42%. O benefício concedido à Gurgel, em prol da indústria nacional, foi duramente atacado pelas concorrentes multinacionais. Além disso, esse desconto no imposto não foi suficiente para baratear o modelo. O sistema de vendas inicialmente praticado, de comercialização do carro junto com lotes de ações da Gurgel, elevou seu preço e fez com que ele não conseguisse concorrer diretamente com os modelos econômicos da Volkswagen e da Fiat. Apresentado em 1987, o BR 800 tinha uma concepção peculiar e, em diversos aspectos, avançada para a época, principalmente por ser muito leve e compacto. Lançado para o público em uma versão definitiva no Salão do Automóvel de 1988 no Anhembi, em São Paulo, ele teve a produção iniciada em 1989. Seu motor, denominado Gurgel Enertron, muito limpo e econômi-
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co (fazia até 25 km/l de gasolina), chegou a receber um prêmio na Europa. Até hoje, sua mecânica é tida como de fácil manutenção e grande durabilidade. Com a experiência acumulada com o modelo, o fabricante projetou dois sucessores, destinados a faixas de mercado diferentes: um mais personalizado, atraente e luxuoso, ainda que mais caro, e outro que seguisse a linha da máxima eficiência na produção e operação, que pudesse ser realmente popular e barato. Para atender o primeiro projeto, entrou em produção, no início de 1992, o Supermini. Já para o segundo, estava sendo desenvolvido o projeto Delta, mas esse ainda não estava pronto e dependia de financiamentos para a expansão da empresa e a construção de uma nova fábrica. Ele seria baseado em um novo modelo de produção modular e descentralizada - única maneira de proporcionar preço de venda verdadeiramente “popular”. Com as complicações financeiras que a Gurgel enfrentou, no entanto, o projeto Delta não teve continuidade. A Gurgel Motores S/A funcionou até 1994, mas a marca foi posteriormente adquirida pelo empresário Paulo Freire Lemos em 2004. O BR 800 parou de ser produzido no fim de 1991, mas algumas unidades ainda foram comercializadas em 1992 como ano/modelo 1992.
Novo Mercado Alexandre Costa Cconsultor especializado em inovação para o setor automotivo, palestrante e diretor da Alpha Consultoria alpha@alphaconsultoria.net
Não é hora de ganhar dinheiro, mas sim de fazer caixa.
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ão, você não leu errado o título! Não, mesmo! Inclusive, se parou para ler esse artigo é porque acertei no tema. Precisava chamar sua atenção para o assunto, afinal, há uma diferença entre os dois conceitos, e entendê-los pode ajudar na condução do seu negócio! Observe que enquanto o termo “ganhar dinheiro” tem uma definição mais ligada ao lucro, o que não é nada mal, afinal, é isso que mantém o negócio vivo, o conceito de “fazer caixa” significa produzir o maior nível de recursos possível para a empresa. Aparentemente, um está diretamente ligado ao outro, mas o último, nesse momento em que vivemos, foi o mais relevante, sem sombra de dúvidas. Digo isso porque muitas empresas sentiram os efeitos mais fortes da crise econômica poque não possuíam caixa para passar pelos momentos mais difíceis desse período de escassez de demanda e baixa circulação de dinheiro. Justamente contar com um caixa positivo na empresa pode ter sido a diferença entre passar pelas intempéries do mercado de forma mais ou menos turbulenta. Em períodos difíceis o Caixa é que
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faz a diferença! Assim que iniciou a Pandemia, e um cenário de incertezas se formava, empresas com Caixa positivo puderam antecipar férias de funcionários, sobreviver a restrição de crédito dos fornecedores, e manter os compromissos honrados, tudo isso sem recorrer a banco ou financiamento externo. Isso foi a grande vantagem competitiva dessas empresas. As que não tinham reservas, sentiram o peso da crise. Algumas não sobreviveram. Por isso seu negócio precisa ser capaz de gerar Caixa. Seja uma oficina, centro automotivo, revenda de peças ou distribuidor. Não importa o segmento, a capacidade de gerar receita é que Irá definir o futuro da sua empresa. Por isso, deve-se pensar em um jogo de curto prazo para garantir o longo prazo. Ou seja, cada serviço ou peça vendido, deve garantir que haverá uma margem de ganho que permita acumular uma reserva financeira. E o quanto antes conseguir fazer isso (curto prazo a que me refiro), maior será seu caixa com o passar do tempo (longo prazo). Se você tem uma oficina, a maneira mais fácil de gerar Caixa é concentrar o foco em serviços rápidos,
que são aqueles que possuem baixa complexidade, não exigem mão de obra especializada, ferramental ou equipamento específico e cujas peças são fáceis de encontrar. Somados esses fatores é possível realizar esses serviços e finalizá-lo no mesmo dia, no máximo entregando o veículo no dia seguinte. Quanto antes se entrega o carro, antes o dinheiro entra na empresa, e daí advém a formação de Caixa. Mas, para ter sucesso nessa estratégia é preciso escolher bem o serviço, como revisão, serviços de undercar e troca de fluidos, agregar a troca de peça/fluidos a cobrança de mão-de-obra e evitar veículos com baixa frota circulante. Já os serviços complexos, como diagnósticos sofisticados ou trabalhos em modelos importados de baixo volume de vendas imobilizam seu box, comprometem a sua mão-de-obra, sobrecarregam o setor de estoque e compras, além de não garantir o recebimento no curto prazo. Por isso, seria bom evita-los, ao menos nesse momento. Portanto, analise seu negócio e descubra como pode gerar negócios rápidos que otimize seu Caixa no curto prazo! Lembre-se, “O Caixa é Rei”!!
Perspectiva de Mercado Flávio Portela Executivo e palestrante. Formado em Administração de Empresas com MBA em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral-SP flavio.portela@globo.com
Pronto para a retomada? Hora de planejar e investir O momento é favorável para o crescimento do setor de reposição e é preciso estar preparado para aproveita-lo
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ão foram dias fáceis. Cerca de 10% dos estabelecimentos comerciais com pelo menos um funcionário fecharam suas portas no período mais árduo da pandemia. Falamos aqui de aproximadamente 135 mil lojas nos mais diversos segmentos comerciais. Mas muitas empresas foram rápidas na transformação dos seus negócios, se adaptaram às necessidades de seus clientes e, definitivamente, começaram a entender financeiramente suas operações. Essas empresas já estudam como fortalecer seus caixas para que novas situações imprevisíveis não acabem com anos de trabalho, sonhos e realizações. Aos poucos a produção de veículos começa a ser retomada. Em agosto já tivemos um crescimento de 23,6% em comparação com o mês de julho, porém ainda amargamos uma queda anual de 21,8%. Até o momento, 1,1 milhão de veículos foram produzidos em solo nacional, contra 2 milhões no mesmo período de 2019. Isso representa
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uma queda de 44,8% na produção. Com 4.100 empregos perdidos na indústria automotiva, a retomada será em módulos. A recomposição de mão de obra é uma tarefa a ser ajustada, para voltarmos aos melhores níveis de produção. Foram perdidos muitos empregos em todo o Brasil, criando insegurança nos agentes financeiros. Antes da pandemia, em cada 10 solicitações de financiamentos de veículos, 7 eram aprovadas prontamente. Hoje, para cada 10 solicitações enviadas para os agentes financeiros, 4 são aprovadas. Novos tempos. Nesse cenário, as oportunidades para o setor de reposição estão vindo à tona todos os dias. Com a produção reduzida e a necessidade de proteção da saúde, consumidores começam a buscar veículos usados, seminovos. Eles estão comprando, reparando, modernizando... Assim, movimentam todo o segmento. Mais veículos estarão nas ruas, o mercado automotivo evoluiu 5 anos em 5 meses e precisamos ficar atentos.
O consumidor pode até estar mudando o seu mindset, ficando mais digital, porém precisamos entender o foco e o modo de pensar dos “nativos digitais”, ou seja, as pessoas que já nasceram com o celular nas mãos, e dos “imigrantes digitais”, que representam mais de 100 milhões de brasileiros e em grande parte com bom poder de compra. Para este público, o universo digital começa a se tornar real no momento em que suas expectativas são amplamente atendidas. Uma coisa é certa: os consumidores estão ávidos por tecnologia e novidades. As montadoras estão se transformando rapidamente e a cada dia chegam com produtos diferenciados para conquistar consumidores. Neste momento, o mercado de reposição precisa buscar informação, treinamento, precisa se “conectar” todos os dias com o mundo digital. Finalizo com uma dica: programas de relacionamento sempre ajudam os profissionais a se atualizarem.
Recursos Humanos
Izabel Bandeira Psicóloga e coach izabelband@hotmail.com
Como atrair, encantar e reter os clientes no novo cenário É preciso se adaptar ao momento que estamos vivendo, de busca cada vez mais veloz por inovação e superação das expectativas dos clientes
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udanças sociais e econômicas e o surgimento de novos formatos de negociações são fatores que influenciam de forma acelerada os novos hábitos dos clientes. Com tantas transformações ocorridas nos últimos meses, adaptar-se ao novo perfil destes clientes se torna um desafio constante, com uma necessidade sempre presente de criar estratégias para que os clientes continuem fazendo parte da carteira da empresa e, com isso, atraindo também novos consumidores. A era digital já sinalizava sua chegada nos diversos segmentos da economia, no entanto o momento exigiu que as empresas e as pessoas se reinventassem de forma acelerada, não deixando outra opção para que elas garantissem sua sustentação e sua sobrevivência. O novo cenário exige, cada vez mais, o olhar para as pessoas, ou seja, deve-se perguntar: que sinais os meus clientes internos e externos estão apresentando?
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As pessoas se tornaram mais informadas graças à era digital. Elas também ficaram mais imediatistas e querem agilidade. Sendo assim, para causar impacto nesse novo perfil de cliente cabe às empresas estarem preparadas, usando todas as ferramentas de tecnologia e digitais e com o seu time munido de novos conhecimentos, habilidades e atitudes para encarar o novo modelo de negócio. A era digital exige um olhar mais atento e uma maior percepção do conhecimento do perfil dos clientes, observando fatores como idade, sexo, hábitos de compra, sazonalidade, por quais os meios eles interagem (redes sociais, chats, contato online ou presencial) e histórico de vendas da empresa para eles. Todas essas informações são necessárias para que o time da empresa consiga captar, encantar e reter esse novo perfil de cliente, que busca cada vez mais agilidade, informações precisas, comodidade, segurança,
credibilidade e confiança. Os fatores citados acima sempre foram atrativos para que a empresa pudesse se sustentar, só que no formato antigo de negociações através do corpo a corpo e do olho no olho - isso se tornava mais fácil. Hoje contamos com a ajuda da tecnologia, que nos permite fazer negócios com o mundo inteiro através da era digital, e assim a concorrência aumenta. O grande diferencial, no entanto, ainda é a capacidade do ser humano de se mostrar na hora da verdade, que é o momento do contato com o cliente, e provar que está preparado para superar as expectativas no novo cenário. Por isso, se reinvente com tecnologia e com as plataformas digitais, mas nunca esqueça de capacitar seu time para que ele esteja em harmonia com essas novas ferramentas, pois são as pessoas que ainda fazem a diferença. Sucesso ! Até breve.
Novo Olhar Claudio Araujo claudioaraujo@secrel.com.br www.exitotreinamento.com.br
Atendimento, o sucesso da sua oficina A fidelização e a conquista de novos clientes passa pela forma como eles se sentem acolhidos para resolver o conserto do veículo com custo atrativo, qualidade e no menor prazo possível
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hora da verdade” é o título de um livro de Jan Carlzon no qual o autor nos lembra que a única coisa que realmente importa é o que acontece na hora do atendimento. Ou seja, “a hora da verdade” é o momento em que o cliente entra em contato com a equipe da linha de frente: é nessas ocasiões que ele forma sua imagem sobre a empresa e é essa experiência que faz com que possa voltar, ou não, a procurar os seus serviços ou ir para o concorrente. A confiança é o primeiro Fator Chave de Sucesso (FCS) da lista dos fatores de importância que são considerados no momento da escolha por uma oficina. Cmo diz James C. Hunten no livro “O monge e o executivo”: a confiança é a cola dos relacionamentos. Inspirados neste conceito, gostaríamos de ressaltar que o atendimento é o ponto de maior relevância na relação de fidelização da carteira de clientes de uma oficina. Mapear todos os pontos de contato com o cliente e promover momen-
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tos de experiências de qualidade no atendimento são, sim, grande diferenciais competitivos. Desta forma, elencamos cinco fatores marcantes na trajetória deste cliente, que podem ser caracterizados como o momento da verdade. São eles: 1. O atendimento inicial A chegada do cliente na oficina é um ponto chave. A forma como ele é atendido vai formatando o nível de relacionamento na experiência de consertar seu veículo. Iniciamos com a atenção ao tempo de espera para o atendimento. Faça uma abordagem inicial e, se houver fila de espera, mostre atenção durante este momento, solicitando alguns minutos. Procure fazer um cadastro completo do seu cliente, isso será importante para contatos futuros. Procure ouvir com atenção as reclamações, tendo o cuidado de ver que ele pode estar desconfortável por não entender de mecânica automotiva. Neste momento, passe confiança e segurança quanto ao cuidado com o carro dele e garanta
que tudo será solucionado dentro da expectativa (isso no caso de sua oficina ter a solução). 2. Apresentação do orçamento Diante do diagnóstico e do orçamento realizados pela equipe técnica, chega a hora de apresentar ao cliente. Faça uma exposição do problema identificado e, de forma objetiva, explique as soluções que serão necessárias, por partes, e o investimento necessário. A proposta de solução por partes permite ao cliente optar por todas ou por parte delas, evitando a saída do veículo para outra oficina. Apresente todas as alternativas de pagamento e ressalte a garantia que sua oficina oferece. Isso dará mais segurança. Importante também, neste momento, é o acerto do prazo de entrega do carro ao cliente. Ele vai criar toda uma programação especial no seu dia, em função deste horário combinado com você. Outro ponto importante é preparar o cliente para uma possível mudança no orçamento ou mesmo no prazo de entrega
por motivos excepcionais no decorrer da execução do serviço. 3. Serviço em execução Sabemos que o processo de execução do serviço é passível de mudanças por muitas variáveis, como a inclusão de mais peças ou serviços. Neste ponto entra um momento tenso do relacionamento com o cliente, porque duas coisas que ele certamente não deseja é saber que será necessário aumentar seu orçamento inicial ou que o carro não será entregue no prazo que ele já tinha conhecimento. Diante da necessidade de comunicar esses problemas, a abordagem deve ser cuidadosa, feita por um profissional habilitado e, se possível, levando alternativas para o cliente. Evite fazer este tipo de contato com prazo muito perto do que foi acordado para entrega do veículo. Quanto mais tempo o cliente tiver para refazer seu planejamento do dia, menor o nível de impacto na rotina dele e de ruído no relacionamento com a oficina. 4. Entrega técnica É o momento da entrega do veículo e fechamento da OS. Neste caso, faça uma exposição dos serviços
Faça uma abordagem inicial e, se houver fila de espera, mostre atenção durante este momento, solicitando alguns minutos.
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realizados, incluindo a apresentação das peças velhas, como forma de fortalecer a confiança, e veja a possibilidade de apresentar algumas dicas preventivas. Caso você perceba que o cliente não gosta deste detalhamento, seja ágil e já encaminhe para o fechamento da OS. Neste fechamento, mostre a relação entre o combinado e o entregue, exponha as formas viáveis de pagamento conforme já havia sido apresentado no momento do atendimento inicial e feche com a apresentação da garantia das peças e serviços. Caso seja possível, procure identificar o nível de satisfação do cliente. É recomendável entregar o veículo já na saída da oficina e, se possível, na melhor apresentação. Diante da estatística de que a passagem média de um cliente por uma oficina é de 2 a 3 vezes por ano, isso nos leva a crer que é muito tempo para ficarmos longe dele. Considerando isto, gostaríamos de ressaltar a importância da estratégia de comunicação contínua com os clientes. A gestão de marketing, hoje, conta com inúmeras ferramentas de relacionamento digital com o público consumidor e as oficinas têm um patrimônio
imensurável, que é seu banco de dados (ressaltamos aqui a importância de fazer um bom e rico cadastro no momento do atendimento inicial). A união de um bom cadastro com as ferramentas digitais e um plano de marketing fará com que a oficina possa manter um contato simpático e contínuo com seus clientes e também permite captar novos clientes. 5. Pós-venda A sugestão é abordar o cliente uma semana depois do serviço. Após esse período, ele já estará apto a avaliar como ficou seu veículo e este é o momento de conhecer a sua real satisfação. Mesmo sabendo da dificuldade de realizar este contato, seja por ligação ou mensagem, não se deve abrir mão da oportunidade de ouvir uma parcela de no mínimo 30% dos clientes atendidos. A pesquisa deve ser rápida e relevante com no máximo 5 perguntas, onde o cliente possa atribuir notas de 1 a 5 para cada questão e, no final, tenha um espaço para apontar críticas ou sugestões. O resultado da pesquisa de pós-venda será de muita relevância para o trabalho de feedback com a equipe da oficina. Sucesso.
Componente
RESPIRE FUNDO E…TROQUE O FILTRO! A cabine do veículo é um ambiente onde motorista e demais ocupantes passam muitas horas. Por isso, o filtro responsável pela purificação do ar é um componente essencial
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magine-se na seguinte situação: limitar a área do seu quarto a apenas 30% do total, com um ar condicionado que não é limpo há anos, e lá permanecer por horas. Parece assustador? Isso dá uma ideia da importância do filtro de cabine, componente que não fica à vista e trabalha silenciosamente pela saúde de motorista e ocupantes de um caminhão durantes as viagens. Sua principal função é reter impurezas, principalmente poeira e fuligem, e alguns gases nocivos do ar, garantindo que ele chegue mais puro ao interior do veículo. O ar de má qualidade pode trazer cansaço, dificultar a visibilidade do
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motorista (especialmente à noite) e levar a problemas como insuficiência respiratória, rinite, infecções na garganta e irritação dos olhos. Por isso, o recomendável é verificar o filtro de cabine a cada 15 mil km ou de acordo com as especificações do fabricante, caso o veículo rode muito em situações extremas como estradas empoeiradas ou no ambiente poluído das grandes metrópoles, por exemplo. Vamos citar aqui dois tipos de filtros de cabine: o de partículas e o de carvão ativado. O primeiro tem como elemento de filtragem fibras capazes de reter elementos de apenas alguns milionésimos de milímetro.
Sua função é proteger os ocupantes do veículo contra poluentes como poeira, pólen, fuligem, fumaça de óleo diesel e outras partículas. Já o filtro de carvão ativado é capaz de evitar que gases nocivos à saúde como óxidos de nitrogênio, dióxido de enxofre e ozônio cheguem à cabine. Esses gases, vale ressaltar, são inimigos até mais perigosos que as partículas, porque são transparentes e podem ser até inodoros (sem nenhum cheiro). Neste tipo de filtro, a retenção do carvão ativado é através do processo de adsorção, no qual
O ar de má qualidade pode trazer cansaço, dificultar a visibilidade do motorista e levar a problemas como insuficiência respiratória, rinite, infecções na garganta e irritação dos olhos.
átomos e moléculas de determinada substância são retidas em contato com o elemento adsorvente. Uma estrutura de carvão ativado forma uma camada com poros 10 mil vezes mais finos do que um fio de cabelo humano. Além disso, a capacidade de retenção é muito grande. A área de superfície em apenas uma colher de chá de carvão ativado é maior do que a de um campo de futebol. Os sinais de que pode haver problema no filtro de cabine são discretos, mas com um pouco de atenção o motorista vai perceber que algo precisa ser feito. Se forem observados problemas como um ambiente que deixa os olhos e as vias respiratórias irritadas, mau cheiro e janelas embaçadas, vale uma checagem do filtro. Outro indicativo é a perda de eficiência do ar condicionado. Se o condutor notar que para obter a mesma refrigeração que ele tinha esteja sendo preciso aumentar o nível do ventilador, este é mais um indício. Seguem alguns dados sobre o ar que respiramos quando estamos dentro de um veículo, para mostrar como é essencial manter o filtro de cabine
em bom estado. Durante a condução por apenas uma hora, um volume de até 200 mil litros de ar vai para o interior da cabine. Em locais com grande trânsito de veículos a diesel e com motores grandes, como caminhões e ônibus, um dos gases emitidos é o dióxido de enxofre, que só o carvão ativado é capaz de evitar que ele cause a contaminação da cabine. Vale ressaltar, por fim, que além dos benefícios para a saúde, a substituição do filtro de cabine no tempo certo faz bem para o bolso. Em primeiro lugar, porque ajuda o bom funcionamento e aumenta a vida útil do ar condicionado, evitando que as impurezas circulem pelos dutos e por todo o sistema. E depois porque representa economia de combustível. Quando o filtro está muito sujo, uma das consequências é a saturação dos difusores de ar no painel, o que faz com que o ar condicionado seja mais exigido. E como o ar condicionado é diretamente ligado ao motor, é este último que vai precisar trabalhar com mais potência, gastando uma quantidade maior de diesel.
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Caminhão elétrico
Antes tarde do que nunca A eletrificação está chegando de forma tímida ao mercado de caminhões do Brasil. Um modelo já está sendo comercializado e outro deve chegar no primeiro semestre de 2021
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enos barulho, menos poluição. Se todos os caminhões que rodam nas cidades fossem elétricos, teríamos esse quadro de redução de incômodo. Bem, essa realidade ainda está distante de nós, mas a boa notícia é que existe pelo menos um modelo à venda, em nosso mercado, que não usa mais os ruidosos motores a diesel. Trata-se do Jac iEV1200T, “primeiro caminhão urbano 100% elétrico do Brasil”, segundo a Jac Motors, montadora chinesa que atua no País e tem investido na comercialização de modelos movidos a eletricidade. Com preços a partir de R$
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349.900,00, o veículo custa no mínimo 70% a mais que similares a diesel. Ele está na categoria de Peso Bruto Total de 8 toneladas, o que lhe confere a capacidade de rodar dentro das cidades, onde é proibida a circulação de caminhões grandes. A autonomia é de até 250 km com o ar condicionado desligado (com o equipamento ligado, é de 200 km), o que dá perfeitamente para atender a demanda de empresas de entrega durante o dia e recarregar na garagem somente à noite. Apesar do preço alto, o iEV1200T, segundo a Jac, “possui um custo total por km rodado de 4 a 5 ve-
zes menor que seu equivalente a diesel”. De acordo com a empresa, isso acontece porque o custo com manutenção é menor: o motor elétrico não tem componentes como câmbio, radiador, filtro de ar, filtro de óleo, filtro de combustível, sistema de escapamento, correias, bico injetor e bomba de injeção, por exemplo. Já em relação ao custo com energia para mover o motor, no caso do Jac o custo do km rodado é de cerca de 0,25 centavos. No caso de um caminhão a diesel da sua categoria, considerando o preço do litro de óleo diesel a R$ 3,66, o km sairia
por aproximadamente R$ 0,28. A diferença, portanto é muito pouca. Mas considerando o gasto total (manutenção e combustível), o modelo elétrico sairia ganhando. Uma vantagem indiscutível do caminhão da Jac Motors, obviamente, é o ganho ambiental. Motor elétrico não polui nem faz barulho, o que é um benefício tanto para quem usa o caminhão quanto para o ar da cidade onde ele roda. Considerando o nível de ruído de qualquer motor grande a diesel, não há como questionar o Jac iEV1200T nesse quesito. Mas se o caminhão da Jac Motors foi o primeiro elétrico a ser comercializado no Brasil, provavelmente o que terá mais impacto é o e-Delivery, da Volkswagen, “o primeiro desenvolvido” no país, segundo a montadora. Isso porque, diferentemente da marca chinesa, a Volkswagen tem capilaridade,
com concessionárias em todo o território nacional e é uma marca já bastante consolidada. Na categoria de 14 toneladas de Peso Bruto Total, o e-Delivery foi concebido na configuração 6x2 e a previsão é que ele chegue ao mercado no primeiro semestre do próximo ano. Não foi informado o preço, ainda. Já existem informações disponíveis sobre o caminhão. O motor elétrico dele entrega até 350 cv de potência e a autonomia é de até 200 km, variando de acordo com as condições de operação. A recarga das baterias pode ser realizada de forma flexível (30% em 15 minutos ou 100% em 3 horas, dependendo do carregador). Seguindo o padrão da maioria dos veículos elétricos (incluindo o caminhão da Jac Motors), o freio possui sistema dinâmico de regeneração, ou seja, a energia durante a frenagem é usada para recarregar as baterias. Por fim, outra opção que encontramos no Brasil de caminhões elétricos são os modelos da BYD que, assim como a Jac Motors, é chinesa. De acordo com o site
brasileiro da montadora (www. byd.ind.br), são dois modelos: eT7 11.200 Delivery e eT8 21.250 Multi. Ambos têm autonomia de aproximadamente 200 km. Os preços não são informados na página. Como os modelos da BYD estão no site e a divulgação faz entender que eles já estão disponíveis para comercialização, procuramos a empresa para obter informações sobre preços, concessionárias, atendimento pós-venda e unidades que já estão rodando. Até o fechamento desta edição, no entanto, nenhum dos questionamentos foi respondido. Logo, não foi possível saber se realmente eles são uma opção realmente concreta. Pelo que percebemos, a eletrificação da linha pesada começa a dar passos tímidos no Brasil. Mas assim como acontece com os carros de passeio, o uso de motores elétricos ou híbridos para substituir os 100% a combustão parece ser um caminho sem volta. O grande salto poderá se dar com o lançamento do e-Delivery, pela força da marca Volkswagen. É esperar e torcer para dar certo.
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Gestão e controle Haroldo Ribeiro Consultor especialista em prevenção de perdas e gestão de estoques para o varejo Brasileiro e sócio da Max Result Consultoria de Resultados. haroldo@marxresult.com.br
A importância da prevenção de perdas Esta atividade é essencial para as empresas. Especialmente no setor automotivo, que lida com um grande número de itens e estoques complexos
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área de prevenção de perdas é um setor altamente estratégico dentro de uma empresa. Por definição, a prevenção de perdas é uma técnica de gestão organizacional que envolve vários processos e ferramentas com objetivo de prevenir, combater e eliminar as perdas potenciais. A primeira abordagem que eu faço é, na verdade, um questionamento: Até que ponto as empresas entendem, hoje, o quanto essa área é importante para o seu negócio? Pesquisas recentes apontam que o percentual de empresas do varejo brasileiro que possuem uma área voltada para redução das perdas e prejuízos ainda é mínima. No setor automotivo, esse dado é ainda mais alarmante, pois o índice de perdas do segmento sequer é conhecido. Talvez por esse motivo, a preocupação em estruturar um setor com o objetivo de combater os prejuízos ainda não cause nenhum incômodo na gestão. O fato é que a visão dos dirigentes precisa ser mais ampla e entender que a área de prevenção de perdas é fundamental e dá retorno financeiro. E ela precisa atuar além dos limites da sua empresa. E por que eu falo isso? Porque a prevenção de perdas não pode achar
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que ela deve atuar sobre somente um elo da cadeia de suprimentos, no caso, a loja. Muitos processos ocorrem fora da empresa. A compra, por exemplo, é um desses processos. Ela começa no setor administrativo, com a intenção de compra, e termina fora dela, com o pedido concretizado na mão do fornecedor. Portanto, o produto percorre um longo caminho até que chegue ao setor de recebimento da empresa. Essa relação com o fornecedor, fazendo-o entender que a empresa está atenta aos prazos de entrega, à qualidade dos produtos, à integridade das embalagens e à validade sem incorrer em datas críticas (próximas de vencimento), faz parte da atuação da prevenção de perdas, que dita suas regras de forma clara, expondo o seu papel. Dessa forma, a atuação é preventiva. Não é difícil ver empresas ou profissionais dessa área muito voltados para a solução do problema e pouco voltados para a prevenção dele. O ideal é que o esforço seja sempre com o foco em evitar. Remediar, só em último caso. Uma vez entendida pela direção da empresa a imperiosa necessidade de ter uma área de prevenção de perdas no seu organograma funcio-
nal, o passo seguinte é dos mais importantes. É a estruturação adequada do departamento de Prevenção de Perdas. O organograma da área até varia de empresa para empresa, mas não deve deixar de ter os cargos que são inerentes às atividades do setor, como um gerente ou coordenador de prevenção que se reporta a uma diretoria, normalmente de operações ou de logística (o mais adequado, mesmo, é que seja à presidência), fiscais de prevenção (que são lotados nas lojas e monitoram o recebimento de mercadorias, o fluxo e o controle de clientes e acompanham os ambientes pelo CFTV para combate aos furtos), um analista de inventários, que trata das divergências dos inventários gerais e rotativos, e um analista de métricas, responsável pelo tratamento de todas as informações relevantes, transformando-as em indicadores de desempenho da área. Os grandes desafios são, portanto, primeiro fazer a empresa entender a importância do setor de prevenção de perdas, e em seguida, essa área de prevenção de perdas enxergar até onde sua visão crítica consegue chegar para prevenir os desperdícios.