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DESTINOS
Todas as cores
Salvador é uma das cidades mais exóticas que você pode conhecer sem sair do país
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POR ELLEN NOGUEIRA
Alerta para conteúdo produzido pré-pandemia, mas que a gente acredita que já faz sentido compartilhar com você para que você possa, no seu ritmo, se programar.
Quando eu postei no Instagram que passaria alguns dias em Salvador, muita gente torceu o nariz e disse que a cidade não vale a visita. Falaram que é caótica, mal cuidada e que os baianos são implacáveis com os turistas, aplicando golpes e importunando a todos os que se aproximam de cada um dos pontos turísticos.
Isso tem um pouco de verdade, é claro. Mas eu acredito muito que lugares turísticos têm sempre dois lados, o da beleza e o do caos. Cabe a cada um saber administrar o que não curte muito, fazer um bom planejamento e selecionar os melhores pontos para que a viagem valha a pena. Foi assim que planejei a ida a Salvador e posso dizer que me surpreendi com a beleza da cidade e a simpatia de um povo sofrido mas que dá lições diárias de como viver bem, com simplicidade e alegria.
Sim, Salvador é um lugar onde a gente se sente um pouco estrangeiro, ao mesmo tempo em que descobre um Brasil super raiz. Logo de cara o que chama a atenção é a quantidade de cidadãos negros ou pardos, que representam quase 80% da população soteropolitana, segundo dados do IBGE de 2018. Igrejas também são muitas. Muitas mesmo. São mais de 370 templos católicos e por lá eles dizem que a cidade tem uma igreja para cada dia do ano. Estas duas características principais fazem a receita principal da capital baiana, o sincretismo religioso onde os símbolos católicos compartilham espaços com os do Candomblé.
Para o bem ou para o mal, qualquer atividade que em outras cidades seria corriqueira – ir à praia, comer, participar de uma festa – em Salvador se torna uma experiência cultural, tantas são as diferenças culturais para o resto do Brasil e sobretudo para quem é de Curitiba.
A cidade é grande e realmente não é muito fácil circular por lá, mas planejando direitinho dá tudo certo, vai por mim. Selecionei alguns dos lugares que mais gostei por lá e passo aqui algumas armadilhas que você pode facilmente evitar. Vamos lá, então.
3 NOITES SÃO SUFICIENTES
Numa primeira viagem a Salvador, você vai precisar de 2 dias inteiros (ou seja, 3 noites) para visitar as principais atrações. Com mais dias, você pode ir além da turistagem básica e fazer uma viagem mais gostosa, aproveitando para pegar praia (se não for na época da chuva) e curtindo a noite sem o compromisso de acordar cedo no dia seguinte para cumprir as obrigações turísticas.
PELOURINHO
Com geografia acidentada, ruas estreitas, trânsito moroso, falta de segurança e pouco planejamento, vale muito a pena se deslocar pela cidade de Uber. O sucesso da empreitada começa sabendo exatamente o que você quer conhecer. O Pelourinho requer uma certa habilidade. Por receber turistas do mundo todo, é o lugar em que há a maior abordagem de vendedores de colares e badulaques e, é claro, golpistas. Por outro lado, é um lugar imperdível. Patrimônio da Humanidade, representa o Centro Histórico de Salvador, com construções erguidas nos séculos 17 e 18. São basicamente sete ruas com calçamento de pedra que concen-
Qualquer atividade que em outras cidades seria corriqueira em Salvador se torna uma experiência cultural
1. O Forte de São Marcelo, também conhecido como Forte do Mar, é um dos destaques de Salvador. 2 e 3 . Almoço no restaurante Mar, na Bahia Marina 4. O Farol da Barra é o lugar certo para fotos inesquecíveis
tram ateliês, museus, lojinhas, restaurantes e igrejas. Muita cor, história e uma dose de um Brasil que a gente não vê todos os dias.
Minha dica é começar pela Igreja e Convento de São Francisco. Logo na entrada, é impossível não ficar embasbacado com o reluzente dourado do chão ao teto – a igreja barroca é a segunda mais rica em ouro no Brasil. Do outro lado do Terreiro de Jesus, a Catedral Basílica é a segunda mais importante da cidade, mesclando barroco e renascentismo. Facilmente reconhecida pela fachada de pedra de lioz, seu interior é ornado com imagem de São Salvador no altar e uma curiosa nave em relevo com pinturas tridimensionais.
As ruas do Pelourinho trazem alguns museus como o Solar do Ferrão, especializado em arte sacra e esculturas africanas, o Museu da Cerâmica Udo Knoff, cujo acervo engloba 100 azulejos que revestiam as fachadas da cidade e a Fundação Casa Jorge Amado.
A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos fica na parte baixa do Pelourinho. Construída por escravos, seu interior é todo em madeira. Aos domingos às 10h é rezada uma missa ao som de atabaques. Após uma boa caminhada pelas ruas irregulares seu estômago vai pedir uma boa refeição. A região é bem servida de restaurantes e vale dar uma olhada no Trip Advisor para encontrar algum com o seu estilo. Almoçamos no Cuco Bistrô e tudo estava delicioso. FIQUE SÓ COM A VISTA DO ELEVADOR
Um conselho? Não precisa descer o Elevador Lacerda. Guarde na memória o visual da Baía de Todos os Santos com o circular Forte de São Marcelo, erguido sobre um banco de areia, em frente e a Ilha de Itaparica bem ao fundo. Lá embaixo o espaço é tomado por ambulantes e o claustrofóbico Mercado Modelo, cheios de quinquilharias e souvenirs de gosto duvidoso.
MUSEU DE ARTE MODERNA
Aqui sim está um lugar que você precisa conhecer. O Museu de Arte Moderna fica no Solar do Unhão, uma antiga fazenda na beira da Baía de Todos os Santos. Com um acervo repleto de artistas modernistas como Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi, Di Cavalcanti, é também um lugar perfeito para assistir ao pôr do sol com a baía ao fundo. Aos sábado o espaço conta com uma jam session que integra turistas e os moradores da cidade.
BAHIA MARINA
A melhor surpresa da viagem foi a Bahia Marina. A gente não tinha programado essa visita, mas a caminho do Museu de Arte Moderna descobrimos esse centro de lazer náutico que abriga restaurantes, lojas e uma vista sensacional para os barcos e para a Baía de Todos os Santos. Almoçamos no restaurante M’AR, que conta com uma cozinha contemporânea de frutos do mar, com uma abordagem única, conduzida pelo Chef Peu Mesquita. “O grande diferencial do restaurante é a valorização dos produtos locais”, destaca o chef, que já trabalhou no D.O.M., em São Paulo, com Alex Atala.
FAROL DA BARRA
O Farol da Barra é o símbolo maior da cidade e está em pelo menos uma dezena de músicas referentes a Salvador. Após subir os 81 degraus da torre recebe você tem como prêmio uma vista inesquecível do mar. O forte ainda abriga o interessante Museu Náutico da Bahia, com peças do naufrágio de uma embarcação portuguesa.
ESTICADINHA
Se não bastassem todas as suas atrações, Salvador ainda pode ser combinada na mesma viagem com alguma praia próxima, no Litoral Norte ou na Costa do Dendê. Preferimos ir para o Norte e adoramos cada uma das praias. É claro que a Praia do Forte (a 60km da capital) é a mais perfeitinha, por reunir beleza natural, lojinhas e uma estrutura completa para os visitantes. Mas há muito mais por conhecer por lá.
CONFIRA UM VÍDEO COMPLETO DA NOSSA PASSAGEM POR SALVADOR
UM CONSELHO? Não precisa descer o Elevador Lacerda. Guarde na memória o visual da Baía de Todos os Santos com o circular Forte de São Marcelo, erguido sobre um banco de areia, em frente e a Ilha de Itaparica bem ao fundo. Lá embaixo o espaço é tomado por ambulantes e o claustrofóbico Mercado Modelo, cheios de quinquilharias e souvenirs de gosto duvidoso.
O Deville Prime fica a 10 minutos do aeroporto internacional de Salvador
A estrela de Itapuã
Deville Prime Salvador é completo e com uma localização perfeita para curtir o melhor de Salvador e do litoral norte
Ficamos hospedados no Deville Prime Salvador, primeira unidade da rede paranaense Deville no Nordeste. Um dos hotéis mais completos da capital, o Deville tem tudo o que você pode querer em um hotel na Bahia. A começar pela vista do litoral e da praia de Itapuã, eternizada nos versos de Toquinho e Vinícius. A dez minutos do Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães e próxima às melhores praias de Salvador, este é um daqueles lugares perfeitos para descansar da correria turistona em Salvador. Entre uma maratona e outra para conhecer a cidade, aproveitamos as piscinas e a área verde que cerca o hotel. Um dos destaques é o restaurante Sabores de Itapuã, que se destaca por uma culinária que vai do clássico ao contemporâneo, sem esquecer os sabores da cozinha regional. Com projeto do arquiteto curitibano Jayme Bernardo, o espaço conta com uma atmosfera sofisticada com toque contemporâneo, integrando o restaurante à área verde e à piscina do hotel com seu amplo terraço. Perfeito para um café da manhã, que, aliás entrou para a lista dos melhores que já provamos, com frutas, sucos, pães deliciosos, doces e bolos com sabores locais e, é
Visual da janela do quarto do hotel, com o farol de Itapuã ao fundo
claro, a tapioca feita na hora que não poderia faltar. De presente ainda tivemos a visita de uma iguana ao lado da nossa mesa, na área externa do restaurante.
Por falar em restaurante, não deixe de conhecer o Mistura, que fica bem próximo ao hotel e é um dos melhores na cidade em frutos do mar. Bem pertinho também fica o Casa di Vina, restaurante especializado em comida mediterrânea e baiana. A casa é a mesma em que o poeta Vinicius de Moraes e a atriz Gessy Gesse viveram na década 70. Hoje o espaço abriga também um memorial aberto gratuitamente ao público, onde estão expostos objetos, fotos e documentos da história do casal e da iluminada passagem do poeta pela Bahia.
Depois de curtir tantos sabores, a estrutura do hotel ajuda a diminuir a culpa com pista de caminhada, academia de ginástica e as quadras de tênis. Não podemos esquecer de falar do 8º andar, que conta com apartamentos premium. São serviços diferenciados, que vão de amenities L’Occitane, passando por cápsulas de Nespresso a um menu de travesseiros, além de uma série de diferenciais que valem cada minuto.