Revista Literária Upbooks Março 2021

Page 1

REVISTA LITERÁRIA MAR 2021 -

EDIÇÃO 6

-

ANO 2

HISTÓRIAS INESQUECÍVEIS COMEÇAM COM PERSONAGENS INESQUECÍVEIS P.06 OS QUE ESPERAM NO SENHOR VOARÃO P.16 PAULO E TIMÓTEO: RECIPROCIDADE, LEALDADE, CONTINUIDADE. P.18 VIVEMOS NUM MUNDO DOENTE P.22

ALLANA COSTA UMA HISTÓRIA EDIFICANTE

1


Editorial O mês de março já se aproxima de seu final, nos trazendo reflexões profundas sobre o convívio humano, nossos limites e limitações em entender a profundidade das relações humanas, forçados muitas vezes a permanecer em distanciamento com pessoas com as quais não estávamos habilitados a passar tanto tempo. Nesse caso, nossas reações são a as mais diversas e inesperadas! Estando atentos e focados em nossas dinâmicas e nas do interlocutor, podemos sempre crescer e produzir crescimento, seja em qual grau estejamos na escalada para o amadurecimento. Nossa caríssima autora do mês, Allana C. Almeida, nos agracia com suas experiências, aprendizados e crescimento experimentado, através do livro O Castigo da Espera, apresentado aqui em tempo mais que oportuno, deixando claro nosso lugar na criação junto

ao próprio Pai celestial, que nos convida diuturna e responsavelmente construirmos nossa própria história, através de nossas escolhas. Nossos corações se enchem de esperança e gratidão com o trabalho que vem sendo realizado por todos, buscando a edificação, a reflexão séria sobre temas atuais e que merecem uma releitura cuidadosa o tempo todo. Para o mês de abril, destacaremos na capa um livro do Dr. Bill, A Síndrome de Lúcifer. Também temos artigo sendo preparado pelo nosso mentor, pastor Enéas, sobre um magnífico livro relatando a história da importante denominação evangélica americana e internacional, a Cogic (Igreja de Deus em Cristo)! Outro trabalho de bastante fôlego vem sendo feito com cuidado e esmero por nossa caríssima Carla Montebeler, e esperamos concluí-lo,

Diretor Executivo: Eneas Franscisco Sócio-diretor: Pedro Henrique Cunha da Silva Editora: Carla Montebeler Loja Virtual: www.upbooks.com.br

2

lançando-o ao público leitor - Negro Crente! Obra empolgante e marco editorial no Brasil. Em maio, mês dedicado às mamães, traremos em destaque na nossa revista literária uma entrevista com a escritora do livro Perdão. O livro traz a trajetória de uma mãe que enfrentou um marido pedófilo e o colocou atrás das grades. Um testemunho forte e conscientizador de nosso papel. Coroando os trabalhos esse porvir ditoso, não faltará poesia, com o lançamento do livro O respirar das palavras. Tenham uma profícua leitura, em Cristo.

Pedro Henrique Cunha Sócio-diretor da Upbooks

Atendimento ao leitor: pedidos.upbooks@gmail.com Atendimento ao autor: carlamontebeler@gmail.com Atendimento ao revendedor: revenda.upbooks@gmail.com Anuncie cpbereana@gmail.com


Sumário 4 5 6

Clube de leitura

Grupo de Whatsapp para leituras coletivas

Leituras Coletivas

Confira todas as Leituras que serão realizadas no mês de abril

Histórias Inesquecíveis começam com personagens Inesquecíveis Texto de Ronize Aline

7 8 10

Confissão

Poesia de Mário Barreto de França

Moça, me dá uma rosa?

Poesia de Mário Barreto de França

CAPA

Entrevista com Allana Costa

15

Edital Aberto

16

Os que esperam no Senhor voarão

18

Reflexões Pastorais Paulo e Timóteo: Reciprocidade, Lealdade, Continuidade

Famílias na Bíblia

Texto de Stéfanie Lima

Texto da Pra. Cris Paes Leme

20

Top 5 Upbooks

22

Vivemos num mundo doente

26

Lugar de Mulher é onde ela quiser

Confira os 5 livros mais vendidos no mês de fevereiro

Texto de Pedro Henrique Cunha

Poesia de Fabiana Lima

3


Clube de Leitura Conheçam o nosso Clube de Leitura! São Grupos de Whatsapp criados para a divulgação dos livros da editora Upbooks: uma editora brasileira que investe em autores nacionais.

Grupo criado para falar exclusivamente de livros de Romances, Contos, Fantasia, Ficção Histórica, Suspense, ou seja, todos os livros de ficção!

4

Grupo criado para falar sobre os livros de Autoajuda, Relacionamento, Vida cristã, Teologia, Testemunhos, ou seja, todos os livros trazem histórias e estudos da vida real.

Grupo criado exclusivamente para homens, com o intuito de incentivá-los à leitura. Este grupo agrega todos os gêneros literários.


CONFIRA AS LEITURAS COLETIVAS DO MÊS DE ABRIL...

05/04 10/04 24/04 26/04 SEGUNDA às 21 horas com a autora Angélica Pina!

SÁBADO

às 15:30 horas com a autora Letícia Freire!

SÁBADO

às 15:30 horas com a autora Larisse Soares!

SEGUNDA às 21 horas com todas as leitoras das obras da Janette Oke!

NÃO FIQUE DE FORA, PARTICIPE VOCÊ TAMBÉM! 5


HISTÓRIAS INESQUECÍVEIS COMEÇAM COM PERSONAGENS INESQUECÍVEIS A premiada escritora canadense Margaret Atwood – autora de “O conto da aia”, entre outros – já declarou que “toda ficção é sobre pessoas, a menos que seja sobre coelhos fingindo ser pessoas. É tudo essencialmente sobre personagens em ação, o que significa personagens movendo-se através do tempo e as mudanças ocorrendo, e isso é o que chamamos de trama” (em tradução livre). Se pensarmos nos livros que mais nos marcam, certamente a primeira coisa que lembraremos sobre eles são os personagens. Sentimos suas dores, seus medos, suas angústias, torcemos por eles. Por isso a criação de personagens é uma etapa importantíssima no planejamento de um livro. A primeira decisão a tomar é se nosso protagonista terá um arco de personagem plano ou sofrerá mudanças ao longo da história. Um arco de personagem plano

6

significa que ele terminará a história da mesma forma que começou. Esses personagens, por já aparecerem na trama prontos, costumam provocar mudanças nos outros personagens e no mundo ao redor. Super-heróis são um bom exemplo disso. Já personagens que sofrem mudanças ao longo da jornada podem ser representados por dois tipos de arcos: positivo e negativo. Um arco positivo significa que o protagonista termina a história melhor do que começou; em um arco negativo o protagonista termina em pior situação. Arcos positivos são mais comuns de serem encontrados. Um exemplo é Dorothy, a protagonista de O mágico de Oz. Apesar de menos comuns, arcos negativos, quando bem trabalhados, podem render ótimas histórias, como é o caso de O poderoso chefão, de Mario Puzo. O próximo passo é definir qual o conflito interno que o personagem enfrentará ao longo da narrativa. Que decisões ele terá que tomar que mexerão com suas próprias convicções? O conflito interno, a dúvida sobre o que fazer quando confrontado com uma escolha difícil, é um dos elementos que mais gera empatia por parte dos leitores. Afinal, todos nós, vez por outra, temos que tomar decisões difíceis que podem trazer consequências desagradáveis e até mesmo mudar nossa forma de pensar. E, durante a criação das características de nossos personagens, é indispensável acrescentar fraquezas ao protagonista para deixar-lhe mais crível. É grande a tentação


“Se pensarmos nos livros que mais nos marcam, certamente a primeira coisa que lembraremos sobre eles são os personagens. Sentimos suas dores, seus medos, suas angústias, torcemos por eles.” de criar protagonistas perfeitos, sem falhas, mas ceder a essa tentação resultará em protagonistas chatos, com os quais os leitores não irão se identificar. Afinal, por que torcer por um personagem invencível, para quem nada dá errado? Já que tudo é muito fácil para ele, torna-se difícil manter os leitores presos ao livro. Não crie caricaturas de seres humanos, crie seres humanos de verdade. Quanto mais próximos dos leitores, mais os protagonistas se tornarão inesquecíveis.

CONFISSÃO Poesia de Mário Barreto França

Senhor, pelos meus males torturado, Venho prostrar-me, súplice, a teus pés: Na luta entre as virtudes e o pecado Eu sofri o mais trágico revés.

O Bem do alto da cruz me convidava Para cumprir a esplêndida missão De levar o consolo a quem chorava E, a quem se arrependia, o teu perdão. Mas, no gozo da vida adulterada, Com mil promessas me tentava o Mal; E foi tal a atração a mim causada Que fui vencido em luta desigual... De então, eu tenho sido tão perverso, Tão desobediente a Ti, Senhor, Que, custo a crer, houvesse no universo Alguém mais desgraçado e pecador... Os males que causei a tanta gente E a dor que a tantas almas provoquei, Não serão compensadas, igualmente, Por tudo que, decerto, sofrerei...

RONIZE ALINE Escritora, consultora literária e professora universitária. Publicada no Brasil e no exterior, tem trabalhado com diversas editoras nacionais prestando serviço de leitura crítica e copidesque. Foi crítica literária do jornal O Globo, do Rio de Janeiro, por dez anos. Há mais de seis anos vem ajudando escritores a criarem histórias com potencial de publicação, por meio de coaching literário, copidesque e leitura crítica.

Senhor, eu me confesso e te suplico O perdão para os males que já fiz: Que só de tua graça eu seja rico, Que só por teu amor seja eu feliz!

77


Moça, me dá uma rosa? Poesia de Mário Barreto França Era um triste contraste aquele, distinguido Numa encosta escarpada e num vale florido: Lá no morro, o barraco ao vento se inclinava; No vale, um palacete, entanto, se enfeitava De rosas, de jasmins, de pássaros joviais Que adejavam, cantando, os lindos roseirais... O barraco de zinco e o bangalô de pedra - Onde a miséria mora e onde a fartura medra – Eram naquela parte estreita da paisagem Antônimos cruéis que, na louca voragem Da vida singular, excêntrica ou profana, Confundem na incerteza a indagação humana... Qual a causa que leva um dia a Onipotência A dar rumo diverso a cada uma existência, Que às vezes se coloca em destaque chocante, Como revolta muda ou protesto gritante? Por que, sem ter noção ainda do pecado, Há de nascer alguém surdo, cego, aleijado? Por que será, meu Deus, que, pobre e sofredor, Se arrasta, muita vez, quem só pratica o amor? E o eco repercute, ao longe, os brados meus: - Para ser manifesta a grandeza de Deus! No casebre de zinco, um garoto pretinho Vivia a contemplar das palhas do seu ninho, Lá embaixo, ao sopé do morro proletário, O formoso jardim do seu sonho diário Que, à sua alma infantil de ingênuo espectador, Representava o céu numa festa de flor. Numa certa manhã de ensolarado brilho, O garoto desceu do morro, maltrapilho, E ficou enlevado, a contemplar, assim, O viço tropical de tão belo jardim... Como era tudo ali cromático e festivo! Porém aquela flor, de rubro muito vivo, Exercia sobre ele uma fascinação, Que a mundos irreais sua imaginação Levava a percorrer em vôos de magia, Nas asas alvi-azuis de sua fantasia...

8

E, nesse doce enlevo, angélico semblante Ele descortinou, olhando-o fascinante, No veludo-cristal da corola formosa Daquela rubra flor, daquela linda rosa... E, a seu ávido olhar, a aparição amada - Anjo, deusa ou visão de algum conto de fada Saiu da inspiração de um sonho rosicler, Para se revelar simplesmente mulher: Jovem, de olhos azuis e loira cabeleira - Nova Branca-de-Neve ou Gata Borralheira... E por isso ensaiou um pedido inocente: - Moça, me dá uma rosa, uma rosa somente!... Mas a jovem falou com desprezo invulgar: - Vá embora daí! Não torne a importunar! O garoto ficou ainda um pouco parado; Depois, triste, baixou os olhos, humilhado, E saiu arrastando os pés, devagarinho, Pela esteira sem luz do seu pobre caminho. Como lhe pareceu tão mau e injusto o mundo; Sufocou na garganta um soluço profundo, Numa interrogação que ficou sem resposta: - Por que, por que de mim essa moça não gosta? Por que ao desgraçado aqui se nega tudo, Até mesmo uma rosa? ... uma rosa?!... Contudo Tão pouco ele queria! E esse pouco, entretanto, Lhe negavam sem dó, para aumentar-lhe o pranto... O mundo é sempre assim: esconde a mão ao pobre, Para fartar na orgia os caprichos do nobre! No outro dia, bem cedo, às grades do jardim, O garoto de novo estava a olhá-lo, assim: Na ânsia de retratar na alma sentimental O quadro multicor daquele roseiral, Para poder sentir, dentro da própria vida, O sonho irrealizado, a glória inatingida... Quando a jovem surgiu de novo, entre os canteiros, Seus olhos outra vez brilharam prazenteiros, E cheio de esperança, à jovem tão formosa,


Com ternura pediu: - Moça, me dá uma rosa! Agastada, porém, com o pedido insistente, A jovem lhe negou o esperado presente: - Vá embora daí, se não eu chamo um guarda!... Temendo a intervenção enérgica da farda, O pretinho correu em direção ao morro, Lançando ao ar parado um grito de socorro, Que não achou, naquela esplêndida manhã, Qualquer repercussão na piedade cristã... O tempo começou a mudar de repente; Fatídico soprava o vento fortemente. Tremendo, o órfão entrou no barraco de zinco; Viu as horas passar: duas, três, quatro, cinco... E ele, que lá vivia apenas por favor, Não tinha pai nem mãe, ele não tinha amor... Deitou-se; adormeceu, sonhou com o paraíso - Edênico jardim – onde ele viu, iriso, O sol resplandecer numa rosa vermelha - Sua rosa vermelha! – e ante ela se ajoelha... Nisto, estranho rumor, como um forte trovão, Fê-lo um anjo notar, levando-o pela mão, Para, de um lindo quadro, erguer o tênue véu: - Ele entrava no céu... ele entrava no céu!...

E, logo, decidida, Tirou de seu jardim, não só a flor querida, Mas todas; e as levou com carinho e cuidado Pra com elas cobrir o corpo inanimado Do pretinho infeliz... E ele, que não tivera Na existência um lençol, ganhou da primavera Um manto todo em flor, a envolver-lhe, afinal, Com carinho e perfume, o corpo angelical... *** No contraste da vida infausta ou abastada, Nós somos muita vez como o órfão e a galã, Negando do consolo uma rosa encarnada, Para as faltas de amor chorarmos amanhã... E ao peso acusador de líricas saudades, Vamos levar depois às mortas ilusões Todo o rubro rosal das oportunidades, Que deixamos passar sem úteis decisões... Que possamos abrir as grades do egoísmo E oferecer a quem suplica afeto e paz A rubra flor da fé do eterno cristianismo, Que na alma, a rescender, não murcha nunca mais!

Mas, na manhã seguinte, ouviu-se o comentário: Durante o temporal, no morro proletário, Houve um desabamento; e o pretinho – coitado! – Ingênuo sonhador – morrera soterrado... Sob um sol indeciso, à hora costumeira, Regava o seu jardim a jovem jardineira. Por um gesto instintivo, ergueu o olhar às grades: - Vibrava no éter frio as ondas das saudades – Não viu, como esperava, o rosto do pretinho: - Não voltaria mais? Seguira outro caminho?!... E, nessa confusão de um vago sentimento, Sentiu no coração fundo arrependimento De não ter satisfeito o anseio do menino... Foi quando alguém lhe trouxe a notícia: - O destino Tinha roubado a vida ao pequenino triste!... Ela não pôde mais; ela não mais resiste, Prostrando-se a chorar...

99


Entrevista ALLANA é natural de Bento

Gonçalves, casada com Francis, apaixonada pelo Ministério de Louvor e Ensino, é também idealizadora do projeto Sarada para sarar e atualmente desenvolve diversos cargos na sua igreja local. Desde 2007, quando confessou publicamente sua decisão por Jesus, tem vivido as bênçãos, livramentos e cuidados do Pai. Após muita dor, vários tratamentos e cirurgias, ela tomou a decisão mais difícil da sua vida e foi durante todo esse processo que nasceu seu primeiro livro O Castigo da Espera.

10


Quem é que Allana? Nos conte sobre você. Sou gaúcha, natural de Bento Gonçalves. Casada com o Francis desde 2012. Sou apaixonada pelo ministério de louvor e ensino. Idealizadora da página Sarada Para Sarar, desde 2015, que começou da grande necessidade que vi em minha própria vida de conversão à verdade bíblica. Atualmente sou diaconisa, preletora e cantora na minha igreja local e também secretária da Escola Bíblica Dominical juntamente com meu esposo. Fui encontrada pela benignidade e amor do Senhor na minha mocidade aos 14 anos. Onde em março de 2007 fiz pública minha melhor decisão, o batismo nas águas, desde então tenho vivenciado muitas bênçãos, mas também muitos momentos de dificuldades nos quais tenho provado o cuidado e livramento desse bom Pai. Desde os meus nove anos de idade comecei a sentir muitas dores em meu pé direito, após uma torção, mas somente aos onze anos que descobri que eu era portadora de um hemangioma cavernoso profundo, um tumor benigno, que nos meus vinte e três anos tornou-se um grande problema em relação a dores, inchaços e desconfortos em geral para andar e calçar sapatos. Foram três anos entre procedimentos, cirurgias, exames e muitos remédios, fiz uso de muletas, talas, órteses e cadeira de rodas, até que então optei pela amputação do membro, pé e tornozelo direito, em novembro de 2018. Essa foi uma das decisões mais difíceis da minha vida, um processo que durou cinco anos, mas que gerou o meu primeiro livro. Hoje vivo em busca de fazer conhecido Aquele que me amou primeiro, que conhece o mais profundo do meu ser e mesmo

11


assim não desiste de mim, mas continua a me ensinar dia após dia. Assim prossigo testificando que é possível vivermos em fé e amor pelo Senhor independentemente das circunstâncias e que nada será capaz de nos afastar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. E que absolutamente todas as coisas cooperam para o bem daqueles que O amam! Por que usar a literatura para compartilhar sua experiência? Por ter aprendido a amar a leitura e crer que a literatura é a forma mais íntima que um autor possa se dirigir ao seu leitor. Da mesma forma que Deus nos deixou a Sua Palavra escrita. Como é para você ter seu primeiro livro publicado?

12

Uma honra dada pelo Senhor. Mas também uma grande responsabilidade em compartilhar as verdades e aprendizados a mim confiados por Ele. Qual foi sua maior dificuldade na escrita e na publicação do seu livro? Na escrita, foi o desafio de transmitir em palavras os sentimentos e aprendizados vividos. Já na publicação, foi encontrar uma editora dedicada à Palavra de Deus que aceitasse o meu manuscrito, dando oportunidade para autores iniciantes. O que os leitores podem esperar ao abrir O castigo da Espera? Muito mais do que um breve testemunho, encontrarão algumas das minhas experiências e aprendizados em Deus, que revelarão confrontos e verdades


“Hoje vivo em busca de fazer conhecido Aquele que me amou primeiro, que conhece o mais profundo do meu ser e mesmo assim não desiste de mim, mas continua a me ensinar dia após dia.”

revelando a situação atual da nossa vida cristã, colocando à prova o nosso nível de contentamento, dependência e amor pelo Senhor. Onde ao final nos levará de volta à verdadeira comunhão com Ele. Tem planos novos na sua carreira de escritora para o futuro? Sim, além de estar finalizando uma participação em um livro para o qual fui convidada juntamente com outras mulheres, já estou planejando meu segundo livro, baseado em um tema indispensável e pouco abordado que também vivenciei nestes últimos anos. O que é o Sarada para Sarar? Com qual propósito surgiu e quais planos tem com esse projeto? Sarada para Sarar é um desejo de Deus para todos nós, esse nome veio da necessidade de “sermos” verdadeiramente curados, sarados em Deus para que só assim possamos transmitir isso para a vida das outras pessoas e alcançarmos êxito. O “ser” é muito importante na vida cristã, mas com o passar dos anos vamos

deixando de lado esse ser autêntico, nos envolvemos em tantos projetos e atividades que acabamos sempre sem tempo. E sem perceber muitas vezes abrimos mão de um tempo de qualidade em intimidade e entrega. Sarada Para Sarar é um despertar para as verdades bíblicas, pois a Palavra de Deus é a bússola e a riqueza mais preciosa que temos. Ela é alimento e sustento para o nosso caminhar, é fonte inesgotável de vida! Os meus planos se resumem em conseguir alicerçá-lo para que possa deixar de ser somente virtual e venha a ser um ideal de vida, onde mulheres saradas ajudarão a sarar outras mulheres, propagando assim o Evangelho. Qual a importância você atribui ao conhecimento bíblico para ter fé ao atravessar situações que causam feridas? A primazia, pois uma fé verdadeiramente arraigada em Cristo permanece firme independentemente da situação que esteja enfrentando. Como diz na própria Palavra de Deus em Hebreus 11:32-40. “O que mais posso dizer? O tempo é pouco para falar de Gideão, de Baraque, de Sansão, de Jefté, de Davi, de Samuel e dos profetas. Pela fé eles lutaram contra nações inteiras e venceram. Fizeram o que era correto e receberam o que Deus lhes havia prometido. Fecharam a boca de leões, apagaram incêndios terríveis e escaparam de serem mortos à espada. Eram fracos, mas se tornaram fortes. Foram poderosos na guerra e venceram exércitos estrangeiros. Pela fé mulheres receberam de volta os seus mortos, que ressuscitaram. Outros foram torturados até a morte; eles

13


recusaram ser postos em liberdade a fim de ressuscitar para uma vida melhor. Alguns foram insultados e surrados; e outros, acorrentados e jogados na cadeia. Outros foram mortos a pedradas; outros, serrados pelo meio; e outros, mortos à espada. Andaram de um lado para outro vestidos de peles de ovelhas e de cabras; eram pobres, perseguidos e maltratados. Andaram como refugiados pelos desertos e montes, vivendo em cavernas e em buracos na terra. O mundo não era digno deles! Porque creram, todas essas pessoas foram aprovadas por Deus, mas não receberam o que ele havia prometido. Pois Deus tinha preparado um plano ainda melhor para nós, a fim de que, somente conosco, elas fossem aperfeiçoadas.” Ou seja, o conhecimento bíblico é fundamental para vencermos o natural crendo na providência e intervenção divina. Qual palavra deixaria para as pessoas que estão atravessando momentos de crise e não sabem como pedir ajuda? Que nossas aflições e dores são importantes e devem ser sentidas, mas que não podemos tirar os olhos do Autor e Consumador da nossa fé, focando apenas no momento atual que estamos vivendo. Por maior que seja a crise, em Deus podemos superá-la. Então, ao nos achegarmos a Ele confiantes na Sua graça e misericórdia, encontraremos socorro e juntamente com o Espírito Santo Ele nos proporcionará os momentos e pessoas certas para nos ajudarem em nossas necessidades. Mas não se esqueça: pedir ajuda nunca será sinônimo de fraqueza, mas sim de maturidade e humildade.

Entrevista feita por Emanuelle, do ig @filhaleitoraoficial, Coordenadora de blogs parceiros da Upbooks

14

Famílias


propaganda Participe do Edital:

s na Bíblia Inspire-se nas famílias da Bíblia e inscreva seus textos nessa antologia surpreendente, que será de grande auxílio para abençoar muitas vidas! 15


Os que esperam no Senhor voarão Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão. - Isaías 40:31

Espera, uma palavra desafiadora. Vivemos

em um tempo que exige agilidade, destreza, rapidez. E é justamente durante a espera que o Eterno nos mostra que não trabalha no nosso tempo. Esperar em Deus é um dos mais árduos exercícios espirituais. É um teste de resistência para o coração que crê, é romper a força do tempo, avançando em fé, vencendo silenciosamente. Lutando contra si mesmo, muitas vezes inerte, se mostrando incapaz diante do passar dos dias. E ainda assim, confiante. Querido leitor, verdade seja dita, a afirmação do profeta Isaías nos parece um tanto quanto contraditória. Um paradoxo erguido diante de um coração que se sente esmagado por um espera que se mostra quase interminável. Eu já vivi, e ainda estou enfrentando longas esperas na minha vida, e, francamente, a sensação que domina um coração ansioso e impaciente é a de que estamos nos rastejando em direção a um objetivo que parece estar cada dia mais distante. Como consequência, vem o cansaço, o desânimo, e a nossa fé começa a vacilar diante das veredas do tempo. Ora, (uai, como boa mineira) mas a Palavra do Senhor é absolutamente verdadeira. Não deixe o tempo te enganar. O Senhor não é apenas quem te olha do alto enquanto você sofre esperando. Ele é o lugar onde você deve manter seu coração,

16

sua alma e todo o seu entendimento; Ele é o refúgio contra o desespero. Lembre-se de uma coisa, Deus não desperdiça nada. Ele faz do tempo de espera um caminho, uma vereda para o alto, não em direção ao que almejamos, mas em direção a Ele mesmo. Isso é voar! O nosso voo não se dá em finalmente recebermos o que estávamos esperando, e nem mesmo em receber infinitamente mais, porque o Pai é maravilhosamente bom. Entretanto, o voo mais excelente é quando durante a árdua espera somos transportados em fé para mais perto do Altíssimo, rompendo as nuvens do medo; como águias nos abrigando à sombra do Onipotente. Seja como guerreiros valentes, ou como crianças necessitadas e impotentes. Em ambos os casos, escondidos no amor do Pai, sendo preenchidos pela graça que nos basta. Ignorando o tempo e sendo saciados pelas fontes eternas. Em lugares altos. Amado leitor, eu não sei o que você tem esperado, mas saiba onde esperar. Os que esperam no senhor voarão. Que Deus abençoe a sua vida e guarde o seu coração.

Stefanie Lima.

(Autora do livro O AMOR E A CARTA)


Garanta Garanta o o quarto quarto livro livro da da Série Série Oeste Oeste Canadense Canadense da da Autora Autora Janette Janette Oke Oke Quando Quando Renasce Renasce a a Esperança! Esperança! 17


REFLEXÕES PASTORAIS

PAULO E TIMÓTEO: RECIPROCIDADE, LEALDADE, CONTINUIDADE. Timóteo escolheu ser discípulo de um velho pastor. O velho pastor escolheu ser amigo de Timóteo. E os dois decidiram pela lealdade.

O

apóstolo Paulo não ofereceu resistências ao chamado do neto de Lóide e filho de Eunice (2 Timóteo 1.5). Considero Timóteo um grande privilegiado, pois fora instruído na fé cristã por duas mulheres virtuosas e sempre atentas à sua educação. Essas mulheres se dedicaram a consagrar, a orar e a destinar aquele jovem que, como qualquer outro de sua idade, tinha o desafio de fazer escolhas, construir sua identidade e abraçar suas referências. Timóteo foi pastoreado por um dos homens mais zelosos e corajosos do cristianismo. O pastor Paulo o escolheu, o acolheu e o pastoreou: Timóteo, filho muito amado (2 Tm.1.2). Outro pastor, no lugar do apóstolo, imaginaria que seria perda de tempo investir em um rapazinho, provavelmente, cheio de mimos e, a priori questionador, por conta da influência da cultura grega do seu pai. Paulo o fez discípulo; Paulo o fez filho na fé. Paulo, na autoridade do Espírito Santo, impôs as mãos sobre Timóteo e o consagrou ao pastorado e, nisto, Timóteo alcançou a graça de ser um participante dos sofrimentos de Cristo. No tempo de sua prisão, o pastor encarcerado, escreve a Timóteo e expressa o desejo de rever o discípulo e encorajá-lo para que não se envergonhe do Evangelho de

18 18

Cristo. Suas palavras são de extremo cuidado e zelo pastoral. Paulo aconselha para que Timóteo não desista e não se intimide. Com paixão pastoral e apostólica, Paulo escreve: não desista e não retroceda em sua vocação. Paulo estava preso, mas o Evangelho estava livre. Paulo estava no final de combate, mas Timóteo estava pronto para dar continuidade ao engajamento de fé e na missão de seu pastor; que agora era a SUA missão. O homem velho investiu no novo. E o jovem se inspirou no velho. Timóteo aprendeu com Paulo. Paulo pastoreou Timóteo. Timóteo honrou a Paulo. Paulo, o velho, descansou, e o novo pastor despertou. Timóteo chorava ao ler as mensagens escritas de seu pai na fé. Na leitura, a sensação era de ouvir a sua voz pausada e em timbres cansados, porém, ainda assim era a voz firme e de amor. Na mente do rapaz, vinha a imagem de Paulo amigo e pastor: corpo magro em curvatura, pele ferida e descorada e uma barba bem crescida quase escondendo sua face. Que bendita reciprocidade e respeito nesta relação entre um homem que antes havia perseguido e consentido na morte de


muitos jovens cristãos, mas que recebera, em Cristo, a revelação e remissão do seu tão terrível pecado. Agora, o perseguidor e assassino é um pai, um pastor, uma referência para um jovem que antes era um anônimo e sem perspectiva; um jovem que buscava o sentido da vida. Paulo se entrega a essa relação de cuidado, discipulado, aprendizagem, treinamento e encorajamento espiritual. Timóteo representa a juventude que perdoa as falhas da geração que o antecedeu, enquanto, o apóstolo, em quebrantamento, não esconde as suas mãos manchadas com o sangue de inocentes e piedosos. Para além do sangue, o testemunho de ser um novo Paulo pela misericórdia e graça do Senhor Jesus. O passado tem o perdão; o presente tem uma restaurada intenção: deixar o legado da fé que transforma vidas e levanta uma nova geração apostólica. Não é um problema pensar que Paulo precisa se desculpar pelas mortes de muitos jovens; tragédia feita por sua própria espada. Porém, com as mesmas mãos, agora limpas pelo sangue de Cristo, Paulo se torna o abençoador de Timóteo ao impor sobre ele as suas mãos apostólicas e ungidas e, assim, o encorajar até o fim do seu combate ministerial. O velho pastor e o novo vocacionado se encontram, dialogam contrariando opostos, desconsiderando tradições e vencendo distâncias e prisões. Nossos jovens precisam de ajuda pastoral para construírem e consolidarem a sua identidade cristã; eles precisam de conselhos para a vida; precisam de auxílio para que possam fazer a própria leitura da sua existência e se encham de Deus. Assim como Timóteo, necessário é que o jovem aprenda e desperte sobre sua vocação e compreenda o propósito do SENHOR quando o chamou à existência. Essa fase de formação de identidade e caráter é um processo natural de vencer as etapas iniciais

de imaturidade (dúvidas, crises, dificuldades com a autoimagem e com a autoestima, ...). Paulo tinha o legado da fé a ser reconhecido e transferido para Timóteo. Já o jovem, filho de Eunice, tinha um potencial para desenvolver. Timóteo encontra em Paulo um pastor que o ajuda na construção de sua identidade e de seu ministério. Como pastores(as) e líderes temos a oportunidade de vivenciar um relacionamento de reciprocidade, lealdade e de continuidade (legado) com nossos filhos na fé. É preciso desconstruir ou combater a ideia que pastores velhos nãos servem para ovelhas novas (juventude) e que líderes de cabelos brancos e acima dos 65 anos são velhinhos chatos, doentes e desinformados sem poder de inspiração e liderança. Velho e novo, nas perspectivas humana e pastoral, se atraem, se completam. Essa é a lógica do legado: homens íntegros, corajosos cheios de fé, terminam a carreira e deixam o seu exemplo como a maior herança aos jovens que são ávidos por referências e cheios de aspirações. Sobre Paulo e Timóteo sugiro uma frase: encontro e reciprocidade na “beatificação” do legado apostólico com o potencial em expansão de um jovem vocacionado e cheio de fé. Uma nova geração está diante do desafio de fazer expandir a sua bendita vocação; isto será na autoridade do Espírito Santo, na fé e na virtude pela Palavra de Deus. Este é o tempo oportuno para se pastorear jovens! Que não passe de nós, pastores de almas, essa precípua missão.

Pra. Cris Paes Leme

(Autora do livro A FRASE DO PORTÃO)

19


TOP 5 mais vendidos fevereiro

1) RECOMECE A VIVER

Edvaldo Oliveira e Gabriel Oliveira Curar as feridas emocionais e sentimentais que foram acumuladas ao longo de sua história, uma vez que, mesmo sendo novas criaturas em Cristo, potencialmente ainda guardamos resquícios do velho homem, é a proposta dessa obra incrível.

2) QUANDO ALGUÉM VAI EMBORA Leninha Maia

Mirian e Vitória recebem a notícia que sua avó morreu e muitas perguntas surgem. Os pais, com muito carinho, explicam que existem momentos tristes, mas Deus traz esperança para o nosso coração e não precisamos sofrer como aqueles que não conhecem a Palavra.

20


3) 365 MENSAGENSPARASEUCRESCIMENTOPESSOAL Edvaldo Oliveira

Este devocional traz um diferencial: uma vez por semana você poderá escrever o que Deus falou com você em seu “Minuto com Deus”, desta forma, interagindo com a proposta do Pastor Edvaldo Oliveira, que além de oferecer uma mensagem para sua edificação pessoal e fortalecimento de sua fé, o encorajará a desenvolver sensibilidade à voz de Deus.

4) SEU MOMENTO DIÁRIO COM DEUS

Edvaldo Oliveira

O primeiro livro de devocionais do Ministério Minuto com Deus. Uma mensagem para cada dia do ano escrita pelo pastor Edvaldo Oliveira e inspiradas pelo Espírito Santo. Essas mensagens inspiradoras têm como objetivo auxiliar no crescimento espiritual e trazer luz aos seus dias de luta.

5) QUANDO CHAMA O CORAÇÃO

Janette Oke

Elizabeth viaja para o Oeste para ensinar na escola no sopé das Montanhas Rochosas canadenses,completamente despreparada para as condições que encontra. Ainda assim, ela está determinada a ser bem-sucedida na tarefa de se adaptar ao local e moldar os corações e mentes dos alunos sob seus cuidados. 21


VIVEMOS NUM MUNDO DOENTE A

palavra que melhor define o momento atual é hipocrisia! Pelo dicionário significa: característica do que é hipócrita; falsidade, dissimulação; ato ou efeito de fingir, de dissimular os verdadeiros sentimentos, intenções; fingimento, falsidade. Em sua raiz grega, tem os significados de interpretar usando máscara, atuar, representar um papel teatral. Uma observação atenta permite verificar a dualidade de valores, interpretações, pensamentos, sentimentos e atitudes, ainda que partam do mesmo fato, distorcido no seu entendimento e propagação ao sabor do momento, desde que com benefício, pela manobra de dissimulação, em favor de quem a faz. A sociedade (e seus vários co-sistemas como governo, iniciativa privada e terceiro setor) está doente, o ser humano está doente. Falando em gregos, aquele que é por eles considerado o pai da medicina – Hipócrates (460 a.C.-377 a.C.), procurava explicação das doenças no mundo que os cercava e não nos caprichos dos deuses, ensinando que o médico deve observar cuidadosamente o doente e registrar os sintomas da doença. Organizou uma norma que mostrava como o doente poderia ser curado, pois dizia que o poder da cura está nas mãos do doente, e não nas mãos do médico ou dos deuses. Mas, o que seria uma sociedade saudável, um ser humano saudável? A hipocrisia, a doença de nosso tempo como um todo, fica clara com dois exemplos vividos por duas pessoas comuns, no sentido

22

que não são nobres nem da alta hierarquia às quais pertencem: Tom Moore, morto recentemente aos 100 anos de idade, vítima da Covid-19, capitão inglês veterano da II Guerra, que arrecadou milhões para o Sistema de Saúde britânico (público); e o padre Júlio Lancelotti quebrando pedras, colocadas pela prefeitura, para proibir o uso como abrigo, do local, por moradores de rua, com uma marreta em São Paulo (reportagem no El País online em 21/02/21). Um ancião, herói de guerra, de quem se espera sentar-se, ler um livro, tomar um chá com acompanhamentos, mas, algo mexia dentro de si impelindo-o a ser útil, a ser exemplo, a ensinar com suas voltas ao redor do jardim que, entre viver e vegetar, existe grande diferença!

“...vivemos na sociedade do comodismo, do consumismo, da transformação do ser humano em coisa. Da invisibilização do sofrimento de quem não se encaixa em algum sistema, só percebido enquanto útil na manutenção do sistema.” Impossível não fazer um paralelo com Simeão, idoso, esperando a consolação de Israel, a quem por sua fidelidade foi prometido não descansar sem antes ver o Ungido do SENHOR! (Lc. 2.25-38). Quando


sabemos o que esperar e viver, nada nos limita! Tom Moore soube, como poucos, usar as mídias sociais para ser luz entre os seus, irradiando mundo afora, permitindo que a intimidade de muitos corações fosse revelada (trazendo a lume a necessidade de um sistema público de saúde que garanta o direito à vida e à saúde básica). Com o padre Júlio não é diferente, benquisto em sua comunidade, podia permanecer entre suas paredes paroquiais, mas não entende que essa seja sua missão como cristão. Como conseguem ser exemplos comportamentais desejáveis a todos? Posicionamento frente aos desafios da vida e ação! Defesa da vida, independentemente da origem social ou da situação econômica, partilha da vida, no seu mais amplo significado, com risco da própria vida! Não oferece ao seu C r i ador a lgo qu e n ã o l he te n ha c u s t o (II S m. 24.18- 2 4 ) . A contrario sensu, vivemos na sociedade do comodismo, do consumismo, da transformação do ser humano em coisa. Da invisibilização do sofrimento de quem não se encaixa em algum sistema, só percebido enquanto útil na manutenção do sistema. Um exemplo claro do que quero dizer vem dos próprios moradores de rua com os quais o padre Júlio convive, como gosta de frisar. O governo e a mídia pintam o morador de rua como um problema estranho ao sistema, que provê a todos condições igualitárias para a busca e satisfação de suas necessidades básicas (sendo irônico). O morador de rua, como ouvi do pastor Mateus Feliciano, com profunda experiência de convívio com essa comunidade, sendo ele integrante do movimento Seara Urbana, indagado em palestra, deixou claro que o motivo da

23


Para quem dá pouco valor a símbolos, saiba que até o séc. XIX o judaísmo caminhava para uma profunda crise de identidade, judeus espalhados por praticamente todas as nações do mundo, o hebraico como idioma praticamente morto, substituído pelo iídiche (uma fusão de alemão existência do fenômeno conhecido por nós como “moradores de rua”, está na sociedade em que vivemos, não no indivíduo que se autoexcluiu! Passamos como pessoas, e mesmo como sistema de civilização, por uma forte crise existencial. No Direito, na Educação, na Economia o foco é a transformação do cidadão em mero consumidor. Na sociedade do consumismo, o próprio ser humano é a mercadoria final, já que cada vez mais é despido de seus direitos básicos, transformado de empregado em empreendedor, em pessoa jurídica individual, a ficção da ficção! Tema árido e sem graça, talvez, mas Jesus em João 3.12 diz: “Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?”. Imaginar ser a crise existencial algo de somenos importância nos coloca no caminho para os céus, atrás de publicanos e meretrizes (Mt. 21.31). Identidade em crise ou crise existencial são momentos e episódios marcados por dúvidas e incertezas sobre a própria razão de existir, de viver ou de deixar-se morrer. Mesmo comunidades inteiras podem ser acometidas por crises de identidade.

24

arcaico do séc. IX, línguas eslavas e vestígios de românicas, usando alfabeto hebraico abjad). As autoridades sionistas decidiram estabelecer o uso do kipá, fornecendo um forte elemento de unidade e identidade cultural ao grupo. Outro exemplo da força do uso de símbolos para fixação de uma ideia, ou identidade nacional regional ou marca de pertencimento, encontramos no uso da famosa bombacha gaúcha, com no mínimo duas origens curiosas: vendidas a preço baixo na década de 1860 posto ser espólio de guerra na Crimeia (repassado em pagamento ao comerciante que as revendeu no Sul); ou chegada aos pampas gaúchos com imigrantes da região de Maragateria, norte da Espanha, e mesmo lá na Espanha chegou por mãos de mouros árabes invasores! Quem diria, símbolos genuínos desses grupos étnicos, introduzidos compulsoriamente. Mesmo divergências entre significados dos símbolos geraram verdadeiros massacres, como o que ocorreu na baía de Guanabara com o primeiro grupo de protestantes na América, que, após divergirem sobre consubstanciação e transubstanciação, resolveram suas diferenças religiosas, se


“Jesus jamais separou a preocupação social da preocupação espiritual, a Bíblia não separa espírito, corpo e alma, ao contrário, ela os afirma entrelaçados muito além da percepção humana. O amor do Criador, revelado em Jesus é apto para discernir esse entrelaçamento (Hb. 4.12).” extinguindo mutuamente, assim acabou o sonho da colonização francesa no Brasil. Jesus jamais separou a preocupação social da preocupação espiritual, a Bíblia não separa espírito, corpo e alma, ao contrário, ela os afirma entrelaçados muito além da percepção humana. O amor do Criador revelado em Jesus é apto para discernir esse entrelaçamento (Hb. 4.12). É esse amor revelado no respeito e no cuidado que, sendo fruto genuíno cristão, mostra quem realmente somos, pela sua existência ou ausência em nós (Lc. 6.4). Se não nos matamos por símbolos, tampouco ignoramos seus efeitos em nossas vidas! Fujamos dos maus exemplos, evitando repeti-los por atos, ações, omissões e palavras como no discurso de Caim: Sou eu guardador do meu irmão? (Gn. 4.9). Essa transformação do ser humano em coisa, objeto, animal irracional desprovido dos direitos que nos julgamos merecedores, vem de longe e continua ativa. Meu comodismo em chamar a pizza, entregue pelo motoboy, na minha casa, após o culto, com um custo muito superior à minha oferta financeira, diz mais sobre minha fé cristã, que meu louvor profissional ou minha homilética impecável. O hindu Ghandi aprendeu mais sobre Cristo que qualquer pregador do século XX, a ponto de abandonar o tecido inglês e

usar o tecido sari indiano produzido por ele mesmo, gerando condições de subsistência a milhões de trabalhadores. Literalmente, viveu e deu exemplo de tudo o que ensinou, mudou o rumo de um contingente humano igual ao número da população cristã mundial! Não pensamos nos reflexos de nossos pensamentos expressados em sentimentos e ações! Essa forma de viver e agir nos afasta do alvo, da vida que há em Deus. São Paulo ensinava: “E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade da sua mente. Entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração” (Ef. 4.17-18). Para crente que vem citar direita e esquerda, tenho indicado o diálogo entre o ETERNO e Jonas (Jn. 4.11). Há incompatibilidade entre vida cristã e a alienação mental, o dogmatismo rançoso; Jesus recomendou cuidado! Não se contaminem com o fermento dos fariseus e dos saduceus (Mt. 16.6). Mesmo Hipócrates tem um alerta válido hoje para os cristãos e a sociedade como um todo: a doença não vem para matar, mas para desviar o doente de sua conduta que o está levando em direção contrária ao curso natural da vida, a saber: a loucura ou a morte. Assim fez a jumenta com Balaão ao prensálo, queria desviá-lo da espada flamejante (Nm. 22-27-34).

Pedro Henrique da Cunha, Sócio-diretor da Upbooks.

25


Lugar de mulher é onde ela quiser! Poesia de Fábia Lima, autora de O Respirar das Palavras

26


O direito trabalhista e a liberdade adquirida São conquistas ao longo da história A escravidão outrora sofrida São cicatrizes, lembranças na memória. O tempo alargou seus passos Os passos buscaram laços A força ornamentou os braços A mulher conquistou seu espaço. Hoje ela se encontra Nas melhores posições Mesmo sendo vítima de afronta Em várias situações. Determinada, forte, resistente É capaz de chorar, sorrir e sonhar Gerar no ventre a semente A força do amor a embalar. Lugar de mulher é na luta Lugar de mulher é na realização Lugar de mulher é ser absoluta Lugar de mulher é na voz da razão. Na cozinha, o melhor tempero Na limpeza, grande habilidade Suas funções pelo mundo inteiro Têm sabor de felicidade. Ela canta, ela atua, ela vibra Ela encanta, fazendo o palco chorar Ela é mãe, ela é sol, ela brilha O que quiser ser, ela será. Mulher é tesouro escondido, Porém revelado a quem sabe procurar É o fruto sagrado proibido É o mergulho profundo no mar. Não deixe ser espancada Você merece mais respeito Denuncie, não fique calada Faça valer seus direitos. Lugar de mulher é na vida A vida é alma de mulher Lugar de mulher é na lida Sempre onde ela quiser! 27


PROCURAM-SE ESCRITORES! 28


Pessoas precisam ler o que Deus te inspirou a escrever.

29


FAÇA COMO

HEZARO VIANA

PUBLIQUE SEU LIVRO PELA UPBOOKS

30


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.