Revista Zahar # 1

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ZAHAR

#1

Foto: Peter Hamilton

JAN-MAR 2011

BAUMAN EM DOSE DUPLA RAJ PATEL mostra a diferença entre preço e valor DAVID SHENK afirma: você também pode ser um gênio FOUCAULT . J.-D. NASIO . CLAY SHIRKY . PROUST E MUITO MAIS


NESTA EDIÇÃO Você está recebendo a edição número 1 da revista da Zahar, com os lançamentos do primeiro trimestre de 2011. Mais um canal de comunicação com os leitores, explorando conteúdo dos livros e o que os seus autores têm a dizer. Ao todo, serão cinco edições da revista no ano, com entrevistas, notícias, críticas, resenhas.

Fure e colecione!

Esta é apenas uma das novidades da editora que, em breve, também coloca no ar uma nova versão, mais dinâmica e interativa, de seu site.

EXPEDIENTE ZAHAR Direção editorial Cristina Zahar / Direção executiva Mariana Zahar Conselho editorial Cristina Zahar, Mariana Zahar, Rodrigo Lacerda, Ana Paula Rocha REVISTA Coordenação Isabela Santiago / Edição Ana Claudia Souza / Redação e entrevistas Renata Magdaleno Colaboração editorial Juliana Freire, Clarice Zahar, Lucas Carvalho, Kathia Ferreira, Priscila Corrêa Produção Priscila Fischer / Projeto Gráfico Chris Lima, Evolutiva Estúdio / Design Rebecca Faertes, Evolutiva Estúdio

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ZAHAR - rua México 31 slj - cep 20031-144 - Rio de Janeiro, RJ - tel (21) 2108-0808 / fax (21) 2108-0809 Além das informações aqui, há muito mais em zahar.com.br e em nossas redes sociais. Basta ficar atento aos ícones que estão nas páginas da revista. Conecte-se à Zahar. zahar.com.br

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Johanna Oksala

COMO LER FOUCAULT? PONTO DE PARTIDA Livro coloca leitor face a face com as ideias de Michel Foucault Michel Foucault mudou a forma como pensamos hoje questões polêmicas como poder, sexualidade, loucura e criminalidade. Seus livros eram concebidos como uma caixa de ferramentas que o leitor pudesse vasculhar em busca da que mais precisasse. Como ler Foucault é como uma chave que abre essas caixas. “O que torna Foucault um pensador tão fascinante para mim é que eu nunca tive a sensação de alguma forma dominar o seu trabalho. Ele sempre me surpreende e me faz repensar coisas que eu acreditava já saber”, diz a autora Johanna Oksala. Pesquisadora do Departamento de Filosofia, História e Estudos Culturais e Artísticos da Universidade de Helsinque, Finlândia, Johanna optou por colocar o leitor face a face com os textos de Foucault. Por isso, cada capítulo abre com uma citação dele, extraída de fontes diversas, como livros, aulas, entrevistas ou ensaios. O encadeamento dos capítulos oferece uma visão de conjunto das questões, metodologias e objetivos propostos pelo filósofo. A intenção não é sintetizar tudo o que é preciso saber sobre o teórico, mas oferecer um ponto de partida para conhecer e explorar a obra completa do pensador francês. Em 2011, são celebrados: • 85 anos de nascimento de Foucault, em 15 de outubro • 50 anos da publicação de História da loucura • 45 anos da publicação de As palavras e as coisas • 35 anos da publicação de Historia da sexualidade – volume 1: A vontade de saber

109pp. Nas livrarias: 25 de março R$ 29,90

Leia entrevista completa com Johanna Oksala e conheça outros estudos dela sobre o filósofo: www.zahar.com.br


Clay Shirky

A CULTURA DA PARTICIPAÇÃO CRIATIVIDADE E GENEROSIDADE NO MUNDO CONECTADO A VIDA CONECTADA Para especialista americano, redes sociais podem fazer o mundo melhor Como a internet foi capaz de transformar tão drasticamente o modo como utilizamos nosso tempo livre? Para o guru das novas mídias digitais, a resposta está em como as tecnologias atuais permitem que, com baixíssimo custo e risco, apliquemos algo que sempre tivemos: a vontade de usar nossos talentos para criarmos juntos coisas novas. De consumidores passivos de produtos culturais fornecidos por uma minoria, rapidamente estamos nos transformando em criadores do que outros como nós consomem. Uma mudança aparentemente pequena, que vem provocando uma verdadeira revolução. Nos últimos vinte anos, assistimos a uma transformação radical na forma como milhões de pessoas obtêm informação. Com a experiência de quem trabalha com mídia colaborativa desde o início da rede de computadores, Clay Shirky reúne diversos exemplos de novas e impressionantes ferramentas criadas de forma compartilhada. Algumas são bastante conhecidas, como a Wikipedia, enquanto outras têm usuários especializados, como a plataforma de programação de código aberto Apache. E ainda há os casos de ativismo político, como o site Ushahidi.com, por meio do qual quenianos puderam burlar a censura do governo e divulgar atos de violência em tempo real. Shirky ainda explica como explorar da melhor maneira possível as oportunidades criadas pela tecnologia e pelas redes sociais. Mesmo que cada indivíduo dedique apenas uma pequena fração de seu tempo na construção de algo útil para a população do planeta, é possível gerar uma fonte inesgotável de recursos para melhorar o mundo. O livro faz uma defesa das novas formas de consumo e produção de informação e é um guia de como fazer parte desta revolução com criatividade e generosidade.

389pp. Nas livrarias: 25 de março R$ 39,90 e-book: Preço a definir

No site www.zahar.com.br dicas sobre o tema e textos de Shirky sobre internet e mídias sociais Conecte-se a Zahar no


Foto: Lia Bulaong

CLAY SHIRKY é Professor do Programa de Telecomunicações Interativas da Universidade de Nova York e prestou consultoria a diversos grupos, como Nokia, BBC, News-Corp, Microsoft, Lego e à Marinha dos Estados Unidos. Tem artigos publicados nos jornais The New York Times, The Wall Street Journal, The Times e nas revistas Harvard Business Review, Business 2.0 e Wired. É autor do livro Here comes everybody, a ser publicado pela Zahar.

“Esse livro fala sobre o novo recurso que surgiu quando o tempo livre cumulativo mundial pôde ser considerado como um todo. As duas transições mais importantes que nos permitem acessar esse recurso já aconteceram – a criação de muito mais de 1 trilhão de horas de tempo livre por ano na parte instruída da população mundial, e a invenção e a disseminação da mídia pública, que permite que cidadãos comuns, antes deixados de fora, usem esse tempo livre na busca de atividades das quais gostam ou com as quais se importam. Esses dois fatos são comuns a todos os casos nesse livro, do trabalho humanitário como o Ushahidi a meras brincadeiras como os lolcats (criação de legendas engraçadas sobre fotos de animais, que virou febre na web). Compreender essas duas mudanças, tão diferentes do panorama da mídia do século XX, é apenas o começo da compreensão do que está acontecendo hoje e do que será possível amanhã.” Clay Shirky, sobre A cultura da participação

Um manifesto para o futuro — ou sobre como o futuro deveria ser.

The Independent

O mais impressionante desse manual para construir um mundo melhor é que possivelmente tudo que ele promete é verdade. The Observer

MAIS SOBRE O TEMA Cultura da interface Como o computador transforma nossa maneira de criar e comunicar Steven Johnson Conectado O que a internet fez com você e o que você pode fazer com ela Juliano Spyer O culto do amador Como blogs, MySpace, YouTube e a pirataria digital estão destruindo nossa economia, cultura e valores Andrew Keen


Raj Patel

O VALOR DE NADA

POR QUE TUDO CUSTA MAIS CARO DO QUE PENSAMOS

PREÇO E VALOR NÃO SÃO A MESMA COISA Autor aponta as contradições no custo das coisas que consumimos “Hoje em dia, as pessoas sabem o preço de tudo e o valor de nada.” A frase do escritor Oscar Wilde resume com precisão o atual status da sociedade de consumo. Jornais, revistas e TV reproduzem à exaustão slogans como “quer pagar quanto?” e “não tem preço”. Mas, afinal, o que determina quanto custam as coisas? Raj Patel foi em busca da resposta e investigou o que está por trás dos números afixados nas etiquetas.

Um livro brilhante.

Naomi Klein, autora de A doutrina do choque

Original, bem-fundamentado e best-seller no New York Times, esse livro revela o verdadeiro preço que a sociedade paga pelo que consome e demonstra as perigosas consequências da propagada liberdade de consumo.

O valor de nada é um livro inestimável, e nos aponta o caminho contra a cegueira da selva do mercado. Michael Pollan, autor de O dilema do onívoro

240pp. Nas livrarias: 18 de fevereiro R$ 44,90 R$ 34,00


Um guia perspicaz e admiravelmente conciso das loucuras do fundamentalismo do mercado. The Guardian

A TEORIA E A PRÁTICA Raj Patel conta à Zahar que nem sempre consegue, mas tenta consumir menos Raj Patel tenta aplicar em sua própria vida as lições que defende em O valor de nada. Nem sempre é fácil. Em entrevista à Zahar – que você lê na íntegra no site www.zahar.com.br –, ele defende: “Precisamos definir o valor não através de aquisições, mas através de tomada de decisão social. Isso nos afasta de questões sobre consumo e nos leva muito mais às questões de cidadania”. O que o motivou a iniciar a pesquisa que resultou no livro? Qual o método escolhido para investigar a questão? A forma como a mídia tratou da crise financeira mundial em 2008 foi profundamente insatisfatória. Eu escrevi o livro pensando em ficar longe dos jargões, com o objetivo de atingir leitores que sentiam que havia algo que se deixou de questionar, mas não sabiam o que poderia ser isso exatamente. Em sua opinião, como uma pessoa pode pensar nos valores reais por trás de cada serviço e produto que compra? É difícil saber o verdadeiro custo, por exemplo, dos eletrônicos que compramos. Quanto mais notícias surgem sobre as mortes no Congo ou sobre a repressão na China, onde muitos elementos raros da Terra são extraídos, mais claro fica que o custo dos nossos investimentos pode ser medido em vidas humanas. O senhor emprega essa lição em sua vida pessoal? Acabei de ter um filho e me vi consumindo mais do que jamais pensei. Mas, sim, eu tento empregar essas lições na minha vida pessoal, tentando primeiro simplesmente consumir menos.

Foto: Andrea Ismert

Leia mais em www.zahar.com.br

RAJ PATEL, escritor premiado, ativista e acadêmico, formou-se na Universidade de Oxford, na London School of Economics, e na Universidade Cornell. Ex-professor de Yale, atua nas universidades de KwaZulu-Natal (África do Sul) e da Califórnia, em Berkeley. Trabalhou no Banco Mundial e na Organização Mundial do Comércio, e é consultor do Special Rapporteur on the Right to Food das Nações Unidas. Escreve regularmente para o Guardian e já colaborou com o LA Times, o NYTimes.com e o Observer. É autor de Stuffed and Starved: The Hidden Battle for the Global Food System, publicado em onze países.


Zygmunt Bauman

BAUMAN SOBRE BAUMAN DIÁLOGOS COM KEITH TESTER LIÇÕES DO MESTRE Livro surgiu a partir de conversas entre aluno e professor Quem é Zygmunt Bauman? O que faz? Por que um dos principais sociólogos contemporâneos faz o que faz? Essas três perguntas guiam os cinco diálogos que o professor Keith Tester manteve com Bauman na primavera/ verão de 2000. Durante as conversas, o pensador revisita suas próprias teorias, cita os autores que o influenciam, os planos para o futuro, além de lembrar aspectos marcantes de sua vida, como a juventude na Polônia e a importância da esposa em sua compreensão do Holocausto (leia na seção Seleção Zahar sobre o livro de Janina Bauman). Os leitores familiarizados com os conceitos de Bauman encontrarão resposta para algumas perguntas que gostariam de fazer ao autor, com suas ideias organizadas por temas. Aqueles que acabam de descobrir esse engajado pensador terão um ponto de partida útil para orientar a leitura de uma obra essencial.

PAPO RÁPIDO

Keith Tester fala sobre seus diálogos que viraram livro Qual foi a importância do pensamento de Bauman para a sua carreira? O pensamento de Bauman – assim como sua orientação pessoal – foram fundamentais para a minha carreira. Um grande professor no melhor significado do termo, ele me deu coragem para ‘usar meu próprio entendimento’, e acho que isso é o que o seu pensamento devia significar para todos nós – pensar com isso, contra isso, mas usando nosso próprio entendimento para falar sobre isso. Leia a entrevista em www.zahar.com.br

LINHA DO TEMPO

1925: Nasce na Polônia, numa família judia

1939: Muda-se para a antiga União Soviética, fugindo da invasão nazista

184pp. Nas livrarias: 29 de janeiro R$ 34,90 R$ 24,50

1948: Conhece Janina e a pede em casamento nove dias depois. Com ela teve três filhas: Anna (matemática), Lydia (pintora) e Irena (arquiteta)

Anos 50: Começa a carreira acadêmica. Torna-se professor da Universidade de Varsóvia


VISÕES DE BAUMAN O sociólogo fala à Zahar sobre suas teorias, temas de dois lançamentos: Bauman sobre Bauman e Vida em fragmentos Nesse início de 2011, a Zahar lança dois livros essenciais para a compreensão da obra de Zygmunt Bauman: Bauman sobre Bauman (em janeiro) e Vida em fragmentos (em março). São temas importantes para entender como os conceitos desenvolvidos pelo sociólogo foram se formando e para compreender como sua trajetória de vida influenciou na forma como compôs sua obra. Nesta entrevista, cuja íntegra está no site www.zahar.com.br, Bauman, entre outras reflexões, fala sobre a influência da esposa Janina, falecida em 2009. O senhor acredita que os dois livros são obras-chave para entender o seu pensamento? Sim, acredito que esse é o caso. No curso de conversações conduzidas pelo professor Keith Tester, eu tive a oportunidade de olhar para trás, para as circunstâncias que proporcionaram meus estágios sucessivos, continuidades e descontinuidades no desenvolvimento de minhas percepções e diagnósticos em relação à percepção do mundo que habitamos. Em relação a Vida em fragmentos, os ensaios reunidos refazem minha trajetória do embate com a idéia de ‘pós-modernidade’ até a seleção da ‘liquidez’ como atributo definidor da sociedade e da vida social em nosso tempo. Keith Tester afirma, na introdução de Bauman sobre Bauman, que alguns fatores da sua vida foram essenciais para a construção dos seus conceitos, como por exemplo, o livro escrito por Janina Bauman sobre o Holocausto. Concorda? Sim, completamente... O livro de Janina (publicado pela Zahar com o título Inverno na manhã: uma jovem no gueto de Varsóvia) foi, por assim dizer, o impulso que me colocou na linha de estudo perseguida por mim nos últimos vinte anos. Segundo essa visão, o senhor acredita que as trajetórias de vida de filósofos e pensadores sempre acabam por influenciar a escolha dos objetos de estudo que escolhem? Sem dúvida. A vida pessoal proporciona o material bruto, mas reciclar isso é o trabalho e a tarefa dos pensadores.

O que fazemos em ciências humanas é, acima de tudo, a reciclagem de nossas experiências de vida e observações, encontrando as descobertas e iluminações que acompanham esse curso

1968: Deixa a Polônia, onde tem artigos censurados, e vai viver com a família em Israel

1971: Muda-se para a Inglaterra. Torna-se professor da Universidade de Leeds

1990: Aposenta-se da Universidade de Leeds

Anos 90: Começa o seu período mais produtivo. Apenas nove de seus livros foram escritos antes da aposentadoria


Zygmunt Bauman

VIDA EM FRAGMENTOS SOBRE A ÉTICA PÓS-MODERNA A ERA DA DISPERSÃO Em oito ensaios, pensador reflete sobre questões contemporâneas e mostra que estamos cada vez mais desatentos Vivemos em um mundo fragmentado, em que cada imagem afugenta e substitui a anterior e segue assim, sucessivamente. Celebridades surgem hoje para desaparecer amanhã sem deixar rastros. Problemas brotam todos os dias, mas escapam assim que surgem. Nesse universo, a atenção tornou-se o mais escasso dos bens, sobretudo a atenção para o outro, para as questões da humanidade. Nesse cenário, como exercer uma atitude moral que leve em conta o outro?

Vida em fragmentos é uma reflexão sobre a possibilidade de resolver esse dilema numa sociedade de consumidores que privatiza e individualiza as responsabilidades. Para isso, Bauman reúne temas que viraram verdadeiras marcas de sua obra: identidade, inospitalidade, peregrinação e errância, pânico, violência, racismo, antissemitismo, modernização da crueldade, função dos intelectuais na política e construção de uma moral não baseada em contrato, mas incondicional e irrestrita.

2009: Amor líquido, lançado no Brasil em 2004, alcança a marca de 30 mil exemplares vendidos, transformando-se no seu maior best-seller no país

2009: Falece Janina Bauman

427pp. Nas livrarias: 18 de março R$ 59,90

Para mim, Bauman tornou-se o teórico da pós-modernidade. Anthony Giddens

2010: A Universidade de Leeds inaugura o Bauman Institute, em homenagem ao sociólogo

2011: Com o lançamento de Bauman sobre Bauman e Vida em fragmentos, a Zahar soma 24 livros do autor publicados no Brasil


Seleção Zahar

Durante a guerra aprendi uma verdade que geralmente INVERNO NA preferimos não MANHÃ enunciar: que o mais brutal da crueldade UMA JOVEM NO é que ela desumaniza GUETO DE VARSÓVIA suas vítimas antes de Janina Bauman destruí-las. E que a luta mais árdua de todas é permanecer humano em condições desumanas. 236pp, ilustrado. R$ 44,00

Janina Bauman

Nascida na Polônia em uma família judia, Janina Bauman tinha quartorze anos quando o exército de Hitler invadiu seu país. Nos seis anos seguintes, lutou pela sobrevivência, enfrentou os horrores do campo de concentração, o medo e a fome, ao mesmo tempo em que viveu os dilemas da adolescência e as primeiras emoções do amor. Inverno na manhã é um testemunho dessa época, baseado nos diários que a jovem escreveu durante a guerra, escondidos naquele período e encontrados intactos anos depois. Um dos relatos mais tocantes sobre o Holocausto, esses escritos acabaram por influenciar também a obra do marido de Janina, Zygmunt Bauman. Os dois se conheceram em 1948, enquanto ela cursava jornalismo na Academia de Ciências Sociais de Varsóvia. A união durou 62 anos, até a morte da autora, em 2009.

Mais vendidos de 2010 1. Alice, de Lewis Carroll 2. O andar do bêbado, de Leonard Mlodinow 3. Contos de fadas, de Perrault, Grimm, Andersen & outros 4. A onda, de Susan Casey 5. Guia ilustrado TV Globo, de Memória Globo 6. Incríveis passatempos matemáticos, de Ian Stewart 7. Cultura: um conceito antropológico, de Roque de Barros Laraia 8. Almanaque das curiosidades matemáticas, de Ian Stewart 9. Amor líquido, de Zygmunt Bauman 10. Todo paciente tem uma história para contar, de Lisa Sanders


J.-D. Nasio

OS OLHOS DE LAURA

SOMOS TODOS LOUCOS EM ALGUM RECANTO DE NOSSAS VIDAS AFINAL, O QUE É ESTAR LOUCO? São tênues as fronteiras que nos mantêm nos limites da realidade Sempre achamos que psicose é sinônimo de doença mental. No entanto, ela pode se manifestar em qualquer pessoa sadia por meio de um rompimento passageiro com a realidade. No instante da loucura, o louco que às vezes somos segue obstinado uma ideia fixa e falsa, que emerge sempre nas mesmas circunstâncias, toma conta de nós e nos impulsiona a agir cegamente. Nasio mostra, na linguagem acessível que lhe é característica, que cada um de nós conserva uma fantasia poderosa prestes a se manifestar na forma de delírio. Explica também por que um psicótico, inversamente, consegue preservar regiões saudáveis em seu psiquismo. Afinal, segundo o autor, em todo indivíduo convive uma pluralidade de “pessoas” saudáveis e doentes. O que separa esses dois pólos é um simples fio invisível. Em algum recanto desse psiquismo são mantidas fantasias intensas, prestes a vir à tona, seja de forma estrondosa e permanente ou através de um microdelírio, discreto e momentâneo.

POR QUE LER ESTE LIVRO “Ao explorar as fronteiras entre o normal e o patológico, Nasio toca diretamente em alguns dos problemas fundamentais propostos pelo ensino de Jacques Lacan. De maneira original, Os olhos de Laura oferece uma revisão instigante de alguns dos conceitos e preconceitos que rondam o campo lacaniano, além de nos brindar ainda com um relato clínico preciso. O significante, o inconsciente, o corpo, o olhar: podem esses temas funcionar como armas contra o conformismo teórico e clínico que surge por vezes na psicanálise e em campos vizinhos? Nasio tenta nos provar que sim.”

168pp, coleção Transmissão da Psicanálise. Nas livrarias: 28 de janeiro R$ 32,00 R$ 22,50

Felipe Castelo Branco, psicanalista, doutorando do Programa de PósGraduação em Psicanálise da UERJ, é revisor técnico de Os olhos de Laura.


Michael Fischer

FUTUROS ANTROPOLÓGICOS REDEFININDO A CULTURA NA ERA TECNOLÓGICA

QUAL O LUGAR DA ANTROPOLOGIA HOJE? Para responder à pergunta, autor olha o passado e os recentes desenvolvimentos da área Em seis textos com temas interrelacionados, Michael Fischer explora a ligação entre antropologia e filosofia e mostra como, atualmente, o objeto de estudo antropológico se expandiu para incluir a ciência, a tecnologia e novas formas de sociabilidade. Além de recorrer a autores essenciais para compreender a relação entre antropologia e filosofia — de Immanuel Kant a Hannah Arendt, passando por Marx, Geertz, Derrida e Bruno Latour —, Fischer traz para o debate uma série de pensadores de tradições não ocidentais, com o objetivo de assentar a disciplina em bases múltiplas. 389pp. Nas livrarias: 4 de março R$ 59,00 R$ 41,00

MAIS SOBRE O TEMA Nova luz sobre a antropologia Clifford Geertz Falando da sociedade Howard S. Becker Individualismo e cultura Gilberto Velho

O autor mostra que, antes mesmo da cultura, está no homem (antropos) o principal objeto da antropologia. Afinal, desde o século XVIII, filosofia e antropologia compartilham o debate sobre o que é o homem. Fischer ressalta como a disciplina foi levando em conta outras questões, como o potencial do antropólogo de olhar para o outro não apenas como objeto de estudo, mas também como produtor de conhecimento com o qual é preciso dialogar. É a troca de mensagens com Bandung, Teerã ou Istambul que, nos diz Fischer, abre caminho para as antropologias vindouras e os “futuros antropológicos”.

Leia a entrevista com o autor em www.zahar.com.br

MICHAEL FISCHER é professor de antropologia e de estudos da ciência e da tecnologia no Massachusetts Institute of Technology (MIT). É autor, entre outros livros, de Emergent Forms of Life and the Anthropological Voice (premiado pela Sociedade Etnológica Americana).


Marcel Proust // Adaptação e desenhos: Stéphane Heuet

EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO - 5 UM AMOR DE SWANN - II

CLÁSSICO EM VERSÃO QUADRINHOS Edição adaptada por Stéphane Heuet é excelente porta de entrada para obra de Proust Charles Swann, atormentado pelo ciúme, está cada vez mais preso aos caprichos da volúvel Odette de Crécy. Irá o aristocrata sucumbir ou o tempo lhe dará forças para se libertar e voltar à tona? Quadro a quadro, o leitor percorre os caminhos dessa conturbada paixão, impregnando-se pouco a pouco com a trama de Proust. As detalhadas ilustrações ainda recriam a Paris da época.

Em busca do tempo perdido é um marco na literatura mundial. Esta adaptação para a linguagem dos quadrinhos de Stéphane Heuet apresenta o texto de Marcel Proust compilado de forma fiel ao original, o que permite ao leitor um contato direto com a obra do autor. A edição brasileira traz, ao final de cada volume, informações, curiosidades e notas ilustradas, que fornecem referências para a leitura. Um livro que irá encantar o público infanto-juvenil e adulto, proustianos e amantes das artes visuais.

Confira mais ilustrações da edição em quadrinhos em www.zahar.com.br

STÉPHANE HEUET serviu na Marinha francesa antes de ser diretor de arte em agências de publicidade. Dedica-se há anos à ilustração da série em quadrinhos Em busca do tempo perdido.

MARCEL PROUST (1871-1922): o escritor foi considerado um dos mais importantes do século XX. Nasceu em Paris e isolou-se dos meios sociais para dedicar-se exclusivamente à criação de sua obra máxima, publicada em volumes, de 1913 a 1927.


Riqueza conceitual e simbólica do texto de Proust ganhou achados visuais no traço de Heuet.

Ubiratan Brasil, O Estado de S. Paulo

Conheça outros livros da série adaptada e ilustrada por Heuet: 1. No caminho de Swann: Combray 2. À sombra das raparigas em flor - I 3. À sombra das raparigas em flor - II 4. Um amor de Swann - I

52pp, ilustrado. Nas livrarias: 4 de fevereiro R$ 39,90 R$ 28,00

Curiosidades sobre a obra: • A versão original da obra de Marcel Proust tem mais de 2 mil páginas e sete tomos. • O primeiro livro da série em quadrinhos Em busca do tempo perdido foi publicado na França, em 1998. • Heuet espera finalizar os volumes em 2020. • No Brasil, o primeiro título foi publicado em 2003. • Para concluir o primeiro livro, No caminho de Swann – Combray, Heuet trabalhou durante três anos e meio.


Alberto Oliva

TEORIA DO CONHECIMENTO

O VALOR DO SABER Em seu livro, professor de filosofia trata da busca do conhecimento “Sem os óculos da filosofia tendemos a ver as coisas sem distanciamento crítico.” A afirmação é de Alberto Oliva, autor de Teoria do conhecimento. No livro, Oliva procura dotar o leitor dessas tais lentes, capazes de proporcionar um olhar crítico diante do mundo. “Não me dediquei a veicular uma visão específica e sim apontar as questões que mais têm absorvido os grandes teóricos da epistemologia desde Platão”, define o professor da UFRJ, onde coordena o Centro de Epistemologia e História da Ciência. Esta teoria (também chamada epistemologia) aborda não somente a natureza e as fontes de saber, mas, sobretudo, as formas de validá-lo – seu maior desafio. Segundo o autor, “o livro almeja expor como o conhecimento tem sido tradicionalmente concebido e identificar as dificuldades para estabelecer a verdade de uma crença e justificá-la”. Com linguagem simples e didática, o leitor vai explorar ao longo das páginas os tipos de saber, como estudá-lo e buscá-lo, as contradições entre aparência e a realidade e dificuldade em definir a verdade por trás de todos os fatos. “Não há conhecimento falso. Desse modo, a verdade precisa ser estabelecida para que se possa postular ter conhecimento sobre alguma coisa. Como se pode chegar a uma crença verdadeira por acaso, palpite, acidente etc, a verdade da crença é condição necessária, mas não suficiente, para se ter conhecimento. Daí a busca da justificação ser decisiva”, diz Oliva à Zahar.

PALAVRAS DO AUTOR Confira algumas das ideias de Alberto Oliva, em depoimento à Zahar “A verdade última e a explicação definitiva podem não ser alcançáveis. Mas isso não significa que não se possa chegar a crenças fundamentadas, à luz da evidência até aqui disponível, porém passiveis de revisão. Mais importante que encontrar a verdade é buscá-la indefinidamente.” “Na discussão do conhecimento não se pode deixar de sublinhar o quanto enganosamente endossamos como conhecimento determinados entendimentos das coisas que não passam de opiniões circunstanciais formadas sem submetê-las a qualquer crivo epistemológico.” 92pp, coleção Filosofia Passo-a-Passo. Nas livrarias: 25 de fevereiro R$ 16,00 R$ 11,00

Leia a íntegra da entrevista em www.zahar.com.br


Cristina Buarque de Hollanda

TEORIA DAS ELITES FIO DA HISTÓRIA Autora apresenta principais pensadores da teoria das elites moderna A teoria das elites supõe que toda forma política produz distinção entre minoria dirigente e maioria dirigida. Sua origem é tão antiga quanto a tradição da filosofia política e remete à crítica de Sócrates às rotinas igualitárias na Atenas do século V a.C. Com segurança e clareza, a autora apresenta os principais pensadores da teoria das elites moderna, como Gaetano Mosca, Vilfredo Pareto e Robert Michels. Investiga, ainda, versões contemporâneas do elitismo, com Joseph Schumpeter e Robert Dahl, além de seus ecos na formação da República brasileira, com atenção às obras de Oliveira Vianna e Assis Brasil, figuras-chave do pensamento republicano autoritário e liberal, respectivamente.

Inclui textos de Vilfredo Pareto e Robert Michels inéditos em português.

108pp, coleção Nova Biblioteca de Ciências Sociais. Nas livrarias: 11 de fevereiro R$ 22,00 R$ 15,50

QUER SABER MAIS? Em busca da política Zygmunt Bauman

CRISTINA BUARQUE DE HOLLANDA leciona no Departamento de Ciência Política da UFRJ e coordena o Núcleo de Estudos em Teoria Política (Nutep-IFCS/UFRJ). Doutora em ciência política pelo Iuperj, com extensão na Università Degli Studi di Padova, Itália, realizou estudos comparativos entre Brasil, Argentina, África do Sul e Timor Leste. É autora de Polícia e direitos humanos e Modos da representação política: o experimento da primeira República brasileira.

Forças Armadas e política no Brasil José Murilo de Carvalho História das ideias políticas François Châtelet e outros


David Shenk

O GÊNIO EM TODOS NÓS

POR QUE TUDO QUE VOCÊ OUVIU FALAR SOBRE GENÉTICA, TALENTO E QI ESTÁ ERRADO UMA VIDA MENOS ORDINÁRIA Para o escritor, está em nossas mãos nos tornarmos seres geniais Por que, entre tantos músicos, atletas, cientistas, poucos alcançam aquilo que costumamos chamar de “genialidade”? O que diferencia Mozart, Albert Einstein e Michael Jordan de tantos que, na mesma época, compunham, desenvolviam teorias científicas ou jogavam basquete? Quem aposta que é alguma qualidade genética ainda não conhece as teorias defendidas por esse livro.

337pp. Nas livrarias: 18 de março R$ 44,00 Preço a definir

QUER SABER MAIS? O jogo imortal O que o xadrez nos revela sobre a guerra, a arte, a ciência e o cérebro humano David Shenk

Em contestação à tendência de explicar o surgimento desses indivíduos excepcionais por meio de um determinismo genético, David Shenk desenvolve, em O gênio em todos nós, um brilhante argumento a favor da capacidade humana de moldar suas próprias habilidades. Segundo o autor, os genes apenas desenham as possibilidades de cada pessoa, que serão impulsionadas ou desestimuladas pelo meio em que vive e pelo trabalho individual. O resultado é uma visão otimista do ser humano, não mais destinado à grandeza ou à mediocridade por fatores que não pode controlar. De maneira clara e persuasiva, Shenk faz um apanhado dos mais recentes estudos científicos que explicam como desenvolvemos nossas habilidades e como os genes interagem com o ambiente para nos tornar quem somos. Demonstra também como podemos cultivar nossos potenciais — ou arruiná-los. Não somos prisioneiros do nosso DNA e está nas nossas mãos transformar, por meio do esforço, nosso potencial em grandes realizações.

De cabeça aberta Conhecendo o cérebro para entender a personalidade humana Steven Johnson

Conheça mais sobre o autor no site: www.zahar.com.br


INTELIGÊNCIA SE DESENVOLVE

David Shenk é categórico ao afirmar: “Certamente, não existe talento inato.” O autor de O gênio em todos nós defende que todo homem tem a capacidade de desenvolver suas próprias habilidades. Nessa entrevista, ele explica melhor a sua tese e desfia mais uma certeza: nunca é tarde demais para começar. Em seu livro há a defesa de que a genética não é tão determinante quanto as pessoas pensam. Na sua opinião, a vida que se leva (a criação, família...) pode influenciar o seu sucesso? O importante que precisamos perceber é que somos seres em desenvolvimento. Isso não significa que o controlamos completamente, mas quer dizer que todo talento e inteligência vem de um processo de aprimoramento e não de algo inato. Os genes têm uma forte influência, mas eles são ativados ou desativados, de acordo com o ambiente – pela vida que levamos. Os genes nos influenciam, mas nós sempre influenciamos nossos genes. Essa é toda uma nova forma de entender o potencial humano.

Foto: GershKuntzman

Confira essa e outras ideias do autor na entrevista exclusiva à Zahar

DAVID SHENK é autor de livros de grande sucesso nos Estados Unidos. Foi colaborador dos periódicos National Geographic, Gourmet, Harper’s, Slate e The New Yorker, bem como das emissoras NPR e PBS. Ele dá palestras sobre questões de saúde, envelhecimento e tecnologia e é correspondente do site TheAtlantic.com. De sua autoria, a Zahar publicou, em 2006, O jogo imortal, sobre a relação entre xadrez e guerra, arte, ciência e o cérebro humano.

No seu caso, sua vida pessoal influenciou na escolha de seus objetos de estudo? Você é o exemplo de um escritor de sucesso que foi se formando, e que não nasceu com uma espécie de dom natural? Não acredito que as pessoas nasçam com talentos ou sem talentos. Nos desenvolvemos em nossas vidas – desde o momento em que somos concebidos até o momento em que morremos. Mas, certamente, não existe talento inato. Você acredita, então, que todos são responsáveis por seus sucessos ou fracassos? Todos precisam se responsabilizar pelo seu grau de realização, apesar do fato de que ninguém está completamente no controle das circunstâncias de sua vida. Você não pode controlar que genes vai ter ou quem serão os seus pais, ou em que cultura você nasceu etc. Mas você continua precisando assumir responsabilidades em relação às suas ações, e pelos seus próprios sucessos e fracassos.

Leia toda a entrevista em www.zahar.com.br


O QUE VEM POR AÍ

Elena Seibert

Cleópatra: uma biografia, de Stacy Schiff Na lista dos mais vendidos do New York Times e prestes a chegar aos cinemas com Angelina Jolie no papel principal, o livro de Schiff faz um perfil surpreendente sobre a última rainha do Egito Antigo.

Thriller: A vida e a música de Michael Jackson,

de Nelson George Divulgação

Uma análise do álbum mais vendido da história e também um perfil do Rei do Pop, escrito sob o impacto de sua morte em 2009. Respeitado crítico musical, Nelson George reconstrói a vida e a obra de Michael Jackson, antes e depois desse clássico de 1982.

fascinante e revigorante conversa “Thrillercomé uma um homem que passou muito tempo pensando sobre a música de Michael Jackson.” Newsweek O melhor cérebro da sua vida, de Barbara Strauch

Ellen Warner

Cérebros, assim como certos queijos franceses, ficam “melhores com a idade. Essa é a mensagem de O melhor

cérebro da sua vida, que oferece uma análise detalhada das mais recentes pesquisas sobre o assunto e mostra que o cérebro humano chega ao seu ápice quando seus donos estão entre o início dos 40 e o fim dos 60 anos. Scientific American

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