Quantos lados tem um muro?

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CAPA



QUANTOS LADOS TEM UM MURO?


ARTISTAS Amanda Cristina Bárbara Oliveira Clarice Panadés Isabel Ávila Isadora Moraes Marcela Paim Murilo Caixeta Profeta Torugo Violet Prison


As ações aqui apresentadas partem da necessidade de criar contato físico, de esbarrar um trabalho artístico no outro, corporificando as trocas realizadas virtualmente ao longo de um semestre de pesquisa em grupo. Foram estratégias, dinâmicas e reflexões com a intenção de amadurecer os processos criativos e as nossas relações. Táticas de como organizar o pensamento, expor ideias, romper fronteiras e dar consistência ao fazer poético. Essa publicação é uma possibilidade de interação de trabalhos que atravessam diferentes caminhos, que ativam experiências singulares e se conectam de maneira rizomática. Corpo, movimento, pele, lar, gênero, identidade, representatividade, terra, território, rua e cidade. Essas dimensões globais foram trazidas para esferas individuais e se manifestam nas pesquisas através de múltiplas linguagens: desenho, performance, dança, música, escultura, intervenção urbana, colagem, impressão, gravura, pintura, fotografia e vídeo. Somos indivíduos procurando espaços acolhedores que propiciem o cultivo da vida e, assim, nos propusemos a esse trabalho coletivo a partir da nossa convivência a distância. Foi um desafio e ao mesmo tempo uma oportunidade de continuar produzindo, coexistindo, se afetando e alimentando o nosso imaginário. Como criar contato sem contato? Aqui buscamos o encontro, a experiência, o processo e a descoberta. O muro é um lugar de escuta, de fala e de silêncio. Lidamos com paredes na vida cotidiana e elas são um elemento muito importante no processo criativo: são superfícies de contemplação, ambientes de trabalho, limites, divisórias e proteção. A pedra que abriga, a alvenaria que determina, a margem que permite e nega. Essas estruturas possibilitam o descanso e o isolamento, mas, quantas faces tem um isolamento? Contendo a nossa vontade de sair dos limites e a ciência de permanecer dentro de si mesmo, o projeto “Quantos lados tem um muro?” investiga as possibilidades de existência quando o mundo conhecido se tornou tão estranho. O compartilhamento de processos e o olhar generoso para o fazer do outro, foi uma chave para repensarmos também o nosso próprio fazer e a nossa própria história.


CONVERSA INVISÍVEL 1

Vem então, a multiplicidade de janelas, recortes, parcelas, fragmentos. Isso aqui é um corpo novo, dígito sem o dedo, superfície plana, de cabos, códigos, que vai além da minha capacidade de compreensão. Parece tanto magia, que me perco nos devaneios de cabos ópticos fluorescentes, levando palavras e cores para a tela do outro lado do mundo. Como pode, tudo, em um milésimo de segundos? Qual o descompasso dos micro instantes?

Onde se perde o agora e o instante seguinte. A magia da transmissão A magia do contágio Volto, então, ao encantamento, poeira pó do mundo. Essa poeira que gruda na sola dos pés, e que acompanha o caminhante lentamente, no suor dos dias, passo, passo, passo. O ritmo que faz o sentimento. O sentir. Sentir é o que difere vida e morte? O corpo que sente, carrega matéria senciente. Por onde passa, mais poeira de mundo


O que é o futuro nesse incessante espaço-tempo? Abrimos a janela para o pequeno facho de luz entrar e algumas fechamos, mas abrimos outra para que ainda a luz possa entrar Talvez a magia esteja nas microestâncias que nos rodeiam mas o que se esconde por hora se revela Sempre está ali, mesmo escondido se faz presente e influencia indiretamente. Se revela espontaneamente ou decidimos revelar quando estamos prontos para isso?

Não sei. Como tudo isso começou? Pelo plano? Pelo contágio? Uma fresta? De onde viemos? Somos números e pixels? Somos isso tudo mesmo? Não somos nada. Somos poeira e sombras.


AMANDA CRISTINA




Corpo vivo Corpo translúcido Corpo a prova Corpo formal




Colocar um corpo vivo à prova e transcender para além de seu lugar comum. Com todas as suas deformações, acontece a anulação do movimento.


Uma dança estática, sem a companhia do outro, mas há a companhia de si. Me vejo espelhada, uma metamorfose de mim. Danço sozinha, mas não solitária.







Um organismo Um organismo que se multiplica Se entrelaça Separa e emenda Se cala Se perde e volta Mas em constante movimento Então por que está estático? O que você está dizendo? Parece sussurrar Pede socorro Mas permanece em plenitude Em constante movimento Estático Eu te vejo Vejo que me vê Está realmente me escutando? Estou pertencendo Você me pertence ou eu te pertenço? Eu agora sou uma parte de você eternizada no passado Como poderia não pertencer? Somos o mesmo organismo Em constante movimento?

AMANDA


BÁRBARA OLIVEIRA



Do corpo ao corpo.


Meu trabalho consiste em unir a prática de pintura corporal com a fotografia. Pinto formas geométricas ou abstratas no corpo de modelos. As cores vivas e planas, usadas nas padronagens criadas, é um fator usado para levantar um questionamento do que é tridimensional e o que é um desenho plano. A fotografia como única forma de registro da pintura é usada para criar essa ilusão. Considero o corpo como tela, o corpo como potência. Fazemos tudo através dele, nossa experiência de vida é através da pele. Pintar em um tela não tem o mesmo poder de pintar em uma superfície tridimensional com vida. O corpo de cada pessoa lê a pintura de uma forma e a transforma em algo novo. Cada pose na fotografia forma uma nova tela. Em um segundo momento surgiu o desejo de levar os padrões para outro lugar. Além de pintar as modelos, eu poderia criar outros corpos. Os bonecos de pano foram confeccionados com o objetivo de tornar permanente as pinturas, ter mais liberdade na criação e formar um diálogo com as modelos.










CONVERSA INVISÍVEL 2

O impossível só não é real com os olhos do tempo. O impossível no presente é passado. O passado se abre na abertura do sentido e algo salta em direção à mente.

anacronismos onde existe a dualidade? Modos

Algo se abre no agora. Se o impossível foi uma possibilidade perdida Quais as possibilidades estão aqui? Se ele só existe como possibilidade, qual o real significado de impossível?

pensamento é nuvem ele está ali diz umas coisas

A possibilidade habita o presente exatamente por jamais ser agora. Nunca se sabe agora porque agora é vazio para a história intocável para a mente. para o presente

o processo acontece a vida acontece a dinâmica da vida a vida viva o processo acontece é rebelde aos pensamentos às estruturas

axiomas nem possível tampouco impossível

às vezes agarrar um pensamento estraga o trabalho

Que pensamento? pensamento

pensamento é papagaio que repete o que ouviu


estraga tudo tem que haver escuta processo é escuta

Se for necessário posso até pensar em outra forma, posso dar forma ao pensar. Posso dar ouvidos ao pensado e pensar sobre o ouvido. Posso fazer um esforço

preciso ver o ver olhar observar desaparecer pensamento é duro é dureza prefiro ser mole minhas escolhas não vem do pensamento passam por lá mas vem de outro lugar o pensamento serve para agrupar e desagrupar e não sirvo pra servir ao pensamento prefiro servir ao cheiro do jardim da mata

aqui para vocês me entenderem. Mas no fundo o que interessa é olhar. É ver, não é falar.


CLARICE PANADÉS













A pesquisa parece querer iniciar esse aprofundamento horizontal. Permanecer mais um pouco nessa região úmida em que estou agora. Fazer aqui um lugar emaranhado, aninhado de radículas. Um ajuda a outra a colher os nutrientes, será esse o sucinto da raiz? O sucinto do disforme. Se olho ao redor desse emaranhado específico, o que é possível absorver em imagens, palavras, alimentos? E se eu digerir por vários dias o carvão e as animações de Kentridge, ouvir o que ele tem a dizer sobre desenho e o olhar sobre o mundo? Sobre estar no mundo? O que só ele, daquele ângulo de visão, saberia dizer? O acontece se iniciar minha pesquisa prática de cartografar, estudando o cruzamento de trilhas no espaço, a descoberta de conexões de caminhos na montanha?


Como posso narrar a experiência desse caminhar? Será que é o modo de narrar que a prática da experiência ganha contorno e dá contorno ao mundo? Permanecer no movimento daquela pergunta. Até que a pergunta seja incorporada. Parece que isso dá espaço de ar. A ansiedade diminui. O olhar se abre. Me parece sábio aproveitar os nutrientes, quando se faz ao modo ruminante das vacas com quatro estômagos. Digerir 1, 2, 3, 4 vezes o nomadismo. Até que ele seja habitante rizomaticamente de cada célula do corpo. Será assim, que a experiência com as coisas será parte do meu gesto? CLARICE


ISABEL ÁVILA









.etnaid arp sárt ed odnassap odut ed oãsserpmi a moC“ .adatneberra ,adahlaçartse ,aditrevni odnias megami ahniM megami reuqlauq ,asioc artuo reuqlauq res airedop iuqa oduT ”.aicnâtropmi mes e aminôna


“Com a impressão de tudo passando de trás pra diante. Minha imagem saindo invertida, estraçalhada, arrebentada. Tudo aqui poderia ser qualquer outra coisa, qualquer imagem anônima e sem importância.”





Não sei muito bem por onde começar. Por onde devo iniciar esta conversa? Na verdade foi assim que te comecei – sem saber por onde, te fazendo e te desfazendo. Você é minha criatura, feita a partir de corpos mortos e continua morta até que me lembro de você, até que alguém te olha. Aliás, não basta olhar, tem que assistir. Fiquei apaixonada por você e ainda sou... já faz mais de um ano que você é parte da minha vida e parte de mim. Gostaria de te refazer, mas você é sempre muito valiosa para mim. Você também é parte de suas irmãs. Algumas delas não nasceram ainda, não sabem por onde... mas elas também te amam. Você deixa alguns confusos já outros querem te tocar, te pegar e te atravessar. Também tento te segurar, mas quero que você escape, me escape. Tento te engolir inteira, mas você não tem matéria. Você é como o vento que carrega sementes. As sementes eu consigo agarrar.

ISABEL


ISADORA MORAES


Crio universos utilizando como principal ferramenta a gravura, catalogando e dissecando suas criaturas e ambientações de forma sistemática, busco semelhanças entre realidade e fantasia. Escolho a gravura como meio, pois a relação entre matriz e impressão traz em si uma certa melancolia, a impressão sempre se apresentando sozinha, referenciando uma matriz que nunca está presente, relação que traduz a relação entre os universos criados, que trazem em si semelhanças com a realidade, e o real. Nas duas relações a polaridade existente matriz/ impressão, realidade/fantasia é explorada pela angústia de algo que sempre parece estar faltante. Procuro através do trabalho Harmoculas, trazer um contato inicial com esse universo, deixando rastros de sua existência pela cidade.












Olha o mundo, essa paisagem sem fim, Tudo sente tanto, tudo sente. Como ele é imenso, o mundo, e nele atravessam a pé tantas cores, as coisas devoram umas às outras, A violência é também parte da criação. Um vulcão O terremoto Um jacaré que caça o boi Menos, Clarice, Pra que usar tantas palavras? Porque você sempre repete: Atravessar Imenso Mundo ? Você repete essas palavras filosóficas Você conhece isso que você diz? você salta de uma coisa pra outra como se fosse qualquer coisa? Onde se amarram esses lugares? você dialoga com alguém?

me esconde num buraco, Se esconde , não diz nada , fica em silêncio Ah, mas eu vou Ir é tão bom quero dizer tanto, É tão bonito daqui de onde vejo. É horrível e bonito, E isso é tanto! Mas calma, não precisa devorar tudo agora. Respira um pouco Lavo a roupa suja dentro da minha cabeça Cadê o corpo? Cade? Tem outro corpo ali, posso sentir o cheiro Mas o mundo Mas agora


Mas o todo Mas a parte Aqui, abre a fenda nas forças a lutarem entre si Olho a rachadura na parede Ali, talvez caiba um corpo outro Que permanece Quem nasce?


MARCELA PAIM


Minha pesquisa sobre o corpo feminino começou quando eu estava estudando as esculturas das Vênus pré-históricas. Elas tem um formato bem orgânico que enaltece os seios, as nádegas, a cabeça e corpo de uma maneira bem diferente das imagens de deusas que estamos habituados a ver. Me identifiquei muito com essas imagens, pois pareciam para mim bem mais realistas e diferentes dos padrões de beleza presente em nossa sociedade, na qual a branquitude e a magreza são ultra valorizadas. Então comecei a criar uns paralelos com os corpos reais, meu e das mulheres a minha volta, e comecei a desenhar essas diversas possibilidades. Corpos naturais que carregam suas cicatrizes, histórias, sexualidades, identidades etc. Assim compus esse desenho em grande formato com as sobreposições de diversas figuras, criando uma espécie de mural com muitos corpos femininos. Me interessa pensar também nas diversas possibilidades sobre o conceito de “feminino“ e como ele se soma às lutas contemporâneas pelas diversas identidades e diversos gêneros. Foi interessante realizar esse desenho na copa da minha casa, onde minha família faz suas refeições. Em minha família nunca falamos sobre o corpo e como algumas mudanças aconteceriam no decorrer da vida, era sempre um “tabu” falar sobre, ainda mais sobre o corpo feminino. Ao realizar este trabalho percebi como o corpo da mulher ainda hoje incomoda e como esse trabalho pode ser um dispositivo para falar sobre isso, no seio da família ou não. Com o passar dos dias acabou se tornando parte do cotidiano e com isso não incomodava tanto quando no início.












MURILO CAIXETA


Toda matéria está em movimento, mas minhas percepções são limitadas e estão condicionadas pelos modos de vida mecanizados, anuviando a visão. A T(t)erra é um organismo vivo onde tudo se move, as rochas, os fungos e as plantas também caminham. Uma força que se expressa de todas as formas, e no interior de cada partícula que compõe o mundo, se recicla: a semente que era quase nada, se alimenta de solo, água, luz, num instante que já foi e continua sendo. Não há jeito de se separar do mar, do céu e da mata; não há como renunciar às origens. Levando o olhar para a T(t)erra, busco escutar e dar voz a natureza, trabalhando com a cosmovisão e investigando os processos geológicos da paisagem.


















PROFETA


Somos Palavras ou Palavrões Presos em caixas frágeis demais Objeto. Apelidos Rótulos: Lilica, bixa, diabo, mãozinha, viado Piranha, 44, 24,420 , boyceta, brigão Somos as projeções que os outros no coloca. Objeto O que você pensa sobre mim Acaba me definindo E o que você pensa sobre você mesmo
















CONVERSA INVISÍVEL 3


Fluindo com a mente e os dedos que digitam essa mensagem. Não saber, se perder, mas se achar também nessa confusão. Digitar é uma mecânica do pensamento, os dedos executam o pensamento, dá vida a eles. E quando para? A mente para também? Jamais! Seria uma relação de equilíbrio fluindo com os dedos que mentem essa mensagem. Não se perder, mas saber também nessa confusão. Mecânica é um digitar do pensamento, a vida executa o pensamento, vida aos dedos. Eu delego a minha fala à ponta dos meus dedos. Os dedos teclam, seguram, tocam, sentem. Mecânica do pensamento em palavras, mas não à fala só por letras. Penso em línguas mas também em sentimentos. Os dedos são meu toque com o mundo, meu tato, expressão, tudo que faço. Penso através do toque.


TORUGO



MASCULINIDADES SINTÉTICAS II Por Torugo CORPO DE FERRO, MASCULINIDADE DE VIDRO: Representações do masculino no cinema hollywoodiano

Revista Esquire Março 1965 The Masculinization of the American Woman

Por DaLua

Existe em nossa sociedade papéis de gêneros extremamente delimitados, criados e reelaborados para manter uma “ordem natural” das coisas.


MODELO: Torugo

FOTO: Profeta

PÓS PRODUÇÃO: Torugo


Por muito tempo pensou-se que não se fazia necessário debruçar-se sobre a questão da construção social da categoria homem, visto que numa sociedade patriarcal este sujeito já a domina. No entanto, se faz necessário fugir das generalizações e adotarmos um olhar crítico e histórico sobre a temática, tendo em vista que o homem dominador/dominante desta sociedade é também fruto de uma produção social, cultural e histórica, que privilegia um grupo específico do masculino. Django 1966 Sergio Corbucci


MODELO: Caio Luiz

FOTO E PÓS PRODUÇÃO: Iuri Lis


A masculinidade hegemônica há muito permeadora de padrões comportamentais e performances sociais, promovendo a ideia de um modelo “verídico” de ser homem, vem sendo cada vez mais confrontada, criticada, chamada a se reinventar. Neste modelo “único” de ser homem o “falo”, pênis, aliado a determinadas regras comportamentais, tornam-se os legitimadores deste corpo, como um carimbo que confere veracidade a esta masculinidade. Num mundo dominado pela indústria cultural, a filmologia e o cinema, e aqui com ênfase no cinema hollywoodiano, mostram-se como ferramentas poderosas no controle e produção de corpos e ideais de masculinidade e feminilidade.

Arnold Schwarzenegger


MODELO: Arthur Augusto

FOTO E PÓS PRODUÇÃO: Iuri Lis


Rambo First Blood Part II 1985 George P. Cosmatos

Exemplo disso são os filmes de guerra, como a franquia Rambo, por exemplo, produzidos ao longo dos anos, especificamente nas décadas de 1980 e 1990. Que construíram modelos e imagens nocivas de masculinidade ancoradas num ideal de virilidade violenta. Representações como o pistoleiro, o soldado, o cowboy, o bem contra o mal são recorrentes nessas produções, que objetivam passar o ideal de determinadas estruturas sociais. A franquia Rambo nos mostra um projeto social e cultural marcado pela valorização do corpo musculoso e a questão militar, disseminando valores conservadores e o patriotismo exacerbado. Nestas produções, feita por homens brancos para homens brancos, o controle das narrativas se torna uma ferramenta poderosa já que o corpo (musculoso, viril, branco) reflete o social. Sendo assim criam e reforçam a ideia de corpos irreais, corpos de ferro e masculinidades de vidro. *


MODELO: Torugo

FOTO E PÓS PRODUÇÃO: Iuri Lis


FOTO E PÓS PRODUÇÃO: Iuri Lis


MODELOS: Arthur Augusto, Caio Luiz e Torugo


VIOLET PRISON


Em meu percurso de aprender a língua japonesa eu pude, através disso, tornar a cultura japonesa parte da minha vida e da minha arte, em um dado momento, pensei, por que não juntar a minha paixão com a língua e a minha paixão pela arte? Em minhas colagens tento sempre fazer essa junção de culturas, procuro unir oriente e ocidente e atentar o espectador para esse encontro de realidades, procurando sempre me expressar, mesmo que algumas vezes de uma forma não literal, mas deixar ali um pouco dos meus pensamentos e sentimentos.












CONVERSA COM A OBRA


Tu és um símbolo? símbolo do que? pra quem? me interessa a substância substância da substância nem tanto as convenções essa substância que me toca me faz tocá-la o que nos separa são ideias ideias sobre a separação o vazio é bem maior do que palavras há mais vazio em nós do que nós o vácuo que preenche esses átomos

organismo-atmosfera que nos liga mais do que massa e volume vejo um símbolo em aberto dizendo coisas que não consigo repetir você me aponta coisas que não pensei conte-me mais


© Todos os direitos reservados. Esta publicação ou parte dela não pode ser reproduzido por qualquer meio sem a autorização dos artistas.

Coordenação editorial: Brígida Campbell. Identidade visual: Amanda Cristina, Bárbara Oliveira e Torugo. Texto curatorial: Murilo Caixeta, Isadora Moraes e Profeta. Projeto gráfico & Diagramação: Marcela Paim do Carmo. Imagem da capa: Amanda Cristina.

Produzido na disciplina Sacudindo a Poeira (Artes Gráficas - Ateliê IV) - 2021

Formato: 21cm x 29,7cm | 140 p. Tipologia: Avenir LT Std, ITC Avant Garde Gothic Std




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