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Todo o português digno desse nome sabe que, um dia, terá de visitar Bragança, pois, afinal, este é o nome de uma dinastia e trata-se da terra mais a norte e no interior de Portugal. Faz assim parte da “peregrinação” nacional. Aqui-
lo que o forasteiro irá encontrar é uma terra antiga, com raízes que remontam à pré-história. Os vestígios desses tempos podem ser vistos hoje no Museu do Abade de Baçal. Há exemplos de cerâmica, machados de pedra polida,
pesos de tear, pontas de seta. Também é possível encontrar diversos exemplos de monumentos megalíticos. A colonização romana também passou por aqui. Essa presença foi responsável pela introdução de práticas administrativas e culturais, deixando igualmente vestígios físicos de castros luso-romanos, como os castros de Sacoias e o de Castro de Avelãs, onde há lápides funerárias, moedas e outros materiais. Onde hoje existe a cidade de Bragança, surgem amiúde vestígios romanos, encontradas em diversas escavações, das quais a obras da Igreja de S. Francisco são um exemplo. A região fazia então parte da zona de Gallaecia, com capital administrativa em Astorga. Aos romanos, seguem-se os suevos e visigodos, que se adaptam a esta “Terra Fria” até que chegam os mouros, cuja memória vive ainda no imaginário popular através das lendas e tradições, apesar da influência da civilização islâmica ser mais própria do sul de Portugal. Com a Reconquista, vemos Bragança integrada no reino das Astúrias – mais tarde Leão. Daí surge outro tipo de organização, mais eclesiástica que deixará marcas na arquitetura e cultura, do qual o exemplo máximo está na língua, como nos falares mirandês e guadramilês.
Sobre a origem do topónimo, é-nos dito em livros de Linhagens que, nos séculos XI e XII, surge a
família dos Bragançãos, oriunda Castro de Avelãs, onde havia um mosteiro beneditino, com o abade D. Mendo, a dar origem a esta genealogia. Conta-se ainda a histó-
ria de Fernão Mendes, ilustre Braganção, que teria raptado e casado, em segundas núpcias com D. Sancha, filha de D. Henrique e D. Teresa. Mais tarde, por não ha-
ver descendência, Bragança teria passado para as mãos da coroa. Será depois, ao assumir uma importância estratégica ao nível militar, que irá obter o devido reconhecimento no Reino de Portugal, oficializado quando D. Sancho I outorga a carta de foro, em Junho de 1187. Isso seria renovado por D. Afonso III, em Maio de 1253 e, mais tarde, por D. Manuel em 11 de Novembro de 1514.
Terra dos Duques
Reza a História que as terras de Bragança pertenciam à coroa até
ao reinado do último monarca da dinastia afonsina, D. Fernando, que as passou para João Monso Pimentel como dote de casamento de Joana Teles de Menezes, irmã bastarda da rainha D. Leonor Teles. Com a crise dinástica de 1383-85, Bragança permanecerá, até 1401, em poder Castela. Será mais tarde, em 1442, que passa a ter honra de Ducado. Até essa altura, havia apenas dois ducados: Coimbra e Viseu, pertencendo, respetivamente, aos Infantes D. Pedro e D. Henrique, ambos filhos do Rei D. João I – o Mestre de Aviz. O primeiro Duque de Bragança, D. Afonso, até era o filho mais velho
de D. João I, mas nascera antes do pai ter sido feito rei nas Cortes de Coimbra, em 1385, pelo que ficou de fora da linha da descendência real quando o pai, para estabelecer a Aliança com Inglaterra, casou com a princesa inglesa, Filipa de Lencastre, dando assim início à chamada Ínclita Geração. Com D. Fernando, segundo duque de Bragança, a 20 de Fevereiro de 1464, é concedido o título de cidade à vila de Bragança, mas as terras voltam, provisoriamente, à coroa na sequência das conspirações contra D. João II até que, o sucessor, D. Manuel, em 1496, as devolve aos antigos senhorios, do qual irá sair o rei D. João IV, após a restauração de 1640, terminando o domínio dos Filipes.
No século XIX, a economia local é marcadamente comercial, mas sem o suporte industrial e dependentes das flutuações do mercado europeu. Abalada ainda pela crise da filoxera e da castanha, as gentes locais encontram a solução de vida na emigração, acabando por levar o nome de Bragança para as regiões mais próximas do litoral. O comboio é o meio de transportes para muitos e, lá dizia a canção, que “de Lisboa a Bragança são nove horas de distância”. Hoje, Bragança é uma terra nova a descobrir para muitos portugueses e, tal como no passado, ainda pode ter muito futuro. E real.
> 01.DEZEMBRO.2023 - 07.JANEIRO.2024 <
15.DEZEMBRO
21h00, Concerto de Natal, pelo Coral Brigantino, Santuário de Nossa Senhora das Graças
21h30, Café da Ciência “Inteligência Artificial”, Auditório da Casa da Seda
10h00 às 15h30, Banca de Natal, Praça da Sé
09h30, 11h00 e 15h00, Sábado de Encantar - Especial Natal, Biblioteca Municipal 11h00, Miniconcertos de Natal pela Banda de Música de Izeda, Ruas do Centro Histórico
15h00, Workshop de Doces de Natal, Mercado Municipal de Bragança
16h00, Desfile Solidário de Viaturas Clássicas, Concentração: Largo do Castelo
16h00 às 17h30, Atuação musical da Banda dos Soldadinhos de Chumbo, Praça Camões (Tasquinhas de Natal)
17h30 às 18h15, Presépio ao
Vivo, pelos utentes da APADI, Praça da Sé
21h00, “O Quebra Nozes”Ballet do Douro, com participação do Conservatório de Música e Dança de Bragança, Teatro Municipal de Bragança (entrada: 11€)
15h30, Concerto de Natal, pelo Coral Brigantino, Centro de Convívio de Carragosa
16h00 às 17h30, Atuação musical da Banda dos Soldadinhos de Chumbo, Praça Camões (Tasquinhas de Natal)
18h00, “Conta-me um conto no Natal”, Secção Infantil da Biblioteca Municipal (para famílias com crianças dos 3 aos 8 anos). Entrada livre, sujeita a inscrição.
10h00 às 12h30 e 14h00 às 17h30, “Natal com Arte”, Centro de Arte Contemporânea Graça Morais (para crianças dos 5 aos 12 anos)
18h00, “Conta-me um conto no Natal”, Secção Infantil da Biblioteca Municipal (para famílias com crianças dos 3 aos 8 anos). Entrada livre, sujeita a inscrição.
10h00 às 12h30 e 14h00 às 17h30, “Natal com Arte”, Centro de Arte Contemporânea Graça Morais (para crianças dos 5 aos 12 anos)
18h00, “Conta-me um conto no Natal”, Secção Infantil da Biblioteca Municipal (para famílias com crianças dos 3 aos 8 anos). Entrada livre, sujeita a inscrição.
10h00 às 12h30 e 14h00 às
17h30, “Natal com Arte”, Centro de Arte Contemporânea Graça
Morais (para crianças dos 5 aos 12 anos)
14h30, Tarde com Ciência, Oficinas experimentais de Ciência, Centro Ciência Viva de Bragança (para crianças dos 6 aos 10 anos)
18h00, “Conta-me um conto no Natal”, Secção Infantil da Biblioteca Municipal (para famílias com crianças dos 3 aos 8 anos). Entrada livre, sujeita a inscrição.
10h00 às 12h30 e 14h00 às
17h30, “Natal com Arte”, Centro de Arte Contemporânea Graça
Morais (para crianças dos 5 aos 12 anos)
10h30, Vozes de Natal pelo BriChoirT, do Conservatório de Música e Dança de Bragança, Feira dos Produtos da Terra e Mercado Municipal de Bragança
21h00, “Grande Circo Acrobático da China”, Teatro Municipal de Bragança (entrada:11€)
23.DEZEMBRO (Sábado)
10h00 às 15h30, Banca de Natal, Praça da Sé
11h00, Miniconcertos de Natal pela Banda Filarmónica de Bragança, Ruas do Centro Histórico
16h00 às 17h30, Atuação musical da Banda dos Soldadinhos de Chumbo, Praça Camões (Tasquinhas de Natal)
24.DEZEMBRO (Domingo)
16h00 às 17h30, Atuação musical da Banda dos Soldadinhos de Chumbo, Praça Camões (Tasquinhas de Natal)
23h00, Missa do Galo, Catedral de Bragança
30.DEZEMBRO (Sábado)
11h00, Miniconcertos de Fim-de-ano pela Banda Filarmónica de Bragança, Ruas do Centro Histórico
16h00 às 17h30, Atuação musical da Banda dos Soldadinhos de Chumbo, Praça Camões (Tasquinhas de Natal)
31.DEZEMBRO (Domingo)
16h00 às 17h30, Atuação musical da Banda dos Soldadinhos de Chumbo, Praça Camões (Tasquinhas de Natal)
16h00 às 17h30, Atuação musical da Banda dos Soldadinhos de Chumbo, Praça Camões (Tasquinhas de Natal)
18h00, Missa de Ano Novo, Catedral de Bragança
15h00, Chegada dos Reis Magos, pelos utentes da APADI, ASCUDT, Centro de Educação Especial e Academia dos Santos Mártires. Praça Cavaleiro Ferreira
16h00 às 17h30, Atuação musical da Banda dos Soldadinhos de Chumbo, Praça Camões (Tasquinhas de Natal)
16h00 às 17h30, Atuação musical da Banda dos Soldadinhos de Chumbo, Praça Camões (Tasquinhas de Natal)
20h00, Encerramento de Bragança, Terra Natal e de Sonhos
“Passado e Presente da Máscara”, de Alberto Leal
Museu Ibérico da Máscara e do Traje
“Ritos e Mascarados - Continuidade e Contemporaneidade” e “Os Rostos da Máscara”
Centro Cultural Municipal Adriano Moreira
“Os Rituais do Silêncio e “Linhas da Terra/Os Olhos Azuis do Mar”, de Graça Morais
Centro de Arte Contemporânea Graça Morais
“À Força do Arado - Trás-os-Montes na década de 1980”, de Georges Dussaud e Eduardo Perez Sanchez e “Rituales Sagrados de la Iberia Mágica” de Vitor Pizarro Jimenez
Centro de Fotografia Georges Dussaud
Exposições Permanentes
Museu Nacional Ferroviário
Centro de Interpretação da Cultura Sefardita
Já se sabe que, na restauração em Portugal, para algo ter qualidade e puxar ao apetite, basta dizer que é à Transmontana. Aqui estão duas receitas dignas dessa designação.
Ingredientes:
» 3 dl de feijão-de-cana
» 230 g de castanhas
» 600 g de batatas
» 150g de presunto
» 1 cenoura
» 300 g de repolho
» Cerca de 2 l de água
» 5 colheres de sopa de azeite
» 2 dentes de alho
» sal
Preparação:
Coza as castanhas em água e um pouco de sal. Tire as cascas e reserve. Coza de seguida o feijão, previamente demolhado, juntamente com o presunto. Depois, junte cenoura em rodelas, batatas em cubos, dentes de alho pisados, azeite e, por fim, as castanhas. Deixe cozer um pouco e misture a seguir o repolho, que deve ser cortado como se fosse para caldo verde grosso. Tempere com sal e sirva bem quente.
Ingredientes:
» 1 kg de feijão
» 500 g de orelha de porco
» 200 g de focinho de porco
» 1 pé de porco
» 1 Linguiça
» 100 g de salpicão
» 100 g de presunto
» 1 dl de azeite
» 1 Cebola
» 1 Ramo de salsa
» 1 Folha de louro
» 1 Dente de alho
» Pimenta branca, Malagueta e colorau,
» 1 Cravinho
» Sal
Preparação:
Este é um prato cuja preparação que tem de começar na véspera. É nessa altura que se põe de molho, em água fria, o feijão (lavado) e, em recipiente separado, as carnes, que são sempre fumadas. No dia seguinte, coze-se o feijão na mesma água e cozem-se as carnes em recipiente à parte. Depois de bem cozidas, com a linguiça e salpicão, corta-se tudo em pedaços. Aloira-se a cebola com azeite, junta-se feijão – sempre com a água
em que se cozeu, juntam-se as carnes e um pouco de água também da cozedura. Coloca-se algum sal e junta-se salsa, louro, dente de alho picado, malagueta, colorau e, dependendo do gosto, cravinho. Fica a apurar em lume brando. Acompanha-se com arroz do forno, que deve ser seco. Só fica mesmo bom, se for acompanhado de bom vinho tinto ou branco. O Douro é o mais recomendado, mas disso cada um sabe do seu.
Muitas mais perso- nalidades oriundas de Bragança haveria para mencionar, mas vamos recordar uma mulher muito especial: Regina Quintani- lha, a primeira mulher advogada em Por- tugal. De seu nome completo Regina Gló- ria Pinto de Magalhães Quintanilha de Sousa e Vasconcelos, nasceu em Bragança a 9 de maio de 1893 e faleceu em Lisboa a 19 de março de 1967. Licenciou-se em Di- reito na Universidade de Coimbra, onde foi colega de curso do futuro ditador António de Oliveira Salazar e do bispo Manuel Gonçalves Cerejeira. Terminou o curso em três anos e, a 14 de novembro de 1913, teve autorização do Supremo Tribunal de Justiça para advogar, estreando-se nesse mesmo dia, com a toga dos advogados, no Tribunal da Boa-Hora, em Lisboa, sendo um acontecimento na época e uma porta que se abria em Portugal para os direitos das mulheres. Mas não se ficou por aí e, no seu percurso de vida, também acabaria por exercer as funções de procuradora judicial e conservadora do registo predial, tornando-se, novamente, na primeira mulher a desempenhar essas funções não só em Portugal, mas também em toda a Península Ibérica.
Conta a tradição local que no tempo do “era uma vez”, havia uma bonita princesa órfã que vivia no castelo com o senhor seu tio. A princesa caíu de amores por um nobre cavaleiro que, no entanto, era pessoa de pouco recursos. Assim, o cavaleiro partiu para longe com a promessa de fazer fortuna e só regressar quando tivesse meios de contrair matrimónio. Os anos passaramse e ele não regressava. No entretanto, a princesa recusava outros pretendentes. O tio é que não quis esperar e acabou por a prometer a um amigo rico. Mas a princesa mantinha a decisão de esperar pelo amado do coração. Furioso, o tio teve uma ideia: iria disfarçar-se de fantasma e, à noite, entrou nos aposentos da sobrinha. Falava como se fosse o fantasma cavaleiro amado, pedindo, com uma voz cavernosa, que a sobrinha quebrasse a promessa e casasse com o pretendente. Senão, estaria condenada para sempre. Diz então a lenda que, quando a princesa estava prestes a ceder, entrou um raio de sol no quarto expondo assim a identidade do tio. A princesa não quebrou a promessa, mas ficou condenada a viver presa na torre. Torre essa que tem hoje o seu nome, sendo que as duas portas são conhecidas como Porta da Traição e Porta do Sol.