REVISTA OFICIAL | Nº7 Outubro 2024




REVISTA OFICIAL | Nº7 Outubro 2024
Direcção Editorial: Mário Nogueira Freitas ( MNF )
Redacção: Mário Nogueira Freitas, Rui Gigante e Miguel Madeira Alves
Editorial pág. 04
Os Dois Dígitos pág. 06
Encontros em revista _ _ _ _
_ pág. 12
Mas……………. o sabor do Douro, não havia meio de passar! _ _ pág 18
"IN MEMORIAM" - Mauro Forghieri _
Auto Clássico Porto 2022 / Exponor _ _
Novo Ferrari 296 GT3 _ _ _ _ _
pág. 21
pág. 22
_ pág. 26
Ferrari apresenta hipercarro para competir em Le Mans _ _ _ pág. 34 Fotogaleria 27 _ _ _
pág. 42
Fotografias: Mário Nogueira Freitas, Rui Gigante, Santiago Iglesias, João Miguel Freitas
Capa: Mário Nogueira Freitas
Edição, Impressão, Publicidade
Caros sócios e entusiastas,
O passado ano de 2022 marcou o regresso a alguma normalidade, após um período alargado de pandemia. Como não podia deixar de ser, em 2023, também a nossa revista retoma o seu habitual ritmo de publicação bianual, o que muito nos alegra.
Nesse mesmo espírito de continuidade, mantemos a parceria com os nossos amigos do Ferrari Clube de Espanha, através da publicação de dois dos seus excelentes artigos.
Além das nossas já habituais rubricas, como sejam o “Fotogaleria 27”, “Encontros em revista” e os artigos sobre os encontros e historial do CSR, incluímos uma singela homenagem a Mauro Forghieri, personagem incontornável do mundo Ferrari. Singela, porque nem todas as páginas desta revista seriam suficientes para descrever o seu extraordinário percurso. Grazie, Mauro!
Terminamos com os habituais votos de um Feliz e Próspero 2024, ano durante o qual celebraremos o 10º Aniversário do nosso CSR. À semelhança do que aconteceu no nosso recente evento em Castelo Branco, esperamos poder contar com todos os sócios e amigos nos nossos eventos, ao longo do próximo ano.
Contamos convosco!
Saudações Ferraristas,
António Almeida
Diamantino Moacho
Mário Nogueira Freitas
Miguel Madeira Alves
Rui Gigante
Texto: Miguel Madeira Alves
Fotografias: Rui Gigante, João Miguel
Freitas e Mário Nogueira Freitas
Se na passagem do século XV para o século XVI Enzo Ferrari fosse nascido e já tivesse criado a sua marca, seguramente que Nicolau Maquiavel teria sido um orgulhoso proprietário.
Nascido Niccolò di Bernardo dei Machiavelli, em Florença, republicano, filósofo, escritor, poeta,historiador e até músico, ficou mais celebrizado pela sua obra, “Il Principe”, que foi publicada já postumamente e na qual se destacava a sua vertente do realismo político clássico.
Entre muitas outras coisas, Maquiavel advogava que havia três tipos de cérebros:
- Aqueles que entendiam tudo por si próprios
- Uns segundos que discerniam o que os primeiros entendiam
- E os terceiros que não entendiam nem por si próprios nem pelos outros.
Sentenciava, com esta sagacidade, que as pessoas portadoras dos primeiros eram excelentíssimas, dos segundos excelentes e que as dos terceiros eram totalmente inúteis.
Com efeito, e na opinião do signatário, para uns poucos esta consciência começa a surgir de forma mais perceptível e clarificada quando atingem OS DOIS DÍGITOS de idade. Para outros apenas quando ultrapassam a fase adulta e escolhem selecionar algum do seu tempo para a reflexão e para a meditação. Para os restantes nunca surge.
Apesar de considerar que os fins nem sempre justificam os meios e de ser contra a guerra, sou, no entanto, apreciador da frieza realista não hipócrita de Maquiavel. Preferi-la-ei sempre, de longe, à bondade hipócrita dos Papas Alexandre VI desta vida. Os tais das bulas tendenciosas e que envenenavam sem dó nem piedade opositores (na verdade até amigos e colegas quando necessário) para logo depois, lavados em lágrimas de crocodilo e falsos pesares, abençoarem-lhes as almas com toda a pompa e circunstância.
Mas, apesar de não destoar da ordem do dia, não é de crimes de Papas e de padres que venho aqui falar, mas antes referir-me a um outro, também autêntico, que é o do desvalor.
OS DOIS DÍGITOS iniciam-se na dezena e não mais se alterarão aos olhos de quem aqui se atreve a deixar seu rastro. E sob esses mesmos olhos, ao deterem a ousadia de começar, assumem então, e desde logo, uma responsabilidade imensamente superior que se traduz na conferência, à entidade que os perfaz, de noção de maturidade e potestade. A partir de OS DOIS DÍGITOS não se esperam inseguranças nem ambivalências. Não se esperam dúvidas existenciais ou vaivéns emocionais. Não se esperam queixumes nem apelações. Nem se esperam outras ausências ou demissões. Pelo contrário, espera-se certeza dos valores instituídos. Espera-se honra das traves condutoras. Espera-se orgulho do lema assumido. Espera-se comprometimento pelas decisões colegiais. Esperase respeito por quem dirige e espera-se lealdade de quem se uniu. Cumulativamente com olhos objectivados e apontados para o futuro, é agora todo este mínimo que se espera. E não se espera que não seja suficiente para o sucesso de OS DOIS DÍGITOS.
Recordo 2013 como um ano que me foi muito grato. Não só pelo facto de ter sido o ano em que adquiri o meu Ferrari, concretamente em Junho, mas igualmente importante pelo nascimento, logo após, em Setembro, do CSR como o primeiro Clube Privado Português de Proprietários Ferrari, ao qual, com muito gosto e entusiasmo, aderi ao primeiro instante do convite do nosso Presidente.
O tempo dos bons viaja de Ferrari e vivemos agora já dias de 2023. Portanto, é o ano em que celebraremos OS DOIS DÍGITOS de existência oficial do nosso Clube. Será importante que preparemos, no nosso seio, uma celebração muito especial para o 10ºAniversário do CSR e que envidemos todos os esforços para que a celebração possua a maior expressão nacional possível. Será uma altura especial para os nossos sócios e suas famílias, mas também para muitos convidados que, ao longo dos anos, por qualquer forma a nós se associaram e/ou connosco colaboraram, e ainda para aqueles que restaram mais especiais porque de muito perto connosco privaram.
Não importa mais referir aqui os OS DOIS DÍGITOS somente por graça, mas antes evidenciá-lo com elevada responsabilidade e sob forte propósito. Os OS DOIS DÍGITOS são escritos com a intenção de servirem de ponto de partida para a mudança de atitude que se requer essencial, relativamente ao real valor do CSR, que durante os últimos quatro anos teve como premência recomporse dos infames ataques que lhe foram infligidos. Este tempo passado, com resistência e sacrifício, mostra que as feridas encontram-se tratadas e bem saradas, e que não só não nos arruinaram como nos mostramos mesmo totalmente recuperados. E recuperados ao ponto de recordarmos de forma bem consciente que o CSR não é, nem nunca será, um clube de automóveis qualquer. É, e será para sempre, tão-somente, o primeiro Clube Privado Português de Proprietários de Automóveis Ferrari. Deve, por isso, reivindicar e assumir com naturalidade a sua importância e o seu espaço no seio associativo e recreativo dos melhores Clubes Automóvel Nacionais. E o trabalho para essa reivindicação começa em nós próprios, no nosso seio, dentro das nossas almas, perguntando-lhes de que vontade e capacidade somos nós afinal feitos. Se tivemos a coragem de nos opor e a capacidade de enfrentar e ultrapassar fortes inimigos, porque não assumimos agora então, definitivamente, que o espaço de primeiro Clube Privado Nacional de Proprietários Ferrari é nosso. Mais do que nosso! É exclusivamente nosso!
O desvalor é efectivamente um crime. E que pode ser grave nalgumas das suas formas mais ou menos abstrusas! É imoral não o reconhecer como tal. Se alguém, bem consciente de outro alguém que possui efectivo valor, procede de forma a fazer todo o possível por não o reconhecer, ou ainda pior, por sonegálo, está não só a cometer um atentado contra a autenticidade como a ser um perfeito velhaco. Além de, naturalmente, a prejudicar propositadamente e a resultar francamente injusto para com a pessoa em questão e todas as suas relações e interacções. Ora o mesmo sucede com as instituições. Se não reconhecermos o efectivo valor de uma qualquer instituição não somos seguramente homens justos. Escusado será referir que se não reconhecermos o efectivo valor de uma instituição que nos pertence, e que até dirigimos, então não só não seremos homens justos como muito menos seremos homens inteligentes. O desvalor assume formas graves porque é uma anulação do conceito. Uma desconsideração. Um desprestígio. No fim da linha, uma imensa cobardia.
Pois eu reafirmo aqui esta minha imensa teimosia:
O CSR é um Clube pleno de valor. E este valor merece ser bem tratado e tudo deve ser feito para que reste inscrito no futuro. As suas características não só o permitem como até o incentivam. Desde logo, o CSR possui um objectivo que é extraordinariamente apaixonante. Insere uma capacidade de distracção e divertimento aliciantes. Compreende duas componentes culturais inestimáveis, concretamente a turística e a gastronómica. Possui no seu seio um capital humano exemplar que defende valores comuns, oferecendo especial relevância aos da família. Ao seu redor e por onde passa é notado por ser Ferrari, seguramente, mas igualmente por exalar simpatia e elegância. Possui uma capacidade de divulgação ímpar, concretamente através desta sua própria revista superiormente dirigida. Recebe e trata os seus sócios e amigos como verdadeiros VIPs que são. Graças aos amigos espanhóis, que connosco há muitos anos confraternizam, possui expressão ibérica. Abraça e projecta-se, sempre que convidado e/ou apropriado, na componente desportiva com responsabilidade avisada e sem receios redutores injustificados. Encontra-se bem presidido e bem dirigido, tanto financeira como estatutariamente. Não deve um Euro a ninguém e exibe uma Casa em ordem e totalmente limpa.
Que melhor querer? Que melhor desejar? Que melhores outras condições almejar?
Apesar do valor do CSR aqui exposto e da importância e influência que realmente possui, importa igualmente referir e salientar que a escolha das prioridades é exclusivamente nossa e de cada um de nós. E é assim que deve ser. Ninguém melhor que nós próprios sabe que prioridades deve estabelecer para a sua vida. A crítica de terceiros, mesmo dos mais próximos, deve estar sempre ausente porque corre o risco de ser impertinente, injusta, intrusiva e até insolente. Mas quando estabelecemos prioridades não nos devemos nunca esquecer que podemos estar a afectar decisivamente quem connosco outras construiu e assumiu.
O CSR tem muitos amigos. No ano em que completa OS DOIS DÍGITOS pode enumerar dezenas e dezenas deles com segurança e certeza. E são esses que para nós contam. São esses que nos importa saudar e reavivar. E são esses que nos irão continuar a acompanhar. São esses que queremos à nossa mesa aquando da celebração de OS DOIS DÍGITOS.
Felizmente são muito poucos aqueles que iremos ter de dispensar porque na verdade foram muito poucos os que
Clube Scuderia Rampante
maltrataram o CSR. E ainda menos aqueles que ultimamente o ousaram desconsiderar. Para com estes o CSR usou sempre de uma impressionante indulgência, quase indolência. A faceta de CSR magnânimo obteve a sua expressão máxima em anos de pandemia e até em tempos já muito recentes. Infelizmente, pessoas importantes pela sua história no clube entenderam desconsiderar e desrespeitar o CSR e/ou seus dirigentes, resguardandose, logo após, sob um silêncio coercivo e destruidor. Muito lamento. Acredito que tudo daríamos para que se pudessem redimir, mas a duração do silêncio ruiulhes o espaço por inexistência. O tempo e a verdade sempre acabam por se unir, e quando o fazem, invariavelmente é de forma inexorável.
Há um tempo recente, a propósito da complicada e intricada situação directiva da equipa de F1 da Ferrari, um Amigo, também a perfazer OS DOIS DÍGITOS nessa qualidade, lembrava-me que Maquiavel dizia que a crueldade era o caminho para a glória. Sorri. Era altamente pertinente e inteligente para o tema da nossa conversa. Também...vinda de quem vinha não era de admirar.
Mas pensei...sem lhe dizer: Só até ser descoberta.
O ano de 2022 revelou-se, no seu início, ainda algo enevoado pela pandemia, o que obrigou a atrasar o programa dos nossos encontros.
Apesar disso, iniciamos as actividades no dia 30 de Abril, com a visita ao XXX Salão Automóvel de Vigo, a convite dos nossos amigos espanhóis. Uma ocasião para finalmente tirarmos a poeira aos nossos “puro sangue”, com passagem pelo Circuito da Madalena, em Forcarei, onde além da convivência e boa disposição habituais, tivemos oportunidade de tirar muito mais do que alguma poeira aos nossos carros!
Seguiu-se o muito aguardado “II Fim de Semana no Douro”, que é alvo de artigo próprio neste mesmo número da revista. Não podemos, no entanto, deixar de agradecer às várias entidades que contribuíram largamente para o sucesso deste evento:
- à “SABGAL – Sabores de Portugal”, pela extraordinária recepção e simpatia com que nos presenteou, assim como o excelente almoço que foi servido,
- ao Museu do Caramulo, na pessoa do Sr. João Lacerda, que nos honrou com a sua presença, ao volante do Ferrari 195 Inter, veículo que foi largamente apreciado por todos.
- ao Hotel Douro Vineyards pela forma como nos acolheu no seu magnífico resort, nos socalcos dos belíssimos vinhedos durienses
- à Real Companhia Velha, na pessoa do Sr. Manuel Silva Reis, que foi inexcedível em todo o processo, culminado com uma memorável recepção do grupo na renovada "Casa Redonda".
Seguiu-se o já tradicional encontro conjunto com “nuestros hermanos”, a “XII Concentración Ferrari Galicia”, que teve lugar a 16 e 17 de Julho, por terras da Ribeira Sacra. A concentração iniciou-se no Iberik Hotel Augas Santas de Pantón, com um coffee-break que foi muito bem-vindo após uma viagem longa. Com forças já retemperadas, rumamos à Adega Algueira em Doade onde realizamos uma visita guiada, seguida de almoço no mesmo local. A tarde teria ainda direito a visita ao Mirador do Castelo de Doade, onde desfrutamos de uma paisagem fabulosa, e ainda mais uma visita guiada ao Castelo de Monforte de Lemos, com estacionamento na Plaza de los Escolapios. O dia, já longo, terminou com o regresso ao Iberik Hotel Augas Santas e jantar do grupo, em ambiente animado e familiar.
O dia de domingo prometia e cumpriu! Após o pequeno almoço, o percurso que efectuamos por Cañones del Sil, Doade, Rio Sil e Castro Caldelas, com paragem no Monasterio de Santo Estebo em Nogeiara de Ramuin foi de facto espectacular. Como se não bastasse, tivemos direito a um passeio de catamarã pelos “Cañones del Rio Sil”, com paisagens deslumbrantes e um solarengo dia de verão.
O passeio terminou, com chave de ouro, com um óptimo almoço no Restaurante dos Abades del Parador de Santo Estebo, não sem que antes fossemos presenteados com uma lembrança do evento, distinta para homens e senhoras.
Uma vez mais, os nossos parabéns e um muito obrigado ao nosso amigo Santiago Iglesias por um fantástico encontro, muito bem organizado e onde foi mais uma vez patente a amizade que une estes dois grupos, que partilham uma mesma forma de estar.
O ano não terminaria sem a participação do CSR na exposição Ferrari do Salão Autoclássico, na Exponor. O nosso muito obrigado ao Pedro Filipe pelo convite endereçado ao Clube, que aceitamos com muito prazer.
Estava já iniciada a 2ª quinzena do mês de Junho do Ano da Graça de 2015 .
O CSR encontrava-se na estrada rumando ao Peso de Régua, para depois demandar o Pinhão, e concretizava orgulhosamente, um Evento no Douro , de muito boa memória .
A incomensurável beleza paisagística proporcionada pela maravilhosa N 222, quase cortava a respiração, surgindo num bailado encantador, após o bem delinear de cada curva.
A Quinta das Carvalhas, Real Companhia Velha, no Pinhão, pela mão da Família Silva Reis, brindou o CSR com um acolhimento inesquecível. Um passeio delicioso de barco rabêlo, Douro acima, quase até à Quinta da Romaneira (figura 1) e regresso para o almoço nas instalações junto ao rio (figura 2). Após um desejado intervalo post prandeal , o Sunset e o Jantar, realizaram-se na Casa Redonda, numa visão admirável de 360 graus sobre os altos vinhedos e os rios –Douro e Torto– (figura 3 ).
O alojamento de alguns participantes foi assegurado no Pinhão mas, outros fizeram-se à sinuosa estrada para S. João da Pesqueira, para pernoitarem no Palácio de Cidrô, também por gentileza da Real Companhia Velha. A manhã do dia seguinte logo se mostrou simplesmente gloriosa!
O CSR tinha um destino! Esse destino era o Parque das Termas do Vidago e, claro está, o Palace Hotel .
O CSR encontrava-se com um último desígnio da Realeza de Portugal.
No imaginário de todos vislumbrava-se a figura do Rei D. Carlos de Bragança “ O Diplomata “ e os superlativos de elegânciae elevada estatura- da Raínha D. Amélia de Orleans.
Ninguém ficava indiferente em face da beldade do Hotel Real do Vidago (figura 4), onde o Chef. Rui Paula, muito atenciosamente, esperava os participantes para o almoço, que cedo se revelou mais se tratar de um verdadeiro banquete.
Mas……………. o sabor do Douro, não havia meio de passar!
Se foi bem planeado, melhor foi executado!
No primeiro fim de semana, também do mês de Junho, agora em 2022, o Clube Scuderia Rampante repetiu, um sempre certo, evento no Douro .
O ponto de encontro centrou-se em Óvoa, nas proximidades do Montebelo Aguieira Lake Resort&SPA - já conhecido do CSR-, na Empresa SABGAL – sabores de Portugal –Foods SA . Não creio ser capaz de seleccionar adjectivos capazes de demonstrar a simpatia e gentileza com que o CSR foi acolhido nesta moderna empresa. Todos os seus responsáveis foram inexcedíveis quer com as interessantes explicações na visita técnica dos diferentes módulos e sectores, quer com a oferta de um delicioso almoço, quer ainda com um amável convite para um novo “ rendez-vous “ em 2023.
Acrescidamente , a participação de João Lacerda, muito prezado Amigo CSR, em representação do Museu do Caramulo, que se fez transportar no Ferrari 195 Inter de 1951 da Coleção do Museu, surpreendeu e agradou de sobremaneira todos os presentes.
Mauro Forghieri – Modena - 13 de Janeiro de 1935 / Modena - 2 de Novembro de 2022
….. Mas, foi mesmo o próprio Commendatore que, bem cedo, vislumbrou claramente o génio criativo infindável do seu jovem e talentoso Engenheiro Mecânico / Designer e Director Técnico , na Scuderia Ferrari……. Sempre lhe dedicou confiança máxima .
Um dos trabalhos iniciais mais relevantes que o “Engenheiro Total” logo abraçou empenhadamente, centrou-se na resolução de alguns problemas específicos, no comportamento do 250 GTO; mas a direcionalidade para a F1 não se fez esperar, impelindo-o também para o desenvolvimento do mítico 156 “Sharknose”, que deu ao piloto americano Phil Hill, o Título de Campeão do Mundo em 1961 .
Para além de tanto mais, a Mauro se deve o design e a responsabilidade, de toda a série 312 F1 e Sportscars …….. !
4 Títulos de Pilotos do Mundial de F1
1961 - Phil Hill
1964- John Surtees
1975 e 1977- Niki Lauda
1979- Jody Scheckter
Mais de 50 vitórias em Grandes Prémios F1
7 Títulos conquistados do Mundial de Construtores entre 1962-1971 e 1973-1984.
Texto: Mário Nogueira Freitas Fotografias: Mário Nogueira Freitas e Rui Gigante
Procurando honrar um convite (algo tardio) da Organização Eventos del Motor do Salão Auto Clássico Porto 2022, o Clube Scuderia Rampante logrou nele participar, uma vez mais, de muito bom grado.
Sob o Tema Ferrari 75 anos, em área central exclusiva para o efeito, do complexo da Exponor, complementando algumas ilustres unidades presentes, o CSR apresentou cinco modelos distintos: Ferrari 328 GTS, 348 GTS, 355 GTB, 360 Modena e 550 Maranello.
Uma experiência, bem gratificante, neste prestigiado Evento, por muitos considerado a maior feira ibérica de veículos clássicos e de colecção.
e Fotografias:
AFerrari apresentou o novo 296 GT3 em Spa-Francorchamps no final de julho, um novo GT de competição mas também destinado a clientes que irá substituir o Ferrari 488 GT3 Evo a partir de 2023. Por este motivo, o seu trabalho de desenvolvimento concentrouse em melhorar e burilar todas as áreas que poderiam ser optimizadas.
Uma das grandes novidades é que será alimentado pelo motor do 296 GTB, um V6 bi-turbo com um ângulo em V a 120º e 3,0 litros de capacidade, que obviamente não terá a parte híbrida a apoiá-lo nem a caixa de velocidades original, mas que se espera que atinja os níveis de potência necessários para competir com outros conceitos baseados em motores V8. Mais concretamente, fala-se de 600 CV de potência a um máximo de 7250 rotações por minuto.
Talvez a caraterística mais distintiva do novo design do Ferrari 296 GT3 seja o facto
de tanto a carroçaria na parte dianteira como na parte traseira poderem ser desmontadas numa só peça. Isto pode ser ligeiramente mais dispendioso no caso de danos muito localizados, mas pode ser operacionalmente mais rápido quando se trata de reparações profundas.
O chassis é também amovível, o que facilitará às equipas a substituição de peças após um acidente.
Tanto a suspensão dianteira como a traseira têm uma nova configuração de triângulos duplos. Além disso, a distância entre eixos foi aumentada até o máximo: 60 mm em comparação com o modelo de carro de estrada para aproveitar os regulamentos técnicos GT3 introduzidos em 2022. Na parte traseira, o spoiler foi equipado com suportes montados no topo. O objetivo não é apenas gerar mais carga aerodinâmica (consegue-o em 20% em comparação com o 488 GT3 Evo), mas também facilitar o trabalho dos mecânicos.
"Observamos como estão a fazer as coisas na Fórmula 1 e nos protótipos, e imitamos isso. Trocámos algumas ideias e conceitos com a equipa de F1.
Pensamos nisto desde a fase de concepção porque queríamos simplificar a montagem e tornar as operações em pista muito mais fáceis.
Quando se remove a carroçaria dianteira ou traseira, há apenas um conector elétrico [em cada extremidade], em vez de muitos cabos por todo o lado. A facilidade de condução do carro e a rapidez com que os componentes podem ser substituídos são uma parte fundamental do desempenho...", sublinha Ferdinando Cannizzo, chefe do desenvolvimento de veículos GT.
O novo veículo é o primeiro Ferrari GT3 a ser concebido exclusivamente pelo Departamento Attivita Sportive GT da Ferrari. As três gerações anteriores de veículos desta classe foram todas
concebidas em colaboração com o construtor de carroçarias externo Michelotto, mas agora o peso da montagem recai sobre a ORECA, que também fornece peças sobresselentes e assistência em pista aos clientes.
A estreia está prevista para as próximas 24 Horas de Daytona, em 2023. No entanto, as 24 Horas de Spa-Francorchamps foram usadas como uma oportunidade para apresentálo a todas as equipas. Como já vos dissemos várias vezes, a decisão do ACO e da FIA de acabar com os veículos GTE em 2023 significa que os novos carros GT3 começarão a competir nos eventos da IMSA e do WEC, nos de Endurance como as 24h de Daytona, Nürburgring, SpaFrancorchamps ou Le Mans, e na DTM ou no GT World Challenge Europe.
Antonello Coletta, diretor das atividades desportivas da Ferrari GT, revelou que, embora a prioridade da Ferrari seja o programa LMH (o protótipo Hypercar de Maranello só participará em sete datas), será o novo 296 GT3 o que participará principalmente nas corridas de resistência. Ele estima que o novo 296 GT3 estará presente em pelo menos vinte corridas de longa distância.
O novo carro da Ferrari tem uma agenda interessante para 2023. Pelo menos um dos seis que, em teoria, estarão presentes nas próximas 24 Horas de Daytona deverá competir na classe GTD Pro.
Coletta anunciou que, para o IMSA WeatherTech SportsCar Championship, a Risi Competizione encomendou um carro. Apesar de apenas competirem na Endurance Cup esta temporada, Coletta espera que a equipa americana venha a competir na classe GTD Pro durante toda a temporada de 2023. A AF Corse também reservou um carro, mas neste caso seria para a classe GTD.
Ferrari coloca grandes expectativas neste novo modelo
É importante para a Ferrari consolidar a sua presença no IMSA e reforçar a sua posição comercial nos Estados Unidos, o mercado mais importante para a empresa com sede em Maranello. Por isso, um dos objetivos que espera alcançar com o 296 GT3 é ter pelo menos um carro Pro na América do Norte durante uma temporada completa.
Antonello Coletta assegurou que: “O meu objetivo é ter um carro Pro em todos os principais campeonatos do mundo, mas não é fácil; estamos envolvidos em muitos projetos em 2023. A nossa abordagem será a LMH. Com o 296 GT3 vamos trabalhar para que possa competir no IMSA e no IGTC, mas em qualquer caso, o objetivo da Ferrari será ter o carro Pro nos Estados Unidos. Recebemos muitas encomendas e penso que não será difícil ver pelo menos um 296 GT3 em todas as corridas de prestígio no futuro. Este ano será muito importante, pois precisamos de provar que este carro pode vencer”.
Também disse que tem planeadas participações profissionais no Intercontinental GT Challenge e no GT World Challenge Europe, embora tenha descartadas as 12 Horas de Bathurst, porque o número de carros disponíveis não é suficiente para cobrir o evento. O principal objetivo é provar que o 296 GT3 pode ganhar corridas nas localizações mais prestigiadas do mundo, daí o interesse em ir a estes eventos com um alinhamento de fábrica. Ele também acrescentou que não estão à procura de mais pilotos para o programa, pois acredita que, com o número atual, a Ferrari pode cobrir os seus programas LMH e GT3 sem quaisquer problemas.
Texto: Fede García - Redação de Notícias (FCE) Revista Oficial del Ferrari Club de España- Fotografias: Ferrari
aFerrari esteve afastada da principal categoria de resistência durante 50 anos. Cinco décadas de espera estão prestes a acabar: a marca do “Cavallino Rampante” vai regressar ao desporto em 2023 com um protótipo LMH que foi revelado em outubro passado durante o Finali Mondiali Ferrari 2022, no Autódromo Internacional Enzo e Dino Ferrari em Imola.
Embora o hypercar da Ferrari tenha sido visto durante a sua fase de desenvolvimento em vários circuitos, a sua silhueta esteve sempre escondida sob uma camada de vinil que camuflava a sua estética. O seu nome, desenho final e pintura foram um segredo bem guardado até ao dia da sua revelação, que foi digna do desafio que a Ferrari enfrenta e do legado histórico de Maranello nas corridas de resistência.
O novo Ferrari foi batizado de 499P, designação que se deve à capacidade unitária em centímetros cúbicos por cilindro e à sua condição e protótipo. Construído sobre um chassis monocoque em fibra de carbono de concepção recente, o Ferrari 499P apresenta soluções que representam a vanguarda da tecnologia de Maranello. Este protótipo de hypercar nasce da experiência da marca com os seus supercarros de estrada, mas também da experiência adquirida ao longo da última década no mundo das corridas de GT. Até o seu desenho está ligado a outros veículos de Maranello, com as partes frontais e os farolins que se assemelham aos do Ferrari Daytona SP3.
No seu interior encontramos um motor V6 bi-turbo de 3,0 litros de 680 CV numa posição central traseira. Este motor é derivado do V6 do Ferrari 296 GTB e, portanto, partilha a mesma arquitetura que o motor do Ferrari 296 GT3, que também fará a sua estreia nesta temporada. Ao contrário do motor utilizado no GT3, é um motor de suporte de carga e não está montado num subchassis, mas tem uma função estrutural.
O motor de combustão do Ferrari 499P está acoplado a um grupo motopropulsor híbrido ERS com uma potência máxima de 200 kW (272 cv) e uma caixa sequencial de sete velocidades. Este motor elétrico, que partilha o conceito de ERS da Fórmula 1, transmite a sua potência ao eixo dianteiro e é alimentado pela energia armazenada durante a travagem nas suas baterias de voltagem nominal de 900V.
Tal como acontece com os restantes protótipos da LMH, o Ferrari 499P só terá esta potência elétrica a uma velocidade específica, que será definida pelo "Balance of Performance", e só a partir desse momento é que o sistema de tração integral estará disponível. A potência do 499P como um todo é muito superior aos 500 kW (680 cv) de potência máxima, um valor definido pelos regulamentos para este tipo de protótipo. Adicionando a potência do sistema eléctrico à do motor de combustão, temos um total de 940 CV.
Ferdinando Cannizzo, diretor técnico do projeto de hypercar da Ferrari, explicou todo o processo que levou à utilização deste motor: “Demos o primeiro passo no desenvolvimento deste motor de competição com o Ferrari 296 GT3, pelo que foi bastante fácil partir desse ponto e desenvolver uma versão LMH. Isto garante que podemos utilizar tudo o que aprendemos com este motor”.
"O carro é muito mais fácil de compreender do que se tivéssemos desenvolvido o motor do zero. Partilha uma parte da arquitetura com o GT3 e com o Ferrari 296 GTB, pelo que é fácil obter feedback tecnológico para o nosso modelo de estrada. Foi uma decisão natural porque o tamanho e a capacidade deste motor, para ser integrado num grupo motopropulsor híbrido que não pode gerar mais de 500kW é perfeito", sublinha o responsável da Ferrari.
Cannizzo também destaca que outras configurações de motor foram avaliadas nas fases iniciais do projeto LMH: “Na fase inicial, considerámos um motor V12, um V8 e um V6 diferente do actual. Neste caso, a seleção deste motor V6 não foi um compromisso e todos acreditamos que é o caminho certo a seguir, tendo em conta a evolução da nossa gama de automóveis de estrada”.
“O motor V6 é pequeno, leve e muito compacto, o que é uma vantagem em termos da sua posição no carro, da distribuição do peso e de encontrar o melhor centro de gravidade. O desenho é semelhante ao do 296. A base é o V6 a 120°, mas é verdade que cada parte do motor foi desenvolvida para responder às exigências das corridas”.
O desenho da carroçaria do Ferrari 499P é uma criação de Flavio Manzoni e tem linhas muito reconhecíveis. A Ferrari opta por um conceito clássico com um spoiler traseiro e uma "barbatana" ligada a este elemento. O splitter dianteiro e as linhas acentuadas do nariz, os sidepods e as cavas das rodas abertas criam uma silhueta reconhecível que se destaca dos seus rivais.
Em termos estéticos, o 499P tem uma pintura inspirada no Ferrari 312 P de 1973, com uma decoração vermelha com detalhes em amarelo.
A configuração é complementada por algarismos proeminentes que também têm uma história. O primeiro protótipo irá competir com o número #50, em homenagem aos 50 anos da Ferrari fora do auge das corridas de resistência. O segundo será o #51, um número de grandes sucessos para a marca em GTE.
O único ponto que a Ferrari não revelou na apresentação do 499P é a lista de pilotos que estarão aos seus comandos em 2023. A marca sempre insistiu que o alinhamento será definido a partir dos pilotos que fazem parte do programa de GT da marca, mas ainda não há confirmação oficial dos escolhidos, algo que se esperava na apresentação deste LMH.
Os pilotos de GT da Ferrari têm trabalhado no simulador desde 2020 para desenvolver o carro e têm estado em pista nos últimos meses, registando mais de 16.000 quilómetros de testes em asfalto.
Alessandro Pier Guidi, James Calado, Davide Rigon, Nicklas Nielsen, Antonio Fuoco, Daniel Serra, Alesio Rovera, Andrea Bertolini e Miguel Molina são os nove pilotos da marca, mas apenas seis vão estrear o Ferrari 499P nas 1000 Milhas de Sebring, em março de 2023.
O projeto de hypercar começou a tomar forma em 2020 e já estava nos planos de Maranello anteriormente, mesmo antes de ser definido claramente, e antes mesmo da aprovação do tecto de custos na Fórmula 1. Essa medida permitiu a alocação de recursos e pessoal para este programa. O esforço da Ferrari nesse aspecto tem sido notável e, desde que o Ferrari 499P foi apresentado, o trabalho de desenvolvimento tem sido muito intenso.
A Ferrari delineou uma estratégia de testes com duas unidades do Ferrari 499P. Desde o segundo teste em pista, Maranello teve um chassi focado em melhorar a confiabilidade e outro em buscar desempenho. Essa estratégia difere da adoptada pela Peugeot ou pela Porsche, mas permitiu à Ferrari ganhar terreno e tempo. Apesar de um volume de testes mais limitado, os 499P completaram mais de 16.000 quilometros de testes.
O "shakedown" em Fiorano teve continuidade em Mugello, com sessões de teste em Barcelona, Portimão e Monza. Embora seja verdade que a Ferrari não teve dois chassis do seu LMH em cada teste e tenha enfrentado alguns problemas durante os testes, a realidade é que a Ferrari conseguiu avançar a um bom ritmo, solucionando os problemas comuns de confiabilidade que podem ocorrer nos primeiros meses de vida de um prototipo como o Ferrari 499P.
Ferdinando Cannizzo deunos algumas pistas sobre o futuro imediato do 499P: "Durante o processo, surgiram problemas de confiabilidade. Não é mau, é sempre melhor tê-los agora. Conseguimos reagir e o trabalho segue o seu curso. Já percorremos mais de 16.000 quilómetros de testes e já realizamos um simulacro de corrida de longa duração (de 56 horas) em Motorland. "Estamos a trabalhar arduamente para entender quais são os pontos fracos do carro".
Nesta linha, Antonello Coletta, como responsável do programa, adicionou alguns pontos-chave: "A confiabilidade é o maior problema comum a todos os fabricantes, excepto a Toyota, que tem muito mais experiência do que nós... Trabalhamos incessantemente para cobrir o máximo de quilómetros possível e entender os problemas que temos para resolvê-los o mais rápido possível. Hoje estamos onde queríamos estar. É algo bom. Ainda temos algum tempo para desenvolver o carro. Não é ideal para nós ir para a nossa primeira corrida nos Estados Unidos, porque temos que enviar todo o material um pouco antes e, portanto, interromper os nossos testes. Sebring também não é o circuito mais fácil para uma primeira corrida, mas ainda é o mesmo para todos. Portanto, devemos fazer o possível para nos apresentarmos lá com a possibilidade de lutar pela vitória".
"Ferrari Monza SP2 ... esculpido pelo vento" (Exposição do Museu do Caramulo)