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O Austro Daimler Sascha de Ferdinand Porsche

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O Sascha tinha uma cilindrada de apenas 1100 cc, com 50 CV de potência. Apresentava um peso inferior a 600 kg e a sua carroçaria revelava um tratamento aerodinâmico invulgar para a época.

_ JOSÉ BARROS RODRIGUES

Depois de ter feito história na Lohner com a sequência de viaturas elétricas e híbridas que causaram alguma sensação no princípio do século XX no mercado automóvel austríaco, Ferdinand Porsche foi contratado pela Austro-Daimler, ao tempo uma filial da Daimler alemã-mas que gozava de alguma autonomia técnica produzindo motores e modelos exclusivos para o mercado austríaco. Porsche, cuja formação assentava essencialmente nos princípios da eletricidade, desenvolveu gosto e assertividade pelo desenvolvimento dos automóveis e rapidamente se mostrou à vontade também a desenhar motores de combustão. Mas os seus primeiros trabalhos consistiram na extensão da produção dos automóveis híbridos anteriormente desenvolvidos na Lohner, com a diferença de que agora os motores elétricos judiciosamente colocados nas rodas estavam no eixo traseiro e não no dianteiro como anteriormente.

Ferdinand Porsche pressionou logo desde a sua chegada para que a marca participasse nas principais competições da época e ele próprio assumiu a condução de algumas viaturas em determinadas provas como a famosa Prinz Heinrich Fahrt –circuito Príncipe Henrique– onde se destacou na edição de 1910. No princípio dos anos de 1920, Porsche dedicou-se ao desenho de um automóvel muito especial com características que, de alguma forma, o afastavam da produção corrente da marca de Wiener-Neustadt. Esse automóvel designado por Sascha –diminutivo de Alexander– eram uma homenagem ao Conde Alexander Kolovrat, um dos acionistas da Austro-Daimler que terá convencido a administração –e, sobretudo, os bancos financiadores do construtor– a avançar com esse projeto. O Sascha era realmente uma viatura admirável para a época, num segmento que era dominado essencialmente pelos franceses, com as marcas Amilcar e Salmson.

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Detalhe do alçado do Austro Daimler Sascha, verificando-se que todo o automóvel foi desenhado para ser simples e leve.

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Dois Sascha em ação, posam para a fotografia antes da sessão de treinos. A viatura tinha um aspeto extraordinário tendo em conta o período em que se desenvolveu. O motor era um “1,1 litros”, com duas válvulas por cilindro, e apresentava uma potência máxima de 50 CV, um valor impressionante nesta altura. Por outro lado, a viatura era leve –peso estimado de 598 kg– e aerodinâmica graças ao apurado trabalho de suavização das formas da carroçaria. Por outro lado, tanto o piloto como o mecânico estavam colocados em posições baixas, minimizando a resistência ao ar. A velocidade máxima anunciada era de 144 km/h.

Exemplos de publicidade da Austro Daimler com as vitórias do pequeno Sascha um pouco por toda a Europa.

O pequeno Sascha participou em inúmeras competições pela Europa e tem um registo de vitórias impressionante: 43 em cerca de dois anos. No entanto, o resultado que teve maior repercussão no contexto da época foi o obtido na corrida de Targa Florio de 1922, em que se registou a inscrição de três Saschas na prova. Dois deles chegaram em primeiro e segundo lugar na classe de 1100 cc, com uma velocidade média de 54 km/h para o vencedor da classe, um feito para o circuito siciliano que no total teve nessa edição uma distância de 432 km com mau piso em praticamente todo o perímetro e zonas de declive que nalguns casos atingiam cerca de 12,5 %. A título comparativo, o vencedor geral do Targa Florio em 1922 foi um Mercedes que venceu a prova à média de 63 km/h.

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