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Parte II
by editorialmic
A LIGAÇÃO AOS CLIENTES ANTIGOS
Apesar dessas alterações na malha populacional em que se insere, há rotinas que se mantêm no dia a dia da farmácia. É o caso das frequentes visitas dos utentes mais antigos do bairro. “Um tema referido recorrentemente é o ‘antigamente’, quando na juventude vieram para a Amadora, tal como a minha avó”, diz Francisco Gautier, explicando ainda que “para muitas das pessoas idosas, por vezes com problemas de solidão, a farmácia é uma referência de proximidade que faz parte das suas rotinas e onde encontram convívio e contacto humano”.
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Visando corresponder a todas as solicitações dos utentes com “compromisso com a responsabilidade e rigor” que a prática farmacêutica exige, Francisco Gautier destaca o “grande investimento nos recursos humanos” realizado pela farmácia e na respetiva capacidade técnico-científica. Para além do diretor técnico, a equipa da Farmácia da Igreja integra quatro licenciados: três farmacêuticos e uma técnica de farmácia, todos eles com “a delicada tarefa de articular os condicionalismos da profissão com a manutenção das relações de proximidade com os cidadãos”.
A Farmácia da Igreja tem apostado em diversos serviços diferenciadores, como a consulta farmacêutica, entrega ao domicílio e realização de testes rápidos à COVID-19
“Claro que assumimos como naturais as funções sociais da farmácia comunitária que por vezes até são convenientes e facilitadoras. No entanto, penso que devemos manter o foco enquanto profissionais de saúde a desempenhar um serviço de interesse público e é nesse registo que podemos e devemos acrescentar valor”, defende Francisco Gautier.
ACRESCENTAR VALOR COM SERVIÇOS DIFERENCIADORES
Procurando acrescentar valor à comunidade que serve, a farmácia tem vindo a implementar diversos serviços diferenciadores. Entre eles, incluem-se a consulta farmacêutica, a preparação individualizada de medicação, a entrega ao domicílio e realização de testes rápidos sorológicos e de antigénio. Contudo, Francisco Gautier diz que “não se verifica uma procura ou adesão consistente dos utentes a estes serviços”, acrescentando que apenas o serviço de administração de injetáveis mantém um volume significativo, sobretudo durante a campanha de vacinação da gripe.
“Apesar das expectativas elevadas, este ano não foi possível satisfazer a maior parte dos utentes o que foi motivo de grande indignação, mesmo dos utentes mais assíduos”, lamenta o diretor técnico, aludindo à escassez de vacinas para a gripe disponibilizadas às farmácias, num contexto marcado por elevada procura.
Uma das áreas em que Francisco Gautier considera que seria importante apostar – apesar das dificuldades de implementação e dos custos a imputar ao utente – diz respeito à preparação individualizada da medicação. “Pode ter uma enorme mais-valia para muitos utentes que têm dificuldade em gerir a medicação e é um processo que envolve a revisão de medicação e a reconciliação terapêutica”, explica.
O farmacêutico sublinha ainda que seria importante haver um debate e melhor consciência relativamente à dispensa de medicamentos sem receita médica. “Penso que seria possível criar um regulamento mais claro e mais permissivo em algumas situações, nomeadamente em casos avaliados e justificados por um farmacêutico que podia ficar identificado em cada situação com validação do seu BI, à semelhança da emissão de uma receita por um médico”, defende o farmacêutico. Complementarmente ao enriquecimento dos serviços disponibilizados, a Farmácia da Igreja também tem realizado investimentos na sua gestão. “Procuro manter-me atento e disponível para encontrar soluções. Quase todas já existem”, diz Francisco Gautier.
Uma das apostas mais recentes neste âmbito está estritamente ligada à pandemia. Face à limitação a apenas dois utentes em simultâneo na farmácia, a solução passou pela conceção de um pequeno posto de atendimento – uma nova montra com um postigo de vidro – e a colocação de um toldo no exterior, criando assim condições para o atendimento confortável dos utentes no exterior da farmácia. “Este posto mostrou-se útil também noutras situações como nos casos em que o utente não tem máscara ou tem um animal de companhia”, exemplifica ainda.
Relativamente à pandemia em si, o farmacêutico mostra-se confiante. “Nunca pensei que um ano e meio após o surgimento de uma nova doença estivéssemos a caminho da imunidade de grupo. É fantástico!”, conclui. •
A FARMÁCIA DA IGREJA À LUPA: Diretor técnico: Francisco Gautier Nº de colaboradores: 5 Fundação: 1961 Morada: Praça da Igreja 22 A, 2700458 Amadora Telefone: 214 937 740
Farmácia Falcão: uma farmácia centenária focada no futuro
SERVIDA POR UMA EQUIPA JOVEM E DINÂMICA, A FARMÁCIA FALCÃO OFERECE UM VASTO LEQUE DE SERVIÇOS DE SAÚDE QUE PRETENDE REFORÇAR. A DISPONIBILIZAÇÃO DE UM SITE DE VENDAS ONLINE É UMA DAS INICIATIVAS QUE ESTÁ NO SEU HORIZONTE.
Autor: Associação de Farmácias de Portugal
AFarmácia Falcão é uma das farmácias comunitárias mais antigas da cidade do Porto. Fundada em 1828, grande parte da sua história foi feita a servir sobretudo a população do centro do Porto, junto ao movimentado Bolhão. Quase dois séculos volvidos, tem atualmente portas abertas junto ao Parque da Cidade do Porto na zona da Boavista.
Apesar de se tratar de uma farmácia centenária, atrás do balcão a servir os utentes está uma equipa “jovem e dinâmica” da qual fazem parte seis colaboradores que segundo as palavras de Ana Reis, farmacêutica gestora, “transmitem estas características à farmácia”. A dinâmica da farmácia é refletida ainda, entre outros, pelo seu funcionamento em horário alargado. A Farmácia Falcão está aberta todos os dias da semana, incluindo feriados, entre as 9h00 e as 22h00, tendo sempre como foco a aposta num serviço de proximidade aos seus utentes.
A mudança desta farmácia comunitária para as atuais instalações na Praceta Prof. Egas Moniz concretizou-se há uma década, em maio de 2011, após concedida autorização para a respetiva transferência, estando a sua atual gestão a cargo de um grupo familiar. “Em junho de 2016 a Farmácia Falcão foi adquirida por uma sociedade familiar, que já tinha duas farmácias, e que deu continuidade à história da Farmácia Falcão, sempre tendo o utente como preocupação”, diz a esse propósito Ana Reis. Nessa transição, o Dr. Pedro Ferreira manteve-se como diretor técnico da farmácia, sendo que os novos proprietários auxiliam na gestão.
CLIENTES DE HOJE E DO ANTIGAMENTE
Devido à sua localização, os utentes da Farmácia Falcão não têm um perfil único. “Temos utentes de diferentes realidades e que consequentemente requerem atendimentos diferenciados”, explica Elisabete Caetano, contextualizando que recorrem aos serviços da farmácia tanto utentes de passagem, como utentes habituais, uns residentes na Boavista e outros nos bairros de Aldoar. “É este atendimento personalizado, diferenciador e cuidado, em que a prioridade é sempre qualquer utente que entra na nossa farmácia, que torna a Falcão única”, assegura ainda a farmacêutica adjunta.
Se ao longo dos últimos dez anos na atual localização, a Farmácia Falcão conquistou novos utentes, também preserva ainda alguns que se deslo-
cam a partir da anterior localização na baixa do Porto para serem atendidos na “minha farmácia”, como muitos carinhosamente referem.
“Os mimos para com toda a equipa são mais que muitos” frisa Elisabete Caetano, dando como exemplo o pão de ló na Páscoa da D. Rosário, os biscoitos da D. Valentina ou a marmelada caseira da D. Isabel. “Mas para todos nós o maior reconhecimento que podemos receber é o regresso do nosso utente com um sorriso. É aquela frase mágica ‘vim aconselhar-me à minha farmácia’ ou ‘o tratamento que a Dr.ª aconselhou resultou’. É a nossa missão de farmacêuticos a ser cumprida na perfeição”, garante.
PROMOVER A SAÚDE E A PREVENÇÃO E O FOCO NA INOVAÇÃO
Para dar resposta às necessidades dos seus utentes, para além da habitual dispensa de medicamentos, a Farmácia Falcão disponibiliza um vasto conjunto de serviços. Entre esses incluem-se a determinação de parâmetros bioquímicos (medição de glicémia, colesterol, pressão arterial, peso e IMC), administração de vacinas não pertencentes ao Plano nacional de Vacinação e o aconselhamento nutricional. Mas são também prestados serviços práticos como a recolha de radiografias e medicamentos fora da validade ou a recolha, de forma segura, de todo o material como seringas e agulhas de utentes diabéticos insulinodependentes ou de utentes que necessitam de medicamentos injetáveis, o que é feito ao abrigo do Projeto Agulhão, no qual a farmácia foi pioneira em parceria com a AFP. A par de ações de promoção e educação para a saúde, como rastreios capilares, oftalmológicos ou auditivos, as ações de avaliação, reconciliação e adesão à terapêutica, sobretudo junto dos utentes mais idosos e polimedicados, são também uma importante aposta da Farmácia Falcão. Neste âmbito, foi criada uma ação específica – o “Dia do saco” – em que os utentes são convidados a levar num determinado dia para a farmácia toda a sua medicação para que seja organizada. “Os clientes trazem os medicamentos e as prescrições e nós fazemos uma orientação. Encontramos muitas vezes pessoas que tomam medicação repetida, de diferentes laboratórios, ou que a tomam de manhã em vez de à noite, por exemplo”, explica Ana Reis.
Com o início da pandemia, a oferta de serviços da farmácia foi ainda enriquecida com a possibilidade de dispensa de medicamentos hospitalares e o serviço de entrega ao domicílio, algo que se revelou uma necessidade nesse contexto.
As entregas ao domicílio são, aliás, uma das áreas em que a Farmácia Falcão pretende dinamizar ainda mais, estando ainda o seu foco na inovação. Neste sentido, está a preparar o desenvolvimento de um site para permitir a realização de vendas online. Ana Reis adianta que a avaliação desta necessidade já era antiga, mas que com a pandemia ganhou mais força. “As compras online vieram para ficar”, frisa. •
A FARMÁCIA FALCÃO À LUPA: Diretor técnico: Pedro Ferreira Nº de colaboradores: 6 Fundação: 1828 Morada: Praceta Prof. Egas Moniz, 112-118, 4100-221 Porto Telefone: 222 001 566