Bouças A origem que vem de
De um primeiro mosteiro erguido dois séculos antes da criação do Reino de Portugal, até às celebrações de hoje, o Senhor de Matosinhos tem uma história bem antiga e que merece ser relembrada
Tudo começou com um mosteiro, hoje desaparecido e conhecido como sendo de S. Salvador de Bouças. Era aí que se venerava a imagem do Senhor de Bouças. Um documento de contrato feito entre este mosteiro e a Igreja de S. Martinho de Aldoar identifica-o no longínquo ano de 944, ou seja, no século X, dois séculos antes da fundação do Reino de Portugal.
Será ainda, em 1120, que surgirá um outro documento, este assinado pelo Papa Calisto II, que menciona o mosteiro de Bouças como uma das casas religiosas do Bispado do Porto, no Condado Portucalense, juntamente com o Mosteiro de Leça do Balio e o de S. Salvador de Lavra. No início da nacionalidade, há referências a D. Mafalda Sanches uma das filhas do segundo rei de Portugal, D. Sancho I, a quem lhe fora doado o Mosteiro de Bouças e ainda o de Arouca.
Mais tarde, com o rei D. Dinis, o mosteiro será entregue a D. Giraldo Domingues, Bispo do Porto entre 1300 e 1308. Um homem que teve um destino trágico,
pois seria assassinado em Estremoz, no ano de 1331, quando era Bispo de Évora. O seu crime fora o de ter apelado à paz na altura da contenda entre o filho bastardo do rei, D. Afonso Sanches, e o príncipe herdeiro, D. Afonso. Prevendo que iria ser vítima de represálias na altura da chegada ao trono de Afonso IV, D. Giraldo Domingues fez o pedido solene de ser sepultado “à sombra dos braços do Crucifixo de Bouças”.
Com o passar do tempo, a imagem do Senhor de Bouças passa a ser solicitada para integrar procissões solenes na vizinha cidade do Porto. Sobretudo nas ocasiões mais situações aflitivas, como a de calamidades causadas por cheias e peste. Finalmente, no século XVI, devido ao estado de degradação do mosteiro, será construída uma nova igreja, mas agora no lugar de Matosinhos. E é então que se transfere a imagem do Senhor de Bouças para a sua nova localização e onde virá, com o tempo, a mudar também de nome, deixando de ser Nosso Senhor de Bouças de Matosinhos para passar a ser o agora Senhor de Matosinhos.
Com o fim do mosteiro de Bouças e a construção da nova Igreja, em 1542, por iniciativa da Universidade de Coimbra – nessa altura, o rei D. João III concedera a esta instituição o padroado de Matosinhos –, foi então contratado o arquiteto e escultor de origem francesa, João de Ruão. Este, no entanto, não a chegaria a concluir, sendo a obra original finalizada por Tomé Velho.
Com a chegada do século XVIII e devido à fama conquistada com a devoção ao Senhor de Bouças de Matosinhos, sobretudo entre aqueles que atravessavam o Oceano Atlântico para tentar uma nova vida no Brasil, surge a vontade de ampliar o templo. É então que entra em cena o conhecido arquiteto de origem italiana, Nicolau Nasoni. O cuidado artístico, majestoso, imposto por este nome está bem patente na
A igreja Nasoni que fez
fachada principal, cujo desenho acentua a horizontalidade da construção, com as características barrocas que são bem a marca do arquiteto italiano, autor da célebre Torre dos Clérigos, no Porto.
Admire-se, portanto, as suas duas torres sineiras e o frontão quebrado mais a porta principal, decorada com um medalhão. Está lá uma concha de vieira, sendo que nos dois nichos laterais temos as estátuas de S. Pedro e S. Paulo. O interior está dividido em três naves, onde temos um digno altar-mor de talha dourada. E é aí que está a imagem do Cristo crucificado. Não se trata de uma imagem qualquer. Remonta ao século XII, altura do nascimento da nacionalidade e é uma das mais antigas que existe entre nós. E, como qualquer outra imagem que se preza, esta também tem a sua lenda.
É uma escultura realista, feita em madeira oca e mede perto de dois metros de altura. Possui ainda uma característica que a torna única aos olhos mais atentos. Aconselha-se o visitante a ter em atenção a simbólica assimetria do olhar de Cristo. Na agonia representada crucificação há um olho, o esquerdo, que se dirige para o Céu. Já o olho direito está virado para a Terra. Diz-se que um olha para o Pai no céu, Deus, e o outro para os irmãos, os homens, na Terra.
que fala de Nicodemos A lenda
Dizem que que a imagem do Senhor de Matosinhos será mesmo uma das mais antigas de toda a cristandade. Afinal, a lenda conta-nos que o alegado autor estava no Monte Gólgota – o Cálvário – quando Jesus Cristo foi crucificado. Estamos a falar de Nicodemos, o fariseu que ajudou João da Arimateia a preparar o corpo de Jesus para o seu sepultamento.
Portanto, sustenta a lenda que a imagem que está na Igreja do Senhor de Matosinhos, foi esculpida por Nicodemos em pessoa. Como que um retrato fiel da crucificação. E que aquela é uma cópia fiel da face do filho de Deus no momento da sua morte pelos nossos pecados. Sustenta-se ainda que a imagem é oca porque teria sido, dentro dela, que Nicodemos escondeu os instrumentos da Paixão e, como ainda havia a perseguição pelos romanos, os objetos sagrados foram atirados ao mar para escaparem à fogueira.
E assim, a imagem boiou pelo mar Mediterrâneo, desde a Judeia, ultrapassou as colunas de Gibraltar e as correntes teriam depois levado até às águas de Portugal, ao largo de Matosinhos. Quando a encontraram, faltava-lhe um braço. Foi então que as gentes de Bouças decidiram dedicar-lhe um templo dedicado ao Nosso Senhor de Bouças. O braço perdido acabaria por aparecer, dando ainda origerm a mais um episódio lendário. Conta-se que, certo dia, uma mulher que abadava pela praia de Matosinhos a apanhar lenha para a lareira, recolheu um pedaço de madeira que acabou por ser misturado com os demais. Mais tarde, ao atirar os pedaços de madeira para a lareira, este saltava de volta, recusando-se a arder. Havia ainda uma filha, que era muda de nascença. Era esta que fazia gestos para mãe. Gestos desesperados, querendo dizer qualquer coisa. A mãe não a entendia, até que a menina falou para dizer, perante o olhar de espanto da mãe, que aquele não era um simples pedaço de madeira, mas sim o braço que faltava ao Nosso Senhor das Bouças!
A situação era milagrosa e mais ainda impressionou quando a população viu como o braço ajustava-se perfeitamente à imagem, pelo que parecia que nunca tinha estado desaparecido. E assim ficou completa a imagem que hoje temos. Mas lembremo-nos: tudo isto é lenda.
Tragédia do
Em Matosinhos sabe-se que o mar dá, mas também tira. Se deu a imagem do Senhor de Matosinhos, também já tirou muito a quem vive do mar português. Uma das homenagens mais pungentes que se pode encontrar em Portugal e dedicada à dura vida do ofício de pescador, é a escultura, da autoria de José João Brito, que se ergue desde 2005 na Praia de Matosinhos. São as mulheres dos pescadores, impotentes, com expressão de horror nos rostos, braços levantados em desespero e
olhando para o mar. Representam as viúvas e mães de filhos órfãos de pai. Este conjunto escultório deve ser apreciado com a devida contextualização, sendo que, primeiro, as linhas do artista foram inspiradas pela pintura de um famoso pintor matosinhense, Augusto Gomes. O trabalho artístico de José João Brito, com o título “Tragédia do Mar”, diz respeito ao drama real, tido como a maior tragédia marítima ocorrida na costa portuguesa. Foi na noite de 1 para 2 de Dezembro de 1947 que uma grande tempestade provocou o naufrágio de diversas embarcações de pesca, ao largo de Leixões. Dizem os números que provocou a morte de 152 tripulantes. Foram 72 mulheres que ficaram viúvas e 152 crianças órfãos. Muitas mais do que apenas as cinco figuras aqui representadas simbolicamente. O mar dá, mas também tira. E, em Matosinhos, sabem bem disso.
ProgramaMatosinhos deSenhor ProgramaMatosinhos deSenhor
Maio
SEXTA, 19
Até 20 maio |
Encontro Nacional de Promotores de Mobilidade
Urbana em Bicicleta
Auditório e Galeria da Biblioteca Municipal Florbela Espanca
Até 17 setembro |
Exposição “José de Lemos”
Casa do Design de Matosinhos
Até 17 setembro |
Exposição “Interrupções e Continuidades na Coleção de Arte Municipal - décadas de 30 a 50”
Museu Quinta de Santiago, Leça da Palmeira
Até 27 agosto |
Exposição “Sapatilhas: Marcas Portuguesas, do Estado Novo ao Virar do Milénio”
Casa do Design de Matosinhos
10h00 - 13h00 e 15h00 18h00 |
Constrói o teu palacete sustentável
Integrado na programação do Dia Internacional dos Museus
Museu Quinta de Santiago, Leça da Palmeira
15h00 - 17h00 |
Visita + acessível: recursos inclusivos para a descoberta da Casa dos Santiago
Integrado na programação do Dia Internacional dos Museus
Museu Quinta de Santiago, Leça da Palmeira
19h00 |
Notas de Soirée com a Escola de Música Óscar da Silva
Museu da Memória de Matosinhos
21h00 |
“Celebrando Eugénio de Andrade”, homenagem ao poeta
Projeto da Escola Secundária da Boa Nova e Escola de Música de Leça da Palmeira
Museu Quinta de Santiago, Leça da Palmeira
21h00 | Inauguração das iluminações decorativas
21h30 | FITEI - “Condomínio” | Teatro
Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery
21h30 | Concerto Zé Barbosa e Horyza Palco das festas
SÁBADO, 20 ABERTURA DA XVIII EDIÇÃO DA FEIRA
ARTESANATO DE MATOSINHOS
16h00 |
Inauguração da exposição “Memórias da Cascata de João Cafoca”
Museu da Memória de Matosinhos, até 13 agosto
17h00 |
“Patoá do Porto” | Teatro e Música
Museu da Memória de Matosinhos
18h30 |
Arruada de Bombos e Cabeçudos do Rancho Típico da Amorosa
21h30 |
FITEI - “Condomínio” | Teatro
Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery
21h30 |
Salvé a Língua de Camões | Leitura encenada Museu Quinta de Santiago, Leça da Palmeira
21h30 |
Concerto Ponto Fixo Palco das festas
DOMINGO, 21
15h30 |
Encontro de Coros do CCD
Com Projeto Coral, APRe Coro Grande Porto, SER+ Universidade para Seniores, Mais De Perto, CCD Matosinhos
Igreja do Bom Jesus de Matosinhos
15h30 |
Festival de Folclore
Com participação do Rancho Paroquial de Guifões, Grupo Etnográfico os Pescadores do Castelo, Rancho Típico São Mamede de Infesta, Rancho Folclórico
Aldeia Nova
Palco das festas
QUARTA, 24
19h00 |
Animação de rua
SEXTA, 26
21h30 |
“Operitivo sem calorias” | Ópera
Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery
22h00 |
Concerto Fernando Daniel
Jardins da Biblioteca Municipal Florbela Espanca
SÁBADO, 27 EXPOSIÇÃO
“FERNANDO CALHAU - RAZÃO INVERSA”
Galeria Municipal, até 27 agosto
10h00 - 13h00 |
Laboratório poético “Expresso Poesia”
Plano Municipal de Leitura 2023
Inscrições gratuitas e limitadas à lotação: bmfe@ cm-matosinhos.pt
Biblioteca Municipal Florbela Espanca
14h00 |
Desfile pelo Grupo de Bombos Águias de S. Mamede de Infesta
15h30 |
Conversa “Design e Indústria”
Programação Complementar da exposição “Sapatilhas: Marcas Portuguesas, do Estado Novo ao Virar do Milénio”
Casa do Design de Matosinhos
16h00 |
Inauguração Exposição “Memória de Nós - Coleção de cerâmica popular, de Maria José e Hélder Pacheco”
Galeria da Biblioteca Municipal Florbela Espanca, até 17 agosto
16h00 |
Desfile Vestidos de Chita do Orfeão de Matosinhos Junto ao palco das festas
18h30 |
Arruada de Bombos e Cabeçudos do Rancho Típico da Amorosa
21h30 |
Concerto Jurássicos
Palco das festas
24h00 |
Fogo de artifício
DOMINGO, 28
10h00 |
Saudação às autoridades pela Banda de Matosinhos-Leça, Banda Filarmónica de Santo António de Piães, Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Leixões e Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Matosinhos-Leça Santa Casa da Misericórdia de Matosinhos
14h00 e 21h30 |
Concerto das Bandas Filarmónicas Adro da Igreja do Bom Jesus de Matosinhos
16h00 |
Festival de Folclore Luso Espanhol do Senhor de Matosinhos
Com participação do Rancho Típico da Amorosa (Leça da Palmeira), Grupo Folclórico da Casa do Povo de Cacia (Aveiro), Grupo Folclórico Santiago de Custóias (Custóias), Grupo Folclórico e Recreativo de Tabuadelo (Guimarães), Asociación Cultural Buxainas Cedeira (Espanha)
Palco das festas
16h00 |
Solene Procissão do Bom Jesus de Matosinhos Com ‘statio’ junto ao monumento do Senhor do Padrão
19h00 |
Concerto Silvana Estrada Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery
SEGUNDA, 29
21h30 |
“A Romaria do Senhor de Matosinhos”
Encenação pelo Rancho Típico da Amorosa
Adro da Igreja do Bom Jesus de Matosinhos
21h30 |
Concerto Marcus
Palco das festas
TERÇA, 30 FERIADO MUNICIPAL
11h00 |
Eucaristia Solene da Festa do Bom Jesus de Matosinhos presidida por Sua Excelência Reverendíssima, Bispo Auxiliar do Porto D. Pio Alves
Igreja do Bom Jesus de Matosinhos
16h00 |
Lançamento do livro “Matosinhos: Memória e Coração da Feira da Louça - uma resposta para a nostalgia”, de Hélder Pacheco
Salão Nobre dos Paços do Concelho
19h00 |
Fogo de bonecos
Jardim do Parque 25 de Abril
21h00 |
“A Queda” Espetáculo de dança contemporânea pela escola Ballet Art
Palco das festas
Junho
QUINTA, 1 21h30 |
Noite dançante com Rádio Toca a Dançar e artistas convidados
Palco das festas
SEXTA, 2 21h30 |
XIII ETAM Encontro de Tunas e Associações de Matosinhos
Palco das festas
Senhor de
SÁBADO, 3
15h30 |
“A Lenda do Senhor de Matosinhos” | Teatro
Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery
16h00 |
Encontro de Coros do Orfeão de Matosinhos
Com Orfeão do Porto, Orfeão de Valadares, Orfeão de Gondomar, Orfeão da Foz do Douro, Porto Business School e Orfeão de Matosinhos
Salão Nobre dos Paços do Concelho
16h30 |
Passa Calles
Desfile de Tunas pelo recinto das festas
18h30 |
Concurso de Serenatas
Escadaria da Casa da Juventude de Matosinhos
21h00 |
XIII FITAM Festival de Tunas da TAIPAM Cidade de Matosinhos
Palco das festas
21h30 |
Moontosinhos Nasoni e a Igreja de Matosinhos, com Joel Cleto
Entrada limitada à lotação do espaço Domingo, 4
15h30 |
“A Lenda do Senhor de Matosinhos” | Teatro Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery
15h30 |
Festival de Folclore
Com participação do Rancho Folclórico Vareirinhos de Matosinhos, Rancho Folclórico Pescadores de Matosinhos, Rancho Folclórico Casa Povo Santa Cruz Bispo, Rancho das Sargaceiras e Marítimos de Angeiras
Palco das festas
TERÇA,
6
10h00 - 17h00 |
Arraial da Cascata
Museu Quinta de Santiago, Leça da Palmeira
QUARTA, 7 22h00
|
Concerto Sérgio Godinho
Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery
QUINTA, 8
21h30 |
Noite de Fados pela Associação Fado e Poesia
Apresentação: Elísio Santos. Fadistas: Lúcia Ferreira, Manuel Luis, Maria do Céu, Paulo Cangalhas, Marisa
Pinto. Guitarra portuguesa: Aires Silva e Urias Macedo.
Viola de Fado: José Carlos Martins e Diogo Rato
Palco das festas
SEXTA,
21h30 |
9
Dj Mc`Putto e convidados
Palco das festas
SÁBADO, 10
15h00 |
Tarde de Fados Pela Associação Amigos do Fado de Matosinhos
Jardim Basílio Teles
21h30 |
Concerto Expresso 86
Palco das festas
DOMINGO, 11
11h00 e 15h30 |
Teatro para Bebés
Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery
15h30 |
Festival de Folclore
Com participação do Rancho Regional de Guifões, Grupo Folclórico D. Nuno Álvares Pereira, Rancho
Típico de Esposade, Rancho Folclórico Padeirinhos de Freixieiro
Palco das festas