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Consciencializar para os perigos dos tratamentos online
from OMD nº50
by editorialmic
ORTODONTIA
Nas últimas semanas, a Ordem dos Médicos Dentistas desencadeou várias ações para alertar a população e as entidades reguladoras para os riscos do autotratamento ortodôntico.
A OMD está preocupada com a crescente oferta, na área da ortodontia, de serviços médico-dentários à distância, sem a intervenção do médico dentista, tendo já reportado a situação à Entidade Reguladora da Saúde (ERS). Para informar a opinião pública sobre as consequências graves da realização destes procedimentos sem a presença física, numa consulta de medicina dentária, a Ordem lançou uma ação de comunicação na televisão, rádio e redes sociais.
Sob o mote “Um Conselho da OMD” e com a mensagem “aparelhos ou alinhadores invisíveis, não ponhas nada no teu sorriso sem consultar o teu médico dentista”, a campanha visa esclarecer a população sobre a importância do acompanhamento médico-dentário. O bastonário da OMD lembra que “na grande maioria das situações relacionadas com a medicina dentária, incluindo o tratamento ortodôntico, é necessária uma interação presencial para garantir a segurança do doente”.
Miguel Pavão esclarece ainda que, “em conformidade com as boas práticas clínicas, a evidência científica e a atual formação do médico dentista na área da ortodontia, é fundamental que os julgamentos clínicos em que se baseia uma proposta de tratamento ortodôntico sejam fundamentados numa avaliação completa da saúde oral do doente”. “E, atualmente, não há substituto efetivo para um exame clínico físico como base para essa avaliação”, afirma.
COLÉGIO EMITE PARECER
O Colégio de Ortodontia tem acompanhado com apreensão estas campanhas de publicidade enganosa e, a esse propósito, emitiu um parecer em que declara o seguinte:
• “O tratamento ortodôntico é na sua essência uma intervenção médica sobre o sistema estomatognático, pelo que deve ser realizado exclusivamente por um médico dentista qualificado na área da ortodontia.
• O tratamento ortodôntico deve ser precedido por um exame clínico completo do doente por um médico dentista qualificado. Além disso, os achados imagiológicos devem ser avaliados de modo a permitir um planeamento adequado e a identificar contraindicações ou riscos do tratamento.
• O médico dentista responsável pelo tratamento deve assegurar formas de comunicação direta e eficaz com os seus doentes, explicar as vantagens e riscos das opções de tratamento disponíveis, e obter um consentimento informado, que seja válido tanto no início como durante todo o tratamento.
• Os doentes devem conhecer o nome profissional do médico dentista responsável pelo seu tratamento e poder estabelecer contacto direto com essa pessoa.
• Qualquer tratamento ortodôntico requer controlo clínico regular e presencial. É fundamental não só avaliar a evolução do tratamento, mas também detetar precocemente possíveis complicações, tal como movimentos dentários indesejáveis, reabsorções radiculares, problemas periodontais ou outras patologias intraorais.
• Em todos os casos, o médico dentista responsável pelo tratamento deve elaborar e manter um registo clínico completo do doente.
• O tratamento ortodôntico sem um diagnóstico inicial adequado ou sem supervisão clínica regular pode resultar num resultado de qualidade inferior, na necessidade de tratamento adicional e causar danos irreversíveis na saúde oral.”
Nesse sentido, o Colégio de Ortodontia da OMD recomenda que os doentes consultem pessoalmente um médico dentista qualificado em ortodontia, de modo a realizar uma avaliação clínica e um diagnóstico completo, a discutir as suas necessidades específicas do ponto de vista médico-dentário e ortodôntico e a garantir que todas as opções disponíveis e apropriadas sejam consideradas.
QUEIXA NA ERS
O tratamento ortodôntico deve ser realizado exclusivamente por um médico dentista qualificado na área da ortodontia.
O crescimento da oferta de tratamentos à distância sem a intervenção do médico dentista, em que na maioria dos casos envolve uma autoavaliação do próprio doente – em que este tira fotografias (“selfie”) pelo telemóvel ou realiza as suas impressões – motivou a comunicação à ERS.
Este procedimento envolve o envio dos aparelhos considerados mais adequados (geralmente alinhadores, uma das técnicas possíveis, entre outras, em ortodontia) por correio
UM CONSELHO DA OMD
O bastonário da OMD, Miguel Pavão, recomenda que os doentes solicitem o nome profissional do médico dentista responsável pelo tratamento e que obtenham a garantia de que há um contacto direto com este.
De realçar que os tratamentos ortodônticos enquadram-se na definição legal de medicina dentária, pelo que só podem ser realizados por médicos dentistas que estejam inscritos na Ordem. Já ao médico dentista responsável pelo tratamento cabe, e no âmbito da sua liberdade de juízo clínico, assegurar formas de comunicação diretas e eficazes com os doentes. É seu dever explicar as vantagens e riscos das opções de tratamento disponíveis, e obter um consentimento informado, que seja válido tanto no início como durante todo o tratamento. Em todos os casos, deve ainda elaborar e manter um registo clínico completo do doente.
Veja e partilhe a ação de comunicação da OMD em https://
www.facebook.com/omdpt/videos/1050173005834959/
através do pagamento de uma verba. A monitorização do progresso do tratamento ocorre, maioritariamente ou exclusivamente, sem contacto físico do médico dentista com o doente.
O autotratamento ortodôntico em que o doente coloca diretamente o aparelho pode originar resultados de qualidade inferior, necessidade de tratamentos adicionais ou, nos casos mais graves, danos irreversíveis na saúde oral.
Além disso, qualquer tratamento ortodôntico tem de ser precedido por um exame clínico completo do doente por um médico dentista e os resultados dos exames têm de ser avaliados, de forma a permitir um quadro de tratamentos adequado, identificando contraindicações ou riscos do tratamento.
A OMD alerta que qualquer tratamento ortodôntico requer controlo clínico regular e presencial, para avaliar a sua evolução e detetar precocemente possíveis complicações, como movimentos dentários indesejáveis, reabsorção das raízes, problemas que afetam as gengivas e o suporte dos dentes ou outras patologias intraorais.