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Roça de leve minha testa com um beijo suave, enquanto percorre lentamente a curva do meu quadril com os dedos, perdendo-se debaixo da camisa. A dele. Abro os olhos e encontro aquele olhar verde-claro que no mesmo instante ilumina a minha manhã. Estico a mão até seu rosto, liso como o de um menino. No início, eu achava que ele se levantava de madrugada para se barbear às escondidas, depois entendi que sua pele é assim: ele tem uma barba tão macia e invisível que mesmo ao acordar parece já feita. Estamos deitados de lado, um de frente para o outro, os pés se encostando. Nossos corpos têm o mesmo cheiro. Fizemos amor ontem à noite e é cada vez melhor, uma descoberta que tem o sabor irresistível do prazer. Agora sua mão me toca um pouco mais forte e me sacode devagar. — Bibi, acorda... — Sua voz é um sopro. Fecho os olhos para aproveitar mais alguns minutos de sono e, debaixo das pálpebras que tremem, imagino este dia, todos os dias, junto com ele. Filippo. — Já vou, só mais um minuto... — resmungo, virando-me para o outro lado. Ele ainda me dá um beijo na nuca, levanta-se e encosta a porta, deixando-me sozinha no quarto para acabar de acordar. Ainda estou tonta, mas mesmo assim faço o enorme esforço de me apoiar à cabeceira da cama. Da janela vazam raios de sol que fazem carinho no meu rosto: são oito horas de uma linda manhã de maio, já está calor e lá fora a luz é quase ofuscante. É um novo dia da minha nova vida. Depois que viajei para Roma e apareci no canteiro de obras, há três meses, aconteceu o que eu não ousava nem sequer desejar: Filippo não apenas me perdoou, mas também me escutou, me entendeu e fez com que me sentisse amada ainda. Em seus braços tive a nítida sensação de ter voltado para casa, de ter reencontrado a mim mesma depois de ter perdido o rumo. Bastou nos 7