1 minute read
MELANCOLIA
o que há de verdade no mundo? algo mesmo a ser dito?
o que dou ao meu ofício além do meu rosto aflito?
Advertisement
o que encontro além da porta fechada e do silêncio que nidifica no grito? – a pena é o castigo? a vela latina abre em agonia como hemorragia e o tempo lento, lento, lento desembrulha o vento ao contrário só há o imediato a terra, a água, o céu e um fogo queimando o pão e o futuro o que não há, juro são joelhos, seios, bocas o animal trigueiro mas existe o escuro mundo sem mundo mundo sem lua você sente que flutua como a náusea, o enjoo o breu cobre tudo a corda do violino a luz, o destino o amado a amada se fazem tão negros e espessos que se perdem um do outro e nas cidades nos cemitérios cai obtuso um fogo negro fogo impuro existe, sem fim, o escuro ele me sopra ele me molda ele me diz a palavra não existe é uma mentira pouco mais, pouco menos verdade infeliz dentro da pedra escuridão se cria espanto imóvel repele o vento que mal se arrasta em meu tormento em outro mundo haverá luz aqui entre nós vento ao contrário vela latina esquecimento
: queima um sol negro