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SOL NEGRO*
Esta noite não tem cura; no teu lar há luz, porém. Ante os portões, o sol negro ergueu-se em Jerusalém.
Mais atroz é o amarelo e, no templo iluminado, – nana, neném – minha mãe por judeus era velada.
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Sem a bem-aventurança nem sacerdotes sequer, hebreus cantavam, no claro templo, um réquiem à mulher.
A voz dos hebreus tinia sobre minha mãe e, imerso no fulgor do negro sol, eu despertei no meu berço.
Tradução de Nelson Ascher e Bóris Schnaiderman
* O sol negro surge no lendário de muitos povos. Os aztecas representavam-no levado nas costas pelo deus dos infernos.
No Dicionário de Símbolos de Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, ele é definido como “o absoluto maléfico e devorador, ligado à morte” [Nota dos tradutores].