Universitar

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UNIVERSITAR Julho/2013 nº1

O linguajar da UnB Com o passar dos anos os alunos reinventaram a sua maneira de se comunicar

Calouro

Saiba o que você deve e o que você não deve fazer

Guia

Fique por dentro de tudo o que acontece na universidade



CALOURO COTIDIANO

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Cinebeijoca faz viagem ao Goiás para veiculação de dois filmes

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CAPA

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OPINIÃO

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INFORMES

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Nove dicas para sobrevivência na UnB por quem entende disso: os velhos veteranos

Se liga, calouro!

O vocabulário peculiar e único dos estudantes da Universidade

A intimidade instantânea dos passageiros da linha 110

As belezas do Irã na BCE e outros eventos culturais

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Editorial

Carta do editor

O caminho almejado por aqueles que estudaram durante todo o ensino médio só é um: a ver seu nome numa lista de aprovação de alguma universidade. Nos meses seguintes, quem passou por tal situação experimenta a dormência de meses de felicidade. Essa felicidade dura somente até o início do semestre. No primeiro dia, o que fazer? De que adiantou estudar logaritmo neperiano, entender a mais-valia e como e com que velocidade um corpo cai se nem ao menos conseguir encontrar o Anf. 12, que fica próximo ao Ceubinho, para assistir sua aula de ICP? Amanda Ramos fará com que você ande com a UNIVERSITAR para cima e para baixo. Já pensou se te perguntam onde fica o Anf. 1? O que vai responder? Então, é melhor estar sempre com a revista em mãos e, vez ou outra, dar uma espiadinha. Assim como vocês, também somos calouros. E aproveitando essa linha, a repórter Jhésycka Vasconcelos aponta quais são os principais lugares da UnB e o que você pode fazer quando houver algum tempo livre. Uma das opções, por exemplo, é aproveitar o Cinebeijoca, matéria trazida por Eduardo Carvalho. Quais são os melhores conselhos para os calouros? O que são as entidades? Trabalhar agora ou viver um pouquinho mais por conta dos pais? A matéria da editoria Calouro conta com uns dos grandes dilemas existenciais pelos quais até muitos veteranos já passaram e passam constantemente: “comer ou não comer peixe no RU?”. São muitos conselhos, por isso, seria impossível abordar todos os conselhos em poucas páginas. A reportagem “Conselhos de veteranos” traz alguns que consideramos mais importantes; mas se por alguma razão, não gostar, tenha em mente pelo menos um: ao ver um 110, corra! Falando nisso, a crônica dessa publicação lhe dará mais detalhe sobre essa experiência única do 110. 4 Uni

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Eduardo Carvalho estudante do 3°semestre de Jornalismo. Ilustrar e Fotografar.

André Santos estudante do 4° semestre de Jornalismo. Revisar e Apurar.

Amanda Ramos estudante

do 3°semestre de Jornalismo. Fotografar e Escrever.

Lucas Ludgero estudante do 3° semestre de Jornalismo. Opinar e Criticar.

Jhésycka Vasconcelos

estudante do 6° semestre de Jornalismo. Apurar e Editar.


Cotidiano

Cinebeijoca vai à Pirenópolis As corriqueiras sessões das sextas à noite extrapolam as fronteiras do beijódromo, melhor dizendo, do Distrito Federal

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m junho, o CineBeijoca irá participar da programação do Primeiro Colóquio Internacional Rousseau, que acontece na cidade de Pirenópolis, no Goiás, apresentando dois filmes. No dia 4/6, terça-feira, às 13 hs, serão exibidos os seguintes filmes: Caindo no ridículo (Ridicule, França, 1996), de Patrice Leconte. O filme, que se passa nos tempos pré-revolucionários do final do século XVIII, conta a história do Barão Grégoire Ponceludon de Montevoy, jovem aristocrata de província, que vai a Versalhes em busca de apoio para seu projeto de sanear as terras pantanosas da região de Dombes, onde fica sua propriedade. Logo percebe que, independentemente do valor e do interesse de seu projeto, para fazê-lo avançar tem de entrar no perigoso e complexo jogo da corte de Luís XVI – jogo que, por trás da polidez e da courtoisie, esconde uma violência sutil, mas virulenta. No dia 5/6, quarta-feira, também às 13 hs, será a vez

Auditório onde costumam ser exibidas as sessões de sexta do cinebeijoca

FOTO: AMANDA RAMOS

de O Absolutismo – A ascensão de Luís XIV (La prise du pouvoir par Louis XIV, França, 1966), de Roberto Rossellini. Feito para a TV francesa, o filme começa com a morte de Mazarin, em 1661, e acompanha o processo de construção do reino pessoal de Luís XIV – em especial seu esforço de “domesticar” a corte como parte importante

da consolidação de poder e de sua autoridade. Ambos filmes tocam temas a Jean-Jacques Rousseau: a crítica da artificialidade das relações sociais, a corrupção típica da vida cortesã e seus efeitos na organização política e social. As sessões estão abertas para quem busca bons filmes em Pirenópolis. Uni

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Cultura Conhecido como beijódromo...

FOTO: EDUARDO CARVALHO

O Memorial Darcy Ribeiro foi inaugurado em dezembro de 2010 como homenagem e concretização de um sonho do fundador e primeiro reitor da UnB, de quem é inspirado o nome do espaço. O memorial, elaborado entre 1995 e 1996 com a ajuda de Darcy Ribeiro, prevê que o prédio principal fique próximo à Reitoria e à Biblioteca, prédios que compõem o que se chama de Complexo da Praça Maior, área que engloba os

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mais importantes edifícios da Universidade de Brasília, um caminho muito utilizado pelos estudantes. O prédio, de forma semelhante a uma versão futurista de uma oca indígena, possui uma biblioteca com acervo de mais de 30 mil exemplares, espaço para exposições; espelho d’água, salas de aula, climatizador natural, além de uma área de tamanho suficiente para descanso e apresentações


Trânsito

Campanha de trânsito na UnB Iniciativa quer sensibilizar comunidade sobre regras de convivência no trânsito. Estacionamento em locais irregulares é problema crônico no Campus Darcy Ribeiro

Estacionamento da ICC Norte em momento raro de organização.

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Prefeitura de todos os Campi e a Reitoria da Universidade de Brasília elaboram uma campanha educativa com o intuito de melhorar e aperfeiçoar a circulação de veículos e pedestres nas vias e nos estacionamentos da instituição. A ideia é sensibilizar frequentadores e membros da comunidade acadêmica quanto às regras para um trânsito mais seguro. As ações ainda

não tem calendário definido, mas vão começar pelo campus Darcy Ribeiro. “Faremos uma campanha ampla para evitar acidentes, carros parados em locais proibidos e outros excessos. Vamos buscar parceria com o Detran, porque são eles os grandes especialistas, estão habituados e podem colaborar com a gente”, explica a vice-reitora Sônia Báo. Entre os principais problemas de

FOTO: EDUARDO CARVALHO

trânsito identificados pelos gestores estão os carros estacionados em locais proibidos e o desrespeito à sinalização de trânsito.“Não podemos ter carros parados ao longo das pistas, em regiões que têm faixa de pedestre e parada de ônibus”, diz Sônia Báo. “Você vê um monte de carros ao lado dos meios-fios e vagas vazias no estacionamento do ICC”, completa a vice- reitora Sônia Báo. Uni

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Calouro

Conselhos de veterano Pouco tempo depois da matrícula, nós procuramos veteranos que aceitassem ser entrevistados sobre conselhos para os mais novos calouros. Conversamos com recém-veteranos, quintanistas choronas e alguns recém-formados. Eles tinham bastante pra dizer, e seria impossível reproduzir tudo aqui. Então, resolvemos selecionar o que parecia mais importante e o que era mais frequente e chegamos convenientemente a uma lista de 9 itens. Os conselhos são voltados para os calouros, mas não fazem mal a veterano algum. Porque, alguns sabem e como alguns de vocês irão perceber, existem veteranos que, de alguma maneira, ainda conseguem agir como se não soubessem de nadaAliás, tem algumas coisas bem que poderiam ter me falado antes…

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Não coma peixe no RU Esse é o tipo de coisa que ninguém deveria ter de te dizer, calouro. Mas, se você ainda não percebeu, alguns pratos da nossa filial de restaurante de presídio são mais que míticos. Cuidado também com a variedade de molhos “diarréticos”. Não queira descobrir o porquê da óbvia nomenclatura, acredite!

Envolva-se com as entidades São inúmeras entidades com as mais diversas atividades (tem até uma galera que faz jornal!) e talvez aqui não seja o melhor lugar para listá-las, mas basta perguntar para um veterano – é provável que ele ou ela vai aproveitar para te convencer que a entidade dele ou dela é a melhor escolha possível.

Não estagie por enquanto Isso nunca passou pela sua cabeça? Nunca tinha ouvido tal coisa antes? Várias vezes? Seus pais provavelmente discordam, certo? Que tal mostrar o jornal diário para eles? Sua geração ainda costuma aceitar o argumento de que “saiu no jornal” – tire bom uso desse fato e aproveite a oportunidade!

Aprenda outro idioma Você não achou que conseguir entender apenas aquilo que o Bono Vox falou no show do U2 era o bastante, achou calouro? A universidade pode e provavelmente irá oferecer muitas atividades nas quais uma segunda ou até mesmo uma terceira língua, não são necessárias, mas obrigatórias.

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“Não coma peixe no bandejão (os mais sensíveis vão querer evitar a carne moída também) e muito provavelmente todo o resto!” Lucy Reis, estudante de jornalismo

“O primeiro ano é exatamente aquele em que você tem que se envolver com as entidades, pra conhecer, saber qual sua área de interesse.” Chris Park, estudante de direito

“Se você não precisar da grana, esqueça! Provavelmente, o primeiro ano será o único em que você poderá se dedicar totalmente à faculdade.” Luciana Reis, estudante de sociais

“Eu recomendo que os calouros aproveitem o centro de idiomas e comecem a fazer alguma língua porque, com o tempo, eles vão perceber que falar inglês é a coisa mais comum.” Deby Nery, estudante de economia


“Meus arrependimentos? Putz, eu gostaria muito de ter ido a mais festas e aos Jogos… mas fui calouro e achei que não seria divertido… que bom que compensei depois!” Duda Alê estudante de agronomia

“Tentar manter rotina, leituras em casa, aprofundamento das matérias dadas em aula, melhor aproveitar o gás do vestibular e não parar de estudar completamente.” Adas Oliver, estudante de direito

“Os veteranos na UnB, via de regra, já passaram pelas mais diferentes carreiras, quer em estágios, quer em empregos de fato, e em sua maioria estão ávidos para falar suas opiniões.” Will Dávila, estudante de história

“Nos final de semana vá para a asa norte e faça a melhor matéria que a universidade oferece: Introdução à Sociologia do Boteco.” Ray Sousa, estudante de sociologia

“A UnB é uma nova etapa da vida. Ajam de acordo: assistam às aulas. Façam trabalho voluntário, discutam nos barzinhos, mas não se deixem virar meros transeuntes.” André Costa, estudante de filosofia

Vá às festas! Às vezes, ficamos muito tempo estudando que acabamos esquecendo da vida, dos amigos e das nossa família. Mas o pior mesmo é esquecer de nós. Então, saia mais com os amigos, assista alguns filmes e, se for do tipo mais festeiro / festeira, vá a festas vez ou outra para tentar se distrair do dia-a-dia.

Não abandone os estudos Pois é… O que você menos esperava, certo? Não esqueça de estudar, mesmo nas piores horas, mesmo depois dos piores porres. Estudar! Tenha rotinas de estudo. O pior que você poderia fazer é acumular matéria. Já estamos dizendo: jamais, reafirmamos categoricamente, jamais deixe isso acontecer!

Converse com os veteranos Existem coisas com as quais não é fácil de se lidar – professores e matérias problemáticas, dúvidas sobre a carreira – são umas ânsias mais frequentes pelas quais quase todos nós passamos. A solução? Converse com aqueles que já vivenciaram as mesmas situações, ou seja, seus queridos veteranos.

Frequente os barzinhos Na quinta-feira à tarde ou até mesmo numa segunda pela manhã, ande pelas quadras da 8 norte. É uma das melhores oportunidades de conhecer pessoas. Para quê? Dependendo do nível de carência e de álcool no sangue, são lugares para encontrar potenciais namoros ou ser encontrado.

Sua casa Pode parecer tão irritantemente lugar comum quanto a declaração de amor da última novela das 20h, mas vale a pena lembrar: você agora faz parte da história dessa universidade. Digo: você só vai fazer parte dessa história se assim realmente desejar. Não seja apenas mais um(a) nos corredores.

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Capa

O curioso mod Nos corredores da Universidade de Brasília, onde circulam mais de 39 mil pessoas diariamente, o vocábulo da rotina acadêmica é reinventado ao longo das décadas. Disciplinas, prédios e até mesmo comida servem de inspiração para as gírias. 10 Uni

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do

o

s batateiros, antigos plantadores de alface não são obrigados a passar pelo boteco durante a graduação – a matéria é optativa, mas ainda assim, disputada. Diferentemente do que acontece com dos habitantes do Monte Olimpo, eles se vestem de maneira casual, alguns a caráter, com bota e chapéu. Nos fins de semana, freqüentam as badaladas festas no sutiã de Madonna; e, mesmo em dias de aula, pro-

movem churrascos no curral. Sempre que podem, passam horas conversando no Udefinho. Se precisarem ir da Ala Sul para a Ala Norte, sonham com o lendário Transminhocão. Se você tem alguma ideia do que essas, outras e muitas outras frases significam, é porque faz parte de um seleto e diversificado grupo, dos estudantes de um lugar bem peculiar de Brasília da Universidade de Brasília (UnB). Com Uni

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um linguajar próprio eles dão uma cara própria para a instituição que completou 50 anos no ano de 2012. Disciplinas, cursos e espaços, praças ganham abreviações e apelidos curiosos. Os batateiros são os alunos de agronomia; o boteco, a sigla da matéria botânica econômica; o Monte Olimpo; o Monte Olimpo, o prédio da Faculdade de Direito; o sutiã de Madonna, o Centro Comunitário; e o Udefinho, o corredor entre as alas Sul e Central do prédio da instituição.

Na imagem abaixo o Centro Comunitário Athos Bulcão, as Tetas de Madonna

FOTO: AMANDA RAMOS

Na mesa Como essas, há centenas de outras invenções, umas mais populares, outras mais restritas aos departamentos em que surgiram. Transformar em piada detalhes conhecidos apenas pela comunidade acadêmica é costume antigo. Em 30 de outubro de

1982, o então coordenador em linguística da UnB, Augostinus Staub, publicou um artigo no Correio sobre os jargões disseminados nos corredores da UnB. As marcações foram colhidas durante aulas da disciplina introdução à lingüística, no primeiro semestre de 1981. A maioria refere-se aos espaços de uso comum, como faculdades e institutos, e aos próprios estudantes. Mais de 30 anos se passaram e, como Staub afirmou, os universitários não perderam o senso de humor, a ironia estudo e trabalho para 39.949 alunos e funcionários. Não apenas no Campus Darcy Ribeiro é feita a UnB, Planaltina, Gama e Ceilândia também abrigam cursos da universidade. Cursos que vão de Engenharia, como na FGA, no Gama, e cursos da área de saúde, como na FCE, em Ceilândia, outra satélite.

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José Júlio de Melo, 55 anos, é testemunha da revolução vocabular que viveu na sua universidade. O funcionárioPúblico estudou na instituição, cursou história no mesmo ano de publicação do artigo, 1982. Hoje, as filhas estudam desenho industrial e comunicação no mesmo campus que o acolheu. Apesar disso, não há consenso sobre certos aspectos da universidade. Ao lembrar do almoço no bandejão, elas demoram a entender que o pai fala do Restaurante Universitário (RU). “Eu almoçava lá umas duas vezes por semana, faltava carne por causa da crise, mas o jantar era maravilhoso”, conta.

pelado não perdeu o aspecto da década de 1980. A carne recebeu o nome por estar mal cortada. A refeição outro apelido, no decorrer dos anos: frango de trincheira – os alunos brincam que, para que a comida fique pronta, para cozinhá-lo, jogaram apenas uma granada na panela. O suco de sabor não identificável (SNI), referente ao Serviço Nacional de Informações da ditadura, que virou agora o suco de cores de amarelo e de

Como até hoje ninguém sabe o porquê de o prato Silveirinha ser chamado assim, existe uma lenda de que um antigo funcionário do restaurante, chamado Silveira, perdeu o dedo no moedor de carne. Dizia-se, então, que seria servida carne de Silveirinha. Todo início de semestre, os veteranos repetem as mentiras e peripécias que ouviram quando eram calouros. É quase um ritual e diferentemente do que acontece nos trores, a atitude é branda e comum entre os alunos da universidade.

Os mitos Melo ainda ressalta que Minhocão e Ceubinho eram termos muito comuns. “Hoje, são muito mais comuns essas palavras resumidas, até pela cultura da internet de abreviar tudo. Isso, então, repercute na oralidade. A universidade que é federal, pública tem essa pluralidade, esse respeito. E isso não é de hoje, foi sempre assim”, elogia. Para o servidor não só a linguagem é revolucionária, como a possibilidade de enxergar um mundo diferente do qual se está acostumado. Frequentar uma instituição que fosse federal resultaria em crescimento pessoal e profissional. A comida que é servida no Restaurante Universitário ainda hoje continua a render boas histórias. para os alunos O frango atroUni

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Alguns jargões novos TPM teoria política moderna. RU Restaurante Universitário. Udefinho corredor entre as alas Sul e Central do ICC Iesbinho novo Módulo de Apoio e Serviços Comunitánitários (MASC) Honestino Guimarães, em frente ao Minhocão. Tetas de Madonna/ tetas de vaca/ circo

apelido do Centro Comunitário, devido à cobertura em em lona branca e em formato pontudo.

Elefantinho banca no Ceubinho onde ficam as pastas com os textos dos professores. Corredor da morte corredor no subsolo do Minhocão onde ficavam os centros acadêmicos invadidos, como de antropologia.

Estrupinho/ Sequestrinho estacionamento ao la-

do da Faculdade de Direito. Em alguns outros aplicativos eletrônicos é possível visualizar o nome.

Arena Santander quadras próximas às agências bancárias na UnB, o banco Santander.

Beco diagonal Anfiteatro 14, onde os alunos escrever-

am, na parede, palavras referentes ao personagem da literatura e cinema Harry Potter.

Suco de vermelho ou de amarelo maneira como os alunos identificam a bebida servida no Restaurante Universitário, já que ela não tem sabor. C.U. disciplina comunicação e universidade, da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB) Demo de REL disciplina democracia do curso de relações internacionais.

Anal POL disciplina de análise política. Batateiro estudante de agronomia.

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Assim que se é mantida a tradição de enganar os ingressantes na universidade, conhecidos como calour novatos. O Anfiteatro 1 se transforma no Centro de Informações, onde é possível tirar dúvidas sobre a universidade e outras informação. O único problema é que nenhum dos dois locais existem de verdade, são frutos da imaginação criativa doa alunos. O Transminhocão é o ônibus fictício que percorre o subsolo do Instituto Central de Ciências (ICC) e leva os alunos de uma ala para outra do prédio. Enquanto as lendas ficaram mais fortes com os anos, o Ceubinho, que fica entre a ala Sul e ganhou novo significado e dois vizinhos, o Udefinho e o Iesbinho. De “ponto de encontro daqueles mais interessados na conversa que nos estudos”, o corredor entre as alas Central e Norte passou a ser o “lugar onde todo mundo passa”, em referência ao Centro Universitário de Brasília (UniCEUB). Outras faculdades como a particulares serviram de inspiração para as áreas de convivência do ICC, o Centro Universitário do Distrito Federal (UDF) e o Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb). Henrique Bittencourt, 20 anos, está no quarto semestre de agronomia e acredita que nem todos os jargões existem são unanimidade. “Fiz um semestre de história em 2010 e, lá, o pessoal falava mais em Ceubinho, até porque é perto. Depois que mudei pra agronomia, não ouço tanto


Charge

Vida de calouro

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Opinião

NÃO É UM CASO DE PROSOPAGNOSIA

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arada de ônibus. Ala Sul do ICC. Se você já esteve nesse lugar nos horários em que ele está em seus momentos mais fervilhantes, com certeza estava torcendo para ver ao longe, em tons de azul e verde, outras vezes alaranjado, tais dizeres em alternância: 110 – Rodoviária do Plano Piloto – UnB. Naqueles dias terrivelmente quentes então, é como estar num deserto e vislumbrar uma miragem na linha do horizonte. E diferente do que acontece no deserto propriamente dito, você não vai de encontro à miragem, ela vem em sua direção. Talvez o único problema nisso se deva ao fato de que não é só você quem torce para que a tal miragem esteja, o quanto antes, próxima. Muitas pessoas querem adentrar o oásis.

Isso se torna perceptível logo com a sua chegada. Pessoas se acotovelam, se empurram e se amontoam. Todas elas atônitas por um espaçozinho qualquer, não precisa muita coisa, apenas que lhe caiba. É bem verdade que nos últimos tempos essas mesmas pessoas adotaram um costume que parecia impensável às suas usuais atitudes: estão formando filas! Civilizadas e em fila indiana, elas agora só se preocupam em chegar à parada num momento em que o número de pessoas não esteja de assustar, o que é bem improvável que aconteça. Assim que todos se acomodam – ou se amontoam, que é o que parece caber melhor para descrever a cena – seguem rumo ao destino descrito lá em cima, no itinerário, que não para de se alternar naqueles tons já conhecidos. A impressão que é passada para quem está de fora é que essas pessoas estão enlatadas, quase como sardinhas mesmo. Mas um detalhe sutil, embora de fácil percepção para os bons observadores é a pluralidade de semblantes naqueles rostos imprensados nos vidros, nos ombros, nas costas e onde mais couber um pedacinho dessa única parte do corpo humano que ainda conseguimos ver. Quem vive essa experiência certamente conhece e reconhece muitas faces e nenhuma ao mesmo tempo. Conhece e reconhece por já ter partilhado tantas vezes aquele momento com as mesmas pessoas. Desconhecem ao mesmo tempo, não por sofrer de prosopagnosia - doença que te impede de reconhecer rostos já conhecidos – e sim porque nem ao menos o nome dessas pessoas elas sabem. No fim do trajeto, chegam ao mesmo lugar e vão para lugares diferentes. E isso vai se repetir. Ainda que a experiência não os agrade ela retorna no outro dia. Talvez com rostos diferentes, mas sempre com a mesma “cara”.

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Informe-se

Como se encontrar nessa cidade Em uma universidade com cerca de 40 mil estudantes e mais de 3 milhões de metros quadrados, dificilmente um calouro não se perde por aqui. E o campus Darcy Ribeiro, por ser o mais antigo da Universidade de Brasília, abriga a maioria dos cursos e órgãos administrativos da instituição. Confira o mapa com alguns dos prédios mais frequentados da UnB pelos quais certamente você vai passar.

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DIVIGULGAÇÃO/INTERNET

Instituto Central de Ciências (ICC), vulgo Minhocão

1 HUB - Hospital Universitário de Brasília 2 FM/FS - Faculdade de Medicina/ Faculdade de Ciências da Saúde

13 SG 4 - Departamento de Músca 14 SG 8 - Auditório de Música 15 SG 2 - Departamento de Música

3 IQ - Instituto de Química

16 FT - Faculdade de Tecnologia

4 IB - Instituto de Ciências Biológicas

17 Centro de Vivência

5 PMU I - Pavilhão Multiuso I

18 RU - Restaurante Universitário

6 PMU II - Pavilhão Multiuso II

19 ICC - Instituto Central de Ciências

7 FE - Faculdade de Educação

20 Reitoria

8 SG 9 - Laboratório de Engenharia Mecânica

21 BCE - Biblioteca Central

9 SG 11 - Laboratório de Engenharia Elétrica 10 SG 12 - Laboratório de Engenharia Civil

22 Posto Ecológico 23 Centro de Convivência Negra 24 PRC - Prefeitura do Campus 25 Posto Policial PMDF

11 Oficinas Especiais - Instituto de Artes

26 Colina (Blocos A,B,C,D,E,F,G,H,I e J)

12 SG 1 - Instituto de Artes

27 Casa do Estudante Universitário Uni

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Notas

Passo a passo Confira os eventos e informes mais importantes da UnB

Quartas Dramáticas O projeto Quartas Dramáticas é do Grupo de Estudos em Dramaturgia e Crítica Teatral do Instituto de Letras As apresentações são semanais e o tema deste semestre é “Revisitando o século XIX”. Em 29 de mail, às 19h, no ICC Sul, subsolo, CSS 009/49, Campus Darcy Ribeiro DIVULGAÇÃO/INTERNET

Cineclubida apresenta hoje Aconteceu naquela noite O cineclube do Instituto de Artes (IdA) dá continuidade à mostra Hollywood Era de Ouro, com o filme Aconteceu naquela noite, dirigido por Frank Capra, que ganhou em cinco categorias na premiação do Oscar de 1934. Em 28 de maio, às 19h, no Auditório do Departamento de Cênicas (SG1)

O Cinebeijoca apresenta Juventude desenfreada Dando sequência à mostra Cinemas Novos, o Cinebeijoca exibe o filme Juventude desenfreada (1960), de Nagisa Oshima. Em 31 de maio, às 19h, no Memorial Darcy Ribeiro (Beijódromo), Campus Darcy Ribeiro 20 Uni

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Festa da arquitetura Essa será a vigésima quarta edição de uma das festas de maior renome da Universidade de Brasília. A respeitável festa da arquitetura, organizada por estudantes do próprio curso, sempre apresentam novidades de cenário, música e entretenimento. Não dá pra perder essa! No dia 8 de julho, a partir das 22h, no Centro Comunitário

Trabalho doméstico Mesa-redonda com professores do Departamento de Sociologia da UnB e com Tatau Godinho, da Secretaria de Política para Mulheres do Paraná. Em 29 de maio, às 14h, no Auditório da reitoria da Universidade de Brasília, Campus Darcy Ribeiro


Tecnologias e identidades

FOTO: AMANDA RAMOS

Palestra com o professor Fernando Miranda, doutor em belas artes pela Universidade de Barcelona, Espanha, e professor no Departamento de Artes Visuais (VIS) da Universidade de Brasília. Do projeto Vislumbres, do VIS em parceria com o Centro Acadêmico de Artes Visuais (Cavis).Em 28 de maio, às 19h, na Sala Saltimbancos, Departamento de Artes Visuais, Instituto de Artes

Arte iraniana na BCE A mostra A Beleza da Cultura Iraniana está em exposição na UnB e foi concebida pela Embaixada do Irã em parceria com a Assessoria de Assuntos Internacionais da UnB. De segunda a sexta-feira, das 7h às 23h45 e sábados e domingos, das 8h às 17h45, na Sala de Exposição da Biblioteca Central. Até 10 de junho

História de Ceilândia O laboratório GENPOSS, de gênero, política e serviço social, da Universidade de Brasília, realiza debate sobre periferia e cidadania, com a exibição do filmes História da Ceilândia e Um lugar ao sol. E 28 de maio, às 19h30, na Escola Classe 66, Avenida Córrego das Corujas, Conjunto Habitacional Sol Nascente, Ceilândia FOTO: LUCAS LUDGERO

Exposição de arte eletrônica Mostra de trabalhos de estudantes orientados pelo professor Christus Nóbrega. Vernissage e visitação em dia único. Em 29 de maio, às18h, no Departamento de Artes Visuais – Ida/VIS, SG1, Universidade de Brasília, Campus Darcy Ribeiro

Ao pé do ouvido debate trote O Centro Acadêmico de Ciências Políticas (Capol) promove roda de conversa sobre trotes universitários. Em parceria com os centros acadêmicos de artes visuais (Cavis) e de economia (Caeco). Em 27 de maio, às 18h, no Auditório do IPOL/IREL, Campus Darcy Ribeiro Uni

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Debate

Por que ainda é um tabu?

Lucas Ludgero é estudante de Jornalismo e atualmente assina a editoria Opinião.

As cotas nas universidades completam 10 anos e as polêmicas continuam

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Quantas vezes não ouvi colegas de classe depolêmicos como as cotas para ne- sistirem devido à concorrência ou se sentirem gros e indígenas no ensino superior, desmotivados... A universidade pública tem muitas pessoas querem se esquivar certo misticismo e é utópica para esse público. e não se comprometer emitindo suas opinMuitos alegam que esse sistema subestiiões. Dependendo da posição assumida, ela ma a capacidade dos negros ou indígenas pode ter a sua imagem demonizada e os de competir em igualdade com o resto da seus apontamentos podem tomar dimen- população. Concordo em parte, mas se não sões que não condizem com a real opinião. tomarmos essas atitudes agora, até quanNo último dia 6 de junho completou-se do vamos ter que esperar para que o gov10 anos da aprovação do sistema de coerno dê a devida atenção à educação tas. E as divergências continuam. pública? Até lá, as universidades “É natural, viável Muitos acreditam que o govexcluirão essas minorias? erno só quer “tapar o buraco saudável e essencial essa As cotas sociais é e esconder a deficiência do outra proposta, onde os pluralidade de opiniões, afinal ensino público brasileiro”. critérios não são mais Outros são categóricos ao é isso que dá dinamismo a um questões raciais, mas de afirmar que o Estado tem renda da família. Através debate e faz com que uma dívida com essas minodesse meio, a polêmica rias, como negros e índios, que ele ganhe consistência” quanto ao assunto pode até por muitos anos, foram excluídos ser apaziguada, já que quando meio universitário. No fim, continua do falamos em racismo é que as o impasse entre as opiniões, mas a imple- pessoas ficam mesmo com um pé atrás. mentação foi efetivada em todas as univerApesar da implantação dessas medidas sidades brasileiras e ganhou ainda mais le- terem diversificado o ambiente acadêmico, gitimidade depois que o Supremo Tribunal acredito que só conseguiremos fazer com Federal (STF) a considerou constitucional. que todos possam ingressar na universidade É natural, saudável e essencial essa plurali- quando o governo entender que “tapar o sol dade de opiniões, afinal é isso que dá dina- com a peneira” não vai reduzir a importânmismo a um debate. Vivenciando a realidade cia do investimento necessário à educação. tanto das escolas públicas, como da univerE mesmo que as opiniões contrárias persidade pública em seguida, acredito que o sistam, não devemos deixar que o que já sistema seja algo muito imediatista, mas alcançamos até aqui se perca. Essa dívida necessário, afinal não podemos mais esperar. com a população negra não é algo inventado.

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empre que vêm à tona temas

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