www.revista100porcentocaipira.com.br Brasil, setembro de 2013 - Ano 1 - Nº 3 - R$ 9,90
Produção cresce nos canaviais A produtividade média da cana-de-açúcar na safra atual deve subir 6,8%, revela avaliação da Conab
BIOTECNOLOGIA
Soja transgênica já cobre 92% das lavouras do País
HORTICULTURA
Novas alfaces geram mais renda para agricultores REVISTA 100% CAIPIRA -
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Soja transgênica domina as lavouras do Brasil
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Novas variedades de alface desfolham mais fácil
Leia também Técnicas da Embrapa são usadas em museu - Pág. 08 Boas práticas aumentam potencial produtivo - Pág. 09 Deere quer comprar fábrica de plantadeira - Pág. 13 Novas oportunidades para o setor lácteo - Pág. 17
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Brasil exportará melão e melancia para o Chile
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O que encarece o frete rodoviário? - Pág. 18 Tecnologias para um pecuária sustentável - Pág. 22 Walmart expande vendas de mel do Piauí - Pág. 36 Benefícios da cebola - Pág. 38 Psicultura ganha destaque no agronegócio - Pág. 40 Receita de escondidinho de carne seca - Pág. 46 O gado e o meio ambiente - Pág. 48
Cerveja nacional terá mais ingredientes
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Camarão aumenta renda no campo
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Custo da pecuária sobe no 1º semestre
EXPEDIENTE - Revista 100% CAIPIRA®
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Produtividade em ascensão nos canaviais
Publicidade: Agência Banana Fotografias: Eduardo Reis, Sérgio Reis, Paulo Fernando, iStockphoto e Shutterstock Departamento comercial Rua Silvio Rodini, 216 – Parada Inglesa – São Paulo - SP - Tel.: (11) 2973-1360 Impressão e acabamento: Gráfica Bandeirantes A revista 100% Caipira é uma marca registrada com direitos exclusivos de quem a publica e seu registro encontra-se na revista do INPI Nº 2.212, de 28 de maio de 2013, inscrita com o processo nº 905744322 e pode ser consultado no site: http://formulario.inpi.gov.br/MarcaPatente/jsp/servimg/validamagic.jsp?BasePesquisa=Marcas. Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião desta revista, sendo eles, portanto, de inteira responsabilidade de quem os subscrevem.
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BIOTECNOLOGIA
Soja transgênica chega a 92% das lavouras do País Com essa marca, Brasil deve atingir índices semelhantes aos dos EUA e Argentina no cultivo da planta geneticamente modificada As lavouras de soja transgênica devem cobrir 26,9 milhões de hectares na safra 2013-2014 (expansão de 8,9% sobre levantamento de abril de 2013), o equivalente a 92,4% da estimativa de área plantada para a oleaginosa no Brasil. Com essa marca, apontada por levantamento da consultoria Céleres, o cultivo de soja transgênica no País deve atingir níveis semelhantes aos da Argentina e dos Estados Unidos, onde a tecnologia está há mais tempo estabelecida. A adoção do milho geneticamente modificado (GM) também deve crescer. Estima-se que a área total ocupada pelo cultivo seja de 12,9 milhões de hectares. Isso significa, considerando as safras de inverno e verão, uma taxa de adoção de 81,4%. Em relação a 2008-09, o primeiro ano em que a biotecnologia foi adotada para o milho, o aumento foi de 11,7 milhões de hectares. O algodão GM também registrou crescimento de 4,8% na área plantada. Para a diretora executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Adriana Brondani, o levantamento revela a confiança dos agricultores brasileiros na biotecnologia. “Em virtude de um sistema regulatório estável e comprometido com o rigor técnico, o produtor do Brasil tem à sua disposição cada vez mais variedades transgênicas adaptadas às diferentes realidades do País”, diz. Segundo avaliação do diretor da Céleres, Anderson Galvão, a expansão de cultivos GM no Brasil também é motivada por fatores econômicos. “O agricultor sempre busca opções para reduzir despesas e a biotecnologia é uma ferramenta para aumen- 6 - REVISTA 100% CAIPIRA
tar a produtividade e facilitar o manejo”, afirma. De acordo com o relatório, a área total cultivada com variedades transgênicas deverá totalizar 40,3 milhões de hectares na safra que começa a ser plantada em outubro (crescimento de 7,3% frente ao plantio do ano anterior). Essa é a maior adoção desde o início dos cultivos GM no Brasil. Adoção por cultura O levantamento também destaca forte expansão (de 45%) na adoção de tratamentos combinados (resistência a insetos e tolerância a herbicidas) já disponíveis para soja, milho e algodão. A área de plantio total estimada é de 8,2 milhões de hectares, ou 20,4% da área total dos cultivos GM no Brasil. A adoção da biotecnologia por região mostra crescimento expressivo das regiões que compreendem o oeste da Bahia, sul do Maranhão e Piauí e norte do Tocantins. Entretanto, o Mato Grosso continua liderando o ranking por estado, com um total de 10,7 milhões de hectares de variedades GM e expansão de 9,2% frente a safra passada. Seguem-se Paraná (7,2 milhões de hectares e alta de 5,6%) e Rio Grande do Sul (5,6 milhões de hectares e crescimento de 2,0%).
COMÉRCIO EXTERIOR
Brasil vai exportar frutas hídricas para o Chile País andino reconhece estados brasileiros do Rio Grande do Norte e Ceará como áreas livres de pragas O Rio Grande do Norte e o Ceará passarão a exportar melão e melancia para o Chile ainda este ano. Recentemente, missão técnica composta por três representantes do Ministério da Agricultura daquele país esteve na região que engloba os dois estados e constatou a eficiência dos trabalhos realizados pelo Ministério da Agricultura do Brasil na manutenção do status fitossanitário de ausência da praga Anastrepha grandis (mosca-do-melão). A decisão chilena foi publicada no diário oficial do país andino em 28 de agosto, por meio da Resolução 4857/13. Alguns países importadores, como a Argentina, o Uruguai, os Estados Unidos e o Chile, impõem restrições fitossanitárias com relação à importação de frutas. O projeto de monitoramento da Anastrepha
grandis no Brasil teve inicio em 1985 e permitiu a abertura de vários mercados. Atualmente, o País exporta melancia para Alemanha, Argentina, Dinamarca, Espanha, Irlanda, Itália, Países Baixos, Paraguai, Reino Unido, Rússia e Uruguai. Já os melões são vendidos para Alemanha, Arábia Saudita, Bélgica, Canadá, Cingapura, Dinamarca, Emirados Árabes, Espanha, Estados Unidos, França, Guiana Francesa, Hong Kong, Irlanda, Itália, Malásia, Noruega, Países Baixos, Reino Unido, Rússia, Suécia e Uruguai. Em 2012, foram produzidos no Brasil cerca de 43 milhões de toneladas de frutas tropicais, subtropicais e de clima temperado. Só o mercado de melão e melancia movimentou, cerca de US$ 151 milhões, sendo o Rio Grande do Norte e o Ceará, os maiores exportadores. Em julho deste ano, uma missão chilena visitou os estados do Rio Grande do Norte e Ceará para conhecer e avaliar os aspectos fitossanitários na área livre de mosca-do-melão. Com o reconhecimento, os estados passarão a exportar para o Chile assim que concluído os tramites burocráticos entre os países. REVISTA 100% CAIPIRA - 7 -
CIÊNCIAS NATURAIS
Técnicas da Embrapa são usadas para expor gorila Couro do animal será aplicado em manequim de poliuretano Uma técnica utilizada para a produção comercial de couro, principalmente de bovinos, foi aproveitada pelo Museu de Ciências Naturais PUC Minas, em Belo Horizonte. A parceria inusitada aproximou a pesquisa desenvolvida na Embrapa Pecuária Sudeste e as atividades de preservação de animais silvestres e divulgação da ciência. Em agosto, essas trajetórias distintas foram unidas por um episódio curioso: o museu precisava “preparar” um animal para exposição. O gorila Idi Amin morreu em março do ano passado no zoo de Belo Horizonte, onde vivia há 37 anos. Seu corpo foi doado ao museu da PUC. Uma das principais atrações do parque, era o único gorila em cativeiro na América do Sul, além de pertencer a uma espécie em extinção. A equipe do museu passou a buscar uma técnica mais elaborada de taxidermia (montagem de animais para exibição ou estudo), para que Idi Amin fosse exposto ao público com a melhor qualidade possível. De acordo com o biólogo Leandro de Oliveira Marques, o grupo já pensava em substituir a técnica tradicional por algo mais avançado. “Quando recebemos o Idi Amin, um ícone na cidade, vimos a oportunidade de inovar”, explica. A principal etapa da preparação - 8 - REVISTA 100% CAIPIRA
de um animal para exposição é o curtimento da pele, para que se transforme em couro. Por isso, os taxidermistas do museu fizeram uma pesquisa para encontrar uma técnica que deixasse a pele macia, durável e maleável para se adaptar ao manequim. Foi quando souberam dos trabalhos com couro do pesquisador Manuel Antônio Chagas Jacinto, da Embrapa Pecuária Sudeste. A técnica antiga, baseada no curtimento com compostos à base de alumínio, deixava o couro quebradiço . O treinamento foi ministrado na Embrapa, durante três dias, no início de agosto. O museu de BH aproveitou e trouxe a pele de Idi Amin, que já passou pelo curtimento. Agora, de volta à capital, Leandro trabalha na redução da espessura do couro, para iniciar a montagem no manequim. Tarefa que levará vários dias, uma vez que o gorila possuía 1,80 m de altura e pesava mais de 200 quilos. Em seguida, o couro será aplicado em um manequim de poliuretano, como uma roupa a ser vestida. Começa então a etapa de acertar todos os detalhes, como preencher os lábios, as orelhas, o focinho, entre outras partes que darão “vida” novamente a Idi Amin. O trabalho continua com a produção de cenário e iluminação. Para o biólogo, o en-
contro com a Embrapa foi uma grata surpresa. “Desconhecemos qualquer grupo de taxidermia no Brasil que utilize essa técnica inovadora. Para nós, tudo o que aprendemos foi 100% novo”, afirma. Os conhecimentos adquiridos devem contribuir para que o País avance nessa área, em que os Estados Unidos são referência. O Museu de Ciências Naturais está fechado devido a um incêndio ocorrido no início do ano. A reabertura, prevista para os próximos meses, terá como principal atração a exibição de Idi Amin. O gorila será exposto num cenário tridimensional, reproduzindo as savanas africanas de onde ele veio. A parceria mostra a importância de combinar diferentes conhecimentos em benefício da ciência e da preservação da história natural.
PESQUISA
Boas práticas aumentam potencial produtivo Mandioquinha é exemplo de hortaliça ainda com produtividade baixa Ela é classificada como hortaliça-raiz e apresenta uma grande diversidade com relação ao nome: mandioquinha-salsa, batata-baroa, batata-salsa e outros mais regionais, como cenoura-amarela, batata-aipo, batata-suíça, batatajujuba e batata-tupinambá. O pesquisador Nuno Madeira, da Embrapa Hortaliças, trabalha com pesquisa e desenvolvimento dessa cultura e, para isso, avalia os caminhos percorridos e desenha um possível cenário futuro. De acordo com ele, o cultivo da mandioquinha-salsa no Brasil (cerca de 20 mil hectares) é basicamente restrito a uma única variedade, a Amarela de Senador Amaral, lançada pela Embrapa Hortaliças, em 1998, e rapidamente difundida em Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Espírito Santo, regiões com maior produção no País. No passado, a mandioquinhasalsa era cultivada exclusivamente por agricultores de base familiar, mas esse panorama vem exibindo algumas mudanças. “Nos últimos anos, tem evoluído o plantio em média e em larga escala nos principais Estados produtores: Paraná e Minas Gerais”, anota Madeira, acrescentando que esse crescimento não foi acompanhado pelo
aumento no potencial produtivo da hortaliça, em torno de 50 toneladas por hectare. “A média de produtividade da cultivar no Brasil oscila entre 10 a 12 toneladas por hectare, muito abaixo do seu potencial”, observa o pesquisador, que atribui o fraco des emp en ho à não adoção de boas práticas agrícolas, a começar pelo descuido com os princípios básicos de propagação, o que vem acarretando problemas fitossanitários crescentes. Também vem prosperando algumas iniciativas que mereceram destaque na visão do pesquisador, que aponta como exemplo exitoso a implantação de campos de mudas no sul de Minas Gerais e no Paraná, desde 2011. A experiência envolve o plantio de mandioquinha-salsa visando à produção de mudas, com manejo específico para tal, priorizando a qualidade genética, fitossanitária e fisiológica do material de propagação.
Futuro - Clones promissores estão em fase de avaliação, representando alternativa interessante para os produtores, visto que é arriscado ter todo o cultivo baseado em uma só variedade, a cultivar Amarela de Senador Amaral.
Coordenado por Nuno Madeira, espera-se lançar pelo menos duas variedades até 2015, materiais destacados por sua qualidade e adaptabilidade às condições climáticas das principais regiões produtoras. Outro ponto importante é a difusão do Sistema de Plantio Direto em Hortaliças, como alternativa ao sistema convencional, e que vem apresentando bons resultados junto aos produtores de Angelina, município maior produtor de Santa Catarina. REVISTA 100% CAIPIRA - 9 -
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ECONOMIA
Custo total da pecuária de corte sobe 4,52% Alta no 1º semestre supera variação registrada em 2012, aponta estudo da CNA/Cepea A alta dos preços dos animais de reposição, da suplementação mineral, da mão de obra e de outros itens elevou os custos da pecuária de corte em 4,52% no acumulado do primeiro semestre de 2013, superando as variações registradas em todo o ano passado. Apesar de o período entre janeiro e junhode 2013 ter sido de redução da oferta de animais para reposição e abate, fenômeno que elevou o preço da arroba, a receita da atividade pecuária não cresceu de forma suficiente para compensar os custos de produção. A análise está na mais recente edição do boletim “Ativos da Pecuária de Corte”, elaborado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP). O estudo tem como base os mercados de dez estados: Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia, São Paulo e Tocantins. O levantamento da CNA/Cepea mostra que, na média do Brasil, o Custo Operacional Efetivo (COE) subiu 4,50% e o Custo Operacional Total (COT), 4,52%, no primeiro semestre de 2013. Entre janeiro e junho de 2012, esses custos haviam subido 2,28% e 2,94%, respectivamente. No acumulado de2012, a variação positiva do COE foi de 2,85% e do COT, de 4,36%. Os preços do boi gordo subiram 2,81% no período acumulado até junho deste ano, segundo o Indicador Esalq/BM&FBovespa, referência para as negociações envolvendo animais vivos. De acordo
com o boletim, apesar de a variação da receita ser inferior ao aumento dos custos, a situação da pecuária é mais favorável em 2013 do que a verificada em 2012, quando a cotação do boi gordo acumulava queda de 8,8%. Com base neste cenário, os pecuaristas têm calculado o número de animais que serão confinados até o final do período de entressafra, quando o tempo frio compromete a qualidade das pastagens, obrigando os pecuaristas a buscarem outro sistema de engorda para seus rebanhos. Para a CNA/Cepea, o momento é de cautela, porque, além dos fatores macroeconômicos que têm se mostrado mais preocupantes, há também dúvidas sobre os preços dos insumos, que podem ter alta significativa em função do dólar.
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HORTICULTURA
Alface que desfolha mais fácil chega ao mercado Projeto global visa ampliar consumo de hortaliças que desmembram as folhas em um único corte e têm maior prazo de validade A Nunhems, unidade de sementes vegetais da Bayer CropScience, lançou no mercado brasileiro a linha de alface MultiLeafs, projeto global da companhia para hortaliças minimamente processadas, composta das variedades MultiBlond 3, MultiGreen 3 e RedFlash. O destaque deste produto está em oferecer fácil desmembramento, no qual as folhas são separadas em um único corte, além de oferecer aspecto visual atrativo e sabores diferenciados. A alface é uma das hortaliças mais consumidas no Brasil, com aquisição domiciliar per capita anual de aproximadamente 1,006 kg e área ocupada para cultivo de 90,7 mil hectares, segundo dados da Embrapa. As variedades cres-
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pa, lisa e americana representam mais de 85% da produção nacional, especialmente por serem as mais consumidas. De acordo com Viniciuis Bueno, gerente de vendas da Nunhems, além das características visuais, do aproveitamento pós-colheita e a facilidade no manuseio, o produto oferece diferenciais ao agricultor devido à possibilidade de maior valorização do metro quadrado da área cultivada, pois a linha Multileafs é recomendada para plantio em espaçamento mais adensado (20x20 ou 15x15), o que aumenta em até 50% o número de pés da verdura por hectare, maximizando assim a mão de obra e consequentemente a rentabilidade do produtor. Vinicius enfatiza ainda que as novas variedades podem ser cultivadas em hidroponia, campo aberto ou em túnel. Para o consumidor, os grandes atrativos estão nos sabores diferenciados e no melhor aproveitamento da hortali-
ça, já que ela tem maior durabilidade nas gôndolas ou na geladeira do que as alfaces convencionais. Outro pronto destacado pelo gerente de vendas da Nunhems, é que um dos grandes desafios enfrentados pelo produtor de alface é o controle de algumas das principais doenças da cultura, especialmente o míldio, causada por um fungo, que pode atacar em todas as fases de desenvolvimento da planta e causar a destruição completa do pé. Vinicius esclarece que a linha Multileaf é composta por semestes híbridas, melhoradas geneticamente, de forma a propiciar a resistência genética a quase todas as raças deste fungo, e que este genotipo diferenciado garante, ainda, melhor manejo sanitário e menor custo de produção. “Ainda assim, é preciso ficar atento às outras doenças que causam danos econômicos no cultivo da hortaliça, como os vírus Mosaico e Vira-Cabeça, os fungos Podridão de Esclerotinia, Queima da Saia, Septoriose e Cercosporiose, além das bactérias Mancha Bacteriana e Podridão Mole”. Alfaces Multileafs - A Multi-
NEGÓCIO
Deere pretende comprar fabricante de plantadeira Blond 3 é uma mini alface Crespa Lollo Bionda, de coloração verde clara e resistência ao míldio das raças 1 a 27, uma das principais doenças da cultura. Na fase adulta, produz cerca de 30 folhas totalmente repicadas, o que permite seu total desfolhamento com apenas um corte. É de fácil higienização e aceita muito bem a colheita mecanizada. Seu sabor é muito suave e suas folhas, crocantes. Na mesma linha de processoamento, a MultiGreen 3 também é de prático desfolhamento e higienização. É uma mini alface de cor verde escura no formato Oak Leaf que, na fase adulta, produz cerca de 22 folhas completamente repicadas e sabor mais doce e suave. Além de ser um material precoce, esta variedade também tem resistência ao míldio das raças 1 a 26. Já a RedFlash tem como diferencial sua cor extremamente roxa, de brilho intenso. Apesar de ser uma alface baby, forma 12 folhas em sua fase adulta, com textura grossa e crocante e sabor suave, aumentando ainda mais seu prazo de validade nas prateleiras. Assim como as outras vairedades da linha Multleafs, a RedFlash tem resistência ao míldio das raças 1 a 27.
A John Deere anunciou em 4 de setembro que entrou em acordo para comprar ativos da Bauer Built Manufacturing Inc., sediada em Paton, Iowa, nos Estados Unidos. A Bauer já tem fabricado plantadeiras de marca compartilhada com a Deere desde 2002. “A compra da Bauer irá permitir que a Deere amplie seu portfólio de produtos agrícolas para seus clientes em todo o mundo”, diz Aaron Wetzel, vice-presidente da plataforma Crop Care da Divisão Agrícola da Deere. “A empresa pretende acelerar o crescimento do seu negócio de plantadeiras de forma global”, diz Wetzel. “Esse objetivo está alinhado
com a estratégia da companhia para compreender plenamente as necessidades dos seus clientes e entregar produtos e serviços que aumentem sua produtividade”, acrescenta o executivo. A Deere afirmou que os ativos que ela pretende adquirir incluem projetos, propriedade intelectual, inventário e equipamentos, além da fábrica localizada em Paton. A Bauer emprega aproximadamente 150 pessoas e fabrica plantadeiras DB-Series de 44 a 120 pés. Segundo e empresa, o acordo e a conclusão do negócio estão sujeitos aos termos do acordo, que deve ser concluído durante o quarto trimestre do seu ano fiscal de 2013.
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CIÊNCIA AGRÍCOLA
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LATICÍNIOS
Novas oportunidades para o setor lácteo brasileiro Subcomissão do leite elege publicção do novo RIISPOA e assistência técnica para produtores de leite como prioridades Aumento da demanda interna e redução da oferta mundial. As características atuais do mercado de lácteos representam uma oportunidade de aumentar a competitividade do setor lácteo brasileiro, a partir de investimentos em capacitação, tecnologia e na melhoria da qualidade do produto. “É preciso aproveitar esse período para ampliar a produção nacional, garantindo o abastecimento interno e a participação do Brasil no mercado externo”, avaliou o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Alvim. Durante reunião da Subcomissão do Leite (Subleite) da Comissão da Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPDR) da Câmara dos Deputados, ele considerou importante incentivar a gestão das propriedades rurais e lembrou que o Sistema CNA/Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) tem incentivado o setor por meio de ações previstas no Programa Nacional do Leite. “O aumento da produção tem que acontecer de forma competitiva, uma das diretrizes do programa”, afirmou Ações para viabilizar o aumento da competitividade do setor leiteiro foram discutidas pelo grupo, que reúne representantes da iniciativa privada, governo e parlamentares. Para o grupo, uma das prioridades é revisar os marcos regulatórios do setor lácteo, em especial o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA). Estabelecido por um decreto publicado em 1952, o RIISPOA está desatualizado, dificultando a modernização da indústria de lácteos. De acordo com Alvim, os principais exportado-
res de lácteos não conseguem abastecer o mercado externo neste momento. Eles enfrentaram problemas climáticos nos últimos meses – caso da Nova Zelândia e da Argentina – ou reduziram a produção em função da falta de estímulo, caso do Uruguai. Na Argentina, a produção caiu 10% no primeiro semestre deste ano, na comparação com igual período de 2012. As condições climáticas não têm favorecido a União Europeia e os Estados Unidos. A previsão é que a produção nesses dois fornecedores cresça apenas 1% em 2013. No Brasil, a situação não é diferente. “Os custos da pecuária leiteira subiram 27,37% em 2012, enquanto os preços pagos aos produtores aumentaram 4,32% no período. A elevação dos gastos desestimulou a produção”, afirmou Alvim. Como reflexo da relação entre custos e preços, a produção inspecionada de leite cresceu 2,5% em 2012, abaixo da taxa média dos últimos anos, de 4,4%. O reflexo do quadro de desabastecimento é a elevação dos preços do leite em pó no mercado externo. Em agosto de 2012, a tonelada era vendida por até US$ 3.000, cotação que chegou a US$ 5.021 no início de de agosto de 2013.
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INFRAESTRUTURA
Quais fatores afetam o frete rodoviário? Distância percorrida, qualidade da via e oferta multimodal impactam custo logístico; lei do motorista e filas nos portos também elevam valor final Distância, qualidade da via, origem e destino da viagem, tipo de carga e existência de alternativa multimodal. Esses são fatores que influenciam diretamente no valor do frete rodoviário, para transporte das commodities agrícolas nacionais. A partir da análise de quatro corredores de transporte do país, de grande importância econômica, o Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (ESALQ-LOG), da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ) estabeleceu um modelo econométrico para o transporte de açúcar, soja, farelo de soja e milho, que permite identificar as variáveis que mais afetam os custos logísticos. O estudo verificou também o impacto causado pela legislação e pela presença de alternativas modais no valor final do frete. Para a execução da pesquisa, foram consideradas 500 rotas rodoviárias distribuídas nos principais corredores de transporte do Brasil. “Verificamos que a distância, pedágio e destino portuário impactam positivamente nos preços de fretes. Enquanto a qualidade da via e a existência da alternativa ferroviária causam reduções nos preços de fretes”, comenta o engenheiro agrônomo Thiago Guilherme Péra, pesquisador do ESALQ-LOG. Qualidade da via – A partir do banco de dados do Sistema de Informações de Fretes (Sifreca), do próprio ESALQ-LOG, foi levantada uma série histórica que contemplou os indicadores de preços de fretes entre janeiro de 2011 e dezembro de 2012. Para o estudo da qualidade da via, foi elaborado um indicador de cada rota, que classifica em “rodovia boa” e “não boa”. Em princípio, foi realizado o mape- 18 - REVISTA 100% CAIPIRA
amento das rodovias de cada rota do projeto, considerando a extensão dos trechos percorridos. “Assim geramos um ponderador de qualidade da via pela distância percorrida nestes novos trajetos”, conta Péra. Na sequência, os pesquisadores determinaram a classificação das rodovias via Confederação Nacional do Transporte (CNT). “A CNT classifica a rodovia em quatro grupos: geometria da via, qualidade do pavimento, sinalização e geral”, lembra o pesquisador. Cada grupo recebe as seguintes classificações: ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo. Tais informações são disponibilizadas em relatórios anuais denominados “Pesquisas de Rodovias”. Finalmente, foi gerado um indicador de qualidade da via para ser utilizado na etapa da modelagem econométrica e cada rota recebeu, assim, as determinações de “boa” e “não boa”. “A rota classificada como boa deve possuir a especificação de que no mínimo 50% de todo seu trajeto é percorrido por rodovias classificadas como boas e ótimas pelo relatório de “Pesquisas de Rodovias” da CNT”, explica. Fatores – O estudo aponta que produtos que utilizam o mesmo conjunto de equipamentos (bitrem graneleiro, por exemplo) e as mesmas rodovias, possuem precificações de fretes distintas. Levar açúcar até o porto de Santos (SP) ou ao de Paranaguá (PR) de caminhão, custa mais do que levar soja e milho, respectivamente. Além disso, o transporte de carga em rodovias classificadas em “boas” apresenta redução nos preços de fretes rodoviários, quando comparadas as rodovias “não boas”. “A qualidade da via implica menores perdas de produto ao longo da viagem, redução do tempo e
diminuição da depreciação do veículo e do consumo de combustível. Desta forma, uma boa qualidade da via diminui o valor do frete por reduzir os custos operacionais de transporte”, reforça o pesquisador. Exportação, lei e ferrovia – As filas de caminhões causadas pela espera para descarregar no Porto de Santos também impactam no valor do frete. “Os preços nas rotas com destino aos portos são impactados positivamente quando comparadas com os destinos de mercado doméstico”, diz. A alternativa ferroviária representou, no modelo do ESALQ-LOG, resultados negativos para compor o preço do frete. “Quando há a existência da alternativa ferroviária na região de origem da rota de cada carga avaliada, o valor do frete rodoviário é menor”. No que se refere à Lei 12.619, de abril de 2012, que dispõe sobre o exercício da profissão de motorista, o
efeito é imediato, uma vez que verificou-se aumento dos valores dos fretes rodoviários a partir do segundo semestre de 2012, com encarecimento dos valores na ordem de 10%. “Esse estudo fornece subsídios para a tomada de decisão do setor público, podendo refletir em investimentos de infraestrutura e proposição de políticas públicas que visem reduzir custos logísticos, particularmente do setor agroindustrial, visto que é um setor altamente impactado pela logística”, finaliza Péra. O estudo foi realizado em parceria com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Na ESALQ, participaram do trabalho Thiago Guilherme Péra, Priscilla Biancarelli Nunes, José Vicente Caixeta Filho (diretor da ESALQ), além Daniela Bacchi Bartholomeu, pesquisadora do ESALQ-LOG, e Augusto Hauber Gameiro, professor da USP no campus de Pirassununga. REVISTA 100% CAIPIRA - 19 -
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ARTIGO
Tecnologias para uma pecuária sustentável
Por Luis Fernando Tamassia* A pecuária é uma das atividades de produção mais importantes no país, especialmente na produção de carne bovina e leite, além da produção de ovos, carne de frango e de suínos. O setor agropecuário representa cerca de 25% do PIB Brasileiro e a cada 3 empregos formais, 1 está ligado ao agronegócio, direta ou indiretamente. O Brasil tem o maior rebanho comercial do mundo, com aproximadamente 200 milhões de cabeças bovinas. Somente 4 milhões são terminados em confinamento. O restante do sistema de pro- 22 - REVISTA 100% CAIPIRA
dução de carne bovina tem como base as pastagens (aproximadamente 200 milhões de hectares). Este cenário nos mostra que temos muito a evoluir na produtividade pecuária, tanto de corte como de leite. Estima-se que cerca de 60 milhões de hectares estejam degradados ou em processo de degradação, contribuindo para o baixo índice de produtividade médio do Brasil. A produção pecuária bovina, além de outras fontes, está diretamente ligada ao tema do aquecimento global pela produção de metano, CO2 e óxido nitroso. A fermentação dos alimentos no rúmen dos bovinos, que é um pro-
cesso natural, produz estes gases. Desta forma os temas relacionados à melhoria e eficiência na produção pecuária são de extrema importância na questão de produção sustentável, pois a pecuária eficiente com alta tecnologia promove produção de alimento com o menor impacto ambiental possível. Segundo o Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC, 2007), principal órgão internacional para a avaliação das mudanças climáticas, a concentração de dióxido de carbono sofreu aumento a partir da revolução industrial de 280 ppm para 400 ppm em 2013, ultrapassando as taxas na-
turais dos últimos 650 anos. Este aumento foi provocado pela utilização de petróleo, gás, carvão e pela destruição das florestas para o cultivo agrícola, necessário para alimentar uma população que hoje ultrapassa os 7 bilhões de pessoas e chegará a 9 bilhões nos próximos 40 anos (FAO, 2009). Neste contexto, algumas ferramentas podem ser utilizadas para contribuir com a produtividade pecuária de forma sustentável, e proporcionando a mitigação de metano e outros compostos que contribuem com o aquecimento global. As técnicas de manejo e produção de pastagens, melhoramento genético, alimentação, sanidade, nutrição e suplementação mineral estratégica, integração lavoura-pecuária-floresta e manejo de dejetos não só melhoram a produtividade promovendo qualidade, como também mudam a visão implantada de que a pecuária é uma das grandes vilãs do aquecimento global contribuindo para a mitigação de gases de efeito estufa através do sequestro biológico de carbono. De acordo com o relatório da Food and Agricultural Organization (FAO, 2006), as pastagens (nativas ou cultivadas) representam a segunda maior fonte potencial de sequestro de carbono com capacidade de drenar 1,7 bilhão de toneladas por ano, ficando atrás apenas das florestas (2 bilhões de ton de Carbono por ano). A DSM, através de sua posição inovadora, traz soluções para melhorar a eficiência na produção animal colaborando com menor impacto ambiental. Prestação de serviços aos clientes, produtos de alta tecnologia e ingredientes tec-
nológicos que influenciam diretamente na produção de metano são diferenciais da DSM. O Clean Cow é um produto que em breve estará disponível no mercado e que atua diretamente diminuindo a produção de metano no rúmen dos bovinos. Na produção de carne e leite, é esperado um benefício de cerca de 30 a 40% de redução na geração de metano com o uso desta tecnologia. A combinação com o uso da tecnologia dos minerais orgânicos da Tortuga (Carbo-aminofosfo-quelatos) também é uma ferramenta poderosa para contribuir com a maior e melhor produção animal, mitigando ainda mais a produção de gases de
efeito estufa. Isto se dá pela melhor fermentação ruminal, que proporciona melhor digestão e aproveitamento dos alimentos, consequentemente um processo digestivo mais eficiente e que melhora a produtividade da propriedade rural. Em consequência disto, temos mais carne, mais leite, de melhor qualidade e sem agredir o meio ambiente.
*Luis Fernando Monteiro Tamassia é médico Veterinário pela Universidade Federal de Uberlândia, Mestre em Nutrição de Ruminantes e Pastagens pela ESALQ/USP. Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento Nutrição Animal e responsável pelas áreas de Controle de Qualidade, Assuntos Regulatórios e Responsável Técnico da Tortuga/DSM.
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Karina de Oliveira, São Paulo/SP Realizou cirurgia ortopédica pelo SUS.
TEMPO DE SAÚDE.
COM A REDUÇÃO DO TEMPO DE ESPERA DAS CIRURGIAS, OS BRASILEIROS TÊM MAIS TEMPO PARA APROVEITAR A VIDA. -
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AGRONEGร CIO
Clima favorรกvel, invest de canaviais elevam pr
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timentos e renovação rodutividade da safra Mas cenário não favorece comercialização e preços da matéria-prima recuam
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AGRONEGÓCIO A produtividade média da cana-de-açúcar na safra atual, 2013/2014, deve crescer 6,8%, passando para 74,1 toneladas por hectare, enquanto a produção terá incremento de 10,7%, atingindo 652,015 milhões de toneladas, de acordo com números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O mais relevante nesse quadro, contudo, é que tais números foram obtidos com um aumento de apenas 3,7% na área plantada. Os números são importantes por comprovar que os produtores de cana-de-açúcar, mesmo enfrentando custos elevados, aumentaram a produção com incremento de produtividade em detrimento do aumento da área plantada. O bom desempenho da safra é consequência da renovação dos canaviais, dos investimentos em tratos culturais e de condições climáticas favoráveis nas regiões produtoras. Os estados da região Centro-Sul devem colher 91% do total da produção nacional, mas, apesar dos números positivos, o cenário atual não é favorável aos produtores. “Eles investiram na atividade, mas o aumento no custo de produção e o cenário econômico desfavorável à comercialização dos produtos da cana-de-açúcar refletiram na redução do preço da matéria prima”, avalia o presidente da Comissão Nacional de Cana de Açúcar da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Enio Fernandes. Custos de produção Números da CNA demonstram que os custos de produção continuam elevados devido a uma série de fatores econômicos, sociais e institucionais. O aumento de preços dos insumos utilizados na lavoura canavieira, a elevação dos gastos com mão de obra e a incorporação rápida de novas tecnologias, especialmente na colheita mecanizada no Centro-Sul do país, são importantes neste contexto. Para adequar às novas exigências na área ambiental e trabalhista, é necessária uma nova sistematização da área agrícola, aquisição de máquinas e equipamentos e readequação da logística, demandando mais tempo e capital. Um bom exemplo é o preço de uma colheitadeira de cana-de-açúcar que oscila entre R$ 900 mil e R$ 1 milhão. O estudo da Conab indica que a renovação de ca- 28 - REVISTA 100% CAIPIRA
naviais no Brasil, na safra 2013/2014, deverá alcançar 969 mil hectares. A renovação da área plantada, de acordo com o levantamento, reduz a infestação de ervas daninhas e a idade média do canavial. Em consequência, melhora a produtividade. Os estados de São Paulo, Paraná, Goiás e Minas Gerais devem responder por 797 mil hectares de área de renovação dos canaviais.
Projeto avalia dez anos de expansão da cana-deaçúcar em São Paulo
sendo São Paulo responsável por cerca de metade da produção nacional. No nordeste do estado, onde a atividade é mais intensa, o uso e a ocupação das terras vêm apresentando fortes alterações, com áreas expressivas de pastagens, citros, café e grãos cedendo espaço para a cana. “Projeções para 2030 mostram que essas mudanças vão continuar, com um aumento na eficiência do uso da terra”, ressalta o pesquisador da Embrapa Monitoramento por Satélite Carlos Cesar Ronquim, líder do projeto. O projeto CarbCana dá enfoque às mudanças ocorridas e a consequente alteração nos estoques de carbono e na variação do microclima da região. Segundo o especialista, o estudo vai contribuir para um melhor entendimento sobre o sequestro ou emissões adicionais de carbono e poderão indicar as melhores opções de manejo para ampliar o potencial de armazenamento do CO2 e contribuir para a mitigação do efeito estufa. “Os resultados possibilitam criar indicadores ambientais e subsídios mais efetivos para posicionar o país nas negociações de commodities frente a outros países, além de gerar impactos positivos de valoração ambiental dos sistemas de produção agropecuário”, explica Ronquim. As informações sobre a área de estudo, objetivos e resultados já estão disponíveis no website do projeto CarbCana, em www.cnpm.embrapa.br/projetos/ carbcana.
Principal centro canavieiro do país, a região nordeste do estado de São Paulo é foco do projeto de pesquisa que visa estudar a expansão e a intensificação do cultivo da cana-de-açúcar ocorridos nos últimos dez anos. Geotecnologias, como o sensoriamento remoto, vão mapear a mudança de uso e cobertura das terras na região no período de 2003 a 2013 e os impactos ambientais relacionados às mudanças climáticas, com a indicação de melhores opções de manejo. O Brasil destaca-se como o maior produtor e exportador de derivados de cana-de-açúcar do mundo, REVISTA 100% CAIPIRA - 29 -
ARTIGO
Regiรฃo histรณrica do Mercado de Frutas de Hull serรก revitalizada
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Avanço tecnológico dissemina cultivo do
camarão-da-malásia Criação da espécie de água doce pode ser realizada em propriedades do litoral e interior
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ARTIGO Por Sérgio Reis O camarão-da-malásia (Macrobrachium rosenbergii) é uma espécie originária do Sul, Sudoeste da Ásia e Indochina encontrada com maior frequência na Índia, Mianmar, Tailândia, Vietnã, Malásia, Singapura, Bornéus e Java. É o camarão de água-doce da família dos palemonídeos, também chamado de “lagostim de água doce” e “gigante da Malásia”, e integra uma das espécies mais procuradas para cultivo. A proliferação do camarão da malásia ocorre naturalmente em rios, lagos e reservatórios que comunicam-se com águas salobras, onde o desenvolvimento larval se completa. Pode atingir até 32 cm de comprimento e 500 gramas de peso (mas comercialmente entre 15 e 50 gramas de tamanho médio e acima disso é considerado tamanho grande). Na natureza sua dieta é bem ampla e diversificada, consumindo vermes, moluscos, larvas e insetos aquáticos ou não aquáticos e vegetais. A produção mundial de camarões atinge 2.200.000 toneladas anuais, ressaltando-se que, atualmente, 50% dos camarões consumidos são oriundos da carcinicultura, contra apenas 6% na década passada, sendo que os cultivados em água doce contribuem com cerca de 5% de toda cultura. Embora os camarões sejam considerados produtos de luxo, devido aos preços elevados, seu cultivo pode contribuir significativamente para a melhoria da qualidade de vida das populações de baixa renda, por meio da geração de empregos. A criação de camarões de água doce é relativamente mais simples que a de camarões marinhos, podendo ser realizada em propriedades de pequeno, médio ou grande porte, localizadas próximo ao litoral ou no interior. Atualmente, o Brasil é o 6º produtor mundial. Segundo um levantamento da Associação Brasileira de Criadores de Camarão (ABCC), 85,5% dos produtores brasileiros, são de pequeno porte e a atividade, geralmente, é secundária na propriedade. Alguns atuam em parcerias com proprietários maiores e órgãos públicos, entre os quais prefeituras e Sebrae. A tecnologia para a produção de camarões de água doce vem apresentando um rápido e significativo desenvolvimento, o que pode gerar índices de - 32 - REVISTA 100% CAIPIRA
produtividade muito elevados. Dentro dos requisitos técnicos considerados na seleção de áreas adequadas à atividade, destacam-se as condições de temperatura da água, disponibilidade de água de boa qualidade, situação topográfica, tipo de solo, entre outros. Além dessas disposições técnicas, as situações logísticas também devem ser consideradas, quais sejam: estudo de mercado, infraestrutura local, acesso e mão de obra. A criação desse camarão é feita em viveiros escavados, de fundo natural (terra). Entre cinco e seis meses o camarão está pronto para abate, tempo esse que varia em função da temperatura da água de cultivo. O peso médio do camarão para abate é de 15 a 50 gramas, aproximadamente. O camarão-da-malásia pode ser criado em todas as regiões brasileiras, sendo que em alguns locais a criação durante os meses de inverno não é viável, onde o frio é mais intenso no inverno. Mas nem tudo está perdido, há uma solução nesse caso, o povoamento deverá ser feito entre setembro e novembro, e a retirada dos animais para abate ocorrerá até abril ou maio. A temperatura ideal da água para o crescimento desse camarão é entre 24 ºC e 28 ºC, sendo que temperaturas abaixo de 17 ºC são letais para esses animais, pois eles provêm de regiões quentes e úmidas. O aspecto mais importante para o cultivo é a água. É necessário ter água corrente e de qualidade na propriedade, preferencialmente vinda de uma nascente, pois esta é livre de produtos químicos provenientes das companhias de tratamento para deixa-la potável “artificialmente”. A taxa de renovação diária de água é de 5 a 10% ou mais, do volume total do viveiro. A criação do camarão em água parada ou sem renovação não é possível. O uso de aeradores auxilia no cultivo, mas não substitui a renovação de água. O tamanho dos viveiros irá depender das características de cada terreno, e diversos tamanhos podem ser utilizados, desde boas condições para a despesca, com uma profundidade entre 30 cm e 1,30cm aproximadamente, que possuam renovação de água e drenagem adequadas. A criação do camarão-da-malásia em tanques artificiais não é muito aconselhável, pois os camarões necessitam do contato com a terra, que, por sua vez,
produz alimentos naturais o muito importantes para o seu desenvolvimento. Para aqueles que pretendem fazer a criação com intuito comercial e ainda não possuem viveiros, um tamanho recomendado seria de 2.500 m2 (85 x 30 m), com tubulação de entrada de água de pelo menos 4” (100 mm) e de saída (drenagem) de pelo menos 10” (250 mm). A fim de ter o sucesso na criação de camarões, é fundamental que o viveiro seja construído de maneira adequada, com uma compactação do fundo, sem poças e com declive de 5% a favor da drenagem. Para a retirada dos camarões no final do cultivo é necessário que o viveiro seja totalmente drenado. O povoamento é feito com 10 pós-larvas (ou juvenis) por metro quadrado. Para um viveiro de 2.500 m2, serão então necessárias 25.000 pós-larvas, que permanecerão no mesmo viveiro até a fase adulta, e retirada para abate.
A alimentação do camarão é feita com ração específica, disponível no mercado (existem muitas marcas diferentes). A conversão alimentar do camarão é de 1,5:1, ou seja, para produzir um quilo de camarão gasta-se, em média, 1,5 kg de ração. Numa ação normal de alimentação, é necessário que lhes forneça três vezes ao dia (a grosso modo, manhã tarde e noite), espalhando a ração pelo tanque de engorda, jogando-a em arremessos longos. Em média um tanque de 2.500 metros quadrados, produzirá entre 250 a 300 quilos de camarões em 5 ou 6 meses, e terá um gasto com ração de aproximadamente 370 a 430 quilos. O valor da ração hoje, é de R$ 1,80 em média. A porção maior do investimento na carcinicultura, é o da escavação que chega a custar entre R$13.000,00 a R$ 26.000,00, dependendo a região e a parte física de cada terreno, e a compactação dependerá do acerto com o empreiteiro. REVISTA 100% CAIPIRA - 33 -
ARTIGO Reprodução - O camarão da água doce tem a reprodução a partir de ovos, e nascem como larvas, em grande quantidade elas dependem das condições ambientais onde a água salobra seja mais adequada para o desenvolvimento e crescimento, por isso a reprodução no cativeiro torna-se limitada, é preciso ajustar a salinidade da água para melhor adaptação do animal (um cuidado que o criador tem que ter para melhor rendimento na produção). A taxa de fertilidade é muito alta um casal saudável podem fecundar de 80 a 100 mil ovos por vez, as fêmeas atingem a maturidade com aproximadamente 10cm de comprimento quando passa por uma “muda” pré acasalamento, ocasião em que o macho deposita seu espermatóforo. A fêmea libera os ovos que são fertilizados e alojados nos pleópodes. Os ovos possuem cor alaranjada até pouco antes de eclodirem, nesta fase tornamse cinza escuros, dois ou três dias. Na natureza, as fêmeas migram em direção ao litoral, (aí encontram a água salobra naturalmente). Após a incubação, mais ou menos três semanas, as larvas são liberadas e levadas pela correnteza para locais onde possam se abrigar e encontram aí condições favoráveis para o seu desenvolvimento. As larvas nascem com cerca de 2 mm de comprimento, passa por várias fases larvares em água salobra. Na primeira não se “alimentam”, consomem os nutrientes de seu saco vitelínico. Depois passam por uma fase carnívora, alimentando-se de zooplancton, na área comercial, a dificuldades de fornecer o zooplancton, criadores os alimentam com náuplios de artemia (forma larvar comum a todos os crustáceos, com um ocelo mediano e três pares de apêndices). Depois podem receber alimentos inertes ricos em proteínas. Ao atingirem aproximadamente 8 mm de comprimento se tornam pós larvas, isso com 30 a 35 dias, então começam uma migração rio acima, chegando lá, já na condição de camarão adulto, pronto para a procriação. Seu comportamento é agressivo, principalmente os camarões maiores, no entanto essa agressividade é menor se comparada a outras espécies grandes. São predadores de peixes, principalmente a noite quando a presa esta dormindo. Outra característica é que são vulneráveis após a ecdise (mudança da pele de - 34 - REVISTA 100% CAIPIRA
certas larvas de insetos e do revestimento de calcário de certos crustáceos), enquanto seu exoesqueleto ainda não esta totalmente solidificado. Conforme ocorre o crescimento cresce também a agressividade, em muitos casos os dominantes alimentam-se dos menores e até mesmo de animais grandes são devorados após a muda. Para a criação no cativeiro, é recomendado que tenha apenas um animal adulto em um tanque, para não ter perda nas matrizes. Na natureza esses animaizinhos, são muito ecléticos tratando da alimentação, pois comem de tudo, desde algas, animais mortos, caçam outros animais, como: peixe outros camarões crustáceos, zooplancton. E no cativeiro destroem as plantas ornamentais, comem ração dos peixes, e também outros peixes, conforme já ressaltado O camarão, esse crustáceo, consumido em quase todos os países do mundo, apreciadíssima iguaria, que acompanha pratos diversos e aperitivos, cresce a cada dia o seu consumo, seja em bares, restaurantes, quiosques nas praias, e até mesmo nos lares como pratos requintados e ou simples também, é uma fonte de renda e investimento com lucro certo. Além disso, o mercado para exportação tem crescido muito, uma vez que a produtividade é menor que o consumo, o que resulta em compra garantida e preços rentáveis.
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VAREJO
Walmart expande vendas de mel do Piauí O Walmart começou a vender mel do Piauí em todas as suas lojas da região Sudeste e Centro-Oeste do País. Produzido por pequenos produtores, a novidade é resultado do programa Clube dos Produtores, um projeto cujo objetivo é desenvolver e dar acesso aos pequenos empresários do campo ao varejo. A Central de Cooperativas Apícolas, Casa Apis, é o principal parceiro do Clube dos Produtores no
estado do Nordeste. O empreendimento é formado por sete cooperativas de pequenos produtores de mel, que somam 1.081 famílias – 51 lideradas por mulheres –, e adotam os princípios da autogestão compartilhada, com participação de todos os cooperados. A produção do mel está espalhada por 57 municípios. “Nós já vendemos esse alimento nas nossas lojas da região Nordeste e,
agora, também o colocamos nas lojas do Sudeste e Centro-Oeste. É um produto que alia a qualidade ao preço baixo e tem sido muito bem aceito no mercado”, diz a diretora de sustentabilidade do Walmart Brasil, Camila Valverde. De setembro de 2012 até janeiro deste ano, já foram comercializados para a rede quase 60 mil unidades de bisnagas (340 g e 470 g) de mel de abelha orgânico.
Alexandre Roberto dos Santos, Dias D’Ávila/BA
Drª Beatriz Preissler, Dias D’Ávila/BA
Acompanhamento de diabetes e pressão.
Médica do programa Mais Médicos para o Brasil.
TEMPO DE SAÚDE.
MAIS MÉDICOS PARA O BRASIL É MAIS SAÚDE PARA VOCÊ, SUA FAMÍLIA E PARA TODOS OS BRASILEIROS. /minsaude
/minsaude
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Os novos médicos já estão chegando às Unidades Básicas de Saúde de municípios do interior e periferias das grandes cidades. E esse é só o começo, pois ainda mais médicos virão para garantir mais acesso à saúde para todos os brasileiros. • 3.511 municípios aderiram ao programa. • Mais de 38 milhões de brasileiros serão beneficiados. • 1,2 mil Unidades Básicas de Saúde foram concluídas e mais de 1,3 mil estão em construção, melhorando a infraestrutura em todo o país.
Para mais informações, ligue 136 ou acesse: maismedicos.saude.gov.br.
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PESQUISA
Cebola processada traz benefícios a produtores e consumidores A cebola é uma das plantas de maior difusão do planeta e apresenta grande importância mundial, não só em termos de produção, mas também de consumo. No Brasil, é a terceira hortaliça mais cultivada e seu consumo é feito principalmente in natura como condimento ou tempero. Embora versátil em termos alimentares e culinários, essa hortaliça ainda tem pela frente um grande desafio para aumentar seu consumo, principalmente em se tratando da cebola roxa, pois a demanda por esta variedade de bulbo é pequena e concentra-se
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no Nordeste e aos redores de Belo Horizonte (MG). Para agregar valores nessa espécie de cebola, um estudo realizado na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ ESALQ), intitulado “Processamento mínimo de cebola roxa: aspectos bioquímicos, fisiológicos e microbiológicos”, sinalizou que os produtos minimamente processados vêm obtendo crescente participação no mercado de produtos frescos em função da praticidade que oferecem ao consumidor. No caso da cebola, o preparo do bulbo é o maior motivo de reclamações, já que por conter compostos voláteis, causam irritação aos olhos e deixam odor característico na mão do manipulador. Ao trabalhar com cebola minimamente processada, a atividade poderá trazer benefícios tanto aos produtores
quanto ao consumidor, além de tornar-se um nicho de mercado. Desenvolvido pelo Programa de Pós-Graduação (PPG) em Ciência e Tecnologia de Alimentos, sob orientação de Ricardo Alfredo Kluge, do Departamento de Ciências Biológicas (LCB), o estudo buscou conhecer, com detalhes, a fisiologia e manuseio da cebola em questão. “Pensamos em estudar o comportamento de cebola roxa minimamente processada a fim de avaliar seus aspectos fisiológicos, bioquímicos e microbiológicos. Para isso, foram testados diferentes temperaturas de armazenamento, combinados com dois tipos de corte, e a influência de diferentes embalagens na vida útil desse produto”, explicou a cientista dos alimentos e responsável pela pesquisa, Natalia Dallocca Berno. A cientista afirmou que no cenário brasileiro atual, as temperaturas de comercialização e armazenamento raramente são respeitadas. Dessa forma, o estudo mostrou que quanto menor a temperatura, maior é a vida útil e a qualidade do produto, sen-
do que na temperatura de 0ºC, o produto pode durar até três vezes mais que se armazenado a 15ºC. “Issogera um ganho tanto para o comerciante que terá menos descarte do produto ao longo da comercialização, quanto para o consumidor, que poderá adquirir produto com qualidade num maior prazo de validade”, disse a pesquisadora. Por outro lado, foram estudadas quatro embalagens facilmente encontradas e de preços baixos, pois a pesquisa observou que a embalagem também pode interferir na qualidade do produto, mantendo-a por mais tempo. “A escolha da embalagem adequada pode valorizar o produto não só na aparência geral, mas também na sua qualidade específica”. Outro aspecto interessante diz respeito à pungência da cebola, da sensação picante que os consumi-
dores sentem ao comê-la. No caso da cebola roxa, a pungência pode ser ainda maior, dependendo da variedade e, nessa pesquisa, as etapas de processamento mínimo reduziram em até 50% a pungência da cebola roxa. As cebolas roxas utilizadas nesse experimento foram classificadas como ‘picante’. No entanto, logo após o processamento, as cebolas roxas puderam ser classificadas como ‘pungente’ e como ‘suave’ ao final do experimento. “Considerando o aumento na demanda por bulbos com menor pungência para consumo direto, a redução da pungência nas cebolas minimamente processadas pode promover aumento do consumo desses produtos”, detalhou Natalia. Mais um fator que se considerou na pesquisa é que a cebola é um dos vegetais mais ricos em quercetina, poderoso composto
com propriedades antioxidantes e anticarcinogênicas, e que apesar da redução de quercetina durante o armazenamento, a cebola minimamente processada ainda continha níveis elevados do composto. “Isso demonstra que o processamento mínimo ainda mantém a cebola como uma das hortaliças mais ricas em quercetinas”, finalizou a pesquisadora. O projeto foi realizado no Laboratório de Fisiologia e Bioquímica Pós-Colheita, do Departamento de Ciências Biológicas (LCB) da ESALQ, e contou com a colaboração do comerciante de cebola de Petrolândia (SC), Jair Marinho Neto. O apoio foi da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
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ARTIGO
Psicultura ganha destaque no agronegócio do Brasil Por André Faro* O agronegócio brasileiro atravessa um de seus melhores momentos. Prova disso é a safra 2012/13 de grãos que atingiu 185 milhões de toneladas, número que representa um recorde histórico no país. Somos também a nação com um dos maiores saldos comerciais agrícola do mundo. Em 2011, um levantamento da Organização Mundial do Comércio (OMC) apontou o superávit brasileiro de US$ 73 bilhões. Agora, o novo desafio é nos fortalecemos em um novo segmento, a piscicultura, responsável pela criação de peixes e de outros animais aquáticos em cativeiro. Neste ano, o governo federal anunciou que serão investidos R$ 4,1 bilhões até 2014 no segmento de psicultura. A medida faz parte do Plano Safra da Pesca e Aquicultura, que tem como objetivo dobrar a produção de pescados no país para 2 milhões de toneladas por ano e ainda reduzir a importação, pois, há cerca de dois anos, 34,2% do que era consumido no País era trazido de fora. Para que esses números sejam atingidos, assim como é feito na agricultura familiar, os produtores estão recebendo incentivos financeiros, como melhores con- 40 - REVISTA 100% CAIPIRA
dições de crédito e taxas de juros mais baixas. Estados como Acre, Amazonas, Pará e Rondônia já estão transformando o pescado em uma importante fonte de renda. Em Rondônia, por exemplo, a piscicultura cresceu 300% nos últimos dois anos e está entre as três principais atividades agroeconômicas da região. No Acre também temos um projeto grandioso que pretende saltar de uma produção de cinco mil toneladas para vinte mil nos próximos cinco anos. No estado nortista, o governo implantou um projeto para revitalizar áreas devastadas e construiu mais de 2,5 mil tanques de peixes. Até o final de 2014, a meta é construir 5 mil tanques. Como fortalecimento da atividade, o mercado de equipamentos também está engajadoem desenvolver tecnologias que possam aumentar a produtividade e tornar otrabalho do criador mais lucrativo. Ao longo dos anos, as empresas estão se estruturando para oferecer as melhores soluções para a agropecuária, por isso estudam os melhores métodos de facilitar o trabalho do produtor, seja no processo de alimentação, na reprodução ou no controle de
qualidade da água. Um dos exemplos de tecnologia adaptada para essa atividade é o atomizador, que também é utilizado no combate de enfermidades em cultivos. Com o atomizador, é possível lançar a ração de maneira homogênea no tanque, minimizando a disputa dos peixes por alimento. Assim, eles se alimentam melhor, ganhando mais peso e qualidade. Assim como evoluímos em diversos segmentos da agricultura, temos um grande potencial para também nos destacarmos com a piscicultura. Além de ser um importante complemento de renda para osprodutores rurais, a iniciativa ajuda a revitalizar áreas devastadas, garantindo uma melhora considerável da qualidade de vida no campo. Vale ressaltar que, com o aumento do volume de pescados criados no País, caminharemospara a autossuficiência e, quem sabe, nos tornaremos uma potência na atividade.
*André Faro é gerente de vendas nacional da Husqvarna, multinacional sueca líder emequipamentos para o manejo de áreas verdes.
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ESPAÇO GASTRONÔMICO
Escondidinho de carne seca
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para matar a fome
Escondidinho de carne seca com mandioca é bastante popular nos estados do Nordeste brasileiro, mas, hoje em dia, esse delicioso prato é também apreciado em todo o Brasil. Dos mais sofisticados restaurantes até os mais singelos botecos, pode-se pedir este esta delícia da nossa culinária para matar a fome. Veja como é fácil fazer: Ingredientes Orégano 1 colher de margarina 2 colheres de azeite 1 cabeça de alho 2 tomates maduros Cheiro verde 1 quilo de carne seca 1 quilo de mandioca 500 g de requeijão da marca Catupiry 1 copo de leite
Preparo
Corte a carne seca em pedaços pequenos e coloque-os para ferver em uma panela de pressão e até atingir o ponto de fervura. Depois, troque a água e repita o processo por pelo menos quatro veses, ou até perder o sal. Reserve a última água da panela para cozinhar a mandioca. Enquanto isso, desfie a carne e reserve, pique os temperos em pedaços bem pequenos e, em uma panela média, coloque o azeite e refogue os temperos. Em seguida adicione a carne seca e refogue, logo após adicione o tamate e deixe cozinhar até o tomate derreter, se preciso adicione um pouco de água. Em seguida, pegue a mandioca já cozida e esmague-a em uma panela com a margarina e uma pitada de orégano e o copo de leit. Faça um purê, deixe esfriar parcialmente e distribua aproximadamente metade em uma travesa do tipo refratária, adicione a carne seca, cubra com o restante do purê e aplique uma cobertura com o requeijão Catupiry. Regue com um fio de azeite, um pouco de orégano e leve ao forno para gratinar. Sirva ainda quente. Bom apetite! REVISTA 100% CAIPIRA - 47 -
ARTIGO
O gado e o meio ambiente Por Adriana Reis A criação de gado é uma grande vilã quando o debate acerca do desmatamento das florestas tropicais vem à tona. É sabido que manejo desses animais demanda longos pastos, e o seu pisoteio pode causar grandes danos ao solo. Essa compactação do solo poderá ocasionar erosões, além de não bloquear o fluxo de nutrientes importantes. Por sua vez, a falta de nutrientes, somada à impossibilidade de penetração de água no solo por causa do pisoteio, provoca a desertificação, isto é, este solo começa a perder sua vida útil, causando grande impacto socioambiental e econômico à região afetada. Não estamos levando em consideração o fato de o desmatamento mexer diretamente nas águas dos rios das regiões destas florestas, pois a falta da cobertura vegetal pode causar assoreamento e erosão, comprometendo, assim, a qualidade da bacia hidrográfica e toda a vida contida nela, além de levar todas as impurezas do solo quando chove. E devemos nos atentar à criação de gado no Brasil, pois hoje existem poucos criadores de gados realmente preocupados com o meio ambiente, apesar da nova legislação. O atual Código Florestal Brasileiro cita a importância da “preservação das suas florestas e demais formas de vegetação nativa, bem como da biodiversidade, do solo, dos recursos hídricos e da integridade do sistema climático, para o bem estar das gerações presentes e futuras”. Para melhoria da qualidade destes solos, os especialistas sugerem algumas modificações, como a rotatividade de pastos. Durante esta rotatividade, deverá utilizar-se de vegetação perene nestas áreas, permitindo que estas vegetações cubram a área mantendo o solo protegido e o entrelace com seus sistemas de raízes. No período das secas, os gados devem ser alimentados com uma mistura de feno cortado, cereais e melado, pois nestes períodos a grama não cresce, não sendo possível a pastagem. Este é o período de engorda do gado para venda no mercado, popu- 48 - REVISTA 100% CAIPIRA
larmente conhecido como invernada. Uma grande vantagem deste sistema de rotatividade de pastos é que, além de preservar o meio ambiente, o gado fica numa área limitada. Assim, ele não anda tanto e não emagrece. Entretanto, não devemos esquecer que o gado solto no pasto aberto e com a vegetação mais espessa permite o abrigo para bichos que podem machucar o gado. Por isso, alguns fazendeiros têm o hábito de queimar esta vegetação mais espessa para renovar o gramado. É sabido que a criação de gado está relacionada aos períodos de alagamento e períodos de estiagem, chamado de ciclo das águas, isto é, durante o período de alagamento nas partes mais baixas o gado permanece nas partes mais altas se alimentando de forragens que muitas vezes são insuficientes e pouco nutritivas, e durante a estiagem este gado se alimenta das vegetações das partes baixas do terreno. Contudo, deverão existir áreas demarcadas para o manejo do gado. Nestas áreas como já citado terão vegetação específica de qualidade satisfatória que terão tempo para crescer e permitir abundância para o gado, durante a rotatividade do manejo, podendo intensificar a qualidade de vida deste gado, assim atingindo uma melhor qualidade de carne para nós. Entretanto não devemos desconsiderar caso necessite o uso de ração no período de seca, como já citado. Alguns compradores de carne bovina já estão exigindo dos produtores a certificação do Ministério da Agricultura, esta certificação vem do gado que é criado a pasto da forma acima citada, hoje conhecida como sistema Pastoreiro Racional Voisin (PRV), pode ser comparado ao ISO nas empresas, e obtém o conceituado SELO VERDE. Explicando melhor o sistema PRV, é aquele que foca o potencial fotossintético das pastagens, onde o pasto é dividido em piquetes. Enquanto um piquete está sendo utilizado, os demais estão em descanso, favorecendo a fotossíntese através do acúmulo das biodiversidades do solo, incluindo a reserva energética. Neste sistema, onde o gado pasta nos piquetes, é providencial que haja água em bebedouros, e que estes bebedouros fiquem localizados onde batem sol,
pois o animal tem sensibilidade a água gelada, assim a água deverá ser limpa e morna terá uma melhor produtividade, desta forma podemos considerar que os gados não beberão água nos açudes, que contém fezes e urina destes e de outros animais, mantendo a qualidade deste gado ainda melhor. Este período em que o gado fica no piquete, suas fezes e urinas vão se acumulando, quando são deslocados para outro piquete esta matéria orgânica ajudará na fertilização da terra e quando forem implantados novas sementes de forragem vegetais estas terão muitas proteínas, pela alta fertilização. Este método serve tanto para a produção de leite quanto de carne e também pode ser usado para produção de ovinos, caprinos e bubalinos. Nele são respeitadas algumas “leis”: Lei do Repouso, Lei de Ocupação, Lei do Rendimento Máximo e Lei dos Rendimentos Regulares. Na Lei do Repouso, onde cada piquete terá seu tempo de repouso, cabe saber que cada produtor deverá observar o tempo ideal de repouso. Na Lei de Ocupação, o ideal é que o gado fique apenas um dia no piquete, para que a forragem vegetal não seja comida duas vezes, isto é de um dia para o outro a forragem tende a crescer de 3 a 5 cm, esta não deverá ser comida, pois este crescimento vem da reserva de nutrientes presentes nas raízes da vegetação. Podemos verificar que em curto período de tempo a troca de piquete deste gado fica tão habitual que o gado fica mais dócil, porém esta troca deverá ser feita a pé pelo boiadeiro e sem uso de chicotes. Na Lei do Rendimento Máximo, permite que o
animal que possuem maior exigência alimentar coma a melhor parte da pastagem, isto é a parte superior da planta, o terço superior, pois as ponteiras possuem maior teor de proteínas, vitaminas e minerais, sendo melhor digeridas. Estes animais apresentam uma maior produtividade. Na Lei dos Rendimentos Regulares, para que o animal alcance o rendimento máximo é aconselhável que fique no piquete por apenas um dia, pois neste dia ele consumirá a parte mais nutritiva do pasto. Dependendo do tipo de forragem vegetal utilizada leva até 40 dias pra esta forragem alcançar a altura ideal para o gado comer, levando em consideração o método PRV, onde o gado deve ficar apenas um dia no piquete, devemos ter pelo menos 40 piquetes para que seja feito o manejo deste gado. A quantidade de gado ideal para cada piquete dependerá do tamanho do piquete, esta deverá ser calculada pela observação do gado, lembrando que em um dia este gado deverá comer o terço superior de toda a forragem, não podendo passar fome. Os animais que pastam e deitam para ruminar estão satisfeitos. Estes piquetes devem ter bastante área de sombra para descanso do gado e melhor produtividade de forragem vegetal, para tanto as árvores não devem ser retiradas. Com a aplicação deste método é possível manter as áreas de proteção ambiental intactas, evitar a poluição dos rios e o desmatamento de florestas. Adriana Reis é engenheira civil com especialização em engenharia ambiental
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