Edição 83 maio 2020

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Ciência ajuda vinho da Campanha Gaúcha a conquistar www.revista100porcentocaipira.com.br Brasil, maio de 2020 - Ano 8 - Nº 83 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Indicação Geográfica

A Indicação Geográfica foi concedida na modalidade Indicação de Procedência (IP), cuja obtenção contou com apoio da pesquisa científica REVISTA 100% CAIPIRA |


O AGRO NÃO P

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PODE PARAR

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Produção das principais frutas estabiliza em 43 milhões de toneladas

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Equinos: Boas práticas: manejo, nutrição, saúde e bemestar do cavalo

Governo: Mapa quer aumentar adesão ao Sisbi

Fruticultura:

Análise de mercado: Os mitos e verdades sobre a rastreabilidade de alimentos para o pequeno produtor

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Artigo:

Ciência ajuda vinho da Campanha Gaúcha a conquistar Indicação Geográfica


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Certificação:

Produtor de farinha de mandioca orgânica da Bahia é certificado

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Governo:

42 48

Pragas e doenças: Cuidados com lavoura forrageira exigem atenção com plantas

Imposto para elevar competitividade do etanol

Capacitação:

Apostando na diversidade, Elanco abre seu Programa de Estágios 2020

Receitas Caipiras: Sopa de abóbora com cogumelos frescos REVISTA 100% CAIPIRA |

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GOVERNO

Mapa quer aumentar adesão ao Sisbi

Brasil,maio de 2020 Ano 8 - Nº 83 Distribuição Gratuita

EXPEDIENTE

Revista 100% AGRO CAIPIRA www.revista100porcentocaipira.com.br

Fonte: MAPA

Inicialmente, será realizado um projeto piloto com apoio a dez consórcios públicos Share A Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) desenvolveu um projeto para ampliar o mercado nacional de produtos de origem animal das agroindústrias de todo país. A proposta visa estimular que os municípios, organizados em consórcios públicos, recebam orientações técnicas e capacitem seus médicos veterinários dos serviços de inspeção e fiscalização de produtos de origem animal para adesão ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi). Inicialmente, será realizado um projeto piloto com apoio a dez consórcios públicos selecionados em todo Brasil. “Os consórcios devem ter previsão legal para atuar na área de inspeção de produtos de origem animal, dispor de equipe de inspeção veterinária compatível à demanda de agroindústrias e, o mais importante, possuir agroindústrias interessadas na expansão do comércio dos seus produtos, neste momento, para mais municípios do 6 | REVISTA 100% CAIPIRA

próprio consórcio e, em seguida, para todo território nacional”, explica o secretário de Defesa Agropecuária, José Guilherme Leal. As inscrições para seleção dos dez consórcios públicos a serem contemplados nessa primeira fase podem ser feitas até o dia 4 de maio, por meio do formulário eletrônico disponível e complementada pelo preenchimento de quatro itens (cadastro geral, localização, complementares e responsáveis) do SGSI do e-Sisbi, disponível. Após a avaliação da documentação, haverá entrevistas, via videoconferência, com o presidente do consórcio, diretor ou secretário-executivo e coordenador veterinário da inspeção. A proposta está projetada para ser realizada no segundo semestre de 2020. A iniciativa do Mapa conta com apoio da Confederação Nacional de Municípios (CNM), da Confederação Nacional de Consórcios Intermunicipais (Conaci) e da Rede Nacional de Consórcios Públicos.

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AGRICULTURA FAMILIAR

Municípios mineiros mantêm compra de alimentos da agricultura familiar por meio do PAA

Diversos cuidados foram adotados para evitar contaminação pelo coronavírus Com a pandemia do coronavírus, alguns municípios mineiros avaliaram a possibilidade de suspender a compra de alimentos da agricultura familiar por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Os alimentos são comprados de agricultores familiares com recursos do Ministério da Cidadania e doados a entidades socioassistenciais, bancos de alimentos e pessoas em situação de vulnerabilidade social. Para evitar que os produtores fossem prejudicados, a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), Emater-MG e prefeituras decidiram continuar as compras por meio do programa, adotando medidas para garantir a segurança dos produtores e servidores municipais durante as entregas. “Só foi possível a continuidade da execução do programa nos municípios, uma vez que os mesmos se comprometeram a adotar as medidas de prevenção ao coronavírus”, diz o coordenador técnico estadual da Emater-MG, Raul Machado. Entre os cuidados adotados estão o distanciamento mínimo entre as pessoas no momento da distribuição dos alimentos; programação de horários distintos para a entrega dos alimentos por parte dos produtores; disponibilidade de luvas, máscaras, álcool gel, água e sabão para as pessoas envolvidas no trabalho. A execução do PAA - Termo de Adesão Estadual - em Minas Gerais é da Seapa, em parceria com a Emater-MG. Cinquenta e um municípios mineiros participam do programa e 1.282 agricultores familiares fornecem alimentos. “São várias as entidades cadastra-

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das. Aquelas que continuam suas atividades, permanecem recebendo os alimentos conforme a programação. Para as entidades que tiveram de parar suas atividades durante o período de isolamento social, coube ao Cras (Centro de Referência de Assistência Social/Ministério da Cidadania) direcionar os alimentos para outras famílias de sua lista de assistidos”, explica Raul Machado. PAA no Vale do Mucuri - Na unidade regional da Emater-MG de Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, são nove municípios participando do PAA: Catuji, Itambacuri, Maxacalis, Ladainha, Novo Cruzeiro, Itaipé, Ouro Verde de Minas, Novo Oriente de Minas e Teófilo Otoni. “A Emater acompanha a execução do programa, presta assistência técnica e apoia a inserção dos agricultores no mercado institucional”, diz o gerente regional da empresa, Sandro Rodrigues da Silva. De acordo com ele, os municípios disponibilizam toda infraestrutura, recursos humanos e transporte para o funcionamento do PAA. Em 2019, nestes nove municípios, foram beneficiados 85 agricultores. O valor investido na compra dos alimentos foi de R$ 1,4 milhão. Até agora, em 2020, o total de agricultores comercializando pelo PAA nestes municípios subiu para 169. Já a doação de alimentos tem beneficiado mais de 700 famílias e oito instituições. De acordo com o produtor João Ferreira, do município de Itaipé, a continuidade das vendas pelo PAA é fundamental para a manutenção da renda familiar. “A gente perdeu a feira e não tá tendo onde vender os produtos. A gente já tava sem saber o que fazer. O

programa vai ajudar muito”, afirma o produtor. A agricultora Maria de Fátima, do município de Catuji, ressaltou a importância do PAA para a comercialização de seus produtos em meio à pandemia de coronavírus. “Esse programa faz parte da nossa vida e nos ajuda muito nesse momento difícil. Além de ajudar as pessoas carentes com a distribuição de alimentos”, disse. Outras regiões - Outros seis municípios atendidos pela unidade regional da Emater-MG em Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, também optaram em manter o programa em 2020. Com isso, são 92 agricultores beneficiados e 550 famílias contempladas com as doações de alimentos. Já na unidade regional da Emater-MG de Almenara, na região Norte de Minas, nove municípios participam do PAA. Em 2019, 216 agricultores foram beneficiados. Em 2020, são 222 agricultores comercializando pelo PAA e 610 famílias em situação de vulnerabilidade social recebendo doações do programa. Para o Superintendente de Abastecimento e Cooperativismo da Seapa, Gilson de Assis Sales, o PAA é um programa importante para criar canais de comercialização direta com os produtos da agricultura familiar. “Agora, nesse período de crise, torna-se ainda mais significativo, pois garante renda para produtores e alimentos de qualidade para entidades de assistência social e pessoas em vulnerabilidade alimentar. Acreditamos que esse tipo de mercado deve ser cada vez mais incentivado, por ser uma forma de promover o desenvolvimento regional e aquecimento da economia local”, afirma. Fonte: Emater-MG REVISTA 100% CAIPIRA |

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Ciência ajuda vinho d a conquistar Indic ARTIGO

A Indicação Geográfica foi conced Procedência (IP), cuja obtenção cont 8 | REVISTA 100% CAIPIRA


da Campanha Gaúcha cação Geográfica

dida na modalidade Indicação de tou com apoio da pesquisa científica Fonte: Viviane Zanella (MTb 14.400/RS) / Embrapa Uva e Vinho REVISTA 100% CAIPIRA | 9


S

elo atestará origem e qualidade dos vinhos produzidos na Campanha Gaúcha. Ap o i a d a p e l a p e s q u i s a c i e n tífica, conquista impulsionará enotur ismo na reg i ão. Relevo favorece a colheita mecanizada, reduzindo os custos de pro duç ão. A Campanha Gaúcha está localizada em faixa de latitudes de regiões vinícolas reconhecidas pela qualidade: Á f r i c a d o S u l , Au s t r á l i a , A r g e n t i n a , C h i l e , Ur u g u a i e N o v a Zelândia. Indicação vai popularizar o terroir da região dos pampas. Graças à organização dos pro dutores d a reg i ão, os v inhos finos tranquilos e espumantes da região da Campanha Gaúcha conquistaram a Indicação Geográfica (IG), que confere o direito de uso do signo que atesta a origem da bebida. Solicitada pela Associação dos P r o d u t o r e s d e Vi n h o s F i n o s d a C ampanha ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), a IG foi concedida na modalidade Indicação de Procedência (IP), cuja obtenção contou com fundamental apoio da pesquisa científica. O selo garante que o vinho daquela garrafa expressa as características da região na qu a l foi pro duzido. Para chegar a ess e resu lt ado, a b ebid a deve ser fruto de uma rigorosa fase de produção de uvas na área delimitada, bem como de el ab oraç ão, na qu a l de vem s er atendidos os requisitos estabelecidos no Caderno de Espec i f i c a ç õ e s Té c n i c a s , q u e d e f i ne desde as variedades de uva autorizadas para a elaboração dos vinhos, até a etapa de sua degust aç ão, qu ando um p ainel de especialistas avalia se o vinho pode receber a atestação 10 | REVISTA 100% CAIPIRA

de conformidade como produto da Indicação de Procedência Campanha Gaúcha. O trabalho para obtenção do selo A qualidade que o consumidor irá saborear na taça, a t e s t a d a p e l o s e l o d a I P, é r e sultado de um processo que envolveu cerca de cinco anos de pesquisas, discussões e estudos de um grupo interdisciplinar s obre a reg i ão, que elaborou um dossiê, incluindo elementos científicos, gerados em projeto liderado pela Emb r a p a U v a e Vi n h o ( R S ) . E s s e trabalho fez parte do material analisado pelo INPI e que resultou no reconhecimento da I P. O p e s q u i s a d o r J o r g e To n i e t to conta como a ciência ajudou o vinho da Campanha Gaúcha a conquistar a Indicação Geográfica. “A or ig ina lid ade dos v in hos d a C amp an ha Gaúcha ampli a e va lor iza a qu a lid ade e a diversid ade d a v it iv inic u ltura brasi leira”, ava li a o p es quis ador Jorge Tonietto, d a áre a de Z one amento d a Embrap a Uva e Vin ho, que co ordenou o g r up o temát ico do proj eto de est r uturaç ão d a IP. E le cont a que o t rab a l ho começou of ic i a lmente em 2013, com a aprovaç ão do proj eto D es envolv imento d a Indic aç ão de Pro cedênci a C amp an ha Gaúcha p ara v in hos f inos. “Foi um des af io diferente p ara a e quip e, p ois foi o pr imeiro proj eto de est r uturaç ão de IG de v in hos f inos co ordenado p el a Embrap a lo c a lizado fora d a S er ra Gaúcha, p olo f und ador d a v it iv inic u ltura brasi leira. O País j á cont a com divers as indic açõ es ge og ráf ic as re con he cid as que a Embrap a ajudou a est r uturar”, orgu l ha-s e o cient ist a. O v in ho d os p amp as L o c a lizad a no bioma Pamp a,

a C amp an ha Gaúcha tem c aracter íst ic as únic as, de acordo com Tonietto. É a reg i ão pro dutora mais quente e com menor volume de chuvas do Su l do Brasi l. As g randes extens õ es de áre as pl anas ou de b aixa de cliv id ade t amb ém s ão um diferenci a l d a C amp an ha. “E l as faci lit am a mec anizaç ão na v it ic u ltura , um fator de comp et it iv id ade adiciona l p ara a reg i ão p or re duzir c ustos e p ossibi lit ar maior es c a l a de pro duç ão”, re vel a Tonietto. “E st amos muito felizes com ess a conquist a que repres ent a uma qu a lid ade at r ibuíd a aos v in hos d a reg i ão”, celebra C lor i Per uzzo, presidente d a Ass o ci aç ão dos Pro dutores de Vin hos Finos d a C amp an ha Gaúcha, que é a gestora d a Indic aç ão de Proce dênci a p or meio do C ons el ho R egu l ador. E l a dest ac a que a reg i ão cont a com 17 v inícol as (vej a qu adro) e esp era que muit as j á come cem ime di at amente o process o de pro duç ão de v in hos com IP. “Há menos de 30 di as ter minamos a s af ra e com cer te za foi uma d as mel hores dos ú lt imos de z anos. Vamos t rab a l har p ara que os noss os v in hos estej am no merc ado o mais rápido p ossível”, af ir ma. Pe r u z z o c ome nt a qu e a e x pectativa das vinícolas é que esse reconhecimento chame a atenção dos consumidores para os produtos e motive aind a mais o tur ismo na reg i ão. “Já temos na C amp an ha nove vinícolas com estrutura para receb er os turistas e tenho certeza que muito em breve outras também irão implementar em seus projetos novos ser viços, dando mais espaço para o enot u r i s m o”, a n t e c i p a . Ela conta que os apaixonados por vinhos buscam cada vez mais experiências complet a s . Vi s i t a r a r e g i ã o , d e s f r u t a r a paisagem, visitar o parreiral no qual a uva foi cultivada e a vinícola onde o vinho foi elab orado, ouv ir a histór i a, con-


v e r s a r c o m o p r o d u t o r, o u v i r as explicações enquanto o vinho é degustado entre barricas ou espaços especiais para re ceb ê-lo, s ão fatores que conferem um sabor especial ao vin ho degust ado. Onde fica a Campanha Gaúcha? No extremo sul do Brasil, fazendo f ronteira com a Arg e n t i n a e o Ur u g u a i , a r e g i ã o delimitada da Indicação de Procedência totaliza 44.365 km2. A Campanha Gaúcha é contornada pelas regiões da Serra do Sudeste, Missões e Depressão Central. Está localizada entre as coordenadas 29º e 32º de Latitude Sul, faixa de regiões vitivinícolas mundiais conhecidas: Chile, Argentina, Ur u g u a i , Á f r i c a d o S u l , N o v a Z e l â n d i a e Au s t r á l i a . Ela abrange em todo ou em par te 14 municípios: Aceguá, Alegrete, Bagé, Barra do Quar aí, C and i ot a , D om Pe d r ito, Hu l h a N e g r a , It a q u i , L a v r a s d o

Sul, Maçambará, Quaraí, Rosário do Sul, Santana do Livram e n t o e Ur u g u a i a n a . Segundo dados do último C a d a s t r o Vi t í c o l a , a á r e a d e vinhedos com variedades de Vi t i s v i n i f e r a d a C a m p a n h a totaliza 1.560 ha. Eles estão cultivados tradicionalmente em espaldeiras, o que facilita a mecanização e proporciona sanidade no vinhedo por permitir melhor circulação de ar e incidência dos raios solares nas plantas. A Campanha Gaúcha é o segundo maior polo produtor de vinhos finos do Brasil, respondendo p or 31% d a pro duç ão, vindo após a Serra Gaúcha, onde se concentram 59% da produção nacional. É uma das regiões que passou a elaborar vinhos na década de 1980 e, a partir dos anos 2000, ganhou novo impu ls o, com aumento d a área cultivada e o surgimento de diversas vinícolas na reg i ão. Os primórdios da vitivinicultura da região remontam à s r eFonte: d u ç õ e sABEEólica jesuíticas que se

instalaram nas regiões oeste e central do Rio Grande do Sul e pela influência dos colonizadores portugueses do leste do e s t a d o . At u a l m e n t e , a r e g i ã o também é importante na produç ão, em l arga es c a l a, de t r igo, ar roz e s oj a, b em como na silvicultura. “É uma imersão em um mundo t ão r ico, que envolve o p atrimônio cultural, os valores imateriais, a paisagem construída, as particularidades do terroir e a qualidade diferenc i a l d o s v i n h o s . Um a e x p e r i ê n c i a ú n i c a”, r e s s a l t a I v a n i r a F a l cade, professora aposentada da Un i v e r s i d a d e d e C a x i a s d o S u l (UCS) e membro da equipe do proj eto. Além de atuar na delimitaç ã o d a á r e a d a I P, F a l c a d e l i derou o estudo das paisagens e dos elementos naturais e culturais identitários da região que já são associados ao vin ho e auxi li am no enotur ismo. “Embora a viticultura nessa região tenha iniciado há muito temp o, há dé c ad as que a c u ltura de videiras foi aumentando REVISTA 100% CAIPIRA | 11


e construindo uma identidade aos vinhos da Campanha Gaúc h a”, c o m e n t a . Como as grandes regiões vit iv inícol as do mundo, el a conta que a região tem desenvolv ido at iv id ades de enotur ismo, cr i ando esp aços de re cep ç ão, degustação e até de enogastronomia e realização de eventos, como o Festival Binacional de Enogastronomia, realizado em Santana do Livramento e River a ( Ur u g u a i ) . Os vinhos da Indicação Geográfica agora reconhecida ref letem a composição das diversas uvas que se adaptaram à região e às condições do clima, do solo e da paisagem, na qual predominam as planícies, cox i l h a s e c e r r o s . “O s d i a s e n s o larados e as temperaturas altas de verão são elementos naturais que inf luenciam a maturação das uvas e deixam suas marcas nas características dos v i n h o s”, d e s t a c a M a u r o C e l s o Z anus, pesquisador da Embrapa responsável pela caracterização sensorial dos vinhos da Campanha Gaúcha.

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Ao longo do des envolvimento do proj eto, foram re a lizadas visitas às vinícolas para conhecer melhor a região e conduzidas sessões de degustações, nas quais as vinícolas apresentavam seus produtos a um grupo dos enólogos que os degustava e avaliava, buscando identificar e destacar elementos característicos. “Esses momentos foram fundamentais para catalogar a produção da região e elaborar o perfil sensorial dos vinhos. Essa base de dados fornece subsídios e i n f o r m a ç õ e s p a r a o s a v a n ç o s”, conta Z anus. A Campanha Gaúcha é considerada uma das melhores regiões do Brasil para o cultivo da videira Controle rigoroso de qualidade Os tipos de vinhos finos contemplados na IP Campanha Gaúcha são os espumantes naturais e os vinhos tranquilos brancos, rosés e tintos, c o m d i f e r e n t e s n u a n ç a s d e c o r,

a r o m a e s a b o r, e x c l u s i v a m e n t e elaborados a partir de cultivar e s d e Vi t i s v i n i f e r a . A produção de uvas deve ocorrer integralmente na área delimitada, atendendo a limites máximos de produtividade por hectare dos vinhedos conduzidos em espaldeira, e atingir padrões de qualidade da uva para poder seguir para v inif ic aç ão. A lém diss o, os v inhos devem atender a padrões analíticos mais exigentes e ser aprovados sensorialmente às cegas por comissão de degust aç ão. O reconhecimento de uma nova Indicação Geográfica “A c o b r a n ç a d o s p r o d u t o res da Campanha Gaúcha por ações de pesquisa na região vem de longa data. Eles me acompanham desde a década d e 1 9 9 0 ”, c o m e n t a J o s é F e r nando da Silva Protas, chefe- g e r a l d a E m b r a p a U v a e Vi n ho. “É imp or t ante dizer que a vitivinicultura da Campanha é totalmente diferente da Serra


Gaúcha, nosso principal refer e n c i a l ”, r e s s a l t a . Tr a b a l h o d e u m a a m p l a r e d e O Projeto da IP Campanha Gaúcha foi coordenado pela E m b r a p a U v a e Vi n h o e c o n t o u com a participação da Embrap a C l i m a Te m p e r a d o , E m b r a p a P e c u á r i a S u l , Un i v e r s i d a d e d e C a x i a s d o S u l ( U C S ) , Un i v e r sidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Empresa de Pe s qu is a Ag rop e c u ár i a e E x tensão Rural de Santa Catarina ( E PA G R I ) , Un i v e r s i d a d e F e d e r a l d o P a m p a ( Un i p a m p a ) , Un i v e r s i d a d e F e d e r a l d e S a n t a Maria (UFSM), Associação de P r o d u t o r e s d o s Vi n h o s F i n o s d a C a m p a n h a G a ú c h a ( Vi n h o s da Campanha Gaúcha), Instit u t o B r a s i l e i r o d o Vi n h o ( I b r a vin), Fundação de Amparo à Pe s qu is a e Desenvolvimento Agropecuário Edmundo Gastal (Fapeg) e Rede de C entros de I n o v a ç ã o e m Vi t i v i n i c u l t u r a Recivitis, mantida pelo convênio entre o Sibratec, Financiadora de Estudo se Projetos (Finep) e o Ministério da Ciê n c i a , Te c n o l o g i a , I n o v a ç õ e s e Comunicações (MCTI). Em 2010, os produtores se reuniram e criaram a Associaç ã o d o s P r o d u t o r e s d o s Vi n h o s Finos da Campanha Gaúcha, com o objetivo de valorizar o território da uva e do vinho da região e novamente retomaram o c o n t a t o c o m a E m b r a p a . “A demanda do setor produtivo organizada por meio de uma associação é o primeiro passo para a Embrapa iniciar um projeto que apoie todas as pesquisas necessárias para caracterizar a região e seus produtos, fatores essenciais para o reconhecimento de uma Indic a ç ã o d e P r o c e d ê n c i a”, c o m e n ta Protas. Sob a liderança do pesquis a d o r d a E m b r a p a S a m a r Ve l h o da Silveira, o projeto “Desenvolvimento da Indicação de P r o c e d ê n c i a ‘C a m p a n h a’ p a r a

v i n h o s f i n o s e e s p u m a n t e s” reuniu 41 pesquisadores e mais 30 colaboradores de dez instituições parceiras, que consolidaram muitas informações sobre a região Silveira destaca como outro importante resultado as inúmeras publicações em periódicos nacionais e internacionais, o desenvolvimento de dissert açõ es de mest rado, tes es de doutorado e ainda uma publicação que conterá um resumo com os dados do projeto e os principais resultados obtidos. “Esses documentos caracterizam essa importante região vitivinícola e apresentam inform a ç õ e s d o s e t o r ”, c o n c l u i . “O s p r o j e t o s d a E m b r a p a são dinâmicos para atender demandas cada vez mais especializadas – hoje temos projetos de apoio às Indicações Geográficas, selecionando leveduras nativas para fortalecer o elo entre o produto e sua orig e m . Ta m b é m e s t a m o s s e l e c i o nando os melhores clones das principais variedades de videira para cada IG. Normalmente trabalhamos com projetos de t r ê s a q u a t r o a n o s d e d u r a ç ã o”, d e c l a r a To n i e t t o ( B r e v e h i s t ó ria das IGs no Brasil). Como são os vinhos da IP Campanha Gaúcha A partir das sessões de análises de laboratório e sensorial realizadas pela equipe do proj eto, o p es quis ador Z anus fe z uma síntese do perfil sensorial dos vinhos da Campanha Gaúcha: - Os vinhos espumantes apresen t a m c o l o r a ç ã o c l a r a ou rosé, são leves, delicados, frescos, de acidez moderada e f á c e i s d e b e b e r. - Os vinhos rosés têm um matiz vermelho-claro ou salmão, são sutilmente frutados, delicados, mas com boa p e r s i s t ê n c i a d e p a l a d a r.

- Os vinhos brancos têm predominantemente um matiz palha ou amarelo-claro. Os aromas são finos, variam conforme o caráter de cada uva: varietal Pinot Grigio (notas de pera), Riesling (notas cítricas), Chardonnay (notas de abacaxi), Sauvignon Blanc (notas tropicais e sutil vegetal) e Gewurztraminer (notas de lichia e rosas). A madeira (carvalho) não é muito presente, para ressaltar os aromas da fruta. No paladar são vinhos leves, e m b o r a o C h a r d o n n a y, m u i tas vezes - conforme o estilo buscado pela vinícola, possa ser mais encorpado, volumoso e intenso. Quase todos têm uma moderada acidez devido às noites quentes de verão, com um bom equilíb r i o d e s a b o r. S ã o v i n h o s predominantemente jovens e f á c e i s d e b e b e r. - Os vinhos tintos também são variados, conforme as uvas empregadas. Predominam aqueles de cor com matiz vivo, rubi-claro, olfato de média intensidade, com notas de frutas maduras, variando do frutado intenso no Te m p r a n i l l o e M e r l o t , c a s s i s no Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, para as notas mais complexas de menta e e s p e c i a r i a s n o Ta n n a t , q u e também pode participar de cortes com as castas tintas. No sabor os vinhos são macios, com acidez moderada, bom corpo e volume. Destaca-se nos tintos o varietal Ta n n a t , u v a q u e a m a d u r e c e por completo e parece ter encontrado excelente adaptação, originando um vinho de coloração intensa, com boa estrutura, de taninos e de acidez, macio e potente, podendo, inclusive, ser envelhecido por mais tempo, quando adquire elevada comp l e x i d a d e d e s a b o r. REVISTA 100% CAIPIRA |13


AGRICULTURA

Juta

Castanhal, 100% sustentável

Fonte: Persona Consultoria de Comunicação

Com mais de 50 anos de atividades, a Castanhal - maior produtora de fios, telas e sacarias com a fibra de juta das Américas - tem sua fábrica sediada na cidade de Castanhal (PA), onde a fibra é processada Na cidade de Manacapuru (AM), a empresa possui um escritório, onde a fibra é recebida após a colheita dos agricultores locais. A juta é cultivada por milhares de famílias ribeirinhas e seu plantio é totalmente integrado ao Bioma Amazônico - é semeada nas várzeas dos rios Amazonas e Solimões, sem necessidade de queimadas ou desmatamento. A fibra de juta é biodegradável e os resíduos do plantio são 100% absorvidos pela natureza, contribuindo para a manutenção da Floresta Amazônica enquanto gera renda para milhares de pessoas, fixando-as na terra de origem e evitando o extrativismo. É no apoio a estas famílias e no suporte ao cultivo sustentável da juta que tem início o trabalho da Castanhal. A Castanhal oferece ao mercado uma matéria-prima de qualidade e ver14 | REVISTA 100% CAIPIRA

sátil, sem a utilização de agrotóxicos, herbicidas ou fungicidas, com adubação natural feita pelo húmus deixado pelas cheias dos rios amazônicos. O processo de amaciamento da fibra de juta não utiliza produtos químicos, pois é realizado com óleos vegetais, a oleína de Palma, procedente da Palmeira. Quando descartada na natureza, a juta é totalmente biodegradável. Sacaria de juta A sacaria de juta é utilizada há séculos como a embalagem mais eficiente para armazenar e transportar grãos de café verde, regulando seus níveis de umidade e preservando os sabores e os aromas do produto. Referência no segmento, facilita o empilhamento e o armazenamento, permitindo controlar a qualidade do café - atra-

vés da checagem de amostras - e monitorar eficientemente os lotes. O Brasil é o maior produtor mundial de café e a sacaria de juta não transfere sabor nem odor para os grãos e faz o controle da umidade. A sacaria de juta da Castanhal recebe a estampa Cafés do Brasil aplicada com tinta à base de água para não contaminar os grãos de café. Possui a classificação Food Grade como ideal para embalar alimentos e a empresa é também integrante da Global Coffee Platform. Livre de hidrocarbonetos e outros químicos e produzida de forma orgânica usando aditivos naturais, a sacaria de juta Castanhal atende às normas da OIC - Organização Internacional do Café e da ICCO - International Cocoa Organization. Está em conformidade com os padrões


internacionais, sendo recomendada pela GCA - Green Coffee Association. Além dos grãos de café verdes, a Castanhal é também a maior fornecedora do país de sacaria para produtos agrícolas como cacau, castanha, tanino e batata, entre outros. Tudo isso confere a Castanhal algumas das principais certificações mundiais: Fairtrade (comércio sustentável, justo e solidário), BCS Öko Garantie (garante que os produtos de juta da Castanhal são compatíveis com os preceitos da agricultura orgânica) e selo Livre de Pesticidas. Flavio Junqueira Smith, Diretor-Presidente da Castanhal, declara: “Acreditamos que as fibras naturais são as que melhor conseguem atender ao desafio da economia circular, além de serem extremamente versáteis, usadas e combinadas nos mais diferentes universos. Para nós, sustentabilidade é DNA, é prática diária. Sempre acreditamos que o ser humano e a natureza são um organismo único, vivo, interdependente. E que uma empresa só vai bem quando entende e considera os aspectos econômicos, sociais e ambientais em todas as suas decisões de negócio. Por isso, para nós só tem um jeito de fazer negócios: juntos. Juntos é um jeito de ver o mundo, de se relacionar, criar produtos, ir além. Juntos é acreditar que a economia circular é a melhor forma de produzir, consumir, reutilizar. Juntos é como fazemos escolhas; considerando o meio ambiente, o ser humano e a perpetuação de nossa Marca”. “A Castanhal é a maior empresa de soluções em economia circular das Américas. Essa é a nossa paixão, por isso investimos constantemente em pessoas, processos produtivos, novos usos e aplicações de fibras naturais, parcerias e comunidades do entorno”, conclui o dirigente. Nos últimos anos, com a valorização crescente de materiais sustentáveis pelo consumidor contemporâneo, a Castanhal vem realizando um trabalho de transversalidade com outras empresas e designers para expandir a utilização da juta em outros segmentos como vestuário, calçadis-

ta, acessórios e decoração, que vêm se somar aos setores de agricultura, artesanato, moveleiro,construção civil e jardinagem, entre outros. Moda Um momento marcante dessa nova estratégia foi a coleção da estilista Flavia Aranha, apresentada no São Paulo Fashion Week 47, apresentando o resultado de um trabalho pioneiro de utilização de duas telas em juta da Castanhal tradicionalmente usadas em outros segmentos, nas quais a estilista realizou uma interferência criativa: a Arraiolo, usada tradicionalmente na confecção de tapetes e outros itens de decoração, e a I-33, utilizada em decoração, bolsas, cintos e afins. Reconhecida como referência em moda sustentável no Brasil, Flavia é especialista em tingimento natural e na utilização de materiais orgânicos em suas coleções. Celia Pinho, Coordenadora de Marketing da Castanhal, avalia: “O resultado do experimento realizado pela Flavia Aranha, que conferiu novo toque e leveza às bases, abriu um viés para novas utilizações da juta, que veio para ficar pois a moda valoriza cada vez mais seus diferenciais de sustentabilidade”. SENAI CETIQT A Castanhal e o SENAI CETIQT desenvolveram, em parceria, em 2019, um laboratório de experimentação para utilização dos tecidos feitos com a fibra de juta para o vestuário do dia a dia, apresentando soluções sustentáveis, ecológicas e 100% biodegradáveis para o universo da moda. O concurso Juta - Fibra Sustentável na Moda lançou o desafio aos alunos para criar ideias inovadoras com o uso da juta e transformar em peças versáteis, práticas, funcionais e atraentes, oferecendo sustentabilidade na moda, de forma verdadeiramente AMAZÔNICA. As duplas foram compostas por alunos dos cursos de Estilismo,

Design de Moda, Produção de Vestuário, Gestão de Planejamento e/ ou Técnico em Vestuário. Durante o período de desenvolvimento dos produtos, os alunos selecionados receberam um coaching para aprimoramento técnico de suas habilidades, com o apoio dos consultores do LABdo Instituto SENAI CETIQT. A dupla vencedora, formada por Amanda Brêtas e Flavia Tampeli, ganhou uma viagem para visitar a fábrica da Castanhal no Pará para conhecer um pouco mais sobre o processamento da juta. A visita foi realizada no período de 2 a 6 de março de 2020 e as estudantes foram acompanhadas pela Coordenadora de Marketing da Castanhal, Célia Pinho, que viajou com elas até a cidade de Castanhal, no Pará, na segunda-feira (02 de março). Inspiramais Há três edições, a Castanhal um dos destaques do Inspiramais, único salão de inovação e design de materiais da América Latina, que reúne fabricantes nacionais e internacionais de insumos diversos para o segmento calçadista. Na edição realizada nos dias 14 e 15 de janeiro de 2020, a Castanhal destacou no evento o lançamento da fibra de juta como a Tela V7,com trama e urdume com o fio 7 lbs, que promove um tecido mais uniforme e fechado, mais adequado para a impressão de estampas, menor desfiamento ao corte, toque mais suave e que viabiliza o desenvolvimento de artigos mais elaborados e recortados para uso em cabedais e acessórios. “A Tela V7 é um lançamento que busca atender as exigências dos clientes de um dos segmentos mais importantes da indústria, o calçadista, que busca, a cada estação inovação, matérias-primas sustentáveis e ao mesmo tempo tecnológicas. Além disso, nosso portfólio de produtos é focado em artigos sustentáveis e ecologicamente corretos, esse é o DNA da Castanhal”, declara Mauricio Vasques, Gerente Comercial e Marketing da Castanhal. REVISTA 100% CAIPIRA | 15


FRUTICULTURA

Produção das principais frutas estabiliza em 43 milhões de toneladas Área de 2,058 milhões de hectares foi destinada ao plantio de 21 frutas A maioria dos pomares de frutas de importância econômica foi pouco afetada pelas condições ambientais em 2019. O clima no geral contribuiu para a produtividade e a qualidade das frutas nacionais, avalia Eduardo Brandão, diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas). A entidade prevê que a produção de frutas tenha sido de 43 milhões de toneladas em 2019. Ele acrescenta que esse volume é estável, com pequena previsão de queda. O ano marcou a recuperação a partir dos problemas climáticos enfrentados nos últimos anos em áreas importantes da fruticultura, como o Vale do São Francisco. O total de 19 espécies de frutíferas produziram 37,28 milhões de toneladas, com redução de 147,217 mil toneladas em 2018, de acordo com a Pesquisa Agrícola Municipal (PAM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em setembro de 2019. Esse volume não inclui a colheita de 1,564 bilhão de cocos-da-baía e 1,767 bilhão de abacaxis. Laranja e banana são as mais representativas, com os respectivos volumes de 16,713 milhões de toneladas e 6,752 milhões de toneladas. O terceiro maior volume foi o de melancia, com 2,24 milhões de toneladas. As 21 frutas de lavouras permanentes e temporárias totalizaram R$ 36,34 bilhões em 2018, com acréscimo de R$ 390,543 milhões em relação ao valor do ano anterior, segundo a pesquisa do IBGE. A colheita de 16,713 milhões de toneladas de laranja continuou responsável pelo maior valor da produção de R$ 9,450 bilhões do total em 2018. A 16| REVISTA 100% CAIPIRA

segunda maior receita, de R$ 6,975 bilhões, foi obtida com a oferta de 6,752 milhões de toneladas de banana. O açaí registrou o terceiro maior faturamento, de R$ 3,265 bilhões, com 1,510 milhão de toneladas, o quinto lugar em volume. As diversas espécies da fruticultura estão presentes em todos os estados brasileiros. A área plantada com os 21 tipos de frutas somou 2,058 milhões de hectares em 2018, com 54.851 hectares a menos do que no ano anterior. O Estado de São Paulo liderou com o plantio de 521.124 hectares, seguido por Pará, com 286.490 hectares; Bahia com 246.569 hectares; Rio Grande do Sul, com 145.877 hectares; e Minas Gerais, com 126.269 hectares. FUTURO Nos próximos anos, a laranja, com a produção estimada em 15,8 milhões de toneladas para a safra de 2018/19, deverá crescer 0,5% ao ano. Se o índice se confirmar, o volume da fruta poderá chegar a 16,8 milhões de toneladas no ciclo 2028/29. A expectativa é de que a área plantada diminua 24,4% no período. O plantio atual de 558 mil hectares deverá recuar para 422 mil hectares. Os dados são do estudo Projeções do Agronegócio, Brasil 2018/19 a 2028/29, da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento e da Secretaria de Inteligência e Relações Estratégicas da Embrapa, atualizados em julho de 2019. O laranjal perde espaço no Estado do São Paulo, principal produtor do País. De 723 mil hectares em 1990, passou para 378 mil hectares em 2019. A área

regride em todos os estados produtores da fruta, como Bahia e Minas Gerais. O Brasil continua como o terceiro maior produtor de frutas do mundo, mesmo com a produção estável. China e Índia respondem pelo primeiro e segundo lugar, respectivamente. O brasileiro segue consumindo a média de cerca de 58 quilos de frutas por ano, segundo o diretor da Abrafrutas, Eduardo Brandão. O consumo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 140 quilos por ano. Ele destaca que a crise econômica afeta a demanda de frutas. As classes C, D e E priorizam a compra de proteínas e grãos, em detrimento de frutas e hortaliças. A diversidade de frutas consumidas é reduzida pelas classes A e B. SALDO POSITIVO O embarque de frutas do País é considerado baixo pelos exportadores, diante da oferta in natura. O ano de 2019 fechou com o envio de 1,006 milhão de toneladas de frutas frescas ou secas, preparadas ou conservadas, e de nozes e castanhas, de acordo com o sistema Agrostat do Mapa. O valor das vendas chegou a US$ 1,018 bilhão. Esses resultados superaram os obtidos em anos anteriores. “O desempenho positivo foi beneficiado pelo câmbio favorável, sólido trabalho de promoção no mercado externo e pela abertura de novos mercados”, aponta Eduardo Brandão, diretor executivo da Abrafrutas. A expectativa é crescer à média de 5% ao ano. A manga e o melão mantiveram-se entre as frutas mais exportadas em 2019. Além disso, as vendas externas


dessas duas frutas superaram as do ano anterior. O maior envio foi o de manga, com 227,573 mil toneladas e de US$ 221,913 milhões. Enquanto o melão registrou o maior valor de US$ 251,641 milhões, com o embarque de 160,389 mil toneladas. A importação de frutas ficou em 497,020 mil toneladas e US$ 662,061 milhões no ano. Desde 2016, as compras externas estão diminuindo. A balança comercial foi favorável às exportações em US$ 356,142 milhões neste ano de 2019. Floresta ampliada Brasil registrou 9,9 milhões de hectares plantados com árvores para fins comerciais em 2018, com aumento de 1,3%, ou de 131,8 mil hectares Recurso: Silvicultura totalizou R$ 16,3 bilhões em 2018, com alta de 11,1% As florestas plantadas respondem por 91% de toda a madeira produzida no Brasil para fins comerciais. O restante, 9%, é fornecido pelas florestas naturais, de acordo com manejo legal. A área plantada somou 9,9 milhões de hectares em 2018, com 1,3% de acréscimo, ou de 131,8 mil hectares, em relação ao ano anterior. Os dados são da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As espécies de eucalipto e de pinus são as mais plantadas, ocupando 96,3% da área total. A maior floresta, de 7,5 mil hectares, foi a de eucalipto, equivalendo a 76,2% do todo. A espécie também é a mais utilizada na produção madeireira. Na indústria de papel e celulose, o eucalipto serve para a produção de celulose de fibra curta, utilizada na elaboração de papéis, como os de imprimir, escrever e para fins sanitários. A madeira de pinus serve para gerar a celulose de fibra longa, usada na produção de papel de qualidade superior e que demanda maior resistência. A região Sul concentrava 35,2% da área de floresta plantada no País em 2018. No entanto, segundo a pesquisa do IBGE, a ampliação da área ocorreu principalmente no Sudeste, com 96,6 mil hectares a mais ao final de 2018. O Estado de Minas Gerais seguiu registrando a maior área florestal plantada do País, superando os 2 milhões de hectares, 3,3% a mais no ano, sendo quase tudo com eucalipto. A segunda maior área, de 1,5

milhão de hectares, está situada no Estado do Paraná, dos quais 54,3% são destinados ao desenvolvimento de pinus. A produção da silvicultura resultou em R$ 16,3 bilhões em 2018, com alta de 11,1% em relação ao valor do ano anterior. O setor registrou alta pelo terceiro ano consecutivo. A produção de madeira destinada a elaboração de celulose foi a que gerou o maior valor da silvicultura, com 31,3% de participação, equivalente a R$ 5,1 bilhões. A ampliação da capacidade de algumas plantas de processamento de celulose, em 2017 e 2018, teve como consequência o aumento de 6,3% na produção de tora destinada a esta indústria. A produção de madeira em tora para outras finalidades representou 28,2% do total gerado pelo setor, somando R$ 4,6 bilhões, com alta de 5,3%. As outras finalidades correspondem à produção de madeira para a construção naval, indústria moveleira, construção civil, fabricação de pallets, painéis e chapas de madeira, pisos laminados, postes e mourões, entre outros produtos. Não inclui a produção de papel e celulose e para fins energéticos. Houve queda apenas na produção de lenha (-4,2%), com redução de 4,6% no valor. Parte deste resultado é decorrência do aumento de 18,9% na produção de carvão vegetal, outro produto de origem florestal utilizado para fins energéticos. De acordo com a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), a expectativa era de que o desempenho do setor silvicultor seria positivo em 2019. Os associados da entidade são dos segmentos de pisos e painéis de madeira, papel, celulose, madeira serrada e carvão vegetal. Responderam pelo plantio de 7,83 milhões de hectares em 2018, do total brasileiro de 9,9 milhões de hectares. Dessa área, 5,7 milhões de hectares foram plantados com eucalipto, 1,6 milhão de hectares com pinus e 590 mil hectares com outras espécies, como seringueira, acácia, teca e paricá. A receita do setor de árvores cultivadas ficou em R$ 86,6 bilhões em 2018, com aumento de 13,1% em relação ao ano anterior, conforme a IBÁ. As exportações foram de US$ 12,5 bilhões, 24,1% além do valor obtido em 2017. Com região de abrangência de cerca de

1.000 municípios em 23 estados, o segmento desempenha papel importante na geração de oportunidades e na transformação de vidas. A geração de empregos diretos cresceu quase 1% em 2018, para 513 mil vagas, impactando 3,8 milhões de pessoas direta e indiretamente. O setor de árvores plantadas contribui para o desenvolvimento socioeconômico e a dinamização da economia local. A FORÇA DOS SEGMENTOS O Brasil consolidou-se como o segundo maior produtor de celulose do mundo em 2018, apenas superado pelos Estados Unidos (EUA). O volume de celulose atingiu 21,1 milhões de toneladas, 8% a mais do que o registrado em 2017. A exportação alcançou 14,7 milhões de toneladas, com 11,5% de aumento em relação ao ano anterior. O consumo interno atingiu 6,5 milhões de toneladas, com a importação de 180 mil toneladas. No ranking mundial, o País seguiu como o oitavo maior produtor de papel, com 10,4 milhões de toneladas em 2018, com 0,4% de retração em comparação ao ano anterior. O motivo dessa redução foi o recuo da exportação, que ficou 4,6% abaixo do volume registrado em 2017. A oferta de painéis de madeira reconstituída foi de 8,2 milhões de metros cúbicos no ano, com alta de 2,8%. Esse avanço foi impulsionado pelo consumo interno e pela desvalorização do real frente ao dólar. O segmento brasileiro de painéis de madeira permanece em oitavo lugar na lista dos maiores produtores do mundo. Os preços nominais dos produtos de base florestal, em sua maioria, apresentaram aumentos em 2018 em relação ao ano anterior, avaliou a associação. A valorização esteve relacionada com o bom momento das indústrias do setor de celulose e papel e com a desvalorização do real frente ao dólar, o que possibilitou o aumento do volume e do preço da madeira serrada, dos painéis de madeira e dos compensados brasileiros no mercado externo. Com relação ao carvão vegetal, o aumento de preço foi favorecido pela leve recuperação apresentada pelo setor siderúrgico em Fonte: EDITORA GAZETA 2018. REVISTA 100% CAIPIRA |17


CAPRINOS E OVINOS

Erva-de-ovelha é boa opção para alimentação animal no Semiárido

Fonte: Embrapa Caprinos e Ovinos

Estudos da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE) indicam que a leguminosa forrageira popularmente conhecida como erva-de-ovelha (Stylosanthes humilis) tem potencial para incrementar a produção animal no Semiárido brasileiro 18| REVISTA 100% CAIPIRA


Presente em quase todos os estados do Nordeste, além de Amazonas, Pará, Goiás, Mato Grosso e sudeste de Minas Gerais, é uma boa alternativa para a alimentação dos rebanhos caprinos, ovinos, bovinos, equinos e muares porque possui alto valor nutritivo e garante o aporte de proteína de que os animais necessitam, além de auxiliar na fixação de nitrogênio no solo, tornando-o mais fértil. Na Região Nordeste, a erva-de-ovelha ocorre em quase todos os estados, nos chamados tabuleiros, que são áreas naturalmente abertas dentro da vegetação da Caatinga. Nelas predominam os planossolos, solos que apresentam média e baixa fertilidade e normalmente encharcam com facilidade e apresentam fissuras após secar, em virtude da elevada quantidade de argila. O zootecnista da Embrapa Caprinos e Ovinos Éden Fernandes afirma que a planta tem grande importância para a produção animal, principalmente nos sistemas extensivos. “Ela é um componente-chave dessa atividade em uma região que tem um volume anual de chuvas muito baixo, mesmo para os padrões nordestinos, como é o caso do município de Irauçuba (CE)”, explica. Experimentos na década de 1990 O engenheiro agrônomo Fabiano Carvalho, professor do curso de Zootecnia da Universidade Vale do Acaraú (UVA), também acredita na importância da espécie para a pecuária na região semiárida. “Claro que existe hoje uma degradação muito grande, são quase 500 anos de exploração principalmente pela pecuária, então as principais forrageiras desapareceram.” Ele conta que, na década de 1990, foram feitos dois experimentos com a erva-de-ovelha. No primeiro, foi feita a exclusão de algumas áreas praticamente desertas, sem nenhuma vegetação, para impedir o acesso dos animais. Nelas foram plantadas outras espécies nativas como jurema-preta, sabiá, catingueira e pau-branco. Na segunda experiência, houve apenas a separação sem a introdução de outras plantas. Após dois anos, o primeiro experimento resultou na recomposição da vegetação dessas áreas que estavam

praticamente limpas; no segundo, observou-se elevado crescimento apenas da erva-de-ovelha nas áreas separadas, atingindo de 20 cm a 30 cm de altura. Carvalho conclui que o superpastejo, elevado número de animais por hectare, é um dos maiores problemas da pecuária na região. Desconhecida dos produtores Mas, apesar de seu valor para a pecuária da região, a herbácea nem sempre é reconhecida pelos agricultores e alguns até ignoram sua existência. Francisco das Chagas de Souza, 45, é agricultor da comunidade Pé de Serra Cedro, em Sobral (CE). Ele mora na comunidade desde que nasceu e afirma que somente há cerca de seis anos observou a existência da erva-de-ovelha. “Ela se alastrou no nosso campo de futebol e os animais gostaram muito. Quando o gado começou a comer foi que começamos a reparar nela. Oito dias depois das primeiras chuvas, o campo já vira um tapete verde. Se deixarmos, chega a 30 cm. Dependendo das chuvas, em 15 dias já está no ponto de o animal pegar. A gente acredita que o animal come e faz bem porque mesmo os bezerros novos comem e nunca tiveram nenhum problema, como tosse ou diarreia”, complementa. O zootecnista Éden Fernandes explica que não existem relatos na literatura científica sobre danos aos animais causados pela erva-de-ovelha. “Por isso, podemos afirmar que a planta não é tóxica”, garante. A erva-de-ovelha é resistente ao pisoteio, à seca, a solos encharcados e a solos ácidos. Não tolera fogo e frio e precisa de um índice pluviométrico variando de 400mm a 1.500 mm para completar seu ciclo, dependendo da localização e tipo de solo. O crescimento e o desenvolvimento dessa espécie estão associados ao regime de chuvas. Ela floresce com as águas e no período de estiagem fecha seu ciclo lançando as sementes no solo como uma forma de se perpetuar de um ano para o outro. Os pesquisadores comprovaram que é uma forrageira muito produtiva, especialmente para a pecuária leiteira. Não apresenta uma produção elevada de biomassa porque ocorre em pequenas manchas de solo. Segundo Carvalho, é

diferente das cultivadas, como Mineirão e Campo Grande, que preferem solos de textura média, um pouco mais arenosos, e têm produção muito elevada, chegando a seis toneladas por hectare. “Em Irauçuba, quantificamos que o total de matéria seca por hectare fica em torno de 1.600 kg, no máximo, nos tabuleiros. Existe essa limitação porque normalmente são áreas de pastejo extensivo”, explica. Manejada com adubação correta, a erva-de-ovelha responde bem, melhora a produção, índices proteicos e a digestibilidade. Ela atende à necessidade de proteína dos animais, fornecendo de 20% a 22% do necessário, dependendo do estágio em que se encontra (à medida que vai secando, o teor de proteína diminui), assim é considerada uma boa leguminosa para a produção de leite. O professor acrescenta que o importante é que a herbácea produza sementes, caso contrário, no ano seguinte a produção será menor. Por isso, o agricultor deve evitar “limpar” o terreno por meio da queima da vegetação, o que causa a diminuição do banco de sementes. Manejo adequado melhora a produtividade A produção de matéria seca da erva-de-ovelha é pequena, segundo o professor, em virtude da degradação do solo causada pelo pastejo intensivo, queima das áreas e erosão. Esses fatores resultam na diminuição da fertilidade do solo, que já é baixa nas áreas onde a espécie ocorre. Mas, se manejada com adubação correta, responde bem, melhora a produção, índices proteicos e digestibilidade. O produtor pode fazer a adubação orgânica, usando o esterco do gado, cabra e ovelha. O processo deve ser feito no período chuvoso para que a matéria orgânica possa se degradar e liberar os nutrientes no solo. A recomendação geral é de duas a quatro toneladas de esterco anuais por hectare, dependendo das áreas. A orientação deve ser dada por um técnico que conheça a região, uma vez que cada propriedade é única, com características próprias. Outra indicação é a rotação de animais de diferentes espécies na mesma área, porque cada uma apresenta hábitos de pastejo diferentes. REVISTA 100% CAIPIRA | 19


CLIMA

Monitor de Secas apon com seca e da severid Minas Gerai Entre fevereiro e março, houve uma redução da área com seca grave no estado, exceto na região do Jequitinhonha, onde o fenômeno se agravou. Área total com seca também diminuiu em Minas Fonte: Agência Nacional de Águas (ANA)

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nta redução das áreas dade do fenômeno em is em março A última atualização do Monitor de Secas aponta que, em Minas Gerais, as chuvas de março fizeram com que a severidade da seca e as áreas com o fenômeno no estado diminuíssem em comparação a fevereiro. No estado foram observados valores de chuvas acima da média, exceto no Triângulo Mineiro e no sul e sudoeste de Minas, que ainda possuem áreas com seca grave. Em comparação a fevereiro, houve a redução das áreas com seca e a gravidade do fenômeno no estado. Com base nos indicadores, houve o fim da seca fraca na faixa oeste do estado entre o Triângulo Mineiro e o noroeste. Outro destaque foi a regressão da seca grave para seca moderada no norte e no noroeste de Minas, enquanto no extremo nordeste do estado (Jequitinhonha), próximo à divisa com a Bahia, houve piora na condição de seca, passando de moderada para grave. Os impactos associados à seca em Minas Gerais sofreram alterações no norte do estado, passando a ser apenas de longo prazo. Em março deste ano aconteceram chuvas acima da média no Nordeste, com acumulados superiores a 100mm em relação à média em grande parte dos estados nordestinos. No Espírito Santo, Minas Gerais e Tocantins as chuvas variaram de normal a um pouco acima da média histórica para o mês. Como resultado das precipitações, os 12 estados acompanhados pelo Monitor de Secas tiveram redução da gravidade e/ou das áreas com seca. Por outro lado, em alguns pontos do noroeste e centro do Maranhão, sudeste do Piauí, litoral e Zona da Mata de Pernambuco, além do litoral sul da Bahia foram registradas chuvas abaixo do esperado para o mês. O mesmo aconteceu em março no centro de Tocantins, Tri-

ângulo Mineiro e sul de Minas Gerais. Com as chuvas de março, o Monitor de Secas registrou uma redução das áreas com seca no Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Piauí, Rio Grande do Norte e Tocantins. No caso do Espírito Santo, o estado não registra nenhuma área com seca. Também houve a redução da gravidade das secas que acontecem em Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins. O Monitor de Secas tem uma presença cada vez mais nacional, abrangendo os nove estados do Nordeste, Espírito Santo, Minas Gerais e Tocantins. Os próximos estados a se juntarem ao Monitor serão Goiás e Rio de Janeiro, que já estão em fase de testes e treinamento de pessoal. Esta ferramenta realiza o acompanhamento contínuo do grau de severidade das secas no Brasil com base em indicadores de seca e nos impactos causados pelo fenômeno em curto e/ ou longo prazos. Os impactos de curto prazo são para déficits de precipitações recentes nos últimos 1 a 6 meses. Para secas acima de 12 meses, os impactos são de longo prazo. O Monitor vem sendo utilizado para auxiliar a execução de políticas públicas de combate à seca e pode ser acessado tanto no site quanto pelo aplicativo Monitor de Secas, disponível gratuitamente para dispositivos Android e iOS. Clique aqui para verificar a situação de fevereiro de 2020 em todos os estados com o Monitor de Secas.

de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME), e desenvolvido conjuntamente com diversas instituições estaduais e federais ligadas às áreas de clima e recursos hídricos. Em Minas Gerais, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) é o órgão que atua no Monitor de Secas. Por meio da ferramenta é possível comparar a evolução das secas nos 12 estados a cada mês vencido. O serviço tem como principal produto o Mapa do Monitor, construído mensalmente a partir da colaboração dos estados integrantes do projeto e de uma rede de instituições parceiras que assumem diferentes papéis na rotina de sua elaboração. Em operação desde 2014, o Monitor de Secas iniciou suas atividades pelo Nordeste, historicamente a região mais afetada por este tipo de fenômeno climático. No fim de 2018, com a metodologia já consolidada e entendendo que todas as regiões do País são afetadas em maior ou menor grau por secas, foi iniciada a expansão da ferramenta para a inclusão de estados de outras regiões. Em novembro de 2018 e em junho de 2019, Minas Gerais e Espírito Santo foram incorporados. O Monitor de Secas foi concebido com base o no modelo de acompanhamento de secas dos Estados Unidos e do México. O cronograma de atividades inclui as fases de coleta de dados, cálculo dos indicadores de seca, traçado dos rascunhos do mapa pela equipe de autoria, validação dos estados envolvidos e divulgação do mapa final. A metodologia utilizada no processo faz com que O Monitor de Secas o mapa do Monitor indique uma seca relativa, ou seja, as categorias de seca em O Monitor de Secas é coordenado uma determinada área são estabelecipela Agência Nacional de Águas (ANA), das em relação ao próprio histórico da com o apoio da Fundação Cearense região. REVISTA 100% CAIPIRA |21


ANÁLISE DE MERCADO

Os mitos e verdades sobre a r para o peque As novas tecnologias na agricultura têm sido

geral, para auxiliá-los em diversos aspectos em

insumos aplicados durante o de

Fonte: CDI Comunicação

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rastreabilidade de alimentos eno produtor cada vez mais eficientes para produtores, em

m suas culturas - principalmente no controle de

esenvolvimento das plantações Podemos dizer que gradativamente, para dar mais transparência e atender as exigências legais, os registros em papel serão substituídos a fim de permitir que os consumidores de frutas, verduras e legumes tenham inclusive informações sobre todo o processo de produção. Com a publicação da legislação de rastreabilidade para frutas, legumes e verduras frescos, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e as atividades de fiscalização, inclusive, com proposições para assinatura de Termo de Ajuste de Conduta (TAC) junto ao Ministério Público, nos deparamos com uma carência de informação. Com isso, diversos mitos a respeito do assunto são criados e difundidos. Bárbara Mangiaterra, bióloga, doutora pela Universidade de São Paulo (USP) e CEO da CompartVeg, consultoria especializada em capacitação para pequenos, médios e grandes produtores, esclarece quatro questões-chave sobre a rastreabilidade de alimentos: • Apenas grandes produtores precisam adotar a rastreabilidade? MITO. Muitos produtores de pequeno porte acreditam que somente os grandes devem adotar o sistema de rastreabilidade. Porém, vale lembrar que a normati-

va, aprovada em 2018 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), já está em vigor para a maioria das culturas. Faltam apenas poucas culturas. • A necessidade da rastreabilidade contribui para um objetivo global? VERDADE. A lei de rastreabilidade trabalha com três princípios fundamentais: maior oferta, melhor qualidade e menor impacto ambiental, que são a base para o desenvolvimento de cadeia produtiva de alimentos. Por isso a obrigatoriedade tem fundamento, já que que contribui para a segurança de alimentos e sustentabilidade. Desta forma, é possível saber quem de fato produz o alimento e as nossas ações podem se voltar para esse público, principalmente no sentido de capacitação. • A rastreabilidade do alimento não é apenas um diferencial para o consumidor? VERDADE. A rastreabilidade é um diferencial para quem produz, já que dá identidade e, com isso, confiança. Além disso, conhecendo quem está na linha de frente da produção de alimentos podem ser traçadas diversas ações para que possamos comer melhor a cada dia. • É importante conter todas as informações nos rótulos? MITO. A norma estabelecida reforça a determinação

da identificação do produto e do produtor, por isso, a colocação do rótulo é uma exigência. Porém, algumas das informações exigidas podem estar em outros documentos, como a nota fiscal, desde que seja possível através das informações do rótulo ter acesso a esses documentos. Não só os pequenos produtores, como os médios e grandes, algumas vezes, não inserem na embalagem de seus produtos todos os dados para rastreabilidade. • Uma etiqueta que permite conhecer a origem do produto é suficiente para o produtor? MITO. Muitos não registram os insumos utilizados e a legislação de rastreabilidade, assim como outros diplomas legais exigem que o produtor registre os insumos aplicados. Na IN 02 é exigido ainda que os consolidadores, quem compra produtos de diferentes origens e forma lotes consolidados, mantenham essas informações, ou seja, o caderno de campo dos produtores. Bárbara ressalta que “o pequeno agricultor, muitas vezes, se caracteriza pela atividade rural familiar, vital para o agronegócio brasileiro. E uma de suas dificuldades é ter pouca aproximação com as ferramentas tecnológicas. Por isso, é fundamental apresentar ferramentas tecnológicas acessíveis e orientarmos esse público de forma didática”. REVISTA 100% CAIPIRA | 23


PREÇOS AGRÍCOLAS

Qualidade da uva e preço pago ao produtor ajudam a compensar perdas pela estiagem Por causa da estiagem,

não

foi nem de perto o melhor ano de colheita da Fonte: EMATER-RS

Finalizada a safra de uva no Estado, a opinião dos produtores é quase unânime: por causa da estiagem, não foi nem de perto o melhor ano de colheita da fruta, mas ao menos há a compensação de que o preço pago ao viticultor pela uva que “vingou” foi mais alto do que o do ano anterior. “Nesse sentido, a safra foi caracterizada pela forte influência das variações climáticas, um tipo de panorama que interferiu de forma positiva na qualidade da uva, que teve ótima sanidade, garantia de cor, aroma e sabor, além de alto grau de concentração de açúcares”, salienta o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Derli Bonine, Instituição parceira da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr). Como fatores decisivos nesse sentido, Bonine cita os altos índices de chuvas e longos períodos de ausência de insolação nos meses de outubro e novembro, período de polinização das flores, e a forte deficiência hídrica de dezembro do ano passado até março último. “Como consequência, na maioria das variedades, o produtor teve de lidar com a incidência de cachos ralos e o baixo calibre 24 | REVISTA 100% CAIPIRA

das bagas, o que, como um todo, comprometeu a produtividade”, ressalta o agrônomo. “Mas a qualidade da uva que resistiu gerou um efeito compensatório, especialmente para quem comercializa para sucos e vinhos”, avalia. É o caso do agricultor Azis Ferrari, da localidade de Linha Emília, em Dois Lajeados. Produtor de uvas desde 1993, viu a safra despencar de 170 toneladas em 2018/2019 para 110 toneladas em 2019/2020, nos 6,25 hectares de parreiras plantados, em que trabalha ao lado da esposa e da filha. “Mas a ótima qualidade da fruta, também vendida em menor abundância, fez o preço saltar de R$ 0,93 para R$ 1,20 o quilo o que, em partes, compensou, ainda que não tenha coberto totalmente as perdas”, avalia. Com a uva indo toda para a indústria de sucos, Ferrari garante nunca ter passado por isso antes. “Nem com granizo houve esse tipo de perda”. Como efeito da safra, Bonine destaca ainda que a uva doce e com ótima sanidade deverá se refletir na ótima qualidade dos derivados de uva, como sucos e vinhos. “No vinho, por exemplo, haverá mais cor, aroma, sabor e maior

fruta

grau de álcool, que é o que conserva o produto ao longo do tempo”, enfatiza. Na região alta do Vale do Taquari, as uvas produzidas resultam em cerca de dois milhões de litros de vinho. “Já a uva cultivada em Dois Lajeados é praticamente toda convertida em sucos por indústrias na Serra gaúcha”, completa o agrônomo. Na região, cerca de 600 famílias de dedicam a este cultivo para fins comerciais. Numa análise geral da safra no Estado, o extensionista pondera que a estimativa inicial para a safra de 2019/2020, considerando a uva para fins comerciais, era de 915 mil toneladas colhidas. “No entanto, a redução foi de 20% desse volume, resultando num total de 732 mil toneladas nos 44 mil hectares plantados”, pontua. Ainda assim, num comparativo com o impacto negativo da safra 2018/2019, Bonine diz acreditar que o produtor tem mesmo motivos para comemorar. No ano passado, na mesma área, por efeito do granizo que comprometeu parreirais na Serra gaúcha, foram colhidas apenas 614 mil toneladas. “Número que também ficou aquém do esperado”, finaliza.


GESTÃO

Controle

Crédito: JM Alvarenga Divulgação

Leiteiro oficial auxilia no gerenciamento do rebanho

Fonte: Assessoria de Comunicação da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando)

Superintendente Técnico da Gadolando salienta que a iniciativa permite a valorização dos animais de alta produção O controle das informações referentes ao rebanho e produção de leite possibilita ao produtor melhor adequação na tomada de decisão, melhorando indicadores de produção, interferindo diretamente na eficiência da propriedade rural. A busca por ferramentas que cumpram o objetivo de controle, com dados relevantes ao produtor e que sirvam de parâmetro para possíveis ajustes de manejo, é importante para facilitar o levantamento de dados produtivos da propriedade. O Controle Leiteiro é uma ferramenta que possibilita, além de controlar e registrar as produções dos seus animais e saber a qualidade do leite produzido pela propriedade, medindo percentuais de proteína, gordura e Contagem de Células Somáticas, garantindo a qualidade do produto, quando realizado regularmente com todos os animais da propriedade torna-se uma ferramenta de alto potencial para o melhoramento do rebanho, em parâmetros produtivos e genéticos. Segundo o superintendente técnico da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gado-

lando), José Luiz Rigon, uma das formas de utilização dessa ferramenta é através do relatório de produção mensal, separar aqueles animais de produção superior, e com planejamento adequado, permitir a esses animais tratamento alimentar de melhor qualidade, explorando ao máximo seu potencial produtivo. “E essa divisão de lotes, pode se dar não só em relação ao quantidade de leite, mas também um função do percentual de sólidos produzidos, dependerá do objetivo da propriedade”, destaca. De acordo com Rigon, esse método de controle, através do controle leiteiro dos animais, permite a valorização dos animais de alta produção, pois só com o controle leiteiro é que se consegue dar as garantias de produção dos animais, tanto em quantidade como em qualidade, permitindo assim, maior valor agregado à venda de animais e produto final. Além disso, o produtor consegue oferecer animais a venda com comprovada produção, facilitando a decisão do comprador. A Gadolando disponibiliza para seus sócios uma ferramenta para auxílio no controle zootécnico da propriedade, permitindo o registro de todos os ani-

mais da raça holandesa no software, assim como o registro dos principais eventos que ocorrem na propriedade, como nascimentos, coberturas e prenhez, baixas por venda e mortalidade, cadastro de ocorrências, além da elaboração de relatórios de classificação linear, pontos críticos, controle leiteiro e percentual de vacas em lactação em relação ao rebanho total. “O software Web +Leite, oferecido aos sócios da Gadolando, além da inclusão dos animais com registro genealógicos, é possível obter os relatórios de Controle Leiteiro realizado pela associação”, observa Rigon. O superintendente técnico da Gadolando explica que a partir da inscrição do produtor na entidade, mensalmente há a visita técnica do Inspetor de Registros na propriedade medindo a produção do leite e coletando amostras para análise laboratoriais. “Após as visitas as amostras são levadas aos laboratórios parceiros e após os resultados serem entregue a associação, esses dados são validados e inseridos no cadastro do produtor no Web+Leite, e fica disposição do produtor, além de serem inseridos no Pedigree do animal”, observa. REVISTA 100% CAIPIRA |25


EM TEMPOS DIFÍC NO AGRO PA

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CEIS HÁ SEMPRE UM GUERREIRO ARA ABASTECER O BRASIL

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EQUINOS

Boas práticas: manejo, nutrição, saúde e bemestar do cavalo Não há transmissão do Covid19 para este tipo de animal Fonte: LN Comunicação

Nos últimos 20 a 30 anos houve uma maior conscientização sobre a importância da nutrição, manejo e saúde dos equinos, além da interação homem-animal. Se toda engrenagem não estiver em sintonia, o animal pode desencadear estresse e outras mudanças de comportamento, resultando negativamente em seu desempenho. E uma peça fundamental neste jogo são os tratadores, 28 | REVISTA 100% CAIPIRA

treinadores, além de médicos veterinários, entre outros profissionais. Aliás, é importante esclarecer que não há evidências de disseminação entre cavalos e humanos. “O coronavírus equino causa doença entérica ou gastrointestinal no cavalo. Não há qualquer evidência que o coronavírus equino represente uma ameaça de transmissão para o ser humano ou que o COVID-19 seja trans-

mitido para eles. Mas, se o tratador, ou qualquer funcionário da propriedade for portador do Covid-19, deve manter distância do ambiente de trabalho para proteger sua vida e das demais pessoas que estejam no mesmo espaço de convivência”, ressalta a médica veterinária e assistente técnica de equinos da Guabi Nutrição e Saúde Animal, Claudia Ceola. As boas práticas de manejo, nutrição e saúde sempre são pilares fundamentais e sinônimos de longevidade em todas as fases do equídeo. Para desenvolver uma boa saúde, é de extrema importância que o animal receba suprimento adequado de energia, proteína, vitaminas e minerais e ter acesso à água limpa e fresca sempre em temperatura ambiente. Cada cavalo possui uma exigência nutricional diferente, principalmente, se for atleta. “O animal precisa de cuidados nutricionais específicos para cada fase de sua vida. Em cavalo jovem é muito comum desenvolver doenças ortopédicas que pode ter como causa o rápido crescimento ou o desequilíbrio de energia, proteínas e minerais”, comenta Ceola. Existem diversos fatores que con-


tribuem para a formação das doenças ortopédicas: hereditários (genéticos); nutricionais; traumas; exercício físico precoce e/ou em terrenos duros e disfunção hormonal (hipotireoidismo). Quanto aos fatores hereditários, podemos considerar a raça do animal as de grande porte apresentam taxa de crescimento maior do que as demais; problemas de conformação; tipo corpóreo; estrutura óssea e massa corporal - que são características transmitidas geneticamente e podem gerar pressão excessiva na placa de crescimento. Já o fator nutricional é um dos principais vilões no desenvolvimento das DODs. O fornecimento de dietas ricas em energia acelera a taxa de crescimento do animal e faz com que o processo de diferenciação celular da cartilagem seja insuficiente. Isto provoca falha na ossificação endocondral e deixa a placa metafisária espessada. Além disso, a aceleração do crescimento faz com que os tecidos moles não acompanhem os ossos. Outro fator importante relacionado à alimentação é iniciar o fornecimento de ração para os potros que ainda são amamentados, no máximo com três meses de idade - nesta fase o leite da égua já não é mais nutricionalmente eficaz e o potro ainda não terá uma perda de peso tão significativa quando for desmamado. Normalmente, na fase do desmame, o potro tem uma grande perda de peso - que geralmente é compensada com o início do fornecimento ou um aumento da quantidade de ração. Isso faz com que o animal ganhe peso de uma só vez - chamado de ganho de peso compensatório - um dos momentos mais marcantes de início das DODs, pois, além do ganho de peso abrupto, ocorre também um crescimento rápido. O desbalanço mineral está ligado não só às quantidades dos minerais contidos nas rações, mas também, na sua capacidade de absorção pelo organismo. Muitas dietas contêm níveis adequados de minerais, porém, a digestibilidade é baixa e a quantidade suficiente para a manutenção do animal não está sendo absorvida. Se ele ainda estiver na fase de crescimento há possibilidade de iniciarem alterações no desenvolvimento. Os principais minerais rela-

cionados às alterações na ossificação endocondral são: cálcio, fósforo, zinco e cobre. O excesso de fósforo na dieta imobiliza a utilização do cálcio pelo organismo e promove sua deficiência. O cálcio é fundamental para o processo de ossificação, logo, sua falta predispõe à DOD. O consumo insuficiente de cobre também é prejudicial à formação óssea, já que este se encontra envolvido na estabilização do colágeno e na síntese de elastina óssea. A sua deficiência pode levar às fisites e contratura dos tendões flexores. A ingestão excessiva do zinco diminui a absorção do cálcio e do cobre, que também está ligado às doenças de desenvolvimento. Como evitar erros no manejo – É importante que o tratador crie uma rotina para o animal. Deve dividir a oferta da ração em no mínimo dois tratos diários, sendo no máximo dois kg por trato. Caso receba seis kg por dia, é necessário dividir esta quantidade em três vezes: dois kg pela manhã (às sete horas), dois kg no almoço (às 11h) e dois kg à tarde (às 15 h). Não é recomendado que um cavalo coma mais do que seis kg de ração ao dia. Não deve oferecer farelo de trigo, rolão de milho, milho triturado e aveia, sozinhos ou misturados ao concentrado. Além de serem altamente fermentativos, não possuem os nutrientes devidamente balanceados e podem não só causar cólicas, mas desequilíbrio mineral que gera graves prejuízos aos ossos e articulações. É importante ter horário para treinamentos, banhos, entre outras atividades. “Esta rotina beneficia tanto o cavalo como o profissional cuidador. Qualquer anormalidade apresentada pelo animal, fica mais fácil de ser observada, inclusive o estresse que é muito comum em animais de baia”, alerta a médica. Outro fator muito comum nos animais devido ao manejo errado é a apresentação de cólicas que pode levar à morte do cavalo. As mudanças nos hábitos dos equinos, na forma de vida e no tipo da alimentação que ocorreram com a domesticação só aumentaram os riscos da ocorrência de dores abdominais por fermentações, sobrecargas e impactações que podem levá-los a óbito.

Para poder evitá-las é preciso pensar, primeiramente, na qualidade e na forma de fornecimento da dieta. O ideal é ter sempre o volumoso, seja o capim verde ou o feno, de boa qualidade e a vontade diariamente. Caso a quantidade seja limitada, é recomendável a oferta em torno de 8 a 10 quilos de feno por animal/dia. Não deixe que o cavalo passe mais que sete horas em jejum, para que não tenha gastrites e apetite depravado (ingestão de cama e estrume), ocasionado as indesejáveis cólicas. A qualidade do volumoso é fundamental para o bom funcionamento do trânsito intestinal, ou seja, é preciso que o capim ou o feno tenham uma fibra de boa digestibilidade. Deve conter muita folha e pouco talo, pois o cavalo não consegue fazer a digestão da fibra do caule (talo). O ideal é cortar o capim novo, com aproximadamente 15 a 20 cm de altura, para evitar as cólicas por impactação e deslocamentos de alça intestinal. Quanto ao fornecimento do concentrado, é indicado sempre que seja uma ração formulada para equinos e fabricada com matéria-prima de qualidade. Isso garante uma boa digestão e absorção dos nutrientes. Quanto melhor a ração, maior é o aproveitamento e menor é o consumo do produto, o que diminui o risco de causar distúrbios digestivos por possuírem o estômago pequeno. Outro fator relacionado ao manejo é manter água limpa e à vontade diariamente. Os cavalos têm o hábito de beber água imediatamente após ingerir a ração, e, caso não tenha disponível ou esteja em cocho sujo, a ingestão não acontecerá e o animal poderá apresentar cólica. O fornecimento do sal mineral diariamente, além de ser importante para garantir o suprimento das exigências do animal, também evita a ingestão de terra, areia ou estrume que podem ocasionar as dores. Para ter cavalos nutritivos e saudáveis mentalmente é necessário sempre mantê-los soltos, o máximo possível. O fato de estarem livres é importante não só para o animal pastar, caminhar e tomar sol, mas é fundamental evitar estresse, depravação de apetite e comportamento. REVISTA 100% CAIPIRA |29


CERTIFICAÇÃO

Produtor de farinha de mandioca orgânica da Bahia é certificado pelo IMA Governo de Minas realiza primeira certificação interestadual

Roque Galvão dos Santos, produtor de mandioca da cidade de São Miguel das Matas, do estado da Bahia, tem muito o que comemorar. É que após receber a auditoria do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), órgão vinculado à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), e adequar sua lavoura e sua unidade de processamento com as normas de Produção Orgânica (Lei Federal 10.831/2003), foi contemplado com a certificação do IMA, que é acreditado pelo Instituto Nacional 30 | REVISTA 100% CAIPIRA

de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). É a primeira vez que o Governo de Minas certifica um produto fora do Estado. “Foi uma experiência fantástica receber a auditoria realizada na propriedade, a auditoria do IMA foi atenciosa a todos os detalhes solicitados pelo plano de manejo. No primeiro momento fizemos uma revisão aos registros documentados e logo depois uma visita a campo. Destaco a tecnologia e a organização que a certificação orgânica traz para a propriedade agrícola”, comemo-

ra. O produtor rural solicitou a certificação aos auditores e, desde então, preparou sua propriedade para conquistar a tão almejada certificação que, entre as adaptações necessárias, estão o cumprimento das diretrizes das normativas sanitárias e de segurança nos ambientes de trabalho. Antes da conquista pela certificação do produto, a trajetória na lavoura foi de muita labuta, dedicação, experiência e estórias para compartilhar. Roque Galvão dos Santos conta que, desde 2011,


a forte tradição da produção da “verdadeira farinha de mandioca” – consolidada por gerações que convivem em sua propriedade intitulada “Fazenda São José do Rio Preto” - despertou seu desejo em ajudar o desenvolvimento dessas famílias locais. “Foi o que nos encorajou a iniciar a produção da farinha de mandioca. Logo percebemos quantos conhecimentos e técnicas de produção artesanal já haviam sido adquiridos por aquelas famílias, nos permitindo a fabricação de uma farinha de altíssima qualidade, muito mais saborosa, crocante, riquíssima em fibras, além de muito mais saudável. Essa constatação despertou, em 2018, o desejo pela criação da nossa marca ‘Alguidar de Barro’”, revela. E não parou por aí. O produtor “correu atrás” do certificado, atestando seu produto com a segurança, qualidade, credibilidade e confiança, exigências dos consumidores e de um mercado cada vez mais competitivo. O gerente de Certificação do IMA, Rogério Fernandes, explica como é o processo de certificação e as auditorias realizadas pelo IMA. Para se ter uma ideia, o auditor do IMA vai in loco na propriedade para checar o cumprimento das normas, onde são realizadas visitas técnicas, entrevistas e checagem de registros referentes a todas as etapas do processo produtivo na propriedade. “Isso quer dizer que foram avaliados, entre outros, a organização, o controle e a gestão do processo produtivo, o sistema de produção inserido em um contexto social e ambiental, além da oportunidade de abertura, acesso ou ampliação de mercados diferenciados”, enumera Rogério Fernandes, que conta a principal razão pela qual o produtor Roque Galvão dos Santos foi certificado pelo IMA. “A propriedade do Sr. Roque Galvão dos Santos cumpriu todos os itens obrigatórios da certificação orgânica e 100% do total de itens das normas de certificação”, atesta.

Sustentabilidade - O sistema de produção orgânica é aquele em que a sustentabilidade nos pilares econômico, ecológico e social são respeitados. O produtor utiliza práticas que conservam e preservam o solo, a água e a biodiversidade local. Na produção orgânica não são utilizados agrotóxicos e adubos. Geraldo Freitas de Oliveira é um dos auditores do IMA que está na linha de frente dos trabalhos de certificação. Ele explica que inicialmente são solicitados requerimentos e informações de manejo das atividades produtivas para atender às questões ambientais e sociais, além de implantar todos os manejos fitossanitários, fertilização e conservação da biodiversidade no processo produtivo da propriedade. “A certificação de conformidade orgânica se estende à produção primária vegetal e animal e processamento da produção primária de origem. Para o Sr. Roque dos Santos o atendimento foi para o escopo da produção primária vegetal (mandioca) e o processamento dessa produção, resultando na farinha. Somos muito procurados por interessados na certificação, com solicitações dos estados limítrofes com Minas Gerais, outros estados do Brasil e também outros países. O Sr. Roque foi o primeiro a obter êxito na certificação da conformidade orgânica”, informa. Os trabalhos de certificação contaram com o apoio da auditora do IMA Dinara Lima. Coronavírus - Apesar da pandemia do coronavírus, o produtor Roque dos Santos, hoje com cinco colaboradores na fazenda, além de seu filho Caio Galvão, não parou a produção e pretende no futuro comercializar a farinha orgânica para todo o Brasil. “Trabalhamos diariamente com o controle e registros da nossa lavoura e da nossa fábrica. Ainda atuamos somente no estado da Bahia. E como fomos recentemente autorizados para as vendas e, agora, fomos pegos de surpresa pela pandemia do coronavirus, no momento, não temos

o balanço de produção deste ano.” Atualmente, o IMA possui 25 clientes certificados para a produção orgânica. Entre os diversos produtos estão as hortaliças e as frutas. A certificação de produtos orgânicos realizada pelo IMA, também é fomentada no Programa Certifica Minas, com a participação da Seapa, Emater e Epamig. O IMA é acreditado para certificar qualquer produto orgânico de origem animal ou vegetal, primário ou processado. O Inmetro é o representante do Brasil do Fórum Internacional de Acreditação e é ele quem avalia, anualmente, a competência do IMA como Organismo de Certificação de Produtos. Tudo sobre o Programa Certifica Minas em: www.ima.mg.gov. br e www.agricultura.mg.gov.br/ certificaminas Para aderir ao programa - A adesão ao Programa de Certificação é voluntária. O selo de certificação tem a validade de um ano, podendo ser revalidado, de acordo com o interesse do produtor, após novas auditorias do IMA, o órgão certificador oficial do Estado. Produtores da Agricultura Familiar tem adesão gratuita ao Programa.

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CRÉDITO RURAL

MP do Agro traz avanços no crédito rural

Fonte: MB Comunicação Empresarial/Organizacional

FAESC e CNA avaliam Medida Provisória como modernização da política agrícola brasileira

P

ara o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc) e vice-presidente de finanças da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Zeferino Pedrozo, a Medida Provisória 897/2019, conhecida como MP do Agro, sancionada pelo Governo Federal no último dia 7, traz avanços para o setor, especialmente na tomada de crédito pelos produtores rurais de todo o País. O projeto 32 | REVISTA 100% CAIPIRA

moderniza a política agrícola ao estabelecer novas regras sobre crédito e financiamento de dívidas do setor, prevendo a ampliação da oferta em R$ 5 bilhões para o agronegócio no Brasil. Na avaliação da Faesc e da CNA, a nova legislação traz mecanismos para facilitar e ampliar o acesso ao crédito privado e também melhora o ambiente de financiamento com recursos oficiais, com a quebra da concentração dos bancos públicos

no mercado. Com isso, há a possibilidade de redução de custos com juros mais equilibrados. “A maior competição entre os bancos no crédito subsidiado vai possibilitar taxas melhores e maior agilidade na contratação de financiamentos pelos produtores”, destaca Pedrozo ao citar as mudanças no regime de afetação como outro ponto positivo da MP. Os proprietários rurais, ao tomarem um empréstimo, podem deixar como garantia parte


do seu imóvel e não mais toda a propriedade. Poderão ser usados como garantia o terreno e as benfeitorias existentes nele, exceto as lavouras, os bens móveis e o gado. “Essa medida facilita o acesso ao crédito e dá mais segurança, flexibilidade e poder de barganha aos produtores”, avalia o presidente. Outro ponto destacado é a subvenção para empresas cerealistas. Devido à carência de capacidade de armazenamento de grãos, a medida autoriza a União a conceder, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), até R$ 20 milhões por ano em subsídios para diminuir a taxa de juros em financiamentos de construção de silos. “Isso vai injetar recursos no setor e ajudar as empresas a suprirem a demanda”, analisa Pedrozo. O presidente da Faesc também ressalta as mudanças para atrair capital internacional, como a emissão de títulos em moeda estrangeira. Ao diminuir a tributação e os juros sobre operações financeiras internacionais, a medida, segundo Pedrozo, vai melhorar o ambiente de negócios para recomposição do financiamento do crédito rural pelos recursos privados. Além da emissão de títulos em moeda estrangeira, a modernização da Cédula do Produtor Rural (CPR) – título que representa a promessa de entrega de um produto agropecuário, estimulando a produção por meio de antecipação do crédito rural – também amplia e prevê maior detalhamento dos produtos passíveis de emissão da cédula, incluídos os que sofrem beneficiamento e primeira industrialização. O único ponto da MP do Agro contrariado pela Faesc, em sintonia com a CNA, foi o veto ao artigo 56 que buscava limitar as taxas cobradas por cartórios no registro de contratos de crédito rural e tentava uniformizar as cobranças em todo o País. O Governo alegou que a medida invade a competência dos Estados e do Distrito Federal para legislar sobre tributação. Para as entidades do

setor, a mudança era necessária para eliminar a disparidade na cobrança de títulos de estado para estado. CONFIRA OS ITENS DA MP:

PRINCIPAIS

Fundo Garantidor Solidário (FGS) O Fundo Garantidor Solidário (FGS) é uma troca de aval entre produtores para dar garantia às empresas, bancos e tradings. A composição do fundo será coletiva e formada por, no mínimo, dois produtores rurais (que ficam com a cota primária de 4%), a instituição financeira ou credor original (fica com cota de 2%) e um terceiro interessado, se houver, fica com a cota também de 2%. Os participantes deverão aportar recursos nesse fundo (integralizar) “constituindo” cotas e percentuais mínimos de acordo com a categoria do participante. Patrimônio Rural em Afetação Para tomar um empréstimo, não será mais necessário deixar toda a propriedade como garantia. A MP do Agro permite agora ao proprietário rural oferecer parte de seu imóvel como garantia nos empréstimos rurais. Esse mecanismo é conhecido como regime de afetação — no qual o terreno e as benfeitorias a serem objeto de financiamento ficam separados do patrimônio disponível. Poderão ser usados como garantia o terreno e as benfeitorias existentes nele, exceto as lavouras, os bens móveis e o gado. O patrimônio de afetação poderá garantir qualquer operação financeira contratada por meio de Cédula Imobiliária Rural ou de Cédula de Produto Rural. Cédula Imobiliária Rural O texto amplia o uso da Cédula Imobiliária Rural (CIR), que é uma promessa de pagamento em dinheiro, decorrente de operação de crédito de qualquer modalidade, para qualquer operação financeira, não só de crédito junto às instituições, e

define prazo de cinco dias para que o credor informe a liquidação da CIR. Cédula de Produto Rural (CPR) A Cédula de Produto Rural (CPR) é emitida para garantir o pagamento de um empréstimo rural com a produção agrícola, pecuária, de floresta plantada e de pesca e aquicultura, seus derivados. A medida amplia e prevê maior detalhamento dos produtos passíveis de emissão da cédula, incluídos os que sofrem beneficiamento e primeira industrialização. Além disso, a MP do Agro possibilita que o título seja emitido tendo como referência a moeda estrangeira, como o dólar. A mudança ocorre para aprimorar o mercado de crédito e melhor atender o produtor rural, dando mais flexibilidade de contratação, transparência e segurança jurídica, principalmente para acesso de financiamento com captação de investimento internacional. Subvenção para empresas cerealistas Devido à carência de capacidade de armazenamento de grãos, a medida autoriza a União a conceder, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), até R$ 20 milhões por ano em subsídios para diminuir a taxa de juros em financiamentos de construção de silos. Títulos do Agronegócio A nova lei estabelece que toda Cédula de Produto Rural, a CPR, um dos títulos do agronegócio, seja registrada em entidade autorizada pelo Banco Central ou pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Com garantias, esse registro continua a ser feito em cartórios. Além disso, outros títulos do agronegócio, como o Certificado de Recebíveis (CRA) e o Certificado de Diretos Creditórios do Agronegócio (CDCA), também poderão ser emitidos em moeda estrangeira. REVISTA 100% CAIPIRA |33


Os verdadeiros guardiões das culturas sertanejas

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Cachaça Leandro Batista

O sommelier de cachaças Leandro Batista escolheu a premiada Weber Haus para elaborar as cachaças que levam sua chancela. O especialista começou sua trajetória no restaurante Mocóto /SP. Formado mestre alambiqueiro pelo Centro de Tecnologia da Cachaça, também fez curso de Análise Sensorial na USP de São Carlos e de Bartender no SENAC. No ramo a mais de oito anos, é responsável pela seleção de cachaças do Restaurante Barnabé, além de realizar degustações orientadas e palestras. A cachaça Leandro Batista é um Blend de madeiras brasileiras que envelhecem durante um ano em cada barril de amburana, bálsamo e canela sassafrás, resultando em uma cachaça leve, com notas de especiarias, destacando no aroma baunilha, anis e um leve sabor marcante de canela.

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GOVERNO

Imposto para elevar competitividade do etanol ameaรงaria o abastecimento de GLP, afirma Castello Branco Fonte: Epbr

A Petrobras convocou uma coletiva de imprensa nesta sexta (17), para tratar do assunto 36 | REVISTA 100% CAIPIRA


O presidente da Pet robras, Rob er to C astel lo Branco, af ir mou nest a s ext a (17) que a ele vação de imp ostos s obre a gas olina elevar ia o r is co de des ab aste cimento de GLP no Brasi l. Os mercados de combust íveis s ão for temente afet ados p ela cr is e, op ondo Pet robras e o s etor pro dut ivo de et anol. A Pet robras convo cou uma colet iva de imprens a nest a s ext a (17), p ara t rat ar do assunto. A pro dução de gas olina é, em gera l, at relada à de GLP pro dutos s ão s ep arados na mesma et ap a de pro cess amento nas ref inar ias. Isto é, a Pet robras af ir ma que s e a demanda p or gas olina cair ainda mais, p ara b enef iciar o et anol, le var ia a rest r içõ es p ara pro dução de GLP. “C omo existe uma cap acidade limit ada de inter nação do GLP imp or t ado, há um r is co de des ab aste cimento do mercado brasi leiro. Por iss o, os prop onentes dess a me didas [t axar a gas olina] pre cis am ref let ir s obre ess a me dida e as cons e quências p ara os consumidores brasi leiros que s erão s er iamente afet ados ness e momento”, diss e C astel lo Branco. O exe c ut ivo fa lou esp e cif icamente s obre um lobby p ara ele var imp ostos de imp or t ação s obre a gas olina, s em cit ar quem s er iam os lobist as. Tamb ém não informou qua l a t axa de ut i lização das ref inar ias, nem apres entou dados pre cis os s obre a demanda ou imp or t ação de gas olina. C astel lo Branco af ir mou que a comp an hia vai imp or t ar um tot a l de 350 mi l toneladas de GLP em abr i l, volume suf iciente p ara ab aste cer o mercado domést ico. A inf raest r utura log íst ica p ara moviment ar o GLP naciona l, das ref inar ias esp a l hadas p elo p aís, é mais robust a do que a cap acidade de imp or t ação a p ar t ir, pr incip a lmente, do Por to de Santos (SP). Q uest ionado s obre a p ossível ele vação da Cide s obre a gas olina, de R$ 0,10 p ara R$ 0,50, a

diretora de Gás e Ref ino, Anelis e L ara, af ir mou que o efeito s er ia simi lar. O p e dido p or aumento da Cide foi for ma lizado p ela Unica e out ras ass o ciaçõ es s etor iais aos ministér ios de Minas e Energ ia e Meio Ambiente. Em gera l, o et anol hidrat ado pre cis a c ust ar p ara os consumidores 70% ou menos do que a gas olina comum vendida nos p ostos. S e o pre ço da gas olina s ob e, o teto p ara o et anol acomp an ha, aument ando as margens do biocombust ível. “S e aument ar o imp osto, a gas olina f ica menos comp et it iva ness e momento de menor demanda. O et anol já é muito pr ivi leg iado em ter mos de subsídio e imp ostos menores. E s e houver subsídio p ara um der ivado p o de acar ret ar na des organização na cadeia. E vamos ter que pro duzir menos gas olina, re duzindo o GLP e aí sim p o demos ter um cenár io de des ab aste cimento de GLP no mercado”, ress a ltou a diretora. Em re cente ent re vist a à Reuters, o presidente da Unica, Evandro Gussi, defendeu que s ejam tomadas me didas p ara ele var a comp et it ividade do et anol. “O p aís pre cis a de cidir s e vai pr ivi leg iar a gas olina imp or t ada, que gera emprego fora, ou s e vai manter uma indúst r ia que é orgu l ho naciona l, que est á indo b em, que tem f uturo incr ível”, af ir mou à agência. Rest r ição ao GLP é p ontua l, mas mercado de gas olina é incerto Enquanto a rest r ição ao acess o, p elos consumidores residenciais, ao GLP de 13 KG (GLP-13) é t rat ada p ela própr ia Pet robras, p elas dist r ibuidoras e p ela Agência Naciona l do Pet róle o, Gás Natura l e Bio combust íveis (ANP) como uma situação p ontua l, a demanda p or gas olina e et anol ainda est á suj eit a à muit a incer te za. A demanda p or gas olina est á -35%, a de et anol caiu -40% e as vendas de dies el est ão ent re -25%

e -22% menores, de acordo com dados da ANP. Por me do de des ab aste cimento durante a cr is e de s aúde pública, consumidores, contudo, come çaram a esto car GLP. D e acordo com o diretor da ANP, Dirceu Amorel li, há dois asp e ctos p ara le var em cont a: em cas a p or mais temp o, as p ess o as cons omem mais GLP, mas é pre cis o considerar que em situaçõ es regu lares um b ot ijão dura, em média 45 dias, ent ão é p ossível que acha um ar refe cimento da demanda. A chegada do inver no, norma lmente, repres ent a, em esp ecia l na reg ião Su l do p aís, um aumento da demanda p elo combust ível. O diretor da agência Felip e Kur y af ir mou que for ne cimento de GLP de ve s er nor ma lizado em to do o p aís até a próxima s emana. A cr is e te ve imp ac to nas revendas e em, a lguns cas os, re duziu o esto que lo ca l de 2 a 3 dias, em mé dia, p ara uma cap acidade de supr ir ap enas a demanda diár ia. A diretor ia da ANP p ar t icip ou de webinar promovido p ela epbr, nest a quint a (17). A agência t amb ém divu lgou, nest a s ext a (17) um p anorama do ab aste cimento de GLP, indicando que na maior p ar te do p aís as dist r ibuidoras venderam 10% ou mais em abr i l, até o dia 14, na comp aração com 2019. Em 12 est ados, as ent regas p elas dist r ibuidoras s a lt aram 30%. Em relação a at ras o nas ent regas de GLP-13, a situação mais cr ít ica é no Paraná, com at ras os de 30% a 40%; em Minas G erais, var ia de 10% a 20%; no Rio Grande do Su l, São Pau lo, B a hia, Pará e Amazonas, ent regas até 10% at ras adas. No Maran hão, C e ará, Rio Grande do Nor te, Per nambuco, Alago as, S erg ip e, Espír ito Santo, R io de Janeiro e Sant a C at ar ina a infor mação é que os temp os de ent rega est ão avançados. REVISTA 100% CAIPIRA |37


CAPACITAÇÃO

Apostando na diversidade, de Estági

Com bolsa de R$ 2300, a pré-seleção do inteligência artificial, que dará “match” com para en

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Elanco abre seu Programa ios 2020

o processo seletivo será feita por meio de m o candidato e encaminhará diretamente ntrevista Comprometida com a diversidade e orgulhosa em promover uma cultura inclusiva, a Elanco Saúde Animal, uma das maiores empresas do segmento no mundo, acaba de abrir seu Programa de Estágios para 2020. As vagas previstas nesta edição do programa são voltadas a alunos de todas as universidades matriculados nos cursos de administração, comércio exterior, ciências contábeis, economia, engenharia, recursos humanos, jornalismo, comunicação, marketing, relações internacionais, medicina veterinária, zootecnia e cursos afins e que estejam a, pelo menos, dois anos de serem concluídos. Não é exigida qualquer experiência profissional prévia, apenas conhecimentos em pacote Office e inglês – que pode variar desde o conhecimento básico ao avançado, dependendo da vaga em questão. Também não há um limite de idade para participação. Criado com o objetivo de potencializar a capacitação dos novos colaboradores, contribuindo para o seu aprendizado e crescimento profissional, o Programa de Estágios da Elanco está alinhado com a política de equidade da companhia, que hoje conta com 51% de mulheres em seu quadro de funcionários e as têm ocupando 49% dos cargos de gestão. A fim de fortalecer esse tema, a empresa fomentou a formação de uma equipe interna voltada exclusivamente a assuntos relacionados à diversidade e, ainda em 2020, este grupo se tornará

um Comitê de Diversidade. “Na Elanco, desenvolvemos nossos estagiários para que tenham segurança ao desempenhar desde atividades básicas na área até gerar ideias e defendê-las frente à liderança. Queremos que se sintam preparados para inovar em processos e participar de projetos multifuncionais com outras equipes”, afirma Suélen Bauer, analista sênior da área de Aquisição de Talentos da Elanco Brasil, que ingressou na empresa como estagiária em 2014. Segundo ela, a multinacional acredita que é necessário ter produtos e processos inovadores para cumprir sua visão - “alimento e companheirismo enriquecendo a vida”. Por este motivo, promove uma cultura plural e diversa, onde as pessoas possam contribuir e fazer a diferença independentemente de raça, deficiência, gênero, orientação sexual e tantas outras questões que contribuem para a unicidade individual. Com a intenção de tornar o Programa de Estágios da Elanco Saúde Animal ainda mais alinhado ao desenvolvimento pessoal dos colaboradores, este foi desenvolvido levando em conta o feedback de seus próprios participantes, que sugeriram pontos considerados importantes para o processo de aprendizado. Além da oportunidade de colocar em prática o conhecimento adquirido na faculdade, o programa também preza pela contribuição e a participação de profissionais em começo de

carreira no dia a dia da empresa. A própria plataforma utilizada para o recrutamento foi pensada levando em conta o perfil do público para as vagas de estágio. As inscrições podem ser feitas online e o candidato realiza um teste de personalidade, de modo a conectá-lo a vagas que tenham seu perfil, tornando mais fácil o “match” entre ele e a empresa. Interessados em participar do Programa de Estágios da Elanco Saúde Animal devem acessar o site www.bettha.com, pesquisar por “Elanco” e inscreverem-se até 04 de maio. Bolsa e benefícios - Além da bolsa auxílio no valor de R$ 2.300,00, os benefícios previstos para o Programa de Estágios da Elanco são: vale refeição, vale transporte ou estacionamento, bonificação de fim de ano, seguro de vida em grupo, assistência médica, assistência farmacêutica (80% sobre medicamentos prescritos), gympass para o estagiário e dependentes e subsídio para corridas de rua em todo o território nacional. Etapas - A fim de evitar que os candidatos se desloquem pela cidade por conta do surto de coronavírus, todas as etapas do processo de seleção dos estagiários, incluindo uma entrevista gravada, serão realizadas via plataforma virtual. Apenas a última fase, com data a ser definida, poderá vir a ser realizada pessoalmente. Fonte: Elanco Saúde Animal REVISTA 100% CAIPIRA | 39


FLORICULTURA ASSUNTOS JURÍDICOS

Os dois lados da alienação fiduciária de imóveis rurais em favor de estrangeiros A Lei 13.986, promulgada em 07 de abril de 2020, é resultado da convenção da medida Provisória 897/2019, intitulada de MP do Agro, e trata de diversos temas que visam impulsionar o agronegócio no Brasil e, principalmente, o financiamento deste segmento Fonte: IE Notícias

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Uma dessas medidas é a possibilidade de instituição de alienação fiduciária, em favor de estrangeiros, sobre imóveis rurais, inclusive daqueles localizados na faixa de fronteira, o que não era permitido até então. A alienação fiduciária de imóveis passou a ser permitida com a regulamentação da Lei 9.512, de 1997. Este mecanismo reformulou o instituto da garantia dada sobre imóveis, a medida em que a alienação fiduciária possui um procedimento executório específico e mais célere que a hipoteca, até então utilizada em larga escala, o que garante ao credor um menor risco, possibilitando condições mais favoráveis de financiamento, como prazos maiores e a concessão de menores taxas de juros. Imperioso notar que o instituto da alienação fiduciária possibilita que o próprio credor passe a deter a propriedade imóvel, após a excussão da garantia e obedecidos os preceitos legais, sem a necessidade de uma venda judicial ou um processo executório específico. Assim, a alienação fiduciária de imóveis rurais em favor de estrangeiros mencionada acima pode ser vista sob duas óticas totalmente distintas, existentes há tempos e decorrentes das mesmas discussões que envolvem a possibilidade de abertura do mercado para a efetiva compra das terras rurais pelos estrangeiros. A primeira delas está em linha com as tentativas do atual Governo para a abertura do mercado, para garantia da atração de investimentos para o setor e desenvolvimento de novas linhas de crédito. A f lexibilização desta matéria, com a permissão para a alienação de terras rurais a estrangeiros, é tema recorrente de discussão entre juristas, poder público e iniciativa privada, que visam dar ao setor amplo poderio econômico e atrair investimentos, os quais foram mitigados ao longo

do tempo, pelas incertezas decorrentes de entendimentos diversos aplicados sobre a legislação brasileira, e principalmente desde 2010, quando da edição do parecer LA 01/2010 da Advocacia Geral da União atualmente em vigência, que corrobora com duras as restrições trazidas pela Lei 5.709/1971. Desde o início da gestão da nova equipe comandada pelo Presidente Jair B olsonaro, há movimentos para discussão quanto à eliminação de certas restrições à alienação de terras rurais brasileiras a estrangeiros, sob a alegação de que o setor do agronegócio, um dos pilares da economia brasileira, como mencionado acima, necessita de investimentos em massa para crescimento, geração de empregados e melhoria de potencial, quantitativo e qualitativo. Para tal corrente, a abertura concedida com a Lei 13.986, ainda que não autorize expressamente a efetiva compra de terra rurais pelos estrangeiros, é extremamente positiva e poderá fomentar tais investimentos com a utilização da alienação fiduciária, pois (i) concede maior segurança aos estrangeiros, com o uso de um instrumento de menor risco e (ii) pode gerar direito à propriedade se excutidas as garantias previstas. Além da atual legislação, há também o Projeto de Lei n° 2963, de 2019, de autoria do senador Irajá Silvestre Filho (PSD-TO), que visa regulamentar a aquisição, posse e o cadastro de propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira, se cumpridas certas exigências. Tal Projeto de Lei está em linha com a Lei 13.986 recém promulgada, em um esforço conjunto de várias frentes para abertura do mercado. A segunda das correntes, mais conser vadora, entende que a abertura do mercado rural aos estrangeiros poderá causar problemas à soberania nacional e, ain-

da, criar dificuldades estruturais, inclusive para a manutenção dos pequenos produtores rurais, que não teriam força competitiva contra os produtores estrangeiros. Esta corrente tem base na mencionada Lei 5.709/1971 e no parecer LA 01/2010 da Advocacia Geral da União, restringindo a atuação estrangeira à pequenas glebas de terra, destinadas a projetos específicos. Adeptos a esta corrente certamente traçarão duras críticas à Lei 13.986, podendo até mesmo pleitear sua ilegalidade, já que, como dito acima, a excussão da garantia da alienação fiduciária pode ser vista como uma brecha legal que permitirá que os estrangeiros passem a deter a propriedade de terras rurais, o que hoje não é permitido pela legislação. Em que pese as duas correntes existentes – com bons argumentos para ambos os lados – é preciso analisar também o atual momento da economia brasileira, fragilizado pelo coronavírus e pela COVID 19. Por óbvio que investimentos no setor, que já eram essenciais em razão do potencial brasileiro não aproveitado do agronegócio, passarão a ser primordiais, inclusive para desenvolvimento econômico e criação ou manutenção de empregos, principalmente se os efeitos do coronavírus perdurarem por um grande período. Ainda que imperiosa uma certa f lexibilização à entrada de estrangeiros no setor – que deveria ser gradual e pautada em regras claras – incentivos diferenciados aos pequenos produtores serão também essenciais para a manutenção do setor. Além do mais, regras que garantem um mínimo de soberania nacional, para evitar a massiva venda de propriedades estratégicas a estrangeiros, devem ser consideradas pelas autoridades competentes. Nathália Gonçalves, advogada do L.O. Baptista Advogados, e da Cassia Monteiro, sócia do L.O. Baptista Advogados, para avaliação.

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PRAGAS E DOENÇAS

Cuidados com lavoura forrageira exigem atenção com plantas daninhas Fonte: EMBRAPA

Quando o plantio de lavouras já foi realizado no Semiárido brasileiro, alguns cuidados são importantes | REVISTA 100% CAIPIRA


No período entre abril e maio, quando o plantio de lavouras já foi realizado no Semiárido brasileiro, alguns cuidados são importantes para permitir melhor produtividade. A prevenção e o controle de plantas daninhas - aquelas que podem causar prejuízo a atividades humanas, como produção de forrageiras – merece atenção nas propriedades rurais. Entre as espécies mais comuns no Semiárido estão a tiririca (Cyperus rotundus), barba de bode (Aristida longiseta), capim amargoso (Digitária Insuláris), gitirana (Ipomea glabra), caruru (Amaranthus deflexus), salsa (Bowlesia incana), mata pasto (Senna obtusifolia), capim carrapicho (Cenchrus echinatus) e capim pé de galinha (Eleusine indica). Ao contrário dos ataques de pragas e doenças, provocados geralmente por uma ou poucas espécies, a infestação de plantas daninhas é causada por muitas espécies, dificultando o seu controle e provocando perdas significativas para a lavoura usada para alimentação animal ou humana. Em culturas como o sorgo, quando não se emprega método de controle para essas plantas, a redução na produção de grãos pode chegar a 71%. Além da queda na produtividade de grãos, outros problemas podem ser provocados, como a proliferação de pragas e doenças que têm as plantas daninhas como hospedeiras; a dificuldade de realizar colheita mecanizada, com infestação de espécies trepadoras; aumento de impurezas e perda de qualidade dos grãos colhidos. As soluções para minimizar o problema estão na adoção de medidas preventivas e de métodos de controle das plantas daninhas. A prevenção se dá por meio de cuidados como o uso de sementes de qualidade e a limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas antes de movimentá-los de uma área de campo para outra. “Todos os implementos e maquinas agrícolas devem ser limpos, pelo menos com água corrente, sempre que o produtor for mudar a área de plantio, para evitar que sejam levados, de uma área para outra, torrões de solo contendo sementes de plan-

tas daninhas”, orienta o engenheiro agrônomo Lucas Oliveira, analista da Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral-CE). Também é recomendável que o produtor rural verifique a qualidade e procedência das sementes de adquire, para evitar a presença de sementes de plantas daninhas. “Sementes de boa qualidade são ensacadas com menos detritos e sujeira. Por isso, recomenda-se sempre a compra de materiais certificados pelo Ministério da Agricultura, pois estes passam por testes de germinação e pureza que podem ser comprovados”, acrescenta Lucas. Métodos de controle Diante da necessidade de adotar métodos de controle, existem diferentes alternativas para evitar a disseminação: o método cultural (com roço e técnicas de plantio), o método mecânico (com uso de capina para controlar as plantas daninhas), o método químico (com uso de herbicidas). De acordo com Lucas, os principais critérios para a escolha do método de controle são: tamanho da área da propriedade, disponibilidade de mão de obra e de recursos. “O manejo cultural depende muito de mão de obra e apresenta maior viabilidade em áreas pequenas. O manejo químico demanda maior disponibilidade de recursos, por conta do preço dos produtos e, geralmente, apresenta maior viabilidade econômica em áreas maiores, por ser apresentar resultados mais rápidos e duradouros do que o manejo cultural”, exemplifica Lucas Oliveira. O método cultural de controle tem como objetivo aumentar a capacidade competitiva das plantas forrageiras por luz e nutrientes em relação às plantas daninhas. Para isso, emprega técnicas como espaçamento reduzido entre fileiras de plantio, uso de variedades de forrageiras mais adequadas às regiões de cultivo, observação da época adequada para plantio. Tem menor custo em relação aos demais e integra práticas que já fazem, naturalmente, parte dos sistemas de produção.

No caso do método mecânico, há possibilidade de uso da capina manual ou mecânica. Na primeira alternativa, muito usada em pequenas propriedades (um ou dois hectares), são feitas capinas com enxada para que o crescimento da planta forrageira contribua para reduzir as condições favoráveis à germinação e crescimento das plantas daninhas. Já a capina mecânica traz o uso de cultivadores (tracionados por animal ou trator) para controlar as plantas daninhas na área da cultura forrageira. A outra alternativa é o controle químico, com uso de produtos herbicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para controle das plantas daninhas. “O herbicida deve ser escolhido de acordo com a cultura plantada e com a planta daninha que quer ser controlada. Os produtos disponíveis no mercado informam para quais culturas eles são indicados e que tipo de plantas daninhas eles controlam, incluindo a época de aplicação. O produtor deve sempre consultar um agrônomo ou técnico que irá ajudá-lo a escolher o produto mais adequado para cada situação.”, recomenda Lucas Oliveira. Existe também a possibilidade do controle integrado de plantas daninhas, com utilização conjunto dos diferentes tipos de manejo, envolvendo monitoramento da área e aplicação de controle cultural ou químico a partir da avaliação do local. Esta alternativa demanda maior disponibilidade de pessoal, mas pode trazer vantagens como otimizar recursos de produção, minimizar impactos ambientais e permitir à cultura expressar melhor produtividadade. “No manejo integrado de plantas daninhas, a maioria das intervenções são de monitoramento e avaliação da cultura, resultando em menores gastos para o produtor. As intervenções na lavoura são realizadas apenas quando as plantas daninhas começam a oferecer dano econômico à cultura principal. Desta forma, com esse tipo de manejo, são utilizadas quantidades menores de herbicidas e de tratos culturais, como o roço”, esclarece Lucas. REVISTA 100% CAIPIRA |43


NUTRIÇÃO ANIMAL

Resíduo da produção de etanol de m dos bovinos de corte, aponta pesqu

O relatório teve a orientação do professor dr.

Eliéder Prate Fonte: Texto Assessoria

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milho, DDG é atrativo para nutrição uisa da Unesp e da Trouw Nutrition

. Ricardo Andrade Reis e do pós-doutorando

es Romanzini Estudos conduzidos pela Tr o u w Nu t r i t i o n e a Un i v e r s i d a d e E s t a d u a l Pa u l i s t a ( Un e s p ) – c a m p u s Ja b o t i c a b a l d u r a n t e quatro anos comprovam que o DDG (resíduo da produção de etanol de milho de alto teor de proteína) pode ser utilizado com ganhos econômicos e de desempenho nas dietas como substitutos dos ingredientes proteicos nobres, que têm alto custo para os pecuaristas. “A m o t i v a ç ã o d a Tr o u w Nu trition era gerar dados com o DD G brasileiro para entender melhor sua administração nas dietas tropicais e, assim, poder levar informações para o pecuarista, que sempre está atento a opções de alta performance e redução de custos. O DDG é u m a f o n t e d e p r o t e í n a c o m o f e rta crescente no Brasil devido às destilarias de álcool a partir do m i l h o”, e x p l i c a Jo ã o B e n a t t i , g e r e n t e d e p r o d u t o p a r a Ru m i n a n t e s d a Tr o u w Nu t r i t i o n . Relatório sobre as conclusões do estudo foi elaborado pelos membros do Grupo de Pe s q u i s a Un e s p F o r, d o s e t o r d e F o r r a g i c u l t u r a e Pa s t a g e n s , e apresentou resultados em dois períodos de criação: águas (recria) e secas (terminação). O relatório teve a orientação do p r o f e s s o r d r. R i c a r d o A n d r a d e

Reis e do pós-doutorando Eliéder Prates Romanzini. A utilização de DDG na alimentação de ruminantes no Brasil ainda é pequena, devido à produção de etanol de mil h o a i n d a s e r p e q u e n a . Po r é m , a Un i ã o d a I n d ú s t r i a d e C a n a - d e - Aç ú c a r ( Un i c a ) d i z q u e o Brasil precisará de 100 novas usinas de etanol até 2020 para atender à demanda interna do combustível. Segundo a Comp a n h i a Na c i o n a l d e Ab a s t e cimento (C onab), a oferta de milho no Brasil é superior ao c o n s u m o i n t e r n o, o q u e p o d e r i a torná-lo um excelente produto para etanol. “ Já h á i n d ú s t r i a s q u e u t i l i zam o milho para produção de etanol e elas ofertam DDG ao m e r c a d o, p r i n c i p a l m e n t e n a r e g i ã o C e n t r o - O e s t e . Po r i s s o, pesquisas no país utilizando o DD G na alimentação de ruminantes são importantes. É preciso pensar na expansão deste segmento agroindustrial e no consequente aumento da oferta d e s t e c o p r o d u t o”, r e s s a l t a Jo ã o B enatti. Durante a recria (estação das águas) foi avaliada a inclusão crescente de DD G como fonte de proteína não degradável no rúmen (PNDR) em substituição ao farelo de algodão e suple-

mentos com diferentes aportes nutricionais com DD G em sua c o m p o s i ç ã o, f o r n e c i d o s p a r a bovinos de corte manejados em pastagens. “Foi possível avaliar c o n s u m o, d i g e s t i b i l i d a d e t o tal aparente, balanço de nitrog ê n i o, e f i c i ê n c i a d e s í n t e s e d e proteína microbiana, parâmetros ruminais, eficiência no ganho de peso e na utilização do n i t r o g ê n i o, d e s e m p e n h o a n i m a l e p r o d u ç ã o d e m e t a n o”, i n f o r m a B enatti. Na e s t a ç ã o s e c a d o a n o, quando ocorre a fase final da engorda dos animais, foram comparados sistemas de terminação: C onfinamento Expresso® e c o n f i n a m e n t o c o nv e n c i o n a l . O relatório concluiu que nenhuma restrição pode ser obser vada em relação ao uso do DD G na dieta de bovinos de corte. O maior impedimento verificado diz respeito ao cust o d o c o p r o d u t o. “O p e c u a r i s t a tem de levar em conta, sempre, a lei da oferta e da procura, fator fundamental para a tomada de decisão quanto ao uso ou n ã o, p o i s n o r m a l m e n t e a d i s ponibilidade desses ingredient e s o s c i l a d u r a n t e o a n o, d e v i do à sazonalidade do processo d e i n d u s t r i a l i z a ç ã o”, d e s t a c a o g e r e n t e d e p r o d u t o Ru m i n a n t e s d a Tr o u w Nu t r i t i o n . REVISTA 100% CAIPIRA | 45


PESQUISA

Uso de RMN aum agroindústria do dend

A contribuição da criatividade científica com impacto na inovação e no setor privado A contribuição da criatividade científica com impacto na inovação e no setor privado, a ponto de mudar a forma de precificação de uma cultura tradicional da região Norte do Brasil, o dendê. Pouco mais de três décadas depois de começar a utilizar a técnica de Ressonância Magnética Nuclear nas pesquisas da Embrapa Instrumentação (São Carlos – SP), ainda nos anos 80, é isso que o pesquisador Luiz Alberto Colnago constata nos dias de hoje. Mas para chegar à essa situação foram necessários anos de pesquisa com RMN, até então uma técnica muito utilizada na medicina, e o desenvolvimento de várias metodologias para analisar produtos in natura e industrializados sem destruir a amostra, em segundos, de forma limpa, sem o uso de solventes,

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como ocorre nos métodos tradicionais. Além disso, outro passo decisivo para que os resultados obtidos em laboratório chegassem ao mercado foi a parceria com a iniciativa privada. O know-how da Fine Instrument Techonology (FIT) na área médica contribuiu para que a técnica de RMN fosse incorporada ao equipamento Specfit, para avaliação de produtos agroalimentares. “Apostamos no aparelho de RMN, que proporcionou uma margem de segurança acima de 90%, muito melhor que trabalhar com métodos convencionais nos quais há grandes desvios. O aparelho ajudou muito a empresa na classificação dos frutos”, conta o produtor da oleaginosa e empresário Roberto Yokoyama. Atrás de inovações sustentáveis para

melhorar o rendimento da extração do óleo de palma, ele percorreu longas distâncias dentro e fora do País até encontrar a solução. O salto tecnológico da Dendê do Pará S.A (Denpasa), onde Yokoyama é diretor-presidente, ocorreu com a adoção do Specfit, que reduziu o tempo de análise de dois dias para poucos segundos e levou a empresa a ter um ganho de eficiência de 6% -em média na extração do óleo. Tecnologia melhora a eficiência A convergência tecnológica e de conhecimento introduziu uma nova rotina na usina, que beneficia anualmente 90 mil toneladas de dendê. Com a rapidez proporcionada pelo método de RMN, a Dendê do Pará S.A otimizou o controle


menta eficiência na dê e muda precificação de qualidade dos processos de extração e passou a fazer a coleta de hora em hora dos pontos de geração de resíduos, entre eles, borra, efluentes, cachos vazios, fibra da prensa. O controle ajudou a usina a detectar falhas em pontos exatos do processo, possibilitando tomadas de decisões imediatas, como regulagem dos equipamentos, melhorando a eficiência da empresa. “Alcançamos 92% de eficiência, preconizados pela literatura, contra os 85 ou 86% obtidos anteriormente. Esse foi o maior benefício na aquisição do aparelho de RMN”, contabiliza. Como conseqüência da adoção da tecnologia, o engenheiro agrônomo Yokoyama mudou uma prática tradicional na precificação do dendê. A compra passou a ser realizada pelo teor de óleo e não pela massa do fruto, como se fazia anteriormente. A colheita nem sempre é realizada no momento ideal, fato que leva as empresas a receberem frutos em diferentes graus de maturação e, portanto, com diferentes teores de óleo, que pode variar de 9%, cacho verde, a 23%, cacho maduro. “Essa era a única forma de premiar os melhores produtores e promover melhorias na cadeia produtiva”, ressaltou o empresário, que antes utilizava um método mais demorado, de baixa precisão e difícil calibração, além de usar solvente que destrói a amostra. “Se não tivesse o Specfit faríamos bem menos análises e estaríamos trabalhando às cegas”, diz Yokoyama que produz dendê em dois municípios paraenses – Santa Bárbara do Pará e Santo Antonio do Tauá - o híbrido BRS Manicoré, desenvolvido pela Embrapa.

podem se beneficiar da tecnologia e com a parceria com a Embrapa a FIT vêm disponibilizando soluções para a indústria do agronegócio e de alimentos”, diz Silvia Azevedo, CEO da empresa Fine Instrument Technology, que já exportou a tecnologia para a Alemanha, Holanda, Malásia e Colômbia. “Destacamos o potencial para os mercados de seleção de sementes como amendoins e sojas com teor alto de ácido oleico; empresas que atuam no beneficiamento de grãos e oleaginosas; ou ainda fabricantes de produtos industrializados como pães, biscoitos, chocolates, margarinas que precisam realizar a análise do perfil de gorduras sólidas”, acrescenta a empresária. “É sempre uma satisfação saber que uma técnica que desenvolvemos está incorporada em um aparelho de uma empresa brasileira, que está proporcionando a melhoria de processo em agroindústrias nacionais e internacionais, com aumento do rendimento das fábricas e redução de rejeitos. Esse é o sonho de qualquer pesquisador, ver que seu trabalho de muitos anos está dando retorno econômico, social e ambiental”, afirma Luiz Colnago. Criatividade e Inovação no DNA

A preocupação com o impacto econômico, social e ambiental tem marcado a trajetória da Embrapa Instrumentação em soluções tecnológicas como a nanoemulsão de cera de carnaúba, o nanossensor de baixo custo para rastreamento e monitoramento da qualidade de frutas, a sonda nacional para avaliação de parâmetros da água de viveiros para cultivo de organismos aquáticos ou ainda o equipamento para análise Três continentes de solos em larga escala de forma limpa com laser e inteligência artificial. “Vários setores de diversas indústrias “O pensamento multidisciplinar

criativo nos níveis individual e de grupo - que motivou a comemoração do Dia Mundial da Criatividade e Inovação em 21 de abril, a partir de uma resolução da ONU com o apoio de 80 países - é algo que buscamos praticar desde o início de nossas atividades há 35 anos, o que pode ser constatado nas inovações citadas anteriormente”, explica o chefe-geral da Embrapa Instrumentação, João Naime. Engenheiro eletrônico integrante de uma equipe com físicos, químicos e engenheiros com formações diversas, Naime lembra de soluções desenvolvidas pelo Centro de Pesquisa que dirige e que necessitaram de muita criatividade para atender a problemas específicos, cujo reconhecimento ocorreu com a concessão de cartas-patente pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). “Desenvolvemos o instrumento para avaliação da capacidade de expansão do milho pipoca, utilizado em processos de melhoramento genético; o sistema para termometria contínua à distância para ninho de jacaré, com o intuito de contribuir no monitoramento da espécie no Pantanal; ou ainda o sistema integrado para análise de raízes e cobertura do solo, um dos softwares pioneiros na ajuda ao produtor rural para compreender melhor os locais de plantio”, explica. “Por isso, a comemoração a partir de 2018 de uma data que busca conscientizar sobre a importância da criatividade e da inovação na solução dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável propostos pela Organização das Nações Unidas é muito representativa para a pesquisa agropecuária, que procura contribuir para a concretização dessas metas com conhecimento, ciência básica e aplicada de alto nível”, finaFonte: EMBRAPA liza João Naime. REVISTA 100% CAIPIRA |47


RECEITAS CAIPIRAS

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Sopa de abóbora com cogumelos frescos INGREDIENTES Alho poró picado 100 g Cebola picada 100 g Azeite Cardeal Extra Virgem 150 ml Abóbora tipo cabotiá picada 600 g Tomate maduro picado sem pele e sem sementes 150 g Folha de louro 1 unidade Água 2 litros Pimenta preta moída quanto baste Sal quanto baste Cogumelos Paris frescos laminados 200 g Salsinha picada quanto baste Queijo parmesão ralado quanto baste

PREPARO Refogue o alho poró e a cebola com metade do Azeite Cardeal Extra Virgem. Junte a abóbora, o tomate e a folha de louro, refogue para dourar levemente. Junte a água e cozinhe até a abóbora desmanchar. Tempere com sal e pimenta e bata no liquidificador. Reserve. Refogue os cogumelos no azeite restante e junte a salsinha picada. Junte metade dos cogumelos refogados à sopa. Sirva quente e decore com os cogumelos restantes e o queijo parmesão. REVISTA 100% CAIPIRA | 49


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