Edição 16 100 por cento caipira

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www.revista100porcentocaipira.com.br Brasil, outubro de 2014 - Ano 2 - Nº 16 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Viola Caipira TRADIÇÃO RESGATADA 5ª edição do concurso “Osasco, Capital da Viola Caipira” reúne seleto time de músicos na cidade paulista

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Fitossanidade: Lagarta da maçã é erradicada

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‘Caranguejo verde’ garante sustentabilidade à cadeia produtiva do crustáceo

Aquecimento solar favorece reuso de água no campo

Artigo: Agrodependência: uma realidade que exige uma nova consciência

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Artigo: A agricultura brasileira está voando


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Osasco: Capital da Viola

Gastronomia: Frango caipira na brasa EXPEDIENTE Revista 100% CAIPIRA®

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CIÊNCIA AGRÍCOLA

Aquecimento solar favorece reuso de água no campo Estudo desenvolveu um sistema de desinfecção no qual o calor gerado pelo sol é aproveitado para manter na água características químicas úteis às plantas O uso consciente da água é um tema de conhecimento geral que vem ganhando espaço para discussões entre pesquisadores e usuários. Como recurso finito, a atenção sobre ela deve ser redobrada na busca de alternativas que propiciem seu uso adequado e maior economia para, afinal, permitir uma distribuição de acordo com a qualidade e o setor onde será empregada. Entre as opções possíveis, encontra-se o reuso de águas servidas na agricultura, alvo de estudos na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP). De acordo com Ana Paula Alves Barreto Damasceno, autora da tese “Desinfecção de águas servidas através de tratamento térmico utilizando coletor solar”, esse tipo de reuso tem grande aceitação, principalmente quando se trata de redução de impactos ao meio ambiente. “Essas águas apresentam como vantagem altos teores de nutrientes que podem ser aplicados em diversas culturas por meio de diversos métodos de irrigação devendo, em alguns casos, ser feito apenas a complementação”, declarou a pesquisadora. 6 | REVISTA 100% CAIPIRA

Porém, ela lembra que o fator restritivo para o aproveitamento dessas águas deve-se à presença de microrganismos nocivos à saúde e/ou presença de metais pesados que possam causar toxidez. Isso limita sua aplicação em alguns sistemas pois é necessário verificar em quais culturas podem ser irrigadas sem que haja danos futuros. A eliminação ou, ao menos redução desse risco por meio de um tratamento que preserve os nutrientes ali presentes, transformaria essa água em solução nutritiva pronta para ser aplicada. “Meu trabalho está sendo apresentado como uma proposta de reaproveitamento da água residuária para a irrigação, de modo a manter as características químicas que podem reduzir o gasto com adubação”, explicou a engenheira agrônoma. Ana Paula exemplificou que no tratamento de esgotos ocorre a separação entre o lodo (onde fica retido a maior parte dos resíduos sólidos) e água. Esta água ainda possui uma grande quantidade de matéria orgânica que pode ser aproveitada como nutriente para as plantas.

No entanto, é necessário que haja um tratamento que conserve a matéria orgânica e elimine os microrganismos presentes no esgoto que são prejudiciais à saúde humana. “Com esse pensamento, o tratamento térmico pode ser visto como uma alternativa eficiente e sustentável”. Duas etapas A primeira etapa do experimento foi realizada no Laboratório de Física do Solo e Qualidade da Água da ESALQ, com amostras de água coletadas do Ribeirão Piracicamirim. Utilizando-se um regulador automático de temperatura, foram realizados testes sob temperaturas de 45, 50, 55 e 60ºC. Para os testes de qualificação e viabilidade dos ovos de helmintos (vermes parasitários) foi feita coleta de água residuária proveniente da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Piracicamirim.


Ainda com o uso do mesmo regulador automático procederam-se testes sob as temperaturas 60, 70, 80, 90 e 100ºC durante o período de uma hora de exposição. Na segunda etapa, realizada em campo, foram empregados três reservatórios. A água aquecida era conduzida no terceiro reservatório onde foi instalado um mecanismo que permitiu que o tubo conectado à caixa fosse movimentado de modo a ficar mais alto ou mais baixo, de acordo com a temperatura desejada, uma vez que devido a diferença de densidade forçou-se a passagem da água com temperatura mais elevada. Na sequência, foi realizada a comparação dos resultados e observou-se que, nas temperaturas de 55 e 60ºC, o tempo de uma hora foi eficiente para eliminar tanto coliformes fecais como Escherichia coli presentes nas amostras em comparação a amostra de ca-

racterização da água testada. Perante isso, foram realizados testes reduzindo o tempo de exposição das amostras, obtendo-se como resultado o tempo mínimo de 15 minutos à temperatura de 60ºC para que fosse alcançado o mesmo resultado obtido com uma hora de exposição. Nas amostras que foram submetidas ao tratamento e incubadas, apenas na mostra submetida a 60ºC foi possível a observação de um ovo que se verificou infértil. Nas demais amostras correspondentes aos outros tratamentos, não foi possível a recuperação de ovos nas lâminas observadas. É possível que durante o processo de limpeza para redução de resíduos nas provas tenha ocorrido perda de material devido a desintegração da matéria orgânica presente. No período estudado, na maioria dos dias, verificou-se que a temperatura alcançada pela placa superou

aquela necessária para inativação dos microrganismos estudados. Assim, é possível verificar nos dados que houve um alto incremento da temperatura entre entrada e saída da água na placa.

O uso do aquecimento solar se mostrou como uma excelente alternativa para inativação de microrganismos que são prejudiciais à saúde humana, comparando o que foi observado neste trabalho ao trabalho de outros autores”, completou Ana Paula

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ARTIGO

A agricultura brasileira está

voando

Por Ulisses Rocha Antuniassi, professor titular do Departamento de Engenharia Rural FCA/UNESP - Botucatu/SP

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á uma estatística impressionante sobre a aviação agrícola no Brasil: cerca de 50% das aeronaves vendidas na última safra foram adquiridas para uso privado. Ou seja, produtores rurais estão investindo pesado na aplicação aérea como ferramenta para o tratamento de suas lavouras. Num mercado que sempre foi direcionado para a prestação de serviços, as empresas que comercializam aviões agrícolas estão comemorando o avanço de sua participação sobre os chamados operadores privados (aqueles que possuem aeronaves para uso próprio e não prestam serviços). Só no ano passado mais de 100 aeronaves agrícolas novas foram acrescidas à frota nacional, que já ultra-

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passa a casa das 2000 unidades. Ou seja, em 2013 cerca de 50 aeronaves agrícolas foram compradas para uso privado. Não que o mercado de serviços no setor esteja reduzindo, ao contrário, mas há uma crescente percepção dos empresários rurais de que a aplicação aérea é ferramenta indispensável. O curioso é que este processo ocorre no momento em que a aviação agrícola vem sofrendo pressões por conta de incidentes envolvendo casos de deriva. A deriva ocorre quando parte do produto aplicado se desloca para áreas vizinhas, com potencial de causar danos a outras lavouras e contaminação do ambiente. Apesar de extremamente segura se realizada de acordo com as recomendações, a aplicação aérea esteve de fato ligada recentemente a incidentes que repercutiram de maneira muito negativa na mídia, acirrando a disputa do setor com entidades ambienta-

listas que buscam impor restrições ao mercado. Em meio a este processo, o setor aeroagrícola brasileiro vem buscando reagir. Com o apoio da ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal) e o do SINDAG (Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola), um programa denominado Certificação Aeroagrícola Sustentável (CAS) foi criado para certificar que os operadores atuam de acordo com critérios rigorosos quanto à sustentabilidade e responsabilidade ambiental. Coordenado por universidades públicas e gerido pela Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais (FEPAF), o CAS já certificou 30 empresas apenas neste ano (de um total de 227 empresas), e espera que até 2017 pelo menos 75% dos operadores estejam certificados. Este movimento é uma resposta importante do setor às críticas, e sua qualificação será, certamente, benéfica para toda a sociedade.


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FITOSSANIDADE

Lagarta da maçã é erradicada declarou a erradicação da espécie da lagarta, Geller afirmou que “por ser uma praga severa, que atinge diversos países, como Uruguai, Estados Unidos e Argentina, esta é uma conquista importante da defesa sanitária vegetal brasileira”. Combate

Depois da criação de várias medidas para exterminar o inseto, Mapa anunciou a ausência da praga nos cultivos brasileiros A Cydia Pomonella, mais conhecida como lagarta da maçã, está oficialmente erradicada, como informou a Instrução Normativa N° 32, publicada no Diário Oficial da União (DOU) em 5 de setembro. O inseto-praga foi excluído da lista de pragas quarentenárias presentes no Brasil e passou a 10 | REVISTA 100% CAIPIRA

constar da lista de ausentes. Em maio deste ano, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Neri Geller, havia anunciado durante evento em Vacaria (RS) que a praga não era mais um risco para os produtores brasileiros. Durante a cerimônia da assinatura que

Desde a primeira aparição da lagarta da maçã, em 1991, o Mapa vem criando medidas para combater o problema. O Programa Nacional de Erradicação da Cydia Pomonella foi uma delas, que instalou e monitorou mais de 10 mil armadilhas, além de capturar cerca de 20 mil exemplares da praga. As ações desenvolvidas por meio do programa erradicaram cerca de 100 mil plantas hospedeiras da praga, em regiões do sul do Brasil, como Santa Catarina e Rio Grande do Sul, estados responsáveis por 95% da produção nacional de maçã. Com a praga movida para a lista de quarentenárias ausentes, estimase que o setor de produção de maçãs – principal fruta atingida pela praga – incremente ainda mais as exportações. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, 83 mil toneladas de maçã foram exportadas em 2013, 24% a mais que no ano anterior.


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ARTIGO

Agrodependência:

uma realidade que exige uma nova consciência Por José Luiz Tejon Megido, vice-presidente de comunicação do Conselho Cientifico para a Agricultura Sustentável (CCAS), diretor do núcleo de agronegócio da ESPM e comentarista da rádio Estadão

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Brasil, no acumulado do primeiro semestre teve um déficit na balança de pagamentos de US$ 2,49 bilhões. Se não fosse o agronegócio, esse déficit seria de US$ 43,3 bilhões, e a situação do país estaria insustentável. O agronegócio foi responsável por uma venda de US$ 49,1 bilhões, gerando um saldo positivo na sua conta de US$ 40,8 bilhões. Neste ano, no cenário econômico do País, só nos resta

rezar e esperar por uma venda na casa dos US$ 100 bilhões no agronegócio para termos alguma chance de terminar o ano com alguns trocados positivos no caixa. O capitão de indústria, Antonio Ermirio de Morais, dizia que a força brasileira e que deveria puxar sempre o crescimento é o agronegócio. Ele afirmava termos as condições e os talentos, ou seja, fatores críticos de sucesso mais prontos. E que a indústria seguiria a reboque.


Para compreendermos essa posição, precisamos nos despir dos conceitos antigos, de associarmos esse novo agronegócio a simplesmente “commodities”. Hoje o balanço de pagamentos do país tem 50,4% conectados ao que classicamente chamamos de produtos básicos, a maior participação desde 1978. Mas a tecnologia envolvida nesse tal de produtos básicos mudou extraordinariamente e mesmo na mineração, aspectos de segurança, logística, automação, diferenciação de matérias-primas, acesso a mercados e inteligência de gestão mudaram espetacularmente. O agronegócio, o responsável pelo único êxito no acerto das contas do País, até agora, revela um contexto de tecnologia, índices de produtividade ascendentes, educação, formação e espírito guerreiro do setor que combate com estruturas de logística, impostos riscos e custos, os quais não controlam, mas que tem superado e vencido.

Se estamos tendo uma diminuição dos preços dos grãos, neste momento, por uma previsão de super safras de soja e milho, no mundo, falamos ainda de uma saca de 60 kg de soja em torno de R$ 55 a R$ 60, o que é sim o menor preço dos últimos quatro anos, porém, bem acima dos patamares clássicos históricos, o que permite aos agricultores, aqueles que realizam uma competente gestão, estarem ainda com lucro, mesmo com os preocupantes custos incontroláveis crescendo. Por outro lado, no reino da proteína animal estamos vivendo um momento único na história da produção e das vendas. No primeiro semestre deste ano o Brasil aumentou a receita com exportações na carne bovina, comparado ao mesmo período do ano passado, em 15% Hong Kong, Rússia, Venezuela, União Europeia e Egito, nossos maiores clientes, onde Hong Kong, leia-se distribuição e capilarização para a China que agora abre o mercado para vendas diretas brasileiras. A suinocultura teve preços ascendentes e demanda maior, tanto interna quanto externa, e a avicultura opera com expectativas de crescimento no segundo semestre deste ano. As recentes confusões geopolíticas envolvendo a Rússia, abriu mercados para o Brasil, e, no mês de junho a Rússia foi o nosso cliente que mais cresceu. A Venezuela, da mesma forma, numa crise agroalimentar, veio na segunda posição. E a China, com um consumo per capita de carne vermelha de apenas 6kg/ano, e com a necessidade de transferir cerca de 400 milhões de habitantes do campo para a cidade nos próximos 30 anos, revela necessidades seguras de oferta de alimentos mais nobres. Importante ainda comentar sobre o mercado halal, os consumidores muçulmanos, cerca de 2,2 bilhões de pessoas, onde o Egito, Irã, Argélia figuram como os três maiores destinos da carne brasileira. Essa agrodependência, se for tratada com respeito e num contexto de agrossociedade com todos os elementos que a compõem no antes, dentro, pós-porteira das fazendas e no além do pós-porteira, incluindo serviços, turismo, nichos,

especialidades e a alta tecnologia embutida, com educação sofisticada, representa uma vocação legítima e verdadeira do Brasil no cinturão tropical planetário. O povo brasileiro, eleitores das grandes cidades pesquisados pela Abag/ESPM neste ano, considerou numa proporção maior do que 90% que o agronegócio é muito importante para o Brasil, e ainda é o grande gerador de empregos, mesmo nas cidades. A voz do povo é a voz de Deus, quando perguntados livre e corretamente a respeito dos importantes valores das suas vidas. Essa nova consciência precisa vir forte e clara, não apenas nos papéis bem intencionados dos presidenciáveis, mas como um foco a ser bem tratado, pois, a partir dele, puxaremos o resto dos setores. As associações da agrodependência, formatados com preconceito e menosprezo, não ajudarão em nada ao próprio agronegócio, e principalmente a todos os demais setores da indústria, comércio e serviços brasileiros. O mundo mudou e não se extraem mais produtos básicos como antigamente. Isso agora chama alta tecnologia, logística, educação e formação, marketing e gestão sofisticada. E que, acima de tudo, o governo ajude e não atrapalhe, como no caso do biocombustível.

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PESQUISA

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INOVAÇÃO

Mais de 4 mil produtores rurais participam do encontro sobre controle de nematoides na soja da FMC

Ação gratuita foi realizada em quarenta cidades de sete diferentes estados do País 16| REVISTA 100% CAIPIRA

Entre os dias 9 de julho a 5 de setembro, a FMC Agricultural Solutions promoveu encontros gratuitos de orientação de manejo contra nematoides na soja em todo o País. A companhia apresentou também sua tecnologia exclusiva para controle da praga, o nematicida e inseticida Rugby 200 CS

aplicado com o sistema PulverEasy. As reuniões, realizadas em quarenta cidades de sete diferentes estados (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Rio Grande do Sul), atingiram mais de quatro mil produtores rurais do Brasil. O coordenador de desenvolvimen-


A abordagem desses profissionais foi fundamental para sanar as dúvidas do produtor e conscientizá -lo a optar pelo manejo adequado à cultura da soja”, completa.

Tecnologia Rugby com Sistema Pulvereasy

to de mercado da FMC, Felipe Faria, destaca a importância do encontro técnico gratuito. “Este trabalho realizado pela FMC junto às Cooperativas e produtores rurais é fundamental para instruir e aperfeiçoar o conhecimento do homem do campo que lida com a soja. Os nematoides, que são pragas micros-

cópicas, podem trazer sérios prejuízos (perdas de até 70% do cultivo), caso o produtor não esteja preparado com o manejo correto”, afirma. Faria fala ainda sobre o nível técnico dos encontros “em todos eles contamos com palestras técnicas de especialistas em nematologia.

O nematicida e inseticida Rugby 200 CS, aplicado no sulco de plantio, promove a proteção do sistema radicular da soja. Essa solução inova o portfólio de produtos para esta cultura, complementando a já conhecida solução tecnológica para tratamento de sementes que traz um excelente controle de insetos sugadores e mastigadores, o inseticida Rocks. O gerente de Produtos para Tratamento de Sementes e Solo da FMC, Michel Nessrallah, fala sobre a importância da nova tecnologia para a soja. “Essa nova proposta de manejo que a FMC traz para o produtor rural é uma solução combinada, entre o produto Rugby 200 CS, altamente eficaz e o sistema de aplicação, o “PulverEasy”, um aplicador especialmente desenvolvido para trazer precisão e uso em larga escala no campo. Esse sistema permite que o produtor obtenha um controle dos nematoides no campo muito superior aos métodos disponíveis até o momento”, afirma. Nesrallah destaca ainda que “foram conduzidas 40 áreas de soja tratadas com o Rugby, no sistema PulverEasy, e o incremento médio de produtividade foi de 6 sacas a mais por hectare em relação a áreas não tratadas. A nova tecnologia permite uma aplicação eficaz no campo, com um rápido início de controle de nematoides. Flexível, pode ser aplicado nas mais variadas situações e manejos, conta com residual prolongado que protege a raiz da planta por um tempo muito superior aos tratamentos de sementes utilizados atualmente. REVISTA 100% CAIPIRA |17


PRODUÇÃO

‘Caranguejo verde’ GARANTE SUSTENTABILIDADE À CADEIA PRODUTIVA DO CRUSTÁCEO

Norma define padrões e afasta a ameaça de quebra da cadeia produtiva do caranguejo-uçá com ações predatórias

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Agora é política pública. A captura, acomodação e transporte do caranguejo-uçá das áreas de mangue do Piauí, Maranhão, Ceará e Pará até o consumidor final deve seguir um processo tecnológico desenvolvido pela Embrapa MeioNorte (PI), que se popularizou com o nome de ‘caranguejo verde’. O processo organiza ecologicamente a cadeia produtiva do crustáceo, garantindo padrões corretos de captura, estocagem e transporte desse animal vivo, levando sustentabilidade à atividade pesqueira. A Instrução Normativa nº 9, de 2 de julho de 2013, do Ministério da Pesca e Aquicultura e do Ministério do Meio Ambiente, que acaba de entrar em vigor e que tem o processo tecnológico da Embrapa como base, define padrões e afasta a ameaça de quebra da cadeia produtiva do caranguejo-uçá com ações predatórias. Técnicos do Ibama e do Instituto Chico Mendes estão monitorando a atividade e orientando os pescadores a cumprirem a Instrução. Ainda não foram definidas as

penalidades para quem desobedecê-la. Desenvolvido pelo pesquisador Jefferson Legat, o processo tecnológico que deu origem ao caranguejo verde é uma ação para estancar crimes ambientais nas áreas de mangue. O processo gerou um documento em forma de cartilha e define as etapas da atividade pesqueira do caranguejo-uçá, afastando a pressão nos mangues. O processo é simples e eficaz. O braceamento, por meio do qual o catador coloca o braço na toca do animal e o retira com a mão, é o método de captura que provoca menos danos ao caranguejo-uçá. Portanto, é o indicado. Os crustáceos, em número de 80, no máximo, devem ser transportados soltos e acondicionados em caixa de plástico, um recipiente com mais espaço e seguro. É recomendado também que os animais fiquem divididos em faixas de espuma umedecida com água, o que reduz o nível de estresse. Com essas recomendações, a taxa de mortalidade cai de 55% para 5%.

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Sucesso no comércio e na mesa A vida do maior e mais famoso vendedor de caranguejo-uçá do Nordeste brasileiro mudou com o processo tecnológico do caranguejo verde. Francisco Querino Lourenço, o Chico do Caranguejo, foi o primeiro comerciante a aderir à tecnologia e garante que ela “deveria ter surgido há pelo menos 100 anos”. Instalado há 33 anos com uma barraca na praia do Futuro, em Fortaleza, ele conta que dos cerca de 40 mil caranguejos que compra todo mês da área de mangue do Delta do Rio Parnaíba, nos estados do Piauí e Maranhão, nem 5% chegam mortos. “Antes, de 40 mil caranguejos que eu trazia, apenas 18 mil chegavam vivos. O prejuízo ao comércio e ao meio ambiente era muito grande”, lembra. Chico do Caranguejo é a garantia do caranguejo de qualidade. Ele repassa, todo mês, cerca de 20 mil crustáceos a 166 pontos comerciais da capital cearense, entre bares e restaurantes. “Olha que interessante! Esse processo, além de preservar o meio ambiente e a espécie, nos garante um alimento de qualidade”, disse, surpresa, a fonoaudióloga Cheyla Alencar, piauiense de Pio 20| REVISTA 100% CAIPIRA

Nono, que passa férias em Fortaleza, ao ser informada sobre o caranguejo verde. Ela, o marido, Ednaldo Alencar, e a irmã Charla Sousa, aprovaram a ideia do processo tecnológico. Conhecido nacionalmente, o Beach Park é outro cartão de apresentação do caranguejo verde. Situado na praia Porto das Dunas, em Aquiraz, a 15 quilômetros de Fortaleza, o parque aquático tem no caranguejo seu maior destaque no cardápio. “O processo já fala por si só”, diz o chef corporativo Bernard Twardy, um dos entusiastas do caranguejo verde. Nascido em Bonn, na Alemanha, e vivendo há 30 anos no Brasil, Bernard conta que de janeiro a julho deste ano o parque já recebeu do fornecedor Paulo César Aguiar, 106 mil caranguejos, todos capturados, acomodados e transportados obedecendo o processo tecnológico desenvolvido pela Embrapa. Aguiar também traz caranguejo do Piauí, Maranhão e Pará. Para o português Vitor Hugo Teixeira, que mora em Lisboa e passa férias todo ano com a mulher e os dois filhos em Fortaleza, o caranguejo verde é uma segurança para o consumidor. “Fiquei contente em saber dessa tecnologia. Ela

dá segurança a quem está consumindo o crustáceo. Penso que todos os donos de bares e restaurantes deveriam adotar esse caranguejo verde”, sugere. Monitoramento e orientação Com eficiência comprovada, o processo do caranguejo verde recebe apoio de instituições públicas e de uma organização não governamental. Também trabalham no monitoramento do desembarque de caranguejos no porto dos Tatus, no município de Ilha Grande, no litoral do Piauí, pesquisadores das universidades federal e estadual e da ONG Comissão Ilha Ativa (CIA). A ação é uma das atividades dos projetos “Fortalecimento das Comunidades Tradicionais da Ilha Grande Santa Isabel para conservação” e “Manejo Sustentável dos Recursos Naturais”, conduzido pela CIA. A pesquisadora Fabíola Fogaça, da Embrapa Meio-Norte, coordena as ações de pesquisa e é responsável pelo levantamento de informações sobre o extrativismo do pescado. O projeto é financiado pela Tropical Forest Conservation ACT, instituição norte-americana.


Vejo esse processo da Embrapa como o marco zero para a regulamentação do trabalho dos catadores de caranguejo-uçá, evitando, assim, a extinção da atividade no Delta do Parnaíba”, diz a bióloga Liliana Oliveira, da Comissão Ilha Ativa. Segundo ela, já há sustentabilidade na cadeia produtiva do crustáceo, “mesmo existindo ações predatórias, que são pontuais e controladas

“A oceanógrafa Silmara Erthal, do Instituto Chico Mendes, tem a mesma opinião de Oliveira. “O processo afasta a possibilidade de extinção da cata do caranguejo-uçá”, garante. Já o professor João Marcos de Góes, da Universidade Federal do Piauí e doutor em zoologia, reforça o pensamento da bióloga. Para ele, a Instrução Normativa “é uma política mitigadora do problema”. O professor, no entanto, acredita que há necessidade de mais estudos sobre toda a cadeia produtiva do caranguejo-uçá. “É preciso um conhecimento geral da população de animais nas áreas de mangue”, sentenciou. Góes é biólogo e trabalhou, como bolsista, nas pesquisas que resultaram no processo do caranguejo verde. No trabalho, ele descobriu que o caranguejo atinge a maturidade sexual entre 3 e 4 centímetros de comprimento. “Isso foi importante, pois a lei que protege os caranguejos determina que eles só podem ser capturados com tamanho superior a 6 centímetros de comprimento”, destacou. O caranguejo-uçá, cujo nome científico é Ucides cordatus, habita todos os 25 mil quilômetros quadrados de área de mangue do Brasil, que são distribuídos em mais de 7 mil quilômetros da orla litorânea – do extremo norte do

Amapá até Santa Catarina. Segundo estudos da Embrapa Meio-Norte, o caranguejo-uçá tem pouca gordura, alto teor de proteínas e é fonte de minerais. Riqueza ambiental e fonte de renda Na área de mangue, nos anos 2000, segundo um estudo da Embrapa, cerca de 20 milhões de caranguejos eram capturados anualmente para o consumo dos próprios pescadores e para exportação. Hoje, não há uma estimativa do número de captura desses crustáceos. No Piauí e Maranhão, capturar caranguejo é uma atividade que ocupa pelo menos 7 mil pessoas, sendo a principal fonte de renda. A captura de caranguejo para exportação acontece sempre de terçafeira a sábado. Os compradores sobem o rio Tatus, braço do rio Parnaíba, em barcos de médio porte, logo no início da manhã e só voltam à noite. A negociação é feita no meio do rio. Caranguejos com mais de 6 centímetros de carapaça são ao mais valorizados: custam R$ 1,50. Já os que têm apenas 6 centímetros são vendidos por R$ 1,00. Nos bares e restaurantes de Fortaleza, por exemplo, uma porção com quatro caranguejos pode custar de R$ 19 a R$ 42.

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osasco

PESQUISA

CAPITAL DA VIOLA

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Deputados declaram Osasco “Capital da Viola” de São Paulo

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Osasco ficou oficialmente

reconhecida como Capital da Viola no Estado de São Paulo após a sanção da Lei 13.547/2009, de autoria do deputado estadual Marcos Martins, que reconhece Osasco como berço da música sertaneja no estado. O projeto foi aprovado por unanimidade, o projeto tem o objetivo de contribuir para a fixação da imagem do município como o berço da cultura popular baseada na música sertaneja. A homenagem parte de um momento peculiar da história de Osasco. Na década de 60, radialista conhecida como Pavão do Norte apresentava programa na antiga Rádio São Paulo, cujos participantes na sua grande maioria vinham de Osasco. A fim de homenagear os violeiros osasquenses, começou a fazer a chamada “vem aí da Capital da Viola”, slogan que ficou conhecido em todo o Brasil, datando portanto desse período a consolidação da imagem de Osasco como Capital da Viola, consolidada agora com a aprovação do projeto. Alguns municípios paulistas foram ou estão em vias de ser homenageados com o reconhecimento, por parte desta Assembleia Legislativa, de suas tipicidades. São os casos de Bebedouro (Capital da Laranja), Cruzeiro (Capital da Revolução Constitucionalista de 1932), Cubatão (Capital das Bandas e Fanfarras), Jardinópolis (Capital da Manga), Pardinho (Capital da Música de Raiz), Quadra (Capital do Milho Branco), Tatuí (Capital da Música) e Ubatuba (Capital do Surf). Tais homenagens seguramente engrandecem as cidades, ao valorizarem sua história, economia ou cultura. A moda de viola está de tal maneira enraizada na cultura osasquense que surgiram recentemente na cidade a Casa dos Violeiros do Brasil, a Associação Brasileira dos Artistas

Sertanejos (ABAS), o Rancho Musical e o Centro Nacional da Música Sertaneja, este último liderado por Fusco Netto e Zé Romeiro. Também vale registrar a tradição dos festivais de música sertaneja em Osasco. Dessa safra nova de violeiros: Joaquim e Manoel, Vilino e Brigadeiro, Deize e Dilma, Ribeiro e Bragantino, Jota Garcia e Rosenil, Peão Brasil e Parentinho, Cristal e Sulinha, Mineirão e Marinense, Sereno e Tiãozinho, Valderi e Mizael, Zé Laércio e Jurandir, Edson e Adilan, Tião Brasil e Carriel, Bento e Gonçalves, Campos Silva e Centenário, Izac e Izaías. Outros importantes violeiros e divulgadores da música sertaneja como Antonio Caldeira, Jurandyr Antonio Barca, Nivaldo Otavani e João Luche (Nhô Luca). Em 2005, “Osasco, Capital da Viola” foi título do Trabalho de Conclusão de Curso, na Fundação Instituto de Tecnologia de Osasco (FITO), da graduada em Jornalismo Cristina Vânia dos Anjos, sob orientação do Professor Renato Vaisbih. Em junho de 2007, no site Google, a ‘pesquisa avançada’ com a expressão “capital da viola”, abrangendo a internet do mundo inteiro, indicou onze citações em português, três das quais se referiram a Osasco. “Quando propusermos o projeto de lei, Nossa intenção era reconhecer oficialmente Osasco Capital da Viola no Estado de São Paulo, pois os artistas da música sertaneja e os osasquenses já sabem muito bem disso. Agora é só aguardar a sanção do governador, que deve sair ocorrer nos próximos dias, para comemorarmos com uma boa moda de viola”, justificou Marcos Martins. A Revista 100% Caipira foi conferir de perto a 5ª edição da entrega do troféu “Osasco, Capital da Viola”, que acontece todos os anos na Associação Brasileira dos Artistas Sertanejos (ABAS). Confira as fotos nas próximas páginas. REVISTA REVISTA100% 100%CAIPIRA CAIPIRA ||25


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CIÊNCIA AGRÍGOLA

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SAÚDE

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VITIVINICULTURA

Produtores projetam crescimento de 10% nas vendas de espumantes no fim do ano Se a meta for atingida, no último quadrimestre devem ser comercializados mais de 11 milhões de litros da bebida; suco de uva integral tende a crescer 20% e se consolidar como um dos carros-chefes de vendas no período A perspectiva do setor vitivinícola é que o total de vendas de espumantes no último quadrimestre deste ano seja 10% maior do que o registrado no mesmo período de 2013. Se o volume projetado for atingido, devem ser comercializados mais de 11 milhões litros da bebida ícone das festas de final de ano. Nos últimos quatro meses do ano passado, foram vendidos 10,2 milhões de litros do produto, o que significou um crescimento de 7,88% em relação a 2012. Já as vendas do suco de uva 100% devem seguir o ritmo de crescimento dos últimos anos e registrar cerca de 20% de aumento em relação ao mesmo período do último ano, quando foram vendidos 28,8 milhões de litros. O tradicional crescimento de vendas de espumante neste ano é impulsionado pelas premiações em concursos importantes e por avaliações de críticos de renome internacional. Destaque para a análise do inglês Steven Spurrier, idealizador do lendário Julgamento de Paris, que posicionou os rótulos verde-amarelos como os melhores do Hemisfério Sul durante evento ocorrido no mês de abril em São Paulo. O vice-presidente do Conselho Deliberativo Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), Dirceu Scottá, destaca o aperfeiçoamento na produção da bebida no país. “Ao provar os espumantes brasileiros, das mais diversas vinícolas, é possível perceber o alto nível e padrão na qualidade”, elogia. O gerente de promoção da entidade, Diego Bertolini, observa que o espumante é uma opção de presente no meio corporativo, já que, principalmente 40 | REVISTA 100% CAIPIRA

na região Sul, é item fixo nas cestas de fim de ano. “Esse aquecimento nas vendas, principalmente de espumantes e sucos de uva, ajuda a popularizar os produtos e incentivar para que o consumo se estenda para outros períodos do ano”, avalia. Bertolini lembra que em outras regiões é comum a inclusão de vinho nas cestas de final de ano que são distribuídas para os funcionários. Citado pelo gerente, o suco de uva 100% também tem conquistado o mercado interno e cativado os brasileiros de diversas regiões do país. No ritmo de vendas que dá saltos há cerca de cinco anos, o produto também deve ser um dos destaques de comercialização neste último quadrimestre.

Segundo Scottá, o produto tem alto grau competitivo em função das características particulares da região, onde se concentra 98% da produção de suco, feita a partir de uvas americanas como a Isabel, Bordô e Concord. “Os turistas estrangeiros ficam impressionados com a qualidade e o sabor particular de nossos sucos”, observa. Sobre o desempenho geral do setor, Scottá afirma que o crescimento deve ficar em torno de 5%. Segundo o enólogo, a venda de vinhos finos, por exemplo, deverá ter performance semelhante à registrada em 2013, quando foram comercializados 6,7 milhões de litros no período de setembro a dezembro.


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ARTIGO

O planeta

cabe na

urna Por Coriolano Xavier, membro do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS); professor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM

Na sociedade da hiperinformação – multiconectada e agindo cada vez mais por valores – o produtor rural parece ter conquistado, definitivamente, um espaço de valor na percepção do público urbano, por desempenhar uma função essencial na sociedade. Mais ainda: ele próprio, o produtor, aumentou seu nível de confiança e hoje se vê como um provedor de alimentos. Está na pesquisa Farm Perspectiv Study*, que ouviu 1.300 pessoas no Brasil e cujos resultados foram divulgados em agosto último: 88,6% dos consumidores têm consciência que o produtor “é um fornecedor de alimentos” e 93% dos produtores assim se percebem também. Ou seja, a consciência do papel do produtor na segurança alimentar cresceu – na cidade e no campo. O levantamento também revela que a preocupação dos consumidores com a sustentabilidade atingiu a marca de 82%. Mostra, ainda, que 67% dos agricultores afirmam usar métodos sustentáveis de produção e só 37% dos consumidores concordam com isso. Outra dissonância: 75% dos consumidores concordam em pagar mais por alimen44| REVISTA 100% CAIPIRA

tos produzidos de forma ambientalmente amigável, mas apenas 36% dos agricultores acreditam nisso. Como se vê, há uma nova realidade do mercado de alimentos, emergente, que cria oportunidades e abre espaço para o marketing do produtor e do agronegócio, para agregar valor percebido em seus produtos e atividades – ou pelo menos reduzir eventuais abismos de percepção entre cidade e campo, como os mostrados acima. Desde que a revolução verde chegou a nossos campos e a produção animal modernizou-se, um hectare de terra multiplicou sua capacidade geradora de proteína animal -- de 2 para 2,8 kg de carne suína, ou de 1 para 5,6 kg de frango, por exemplo. Isso é sustentabilidade em três dimensões: ambiental, econômica e social. Mas no mundo contemporâneo, das percepções mutantes, é preciso contar ao público nossas conquistas e progressos. E, olhando a pesquisa Farm Perspective Study, talvez esteja faltando uma maior energia em marketing do agronegócio, para contar essas e outras histórias para a cidade. Falta, por exem-

plo, desenvolver uma narrativa do campo sobre a sua sustentabilidade. Quer ver um exemplo? A sustentabilidade depende cada vez mais da incorporação de tecnologia; vale dizer, de sistemas de produção apoiados em uso intensivo de tecnologia. Mais ciência e menos regras – ainda que essas sejam também necessárias e importantes, para induzir o progresso da consciência sustentável. Essa é uma mensagem que precisa ser levada, por exemplo, aos na próxima eleição, principalmente aqueles mais identificados com as causas do meio ambiente. Dizer, propor e levar estudos mostrando que a sustentabilidade do campo vai se resolver de fato, na tecnologia. Essa é uma iniciativa só nossa, só das lideranças do agro, não tenha dúvidas. Pois o planeta cabe em uma urna eleitoral e dá voto, principalmente entre os eleitores mais jovens. (*) Farm Perspective Study, pesquisa realizada pela BASF em 2014, ouvindo 300 agricultores e 1.000 consumidores, no Brasil


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COZINHA DA ROÇA

Frango caipira na brasa Apesar de ser mais saudável, por estar livre de hormônios de crescimento, a carne do frango caipira é menos macia que a dos frangos confinados, e a pele não desmancha no cozimento. Por isso, esse tipo de ave se presta muito bem para o preparo de guisados, ensopados, assados no forno ou no espeto. Confira, abaixo, nossa receita especial de frango caipira na brasa. Fica uma delícia. 46 | REVISTA 100% CAIPIRA

Excelente *****

garfo duplo ou triplo, dependendo do peso da ave

Ingredientes e modo de preparo:

• Leve o espeto de frango à churrasqueira (giratória, de preferência) já em brasa

• Coloque um frango inteiro sem miúdos numa tigela e tempere bastante por fora e por dentro com alho bem picado, sal, pimenta, louro em pó, limão, alecrim, azeite e pedacinhos de bacon

• Quando a pele estiver bem dourada (o tempo de preparo varia de acordo com a intensidade da brasa, distância do espeto e peso da ave), com alguns pontos quase queimando, tire o frango da chur• Cubra a tigela com papel alumí- rasqueira, corte-o e sirva acomnio e deixe descansar por 8 horas panhado com farofa, pimenta e limão na geladeira • Espete o frango num espeto de Bom apetite!


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ARTIGO

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INVESTIMENTOS

Países da África têm potencial para setor sucroalcooleiro Estudo mapeou 11 potenciais polos para o plantio de cana, produção de açúcar e etanol e instalação de usinas termelétricas A consultoria de negócios Bain & Company e o escritório de advocacia Machado, Meyer, Sendacz e Opice Advogados concluíram um amplo estudo sobre o setor sucroalcooleiro no oeste da África, para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O levantamento aponta que existe na União Econômica e Monetária do Oeste Africano (Uemoa) potencial para a produção de 950 mil toneladas de açúcar, o que poderia resultar em US$ 1 bilhão para a economia local. Já os polos agroenergéticos seriam capazes de produzir 600 mil metros cúbicos de etanol e 310 GW de energia elétrica, gerando US$ 437 milhões. O impacto do setor seria de algo em torno de 1% a 5% do PIB da região, formada por Senegal, Mali, Níger, Burkina Faso, Benin, Togo, Costa do Marfim e Guiné 50 | REVISTA 100% CAIPIRA

Bissau. Hoje, a situação econômica da Uemoa é crítica: os oito países, juntos, registram um PIB de US$ 136 bilhões e têm um déficit de US$ 6,8 bilhões na balança comercial. O estudo demorou mais de um ano para ser concluído e mapeou 11 potenciais polos para o plantio de cana, produção de açúcar e etanol e instalação de usinas termelétricas. A ideia é utilizar o modelo brasileiro como inspiração para aliar a produção de alimento – no caso o açúcar – com a oferta da geração de energia e biocombustíveis. No total, esses potenciais polos demandariam um investimento de US$ 3,2 bilhões. Dos países analisados, o que teria maior impacto seria o Togo, em que investimentos de US$ 425 milhões gerariam um crescimento aproximado de 5% do PIB. Senegal e Benin são os países que mais apresentam

potencial de investimentos. Neles, os valores chegariam a US$ 663 milhões e US$ 512 milhões, respectivamente. Segundo o levantamento, o mapeamento desses polos fortalece um importante tripé para as nações da Uemoa. Inicialmente, a necessidade de alimentos seria minimizada, já que os países poderiam substituir a importação de açúcar. Os outros dois pontos de apoio são a oferta de combustíveis e energia essenciais para o desenvolvimento industrial dessas localidades. Uma das propostas defendidas pelos responsáveis pelo relatório é utilizar o conceito de “zonas de desenvolvimento especiais”, que visa fortalecer a agricultura familiar. O conceito foi disseminado pelo ministro da Agricultura da Nigéria, Akinwunmi Adesina e é muito bem aceito na comunidade mundial.


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