www.revista100porcentocaipira.com.br Brasil, novembro de 2014 - Ano 2 - Nº 17 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Oceano amazônico Volume da água subterrânea na Amazônia é estimado em 160 trilhões de metros cúbicos, valor que representa mais de 80% dos recursos hídricos disponíveis no bioma REVISTA 100% CAIPIRA |
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Artigo: Um exemplo de parceria estratégica
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Custo da pecuária registra forte aumento no 1º semestre
Estudos podem ajudar a tornar a produção agrícola mais sustentável
Uvas: Avaliação sensorial define o melhor período de colheita
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Amazonia: Tem oceano subterrâneo
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Saúde: Novembro Azul
Amazonia: Estudo avalia a falta de chuva
Gastronomia: Mousse de manga rosa e iogurte light EXPEDIENTE Revista 100% CAIPIRA®
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SEGURANÇA ALIMENTAR
Cientistas apontam soluções sustentáveis para desafios agrícolas Diego Freire Da Agência FAPESP Ante o aumento da demanda da população por alimentos, o conhecimento sobre o vasto e ainda pouco explorado universo dos microrganismos que habitam o solo e as plantas pode ajudar a incrementar a pro6 | REVISTA 100% CAIPIRA
dução agrícola de forma sustentável. É o que afirma Fernando Dini Andreote, pesquisador da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP) e ganhador da edição deste ano do Prêmio Fundação Bunge na categoria Juventude. Andreote participou do Semi-
nário Produtividade Agrícola Sustentável, realizado pela FAPESP em parceria com a Fundação Bunge com o objetivo de envolver pesquisadores do setor em discussões sobre o tema. Para ele, o microbioma do solo e das plantas pode guardar importantes respostas para os desafios do setor agrícola.
“
No solo e nas plantas há a maior fonte de biodiversidade genética e metabólica do planeta: cerca de 1 bilhão de células vivas para cada grama de solo; são 30 mil espécies diferentes. A capacidade metabólica desses organismos precisa ser investigada para entendermos cada vez mais sobre como utilizá-la em benefício da produção sustentável
”
Andreote esteve à frente da pesquisa “Diversidade microbiana em solos com cultivo de cana-de-açúcar no estado de São Paulo: um enfoque biogeográfico”, apoiada pela FAPESP, que identificou grupos de microrganismos e os correlacionou a fatores como o tipo de manejo da cultura, a natureza do solo e aspectos climáticos, como umidade e temperatura. O trabalho constatou que há importantes diferenciações entre grupos de microrganismos em áreas distintas, ainda que com cultivos semelhantes. “São diferenciações importantes, mais expressivas em fungos do que em bactérias, e nosso trabalho é entender se esses grupos, ainda que diferentes, têm as mesmas funcionalidades”, disse. A indução do crescimento de determinados microrganismos possibilitada pelo conhecimento sobre a microbiologia do solo pode facilitar a nutrição e o crescimento das plantas com recursos naturais da área, uma solução sustentável. Andreote destacou no seminário que é preciso considerar também a ação integrada desses organismos. “[É necessário] buscar conhecer funções do conjunto deles, não só de forma isolada, enxergar o grupo microbiano como um tecido que interage com o hospedeiro e encontrar funções que, quando se olha para cada componente, não são identificadas.” Nesse sentido, Andreote estuda também consórcios microbianos envolvidos na degradação do material presente nos resíduos biológicos agrícolas, especificamente restos da cultura de cana-de-açúcar e de milho. Na pesquisa “Microbial consortia for biowaste management: life cycle analysis of novel strategies of bioconversion (Microwaste)”, realizada por Andreote em parceria com pesquisadores da Netherlands Organisation for Scientific Research (NWO), a proposta é identificar os efeitos da incorporação dos resíduos agrícolas nos processos biogeoquímicos do solo.
“Buscamos entender como funciona a incorporação de resíduos de cana e milho no solo não pela ação de um organismo em específico, mas pela atividade conjunta da microbiota. A ideia é identificar grupos que têm atividades em conjunto e, por essa atuação complementar, aceleram o processo de incorporação”, explicou. Biodiversidade De acordo com Andreote, a diversidade de microrganismos envolvidos nos processos metabólicos das plantas está relacionada à biodiversidade do ambiente em que a vegetação está inserida, o que evidencia ainda mais a importância que se deve ter com a sua preservação. “A planta seleciona os microrganismos que vão se associar a ela. Se a biodiversidade do ambiente é alta, a seleção é mais eficiente. Se essa diversidade é reduzida, aumentam as chances de colonização por organismos oportunistas, os patógenos, o que explica a maior ocorrência de doenças em raízes em áreas de monocultura, pois a biodiversidade é restrita”, disse. Por isso, acredita o pesquisador, é preciso encontrar alternativas à tendência corrente de homogeneização dos sistemas. “Se você troca uma área de vegetação nativa pelo cultivo de cana-de-açúcar, está homogeneizando o ambiente, ainda que não seja essa a sua intenção, e o levando a uma restrição, por meio de seleção natural, da biodiversidade que coloniza aquele ambiente”, explicou, citando a rotação da cultura e o plantio direto como alternativas para manter a biodiversidade microbiana ativa no solo. Para Hiroshi Noda, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) contemplado pelo Prêmio Fundação Bunge na categoria Vida e Obra, algumas lições podem vir dos procedimentos agroecológicos adotados pelos agricultores tradicionais no manejo das plantas. REVISTA 100% CAIPIRA |
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Diálogos
“O desafio é aumentar os níveis de sustentabilidade agrícola face ao processo gradual de deterioração ambiental e desacelerar e estancar o processo de perda da agrobiodiversidade”, disse no seminário. Em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o Inpa utiliza estratégias de melhoramento genético e conservação in situ – que preserva a variabilidade genética das plantas cultivadas nas propriedades agrícolas em que são manejadas – de espécies hortícolas como abóbora, cubiu, ariá, feijão -macuco e feijão-de-asa na região amazônica. Todas as ações de pesquisas levam em conta as práticas tradicionais locais, como o rodízio de áreas em produção e em pousio – a interrupção da cultura para um período de descanso. Na capoeira, área destinada a esse descanso, são introduzidas espécies selvagens em associação com o arranjo espacial 8 | REVISTA 100% CAIPIRA
das plantas. “Essas estratégias tradicionais têm garantido a autossuficiência alimentar, a sustentabilidade no processo produtivo e a manutenção dos valores culturais dessas populações humanas”, disse Noda. O cientista destacou ainda características das formas de produção tradicionais que favorecem a conservação in situ. “Nas áreas comunitárias onde ocorre o processo de conservação ou onde as espécies conservadas são compartilhadas pelas comunidades, com manejo e colheita comunitárias, há elevado nível de variabilidade genética mantida nos cultivos.” Os propágulos – sementes e mudas – compartilhados são incorporados e mantidos pelos agricultores. “Esse compartilhamento dos recursos da agrobiodiversidade, por meio de uma rede sociocultural, reforça os mecanismos de manutenção da variabilidade genética e garante a segurança alimentar nas comunidades”, explicou.
Para Noda, a interação entre pesquisadores e agricultores vem estabelecendo novos diálogos entre a ciência e o saber tradicional. “O conhecimento derivado dessa relação tem produzido importantes subsídios para o entendimento da dinâmica evolutiva na domesticação das espécies cultivadas.” O presidente da Fundação Bunge, Jacques Marcovitch, que coordenou as apresentações do seminário, destacou a importância da ampliação do diálogo a toda a comunidade científica do setor. “Essas discussões apresentam, de um lado, a necessidade de aumento da eficiência e da produção e, de outro, a urgência da conservação e da proteção do meio ambiente, uma problemática de interesse global e que demanda o engajamento de todos”, disse. Para Marcovitch, a premiação de Andreote e Noda está conectada à realidade da produção agrícola nacional e dos seus desafios. “Não conseguiremos alcançar nossos objetivos de produção sustentável para uma população crescente sem uma política agrícola consistente, sem conhecimento e sensibilidade para os eventos climáticos extremos e sem medidas que assegurem uma produtividade capaz de ampliar o plantio e a colheita, sempre associada a iniciativas de mitigação e adaptação recomendadas pela ciência e pelos nossos laureados”, disse. O presidente da FAPESP, Celso Lafer, que acompanhou as palestras, disse que o seminário evidencia a preocupação das entidades em fazer com que o Prêmio Fundação Bunge não se restrinja às homenagens. “Nosso objetivo é também oferecer oportunidades de discussão substanciais sobre os temas, e os pesquisadores premiados contribuem de forma significativa para o envolvimento da comunidade científica na busca de soluções sustentáveis para nossa agricultura”, disse.
PESQUISA
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ARTIGO
UM EXEMPLO DE
parceria estratégica
Cleber Oliveira Soares Chefe-geral da Embrapa Gado de Corte (Campo Grande, MS)
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ocê conhece a Senepol? É uma raça taurina adaptada de bovinos originária da ilha caribenha de Saint Croix. Seu desenvolvimento se deu pelo cruzamento de bovinos das raças Red Poll (britânica) e N’Dama (africana), e visou viabilizar a produção de gado de corte no clima tropical caribenho, visto que as raças de clima temperado não se desenvolviam nas condições climáticas e nutricionais da região. Criada no início do século XX, a Senepol buscou e conseguiu incorporar excelentes características zootécnicas e produtivas para as condições tropicais, especialmente aquelas associadas à conformação frigorífica, precocidade sexual, docilidade, tolerância ao calor, boa habilidade materna, precocidade sexual aliada à alta libido, longevidade, carne macia, boa resistência a parasitas e ao excelente desempenho a pasto. Está distribuída em diversos países de clima tropical e subtropical. No Brasil, o bovino Senepol ingressou no ano de 2000 e, hoje, possuímos o maior e um dos melhores rebanhos, em aspectos de qualidade, do mundo. Fato estratégico foi que desde aquela
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época entraram no País animais de excelente procedência e qualidade genética, vindos, principalmente, dos Estados Unidos da América e da região do Caribe. Esta raça tem um potencial ímpar de contribuir para o fortalecimento da qualidade e da produção de carne superior na pecuária nacional, dados os seus atributos positivos, sua genética taurina e a maior heterose (vigor do animal cruzado). No Brasil, a Senepol tem sido acompanhada, avaliada e aprimorada por meio da parceria do Programa Embrapa de Melhoramento de Gado de Corte - Geneplus e a Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol. Esta parceria, cujo o produtor é o ator-chave do processo, tem buscado, a partir da variabilidade genética da raça, identificar animais geneticamente superiores capazes de contribuir para a melhoria, entre outras, das características de conformação frigorífica e de qualidade da carne. Está em sintonia com os sistemas de produção de gado de corte predominantes no Brasil, para os quais as características de adaptabilidade e funcionalidade são de fundamental importância. A tecnologia Geneplus/Embrapa, que se aplica junto ao criador, oferta aos produtores o que há de melhor em resultados de avaliação genética
de matrizes, touros e produtos. O sucesso da parceria tem sido observado também nas gerações seguintes às análises. Adicionalmente, a avaliação de touros jovens é outro ganho estratégico, dada a grande demanda e o déficit de reprodutores geneticamente superiores nos rebanhos brasileiros. Este ano, sediamos no Brasil o 1º Congresso Internacional da Raça Senepol. Casa cheia, com participantes de países dos vários continentes e leilões com recordes de venda e preço. Ocasião em que foi lançado o segundo Sumário de Touros Senepol, outra ferramenta fundamental para a evolução da raça. Em menos de 15 anos, de importador o País passou a exportar genética e tecnologia associada à Senepol para o mundo. Raça que tem se destacado na pecuária brasileira em qualidade genética e incrementos de produtividade e lucratividade. Hoje, a genética Senepol brasileira não é só sinônimo de qualidade e produtividade, é também de investimentos de curto, médio e longo prazos. Para a Embrapa é um motivo de orgulho fazer parte dessa história e da parceria que, em tão pouco tempo, muito tem contribuído para o incremento da produção de carne de qualidade, a geração de renda e motivação da classe produtora. Este é um bom exemplo a ser seguido.
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ECONOMIA
Brasil pode aumentar
dependência de importação de fertilizantes, diz Embrapa Com 75% dos fertilizantes usados no país adquiridos no exterior, o Brasil enfrenta o risco de aumentar a cada ano a importação do produto se não forem feitos novos investimentos na produção nacional, disse José Carlos Polidoro, vice-líder da Rede BrasilFert, criada em 2009 pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para pesquisas na área. Para Polidoro, o Brasil precisa de uma política nacional sobre o assunto, como tem para outros setores do país, “porque é um setor que requer altíssimos investimentos no processo de mineração e fabricação”. 12 | REVISTA 100% CAIPIRA
O vice-líder lembrou que, em 2010, o governo elaborou um Plano Nacional de Fertilizantes que, entretanto, não chegou a ser implementado. O plano abrangia ações para incentivar investimentos no setor, visando a ampliar a produção nacional. O Brasil consome atualmente em torno de 32 milhões de toneladas de fertilizantes por ano, das quais 75% são importados, segundo a média dos últimos cinco anos. Os demais 25% são produzidos no país, o que corresponde a cerca de 10 milhões de toneladas. Polidoro explicou que a tendência é aumentar o percentual de
importação se não houver investimentos, porque enquanto o mundo aumenta, em média, o consumo de fertilizantes, anualmente, em 2%, o Brasil aumenta 4%. “Nós somos, hoje, o quarto maior consumidor mundial”. Pesquisador da Embrapa Solos, Polidoro informou que a Rede FertBrasil objetiva estimular e promover a inovação tecnológica em fertilizantes tanto no país, como na América Latina. Ele esclareceu que o incentivo ao aumento da produção cabe ao governo, por meio dos ministérios da Agricultura e de Minas e Energia, “para fazer um plano nacional de fertilizantes”.
Para a Rede FertBrasil, ele acentuou que o mais importante é evitar desperdícios no uso dos fertilizantes na agricultura. O pesquisador diz que do total de fertilizantes aplicado hoje na agricultura, em torno de 40% são perdidos de várias formas no solo por falta de uma tecnologia adequada. Nesse sentido, a luta da Rede FertBrasil, em parceria com outros órgãos de pesquisa, desenvolvimento e transferência de tecnologia do Brasil, é aumentar a eficiência e o aproveitamento do fertilizante, seja ele importado ou não. Quanto maior for a eficiência, menor será o custo da produção agrícola no país. Outro desafio é zerar o desperdício. “É um desafio muito grande, mas é a nossa meta”. Polidoro destacou também que no Brasil existem várias fontes de nutrientes que não são utilizadas na indústria convencional de fertilizantes por limitações tecnológicas.
Ele citou, entre elas, fontes minerais e orgânicas, como a cama de frango (resíduos da produção de frando de corte), que a Política Nacional de Resíduos Sólidos determina, inclusive, que tenham uma destinação correta e não sejam mais dispostas no ambiente. A Rede FertBrasil busca superar esses entraves tecnológicos, com tencologias mordernas para viabilizar fontes alternativas para a produção de novos fertilizantes no país. Ele ressaltou que se todos os resíduos orgânicos e minerais fossem aproveitados para a produção de fertilizantes, isso reduziria a importação. “Não diminuiria acentuadamente, mas em torno de 10% a 20% da demanda poderiam ser cobertos com esses novos fertilizantes”. Uma das matérias-primas de resíduos orgânicos é a cama de frango. Segundo Polidoro, entre 8 e 9 milhões de toneladas de cama de frango são produzidos por ano no país. Se elas forem misturadas com outra parte de fertilizante convencional mineral, se produz um fertilizante organomineral granulado, “que é um fertilizante ecologicamente correto, porque faz a reciclagem de resíduos”. A rede está procurando ainda desenvolver novas formas de produção de fertilizante convencional a partir de fontes minerais que não são aproveitadas atualmente na indústria brasileira. Entre essas fontes estão o potássio e o fósforo, minerais encontrados em várias regiões brasileiras. “É preciso que sejam viabilizados processos químicos e biológicos para desenvolver rotas tecnológicas que possibilitem o aproveitamento dessas rochas que são encontradas no país para a produção de fertilizantes”, disse. Mapeamento feito pelo Ministério de Minas e Energia identificou que o Pará e Mato Grosso são estados que apresentam ocorrência dessas fontes minerais, mas necessitam de inovação tecnológica que viabilize a produção. REVISTA 100% CAIPIRA | 13
PESQUISA
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ECONOMIA
Época de safra de grãos: é importante verificar as correias das colheitadeiras Entre os itens importantes para garantir o bom funcionamento das colheitadeiras em época de safra, há vários tipos de correias, todas devem ser verificadas e trocadas preventivamente, seguindo as orientações do manual do fabricante do equipamento. A safra de grãos está prestes a começar e o produtor deve realizar a manutenção preventiva dos equipamentos para garantir a produtividade em alta nesse período. Essenciais para o bom funcionamento das colheitadeiras de grãos, as correias – existem vários tipos em cada máquina e que exercem funções diferentes – precisam ser substituídas quando ocorre desgaste. Segundo Paulo Algueros, do departamento de desenvolvimento de novos produtos da TVH-Dinamica, distribuidora especializada no fornecimento de peças e acessórios para as linhas de movimentação, industrial e agrícola, o próprio operador, se estiver treinado, pode efetuar a troca das correias, tendo o cuidado de checar as condições de polias e esticadores. “Não adianta substituir a correia se as polias estiverem desalinhadas, pois ocorrerá desgaste prematuro da correia nova. Além disso, os esticadores também precisam estar bem regulados na tensão indicada pelo fabricante”, afirma. Algueros conta também que a colheitadeira de grãos possui diversas correias para diferentes funções, por exemplo: correia do batedor, cilindro, descarga do tanque de grãos, secundária do picador de palha, secundária da tração de roda e correia lisa da primeira tração de roda. Todas precisam ser checadas. Com portfólio para equipamentos agrícolas das principais marcas do País, contendo mais de 19 mil itens, a TVH-Dinamica possui em sua linha de componentes correias para máquinas agrícolas da marca Goodyear EP, Veyance. 16| REVISTA 100% CAIPIRA
ECONOMIA
Governo autoriza subvenção de R$ 20 milhões para safra de borracha natural O governo federal vai colocar à disposição de produtores de borracha natural R$ 20 milhões para concessão de bônus para a safra 2013/2014. Segundo a Portaria 954, publicada em 1º de outubro no Diário Oficial da União, não há restrição de destino para o produto comercializado e o total a ser vendido será definido pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Pela norma, a garantia de preço ao produtor rural ou sua cooperativa se dará por meio da comprovação da venda do seu produto por valor não inferior à diferença entre o preço mínimo vigente e o prêmio arrematado. Ainda pelas regras publicadas hoje, para participar das operações de equalização de preços o produtor ou cooperativa devem estar adimplentes no Cadastro Informativo de Créditos Não Quitados do Setor Público Federal (Cadin) e possuir cadastro em situação regular no Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores (Sicaf). As operações serão feitas a partir de leilões a serem realizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo instrumento de apoio à comercialização do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro). O prêmio é uma subvenção econômica concedida ao produtor rural ou à sua cooperativa, a fim de manter o preço mínimo de um produto agrícola. O prêmio é pago ao produtor que esteja disposto a vender seu produto pela diferença entre o Valor de Referência (preço mínimo), estabelecido pelo governo federal e o valor do Pepro arrematado em leilão.
MERCADO
Leilões incentivam escoamento de laranja e borracha No caso da borracha, os baixos volumes negociados foram atribuídos ao ineditismo do programa A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) realizou em 30 de outubro um leilão de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) de borracha e dois de laranja. Os prêmios ofertados foram relativos à venda e escoamento de 20,4 mil toneladas de borracha natural e 4,5 milhões de caixas de laranja. Os leilões de Pepro de laranja foram destinados aos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. O subsídio negociado refere-se à venda de 3,7 milhões de caixas produzidas em São Paulo, 34,7 mil em Minas Gerais, 170,3 mil no Paraná e 50,3 mil no Rio Grande do Sul. Na soma das operações, a Conab negociou um prêmio de
R$ 6,2 milhões. O limite por produtor rural é de 20 mil caixas de 40,8 kg de laranja in natura da safra 2014. O destino do produto deverá ser o processamento pela indústria e a produção de suco. O pregão destinado à borracha comercializou prêmio para 580,9 t do produto. Participaram produtores rurais independentes, diretamente ou por meio de suas cooperativas. A quantidade ficou distribuída da seguinte maneira: Bahia, 19,4 t; São Paulo, 403,8 t; Mato Grosso, 35 t; e Espírito Santo, 122,6 t. O participante deverá, obrigatoriamente, comprovar a venda e o escoamento do produto para usinas de beneficiamento. (Com informações da Conab) REVISTA 100% CAIPIRA |17
ESPECIAL
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Amazônia tem “oceano subterrâneo” Por Elton Alisson DA Agência FAPESP A Amazônia possui uma reserva de água subterrânea com volume estimado em mais de 160 trilhões de metros cúbicos, estimou Francisco de Assis Matos de Abreu, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), durante a última Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada no campus da Universidade Federal do Acre (UFAC), em Rio Branco. O volume é 3,5 vezes maior do que o do Aquífero Guarani – depósito de água doce subterrânea que abrange os territórios do Uruguai, da Argentina, do Paraguai e principalmente do Brasil, com 1,2 milhão de quilômetros quadrados (km2) de extensão. “A reserva subterrânea representa mais de 80% do total da água da Amazônia. A água dos rios amazônicos, por exemplo, representa somente 8% do sistema hidrológico do bioma e as águas atmosféricas têm, mais ou menos, esse mesmo percentual de participação”, disse Abreu durante o evento.
O conhecimento sobre esse “oceano subterrâneo”, contudo, ainda é muito escasso e precisa ser aprimorado tanto para avaliar a possibilidade de uso para abastecimento humano como para preservá-lo em razão de sua importância para o equilíbrio do ciclo hidrográfico regional. De acordo com Abreu, as pesquisas sobre o Aquífero Amazônia foram iniciadas há apenas 10 anos, quando ele e outros pesquisadores da UFPA e da Universidade Federal do Ceará (UFC) realizaram um estudo sobre o Aquífero Alter do Chão, no distrito de Santarém (PA). O estudo indicou que o aquífero, situado em meio ao cenário de uma das mais belas praias fluviais do país, teria um depósito de água doce subterrânea com volume estimado em 86,4 trilhões de metros cúbicos. “Ficamos muito assustados com os resultados do estudo e resolvemos aprofundá-lo. Para a nossa surpresa, descobrimos que o Aquífero Alter do Chão integra um sistema hidrogeológico que abrange as bacias sedimentares do Acre, Solimões, Amazonas e Marajó. REVISTA 100% CAIPIRA | 19
“
A Amazônia transfere, na interação entre a floresta e os recursos hídricos, associada ao movimento de rotação da Terra, cerca de 8 trilhões de metros cúbicos de água anualmente para outras regiões do Brasil. Essa água, que não é utilizada pela população que vive aqui na região, representa um serviço ambiental colossal prestado pelo bioma ao país, uma vez que sustenta o agronegócio brasileiro e o regime de chuvas é responsável pelo enchimento dos reservatórios produtores de hidreletricidade nas regiões Sul e Sudeste do país Francisco de Abreu
De forma conjunta, essas quatro bacias possuem, aproximadamente, uma superfície de 1,3 milhão de quilômetros quadrados”, disse Abreu. Denominado pelo pesquisador e colaboradores Sistema Aquífero Grande Amazônia (Saga), o sistema hidrogeológico começou a ser formado a partir do período Cretáceo, há cerca de 135 milhões de anos. Em razão de processos geológicos ocorridos nesse período foi depositada, nas quatro bacias sedimentares, uma extensa cobertura sedimentar, com espessuras da ordem de milhares de metros, explicou Abreu. “O Saga é um sistema hidrogeológico transfronteiriço, uma vez que abrange outros países da América do Sul. Mas o Brasil detém 67% do sistema”, disse. Uma das limitações à utilização da água disponível no reser-
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vatório, contudo, é a precariedade do conhecimento sobre a sua qualidade, apontou o pesquisador. “Queremos obter informações sobre a qualidade da água encontrada no reservatório para identificar se é apropriada para o consumo.” “Estimamos que o volume de água do Saga a ser usado em médio prazo para abastecimento humano, industrial ou para irrigação agrícola será muito pequeno em razão do tamanho da reserva e da profundidade dos poços construídos hoje na região, que não passam de 500 metros e têm vazão elevada, de 100 a 500 metros cúbicos por hora”, disse. Como esse reservatório subterrâneo representa 80% da água do ciclo hidrológico da Amazônia, é preciso olhá-lo como uma reserva estratégica para o país, segundo Abreu.
Vulnerabilidades
”
De acordo com Ingo Daniel Wahnfried, professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), um dos principais obstáculos para estudar o Aquífero Amazônia é a complexidade do sistema. Como o reservatório é composto por grandes rios, com camadas sedimentares de diferentes profundidades, é difícil definir, por exemplo, dados de fluxo da água subterrânea para todo sistema hidrogeológico amazônico. “Há alguns estudos em andamento, mas é preciso muito mais. É necessário avaliarmos, por exemplo, qual a vulnerabilidade do Aquífero Amazônia à contaminação”, disse Wahnfried. Diferentemente do Aquífero Guarani, acessível apenas por suas bordas – uma vez que há uma camada de basalto com dois quilômetros de extensão sobre o reservatório de água –, as áreas do Aquífero Amazônia são permanentemente livres.
Em áreas de floresta, essa exposição do aquífero não representa um risco. Já em áreas urbanas, como nas capitais dos estados amazônicos, isso pode representar um problema sério. “Ainda não sabemos o nível de vulnerabilidade do sistema aquífero da Amazônia em cidades como Manaus”, disse Wahnfried. Segundo o pesquisador, tal como a água superficial (dos rios), a água subterrânea é amplamente distribuída e disponível na Amazônia. No Amazonas, 71% dos 62 municípios utilizam água subterrânea (mas não do aquífero) como a principal fonte de abastecimento público, apesar de o estado ser banhado pelos rios Negro, Solimões e Amazonas. Já dos 22 municípios do Estado do Acre, quatro são totalmente abastecidos com água subterrânea. “Apesar de esses municípios estarem no meio da Amazônia, eles não usam as águas dos rios da região em seus sistemas públicos de abastecimento”, avaliou Wahnfried. Algumas das razões para o uso expressivo de água subterrânea na Amazônia são o acesso fácil e a boa qualidade desse tipo de água, que apresenta menor risco de contaminação do que a água superficial. Além disso, o nível de água dos rios na Amazônia varia muito durante o ano. Há cidades na região que, em períodos de chuva, ficam a poucos metros de um rio. Já em períodos de estiagem, o nível do rio baixa 15 metros e a distância dele para a cidade passa a ser de 200 metros, exemplificou. REVISTA REVISTA100% 100%CAIPIRA CAIPIRA ||21
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Estudo investiga atraso da estação chuvosa na
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Observações sugerem que a transição do período de seca para o de chuva no sul da Amazônia está ocorrendo cerca de um mês mais tarde do que nos anos 1970
Por Karina Toledo Da Agência FAPESP A transição da estação seca para a estação chuvosa no sul da Amazônia costuma ocorrer entre os meses de setembro e outubro. Atrasos nesse processo causam fortes impactos na agricultura local, na geração de energia e no funcionamento dos grandes rios da região, dos quais a população depende até mesmo para se locomover. As fortes secas que afetaram a Amazônia nos anos de 2005 e 2010, bem como as enchentes de 2009 e 2014, indicam uma crescente variabilidade no início do período das chuvas que os modelos de previsão do clima ainda não são capazes de detectar com sensibilidade. Compreender melhor os fatores que influenciam essa transição e, dessa forma, aperfeiçoar os modelos matemáticos existentes é o objetivo de um projeto apoiado pela FAPESP e coordenado pelo pesquisador José Antônio Maren-
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go Orsini, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), em parceria com a cientista Rong Fu, da University of Texas, nos Estados Unidos. “Observamos um aumento de quase um mês na duração do período de seca, quando comparado aos dados dos anos 1970. Os modelos matemáticos existentes indicam que esse atraso no início das chuvas tende a aumentar. Queremos investigar se há influência da pluma de poluição da região metropolitana de Manaus nesse processo”, contou Marengo. A pesquisa está sendo realizada no âmbito da campanha científica Green Ocean Amazon (GOAmazon), que reúne pesquisadores de diversas universidades e institutos brasileiros e norte-americanos e conta com financiamento do Departamento de Energia dos Estados Unidos (DoE, na sigla em inglês), da FAPESP e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), entre outros parceiros.
“Evidências da literatura sugerem que a transição do período de seca para o de chuvas é influenciada por fatores externos, como anomalias na temperatura da superfície do oceano, transporte de umidade, entre outros. Mas o gatilho para essa transição está sem dúvida dentro da floresta”, disse Fu. Os pesquisadores estão trabalhando com dois diferentes modelos, um americano, chamado Community Earth System Model (Cesm), e o Modelo Brasileiro do Sistema Terrestre (Besm, na sigla em inglês). Mas, segundo Marengo, eles ainda não são capazes de representar com precisão os impactos da extensão da seca no sul da Amazônia. Existem parâmetros que precisam ser melhorados, como a inclusão de aerossóis e a representação das nuvens baixas. A ideia é usar toda a gama de dados gerada pelos diversos experimentos do GOAmazon para alimentar esses modelos e aperfeiçoá-los”, contou Marengo.
De acordo com o pesquisador, a região sul da Amazônia é a que sofre mais com o atraso do início das chuvas, pois no norte não há um período de seca definido. Além do impacto sobre as populações, os cientistas temem que o prolongamento do período de seca possa causar danos permanentes à floresta. “O ser humano se adapta, mas a floresta pode começar a secar e ficar mais vulnerável a queimadas. Quando começar a chover pode ser tarde demais. Somente com o aperfeiçoamento dos modelos poderemos ter mais certeza sobre os possíveis impactos”, disse Marengo.
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Modelando nuvens Outro projeto realizado no âmbito do GOAmazon que tem como objetivo o aperfeiçoamento de modelos de previsão climática foi apresentado no simpósio em Washington por Tercio Ambrizzi, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP e por seu colega Carlos Roberto Mechoso, da University of California em Los Angeles (Ucla). “Nosso objetivo é investigar como os aerossóis produzidos pela região de Manaus influenciam o processo de formação de nuvens na Amazônia. Nós comparamos as simulações que os diversos modelos são capazes de fazer com dados reais que estão sendo produzidos nos diversos sítios de pesquisa do GOAmazon”, disse Ambrizzi. Depois de aperfeiçoados, esses modelos poderão ser incorporados em programas que desenham cenários de mudança climática, aumentando o grau de confiabilidade das projeções, afirmou o pesquisador. 26 | REVISTA 100% CAIPIRA 2624
Ao todo, o grupo trabalha com cinco diferentes modelos matemáticos, entre eles um de previsão do clima global, um de previsão regional e um voltado especificamente à formação de nuvens. Há ainda um programa capaz de mapear a trajetória das nuvens, desde o desenvolvimento inicial, a maturação e o decaimento, na forma de chuva, com auxílio de imagens de satélite. Por meio do chamado modelo lagrangiano de difusão de partículas, o grupo de Ambrizzi investiga detalhadamente de onde vem a umidade existente na região da Amazônia e para onde ela se dirige. Os primeiros resultados foram divulgados em artigo publicado na revista Hydrology and Earth System Sciences. “É possível ver claramente pela trajetória das partículas que as regiões do Atlântico tropical norte e sul são fontes de umidade para a Amazônia. Essas partículas caminham até a região Sudeste, onde se transformam em chuva”, disse Ambrizzi.
Sítios de pesquisa Desde o início de 2014, uma gama enorme de dados sobre composição química de aerossóis e gases atmosféricos, microfísica de nuvens e parâmetros meteorológicos está sendo coletada nos diversos sítios de pesquisa instalados na região amazônica para o projeto GOAmazon. O chamado sítio T3, localizado em Manacapuru, a 100 km de Manaus, é onde está instalada a estrutura do Atmospheric Radiation Measurement (ARM) Facility – um conjunto móvel de equipamentos terrestres e aéreos desenvolvido para estudos climáticos e pertencente ao DoE. O local recebe a pluma de Manaus após percorrer um longo caminho e sofrer interações com partículas emitidas pela floresta e com a radiação solar. O T2 está situado no município de Iranduba, situado na margem do Rio Negro oposta à cidade de Manaus, e recebe a pluma de polui-
ção assim que ela é emitida. Lá foi instalado com apoio da FAPESP um contêiner com equipamentos semelhantes aos existentes em Manacapuru. A infraestrutura para coleta de dados do GOAmazon conta ainda com duas torres instaladas dentro da cidade de Manaus, na sede do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), batizada de sítio T1, e um conjunto de torres ao norte de Manaus – conhecido como T0 –, que inclui a Torre Alta de Observação da Amazônia (Atto), com 320 metros de altura. O T0 está situado no lado oposto ao percorrido pela pluma e representa, portanto, as condições da atmosfera amazônica sem a influência da poluição. “Estamos analisando os dados das estações antes da pluma de Manaus e depois da pluma de Manaus. A primeira constatação é que, sem conhecer a situação da química atmosférica antes da pluma, no T0, fica quase impossível interpretar os dados coletados no T3, onde
está a infraestrutura do ARM”, ressaltou Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física (IF) da USP e idealizador do projeto GOAmazon ao lado de Scot Martin, da Harvard University, nos Estados Unidos. A comparação entre os dados coletados nos diversos sítios, afirmou Artaxo, revela haver forte influência da pluma de Manaus na composição química dos aerossóis e dos gases traço observados em Manacapuru. “Qual é o impacto e suas consequências ainda vamos analisar. Já vimos, em relação ao ozônio, que há um aumento de até quatro vezes na concentração quando se comparam o T0 e o T3. Passa de 10 partes por milhão (ppm) para 40 ppm após a pluma, chegando a níveis que podem ser danosos às plantas. Vimos também forte efeito no balanço de radiação atmosférica, alterando a quantidade de radiação disponível para as plantas realizarem fotossíntese”, disse. REVISTA REVISTA100% 100%CAIPIRA CAIPIRA || 27
CIÊNCIA AGRÍGOLA
uvas Avaliação sensorial define o melhor período de colheita
Estudo foi realizado pela Faculdade de Tecnologia Termomecanica, da Fundação Salvador Arena, em parceria com a Bayer CropScience Uma parceria entre a Faculdade de Tecnologia Termomecanica (FTT), mantida pela Fundação Salvador Arena, e a Bayer CropScience, unidade de agronegócios do Grupo Bayer, está redirecionando os padrões de colheita das uvas produzidas em Petrolina, no sertão pernambucano. A ação visa identificar a aceitação, a preferência e a intenção de compra de uvas de mesa, das variedades Thompson e Crimson, por 28| REVISTA 100% CAIPIRA
meio de análise sensorial realizada junto a um grupo de consumidores. Amostras de uvas foram cuidadosamente selecionadas em Petrolina e enviadas para a Faculdade de Tecnologia Termomecanica, onde foram avaliadas por professores e universitários do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos. As frutas passaram por três testes: de aceitação, em que são analisados o dulçor, sabor, acidez, suculência, firmeza e
aparência; de intenção de compra e de preferência, no qual os tipos são ordenados de acordo com a preferência. Para a análise da variedade Thompson participaram 131 consumidores (55,7% mulheres e 44,3% homens), já para as uvas Crimson foram recrutados 130 consumidores (48,5% mulheres e 51,5% homens). O resultado revelou que, para ambas as variedades, houve predileção pelas
amostras com maior índice de maturação, em função do dulçor mais acentuado e da menor acidez. A partir destas avaliações, o produtor pode planejar melhor o momento da colheita, de acordo com o brix - termo usado para classificar o nível de açúcar do fruto - dependendo do tempo de maturação. Fabrício Rezende, gerente de Serviços da Bayer CropScience, explica que o serviço é uma ferramenta do programa Mais Qualidade, que a empresa oferece para seus clientes. “O resultado dessa análise vai ajudar o produtor a colocar no mercado o tipo de uva que o consumidor gostaria de ter e, com isso, agregar valor ao seu produto”. Já Newton Matsumoto, produtor da Coana e participante do Programa Mais Qualidade, informa que a avaliação permite uma classificação Premium para a uva, facilitando sua
comercialização. “O mercado precisava de um parâmetro com termos técnicos para diferenciar uma uva Premium, que são as que têm de 80% a 90% de intenção de compra, das demais”. A Faculdade de Tecnologia Termomecanica foi escolhida para atuar em parceria com a Bayer CropScience pela qualidade da educação oferecida. O Ministério da Educação reconheceu em 2009 o Curso de Tecnologia em Alimentos da FTT como o melhor do Brasil. Em 2012, última avaliação da área realizada pelo órgão, o curso foi classificado entre os cinco melhores do país e o mais bem avaliado do Estado de São Paulo. “Os profissionais em formação precisam conhecer de perto a realidade do mercado de trabalho. Na FTT, desde o início da graduação, os alunos são beneficiados pelas parcerias com mais de 130 empresas e 14
agentes de integração de estágio. Esta é uma forma de prepará-los para o mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, de dividir o conhecimento com a comunidade, como é o caso dos produtores beneficiados no Sertão Pernambucano”, explica Wilson Carlos Júnior, diretor acadêmico da Faculdade. O estudo realizado em parceria com a Bayer faz parte do Programa Mais Qualidade, criado em 2007 com o objetivo de orientar o agricultor sobre o uso correto dos produtos de proteção de cultivo, oferecendo a eles apoio técnico diferenciado e colaborar para o fornecimento de frutos com qualidade superior ao mercado. Atualmente, o projeto atende mais de 900 produtores de abacaxi, melão, uva, maça e morango nos estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Bahia, Tocantins e Rio Grande do Norte. REVISTA 100% CAIPIRA |29
ECONOMIA
Custo da pecuária de corte sobe fortemente no 1º semestre Informativo CEPEA mostra que o Custo Operacional Efetivo (COE) teve alta de 12,87% Os custos de produção da pecuária de corte subiram “fortemente no primeiro semestre deste ano, superando a alta no preço da arroba”, destaca o Informativo CEPEA/ CNA, elaborado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia, da Universidade de São Paulo e da Escola Superior de Agricultura. Os números mostram que, nos onze principais estados produtores, o preço médio do Custo Operacional Total (COT) subiu 10,72% e o Custo Operacional Efetivo (COE) outros 12,87%, nos primeiros seis meses de 2014. No mesmo período, o preço do boi gordo valorizou 8,56%, maior percentual de alta desde 2010, conforme a média mensal do Indicador ESALQ/BM&FBovespa. Naquele ano, o levantamento havia apresentado aumento no preço do boi gordo de 12,77%, para o COT, e de 14,75% em relação ao COE. De acordo com o Informativo CEPEA/ CNA, os gastos com reposição de animais e suplementação mineral foram os principais responsáveis pela elevação dos custos enfrentados pelos produtores no segundo trimestre deste ano. Preço do bezerro O estudo mostra, ainda, que as cotações de todos os elos da cadeia pecuária encerraram o semestre de 2014 em alta, com destaque para o preço do bezerro. No Mato Grosso do Sul, por exemplo, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa demons30 | REVISTA 100% CAIPIRA
trou, em junho passado, forte incremento na comercialização de animais de oito a 12 meses, com elevação de 19,5%, em relação aos preços praticados em dezembro do ano passado. Indica o Informativo que, entre janeiro de 2004 e junho de 2014, o poder de compra dos pecuaristas de
recria-engorda caiu. Mesmo assim, houve um salto de qualidade na produção de bezerro no Brasil. Enquanto, em janeiro de 2014, o produtor precisava vender 6,21 arrobas para adquirir um bezerro, em junho deste ano foram necessárias 8,53 arrobas, ou seja, 37% a mais em relação ao levantamento de 2004.
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PECUÁRIA
Ministério da Agricultura publica norma para registro genealógico Documento traz avanços em relação à organização e fiscalização do registro para animais domésticos O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou, em 10 de outubro, no Diário Oficial da União, a Instrução Normativa n° 36, que estabelece regras de organização, autorização e fiscalização de registro genealógico de animais domésticos de interesse zootécnico e econômico. A norma traz aplicações e conceitos mais modernos com o objetivo de facilitar o controle e a evolução do serviço de registro genealógico no Brasil. O documento pretende também alavancar o melhoramento genético animal nacional, trazendo mais transparência e eficiência nas ações do Mapa. “A legislação e as normas referentes ao registro genealógico precisavam ser reformuladas, já que nos últimos anos tivemos muitos avanços genéticos e tecnológicos. Essas novas normas específicas vêm para tornar as regras mais claras e modernas”, afirmou o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, Caio Rocha. A normativa publicada é um dos resultados do Grupo de Trabalho iniciado em 2010, composto por Fiscais Federais Agropecuários da Coordenação da Produção Integrada da Cadeia Pecuária (CPIP), do Departamento de Sistemas de Produção e Sustentabilidade da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Depros/SDC/Mapa) e das Divisões de Política, Produção e 32 | REVISTA 100% CAIPIRA
Desenvolvimento Agropecuário (DPDAG) dos estados de Goiás, Minas Gerais, Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul. Entre as principais mudanças estão a descentralização de ações para as Divisões de Política, Produção e Desenvolvimento Agropecuário (DPDAG), a implementação de regras mais claras sobre as avaliações do Mapa sobre algumas demandas das Associações de Criadores e traz também algumas regras referentes à temporalidade e à forma de arquivamento dos documentos relacionados ao registro genealógico dos animais. De acordo com as normas, a enti-
dade responsável pelo registro genealógico dos animais domésticos para reconhecimento oficial deverá estar cadastrada no Ministério da Agricultura. O registro genealógico visa o controle da genealogia dos animais, ascendentes e descendentes, a fim de contribuir para o melhoramento genético animal, por meio de cruzamentos controlados/direcionados a uma determinada melhoria no aspecto produtivo. Isso contribui para a eficiência produtiva do animal, trazendo resultados positivos para o agronegócio nacional, com qualidade nos produtos, maior oferta e menor preço de mercado.
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ARTIGO
TECNOLOGIA e agricultura em prol da sustentabilidade
Por Roberto Rodrigues* A agricultura vai enfrentar diversos desafios no século 21. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO/ONU – a população mundial deve chegar a 9 bilhões de pessoas em 2050. Esse crescimento demográfico vai impor a necessidade de produzir mais alimentos e fibras sem aumentar muito as fronteiras agrícolas, preservando o meio ambiente e em um cenário de redução da força de trabalho rural. 34 | REVISTA 100% CAIPIRA
Nos países em desenvolvimento, projeções apontam que a produção de cereais e de proteína animal, por exemplo, teria que quase dobrar. Para resolver essa equação em consonância com os preceitos da sustentabilidade, uma das alternativas mais óbvias é aumentar a produtividade. O uso de tecnologias inovadoras na agricultura é fundamental para atingir esse objetivo e, sem dúvida, a biotecnologia é uma ferramenta poderosa. Dados do mais re-
cente relatório do Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA) mostram que os transgênicos, desde sua introdução, em 1996, deram importante contribuição para alcançar essa meta. Desde aquele ano, quando começaram os plantios de variedades transgênicas, a produção de grãos e fibras teve um incremento de 377 milhões de toneladas: se não fosse isso, seriam necessários 123 milhões de hectares
adicionais para obter o mesmo desempenho. Na safra 2006/2007 aqui no Brasil, imediatamente antes da aprovação do primeiro milho transgênico pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio (2007), a produtividade do cereal foi de 3,6 mil kg por hectare (ha) de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Na safra 2013/2014, a previsão é que esse número seja de 5,1 mil kg por ha. Cerca de 81% das la-
vouras da commodity foram plantadas com variedades GM no último ano. Da mesma maneira, a soja em 1997/1998 (antes da primeira aprovação, em 1998) rendia 2,3 mil kg por ha; hoje, 3 mil kg por ha, com uma taxa de adoção de sementes transgênicas superior a 90%. Esses dados apontam para uma significativa contribuição da biotecnologia para a produtividade do milho e da soja no País. Claro que essa não é a única causa, mas seu peso é expressivo.
Aliás, os transgênicos otimizaram o uso de insumos agrícolas. As características já introduzidas pela transgenia, tolerância a herbicidas e resistência a insetos, permitem ao agricultor maior flexibilidade e segurança no manejo. É claro que quanto mais tecnologias estiverem disponíveis, maior o potencial produtivo. Especialmente nas zonas tropicais, a competitividade do agronegócio está intimamente ligada à aplicação de ferramentas tecnológicas para superação de limitações e adição de novas funcionalidades. Vale ressaltar que a referida produção adicional de 377 milhões de toneladas foi conseguida apenas com a introdução de características agronômicas. Com o desenvolvimento de plantas GM que visam diretamente melhoras de produtividade, o potencial de contribuição da biotecnologia para a sustentabilidade será ainda maior. Cientistas de todo o mundo estudam plantas com características complexas modificadas, cuja expressão envolve vários genes, a exemplo da tolerância a estresses abióticos (seca, inundações e solo com alta salinidade). O futuro também aponta para a criação de outros transgênicos (cana-de-açúcar, eucalipto, laranja, trigo, feijão, berinjela além dos tradicionais soja, milho e algodão) que contenham propriedades agronômicas, nutricionais ou sintetizem compostos medicinais. No Brasil, instituições públicas e privadas de pesquisa e ensino desenvolvem novas variedades por meio da engenharia genética. A combinação de técnicas de melhoramento genético convencionais e biotecnológicas é uma valiosa opção para garantir a segurança alimentar, preservar o meio ambiente e, ao mesmo tempo, alimentar a todos. * Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, Embaixador Especial da FAO para as Cooperativas e Presidente da Academia Nacional de Agricultura (SNA) REVISTA 100% CAIPIRA |35
ECONOMIA
Índice Ceagesp sobre 3,34% em outubro Em outubro, o Índice de preços da Ceagesp registrou alta de 3,34%. Esta foi a terceira elevação mensal consecutiva. No ano, o indicador acumula alta de 5,63% e, nos últimos 12 meses, elevação de 7,94%
Além da forte estiagem vivenciada nos últimos meses em praticamente toda a região sudeste, notadamente nos estados de São Paulo e Minas Gerais, problemas no abastecimento de água dificultam a irrigação e prejudicam o desenvolvimento e a produção de algumas culturas. Aspectos sazonais como a entressafra de limão e maracujá também prejudicaram a oferta. Com a demanda aquecida no último bimestre do ano, a expectativa é de mais elevações. As frutas devem 36 | REVISTA 100% CAIPIRA
continuar em alta em razão da maior procura neste período do ano, assim como o setor de verduras, que não se recuperou totalmente e registra preços bastante próximos ao custo, mesmo com as elevações de outubro. O início do período de chuvas em conjunto com as altas temperaturas também deve prejudicar a produção de legumes e verduras. Assim, a previsão para os próximos meses é de elevação dos preços praticados em praticamente todos os setores. Em outubro, o setor de frutas su-
biu 4,18%. As principais altas foram do limão Taiti (64,7%), carambola (57,5%), maracujá doce (42,1%), figo (33,6%) e maracujá azedo (29,9%). As principais quedas foram da manga Tommy (-35,9%), melancia (-32,7%), acerola (-32,6%), laranja pêra (-11,4%) e morango (-6,3%). O setor de legumes registrou elevação de 1%. Principais altas: Inhame (23,7%), pepino japonês (21,5%), berinjela (12,7%), chuchu (12,15). Principais quedas: Pimentão vermelho (-22,4%), abobrinha italiana (-16,9%), pepino caipira (-13,5%), vagem macarrão (-13,7%). O setor de verduras apresentou alta de 13,03%. As principais elevações foram do coentro (54,5%), nabo (44,3%), rúcula (43,35), brócolis ninja (33,8%) e alface americana (25,95). Não houve quedas significativas no setor. O setor de diversos caiu 2,81%. As principais baixas foram da cebola nacional (-19,3%), canjica (-8,7%), coco seco (5,5%), ovos brancos (5,2%) e ovos vermelhos (-4,6%). As elevações foram da batata lisa (15,2%) e batata comum (8,5%). O setor de pescados caiu 0,95%. As principais quedas foram da espada (-19,2%), namorado (-13,1%), cação (12,8%) e anchovas (-8,2%). As principais altas foram da lula (13,4%), abrotea (10,8%) e tainha (7,8%).
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SAÚDE
Novembro Azul
conscientiza homens para prevenção do câncer de próstata No Brasil, doença é uma das principais causas de mortes entre os homens Depois de o mês de outubro ser marcado pela campanha de mobilização para prevenção do câncer de mama, conhecida como Outubro Rosa, agora é a vez dos homens. O mês de novembro é internacionalmente dedicado às ações relacionadas ao câncer de próstata e à saúde do homem. O mês foi escolhido por causa do Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, em 17 de novembro. Este tipo de câncer é o sexto mais comum no mundo e o de maior incidência nos homens.
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As taxas da manifestação da doença são cerca de seis vezes maiores nos países desenvolvidos. Cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem em homens com mais de 65 anos. Quando diagnosticado e tratado no início, tem os riscos de mortalidade reduzidos. No Brasil, é a quarta causa de morte por câncer e corresponde a 6% do total de óbitos por este grupo. A próstata é uma glândula que só o homem possui, localizada na parte baixa do abdômen. Situa-se logo abaixo da bexiga e à frente do reto.
A próstata envolve a porção inicial da uretra, tubo pelo qual a urina armazenada na bexiga é eliminada. Ela produz cerca de 70% do sêmen, e representa um papel fundamental na fertilidade masculina. Uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais e com menos gordura, principalmente as de origem animal, ajuda a diminuir o risco do câncer. Especialistas recomendam pelo menos 30 minutos diários de atividade física, manter o peso adequado à altura, diminuir o consumo de álcool e não fumar.
Homens a partir dos 50 anos devem procurar um posto de saúde para realizar exames de rotina. Os sintomas mais comuns do tumor são a dificuldade de urinar, frequência urinária alterada ou diminuição da força do jato da urina, dentre outros. Quem tem histórico familiar da doença deve avisar o médico, que indicará os exames necessários.
A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que todos os homens com 45 anos de idade ou mais façam um exame de próstata anualmente, o que compreende o toque retal feito e o PSA. Segundo especialistas, o toque retal é considerado indispensável e não pode ser substituído pelo exame de sangue ou por qualquer outro exame, como o ultrassom, por exemplo.
Exames
Tratamento
O toque retal é o teste mais utilizado e eficaz quando aliado ao exame de sangue PSA (antígeno prostático específico, na sigla em inglês), que pode identificar o aumento de uma proteína produzida pela próstata, o que seria um indício da doença. Para um diagnóstico final, é necessário analisar parte do tecido da glândula, obtida pela biópsia da próstata.
Caso a doença seja comprovada, o médico pode indicar radioterapia, cirurgia ou até tratamento hormonal. Para doença metastática (quando o tumor original já se espalhou para outras partes do corpo), o tratamento escolhido é a terapia hormonal. A escolha do tratamento mais adequado deve ser individualizada e definida após médico e paciente discutirem os riscos e benefícios de cada um.
Rede pública Pesquisa mostra que homens sedentários são mais propensos a sofrer de impotência sexual A Política Nacional de Atenção Oncológica garante o atendimento integral a todos aqueles diagnosticados com câncer, por meio das Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) e dos Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon). Todos os estados brasileiros têm pelo menos um hospital habilitado em oncologia, onde o paciente de câncer encontrará desde um exame até cirurgias mais complexas. Mas para ser atendido nessas unidades e centros é necessário ter um diagnóstico já confirmado de câncer por laudo de biópsia ou punção.
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Alex Carvalho passou por uma cirurgia e precisou de uma transfusão de sangue.
Seja para quem for, seja doador.
Procure o hemocentro mais próximo. Essas conquistas só foram possíveis graças aos doadores de sangue. O que parece ser um simples gesto de solidariedade, na verdade, é uma ação que pode salvar milhares de pessoas em todo país. Por isso, entre nessa campanha. E se você já é doador, continue doando sempre. O Brasil inteiro agradece a sua participação.
/DoeSangueMS
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@DoeSangueMS
ECONOMIA
Safra e pecuária elevam em 5,9% valor bruto da produção CNA indica faturamento de R$ 450,2 bilhões em 2014 O Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária deve crescer 5,9% em 2014, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Se confirmada a estimativa, o faturamento obtido com a venda dos 25 principais produtos da agricultura e da pecuária deve somar R$ 450,2 bilhões neste ano, ante R$ 424,953 bilhões em 2013. Parte da alta esperada para o ano é resultado do crescimento de 3,6% da produção na safra 2013/2014, cuja colheita de grãos e fibras somou 195,46 milhões de toneladas. Este desempenho deve garantir o crescimento de 5,6% no VBP do setor agrícola em 2014, totalizando R$ 287,8 bilhões. O faturamento da soja apresentou elevação de 6,4% em relação ao ano anterior. Outro destaque é o algodão, cujo VBP deve crescer 37% em 2014, impulsionado pelo aumento de 25,4% na área plantada. Estimulados pela recuperação do preço da fibra ao longo de 2013, devido à redução na oferta e ao aumento dos preços externos, os produtores investiram no cultivo do algodão. O VBP da produção pecuária deve atingir, em 2014, R$ 162,4 bilhões, o que representa aumento de 6,6% em relação a 2013, quando o valor foi de R$ 152,3 bilhões. Além da carne bovina, cujo VBP deve crescer 11,8% no ano, destaque também para o leite. O faturamento deste segmento deve crescer 6,2% no ano. Para a avicultura, o valor bruto deve recuar 3,3%. REVISTA 100% CAIPIRA | 41
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IMPORTAÇÕES
Balança do agronegócio fecha com superávit de US$ 6,8 bilhões em setembro A balança comercial do agronegócio encerrou setembro com superávit (exportações maiores que importações) de US$ 6,88 bilhões. O volume resulta de US$ 8,3 bilhões em vendas externas e US$ 1,42 bilhão em compras do Brasil no exterior. Os números foram divulgados pelo Ministério da Agricultura. As exportações do mês caíram 7,4% na comparação com setembro do ano passado, quando ficaram em US$ 8,96 bilhões. Já as importações, que em setembro de 2013, somaram US$ 1,38 bilhão subiram 3,6% em igual período. O complexo soja (grão, farelo e óleo) é o principal responsável pela retração nas vendas externas, em função da redução da quantidade embarcada e preço. Em setembro do ano passado, foram exportados US$ 2,74 bilhões do complexo soja contra US$ 1,99 bilhão no mesmo mês deste ano, uma queda de 27,4%. O volume embarcado, que havia ficado em 5 milhões de toneladas em setembro de 2013, caiu para 3,97 milhões de toneladas no mesmo mês deste ano. Além disso, de acordo com o Ministério da Agricultura, o preço médio de exportação do setor caiu 7,4%. A redução nos embarques de soja já era uma tendência nos resultados da balança comercial global, divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O diretor do Departamento de Estatística e Apoio à Exportação do órgão, Roberto Dantas, atribuiu o movimento ao fato de 2013 ser uma base comparativa elevada, em razão 44| REVISTA 100% CAIPIRA
de antecipações de embarque de soja para a China. No caso das carnes, segundo principal setor exportador do agronegócio no mês, houve elevação nas vendas. O volume negociado passou de US$ 1,38 bilhão para US$ 1,5 bilhão, alta de 9%. O incremento se deve à alta nas exportações de carne suína e de frango, pois houve queda na receita auferida com carne bovina. O valor exportado de carne bovina recuou 9,3%, de US$ 619 milhões
em setembro do ano passado para US$ 562 milhões no mesmo mês deste ano. O preço médio para exportação subiu 8%, mas a queda de 16,1% na quantidade embarcada causou a diminuição no ingresso financeiro. Já o setor sucroalcooleiro, terceiro em representatividade na balança agrícola, teve queda de 21,3% no valor exportado, de US$ 1,24 bilhão para US$ 972 milhões entre setembro do ano passado e igual mês deste ano.
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COZINHA DA ROÇA
Manga Mousse de manga rosa e iogurte light Presente em muitos quintais a manga pode ser a protagonista na hora da sobremesa. Um creme de sabor intenso e refrescante, uma ótima sugestão para as festas de fim de ano 46 | REVISTA 100% CAIPIRA
1• Dissolva a gelatina vermelha conforme as instruções da embalagem Ingredientes 2••Coloque as claras num 700 g ou 3 mangas rosa médias, recipiente e bata até o ponto neve 3•••Coloque o creme de manga, descascadas e sem caroço 1 pote de iogurte natural, desnatado o iogurte, o adoçante, a gelatina 3 colheres (sopa) de adoçante, em pó dissolvida e as claras em neve 1 envelope de gelatina em pó light num recipiente 4••••Misture delicadamente sabor manga ou gelatina incolor 5•••••Acrescente a mousse e leve à ½ xícara (chá) de água geladeira por no mínimo 4 horas 4 claras, de ovo Excelente *****
Modo de Preparo Descasque a manga e corte em pedaços. Coloque a manga picada num liquidificador e bata por 1 minuto ou até obter um creme homogêneo. Reserve.
Você pode dividir em porções ou em um único refratário. Enfeite com hortelã, sementes de maracujá ou frutas vermelhas. Sirva a seguir. Bom apetite!
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MEIO AMBIENTE ÁGUA
ESTIAGEM é desafio para cadeia da pesca
Mudanças climáticas podem levar ao aumento da importação e afetar sobrevivência das empresas brasileiras A forte estiagem que o estado de São Paulo vem sofrendo desde o início do ano tem trazido trágicos reflexos para os produtores de pescados. O alerta é do coordenador do Comitê da Cadeia Produtiva da Pesca (Compesca) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “O nível de água dos reservatórios está realmente crítico. Muitos aquicultores tiveram que tirar os seus tanques da água porque chegou no fundo e já perderam a produção. Tem gente que já abateu o peixe antes do tempo e isso desregulou o mercado”, comentou na décima reunião do comitê em 31 de outubro, na sede da entidade. A preocupação é muito grande, segundo ele, pois a água tem múltiplos usos, não apenas o abastecimento residencial e comercial, mas também para gerar energia e 50 | REVISTA 100% CAIPIRA
viabilizar transporte de cargas por hidrovias. “Temos toda essa problemática para analisar num contexto muito maior, que não é só o da pesca e aquicultura, e temos que buscar o bom senso e alternativas”. Outro integrante do Compesca, Silvio Romero de Carvalho Coelho, comentou que institutos meteorológicos internacionais preveem que a estiagem se estenderá até 2016 e sugeriu que o tema “água” seja o foco das discussões do próximo ano. Por conta do evento El Niño, o excesso de chuva na região Sul do país já tem afetado alguns segmentos do setor como a produção de camarão. “A questão do clima também levará ao aumento da importação e, consequentemente, dificultar a competitividade e a até a sobrevivência das empresas nacionais”, alertou Imai.
Mudanças climáticas poderão custar até 5% do PIB latino-americano Estimativas apresentadas pela Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) estimaram que as mudanças climáticas devem custar entre 1,5% e 5% do Produto Interno Bruto (PIB) dos países latino-americanos, caso a previsão de aumento da temperatura global, prevista em 2,5 graus Celsius (ºC), seja concretizada. “Há dez anos a Cepal estuda os custos econômicos e sociais das mudanças climáticas nos países da América Latina e Caribe e formula recomendações para as políticas públicas”, disse, em Nova York, a secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena. “Os cálculos ainda são preliminares e têm um alto nível de incerteza, porque não incorporam todos os efeitos potenciais e nem os possíveis resultados das ações de adaptação”, acrescentou. A Cepal informou ainda que a América Latina e o Caribe, embora tenham uma contribuição menor nas mudanças climáticas que países desenvolvidos, a região é particularmente suscetível aos seus efeitos. O maior impacto latino-americano vem da emissão de gases na atmosfera (efeito estufa). A região é responsável por 9% do total global deste tipo de emissão, com uma taxa de crescimento anual de 0,6% entre 1990 e 2011. “A característica principal é que as emissões provêm da mudança do uso do solo, do desmatamento e da agricultura”, destacou.
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