Edição 19 100 por cento caipira

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www.revista100porcentocaipira.com.br Brasil, janeiro de 2015 - Ano 3 - Nº 19 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

LAVOURA + PECUÁRIA + FLORESTA

PARCERIA DE RESULTADO

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Exportação: Bovinos potiguares abrem as portas do mercado africano

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Política: Kátia Abreu é a primeira ministra da Agricultura

Projeto: Debate para regras de comercialização de equinos

Economia Agrícola: Ampliação de mercado foi um dos destaques do agronegócio

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Artigo: Gado Franqueiro


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Produção: Ano Internacional da Agricultura Familiar

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Economia: Balança comercial deve cair 3% Transporte: Indústria registra retração em 2014

Economia: Seca foi um dos vilões da inflação em 2014 Gastronomia: Picanha invertida na churrasqueira REVISTA 100% CAIPIRA |

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Brasil, janeiro de 2015 Ano 3 - Nº 19 Distribuição Gratuita

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PECUÁRIA

Mapa abre consulta pública para debater importação de equinos Portaria dá prazo de 90 dias para discutir regras para comercialização de cavalos O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC), publicou em 18 de dezembro a Portaria 305, que submete à consulta pública o Projeto de Instrução Normativa que aprova as Normas Técnicas para Importação e Exportação de Equídeos. A Normativa regulamentará a importação e a exportação de cavalos para reprodução, competições de hipismo e de provas funcionais e os modelos de formulários de certificação zootécnica e técnica. 6 | REVISTA 100% CAIPIRA

De acordo com o secretário Caio Rocha, da SDC, a consulta pública é importante, pois dá oportunidade de representantes do setor e demais interessados se manifestar e construir, juntamente com o Mapa, a Instrução Normativa. “Ela vai implementar melhorias no controle zootécnico, com parâmetros que tornem o serviço de fiscalização, na importação e exportação de equídeos, mais eficaz”, afirma. “O Brasil possui o terceiro maior rebanho de equinos do mundo e o maior da América Latina”, completa.

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GADO FRAN Artigo - Por Sérgio Strini

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NQUEIRO

Raça Franqueira tem sido reconhecida pela literatura científica desde o final do século XIX REVISTA 100% CAIPIRA |

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egundo a história, o Gado Fanqueiro começou a ser domesticado no Egito há cerca de 4.000 aC, onde teoricamente foi a origem desse animal. A partir daí foram levados para o velho continente, na Península Ibérica e depois foram para a América do Norte, que segundo alguns historiadores, esse gado veio com as caravelas de Cristóvão Colombo por volta de 1493. Lá eles foram chamados de (long horn) chifres finos; no Brasil chegaram ao porto de São Vicente em torno de 1534 e eram descendentes dos animais da Península Ibérica, foram trazidos pelo donatário das Capitanias hereditárias de São Vicente por Martim Afonso de Souza. Outros animais vieram da África nos porões dos navios negreiros, junto com os escravos daí foram se espalhando para outras regiões do Brasil e Paraguai.

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No Sul do Brasil, foi introduzido na costa do Rio Grande quase que na mesma época da introdução na capitania hereditária de São Vicente (hoje litoral Paulista). Para Assunção no Paraguai foi contrabandeado o gado Franqueiro. Com a chegada das missões jesuíticas, vieram também mais uma leva de gado que foram para a região de Santa Fé, na Argentina e para Vacaria do Mar, no Uruguai. Os paulistas, precisando de gado, cavalos e mulas para transporte e alimentação na região paulista, também vieram para a Vacaria do Mar. Dizem que eram sete vacas e um touro, o começo de tudo. Desta reprodução seguiu uma parte do gado para Santa Fé, Argentina, e desta região para o grande rodeio da Bacia do Prata, o pastoreio da Vacaria do Mar, (Banda Oriental), Uruguai, em 1611 e 1617, por ordem de Hernan-

darias (Hernando Aris de Saavedra). Os jesuítas, querendo povoar a região, posteriormente conhecida como Campos de Cima da Serra, deram origem à história do Gado Franqueiro nessa área antes da própria história da Vila de Vacaria – na antiga Vacaria dos Pinhais – onde o gado franqueiro acostumou-se como se fosse o próprio local de origem. Ao povoar as sesmarias ondulantes, selecionando-se naturalmente e sustentando a economia por séculos, tendo sido introduzido antes ainda do estabelecimento destas sesmarias, este gado de chifres longos foi largado pelos jesuítas no antigo Mato Castelhano apenas com a finalidade de abrir picadas e trilhas. Considerando-se que o mato era muito cerrado, com seus enormes chifres o Gado Franqueiro abria o mato e sulcava a terra. Esse gado veio sem marcas e sinais, sem danos


mesmo, passando a ser criado bem depois, na região. O introdutor do Gado Franqueiro na região das Missões foi o padre jesuíta Cristóvão de Mendonça, que trabalhou nas missões sul-americanas, e trouxe para a encosta superior do nordeste do estado em torno de 1.200 cabeças de gado. Esse padre acabou sendo morto em um ataque de índios em torno de 1635 na região do Campo dos Bugres, hoje área de Caxias do Sul. Das estâncias missioneiras para a Vacaria dos Pinhais, que estava em formação no Rio Grande do Sul, por volta de 1710, muito tempo se passou, muitas vidas se perderam, porém o gado franqueiro vingou. A Raça Bovina Franqueira tem sido reconhecida por esse nome, na literatura científica, desde os primórdios da academia agropecuária no final do Século XIX.

O GADO FRANQUEIRO EM VACARIA-RS Quarta-feira (23/02/2011) o então diretor de departamento da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Tecnologia, Trabalho e Turismo – Rovani Oliveira, popularmente conhecido como “Nico” – esteve no 1.° distrito do município, a serviço, visitando a Cabanha Santo Expedito, uma propriedade de 46 hectares localizada no Km 47 da BR-116, na região das Pedras Brancas, a 10km do centro da cidade, próxima ao pedágio, à esquerda de quem vai de Vacaria rumo a Caxias do Sul, para entrevistar um raro criador de gado. A Cabanha Santo Expedito se destaca no cenário municipal como criadora da raça do Gado Franqueiro, uma raça brasileira que se encontra em risco de extinção, cujas principais características são de uma espécie pesada, leiteira, mansa, rús-

tica e dócil. No Brasil, existe criação oficial desses animais em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, até onde se sabe, sendo que em nosso estado só existem apenas 160 espécimes, onze (11) deles em Vacaria – RS. Há também bovinos franqueiros criados nas seguintes propriedades gaúchas: Sobrado Branco, em Canguçu; Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (FEPAGRO), em Viamão; Fazenda Nova, Pessegueiro e Bela Vista, em São José do Ausentes; Lajeado das Taipas e Fazenda do Faxinal, em São Francisco de Paula, e em Gramado, na propriedade do atual presidente da Associação Brasileira de Criadores de Bovinos Franqueiros – ABCBF. O Gado Franqueiro catarinense usa outro tipo de denominação – Gado Crioulo Lageano – e tem outra associação de criadores, por questões acadêmicas e técnico-científicas. REVISTA 100% CAIPIRA |11


O entrevistado local sobre a Raça Bovina Franqueira foi o Sr. João Tadeu da Fonseca, 66 anos, que se constitui no único criador deste tipo de gado na região dos Campos de Cima da Serra, há mais de dez (10) anos. Em sua Cabanha Santo Expedito, há onze (11) exemplares do gado dito FRANQUEIRO, mais precisamente um (1) touro, três (3) vacas de cria, dois (2) tourinhos de ano e meio, além de cinco (5) vacas falhadas. O proprietário espera, para agosto de 2011, diversas vacas prenhas. POR QUE GADO FRANQUEIRO? Sebastião Fonseca de Oliveira, Presidente da Associação Brasileira de Criadores de Bovinos Franqueiros (ABCBF) é um guerreiro em busca das origens e culturas gaúchas. Junto com outros 11 associados, 7 criadores de gado e alguns parceiros, como a UFRGS, a FEPAGRO, a Associação Nacional de Criadores “Herd-Book” Collares (ANC) e o IBAMA, faz um resgate histórico do Gado Franqueiro, a primeira e mais pura raça que movimentou o comércio no Rio Grande do Sul por séculos e que agora sofre ameaça de extinção.

Há três tipos de Gado Franqueiro: • ASPA FINA chifres finos de grande envergadura; • BORRACHUDO chifres grossos de grande envergadura; • NÓ-DE-PINHO chifres grossos e curtos. 12 | REVISTA 100% CAIPIRA

Sebastião cria em sua fazenda, no município turístico de Gramado – RS, cerca de 30 cabeças de Gado Franqueiro, e faz esse dedicado trabalho de recuperação da espécie há 28 anos. Tem lutado em Brasília, mediante processo junto ao Ministério da Agricultura, para o reconhecimento da entidade. Em breve, haverá troca da diretoria da associação, quando, provavelmente, será substituído pelo Dr. Luís Fogaça da Silva, considerado hoje o maior criador de bovinos franqueiros, criador do município de São Francisco de Paula – RS, co-irmão do município de Vacaria dentro da Rota Turística dos Campos de Cima da Serra. A Cabanha Santo Expedito, especializada nos franqueiros ASPA

FINA e BORRACHUDO, poderá receber visitantes, e futuramente, oferecer derivados lácteos franqueiros, como iogurte, leite gordo, queijo, manteiga, nata, doces, entre outros. É possível também que artesões possam dispor de sobras de couro e chifres para criação de produtos artesanais. O Gado Franqueiro pode se tornar um animal símbolo do Rio Grande do Sul. O primeiro passo foi dado quando a Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa do Estado aprovou um projeto de lei que o reconhece como um patrimônio cultural e genético do RS. O projeto, do deputado João Fischer, do PP, pretende resgatar a identidade história do animal, que contribuiu para o crescimento do es-


tado, por ter sido utilizado em larga escala na região das Missões e dos Campos de Cima da Serra. Sendo assim, tornou-se uma raça pura de origem sulina dentro da sua evolução natural. “Com esta iniciativa, além de fazer o resgate histórico deste animal, entendo que o reconhecimento do gado franqueiro como patrimônio cultural e genético irá contribuir para que, através dos órgãos competentes, sejam dinamizados os esforços no sentido de preservar e resgatar esta raça genuinamente adaptada ao sul do país” justificou o deputado. O Gado Franqueiro é uma raça em risco de extinção e o projeto de lei é uma forma de tentar preservá-la. Agora, o projeto de lei segue para as comissões de mérito e para

votação em plenário. Convênio entre Associações firmado junto à Fepagro irá contribuir para evitar extinção da raça Um convênio firmado entre a Associação Brasileira de Criadores de Bovinos Franqueiros (ABCBF) e Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares (ANC) junto à Fepagro irá permitir que a raça tenha o registro genealógico efetuado. A ANC será responsável pelo cadastro genético da raça Franqueiro em todo o Brasil, medida que poderá contribuir para o controle e, consequentemente, interrupção de um processo de extinção da raça que vinha sendo verificado, em especial no RS, que possui pouco mais de 160 animais vivos. O tema já vinha sendo uma pre-

ocupação do parlamento gaúcho. O Coordenador da Frenteagro da AL -RS, deputado Jerônimo Goergen (PP) recebeu ainda no ano passado, o presidente da Associação de Criadores de Bovinos Franqueiros do RS, Sebastião Fonseca de Oliveira. Fonseca pediu apoio para que o governo incluísse no orçamento de 2009 recursos que para garantir a sobrevivência do animal, que representa o sustento de centenas de famílias gaúchas, e que está ameaçado de extinção. Na ocasião, o presidente da entidade também solicitou a criação de um projeto para viabilizar recursos na ordem de R$ 50 mil para que a Fepagro, a fim de viabilizar a construção de um galpão para tratamento dos animais. “Temos este animal como um arquivo histórico. Este tipo de gado não precisa de vacina em função de sua qualidade, mas sim de cuidados para que sua raça não seja extinta. Queremos o reconhecimento do animal como raça histórica do Estado”, avalia Sebastião Fonseca. Agora com o convênio firmado entre as associações junto à Fepagro, será possível um trabalho mais direcionado para manutenção da raça. O deputado estadual Jerônimo Goergen ressalta a importância do pleito para a agropecuária do Estado. “é uma raça de vasta história no RS e de qualidade genética. O esforço é muito grande da entidade para manter os poucos exemplares que existem. o registro genealógico é um importante avanço para a valorização da raça, mas ainda são necessários investimentos para o tratamento do gado, e para isso seguimos trabalhando junto ao governo”, diz Jerônimo. REVISTA 100% CAIPIRA |13


ALIMENTAÇÃO E ENGORA Como todos os criadores de gado de corte é obter lucro, isso não é muito diferente com o gado franqueiro; com o objetivo de chegar ao peso ideal para o mercado. O gado franqueiro Amadurece mais tarde em relação às outras raças, ele cresce mais lentamente e não ganha gordura tão fácil como por ex.: Nelori, Angus entre outros. No entanto com a utilização de alimentos de qualidade e o consumo de ração mantém as despesas equilibradas comparadas às outras raças. Segundo alguns criadores, alimenta-se o gado com aproximadamente 2,5% de seu peso vivo com “alimento seco”, (feno, forragem...). Ex.: Um animal com 30 arrobas consome cerca de 11,250 kg de matéria seca por dia. O consumo de forragem diminui a medida que se aumenta com a oferta de alimento concentrado (ração). É necessário fornecer uma silagem ou alimentos concentrados, como grãos por ex., para um maior ganho de peso. Esses grãos devem ser quebrados e não moídos, pois deste modo a energia é liberada durante um período de tempo mais longo. “Se um alimento completo não estiver sendo usado a ração deve ser balanceada, farinha de soja, farinha de colza, feijões, ervilhas, cevada, trigo, milho e aveia podem ser utilizados. Um veterinário poderá ajudar com o balanceamento da ração. O gado franqueiro não é de comer muito, mas é eficiente com a conversão de ração em ganho de peso. Em média, para cada 3,00kg de ração consumida um franqueado consegue ganhar 500g de peso”.

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EXPORTAÇÃO

Bovinos potiguares abrem as portas do mercado africano Animais da raça Guzerá foram transportados para o Senegal no início do mês Cento e setenta e cinco bovinos da raça Guzerá, incluindo bezerros, do plantel norte-rio-grandense foram embarcados no dia 5, segunda-feira, no Aeroporto Internacional Governador Aluizio Alves, em São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte. Esses são os primeiros animais vivos a serem exportados para o Senegal, após o estado receber em 2013 o status de “área livre da febre aftosa, com vacinação” e o reconhecimento internacional em 2013, fato pioneiro na pecuária da região Nordeste. O voo especial em Airbus 747-400 decolou às 23 horas e chegou aproximadamente quatro horas depois ao seu destino, na capital Dakar. A Unidade de Vigilância Agropecuária Internacional da Su16| REVISTA 100% CAIPIRA

perintendência Federal de Agricultura no Rio Grande do Norte(Uvagro-Aeroporto/ SFA-RN) acompanhou o embarque durante todo o dia. Foram necessários seis caminhões para o transporte dos animais da fazenda, localizada no município de Monte Alegre, onde se encontravam em regime de quarentena, até o aeroporto. Nas semanas anteriores, os animais foram acompanhados de perto pelos fiscais federais do Serviço de Saúde, Inspeção e Fiscalização Animal (SIFISA) e por técnicos do Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do RN (Idiarn), órgão estadual de defesa agropecuária, garantindo o cumprimento das normas zoosanitárias legais. Para os representantes senegalenses, a escolha da raça levou em consideração o fato do gado Guzerá ter se adaptado muito bem ao clima do semiárido nordestino, semelhante às condições que encontrarão

em terras africanas. Nessas condições, o governo do Senegal apostou no projeto e tem perspectivas de expandir a experiência para outros países da região, segundo o diretor Omar Thiam. Acompanharam o embarque dos animais, o diretor da Associação para a Promoção e Desenvolvimento Rural do Senegal, Omar Thiam, e o médico veterinário Sou Mame, do Serviço Veterinário do Governo do Senegal, responsável pela aquisição dos bovinos potiguares com a finalidade da melhoria genética do gado do país africano. O superintendente-substituto da SFA-RN, Roberto Carlos Razera Papa também estava presente no embarque, ao lado do chefe da Uvagro/Aeroporto, Alexandre César, além dos pecuaristas potiguares responsáveis pela transação comercial inédita, Camilo Collier e Geraldo Alves. (Com informações da Superintendência Federal de Agricultura do Rio Grande do Norte)


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ECONOMIA AGRÍCOLA

Ampliação de mercado foi um dos destaques do agronegócio brasileiro em 2014 No total, 11 países abriram mercado para produtos agropecuários brasileiros

O ano de 2014 foi marcado pela ampliação e manutenção de mercados no agronegócio brasileiro, com ênfase em questões sanitárias e fitossanitárias. Dentre os países que abriram o mercado para os produtos brasileiros estão: Rússia, México, Japão, África do Sul, China, Coreia do Sul, Colômbia, Iraque, Irã, Egito e Tailândia. Dentre as negociações, na área de produtos de origem animal, destacam-se a abertura do mercado russo, grande importador mundial para. Em agosto deste ano, a Rússia anunciou uma liberação recorde de estabelecimentos brasileiros habilitados para exportar carne de aves, suínos e bovinos, miúdos de bovinos, além de produtos lácteos para aquele país. Atualmente, o Brasil possui 162 estabelecimentos habilitados para exportar para a Rússia. 18| REVISTA 100% CAIPIRA

O ano também foi marcado ainda pelo início das exportações de carne suína pelo estado de Santa Catarina ao Japão e de carne de frango para o México. Em ambos os casos, o Brasil estava habilitado desde 2013 para exportar, mas foi este ano que os embarques começaram a ganhar volume: para o Japão foram exportados, entre janeiro e novembro, US$ 15,92 milhões em carne suína e para o México, US$ 32,99 milhões em carne de frango. Após nove anos de negociações, a África do Sul finalmente suspendeu o embargo à carne suína brasileira. O embargo estava em vigor desde 2005, quando o Brasil teve os últimos casos de febre aftosa. Além disso, a Colômbia habilitou o Brasil para exportação de couro bovino, a Coreia do Sul, para gelatina, Tailândia para o tabaco, e Iraque, para exportação de bovinos vivos. O registro de dois casos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), em 2012 e 2014, resultou no embargo à carne bovina brasileira pelo Irã, Egito e China. Mas após negociações com as autoridades, os embargos também foram suspensos este ano. Com a Arábia Saudita e Japão, as negociações encontram-se em estágio avançado para a exportação do produto. Nestes casos, com ex-

ceção do Japão, houve missões do Ministro da Agricultura Neri Geller a esses países. Contenciosos O Ministério da Agricultura participou ativamente dos trabalhos de preparação de contencioso contra a Indonésia para acesso ao mercado de carne de frango, utilizandose o sistema de solução de controvérsias da Organização Mundial de Comércio (OMC). O país asiático, com população aproximada de 250 milhões de habitantes, tem potencial comprador do produto brasileiro, mas atualmente restringe o acesso ao seu mercado de forma incompatível com as regras da OMC, segundo entendimento do governo brasileiro. Além disso, o Mapa contribuiu para as negociações que resultaram na assinatura do Memorando de Entendimento relativo ao Contencioso do Algodão entre o Brasil e os Estados Unidos, encerrando uma disputa de mais de uma década. O acordo bilateral incluiu pagamento final de US$ 300 milhões pelo governo dos EUA, com maior liberdade para a aplicação dos recursos, o que contribuiu para diminuir os prejuízos dos cotonicultores bra-


sileiros. O acordo firmado se restringe apenas ao setor cotonicultor, preservando os direitos brasileiros de questionar a legalidade da Lei Agrícola norte-americana para as demais culturas ante a Organização, caso necessário. Promoção do agronegócio Com o objetivo de promover as exportações brasileiras em mercados estratégicos, foram realizadas ações comerciais nos Estados Unidos, China, Japão, Rússia, Canadá, África do Sul, Itália e Peru, que criaram oportunidades de negócio para mais de vinte setores da agropecuária e agroindústria. Entre eles estão: carne bovina, carne de frango, carne suína, pescados, café, mate, chás, refrigerantes, energéticos, arroz, lácteos, açúcar, frutas frescas, polpas e sucos de fruta, castanhas, água de coco, cachaça, cervejas, vinhos e espumantes, chocolate, doces e confeitos, massas, produtos de panificação, produtos apícolas, pratos congelados e outros produtos de conveniência, conservas, molhos, temperos e condimentos. Também foram realizadas ações de promoção da imagem do agronegócio brasilei-

ro junto à Organização Mundial da Saúde Animal e Codex Alimentarius, abrangendo autoridades sanitárias de mais de 150 países. Com o objetivo de dar visibilidade ao dinamismo e alto padrão tecnológico da produção brasileira, foi realizado o VI Programa de Imersão no Agronegócio, voltado para diplomatas estrangeiros em missão no Brasil. Igualmente, deu-se continuidade ao programa de seminários “Agroex”, que tem o objetivo de sensibilizar o setor produtivo para o comércio internacional, com vistas à ampliação da base e da pauta exportadoras. Ao longo de sete anos, o programa registra mais de 17 mil participantes em todas as regiões brasileiras. Outro destaque em 2014 foi o encontro do ex-Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Neri Geller com o Vice-Ministro de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Florestas e Pesca do Japão, Hisao Harihara, por ocasião da visita do Primeiro Ministro do Japão, Shinzo Abe à presidente Dilma Rousseff. Como desdobramento do evento, foi realizado ainda 2014 o Primeiro Diálogo Brasil-Japão sobre Agricultura e Alimentos, fórum de empresários e representantes de go-

verno que selou o início de um novo ciclo da relação entre os dois países na área do agronegócio, visando a intensificação dos fluxos de comércio, conhecimento e principalmente de investimento, com foco em infraestrutura e logística. Ainda em relação a atração de investimentos, 2014 registrou avanços importantes em negociações com investidores da China e Argélia. Para 2015, o calendário preliminar de ações de promoção internacional do agronegócio prevê a continuidade e reforço das ações nos Estados Unidos, China, Japão, Canadá, Rússia, Canadá, África do Sul e Peru, bem como a ampliação da atuação no Oriente Médio, além de ações de imagem que agreguem valor aos produtos brasileiros em mercados de referência, particularmente no Japão e União Europeia. Também está prevista a participação do Mapa no pavilhão brasileiro da Expo Milão, exposição mundial que ocorrerá entre maio e outubro na Itália, e que terá como tema “Alimentando o Mundo, Energia para a Vida”. No Brasil, as ações previstas incluem a ampliação do programa de seminários “Agroex” e continuidade dos programas de imersão no agronegócio. REVISTA 100% CAIPIRA | 19


POLÍTICA

Kátia Abreu é a primeira ministra da Agricultura

Senadora quer ampliar a classe média rural brasileira Em cerimônia realizada no dia 5, na sede do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a senadora Kátia Abreu recebeu, pelo ex-ministro, Neri Geller, o cargo de ministra da pasta. “Ao assumir esse cargo, passo a fazer parte de uma história valorosa, que começou ainda durante o Império, sob comando de Dom Pedro II, em 1860, quando foi criada a Secretaria de Estado de Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públi20| REVISTA 100% CAIPIRA

cas”, comentou a ministra. Kátia Abreu é a centésima vigésima pessoa a ocupar o posto como titular e a primeira ministra da Agricultura mulher. Durante discurso, a ministra destacou três desafios que terá na sua gestão. “Assumo neste momento o compromisso com a organização, estruturação e implantação da Escola Brasileira do profissional da Agricultura e Pecuária”, afirmou. “Uma escola que capacite, forme e fortaleça os profissionais do sistema público da agricultura dos municípios, estados e do Ministério da Agricultura”, disse. De acordo com a ministra, o segundo desafio foi determinado pela presidente da

República, Dilma Rousseff, e visa ampliar a classe média rural brasileira. “Vamos estabelecer como meta dobrar a classe média rural nos próximos quatro anos. Hoje o Brasil tem mais de 5 milhões de produtores, sendo que 70% nas classes D e E, 6% nas classes A e B, e apenas 15%, algo em torno de 800 mil produtores, na classe C”, comentou. “O terceiro e importante desafio é consolidar um planejamento nacional de defesa agropecuária, construído por meio de parceria do poder público, iniciativa privada e nossa valorosa Academia”, afirmou a ministra. Segundo ela, os fóruns de secretários de agricultura e de órgãos serão par-


INOVAÇÃO NOTAS

ceiros e orientadores. “Queremos solidez técnica para garantir confiabilidade para os nossos consumidores no Brasil e no mundo. A meta é garantir padronização, transparência e segurança”, esclareceu. Em discurso de despedida, Neri Geller elogiou a indicação da senadora Kátia Abreu ao cargo e avaliou como positiva sua atuação frente à pasta. “Trouxemos o setor para dentro do Ministério e lutamos pelos principais interesses do segmento do agronegócio, como crédito farto para a produção, defesa da qualidade e segurança dos nossos alimentos e a retomada e abertura de novos mercados internacionais”, disse Geller.

Títulos do agronegócio aumentam na BM&FBovespa

Primeiro semesTre do Plano Safra 2014/2015 atinge R$ 15,2 bilhões

Em 2014, o estoque de títulos do agronegócio registrados na BM&FBovespa totalizou R$ 112,41 bilhões, ante R$ 93,46 bilhões em 2013. O número representa aumento de 20,27% na comparação do total anual. O estoque de LCAs (Letra de Crédito do Agronegócio) totalizou R$ 107,46 bilhões, ante R$ 89,89 bilhões em 2013.

O valor das operações de crédito nos seis primeiros meses do ano agrícola 2014/2015 é recorde para o período. De julho a dezembro de 2014, o total aplicado pelos agricultores familiares brasileiros alcançou R$ 15,2 bilhões. Este valor é aproximadamente 23% acima do que foi contratado no mesmo período na safra 2013/2014.

Agricultores familiares vendem mais de 7 milhões (Kg) em produtos

Agroquímicos devem faturar US$ 12,2 bilhões no Brasil em 2014

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) adquiriu mais de 7 milhões de quilos de produtos da agricultura familiar, por meio de chamadas públicas pela Compra Institucional, em 2014. Foram aplicados cerca de R$ 25 milhões na aquisição de arroz, farinha de mandioca, farinha de trigo, feijão, flocos de milho, fubá, macarrão e leite em pó.

Os agroquímicos fitossanitários devem atingir faturamento de US$ 12,2 bilhões em 2014, conforme levantamento do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg). Com 6% acima do registrado em 2013, será a maior alta de todo o setor químico, representando o segundo maior faturamento da indústria de química fina.

Valor de Produção FAO: preços dos fecha o ano com alimentos recuam recorde de R$ 461,6 em 2014 bilhões O ano de 2014 se encerra com valor recorde no faturamento da agropecuária e também com a maior safra de grãos obtida no país. As estimativas do Valor Bruto da Produção Agropecuária para o ano, calculadas pela Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, é de R$ 461,6 bilhões, crescimento de 2,5% em relação a 2013, que foi de 450,3 bilhões.

Após três meses de estabilidade, o Índice Geral de Preços dos Alimentos da FAO apresentou ligeiro declínio, influenciado pela boa produção agrícola e por estoques recordes. Isto, combinado com o fortalecimento do dólar e a redução nos preços do petróleo, fez com que o índice de dezembro de 2014 apresentasse redução de 1,7% sobre o mês anterior e de 8,5% sobre dezembro de 2013. REVISTA REVISTA100% 100%CAIPIRA CAIPIRA ||21


DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO

Políticas nacionais foram destaques no

Ano Internacional da Agenda de atividades proporcionou mais visibilidade e fortaleceu o setor, avalia governo federal O ano de 2014 foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Ano Internacional da Agricultura Familiar para destacar a importância da área na produção de alimentos no mundo. No Brasil ganhou o nome de Ano Internacional da Agricultura Familiar, Indígena e Camponesa (Aiaf). O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) foi o responsável por coordenar o comitê brasileiro da Aiaf e foi uma das primeiras instituições a se associar à campanha internacional. Em parceria com mais 49 organizações governamentais e da sociedade civil, o MDA impulsionou uma agenda de atividades para dar mais visibilidade e fortalecer as políticas públicas do setor. O MDA atuou, ainda, para ampliar os espaços da agricultura familiar nos fóruns internacionais e nos projetos de integração regional, como na Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribenhos. “A principal contribuição do Brasil para os demais países do mundo é mostrar que é possível ampliar a contribuição econômica e social da agricultura familiar com políticas públicas construídas com participação social, no diálogo com as organizações e movimentos sociais e que isso é muito importante para o desenvolvimento sustentável do País”, afirma o coordenador da Assessoria Internacional do MDA, Caio França. Políticas públicas Entre as políticas públicas do MDA, destaca-se o Programa Nacional de Fortaleci22| REVISTA 100% CAIPIRA

mento da Agricultura Familiar (Pronaf), que vem batendo recorde de contratações a cada safra. Na safra atual (2014/2015), os acessos às linhas de custeio e investimento já somam mais de R$ 13 bilhões. Entre julho e novembro do ano passado, em todo o Brasil, foram efetivados 976.572 contratos. Houve um aumento de 26% no valor contratado e de 3% no número de contratos em relação ao mesmo período da última safra. As mulheres do campo estão sendo priorizadas no País. Em 2014, o Programa Nacional de Documentação das Trabalhadoras Rurais (PNDTR) completou 10 anos com a emissão de mais de dois milhões de documentos. No primeiro semestre do ano safra 2014/2015, mais de 120 mil mulheres foram atendidas pelos mutirões itinerantes do MDA e mais de 270 mil documentos civis, trabalhistas e previdenciários foram entregues gratuitamente. Caio França destaca também o novo modelo do Seguro da Agricultura Familiar (Seaf). “Antes o valor segurado se referenciava no custo de produção. Agora será baseado na renda esperada, permitindo assim maior estabilidade na renda dos agricultores e agricultoras familiares” esclarece. E para encerrar do Ano Internacional da Agricultura Familiar, a Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar no Mercosul (Reaf) criou os Selos Nacionais de Identificação da Agricultura Familiar. O Brasil já possui o Selo de Identificação da Participação da Agricultura Familiar (Sipaf) desde 2012 para estimular a identificação e visibilidade dos produtos da agricultura familiar. “O ano de 2015 será de desafios associados aos avanços alcançados. A principal pauta será a consolidação do Plano Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PNDRSS), com a construção dos planos estaduais e sua incorporação pelas demais áreas do governo”, finaliza o coordenador.


a Agricultura Familiar

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ECONOMIA

Contribuição do agronegócio para a balança comercial deve cair 3%, prevê setor A Sociedade Nacional da Agricultura (SNA) prevê que a contribuição do agronegócio para a balança comercial brasileira, apesar da expectativa de safra recorde superior a 200 milhões de toneladas no período 2014/2015, deverá cair em torno de 3% em 2015, em relação a 2014. O motivo é a queda das exportações. “Existem indicações de queda ou estagnação das exportações do setor, com retra24 | REVISTA 100% CAIPIRA

ção dos preços médios dos produtos exportados. A equação pressupõe, ainda, que a produção brasileira de grãos seguirá a trajetória antecipada pelos primeiros levantamentos de safra”, ressalta a SNA. As projeções indicam que o valor das exportações do setor deve cair em torno de 3%, na comparação com 2014, para próximo de US$ 99,03 bilhões, quase 1% abaixo do resultado anterior, quando o agrone-

gócio exportou US$ 99,96 bilhões. “Provavelmente, teremos um pouco menos de exportações de soja e milho, em receita, e um pouco mais de carnes e café”, avalia o diretor da SNA, Hélio Sirimarco. Para a entidade, a soja será o produto que terá melhor desempenho na próxima safra com um total de 95 milhões de toneladas, o que significa um crescimento de 10% em relação à safra anterior, explica Sirimarco.


Podemos esperar um novo recorde de exportação, com algo próximo a 63,2 milhões de toneladas, das quais a soja em grão responderá por 48 milhões de toneladas, contra 46 milhões esperados para 2014”, segundo previsão da Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais (Abiove).

Também para as carnes, as perspectivas permanecem positivas, o que não deverá ocorrer em relação à celulose, ante a expectativa de excedente de oferta, principalmente diante do baixo desempenho econômico e financeiro da economia europeia. A SNA espera bom desempenho no volume de exportação da carne bovina, principalmente diante de problemas de oferta enfrentados pelos principais concorrentes brasileiros, afetados por questões sanitárias e dificuldades climáticas. Para o setor avícola, a Associação Brasileira de Proteína Animal (Abpa) acredita numa expansão de 3% 4% nos volumes exportados em 2015. “Será um ano positivo, mas não como em 2014”, prevê o diretor da SNA. Ele acrescenta que o desempenho das exportações do setor poderá ser potencializado pela crescente demanda por material genético produzido no país e pela multiplicação de episódios de gripe aviária. O algodão e o milho são produtos que sofrerão queda na produção, por causa da redução na área plantada, como explicou o presidente da SNA, Antonio Alvarenga. “Os produtores reduziram a área plantada em consequência da queda nas cotações internacionais desses produtos, o que significa menor rentabilidade para o produtor.” Quanto à safra de café, Alvarenga antecipa uma significativa queda de produção, em decorrência do longo período de estiagem em 2014. “Em algumas regiões, a redução pode atingir 20% em relação ao ano anterior”, ressalta. Já a cana-de-açúcar deve sofrer uma redução 4% em relação ao ano anterior, “tendo em vista a estiagem e a grave crise que o setor atravessa”.

INOVAÇÃO ECONOMIA

MDA divulga lista de produtos com direito a bônus na agricultura familiar O Ministério do Desenvolvimento Agrário informou os 22 produtos que darão direito ao bônus para agricultores familiares com financiamento de custeio no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). A bonificação é relativa às parcelas com vencimento entre 10 de janeiro e 9 de fevereiro. Prevista no Programa de Garantia de Preços para a Agricultura Familiar, a bonificação é concedida quando os valores praticados no

mercado estiverem abaixo daqueles definidos a cada ano/safra. A referência para o preço de mercado e o valor do bônus é o mês de dezembro de 2014. Serão beneficiados produtores com culturas de açaí, babaçu (amêndoa), banana, borracha natural cultivada e natural extrativa, cacau (amêndoa), cana-de-açúcar, cebola, feijão, laranja, leite, manga, mangaba, maracujá, milho, pequi, piaçava (fibra), raiz de mandioca, sorgo, trigo, triticale e umbu.

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ECONOMIA

IBGE: preço ao produtor cresc outubro para novembro Nielmar de Oliveira Da Agência Brasil O Índice de Preços ao Produtor (IPP) cresceu 1,16% em novembro do ano passado, 0,5 ponto percentual superior ao mês imediatamente anterior. Com o resultado, de outubro a novembro a taxa acumulada no ano passou de 2,75% para 3,94%: alta de 1,19 ponto percentual. O IPP foi divulgado hoje (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A alta de novembro reflete aumento em 20 das 23 atividades pesquisadas, em relação a outubro, com as maiores variações ocorrendo nos segmentos de fumo (2,90%), papel e celulose (2,33%) e outros equipamentos de transporte (2,26%). Já as atividades que exerceram as maiores influências na composição da taxa foram alimentos (com 0,29 ponto percentual); refino de petróleo e produtos de álcool (0,20); veículos automotores (0,12) e metalurgia (com 0,11 ponto percentual). Já no acumulado do ano, alta de 3,94%, as atividades que tiveram as maiores variações percentuais foram metalurgia (10,48%), bebidas (8,92%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (8,42%) e calçados e artigos de couro (7,96%); com as maiores contribuições percentuais verificadas também em metalurgia (0,80 ponto percentual), veículos automotores (0,68), refino de petróleo e produtos de álcool (0,57) e outros produtos químicos (com 0,28 ponto percentual). Em novembro, os preços dos alimentos apresentaram alta de 1,45%, a maior variação desde a taxa de 1,55% de setembro de 2013. Nos 15 meses que separam setembro de 2013 de novembro de 2014, houve sete resultados negativos e oito positivos. Com esse resultado, a maior influência no indicador das indústrias de transformação (1,16%) foi também a do setor de alimen28 | REVISTA 100% CAIPIRA

tos, com contribuição de 0,66%, primeiro resultado positivo da série no ano. A atividade refino de petróleo e produtos de álcool registrou variação de 1,80% em novembro de 2014 com relação a outubro, invertendo resultado negativo do mês anterior. No ano, o setor acumula alta de 5,11%, enquanto o indicador dos últimos 12 meses registra elevação de 8,19%. Os produtos em destaque para o indicador mensal foram álcool etílico, asfal-

to, cimento asfáltico ou outros resíduos de petróleo ou de minerais betuminosos (mistura de hidrocarbonetos de consistência sólida, usada na produçaõ de asfalto, pinturas e impermeabilização) e óleo diesel e outros óleos combustíveis, todos com variações positivas, e querosenes de aviação com variação negativa. A fabricação de veículos automotores registrou em novembro variação de 1,03% no indicador mensal, alcançando 6,25% no acumulado do ano. Com rela-


ce 1,16% de

ECONOMIA

Dinheiro mais caro inibe procura por crédito O movimento de pessoas em busca de crédito diminuiu 0,5% ao longo de 2014, segundo levantamento do Indicador Serasa Experian da Demanda do Consumidor por Crédito. Esse resultado mostra um cenário bem adverso do registrado em 2010 quando a demanda havia crescido 16,4%. Em 2011, a alta foi 7,5%. De acordo com a Serasa Experian, o desempenho começou a se enfraquecer em 2012, ano em que a procura caiu 3,1%. Em 2013, houve retomada, com aumento de 1,8%, mas a resposta não se sustentou em 2014. Na análise dos economistas da empresa de consultoria, o que determinou esse comportamento foi, principalmente, o custo elevado do dinheiro. “A alta da inflação, os esforços do consumidor em reduzir seus níveis de endividamento e de inadimplência, a escalada das taxas de juros e do custo do crédito, a alta do dólar e o grau reduzido dos índices de confiança dos consumidores, determinaram um desempenho negativo da de-

manda do consumidor por crédito no ano de 2014”, diz o comunicado da Serasa Experian. O desaquecimento foi maior entre os mais pobres com renda mensal até R$ 500 por mês. Nessa faixa a demanda recuou 17,2% em comparação a 2013. Já os consumidores com ganhos entre R$ 500 e R$ 1 mil diminuíram a procura em 1%. Também houve queda entre os que ganham acima de R$ 10 mil (-3,9%) e na faixa entre R$ 5 mil e R$ 10 mil (-3,8%). Nas demais faixas de renda analisadas ocorreram elevações: de R$ 1 mil a R$ 2 mil mensais a procura subiu 5,4% e entre os que recebem de R$ 2 mil a R$ 5 mil por mês, alta de 0,6%. A Região Sul do país foi a que apresentou a redução mais expressiva (-3,4%), enquanto a demanda permaneceu, praticamente, estável no Sudeste (0,1%). No Norte, houve queda de 2,2% e Nordeste, recuo de 2,1%. A única alta foi registrada na região Centro-Oeste (7,5%).

ção aos últimos 12 meses, o índice da atividade registrou alta de 5,87%. Com esses resultados, segundo o IBGE, a atividade exerceu a segunda maior influência sobre o acumulado do ano, e a terceira maior influência sobre o índice mensal do IPP. Entre os produtos mais importantes para o resultado mensal, veículo para mercadorias a diesel é o único produto que apresenta resultado negativo e se destaca tanto em termos de influência quanto pela sua variação. REVISTA 100% CAIPIRA |29


ECONOMIA

Indústria automobilística regist Entidade aposta em ligeira alta da produção em 2015 A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgou o desempenho do setor automotivo em 2014, incluindo automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus e máquinas autopropulsadas. Segundo o balanço, o licenciamento de autoveículos apresentou retração de 7,1% com 3,50 milhões de unidades comercializadas no ano contra 3,77 milhões em 2013. Na comparação mensal o licenciamento de autoveículos no último mês de 2014, com 370 mil unidades, cresceu 25,6% sobre as 294,7 mil de novembro do mesmo ano e aumentou 4,6% sobre dezembro de 2013, quando o mercado absorveu 353,8 mil autoveículos. Para o presidente da entidade, Luiz Moan Yabiku Junior, vários fatores interferiram nos resultados: “Em 2014 enfrentamos uma série de desafios, como a forte seletividade na conces30 | REVISTA 100% CAIPIRA

são de crédito, feriados em razão de grandes eventos e cenário complexo no comércio exterior. Contudo, o segundo semestre já apresentou recuperação do licenciamento e produção. Para 2015 esperamos um primeiro semestre difícil, mas os ajustes promovidos nos levarão a um resultado equilibrado, no mínimo com desempenho igual a 2014”. Os dados apontam que o volume de produção, com 3,15 milhões de unidades de janeiro a dezembro, diminuiu 15,3% se comparado com as 3,71 milhões de unidades de igual período de 2013. Apenas em dezembro foram fabricados 203,8 mil produtos, 11,8% menor do que as 230,9 mil de dezembro de 2013 e 23,1% abaixo de novembro do ano passado. Nas exportações a retração foi de 40,9%, na comparação das 334,5 mil unidades do ano passado contra as 566,3 mil de 2013. Os números da análise mês a mês mostram que dezembro de 2014, que registrou 23,7 mil autoveículos exportados, foi 8,7% menor do que o mês anterior – 26 mil – e 45,2% abaixo das 43,3 mil do mesmo mês de 2013.

Veículos pesados O segmento de caminhões encerrou 2014 com 13,7 mil unidades licenciadas no último mês do ano, superior em 12,6% sobre novembro, com 12,2 mil, e abaixo em 5% com relação as 14,4 mil de dezembro de 2013. O desempenho contribuiu para que 2014 terminasse com 137,1 mil caminhões licenciados, retração de 11,3% sobre as 154,6 mil do ano anterior. O recuo foi um pouco mais intenso na produção: em 2014 saíram das linhas de montagem 139,9 mil caminhões, 25,2% a menos do que as 187,1 mil de 2013. No comparativo mensal as 3,7 mil unidades do último dezembro significam queda de 68,6% sobre as 11,8 mil de novembro e de 49,6% frente as 7,3 mil do último mês de 2013. No segmento de transporte de passageiros os ônibus também fecharam 2014 com resultados negativos: foram licenciadas 27,5 mil unidades no ano passado contra 32,9 mil em 2013, 16,3% menor. O licenciamento de 2,3 mil veículos em dezembro representou


COMÉRCIO EXTERIOR

Balança comercial inicia ano com déficit de US$ 983 milhões

tra retração em 2014 estabilidade sobre novembro, mas queda de 26,9% ante as 3,2 mil de dezembro de 2013. A produção de chassi de ônibus seguiu o viés de baixa e encerrou 2014 abaixo em 17,9%: foram 32,9 mil unidades no ano passado contra 40,1 mil no ano anterior. Em dezembro de 2014 foram produzidos 604 chassis, 67,2% menor do que as 1,8 mil de novembro e abaixo em 63,3% sobre as 1,6 mil de dezembro de 2013. A exportação tanto para caminhões quanto para ônibus também foi negativa: quedas de 29,1% e 32,4%, respectivamente, no confronto entre 2014 com 2013.

Máquinas agrícolas e rodoviárias No segmento de máquinas autopropulsadas as vendas internas caíram 17,4% de um ano para o outro: foram 68,5 mil unidades no ano passado contra 83 mil de 2013. Observando-se os números entre o dezembro de 2014, com 4,2 mil unidades, e novembro do mesmo ano, com 5,3 mil, verifica-se queda de 21,1%. Se comparar com dezembro de 2013 houve uma queda de 28,2% pois naque-

le mês foram vendidas 5,8 mil unidades. A produção de máquinas terminou 2014 com redução de 17,9% ao se comparar as 82,4 mil unidades do último ano com as 100,4 mil de 2013. Em dezembro as 3,8 mil máquinas produzidas ficaram abaixo em 38,1% com relação as 6,2 mil de novembro e em 40,9% ante as 6,5 mil de dezembro de 2013. Nas exportações a variação de 2014 sobre 2013 foi de 12,2% negativos: 13,7 mil máquinas deixaram o País no ano passado contra 15,6 mil de um ano antes.

Previsões A Anfavea apresentou ainda suas previsões para 2015 para produção, licenciamento e exportação de autoveículos e também, nos mesmos quesitos, de máquinas agrícolas e rodoviárias. Os dados de autoveículos apontam estabilidade no licenciamento com relação a 2014, pequena elevação nas exportações e, consequentemente, ligeira alta na produção. Para o segmento de máquinas, há expectativa de estabilidade nas vendas.

A balança comercial – diferença entre exportações e importações – começou 2015 no negativo. Até 9 de janeiro, o país importou US$ 983 milhões a mais do que exportou, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). As exportações somaram US$ 3,854 bilhões, com queda de 11,8% pela média diária na comparação com o mesmo período de 2014. A queda foi puxada pelos manufaturados, cujas vendas caíram 33,2%, motivada principalmente pelos tubos de ferro fundido, automóveis e motores para veículos. As vendas de produtos básicos recuaram 2,5%, puxadas pelo minério de ferro, carne e arroz em grão. O único tipo de produto com aumento nas exportações nos primeiros dias do ano foram os semimanufaturados, cujas receitas cresceram 12,4% por causa do óleo de dendê, ouro em forma semimanufaturada e aço. As importações também caíram nos primeiros dias de 2015. Até o dia 9, o país comprou US$ 4,837 bilhões do exterior, retração de 11,7% pela média diária. As maiores reduções ocorreram na importação de combustíveis e de lubrificantes (-51,8%), adubos e fertilizantes (-28,4%) e veículos automóveis e partes (-23,7%). O déficit comercial representa uma continuidade em relação ao registrado no ano passado. Em 2014, a balança registrou déficit de US$ 3,7 bilhões, o primeiro resultado negativo desde 2000 (US$ 520 milhões) e o pior desde 1998 (US$ 6,112 bilhões). REVISTA 100% CAIPIRA |31


ECONOMIA

SECA

foi um dos vilões da inflação em 2014 Vitor Abdala Da Agência Brasil A seca provocada pelo menor índice de chuvas no final de 2013 e ao longo do ano passado foi um dos grandes vilões da inflação oficial em 2014. Segundo a coordenadora de Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eulina Nunes dos Santos, “a seca prejudicou tanto o abastecimento de energia quanto as lavouras”. Com o clima mais seco, a produtividade das lavouras cai e, consequentemente, há uma redução da oferta de alimentos no país e no mundo. Em 2014, por exemplo, os alimentos tiveram aumento de preços de 8,03%. O custo da seca também acaba tendo influência indireta em alguns produtos. As carnes, por exemplo, foram o item que mais influenciou a inflação, com alta de preços de 22,21%. Com menos chuva, o pasto é prejudicado e isso aumenta o custo para alimentar o rebanho. A seca também causou impacto no custo da energia elétrica. A falta de chuva esvaziou os reservatórios das usinas. Com menor potencial hidráulico, foi necessário produzir eletricidade a partir de usinas termelétricas, que é mais cara do que a energia produzida 32 | REVISTA 100% CAIPIRA

a partir da força da água. Segundo Eulina Nunes dos Santos, as alterações climáticas vêm prejudicando a oferta de alimentos nos últimos anos. Em dez anos, a alta acumulada dos alimentos é 99,73%, enquanto a inflação acumulada no período foi 69,34%. “A seca e, às vezes, a chuva em excesso têm prejudicado as lavouras não só no Brasil, como no mundo todo”, disse. Há, no entanto, outros fatores que têm contribuído para a inflação, como a alta do dólar e o aumento da exportação de produtos como a própria carne. O aumento da demanda gerado pelo crescimento do emprego e da renda também tem seu impacto nos preços. Os alimentos consumidos fora de casa, por exemplo, ficaram 136,14% mais caros em dez anos. “As pessoas procuram mais a refeição fora de casa. Há ainda o aumento do custo dos estabelecimentos, com elevação dos alimentos, do aluguel e dos salários. Os custos fazem com que esses preços aumentem”, disse. Outros itens com alta de preços acima da média, nos últimos dez anos, foram o aluguel residencial (100,49%) e o empregado doméstico (181,89%).

Safra fecha 2014 com produção recorde de 192,8 milhões de toneladas Dados de 2014, obtidos em dezembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), confirmaram safra recorde para o ano. De acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de dezembro, o país fechou o ano com uma produção de cereais, leguminosas e oleaginosas de 192,8 milhões de toneladas. Apesar de o levantamento de dezembro ser 0,9% menor que o de novembro, a safra foi 2,4% acima da obtida em 2013, quando foram colhidos 188,2 milhões de toneladas no país. Duas das três principais lavouras de grãos fecharam o ano com alta em relação ao ano anterior: a soja (5,8%) e o arroz (3,3%). Houve queda apenas no milho: -2,2%. Quinze dos 26 principais produtos pesquisados pelo IBGE fecharam 2014 com alta em relação a 2013, entre eles o café em grão – canephora (22,2%), a mandioca (8,8%) e o algodão herbáceo (26%). A área colhida, de 56,3 milhões de hectares, deverá ser 6,6% maior que a de 2013. Em relação às estimativas de 2015, o IBGE espera safra de 202,9 milhões de toneladas, 5,2% superior à de 2014.


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INOVAÇÃO PRODUÇÃO DE ALIMENTOS

Produtor rural contou com mais de R$714 mi para apoio à comercialização

Em 2014, o agricultor brasileiro contou com um montante de R$ 630,4 milhões do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro), para diversos produtos, entre eles, o algodão, a borracha natural, a laranja, o milho e o trigo. No total, foram comercializadas 8,3 milhões de toneladas. O produto que mais recebeu incentivo para a comercialização foi o milho. Os produtores dos estados da Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Piauí e Tocantins, receberem o montante de aproximadamente R$ 259 milhões para a venda de 5,8 milhões de toneladas do grão. Os estados beneficiados com o Pepro do algodão foram a Bahia, o Goiás, o Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Piauí e Tocantins, os quais comercializaram 905,28 mil toneladas da pluma, totalizando o valor de R$ 243,6 milhões.

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Para o Pepro da borracha natural nos estados da Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e São Paulo, foram destinados R$ 3 milhões para a compra de 5,86 mil toneladas do produto. O Prêmio Equalizador Pago ao Produtor também foi destinado à laranja em Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo, alcançando 768,78 mil toneladas, vendidas por R$ 47,11 milhões e ao trigo em Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, com aproximadamente 788,69 mil toneladas comercializadas por R$ 81,1 milhões. Ainda em 2014 foram realizadas Aquisições do Governo Federal (AGF) para feijão, milho e trigo, atingindo um total de 78,7 mil toneladas, com desembolso de R$ 84,2 milhões. O apoio total em 2014 (AGF e Pepro) contemplou 8,4 milhões de toneladas, equivalente a R$ 714,6 milhões.

ENCARGOS

Agricultores devem se atentar a prazo de recolhimento de contribuição rural

Independentemente de ser pessoa física ou jurídica, produtores têm até o dia 31 de janeiro para efetuar o pagamento da contribuição Os agricultores, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, devem ficar atentos ao prazo de recolhimento da Contribuição Sindical Rural relativo ao exercício de 2015. O pagamento deve ser efetuado até o dia 31 de janeiro. A cobrança é feita pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) em parceria com sindicatos rurais. “A cobrança dessa contribuição está prevista na CLT (Consolidações das Leis do Trabalho), regulamentada pelo Decreto n.º 1.166, de 1971. São considerados produtores rurais aqueles que possuem um imóvel rural, com ou sem empregados, ou quem organiza atividade econômica no meio rural”, explica Bernardo Mattei de Cabane, advogado da divisão de Agronegócios

do escritório A. Augusto Grellert Advogados Associados. Para melhorar o sistema de cobranças, a CNA e a Secretaria da Receita Federal firmaram um acordo a fim de trocar informações acerca daqueles que são proprietários de módulos rurais e, portanto, devedores do Imposto sobre Propriedade Territorial Rural (ITR). “Assim, ao efetuar a cobrança, a CNA e os sindicatos rurais já sabem previamente qual é a extensão da propriedade rural de cada agricultor”, diz Cabane. O advogado faz o alerta sobre os riscos para quem perder o prazo. “A falta do recolhimento da contribuição rural poderá dar ensejo a ação judicial de cobrança, com sérias consequências aos agricultores”, ressalta.


R

A REVISTA DE AGRONEGÓCIO QUE RESGUARDA A CULTURA CAIPIRA

ACESSE: WWW.REVISTA100PORCENTOCAIPIRA.COM.BR

https://www.facebook.com/pages/100porcentocaipira 35 REVISTA 100% CAIPIRA |


AGROECOLOGIA

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PRESENÇA DE ÁRVORES É BENÉFICA PARA A LAVOURA Pesquisa comprova benefícios da conservação de florestas para a produção agrícola

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O agricultor

que preserva florestas naturais e mantém espécies arbóreas próximas obtém vantagens importantes para a sua lavoura, tais como disponibilidade de água, presença de insetos que polinizam a plantação e de pássaros que controlam pragas e doenças. Foi o que constatou um estudo da Embrapa realizado durante seis anos junto a agricultores assentados da localidade de São José da Boa Morte, no Município de Cachoeiras de Macacu, interior do Rio de Janeiro. As vantagens já foram percebidas com o aumento dos ganhos dos produtores que reduzem a quantidade de insumos aplicados, aumentam a produtividade e ainda podem ter uma nova renda com a venda de produtos das árvores frutíferas introduzidas na lavoura. O objetivo da pesquisa era transformar práticas produtivas intensivas, conciliando a produção de alimentos com a conservação da biodiversidade e dos fragmentos florestais. O trabalho continuado junto a alguns produtores não só adequou práticas agroecológicas à realidade de suas lavouras, como também comprovou a importância de plantar árvores e de preservar as florestas nativas próximas às plantações. “Ao contrário do que muita gente pensa, o agricultor quer árvores na propriedade, mas ele não quer e nem pode ter extensas áreas plantadas”, explica Mariella Uzêda, pesquisadora da Embrapa Agrobiologia (RJ). A forma convencional de fazer agricultura durante anos, sem tomar os devidos cuidados, aliada à falta de árvores, transformou as áreas agrícolas em barreiras. Quando próximas aos fragmentos florestais, essas áreas trouxeram algumas consequências para os ambientes naturais. Um deles foi o fenômeno conhecido como efeito de borda, que provoca redução da quantidade de espécies na parte do fragmento florestal que fica mais próxima à área de plantio e se propaga para o seu interior quanto mais intensivo é o sistema produtivo. Para os cultivos, as consequências também foram observadas. Os pesquisadores constataram, por exemplo, a diminuição e até o desaparecimento de algumas espécies de vespas nas lavouras distantes de fragmentos de floresta ou cercadas por cultivos com uso intensivo de agrotóxico. As vespas em geral habitam áreas naturais e frequentam os cultivos, possuindo um papel importante na polinização de diversas espécies vegetais e são de extrema im38 | REVISTA 100% CAIPIRA

portância para o controle de insetos-pragas. A pesquisadora relata que foi preciso levantar os impactos daquele manejo sobre o meio ambiente, mostrá-los para a comunidade e explicar sobre os benefícios que aquela floresta poderia lhes trazer. Os pesquisadores mostraram que a relação com a floresta deveria ser uma espécie de uma troca de benefícios. “Não adianta você descartar a possibilidade de o agricultor produzir ou só obter resultados a longo prazo porque isso não funciona. Procuramos ouvir o que ele gostaria de fazer para reduzir esses impactos”, complementa.

Pesquisa participativa A pesquisa foi baseada em três pilares: o conhecimento da biodiversidade nativa, relacionando-a com o potencial econômico; o estudo das técnicas já existentes para a inserção de árvores na paisagem, relacionando-as aos interesses dos agricultores; e a adaptação das técnicas à realidade do agricultor que não pode deixar de produzir e obter renda. Segundo a pesquisadora, para manter a biodiversidade e proteger os recursos naturais em fragmentos florestais, é importante


tudo etnobotânico das espécies. “Nós procuramos saber como a planta é chamada por eles, se é utilizada para fins madeireiros, uso medicinal ou alimentação, se gosta de sol ou de ambiente encharcado. Então, fomos buscar com o agricultor o que ele conhecia”, relata Uzêda. O resultado é uma lista de 80 espécies arbóreas com potencial para serem utilizadas nos diferentes ambientes encontrados na região. Mais água disponível

que as áreas de cultivos localizadas no seu entorno também sejam manejadas de maneira adequada. Mariella explica que, assim como as vespas, outras espécies da fauna como as abelhas, borboletas e pássaros não estão somente nas matas, mas também circulam pelas lavouras e são agentes de polinização e de controle de pragas e doenças. “A ideia é que a agricultura consiga abrigar a biodiversidade silvestre, assim como os sistemas naturais possam ajudar os sistemas agrícolas”, acrescenta. A ciência tem conhecimento de que quanto mais inóspitas são as lavouras, me-

nos chance de vida e maior perda de biodiversidade. Mas somente o argumento ambiental não é suficiente para convencer o agricultor. E, por isso, o trabalho dos pesquisadores passou também por um período de aproximação com a comunidade. “Foi essa vivência com eles que nos alertou para focarmos no potencial econômico das espécies florestais”, conta a pesquisadora. Nos três últimos anos de projeto, tendo como base os levantamentos florísticos realizados sobre espécies nativas nos fragmentos e a ajuda e conhecimento dos agricultores, os pesquisadores fizeram um es-

Pelo menos vinte agricultores contribuíram para o estudo. Eles adotaram sistemas como cerca viva com gliricídia e espécies nativas, consórcio e sistemas agroflorestais (SAF). Como resultado, conseguiram benefícios como aumento de polinizadores e maior produtividade nas lavouras, assim como melhoria na renda familiar. Além disso, pelo menos dois agricultores afirmam que não têm mais problema com a água das nascentes em suas propriedades. É o caso de Francisco Araújo. O produtor conta que a nascente sempre secava no inverno, mas, após a implantação do SAF, notou um aumento significativo na água, além de sua constância durante o ano. Araújo diz ainda que percebe uma melhora no ambiente. “Aumentou o número de passarinhos, que comem os carrapatos. O capim fica mais verde nas árvores e no verão, quando o sol queima mesmo, os bezerros ficam melhor na sombra”, conta animado. As melhorias relatadas pelo agricultor passam também pelo aspecto econômico. Com a introdução de árvores frutíferas no SAF, a família, que antes vivia apenas da pequena produção leiteira e da lavoura de hortaliças de caixote (mandioca, milho, quiabo, jiló, berinjela, pimentão e batata), passou a ter um aporte em sua renda. Hoje, o produtor vende frutas na feira local e já pensa em comercializá-las na Central de Abastecimento fluminense (Ceasa-RJ). A possibilidade de comercializar os frutos das espécies nativas é um fator que tem chamado a atenção dos agricultores. Ary de Matos, por exemplo, salienta que, além de atrair gambás que afastam os urubus das lavouras, o abiu (Pouteria caimito) alcança o preço de R$12,00 a caixa. Com oito pés plantados da fruta no entorno da casa, ele colhe 100 caixas nas duas safras ao ano. Já o agricultor João Batista com apenas dois REVISTA 100% CAIPIRA | 39


FLORICULTURA

pés de cajá (Spondias dulcis) colhe semanalmente, no período de safra que vai de janeiro a março, uma quantidade que lhe rende R$500,00 por semana. Para a pesquisadora da Embrapa, as estratégias escolhidas para introduzir árvores nas propriedades foram bem recebidas porque trabalharam com espécies indicadas a partir do conhecimento tradicional dos produtores. Os agricultores possuem um valioso conhecimento empírico, o que lhes permite dominar demandas climáticas e de solo dessas espécies nativas, aspectos às vezes desconhecidos pela pesquisa científica. “Infelizmente, a fissura existente entre as políticas e a legislação voltadas para as áreas ambientais e agrícolas leva a uma marginalização desse tipo de conhecimento”, diz Mariella Uzêda. A especialista salienta que a adoção de uma agricultura agroecológica e a construção de uma produção orgânica sustentável só é possível com o auxílio da biodiversidade local. “Muitos agricultores familiares que estão inseridos em áreas po40 | REVISTA 100% CAIPIRA

bres em vegetação nativa só poderão ter essa opção se transformarem a paisagem onde vivem. Sem dúvida, esse é um esforço hercúleo para a agricultura familiar e necessita de apoio”, afirma a pesquisadora. Os impactos econômicos já são sentidos pelos agricultores, seja com a venda dos novos produtos oriundos dos sistemas agroflorestais ou pela redução dos insumos aplicados em suas lavouras. Os pesquisadores vão iniciar agora uma terceira etapa do projeto que consiste na quantificação desse ganho econômico e na inserção dos produtos em mercados diferenciados. Cachoeiras de Macacu Cachoeiras de Macacu foi escolhida para o estudo por ser responsável pelo abastecimento de água de cerca de dois milhões e meio de habitantes na região metropolitana fluminense que habitam os municípios de Itaboraí, São Gonçalo, Niterói e parte dos municípios da região dos lagos. Cer-

cada por uma área de proteção ambiental (unidade de conservação de uso sustentável) e por unidades de conservação de uso restrito como o Parque Estadual dos Três Picos, a cidade sofre com o uso intensivo de insumos, o qual é apontado como um problema para a qualidade ambiental, e principalmente para as nascentes. Esse estudo tem como parceiros a Embrapa Solos (RJ), que vem realizando o mapeamento das transformações da cobertura vegetal da Bacia Guapi-Macacu e do assentamento, bem como o levantamento de solos; a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que tem trabalhado com o levantamento de pequenos mamíferos e aves na região; e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), que vem auxiliando nas avaliações relativas à física do solos e na análise comportamental de vespas. O trabalho também conta com a participação da prefeitura de Cachoeiras de Macacu, por meio das secretarias municipais de Agricultura e Meio Ambiente.


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AGRICULTURA DE BAIXO CARBONO

Plano ABC conta agora com sistema de geoprocessamento

Essa ferramenta vai modernizar o ABC, possibilitando a criação de um banco de dados que vai permitir um maior controle do programa”. Secretário Caio Rocha (SDC/Mapa)

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O

Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), tem uma nova ferramenta de consulta e monitoramento. Desenvolvida pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Mapa, o sistema de geoprocessamento vai auxiliar na espacialização da informação, mostrando em tempo real onde estão sendo aplicados os recursos do ABC. “O sistema permite visualizar, por meio de mapas, as áreas onde o ABC está sendo implantado”, conta Sérgio Paganini, da Esalq, que junto com os técnicos Alberto Barreto e Rodrigo Maule, desenvolveram a ferramenta, sob a coordenação de Gerd Sparovek. O geoproecessamento vai agilizar o acompanhamento da evolução do ABC, permitindo que o usuário tabule os dados por estado ou por linha do programa, além

de geração de mapas que indicam como as diferentes regiões estão aplicando os recursos. Para o secretário Caio Rocha, da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC/Mapa), tecnologias como essa têm sido um dos diferenciais da agricultura brasileira. “Essa ferramenta vai modernizar o ABC, possibilitando a criação de um banco de dados que vai permitir um maior controle do programa”, afirma. ABC O programa é dividido em sete eixos seis de adaptação ao processo de mudança climática e um de mitigação. O planejamento e adoção de tecnologias de produção sustentáveis envolvem a recuperação de pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF), sistemas agroflorestais (SAFs), sistema plantio direto (SPD), fixação biológica de nitrogênio (FBN), florestas plantadas, tratamento de dejetos animais e adaptação às mudanças climáticas.


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ARTIGO

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FRUTICULTURA

Divisão de Prevenção e Controle de Pragas do DSV está elaborando o documento

Mapa deve lançar programa para controle de moscas das frutas O Departamento de Sanidade Vegetal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (DSV/Mapa) deverá apresentar uma proposta de Programa Nacional de Monitoramento e Controle Oficial de Moscas das Frutas, tais como as espécies Ceratitis capita, Anastrepha sp., Bractocera carambolae e Drosophila susukii, para análise e validação do Comitê Técnico de Assessoramento para Agrotóxicos (CTA). As estratégias para manejo fitossanitário dos insetos foram apresentadas pelo departamento na reunião do CTA em dezembro. O programa, como um todo, está sendo elaborado pela Coordenação-Geral de Proteção de Plantas da Divisão de Prevenção e Controle de Pragas. 46 | REVISTA 100% CAIPIRA

O detalhamento do projeto, que contará com a colaboração do CTA, deverá ser apresentado no início de 2015 dentro da agenda de reuniões do comitê. As estratégias apresentadas serão utilizadas para redução da população e monitoramento. Elas serão integradas futuramente com as Técnicas do Inseto Estéril (TIE). “O DSV está estudando a construção de um programa nacional de mosca das frutas para trabalhar essas questões de maneira mais ampla e considerará ferramentas regulatórias como: a erradicação, as áreas livres e as áreas de proteção fitossanitária”, explica Luís Rangel, diretor do DSV. Relevância

As Moscas das Frutas são pragas importantes para a fruticultura nacional como um todo, porque possuem muitos hospedeiros. “Consideramos estas pragas uma barreira na exportação para diversos países. Elas vêm se tornando um limitante para o crescimento das exportações brasileiras”, avalia Rangel. Além disso, de acordo com o diretor do DSV, é “fundamental aumentar a envergadura de programas como o da erradicação da mosca da carambola e viabilizar projetos como o Sistema de Mitigação de Risco (SMR) para certas captais no Vale do São Francisco, além de estruturar programas de vigilância para os demais gêneros em todo o país”.


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GASTRONOMIA ARTIGO

Picanha invertida na

churrasqueira | REVISTA 100% CAIPIRA


Ingredientes 1 Picanha 1 Cebolas cortadas em tiras 1 Pimentão (verde, vermelho e amarelo) 1 Cenoura cortadas em tiras Linguiças calabresa Queijo mussarela em pedaços (cortado em tiras) 6 fatias de bacon Sal fino a gosto Sal grosso para o lado externo Pimenta do reino a gosto Costure com barbante de algodão e uma agulha grande Cebola Marinada (Opcional) 1 Colher (de sopa) de molho shoyo 1 Colher (de sopa) de molho inglês 2 colheres (de sopa) de vinagre 1 Xícara (de chá) de água 1 Colher (de chá) de sal fino

Modo de preparo Faça um molho (marinada) e coloque as cebolas para pegar gosto, depois deixe escorrer para não acumular liquido dentro da picanha. Tire o excesso de gordura da picanha e reserve. Faça um corte no centro da picanha afim de que caiba a mão dentro da picanha (sem que fure as laterais e o fundo). Sele a picanha antes de inverter, principalmente a parte da gordura, (pois a temperatura interna não será suficiente para assar a gordura e esta ficará meio crua) Inverta a picanha empurrando e puxando ( com cuidado para não romper a carne). Tempere a parte interna com sal fino. Recheie a picanha. Costure com barbante de algodão e agulha grossa. Adicione o sal grosso. Leve á churrasqueira por aproximadamente 40 minutos. Sirva com mandioca e vinagrete arroz. Temperar o excesso de gordura, já reservada, retirado com sal e colocar em cima da picanha no fogo, para que derreta e amoleça ainda mais a carne, deixando-a mais úmida. REVISTA 100% CAIPIRA 49 |


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