Edição 22 100 por cento caipira

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www.revista100porcentocaipira.com.br Brasil, abril de 2015 - Ano 3 - Nº 22 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Protagonismo e valorização: o adubo do agronegócio brasileiro

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Feiras e Eventos: Expo Umuarama 2015

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Pecuária: Abate de bovinos recuaram 8% em MT Biodiversidade: Dendê diversificado enriquece o solo e armazena mais carbono Economia: Cenário econômico vai desencadear ajustes na produção de aves e suinos

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Artigo: Adudo do agronegócio


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Produção de trigo: Perdas na produção de trigo no RS superam 10%

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Gestão rural: Alimentos do PR genham selo do Sebrae e da Fiep

Agroecologia: Agroecologia e produção orgânica

Caprinos e ovinos: Regras para importação de embriões Receitas caipiras: Delicioso Pão de Torresmo REVISTA 100% CAIPIRA |

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FEIRAS E EVENTOS

Brasil, abril de 2015 Ano 3 - Nº 22 Distribuição Gratuita

EXPEDIENTE Revista 100% CAIPIRA®

Paraná comemora 41 anos de sucesso com a EXPO-UMUARAMA O evento aconteceu entre 05 e 15 de maio em Umuarama no Paraná A Expo-Umuarama neste ano em sua 41ª edição, 14ª Internacional e 12ª Olimpiada do Leite que integrou a programação da exposição da feira agropecuária, industrial e comercial de Umuarama. A Expo-Umuarama se destaca como uma das maiores exposições agropecuárias, comerciais e industriais do sul do Brasil em volume de negócios globais e de visitantes, foram esperados nesta edição de 2015 que aconteceu entre os dias 05 a 15 do mês de março, 250 mil pessoas. O grande público foi contemplado com uma programação ainda mais arrojada, incluindo grandes shows musicais, leilões de ponta, maior número de expositores do comércio e indústria, rodeio de alto nível que teve como vencedor o paulista Keny Roger de Oliveira de Pereira Barreto com apenas 21 aninhos que somou 338,25 pontos nos quatro dias da disputa, que começou dia 11de março e terminou no dia 15 de março, prova dos três tambores feminino que teve como vencedora Djeimi Dalgalo de Cafelândia com apenas 18 aninhos a jovem paranaense somou 70.166 pontos montando seu cavalo Special Zorreiro , eventos técnicos, gastronomia típica e um gigantesco parque de diversões. 6 | REVISTA 100% CAIPIRA

A final do rodeio fechou com chave de ouro a exposição. As arquibancadas e camarotes estavam completamente lotados. Já na 12ª Olimpíada do Leite, os organizadores avaliaram a edição deste ano como a melhor de todos os tempos. “Tanto pela qualidade dos animais que participaram do torneio leiteiro e dos julgamentos, quanto pela participação dos produtores e empresas do ramo agropecuário, esta é a melhor edição da Olimpíada do Leite realizada até hoje”, disse o técnico da Codapar (Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná), Sid Clay Gabarrão, que é o coordenador do evento desde a primeira edição. Ainda sem divulgar os dados do evento deste ano a diretoria da Sociedade Rural de Umuarama ficou muito satisfeita com os resultados da 41ª Expo Umuarama – 14ª Internacional. O balanço final ainda não foi realizado, mas o saldo é positivo. “Estamos muito satisfeitos. Tudo foi positivo, especialmente em relação ao grande público que compareceu. Os resultados dos leilões e negócios globais também foram bastante positivos. Só temos motivos para comemorar”, disse o presidente João Megda logo após o encerramento do evento.

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ARTIGO

Protagonismo e valo agroneg贸ci

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orização: o adubo do io brasileiro

* Luiz Carlos Corrêa Carvalho REVISTA 100% CAIPIRA |

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Em Brasília parece que não se respira absolutamente n e órgãos, apesar de a produção agropecuária ter mais da infraestrutura e da logística esteve praticamente re

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visão sistêmica e ampla dos negócios ligados ao campo possibilita englobar atividades sofisticadas da área de biotecnologia, logística e tecnologia da informação, instrumentos de vanguarda das corporações empresariais. Essa é uma realidade bem distante daquela realidade vivida no passado. Com a emergência das cadeias produtivas, o agronegócio brasileiro teve de incorporar tecnologia e gestão para atender o seu grande mercado interno e externo. Agora é preciso lidar com a velocidade inusitada com que novos processos, produtos e serviços se renovam continuamente nesse complexo e enorme setor, de suma importância para a economia nacional. Há 20 anos, Ney Bittencourt de Araújo criou, com companheiros progressistas, a ABAG, entidade do agronegócio que segue o conceito das cadeias produtivas, lançado em Harvard. Os elos da cadeia vão de bens de capital e insumos, passando pela produção agrícola e industrial, indo à distribuição, atacado e varejo, incluindo as exportações. Isso explica o peso e a importância da cadeia agroindustrial, hoje correspondente a 25% do PIB brasileiro. Essa dinâmica impressionante do agronegócio no Brasil decorre da necessidade vital de ganhar competitividade. É um desafio que não se pode perder de vista no presente e no futuro, com a manutenção dos investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Temos provas cabais e verdadeiros cases de sucesso para exaltar a capaci-

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dade empreendedora de pequenos, médios e grandes agricultores. Alçamos a posição de único celeiro do mundo em condições tropicais. Os outros países como os da União Europeia, os Estados Unidos, a Austrália e a Argentina são de clima temperado. Fizemos uma mudança monumental na forma de fazer e praticar a agropecuária em solos quimicamente mais pobres do cerrado, com o sistema de plantio direto na palha, a produção de biomassa para a produção de energia renovável e a mais recente integração lavoura, pecuária e floresta. Isso é fruto da mais pura criatividade brasileira. Entre as discussões de cunho globais no Século 21 aparecem temas em torno das inseguranças alimentares, ambientais e energéticas. Trata-se de variáveis definidoras da paz ou da guerra. Até 2050, quando mais dois bilhões de consumidores engrossarão a demanda, os neomalthusianos ficam agitados. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês) e a Organização Para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), duas entidades de credibilidade mundial, apontam o Brasil como responsável por 40% da oferta adicional de alimentos. O forte vínculo da população urba-

na com o campo é o dado que coloca o agricultor entre as cinco profissões vitais para a vida nos grandes centros Com toda a potencialidade reconhecida plenamente pelo agronegócio

brasileiro, um conjunto de preocupações paira no ar e ofusca o cenário de oportunidades aberto para os tempos vindouros. Interessante que a grande parte dessas apreensões não está afetas às dificuldades dentro da porteira das


nada sobre agronegócio. Entre dezenas de ministérios s do que duplicado nos últimos dez anos, a expansão epresada fazendas. Para o setor desenvolver com sustentabilidade é preciso renda. Não obstante, a política de seguro rural para o campo é ainda bem incipiente e não cobre mais de 10% da área plantada. Da mesma forma, o setor sucroenergético,

de tanta esperança para o progresso tecnológico e econômico do país, fica de mãos atadas e sem rentabilidade com a política governamental de congelamento dos preços de combustíveis. Em Brasília parece que não se respi-

ra absolutamente nada sobre agronegócio. Entre dezenas de ministérios e órgãos, apesar da produção agropecuária ter mais do que duplicado nos últimos dez anos, a expansão da infraestrutura e logística esteve praticamente represada. As deficiências crônicas em transporte e armazenagem, por exemplo, retiram a competitividade e encarecem as atividades do setor. Também falta pró -atividade no fechamento de acordos e alianças comerciais estratégicas de alcance global. Com marcos regulatórios defasados para acompanhar o progresso tecnológico e científico que acontece em outras partes do mundo, corre-se o risco de cair no isolamento. Ignacy Sachs, cientista internacional que conhece profundamente o Brasil, comentou na Revista Estudos Avançados da USP, que “o País possui a maior biodiversidade do mundo, uma reserva confortável de solos agrícolas (mesmo que não se toque em uma só árvore da floresta amazônica), climas amenos, vantagens naturais do trópico na produção de biomassa, etc. Ao juntar todas essas coisas pode-se partir para a construção de uma nova civilização do trópico, baseada no trinômio biodiversidade, biomassas e biotecnologias”. O sucesso do agronegócio norte-americano ou europeu nos séculos pas-

sados, já é o do Brasil neste e assim será nos séculos vindouros. E este é o grande diferencial que este século reserva ao Brasil: ser a flor da geopolítica de alimentos e de energia, pelo potencial de oferta; pelos extraordinários e positivos impactos na cadeia produtiva, estímulo às indústrias e agriculturas; pelos resultados da balança comercial; pela descentralização das ofertas e dos investimentos no interior do País; pelo processo contínuo de inovações tecnológicas, que gera competitividade de forma crescente e sustentável. As oportunidades ao Brasil no campo da agroindústria de alimentos são motivos de convocação das entidades globais. No da energia renovável somos liderança apreciada. Afinal, na lei norte-americana de energia, o etanol brasileiro da cana-de-açúcar é considerado avançado e apto para importação. Trata-se de um dos mais importantes convites que o Brasil já recebeu. O agronegócio exibe contrastes: é valorizado pela população urbana, mas distante e desconhecido dos brasileiros que vivem nos grandes centros A nova fase do mundo, no Século 21, mostrará as conquistas da ciência, em particular da biologia e da biotecnologia. Dessa forma, é cada vez mais difícil, mesmo para aqueles com a visão das cercanias das cidades, esconder o sucesso e o futuro do agronegócio brasileiro como um eixo dinâmico, competitivo e gerador de empregos e renda para um país de dimensões continentais. REVISTA REVISTA 100% 100% CAIPIRA CAIPIRA |11


Desconhecimento e valorização Um dos resultados revelados pela pesquisa “A Percepção da População dos Grandes Centros Urbanos sobre o Agronegócio Brasileiro” e que confirma o forte vínculo da população urbana com o campo é o dado que coloca o agricultor entre as cinco profissões consideradas vitais para a vida dos moradores dos grandes centros. O levantamento verificou que nada menos que 83,8% dos entrevistados consideram a profissão de agricultor muito importante para quem mora nas cidades. O ranking das profissões com melhor avaliação foi liderado pelos médicos, com (97,1%), seguidos por professores (95,8%), bombeiros (94,3%) e policiais (83,9%). A pesquisa revelou também que, na comparação com outros setores da economia, o agronegócio ficou em quinto colocado no quesito “orgulho nacional”, mas que nas Regiões Centro-Oeste e Nordeste ele apareceu em segundo lugar nesse conceito. O Centro-Oeste representa hoje a região brasileira que mais consciência tem sobre o agrone12 | REVISTA 100% CAIPIRA

gócio, enquanto o Sudeste é o menos informado sobre o tema, levando à conclusão de que o agronegócio exibe contrastes: é respeitado e valorizado pela população urbana, mas distante e desconhecido. Grande parte das organizações ainda não percebeu o poder da agrossociedade. O link direto campo-cidade e agricultor-consumidor é a mágica Entre os jovens urbanos, na faixa etária de 16 e 24 anos, 48,7% afirmam não conhecer a atividade do agronegócio. No que diz respeito a classes sociais, os entrevistados das classes A e B, além de apresentarem maior conhecimento sobre o setor, também fazem associações mais diversificadas com o tema, relacionando o tema com agricultura (40,5%), atividades como comércio (16%) e produção e indústria (9,2%). As profissões relacionadas com agronegócio também foram avaliadas. Na pesquisa, engenheiro agrônomo foi a profissão mais lembrada, com 75,5% das citações. Em seguida, apareceram: engenheiro ambiental (51,5%), peão

(45,5%), médico veterinário (37,5%), administrador (27,4%), nutricionista (25,2%), químico (22,6%) e economista (21,9%). A partir desse levantamento foi possível avaliar que o consumidor espera a qualidade de vida, a paz do campo e o contato com a natureza, mas sem perder as facilidades que uma cidade oferece. Culinária e música são os dois elos mais fortes conectando cidade e campo no país. Grande parte das organizações do agronegócio ainda não percebeu o poder da agrossociedade. O link direto campo-cidade, agricultor-consumidor é a mágica. Crise de Identidade Há algum tempo, se identifica uma recorrente dificuldade da população dos grandes centros urbanos brasileiros de entender a importância do agronegócio para a sua vida, para o cotidiano da sua família e não apenas para atender suas necessidades básicas por alimentos, vestuário e transporte, mas o impacto positivo da força desse setor no


custo de vida dos lares brasileiros. Essa hipótese foi testada, em uma pesquisa feita pela ABAG, em parceria com a ESPM, para avaliar “a percepção da população dos grandes centros urbanos sobre o agronegócio Brasileiro” nas doze maiores capitais do país. Os resultados mostraram que em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, o conceito predominante e muito bem-aceito é o da agricultura e o da pecuária, enquanto, que em Goiânia e Porto Alegre, com influências fortemente rurais, predominou a visão das cadeias produtivas do agronegócio – que não separa a indústria da produção. A leitura dos documentos nos livros de História sobre o Brasil, desde as capitanias hereditárias, o escravagismo de índios e negros e os movimentos econômicos complexos, são comumente explicados como ciclos de exuberância e declínio. Isso talvez esclareça a motivação para o forte dogma de resistência contra o agronegócio. Seria um fenômeno no mínimo interessante, pois as contas brasileiras dependem totalmente desse setor. Nos Estados Unidos, a história também mostra o passado de escravagismo e o massacre de povos indígenas. A Europa conquistou e explorou à força as suas colônias. A mácula desses registros cabe à toda sociedade. Hoje, o agronegócio, nesses países desenvolvidos, é protegido e estimulado por seus governos, independentemente do partido que estiver no poder. Assistimos à recorrente falta de bom senso em ações como: a caça, pelo governo, ao boi no pasto; a discussão, impregnada de ideologia e sem embasamento técnico, do novo Código Florestal; o Movimento dos Sem Terra, em processo de evaporação, sendo recebido com festa pelo Governo. Em Davos, nossas lideranças comentavam

sobre a falta de competitividade do etanol brasileiro à base de cana-de-açúcar em comparação ao etanol de milho dos EUA, sem recorrer aos especialistas no assunto. Ao contrário, criou-se um completo nonsense, com aulas de desconhecimento sobre o tema, em que o Brasil é liderança! Por quê? Os países que competem com o Brasil nas commodities agrícolas festejam as nossas dificuldades, hoje chamadas de custo Brasil. Muitas empresas nacionais e multinacionais, geradoras de produção e empregos, sofrem com isso, tendo de enfrentar sérios problemas para explicar esse nó aos seus acionistas. Isso não só desarticula as cadeias de produção, como cria barreiras para novos investimentos de capital externo, fundamentais para o crescimento da oferta de alimentos e de energias renováveis, baseada na biomassa brasileira. As mudanças geopolíticas no século 21 evidenciam-se por uma nova conjunção de informação, muito mais acessível no meio digital, por conta da massificação das redes sociais. Como os silos de informação tornaram-se mais permeáveis e o processo de formação de opinião migrou do monopólio dos grandes grupos de comunicação para ser uma ferramenta de uso do público, que hoje está no centro do processo.

E, assim, surgem questionamentos: onde nos colocamos como país protagonista nessa nova geopolítica do século 21? Como os alimentos e as energias da biomassa (etanol, biodiesel, energia elétrica cogerada) podem ser os destaques globais do Brasil sem que o agronegócio tenha um tratamento diferenciado e políticas públicas adequadas para produzir de forma sustentável? Este é um ano bem especial para o Brasil, com a as realizações das eleições para a Presidência da República, governadores de estados e parlamentares do Congresso Nacional. A ABAG, por sua vez, promove em São Paulo, no próximo dia 04 de agosto, o 13º Congresso Brasileiro do Agronegócio, sob o tema “Agronegócio brasileiro: valorização e protagonismo”. Debateremos as políticas públicas para os principais temas das cadeias produtivas: desenvolvimento sustentável, competitividade, orientação a mercados, segurança jurídica e governança institucional. Para tanto, serão apresentados vídeos com os posicionamentos e pronunciamentos dos candidatos melhores colocados nas pesquisas à Presidência da República. As principais entidades nacionais do agronegócio de âmbito nacional serão convidadas para participarem diretamente dos debates. * Luiz Carlos Corrêa Carvalho, Presidente da ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio

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FRUTICULTURA

MG: sistema para cultivo de morango também favorece produção de tomate e abacaxi Com a orientação da Emater-MG, agricultores do município de Antônio Carlos, região Central de Minas, abandonaram o cultivo de morangos pelo método tradicional para investir em um sistema alternativo conhecido como mulchieng ou plasticultura Com a orientação da Emater-MG, agricultores do município de Antônio Carlos, região Central de Minas, abandonaram o cultivo de morangos pelo método tradicional para investir em um sistema alternativo conhecido como mulchieng ou plasticultura. Com a mudança, os irmãos Gilberto e Fábio Almeida conseguiram melhorar as condições de trabalho e o desempenho da lavoura. O método mulchieng permite cultivar, além do morango, o tomate e o abacaxi em uma estufa que protege as plantas das ações climáticas e possibilita o cultivo de um fruto mais sadio. As mudas são plantadas em slabs (sacos plásticos também conhecidos como travesseiros), que são preenchidos com substrato e furados para que as plantas possam se desenvolver. Os slabs são colocados em bancadas para que as mudas fiquem suspensas e não tenham contato com chão. 14 | REVISTA 100% CAIPIRA

“O novo sistema tem contribuído para solucionar antigos problemas da produção, como a qualidade final dos frutos - melhorada - e como o sistema cria uma estufa, é possível também economizar água, pois a irrigação não evapora com facilidade”, afirma o coordenador técnico estadual de Fruticultura da Emater-MG, Bernardino Cangussú. Inovação e criatividade Mesmo com todas as melhorias, alguns agricultores, como os irmãos Gilberto e Fábio Almeida, do município de Antônio Carlos, região Central de Minas, decidiram fazer algumas adaptações. Os produtores substituíram os slabs por calhas de isopor. As calhas ficam suspensas por uma estrutura e são cobertas com plástico antes de receberem o substrato e as mudas. Além de durável, o isopor trouxe benefícios, como a redução das oscilações de temperatura, que podem prejudicar a produtividade

da lavoura, e possibilitou a renovação das plantas. “A calha de isopor chega a reduzir a oscilação da temperatura em 17 graus. Ao implantar as calhas de isopor ganhamos em torno de 400 gramas por planta em 7 meses e demos longevidade ao nosso plantio. Isso nos permitiu melhorar o manejo”, conta Fábio Almeida. Com a mudança, os irmãos Gilberto e Fábio Almeida conseguiram melhorar as condições de trabalho e o desempenho da lavoura. “Saltamos de 5 mil plantas por trabalhador para algo em torno de 12 mil, pois trabalhamos em pé e fazemos a colheita com carrinhos”, relata Gilberto Almeida. O sistema de plasticultura também está contribuindo para solucionar antigos problemas da produção, como o custo de manutenção dos canteiros, o uso de agrotóxicos para fazer o controle de pragas e a economia de água em todo a produção.


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PECUÁRIA

Abates bovinos recuaram 8% em Mato Grosso

Fonte: Diário de Cuiabá

Mato Grosso fechou 2014 mantendo posição de líder em volume de abates bovinos no país. No entanto, o Estado declinou do recorde atingido em 2013, encerrando o ano passado com queda de 8,3%. Conforme dados divulgados ontem pelo IBGE, por meio da Pesquisa de Produção Animal, a queda estadual superou, e muito, a média nacional, de -1,5%. Em 2014 foram levados aos frigoríficos pouco mais de 5,35 milhões de cabeças, contra 5,83 milhões em 2013, volume histórico. Conforme o Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea/MT), 2013 foi de recorde, mas com saldo de 6 milhões de animais abatidos. No país, o abate registrou retração de 1,5%, em relação ao acumulado de 2013, tendo atingido 33,90 milhões de cabeças. Além de Mato Grosso, foram destaques Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás e Minas Gerais. Observando o comportamento trimestral – como o IBGE organiza e divulga os dados – em todos os quatro momentos avaliados, o desempenho sempre esteve aquém do realizado em 2013. Naquele ano, por exemplo, o pico de abate foi no terceiro trimestre quando mais de 1,54 milhão de cabeças foram abatidas. Já no ano passado o melhor momento ficou para o quarto trimestre, quando 1,37 milhão de cabeças seguiram para os matadouros. Como explica o gerente de projeto da Associação dos Criadores de Mato 16| REVISTA 100% CAIPIRA

Grosso (Acrimat), Fábio da Silva, no ano passado o segmento sentiu o impacto da falta de animais prontos para o abate e da estiagem de 2013. “A oferta de gado terminado reduziu e isso limitou a movimentação das indústrias”. E como frisa, em 2015, os primeiros balanços de abate mostram o prolongamento dessa escassez. A falta de animais terminados reflete uma movimentação iniciada em 2011 que levou ao descarte de um número significativo de fêmeas, impactada pela seca do ano anterior. “Sem vaca, não há bezerro e não há animal pronto para o abate”. O descarte de vacas foi consequência de um ciclo de baixas vivenciado pelo segmento pecuário. E quando a rentabilidade aperta, o pecuarista se desfaz das fêmeas, como forma de girar capital para manutenção da atividade. E essa estratégia acaba comprometendo o crescimento natural dos rebanhos. “Quando a oferta passou estar mais restrita, a arroba se valorizou e levou e um outro movimento, agora o de retenção das fêmeas”. Silva destaca que com o peso da oferta mais limitada, houve naturalmente a preocupação em reter as vacas, algo que começou de forma tímida no ano passado. “Mesmo com a atividade em melhor

patamar de rentabilidade, tanto pela valorização da arroba como dos animais, o bezerro, por exemplo, ainda deveremos levar de dois a três anos para equilibrar a oferta e demanda. Até lá, conforme os fundamentos atuais, o mercado seguirá favorável ao pecuarista”. Os preços nominais para a arroba e para o bezerro, em R$ 130 (boi) e de R$ 1,2 mil, respectivamente, são históricos para o Estado. “Queda no ritmo de abates se dá por escassez e não por problemas conjunturais e por isso o preço segue firme, mesmo com baixas no descarte”. HORIZONTE – Um macho é considerado pronto para abate a partir de 24 meses, e avaliando esse estoque de bois, o que se vê, como aponta o analista, “é 2015 sendo marcado como o pior ano para machos prontos ao abate, do ponto de vista da oferta”. A oferta só deve voltar ao pico em 2018. “Enquanto isso, o pecuarista vai vivenciando o ciclo de alta e recuperando margens, depois de ciclos seguidos de baixas. Então é o momento para investir na atividade, reformar pastos, cercas, enfim, fomentar a criação para que no novo ciclo de baixas ele possa atravessar sem perdas, evitando alto descarte das vacas”.


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FEIRAS E EVENTOS

Edição de 20 anos da Fenicafé bate todos os recordes Em 2015, volume de negócios e de inscrições para palestras superaram todas as expectativas da organização Mais de 35 milhões em negócios foram realizados na edição comemorativa de 20 anos da Feira Nacional de Irrigação em Cafeicultura, a Fenicafé, que acontece todos os anos em Araguari, no Triangulo Mineiro. Promovida pela Associação dos Cafeicultores de Araguari (ACA), a feira tem como objetivo divulgar a importância da irrigação e seus sistemas, mostrando lançamentos de produtos e equipamentos, bem como os resultados de pesquisas para o incremento da produtividade e da qualidade do café do cerrado brasileiro. O presidente da ACA, Cláudio Morales Garcia, fez um balanço dos 20 anos do evento, que este ano bateu recorde de inscrições para as palestras, o que mostra que a Fenicafé é o mais importante da cafeicultura irrigada do país. “Ficamos muito contentes, pois a feira este ano superou nossas expectativas. Foram três dias em que o público nos prestigiou com mais volume do que no ano passado, recebemos muitas pesso18| REVISTA 100% CAIPIRA

as da região sul de Minas, que sofreram com o período de estiagem. Isso mostra a necessidade dos produtores em buscar informações importantes e novas tendências para essa cultura”, disse. Em 2015, mais de 25 mil pessoas visitaram a Feira, sendo que todo o ciclo de palestras, nos três dias de evento, contou com presença de 1600 participantes, entre cafeicultores, estudantes, pesquisadores do assunto e especialistas e público em geral que também se interessa pela cultura de café. “Mais uma vez, toda a diretoria da ACA trabalhou para que a Feira conseguisse alcançar um de seus maiores objetivos, que é promover o nome de Araguari em todo o Brasil”. Palestra internacional – Um dos destaques de 2015 foi o workshop internacional ‘Como o cafeicultor brasileiro pode se tornar um produtor de água?’ com a palestra ‘Reservação e alocação negociadas da água para a agricultura irrigada – o caso americano’, proferida pelo Dr. Steve Deverel, do Hydrofocus/Californonia

Department of Water Resources, nos Estados Unidos. “Eu tenho muito prazer de vir aqui e compartilhar a história que eu conheço profundamente na Califórnia, nos Estados Unidos, sobre o uso, transposição e reservação de água para a agricultura. O que eu trouxe para a Fenicafé foi um sistema de muito sucesso na cultura agrícola americana”, ressalta. Steven também falou sobre a crise hídrica e efeitos biológicos e hidrológicos que afetam o sistema de irrigação. Crise da água - O coordenador técnico da Embrapa Café, Antônio Fernando Guerra, salientou que a troca de informações que ocorre nesse tipo de evento é muito importante para a atividade. Guerra questionou se a atual crise hídrica é resultado de falta de chuvas ou de falta de gestão. “Estamos utilizando o recurso de forma errada. A crise hídrica representa uma oportunidade para o produtor formar seus reservatórios, salientando que as plantas não consomem água, elas utilizam água”, afirmou. Já o presidente


da Associação Brasileira de Irrigação e Drenagem (ABID), Helvécio Mattana Saturnino, comentou que há espaço no setor rural para a boa gestão da água. “A responsabilidade é muito grande. Se esquece do negócio com base na agricultura irrigada. Os planos para ela são elaborados com base no regime de chuvas. A cafeicultura irrigada trouxe um diferencial enorme para o setor. Temos algo a mostrar para a sociedade, temos que mudar a imagem que foi construída. Se a torneira for fechada para o setor rural a segurança alimentar será afetada. Vai custar muito caro para a sociedade”, alertou Saturnino, sugerindo discussão da questão entre todas as instituições. Polêmicas - O climatologista Luis Carlos Molion, professor-doutor da Universidade Federal de Alagoas, esteve na Fenicafé.

Ele afirmou que é necessário desmitificar “a história de que a agricultura e a pecuária provocam mudanças climáticas e que o desmatamento na Amazônia provoca seca no Sudeste”. Segundo ele, o clima varia através de um processo natural e já esteve mais quente no passado. “O homem pode interferir apenas no clima local. Nos últimos dez mil anos, ocorreram no mínimo quatro períodos mais quentes que o atual. A variabilidade do clima independe do homem e de suas atividades”, garantiu. O climatologista demonstrou que entre 1920 e 1940, quando se queimava pouco carvão e a agricultura e a pecuária ainda eram incipientes, a temperatura global subiu cerca de quatro graus, em média. Já de 1945 a 1976 a temperatura caiu, apesar do aumento das emissões de carbono com a queima de carvão e petróleo. “Portanto,

o homem não tem interferência. O gás carbônico (CO2) não controla o clima global. A quantidade emitida de CO2 pelo homem, inclusive, é ínfima em relação aos fluxos naturais”, frisou. Fenicafé 2016 - ”Dentro de um mês já nos reuniremos para discutir a Fenicafé 2016, inclusive levantaremos nomes da cafeicultura que possivelmente estarão aqui na próxima edição”, ressalta Garcia, que complementa: “ainda não há data definida para o evento de 2016, mas será no mês de março. “Muito em breve a data será divulgada”, adianta. Para finalizar, Claudio Garcia, agradeceu a todos que prestigiaram o evento e também aos colaboradores. “A ACA é uma família, que se envolve com o grande projeto que é a Fenicafé.O sucesso da feira é a prova de que o trabalho em equipe funciona”. Fonte: Revista Cafeicultura

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BIODIVERSIDADE

Dendê diversificado enriquece o “Sistemas agroflorestais(SAFs)integrados com dendezeiros possuem alta capacidade de armazenar carbono e aumentar a quantidade de nutrientes no solo”

Fonte: Embrapa Amazônia Oriental

Sistemas agroflorestais (SAFs) integrados com dendezeiros possuem alta capacidade de armazenar carbono e aumentar a quantidade de nutrientes no solo. Esses foram os primeiros resultados de estudo conduzido pela Embrapa, em parceria com universidades e iniciativa privada, publicado na Revista Agroforestry Systems. A pesquisa, realizada no Município de Tomé-Açu, nordeste paraense, avalia o impacto de sistemas agroflorestais com o dendezeiro (palma de óleo) sobre o ciclo de carbono e nutrientes no solo. O alto grau de acúmulo de carbono sugere que o sistema dendezeiro é eficiente para armazenar no solo o carbono que vem da biomassa triturada no preparo de área e da adubação orgânica. Um dos principais resultados do trabalho é que a mudança de uso da terra resultou em um aumento no estoque de carbono no solo. “Geralmente quando você cultiva uma área que já foi de floresta, há uma perda de carbono no solo, mas neste caso, ele aumentou”, explica o pesquisador Steel Vasconcelos, da Embrapa Amazônia Oriental e um dos coordenadores do estudo. Em praticamente todas as análises, os solos com SAF e dendê, chamado de “dendê biodiverso”, apresentaram mais 20| REVISTA 100% CAIPIRA

carbono que os solos com SAF tradicional (sem dendezeiro) e floresta secundária. O SAF mais diversificado com dendê acumulou 28% a mais carbono no solo que o SAF tradicional e 23% a mais que a floresta secundária. E o SAF menos diversificado, mas também com dendê, acumulou 34% a mais que o SAF tradicional e 29% a mais que a floresta secundária. O pesquisador conta que foram avaliados estoques de carbono e nutrientes do solo em SAFs com plantios jovens de dendê, de cerca de dois anos e meio com preparo de área sem a utilização do fogo, baseado em técnica de corte e trituração da floresta secundária, com deposição do material triturado sobre o solo. Esses sistemas foram comparados a uma área remanescente da floresta secundária de dez anos e a um SAFs tradicional de nove anos de idade. Foram avaliadas amostras de solo em diferentes profundidades e SAFs com diferentes composições de espécies. No geral, os resultados são otimistas para o “dendê biodiverso”, segundo o pequisador. Os SAFs com dendê mostraram níveis mais elevados de pH do solo e de nutrientes, como fósforo, potássio, cálcio e magnésio. Assim como concentrações menores de alumínio no solo em relação

à área de regeneração florestal, por exemplo. O próximo passo do trabalho é verificar a permanência dessa substância no solo – carbono - com o passar dos anos e o amadurecimento do sistema. Sabese que a dinâmica de entrada e saída de carbono e nutrientes no solo muda com o tempo de vida dos plantios. No futuro, o benefício ao planeta pode resultar em renda extra ao inserir o dendê integrado a SAFs no mercado de créditos de carbono, por exemplo. O pesquisador Steel Vasconcelos explica que para entender essa dinâmica em longo prazo foi preciso repetir todas as medições feitas em 2010 no ano de 2012, e em breve a pesquisa saberá a magnitude da redução do estoque de carbono ao longo do tempo. “No entanto adianto que os estoques nos SAFs com dendê ainda são mais altos do que na floresta secundária e no SAF tradicional, o que é um ótimo resultado”, garante o pesquisador. “Dendê biodiverso” garante mais sustentabilidade ao solo Para a pesquisa, a combinação da dendeicultura aos Sistemas Agroflorestais, chamada de “dendê biodiverso”, tem potencial sustentável de expansão da


o solo e armazena mais carbono atividade na região. “Os SAFs, além de apropriados às características da agricultura familiar na Amazônia, são alternativa sustentável à predominância do modelo da monocultura do dendê”, ressalta o pesquisador Osvaldo Kato, da Embrapa Amazônia Oriental. O modelo de produção de Sistemas Agroflorestais em Tomé-Açu é uma tradição que remonta à década de 1960. Hoje o município faz parte da região considerada pólo de expansão do dendezeiro no estado, o que vem sendo avaliado tanto social como ambientalmente. No estudo, a pesquisa quantificou os estoques de carbono no solo em plantios de dendê em SAFs, comparando-os a áreas de regeneração florestal (floresta secundária) e a SAFs. As unidades demonstrativas, que são as áreas de experimento, foram instaladas em 2008 na região. Nesses locais, o híbrido intraespecífico - variedade de dendê obtida a partir do cruzamento do dendê africano (Elaeis guineensis Jacq.) com o americano (Elaeis oleifera (Kunth) Cortés) - foi plantado como a principal cultura em dois tipos de SAFs: com maior e menor diversidade de espécies plantadas. Em ambos os sistemas, as mudas de palma de óleo foram plantadas intercaladas com açaí, cacau, mandioca, além de espécies leguminosas e arbóreas em diferentes variações. Os pesquisadores comemoram os resultados positivos para o acúmulo de carbono e a melhora na fertilidade do solo nesses sistemas. Esse resultado é um indicativo ambiental importante para garantir a sustentabilidade de sistemas de produção. Solos com mais nutrientes e estoques de carbono têm maior longevidade na produção e contribuem na mitigação dos impactos das mudanças climáticas.

que a produção brasileira de óleo de dendê bruto está na ordem de 275 mil toneladas de óleo/ano, e de palmiste (óleo extraído da amêndoa no interior do fruto) entre 20 mil e 23 mil t óleo/ano. Já o consumo interno de óleo de dendê bruto é de aproximadamente 520 mil t óleo/ano e 200 mil t óleo/ano de palmiste. O cultivo do dendezeiro encontra-se em plena expansão na Amazônia, especialmente no estado do Pará, que é responsável por 90% da produção nacional dessa oleaginosa. De acordo com levantamento da Embrapa, dos 60 mil hectares plantados no Pará em 2008, a área da dendeicultura saltou para 162 mil hectares, em 2014, com destaque para os municípios de Tomé-Açu, Moju, Acará, Tailândia e Concórdia do Pará, no nordeste paraense. O fenômeno da expansão se deve em parte aos incentivos governamen-

tais para incrementar o mercado de biocombustíveis, como alternativa às fontes não renováveis de energia. Mas a economia do dendê é dominada pela indústria alimentícia, no fornecimento de óleos vegetais livres de gordura trans. A maior parte da produção mundial (80%) é utilizada pelo setor de alimentos, 10% na indústria química e os outros 10% em bioenergia e biocombustíveis. Na agroindústria alimentar a aplicação do óleo de palma refinado é feita na fabricação de margarinas, biscoitos, maioneses, pães, sorvetes e na produção de chocolate, como substituto da manteiga de cacau. Atualmente, o produto também vem sendo empregado na indústria de sabões, sabonetes, detergentes, velas, produtos farmacêuticos, cosméticos e corantes naturais.

Grande potencial econômico Embora o Brasil ocupe apenas o nono lugar na produção mundial de óleo de dendê e palmiste, é um dos países com o maior potencial para expandir a área agrícola dessa cultura, pois possui solo e condições climáticas locais adequadas. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (2012) mostram REVISTA REVISTA100% 100%CAIPIRA CAIPIRA ||21


ECONOMIA

Fonte: Blog do Coser

Cenário econômico vai desencadear ajustes na integração de aves e suínos 22| REVISTA 100% CAIPIRA


O resultado das exportações das carnes de aves e suínos do primeiro bimestre de 2015 comparado ao mesmo período de 2014 demonstra que os possíveis ganhos da desvalorização do real”

A queda dos preços internacionais das carnes de aves e suínos, a perda de espaço da carne suína no mercado externo, a forte variação cambial e os recentes aumentos da energia elétrica e dos combustíveis vão determinar um forte ajuste em todo o sistema agroindustrial de aves e suínos. Se de um lado a desvalorização do real vai aumentar a competitividade da carne brasileira no mercado internacional, de outro, o forte aumento das cotações da moeda americana vai impactar fortemente no custo de produção através dos aumentos em vitaminas, minerais, medicamentos e insumos industriais que vão desde condimentos até máquinas e equipamentos. O resultado das exportações das carnes de aves e suínos do primeiro bimestre de 2015 comparado ao mesmo período de 2014 demonstra que os possíveis ganhos da desvalorização do real não serão suficientes para compensar todos os aumentos do custo de produção, principalmente devido à queda nos volumes e nos preços médios das carnes. Nos primeiros dois meses de 2015 o volume exportado de carne de aves caiu 4,2% e o de carne suína 24,1% quando comparado com o ano passado. Em receita a perda foi ainda maior, com queda de 10,6% no faturamento em dólares para carne de aves e 26% de queda para carne suína. Neste mesmo período o efeito do aumento dos combustíveis, do dólar e

da energia elétrica atingiu diretamente o custo de produção. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somente em fevereiro a gasolina teve um aumento médio de 8,42%, o etanol subiu 7,19% e o diesel 5,32%. O dólar já acumula em 2015 uma valorização de 16,8% frente ao real, com impacto nos custos dos insumos da produção agropecuária e também da indústria de transformação. No entanto, o maior aumento percentual foi mesmo da energia elétrica. No final de fevereiro a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou um aumento das tarifas de 58 das 63 distribuidoras de energia do país. Para os estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste o reajuste médio ficou em 28,7%. A principal causa é o forte aumento do custo da hidrelétrica de Itaipu, que fornece energia elétrica para estas regiões e teve aumento de 46% no custo de geração no último ano. O crescimento foi impulsionado pela alta do dólar (por ser uma empresa binacional, a energia da geradora é comercializada em dólar) e pela fata de chuva. Os maiores reajustes serão da Copel (36,4%), que atende a clientes no Paraná, da Eletropaulo (31,9%), que atua em São Paulo, e da Cemig (28,8%), que atende a consumidores de Minas Gerais. Esta nova realidade do cenário econômico vai desencadear ajustes nas integrações de aves e suínos que são

responsáveis pela produção brasileira de mais de 90% da carne de frango e de aproximadamente 75% da carne suína. Por um lado a indústria encontra maiores dificuldades de acesso e menores preços no mercado internacional, e de outro, os produtores integrados já estão absorvendo maiores custos de produção em virtude de todos estes aumentos, sobretudo do custo de energia elétrica que é de total responsabilidade dos integrados. No Mato Grosso, os integrados de aves e suínos da BRF já se movimentam contrariamente é redução das margens, inclusive com ameaça de cortar parte do fornecimento de aves e suínos para agroindústria, medida de difícil execução pela falta de alternativa frigorífica. No Paraná, os produtores de aves estão recalculando os custos de produção para discutirem possíveis reajustes com as indústrias. É justamente em momentos de maior tensão da relação integrado/integradora que fica claro a necessidade de regulamentação do sistema de integração agroindustrial.

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PRODUÇÃO DE TRIGO

Perdas na produção de trigo no RS superam 10%

Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba, estudaram a logística do trigo no estado do Rio Grande do Sul, principal produtor de trigo no Brasil Pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba, estudaram a logística do trigo no estado do Rio Grande do Sul, principal produtor de trigo no Brasil. A pesquisa conduzida pelo Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (Esalq-Log), em parceria com a University of Illinois at Urbana-Champaign (UIUC), nos Estados Unidos, procurou identificar os pontos da cadeia produtiva em que acontece maior perda de grãos. O levantamento estima que as perdas são superiores a 10% do total de trigo produzido nas fazendas e ocorrem principalmente após a colheita e devido às condições de armazenamento. Em fevereiro de 2014, o professor José Vicente Caixeta Filho, coordenador do Esalq-Log, acompanhado da pesquisadora Daniela Bacchi Bartholomeu, também do Esalq-Log, visitou a UIUC, nos Estados Unidos. Na oportunidade, foi firmada uma parceria específica para o desenvolvimento de estudo-piloto para observar perdas nas etapas pós colheita e os aspectos logísticos da produção do trigo no Rio Grande do Sul. “No estudo, o foco foi dado no que diz respeito às perdas nesse processo. Assim caracterizamos e mensuramos quanto de trigo é perdido no Rio Grande do Sul, desde a saída do produto da origem (fazendas) até sua chegada aos moinhos”, conta Fernando Rocha, um dos pesquisadores 24 | REVISTA 100% CAIPIRA

envolvidos. Segundo Rocha, desde o início a pretensão estava em identificar qual o elo da cadeia logística em que as perdas são maiores. “Isso possibilita apresentar contribuições para a minimização dessas perdas, contribuindo para a segurança alimentar”, complementa. A análise conjunta de toda a cadeia mostrou que as perdas atingem números significativos. “As estimativas mostram que as perdas, do produtor até as cooperativas, podem passar de 10% do total produzido nas fazendas Isso representa perda de receita por parte dos agentes, e reduz a sustentabilidade do sistema agroindustrial como um todo. Além disso, reduções nesse número são muito importantes, ainda mais quando se tem em mente o total de pessoas que passam fome no Brasil e no mundo”, reforça Rocha. Armazenamento De acordo com o Esalq-Log, as perdas na fazenda, ainda no processo de colheita ficam em torno de 6%, enquanto que outros 5% são perdidos nas cooperativas devido as más condições de armazenamento. Na etapa de transporte, ocorre ainda a perda de 0,5% do total carregado no caminhão durante o percurso entre as fazendas e as cooperativas. “As más condições das estradas e dos ativos de transporte, caminhões em 100% dos casos, potencializam esse número”, aponta Rocha. De início, os pesquisadores levantaram dados a partir da internet e também

por consultas telefônicas, o que permitiu um entendimento maior da dinâmica da cadeia de trigo no Brasil e no Rio Grande do Sul. Passada essa etapa, uma viagem de campo foi realizada ao estado alvo da pesquisa, onde foram conduzidas entrevistas com os principais agentes envolvidos nessa cadeia agroindustrial. Na viagem, ocorrida em julho de 2014, foram percorridos mais de 1.000 quilômetros. “Nessa etapa foram feitas entrevistas com representantes de moinhos de trigo, cooperativas, produtores rurais, traders, empresas transportadoras e terminais portuários, as quais permitiram um conhecimento detalhado do funcionamento da logística do trigo no estado, bem como seus principais gargalos. Além disso, informações sobre as perdas em cada etapa da logística também foram levantadas na viagem de campo”, explica Fernando Rocha. Em janeiro de 2015, os pesquisadores Fernando Rocha, Elaine Paturka, Felipe Avileis e Marina Elias foram até UrbanaChampaing apresentar o trabalho para pesquisadores daquela instituição. Na mesma viagem, os alunos tiveram a oportunidade de participar na 94ª conferência anual do Transportation Research Board (TRB), em Washington (Estados Unidos). Do Esalq-Log estão envolvidos ainda o coordenador Thiago Péra, a pesquisadora Daniela Bacchi Bartholomeu, e, da Universidade de Illinois o professor Luiz Rodriguez. Fonte: Agrosoft


GESTÃO RURAL

Alimentos do Paraná ganham selo do Sebrae e da Fiep Empresas selecionadas receberam consultorias, treinamentos, avaliações e auditorias Alimentos do Paraná ganham selo do Sebrae e da Fiep

Um grupo de 22 empresas de produção de alimentos vai se tornar referência de qualidade de processos e gestão empresarial no Paraná. Elas alcançaram requisitos apresentados pelo Sebrae e pela Federação das Indústrias (Fiep) do estado, com apoio do Tecpar, e vão receber selo de identificação. O selo Alimentos do Paraná vai diferenciar os produtos dessas empresas. O programa oferece reconhecimento à qualidade dos processos de produção e de gestão empresarial para indústrias, agroindústrias e distribuidoras de alimentos e bebidas. As 22 empresas selecionadas receberam consultorias, treinamentos, avaliações e auditorias. Mudaram procedimentos para atender exigências previstas em leis relacionadas a produtos e processos. As que apresentavam problemas tiveram de melhorar a gestão empresarial seguindo critérios estabelecidos pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). O selo busca reconhecimento do mercado, aponta a consultora e coordenadora estadual de Agronegócio do Sebrae/PR, Andreia Claudino. Ela considera que as empresas estão mais do que seguindo legislação e critérios de qualidade. “Para a obtenção do selo, a empresa precisa ter um perfil de potencialização, aptidão para atingir novos mercados, estar de acordo com a legislação, atender as normas de qualidade de processos e apresentar evolução na gestão empresarial”, afirma. Em sua opinião, “esse reconhecimento atesta que as empresas têm como premissas a segurança e a qualidade dos alimentos, ou seja, o respeito ao consumidor.” As empresas do programa Alimentos do Paraná podem buscar inovação tecnológica com recursos do Serviços em Ino-

vação e Tecnologia do Sebrae (Sebraetec) — 80% do valor de investimento. Campanhas de marketing e rodadas de negócios são outras vantagens. Entenda o programa Uma comissão gestora do Programa Alimentos no Paraná — composta pelo

Sebrae/PR e Fiep — e um órgão de autidotira — o Tecpar — acompanham e avaliam as empresas. Até agora, o Alimentos do Paraná funcionou como projeto-piloto. As 22 empresas que receberam o selo se aperfeiçoaram e passaram por auditoria. A partir de 2015, o programa tornase permanente. Empresas que buscam o selo podem se candidatar entrando nos programas de qualificação indicados pela comissão gestora. Passo a passo O Sebrae divulga material em que explica as cinco etapas do programa Alimentos do Paraná: 1.ª — A empresa participante é avaliada por um consultor do Sebrae/PR e pelos responsáveis da área de qualidade e ges-

tão da empresa nos quesitos qualidade de processos (com base na legislação sanitária vigente). A partir desta avaliação, é gerado um relatório com os indicadores de qualidade de fase inicial. 2.ª — Elabora-se plano de ação corretivo, baseado nos primeiros indicadores, que será trabalhado de acordo com a necessidade e tempo para colocar os indicadores em conformidade. É nesta fase em que são realizados os treinamentos e consultorias por parte do Sebrae/PR. 3.ª — As empresas realizam análises laboratoriais físico-químicas e microbiológicas de produtos, água, manipuladores, equipamentos e utensílios. Essas análises são importantes para atender a legislação e acompanhar os indicadores. 4ª — Após essas análises, há uma nova avaliação por parte do consultor e dos responsáveis da empresa em qualidade e gestão para gerar um novo relatório de indicadores, desta vez, da fase final do projeto. 5ª — A última etapa é a auditoria, realizada pelo Tecpar, que vai atestar a conformidade de todos os itens analisados nos quesitos qualidade dos processos e gestão empresarial. Essas empresas devem atender 80% ou mais nos processos de qualidade e 50% ou mais em gestão empresarial para conquistarem a certificação. Paralelamente, aponta o Sebrae, “serão realizadas pelo Tecpar uma auditoria no início e outra no término dos trabalhos”. A última está relacionada à gestão empresarial, tendo como base questionário elaborado pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ). 5 a 10 meses - são necessários para todo o processo de análise, consultoria, treinamentos e avaliações do Alimentos do Paraná. Fonte: Gazeta do Povo

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MEIO AMBIENTE

Água e energia estão entre os desafios globais mais iminentes. Celebração pautada pela ONU incentiva uso sustentável do recurso

O

Dia Mundial da Água, a ser comemorado no dia 22 de março, foi instituído para lembrar a importância do benefício e incentivar o uso sustentável dos recursos hídricos no planeta. O tema deste ano é ‘Água e Desenvolvimento Sustentável’. Celebrada desde 1993, a data é resultado da Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre meio ambiente e desenvolvimento, realizada em 1992, no Rio de Janeiro (RJ). Desde então, as celebrações ao redor do mundo acontecem a partir de um tema anual, definido pela própria Organização, com o intuito de abordar os problemas relacionados aos recursos hídricos. Entre os temas já escolhidos para a data estão: água e energia, cooperação pela água, água e segurança alimentar, águas transfronteiriças, saneamento, água limpa para um mundo saudável, lidando com a escassez de água e água para as cidades: respondendo ao desafio urbano. 28 | REVISTA 100% CAIPIRA

Fonte: Portal Brasil informações da Agência Nacional de Águas

Cenários futuros A ONU prevê que, em 2030, a população global vai necessitar de 35% a mais de alimento, 40% a mais de água e 50% a mais de energia. Água e energia estão entre os desafios globais mais iminentes, segundo o secretário-geral da Organização Meteorológica Global e membro da ONU-Água, Michel Jarraud, em nota divulgada pela organização. Atualmente, 768 milhões de pessoas não têm acesso à água tratada, 2,5 bilhões não melhoraram suas condições sanitárias e 1,3 bilhão não têm acesso à eletricidade, de acordo com a ONU. A situação é considerada inaceitável por Jarraud. Segundo ele, outro agravante é que as pessoas que não têm acesso à água tratada e a condições de saneamento são, na maioria das vezes, as mesmas que não têm acesso à energia elétrica. O Relatório Global sobre Desenvolvimento e Água 2014, de autoria da ONU-Água, reforça a necessidade de políticas e marcos regulatórios que reconheçam e integrem abordagens sobre prioridades nas áreas de água e energia. O documento destaca como assuntos

relacionados à água impactam no campo da energia e vice-versa. Um dos exemplos citados lembra que a seca diminui a produção de energia, enquanto a falta de acesso à energia elétrica limita as possibilidades de irrigação. Ainda de acordo com o relatório, 75% de todo o consumo industrial de água é direcionado para a produção de energia elétrica. Energia e água estão no topo da agenda global de desenvolvimento, segundo o reitor da Universidade das Nações Unidas, David Malone, que este ano é o coordenador do Dia Mundial da Água em nome da ONU-Água, juntamente com a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido). O diretor-geral da Unido, Li Yong, destacou a importância da água e da energia para um desenvolvimento industrial inclusivo e sustentável. “Há um forte clamor hoje para a integração da dimensão econômica e o papel desempenhado pela indústria das manufaturas em particular, na direção das prioridades de desenvolvimento pós‐2015. A experiência mostra que intervenções ambientalmente saudáveis


nas indústrias de transformação podem ser altamente efetivas e reduzir significativamente a degradação ambiental. Eu estou convencido que um desenvolvimento industrial inclusivo e sustentável será um elemento chave para uma integração bem sucedida das dimensões econômica, social e ambiental, ” declarou Li, em nota da ONU. Fórum Mundial da Água em 2018 Brasília (DF), que concorria com Copenhague (Dinamarca), foi eleita em fevereiro de 2014, durante a 51ª Reunião do Quadro de Governadores do Conse-

lho Mundial da Água (WWC), em Gyeongju (Coreia do Sul), para sediar o Fórum Mundial da Água de 2018 O fórum ocorre a cada três anos e é o maior evento do mundo com a temática dos recursos hídricos. A campanha brasileira apresentou o tema ‘Compartilhando Água’, para integrar os assuntos discutidos nas edições anteriores do evento, dando continuidade aos debates já realizados sobre os desafios do setor de recursos hídricos. 9Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), em agosto de 2013, uma equipe de avaliadores esteve na capital federal, e produziu um relatório sobre

infraestrutura de transportes, mobilidade urbana, rede hoteleira e locais para realização do fórum, que serviu de subsídio para que a cidade fosse a escolhida. A próxima edição do evento organizado pelo WWC, em 2015, será em duas cidades da Coreia do Sul, Daegu e Gyeongbuk, com o tema ‘Água para Nosso Futuro’. O objetivo é destacar a temática dos recursos hídricos na agenda global e reunir organizações internacionais, políticos, representantes da sociedade civil, cientistas, usuários de água e profissionais do setor.

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AGROECOLOGIA

Agroecologia e produção orgânica terão plano e eixo temático novos Fonte: MMA

A Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (CNAPO) realizou, nos dias 17 e 18/03, no Palácio do Planalto, em Brasília, a 10ª Reunião Ordinária. Na pauta, entre outros assuntos, as principais metas para o novo Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo) e como essas metas poderão compor o Plano Plurianual (PPA) 2016 a 2020. Um novo eixo temático foi sugerido: reforma agrária e territorialidade, para somar aos já existentes produção, recursos naturais, conhecimento e comercialização. A proposta do novo eixo ainda será avaliada, conforme explicou o gerente de Políticas Agroambientais do Departamento de Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Eduardo Soares. A CNAPO é formada por representantes da sociedade civil envolvidos com a produção agroecológica do Brasil e por representantes do governo. Ao MMA cabe o monitoramento de políticas públicas desenvolvidas com povos extrativistas e comunidades tradicionais e aspectos como a relação com a floresta, sua conservação e preservação. Crédito - Para o agricultor Ernesto Kasper, da cooperativa de citricultores Ecocitrus de Montenegro (RS) e presidente da Associação Brasileira da Agricultura Familiar Orgânica, Agroecológica e Agroextrativista (Abrabio), o próximo Planapo deveria auxiliar na disponibilização de linhas de crédito para cooperativas. Ele destacou que a Ecocitur já utiliza o gás metano como 30 | REVISTA 100% CAIPIRA

combustível para veículos da cooperativa e como energia elétrica para usina de compostagem. “Nesta terça-feira começou a funcionar o gerador que vai zerar a conta de R$ 20 mil que tínhamos de energia elétrica”, comemorou. O gerador de biocombustível foi viabilizado graças à parceria com o consórcio Verde Brasil e a Naturovos, maior produtora de ovos do Rio Grande do Sul. “O esterco de galinha é usado nos biodigestores, que geram biofertilizante e gás metano”, explica Kasper. As 70 famílias cooperadas da Ecocitrus produzem alimentos sem uso de fertilizantes químicos ou agrotóxicos. Segundo o gerente de Agroextrativismo do MMA, Gabriel Domingues, está previsto para maio o Seminário Nacional da Sociobiodiversidade. Na ocasião, será debatido um programa nacional do setor. O MMA, junto com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), coordena a subcomissão temática da sociobiodiversidade da CNAPO. De 24 a 31 de maio acontecerá a Semana Nacional de Alimentos Orgânicos em todo o Brasil. Sem agrotóxico - O sistema de produção orgânica se baseia em princípios de agroecologia que buscam viabilizar a produção de alimentos e outros produtos necessários ao homem de forma harmônica com a natureza, com rela-

ções comerciais e de trabalho justas e valorização da cultura e do desenvolvimento local. De acordo com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, a CNAPO é fundamental para alcançar o consenso sobre as políticas agroambientais, pois reúne movimentos sociais e governo. “O debate é necessário para buscar uma agricultura saudável, ecológica e ao mesmo tempo produtiva, que garanta a rentabilidade e sustentabilidade dos agricultores”, disse. “Os médicos afirmam que o alto índice de pessoas com câncer está diretamente relacionado com a alimentação envenenada.” Está em andamento na CNAPO o Programa Nacional para Redução do Uso de Agrotóxicos (Pronara). Já o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, reafirmou o compromisso do governo com o Planapo? ” Teremos um ato simbólico na próxima semana: a presidenta Dilma vai ao Rio Grande do Sul participar do início da colheita de arroz orgânico do estado, num assentamento da reforma agrária”, destacou. Rossetto lembrou o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) como instrumento para a política de fortalecimento da agricultura orgânica, uma estratégia de segurança e qualidade alimentar para o país.


AGRICULTURA FAMILIAR

Sistema integrado de produção de mudas de hortaliças beneficia agricultores familiares no RJ

Produzir mudas de hortaliças orgânicas com qualidade é um grande desafio para o agricultor familiar fluminense em razão principalmente do acesso restrito à tecnologias apropriadas a este seguimento. Para ampliar a oferta de algumas dessas tecnologias e promover a sustentabilidade no campo, a Embrapa Agrobiologia vem desenvolvendo um projeto desde 2013 para implantação e disseminação do “Sistema integrado de produção de mudas de hortaliças” (SIPM) em quatro regiões do Estado do Rio de Janeiro. “O objetivo é estimular a própria produção de mudas visando abastecer esse mercado que ainda é pequeno. Os produtores de hortaliças orgânicas tem poucos fornecedores e quando precisam buscam fora do estado”, explica a pesquisadora Cristhiane Amâncio, da Embrapa. O sistema é composto por uma estufa e uma peneira de baixo custo, disponibilizadas pela Pesagro-Rio, um sistema de irrigação baseado no uso de energia solar, desenvolvido pela UFRRJ e um substrato orgânico formado à base de vermicomposto e fino de carvão, desenvolvido pela Embrapa Agrobiologia. A pesquisadora explica que a busca de materiais alternativos para a formulação de misturas que sirvam como substrato ou meio de crescimento vegetal tem sido uma preocupação crescente da pesquisa. “É preciso reduzir a participação de insumos industrializados na propriedade porque isto traz benefícios econômicos e ecológicos capazes de fomentar sistemas agrícolas sustentáveis”, argumenta Cristhiane Amâncio. Por meio do projeto, que é financiado pela FAPERJ-Fundação Carlos Chagas

Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, essa estrutura foi instalada nas Regiões Metropolitana, Serrana, Médio Paraíba e Noroeste do Estado. Em cada localidade foi selecionado pelo menos um agricultor multiplicador que foi capacitado em todas as técnicas que compõe o SIPM. “A ideia foi promover a cooperação e solidariedade, fortalecendo os laços de confiança e ajuda mútua entre os agricultores, que precisam planejar e ocupar a estufa de acordo com as demandas da comunidade”, explica o técnico em agroecologia e bolsista da Embrapa Nilton César dos Santos. Segundo César, os produtores se comprometem formalmente em abastecer os sistemas de produção locais com as mudas produzidas em suas propriedades. E o interessante é que essas mudas já estão adaptadas às condições de clima e solo da região. Em alguns casos, eles buscam até mesmo a ajuda de outros agricultores para a produção dos insumos necessários. Este é o caso de Izabel Michi, de Seropédica, na Baixada Fluminense. Ela produz as mudas com o vermicomposto feito pelo agricultor Sérgio Galvão Borges da mesma região e as distribui para vinte e cinco famílias do município. Após dois anos de projeto, os pesquisadores afirmam que os agricultores das regiões beneficiadas tiveram ganhos significativos. “Temos visto um aumento na produção, nos ganhos econômicos e também na qualidade de vida dos

agricultores”, complementa Cristhiane Amâncio. Ganhos reais para as famílias O agricultor orgânico João Galo, de Teresópolis, na Região Serrana, planta em seu sítio principalmente hortaliças e morango. O sistema foi implantado na localidade em 2013 e Galo garante que vem dando bons resultados. Ele distribui as mudas na Associação de Agricultores Orgânicos de Teresópolis e em feiras locais. O agricultor ressalta que as técnicas são simples e fáceis de serem colocadas em prática. “O substrato é até melhor do que muitos que estão no mercado”, afirma. Com as mudas de boa qualidade ao seu alcance, Galo conseguiu um acréscimo de mil reais a sua renda mensal. A agricultora Izabel Michi também mantém uma estufa em sua propriedade de cinco hectares. Ela conta que além de propiciar uma maior diversificação na sua lavoura, a estufa possibilitou a redução nos gastos com mudas e insumos e consequentemente aumentou o seu lucro. “Hoje aumentamos os ganhos em cerca de 80 por cento”, afirma a agricultora. O projeto termina no final de 2015, mas os pesquisadores já estão pensando em formas de prosseguir com a implantação das estufas em outras regiões do estado. Fonte: Embrapa REVISTA 100% CAIPIRA |31


CAPRINOS E OVINOS

Regras para importação de embriões ovinos são publicadas no DOU Fonte: MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

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A importação de embriões ovinos coletados in vivo seguirá, a partir de 18 de maio deste ano, os requisitos zoosanitários adotados pelos países do Mercosul A importação de embriões ovinos coletados in vivo seguirá, a partir de 18 de maio deste ano, os requisitos zoosanitários adotados pelos países do Mercosul. A Resolução GMC nº 48/14, que trata desta questão, foi incorporada ao ordenamento jurídico nacional pela Instrução Normativa Nº 4. As regras, publicadas nesta sexta-feira no Diário Oficial da União, foram discutidas entre os países que integram o bloco econômico. Com a normativa, o Brasil passa a seguir os mesmos requisitos dos outros países do Mercosul para importar, de qualquer país, embriões ovinos coletados in vivo. De acordo com o texto, toda importação desse tipo de produto deverá estar acompanhada de Certificado Veterinário Internacional, emitido pela Autoridade Veterinária do país exportador, que atesta o cumprimento dos requisitos. O país exportador também deverá elaborar o modelo de certificado que será utilizado para a exportação desses embriões ovinos aos países do Mercosul, incluindo as garantias zoosanitárias que constam na resolução para aprovação prévia pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). De acordo com Alberto Gomes, chefe da Divisão de Trânsito Internacional da Coordenação de Trânsito e Quarentena Animal (DTI/CTQA/ Mapa), a Resolução GMG Nº 48/14 é a primeira do Mercosul que contempla os requisitos para a importação de embriões ovinos coletados in vivo e “é importante para padronizar os requisitos zoosanitários junto ao Bloco”.


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TRANSPORTES

Investidores planejam ferrovia e porto de R$ 16 bi no Pará Fonte: Reuters

A Ferrovia estadual, que deverá ser uma concessão privada, seguiria um traçado paralelo ao trecho norte nunca finalizado da Ferrovia Norte-Sul, de concessão federal Investidores estrangeiros planejam a construção de uma Ferrovia de 1,2 mil quilômetros no Pará e de um grande porto no nordeste do Estado para escoar minerais e produtos agrícolas, em uma obra de R$ 16 bilhões, disseram o governo estadual e a empresa responsável pelo projeto. A Ferrovia estadual, que deverá ser uma concessão privada, seguiria um traçado paralelo ao trecho norte nunca finalizado da Ferrovia Norte- Sul, de concessão federal. A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedeme) concedeu à Pavan Engenhar ia, de São Paulo, autorização para realizar estudos preparatórios que demonstrem a viabilidade da Ferrovia ligando sul e sudeste do Pará até o litoral nordeste do estado. Fepasa A futura estrada de ferro, já batizada de Fepasa, deverá ligar áreas de extra34 | REVISTA 100% CAIPIRA

ção de minerais e de produção Agrícola a um porto a ser construído no município de Colares, ao norte de Belém, passando pelo porto de Vila do Conde, em Barcarena. Os investimentos privados previstos para a Ferrovia são de R$ 8 bilhões, mais R$ 6 bilhões para o porto e outros R$ 2 bilhões para a construção de um condomínio industrial próximo ao porto. “Tem já investidores chineses interessados, alemães, porque está todo mundo atrás de infraestrutura”, disse o diretor da Pavan Engenharia, Renato Pavan. A empresa é responsável pelos estudos e pelo contato com investidores. A região de Colares foi escolhida porque tem calado natural profundo, permitindo a atracação de navios de grande porte que atualmente não conseguem acessar terminais em Santos (SP) e Paranaguá (PR). “Quando a Ferrovia paraense estiver pronta, ela poderá se ligar à Ferrovia

Norte-Sul, como acontece no Paraná, onde a Ferrovia estadual se liga com a federal. Uma pode complementar a outra”, disse o secretário de Desenvolvimento Econômico Adnan Demachki. Segundo o governo do estado, a expectativa é que já no primeiro ano de funcionamento da Ferrovia a demanda será de quase 30 milhões de toneladas, principalmente minérios e grãos, com o volume subindo para 48 milhões de toneladas anuais em cinco anos. Setor portuário No setor portuário, a Secretaria Especial de portos informou no Diário Oficial da União (DOU) que abrirá no dia 2 de abril, consulta pública sobre o modelo de concessão de dragagem nos portos organizados. Na data, serão disponibilizados ao público documentos com os aspectos técnicos básicos do modelo e questões para discussão. As contribuições devem ser enviadas até 19 de abril.


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A REVISTA DE AGRONEGÓCIO QUE RESGUARDA A CULTURA CAIPIRA

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FEIRAS E EVENTOS

Sociedade Rural de Paranavaí comemora mais um ano de bons resultados para o município e o Estado A Expo Paranavaí 2015, realizada pela Sociedade Rural de Paranavaí, aconteceu entre os dias 13 e 22 de março . E trouxe para a região uma grade de show de alta qualidade e para todos os gostos. Para esta edição foram esperados mais de 200 mil pessoas para visitação. A organização da ExpoParanavaí, inusitou e anunciou no dia 18 de março que cobraria entradas com preço único nos shows no fim de semana. O “ingresso solidário” custou R$ 32,00, mais um quilo de alimento não-perecível. Na quinta-feira 19 de março, o ingresso solidário para o rodeio custou R$ 10,00, mais um quilo de alimento. Toda a renda arrecadada com a ação será destinada a entidades assistenciais da cidade. A Expo Paranavaí é considerada a terceira maior feira de exposições do estado do Paraná e teve nesta edição a expectativa de movimentar aproximadamente R$ 50 milhões em negócios. Em sua programação aconteceram quatro leilões, com expectativa de venda de 5.000 animais - entre touros, gados de corte e cavalos -, exposição de 240 animais, com 160 gados e 80 ovinos, além do julgamento 36 | REVISTA 100% CAIPIRA

e premiações dos melhores animais da espécie Braman e 1.800 animais da raça Nelore e Cruza Industrial para cria, recria e engorda. Além dos shows, palestras, ro-

deios, prova dos três tambores feminina e leilões, o público ainda contou para diverção com 22 brinquedos do parque de diversões contratado para esta edição. O parque é especialista em brinquedos radicais, e trouxe aparelhos que misturam movimentos pendulares com rotações e loopings simultaneamente, além de barracas culinárias e também foram montados diversos estandes de lojas, exposição de carros e máquinas agrícolas. Foi a primeira apresentação do

cantor Milionário após 10 dias da morte de José Rico. Milionário que prometeu cumprir a agenda de shows homenageia seu eterno parceiro com imagens de José Rico (o Zum) projetadas em telão. A Expo Paranavaí 2015 trouxe ainda a 11ª edição a Galeria da Citricultura, que teve a preocupação em promover todo o potencial de agronegócio da região Noroeste, com programação de cursos e palestras técnicas voltadas as citricultores de Paranavaí e região, além de outros Estados, foi a oportunidade para reunir produtores de laranjas em um grande debate sobre o mercado da citricultura. “Os citricultores se reunirão com engenheiros agrônomos para falar sobre manejo da plantação, pulverização e benefícios de irrigação dos pomares, além debaterem sobre o futuro do setor”, disse o presidente da Sociedade Rural de Paranavaí, Tércio Bastos Mello Júnior. Todas as palestras foram ministradas por engenheiros agrônomos, consultores e pesquisadores, que trataram de temas relacionados ao manejo e aos desafios atuais para o setor da citricultura.


FEIRAS E EVENTOS

Expoagro Afubra 2015 Abertura Expoagro Afubra celebra 15 anos de realizações A primeira edição da Expoagro Afubra, aconteceu no ano de 2001. Hoje em sua 15ª edição que aconteceu entre os dias 24 a 26 de março de 2015 realizada pela AFUBRA (Associação dos Fumicultores do Brasil), estabelecida na região do Vale do Rio Pardo no Rio Grande do Sul. A feira é realizada propositalmente durante a semana, pois tem o propósito de atrair produtores rurais em sua maioria, engenheiros agrônomos, técnicos, consultores, pesquisadores, estudantes e empresários, todos ligados a área rural. Para a 15ª edição, com 400 expositores, são esperados R$ 65 milhões em negócios e 80 mil visitantes. Em 2014 os números foram um sucesso. Foram 80,4 mil visitantes, entre eles estavam 80,46% eram produtores rurais e 32,02% prestigiaram o evento pela primeira vez. O movimento financeiro entre os 402 expositores chegou a R$ 66,877 milhões, 51,7% superior ao registrado em 2013. No caso das agroindústrias, as vendas efetuadas pelos 148 empreen-

dimentos familiares contabilizaram R$ 501.680,00. As caravanas que se deslocaram de ônibus também superou os números das edições anteriores. Foram 624 excursões, vindas de 193 municípios. Ainda não foram divulgados os dados desta edição, mas espera-se superar a 14ª edição. Os números da 14ª edição só mostra o crescimento da Expoagro Afubra, feira que tem como principal propósito incentivar e fomentar a diversificação de atividades no meio rural. A feira também se destaca pelas parcerias efetuadas com o governo, além dos expositores e patrocinadores. A entrada da feira é gratuita. Os visitantes da Expoagro Afubra desfrutam do que há de mais atual para o produtor rural, constantemente buscando melhorias. Em suas áreas experimentais distribuídas pelo parque, o produtor tem a chance de conhecer novas técnicas de cultivo e também alternativas à cultura do tabaco, demonstrações de máquinas e equi-

pamentos, também são observadas nas áreas experimentais e nos stands, além de painéis de discussão sobre a economia rural e ainda o dia de campo. Este ano a produção florestal com eucalipto destacou-se, entre outras, que teve como objetivo priorizar a manutenção das matas nativas, a conscientização ecológica e sustentável, assim como o desenvolvimento da pesquisa de fumo sem o uso de agroquímicos; a promoção da campanha de erradicação do trabalho infantil e o incentivo a culturas paralelas ao fumo, uma clara demonstração da preocupação da entidade com a monocultura na região. São inovações na tecnologia, agronegócio e agroindústria para as atividades de produção de milho, frutas e hortaliças, criação de animais, prática do reflorestamento, que trazem o produtor rural para a Expoagro Afubra todos os anos, e prova mais uma vez o quanto este trabalho é importante não só para a região mas também para todo o Sul do Brasil. REVISTA 100% CAIPIRA |37


MACROECONOMIA

Dólar e crédito são os assuntos do ano na agricultura, diz Mendonça de Barros

Por que o real se desvalorizou tanto frente ao dólar e qual o efeito da macroeconomia na agropecuária? Fonte: Sistema OCEPAR

Por que o real se desvalorizou tanto frente ao dólar e qual o efeito da macroeconomia na agropecuária? Esta foi a pergunta que o economista Alexandre Mendonça de Barros tentou responder em sua participação no Fórum dos Profissionais de Finanças promovido pelo Sistema Ocepar na tarde de terça-feira (07/04), em Curitiba (PR). “O assunto do ano no agronegócio, por incrível que pareça, não é agrícola, mas sim a taxa de câmbio e também o crédito. A questão, portanto, é macroeconômica. No ano passado, o dólar estava cotado a R$ 2,20, e hoje está batendo a casa dos R$ 3,30. Isto trouxe um alento de preços muito favorável, pois houve uma boa formação de preços nesta safra”, disse Mendonça de Barros, que é doutor em economia, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e diretor da MB Agro Associados. Recuperação dos EUA – De acordo come ele, a desvalorização do real está relacionada, primeiramente, à recupe38 | REVISTA 100% CAIPIRA

ração da economia americana. “Voltamos ao que o mundo sempre foi, e que nesses últimos seis anos foi completamente diferente em função da crise de 2008. Os Estados Unidos voltou a ser o centro da economia mundial. Isto, por si só, já provocaria a desvalorização do real, ou seja, a moeda brasileira perderia, de qualquer maneira, força frente ao dólar, simplesmente porque a economia americana voltou a ficar muito bem”, disse. Segundo ele, o crescimento econômico dos EUA diminuiu a taxa de desemprego e há uma expectativa no mercado de um aumento na taxa de juros, o que deve fazer com que os investidores voltem a aplicar na economia americana. Desvalorização foi mais forte – Mas o que era esperado pelo mercado, ultrapassou qualquer expectativa, já que o real foi a moeda que mais se desvalorizou frente ao dólar, se comparado a outras moedas que também seguiram por esse caminho. “E isto nada tem a ver com macroeconomia. Aconteceu

por causa de razões internas brasileiras, ou seja, em função dos resultados ruins que o país tem tido do ponto de vista econ ô m i c o ”, comentou. Números ruins – No ano passado, conta Mendonça de Barros, a economia brasileira cresceu 0,1%, a inflação voltou galopante, a taxa de desemprego aumentou, houve déficit na balança comercial e também déficit fiscal, revertendo uma trajetória de superávit fiscal que o Brasil vinha mantendo já há alguns anos. “Gastamos mais do que arrecadamos. As contas públicas pioraram”, disse. Para este ano, as projeções mostram que o país continua em dificuldades. “Estamos prevendo um crescimento negativo de 1,5%, uma inflação ainda alta, na casa de 8,2%, um pequeno superávit da balança comercial, porém puxado pelas importações, uma diminuição no poder de compra da população de 0,3%, e uma elevação na taxa de desemprego, o que também deve causar um degaste político, já que a geração de empregos vinha sendo uma das principais bandeiras do governo”, afirmou. Reflexos da política - Este cenário, na avaliação do economista, criou uma situação de instabilidade muito grande para o país. “Um novo ministro veio para concertar tudo isso”, disse Mendonça de Barros, lembrando que a promessa do ministro da Economia Joaquim Levy é fazer um ajuste fiscal que permita que o país cresça 1,2% este ano. “Entretanto, politicamente, o ministro está enfrentando muita dificuldade. A presidente da república se enfraqueceu


diante

d a opinião pública e ainda se cercou de um grupo ligado ao PT que economicamente é contra as ideias de Joaquim

Levy. Isto trouxe muita incerteza ao cenário econômico, porque as propostas do governo dependem de uma negociação com o Congresso. E o

que e s tamos vendo é uma grande queda de braço. Há, portanto, uma desconfiança de que o governo não entregue o ajuste fiscal que prometeu. A esse quadro político, de fragilidade do governo em relação ao Congresso, soma-se outro problema e que envolve as denúncias

de corrupção na Petrobras (Operação Lava Jato). E, então, chega-se a explicação dos motivos que levaram o real se desvalorizar tanto frente ao dólar”, frisou. Agronegócio – “O único setor que está bem é o agronegócio. Mas está difícil explicar para quem trabalha com soja e milho, o tamanho da dificuldade da economia brasileira. Para onde olhamos, está ruim. Por outro lado, também não é fácil explicar para quem é do meio urbano o por quê do agronegócio estar tão bem”, comentou Mendonça de Barros, referindose ao fato d e que a grande volatilidade da taxa de câmbio é muito boa para formar preço de soja, milho e carnes, porém, é muito ruim para adubos, defensivos, e provavelmente irá elevar os custos da próxima safra. Clima – Além de um cenário que favorece a formação de preços das commodities agrícolas, Mendonça de Barros disse que há ainda outro fator que deve ser benéfico para o agronegócio nacional. “Está sendo sinalizado um El Niño para este ano. Isto é bom para o Brasil e ruim para a Ásia”, comentou, lembrando que as previsões climáticas ganharam força, principalmente depois que a Austrália, país que mais sofre com o El Niño, divulgou um alerta para esse fenômeno climático. “Pode ser, então, que ocorra um movimento especulativo em função do clima. Se isto acontecer, aproveitem para “surfar”, ou seja, fazer negócios”, conclui. REVISTA 100% CAIPIRA | 39


PESCADOS

Peixe popular ganha mercado e preço cai Diante das altas entre 5% e 10% nos valores dos tradicionais importados de Páscoa, como bacalhau e salmão, a saída para o setor extrativista foi apostar no incremento da oferta de variedades mais populares Pescada, sardinha e cação seguraram a alta de 11,2% de vendas em São Paulo, na última semana, e preços dos peixes nacionais devem seguir em queda. Os dados são do balanço prévio do setor para a chamada Semana Santa, realizado pela Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). Segundo levantamento da entidade foram registradas vendas de 6.754 toneladas de pescado no período, contra 6.073 toneladas comercializadas no comparativo anual. “Os populares tiveram uma oferta maior. Os peixes nobres estavam mais caros e o consumidor talvez tenha migrado para os produtos mais populares em função dessa boa oferta”, diz o economista da Ceagesp, Flávio Godas. No momento em que o poder de compra das famílias diminui e os custos de importação aumentam, as variedades importadas perderam espaço para o produto cultivado dentro do País. Como a demanda é, sazonalmente, muito acentuada nesta época do ano, o setor extrativista elevou o volume disponível para venda. “O balanço ainda não está consolidado, mas a pescada, sardinha e cação

foram os que saltaram aos nossos olhos”, lembra Godas. De acordo com o economista, a pescada foi a única que teve o preço estável na variação anual, em R$ 9 por quilo. As outras duas tiveram quedas respectivas de 40% e 16,9%, para R$ 2,50 e R$ 7,57. Em março, o custo médio da categoria pescado havia subido 4,42%, com destaque para as altas na corvina, de 23,7%, tilápia, de 20,3%, tainha, de 17,4%, e salmão, com 10,35%. Na avaliação de Godas, a tendência para os próximos meses é de queda nos valores devido ao aumento na oferta e possível redução no consumo. Outras ações Na última semana, a Bahia Pesca, empresa vinculada à Secretaria de Agricultura baiana (Seagri), em parceria com o Ministério da Pesca e Aquicultura, realizou a primeira edição do ‘Santo Pescado’, um evento que reuniu cooperativas para venderem o produto com descontos de até 50% em terminais de Salvador e Ilhéus. Lá também predominaram as variedades populares, provenientes da pesca artesanal.

“Conseguimos comercializar 15 toneladas de peixe, o que é muito dentro da perspectiva da região. Além do preço mais barato, a qualidade do produto ainda era superior. Do total ofertado, tivemos uma sobra de 700 quilos que foram doadas a uma entidade religiosa, com fins sociais na região”, conta o diretor técnico da Bahia Pesca, Cláudio Carvalho. Em geral, o estado produz cerca de 105 mil toneladas por ano, comercializadas entre R$ 10 e R$ 12 por quilo. Durante o evento, foi possível vender produtos a R$ 6. Segundo o diretor, a Bahia conta com 125 mil pescadores declarados em um registro geral da pesca. O ‘Santo Pescado’ colaborou para o fomento da atividade, fato que já acontece através de parcerias com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Sobre o suporte dado a pequenos pescadores, vale ressaltar o anúncio mais recente de alteração no Seguro Defesa uma assistência financeira temporária concedida ao pescador profissional e artesanal - que facilita o acesso ao benefício através de solicitações via call center. Fonte: DCI

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LATICÍNIOS

Leite: programa vai aumentar qualidade, capacitar produtores e ampliar exportações Fonte: MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Um novo programa de estímulo à produção e consumo do leite beneficiará produtores dos cinco principais estados que garantem o abastecimento do país: Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Um novo programa de estímulo à produção e consumo do leite beneficiará produtores dos cinco principais estados que garantem o abastecimento do país: Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento prepara um conjunto de ações para aumentar a qualidade do leite, capacitar trabalhadores e ampliar exportações. O programa, que está sendo formulado em parceria com representantes de produtores, cooperativas e indústria, foi apresentado de forma preliminar à ministra Kátia Abreu na última quinta-feira (19). “Precisamos de foco na melhoria da qualidade e eficiência produtiva, uma vez que não se consegue ter indústria competitiva sem base produtiva competitiva”, afirmou a ministra. O Brasil é o quarto maior produtor mundial de leite, com 34 bilhões de litros em 2013. Para a ministra, o setor pode melhorar sua performance investindo na qualidade. Assistência técnica O principal pilar do programa é a assistência técnica. Os produtores interessados poderão se inscrever em cursos de capacitação, que serão ofertados em parceria com o Sistema S e deverão ter duração de dois anos. Técnicos da agroindústria e transportadores de leite 42 | REVISTA 100% CAIPIRA

também receberão qualificação em prá- de queda. Com a sistematização dos dados da ticas adequadas de higiene, qualidade e Rede Brasileira de Laboratórios de Quasegurança. lidade do Leite, o programa pretende deOs cursos visam aperfeiçoar o ma- senvolver, em parceria com a Embrapa, nejo do leite e, com isso, aumentar a uma plataforma integrada para análise produtividade e a renda dos produtores. e interpretação dos dados laboratoriais Segundo dados do Censo Agropecuário dos cinco estados. Com isso, será possí(IBGE, 2006) dos 5,1 milhões de estabe- vel compilar informações sobre a qualilecimentos rurais, 77% não recebem ne- dade do leite. O ministério estuda uma forma de harmonizar os parâmetros de nhum tipo de orientação técnica. qualidade do leite entre os serviços de inspeção federal, estadual e municipal. Linha de crédito Os produtores também reivindicam Os produtores contemplados tam- atualização de marcos regulatórios e rebém deverão contar com uma linha de estruturação do Programa Nacional de crédito especial para custeio e investi- Qualidade do Leite. mento. O Mapa pretende desburocratizar o acesso a programas de finan- Consumo ciamento já disponíveis e estuda criar uma linha de crédito permanente para O Ministério da Agricultura deverá retenção de matrizes leiteiras bovinas e implementar também iniciativas para bubalinas. promover o consumo de leite e derivaOutra prioridade será a erradica- dos, além de ampliar programas institução da brucelose e da tuberculose, am- cionais do governo federal para compra plamente disseminadas no território e distribuição de leite a famílias carentes. brasileiro. O Mapa estuda criar fundos Estimular o consumo de leite ajuda ajusestaduais para indenização por animais tar a oferta e a demanda no setor. Apesar contaminados, mas antes vai acelerar o levantamento da situação epidemiológi- de o consumo doméstico ter aumentado ca dos cinco estados. Estima-se que as 2% no ano passado, a produção cresceu perdas diretas com a brucelose sejam de 7% nos nove primeiros meses de 2014 25% na produção de leite. No caso de em relação ao mesmo período de 2013, tuberculose, a estimativa é de 10 a 18% de acordo com o IBGE.


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TRANSPORTE

Interdição parcial da Hidrovia TietêParaná acumula prejuízo de quase R$ 60 milhões Fonte: O Liberal Regional

A interdição da Hidrovia Tietê-Paraná, no trecho entre o reservatório da Usina de Três Irmãos (Andradina) até a eclusa da Usina de Nova Avanhandava, já causou um prejuízo de quase R$ 60 milhões aos empresários do setor do agronegócio entre 2014 e 2015 A estimativa é da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio). Com a interdição da hidrovia, as empresas foram obrigadas a transportar produtos como grãos, madeira, etanol e outros em caminhões, aumentando o custo de logística. De acordo com o presidente do Conselho de Logística e Infraestrutura da Abag, Renato Pavan, a única forma de restabelecer o transporte seria diminuir a produção de energia para aumentar o nível dos reservatórios até a cota que permita a navegação. “Como estamos a beira de um colapso na produção de energia, o que seria uma solução passa a ser um problema”, completa. A navegação na Tietê-Paraná foi suspensa em maio de 2014, quando o nível do rio ficou muito baixo, inviabilizando o transporte de barcaças. Na época, o DH (Departamento Hidroviário do Estado do Estado de São Paulo) chegou a elaborar um plano para o retorno da hidrovia em janeiro a partir da redução de vazão de três usinas hi46 | REVISTA 100% CAIPIRA

drelétricas da região. Isso aumentaria o nível dos reservatórios ao longo do Rio Paraná. Porém, o ONS (Operador Nacional do Sistema) não autorizou a execução do projeto e, até hoje, a navegação continua interrompida e pior: sem projeção de voltar. “Infelizmente, pelas previsões (recentes), as chuvas não irão viabilizar o uso da hidrovia. O prejuízo continuará”, disse Paiva. O transporte na hidrovia chega a transportar cerca de 8 milhões de toneladas de carga anualmente. Um quarto desse montante é de soja e milho. Sem a liberação da hidrovia e o início do escoamento da safra, os produtores precisaram recorrer aos caminhões para fazer o trajeto da hidrovia de São Simão (GO) até Pederneiras (SP) e, em seguida, de trem até o porto de Santos (SP). Em 2014, o custo extra estimado com transporte foi de R$ 15 por tonelada de grãos, segundo Pavan, totalizando R$ 30 milhões prejuízo com transporte. De acordo com o representante da Abag, em

2015 o valor estimado diminuiu para cerca de R$ 27 milhões por causa da baixa no preço dos fretes - alvo inclusive de protestos entre os caminhoneiros até o início do mês. Ao G1, portal de notícias da Globo, Pavan disse que “a seca ocasionou prejuízo em vários estados. Goiás perdeu quase R$ 1 bilhão, Espírito Santo perdeu R$ 40 milhões, por exemplo. Houve uma perda muito grande por causa da seca, que prejudicando o plantio da safrinha. E você não consegue quantificar. Não há um levantamento para saber quanto a seca ocasionou de prejuízo no Brasil.” Ainda segundo ele, a Tietê-Paraná foi a única que teve prejuízos por causa da seca. A Hidrovia do Madeira, na região Norte do país, também enfrenta dificuldades na navegação, mas por conta das cheias. Comboios foram atracados e muitos não conseguiram chegar ao terminal por conta das estradas também alagadas. “Não dá para quantificar o valor, mas foi considerável”, finalizou o especialista.


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RECEITAS CAIPIRAS

P達o de Torresmo 48| REVISTA 100% CAIPIRA


RECEITA 50 g de fermento biológico fresco 2 ovos 20 g de sal 25 g de açúcar 2 colheres (sopa) de manteiga 1 kg de farinha de trigo 200 g de torresmo 500 ml de Água Preparo da massa Em uma batedeira coloque, 100 gramas de farinha de trigo, o fermento e um pouco de água morna. Faça uma esponja e deixe descansar por 15 minutos. Em seguida, adicione o restante dos ingredientes e faça uma massa bem macia. Deixe descansar por 20 minutos, coberta com um pano. Coloque e uma assadeira untada e espere novamente o crescimento até atingir aproximadamente o dobro do seu tamanho. Após tudo pronto, pulverize os modelos com água e leve para assar em forno médio (180⁰). REVISTA 100% CAIPIRA |49


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