A REVISTA 100% CAIPIRA FOI LAUREADA COM O PRÊMIO COMUNICAÇÃO E DESTAQUE 2016 www.revista100porcentocaipira.com.br Brasil, novembro de 2016 - Ano 4 - Nº 41 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
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Café: União para minimizar queda de produção cafeeira
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Análise de mercado:
Valor Bruto da Produção do Setor Agropecuário deve fechar 2016 em R$ 542,2 bilhões
Energias renováveis: EPE quer estudo para medir impacto da inserção das renováveis Pesquisa: Aquaponia - Produção integrada de peixes e vegetais é tema de curso no Amapá
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Artigo: Painel Fotovoltaico Orgânico
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Cana de açúcar: Seminário em São Paulo reúne os maiores produtores
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Certificação:
Cachaça com indicação geográfica ganha regulamento Produção vegetal:
Pesquisa e extensão rural transformam Itaberaba em maior produtor de abacaxi
Feiras e eventos:
FENADI 2016 alcançou 43 milhões em negócios Receitas Caipiras: Quiche de queijo de cabra com espinafre REVISTA 100% CAIPIRA |
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CAFÉ
Brasil, novembro de 2016 Ano 4 - Nº 41 Distribuição Gratuita
EXPEDIENTE Revista 100% CAIPIRA®
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Fonte: CNA - Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil
União para minimizar queda de produção cafeeira Federação se reunirá com a cadeia produtiva, a Indústria de Torrefação e exportadores Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Espírito Santo (FAES), Júlio Rocha, era previsto que o preço do café conilon subisse. “O clima influência na cotação do café, assim que chover a tendência é que o preço caia, o que não pode é servir de pretexto para o Governo abrir mercado para importação de café do Vietnã”. 6 | REVISTA 100% CAIPIRA
No próximo dia 31, a Federação se reunirá com a cadeia produtiva, a Indústria de Torrefação e com os exportadores para discutir a situação da escassez de café com os segmentos envolvidos, para se buscar possíveis atenuantes para minimizar os efeitos da queda de produção ocasionados pela crise hídrica onde lavouras já tiveram perdas de até 90%.
Diretor geral: Sérgio Strini Reis - sergio@ revista100porcentocaipira.com.br Editor-chefe: Eduardo Strini imprensa@ revista100porcentocaipira.com.br Diretor de criação e arte: Eduardo Reis Eduardo Reis eduardo@ revista100porcentocaipira.com.br (11) 9 6215-8261 Conselho editorial: Adriana Oliveira dos Reis, João Carlos dos Santos, Paulo César Rodrigues e Nilthon Fernandes Publicidade: Agência Banana Fotografias: Eduardo Reis, Sérgio Reis, Paulo Fernando, iStockphoto e Shutterstock Departamento comercial: Rua das Vertentes, 450 – Vila Constança – São Paulo - SP Tel.: (11) 2951-2919 Rede social: facebook.com/ revista100porcentocaipira A revista 100% Caipira é uma marca registrada com direitos exclusivos de quem a publica e seu registro encontra-se na revista do INPI Nº 2.212, de 28 de maio de 2013, inscrita com o processo nº 905744322 e pode ser consultado no site: http://formulario. inpi.gov.br/MarcaPatente/ jsp/servimg/validamagic. jsp?BasePesquisa=Marcas. Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião desta revista, sendo eles, portanto, de inteira responsabilidade de quem os subscrevem.
SOJA
Produtores de Mato Grosso viram a noite plantando soja e garantem 93% da área do milho
Fonte: Olhar Direto
Os produtores em Mato Grosso atingiram 42,27% dos 9,368 milhões de hectares destinados para a soja nesta safra 2016/2017 Muitos estão aproveitando a umidade do solo e virando 24 horas de semeadura com a oleaginosa. A atitude dos agricultores garantiu para a safrinha do milho, cujo plantio inicia em janeiro, 3,959 milhões de hectares ou 93% dos 4,248 milhões de hectares previstos. A semeadura da soja em Mato Grosso, apesar das chuvas não estarem regulares em todo o estado, apresentou um avanço semanal entre os dias 13 e 20 de outubro de 10,87 pontos percentuais. O estado, segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), está com o plantio, inclusive, 22,70 pontos percentuais adiantados em relação a safra 2015/2016, que nesta época já apresentava problemas climáticos com a ausência da chuva). Entre as regiões mais adiantadas com os trabalhos nas lavouras de soja está o Oeste com 66,63% de 1,111 milhão de hectares plantados, seguido do Médio-Norte com 54,09%. A região com os trabalhos mais “lentos” é a Nor-
deste com 8,89% de 1,557 milhão de hectares apenas com sementes, visto a cautela dos produtores. Na Fazenda Rancho Alegre, em Nova Mutum, as máquinas rodaram 24 horas em 50% dos 3,5 mil hectares destinados para a soja. Segundo o produtor e um dos proprietários da fazenda, Andrey Costa Beber, o objetivo de plantar dia e noite foi para aproveitar a umidade do solo e a chuva. “Sabemos que a chuva pode cortar de uma hora para a outra. Então, o produtor não pode bobear. Se pegar boa umidade, mesmo com 30 dias sem chuva há possibilidade dos danos não serem tão grandes”, comentou ao Agro Olhar durante o Circuito Tecnológico Aprosoja - Etapa Soja. Andrey comenta que a safra 2016/2017 tem “tudo para correr bem, pois a chuva chegou cedo. Quanto mais tarde o plantio começar, pior é, porque você corre o risco de ter uma maior incidência de pragas”. A umidade no solo trazida pela chu-
va também foi aproveitada pelos produtores Jefferson Castilho Bergamasco e Clayrton Pavlack, ambos de Nova Mutum. “Em 42 horas diretas plantei cerca de 350 hectares para aproveitar a umidade do solo”, revelou Pavlack. “Se tem umidade no solo aproveitamos. Em alguns momentos cheguei a semear durante a noite os cerca de 80% da área que já está plantada”, salientou Bergamasco. O Imea ressalta que “Os bons volumes de chuvas registrados em grande parte do Estado neste ano vêm possibilitando esse ritmo acentuado da semeadura. Com isso, muitos produtores estão adiantando o mais rápido possível os trabalhos a campo a fim de beneficiar o desenvolvimento da nova safra. A expectativa dos agricultores é que até o fim deste mês grande parte da safra já esteja a campo. Em todo caso, o ritmo dos trabalhos deve continuar andando paralelamente à quantidade de chuva em cada região”. REVISTA 100% CAIPIRA |
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ARTIGO
Painel Fotovolt
Captação de energia e sustentável revoluc mun 8 | REVISTA 100% CAIPIRA
taico Orgânico
solar de forma limpa cionará a agricultura ndial Por: Adriana Reis
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A conversão de energia solar em eletricidade deve ser uma das soluções para a crise energética que o mundo enfrenta, com a utilização de painéis fotovoltaicos. Os painéis fotovoltaicos são dispositivos utilizados para converter a energia solar, isto é, a luz do sol em energia elétrica. Os primórdios da História da energia solar estão marcados pela serendipidade. O efeito fotovoltaico foi observado em 1839 pelo físico francês que observou pela primeira vez o paramagnetismo do oxigênio líquido, Alexandre Edmond Becquerel. Um muito jovem Becquerel conduzia experiências eletroquímicas quando, por acaso, verificou que a exposição à luz de eletrodos de platina ou de prata dava origem ao efeito fotovoltaico. A serendipidade foi igualmente determinante na construção da primeira célula fotovoltaica. Nas palavras de Willoughby Smith numa carta a Latimer Clark datada de 4 de Fevereiro de 1873, a sua descoberta do efeito fotovoltaico no selênio foi um acidente inesperado. Na sequência desta descoberta, Adams e o seu aluno Richard Day desenvolveram em 1877 o primeiro dispositivo sólido de fotoprodução de eletricidade, um filme de selênio depositado num substrato de ferro em que um filme de ouro muito fino servia de contacto frontal. Este dispositivo apresentava uma eficiência de conversão de aproximadamente 0,5%. Charles Fritts duplicou essa eficiência para cerca de 1% uns anos depois construindo as primeiras verdadeira células solares, construindo dispositivos assentes igualmente em selênio, primeiro com um filme muito fino de ouro e depois um sanduíche de selênio entre duas camadas muito finas de ouro e outro metal na primeira célula de área grande. No entanto, não foram as propriedades fotovoltaicas do selênio que excitavam a imaginação da época mas sim a sua fotocondutividade, isto é, o fato de a corrente produzida ser proporcional à radiação incidente e dependente do comprimento de onda de uma forma que o tornava muito atraente como medir a intensidade da luz em fotografia. E de fato, estes dispositivos encontraram a sua primeira aplicação nos finais do século XIX pela mão do engenheiro alemão Werner Siemens que os comercializou como fotômetros para máquinas fotográficas. 10 | REVISTA 100% CAIPIRA
Embora tenha sido Russell Ohl quem inventou a primeira solar de silício, considera-se que a era moderna da energia solar teve início em 1954 quando Calvin Fuller, um químico dos Bell Laboratories em Murray Hill, New Jersey, nos Estados Unidos da América, desenvolveu o processo de dopagem do silício. Fuller partilhou a sua descoberta com o físico Gerald Pearson, seu colega nos Bell Labs e este, seguindo as instruções de Fuller, produziu uma junção p-n ou díodo mergulhando num banho de lítio uma barra de silício dopado com um elemento doador eletrônico. Ao caracterizar eletricamente a amostra, Pearson descobriu que esta exibia um comportamento fotovoltaico e partilhou a descoberta com ainda outro colega, Daryl Chapin, que tentava infrutiferamente arranjar uma alternativa para as baterias elétricas que alimentavam redes telefônicas remotas. As primeiras células fotovoltaicas assim produzidas tinham alguns problemas técnicos que foram superados pela química quando Fuller dopou silício primeiro com arsênio e depois com boro obtendo células que exibiam eficiências recorde de cerca de 6%. A primeira célula solar foi formalmente apresentada na reunião anual da National Academy of Sciences, em Washington, e anunciada numa conferência de imprensa no dia 25 de Abril de 1954. No ano seguinte a célula de silício viu a sua primeira aplicação como fonte de alimentação de uma rede telefônica em Americus, na Geórgia. As primeiras utilizações de energia fotovoltaica resumiam-se a situações em que não estava disponível energia da rede, nomeadamente em locais remotos e, especialmente, fora da Terra, quer em satélites quer em sondas espaciais. De fato, embora inicialmente a NASA não estivesse muito convencida das vantagens da utilização de painéis solares aceitou, com alguma relutância, dotar o Vanguard I de um pequeno painel, seis células solares com uma área de apenas 1 dm2, para alimentar um transmissor backup de outro alimentado por uma pilha de mercúrio. O transmissor do satélite, lançado em março de 1958 e ainda em órbita, funcionou durante cerca de oito anos, mas aquele alimentado pelas células solares, a pilha “convencional” falhou
ao fim de vinte dias. Depois do fiasco salvo pelas baterias solares, que tiveram aqui a sua prova de fogo, o programa espacial norte-americano passou a usar células solares nos seus satélites, solução igualmente adotada pelo programa espacial soviético: o Sputnik-3, lançado cerca de dois meses depois do Vanguard I, estava igualmente dotado de um pequeno painel solar. Na década de sessenta, a investigação em células solares surge quase como um efeito colateral da guerra fria entre as duas grandes superpotências da época. Ou seja, foi a guerra ao espaço que promoveu um grande desenvolvimento das células solares, desenvolvimento que foi essencialmente dirigido a um aumento de eficiência e tinha poucas ou nenhumas preocupações econômicas. A situação alterou-se no início da década de setenta, quando Joseph Lindmeyer, que trabalhava para a Communications Satellite Corporation, inventou uma célula de silício cerca de 50% mais eficiente que qualquer outra. Embora a Comsat fosse a dona da patente, o sucesso desta célula convenceu Lindmeyer de que a energia solar estava pronta para o público em geral. Lindmeyer saiu da Comsat e com Peter Varadi fundou a Solarex em 1973. Aquela que foi uma das primeiras empresas a tentar vender aplicações “civis” da energia solar começou por produzir painéis fotovoltaicos para sistemas de telecomunicações remotos e bóias de navegação, o único tipo de aplicações terrestres que se pensava serem economicamente interessantes. Mas cerca de dois meses depois de fundada a Solarex, a conjuntura alterou-se drasticamente com o primeiro choque petrolífero e, subitamente, o mercado da energia solar conheceu uma expansão inesperada. Em 1980, a Solarex detinha metade de um pequeno, mas crescente mercado de células solares. A crise petrolífera de 1973 levou a outra corrida a programas de investigação em células solares, agora mais dirigidos para a redução dos custos de produção. Até aí os painéis solares eram baseados exclusivamente em células de silício monocristalino. Mas a fabricação das células solares tradicionais - as células de 1ª geração que, com exceção das células de
arsenieto de gálio, são ainda as mais eficientes disponíveis no mercado - feitas deste material, o mesmo utilizado para a fabricação dos chips de computador, exige salas limpas e tecnologia muito sofisticada, o que as torna demasiado caras. A investigação intensiva nesta área despoletada pela primeira crise petrolífera conduziu à descoberta de novos materiais, em particular o silício multicristalino ou mesmo silício amorfo, muito menos exigentes em termos de processo de fabrico, ou de métodos de produção de silício diretamente em fita o que permite eliminar os desperdícios (e esfarelamento) no corte de um grande cristal em bolachas. A deposição dos contatos elétricos por serigrafia, em vez das técnicas tradicionais de fotolitografia e deposição por evaporação de metais em vácuo, permitiu baixar ainda mais os preços de fabricação. Em março foi notícia a descoberta de um investigador do MIT, Emanuel Sachs, que anunciou ter conseguido aumentar a eficiência das células fotovoltaicas policristalinas, muito mais simples e baratas de fabricar. Com as inovações introduzidas pelo cientista, a eficiência destas células, 19.5%, aproximou-se da eficiência das células convencionais mas os custos de fabricação são muito mais baixos: em relação as células de silício monocristalino o custo por watt gerado das células policristalinas é 60% menor do que o valor atual de mercado. Para além dos Estados Unidos, outro país que tem investido muito em investigação nesta área tem sido a Alemanha que é já o maior mercado de células fotovoltaicas a nível mundial, deixando o Japão, outro país que tem investido massivamente na área, para trás. Ambos os países tem contribuído para tornar a energia solar competitiva, baixando os custos de produção através do desenvolvimento de novas técnicas de produção e criando uma procura que ajudou as indústrias a ultrapassarem a massa crítica no mercado de energia. As células de filme fino, embora com uma eficiência em laboratório inferior às células de primeira geração, frequentemente permitem melhores resultados em comparação com as células clássicas nas aplicações reais do dia-a-dia, devido
a perdas inferiores às temperaturas elevadas de funcionamento e a uma melhor eficiência em condições de baixa intensidade de luz. No entanto, o crescimento da fatia de mercado destas células tem sido limitado pela sua baixa disponibilidade no mercado. As células convencionais dominam por enquanto o mercado das fotovoltaicas e a falta de silício monocristalino tem limitado o crescimento do setor e aumentado muito o preço deste material e, consequentemente, dos painéis solares. O elevado preço (e o consumo de energia) associado à obtenção do silício utilizado nas células convencionais impede uma maior contribuição da energia fotovoltaica na produção de energia. Nestes painéis tradicionais, o calor associado à luz ativa os circuitos de silício, em um processo muito complexo. A tecnologia dos painéis de silício ganhou mercado na década de 1980. Apesar de cumprir a missão de transformar luz solar em energia, esta primeira geração de painéis solares não era versátil. Além de as placas serem volumosas, emitiam grandes quantidades de gases poluentes em sua fabricação. Infelizmente o painel solar fotovoltaico a base de silício ainda é muito utilizado pelo seu baixo valor no mercado atual, mesmo sabendo que sua fabricação é altamente prejudicial ao meio ambiente. Apesar de ser criada para durar por décadas, cerca de 30 anos, sua utilização não é aconselhável, pois leva 12 anos para compensar o meio ambiente dos poluentes emitidos no processo de fabricação e posteriormente no seu descarte o material não reintegra na natureza, deixando o problema do resíduo para gerações futuras, ou seja, estamos resolvendo momentaneamente um problema de geração de energia, mas causando num futuro próximo um possível e grande problema ambiental. A segunda geração que surgiu nos anos 1990, de cobre e gálio, não prosperou devido ao elevado valor dessas substâncias químicas. É uma outra alternativa inorgânica às células de silício. Desenvolvidas pela Nanosolar, que em 2008 dava conta das primeiras vendas para o público em geral das células fotovoltaicas. Esta empresa americana anunciou a produção comercial de células de
filme fino baseadas numa tinta de um semicondutor muito durável (segundo indicações da Nanosolar, poderá ser usado durante 25 anos). Este semicondutor inorgânico, designado CIGS (Cobre-Índio-Gálio-Selênio) apresenta vantagens em relação ao silício no processo de fabrico, no rendimento e custo de produção de painéis solares. Os painéis solares produzidos são revestidos com uma mistura homogênea de nanoparticulas dos vários componentes da tinta o que garante uma deposição uniforme na extensão de área que se desejar. O revestimento é posteriormente aquecido de forma a ser obtido um filme fino e contínuo, são constituídas de várias camadas finas. Os painéis assim produzidos apresentam uma PCE de 19,5% a um custo de apenas 13 cêntimos de dólar por cada Watt produzido (entre 1/10 a 1/5 do custo possível com as células inorgânicas convencionais). O processo de produção é rápido e possibilita um menor desperdício de material, já que se trata de uma tinta que pode ser distribuída por vários tipos de suporte com formas variadas. Como substrato usa-se geralmente vidro, porém as camadas podem ser depositadas em polímeros. Essa possibilidade de diversificar o substrato é uma das vantagens de uma célula CIGS em comparação às células de silício, pois não depende de uma estrutura para erguer os painéis e ela pode ser aderida em paredes e tetos, cortando custos de instalação e aumentando o apelo comercial da energia solar. Essa geração de painéis é mais leve de 11,8% a 18,8% mais eficiente que a primeira geração. O problema com estas células reside no fato de o índio ser um elemento muito pouco abundante na Terra e ser extensivamente usado em muitas outras aplicações. Isto é, o índio, o componente fulcral destas células, é um elemento muito raro e dispendioso e se o preço a que estas células fotovoltaicas conseguem produzir energia elétrica é muito atraente, a perspectiva de uma utilização massiva que esgotaria as nossas reservas de índio ensombra esta alternativa. A terceira geração surgiu no início dos anos 2000 com muitas vantagens em transformação da radiação solar em energia elétrica: os Painéis Fotovoltaicos Orgânicos (chamado de OPV - organic REVISTA 100% CAIPIRA | 11
PhotoVoltaic). Eles têm a espessura de uma cartolina e a flexibilidade do plástico. Nas placas delgadas de OPV, o revestimento feito de tinta orgânica reage quimicamente ao contato com a radiação solar, liberando os elétrons que formam a corrente elétrica. De fato, a facilidade de processamento de polímeros, quando comparada com a dos tradicionais semicondutores inorgânicos, apresenta como atrativo o desenvolvimento de técnicas de custo reduzido para aplicações que requerem semicondutores de hiato no visível. Dispositivos, circuitos e sistemas em plástico, de muito baixo custo. Uma vez que os semicondutores orgânicos podem ser concebidos de modo a ser solúveis em solventes comuns, podem ser usadas tecnologias de produção como impressão a jato de tinta (que podem ser impressos sobre qualquer material) ou estampagem. São impressoras rotativas de alta velocidade (como as usadas para imprimir os jornais), que podem imprimir milhares de circuitos ou dispositivos por metro quadrado que depois podem ser separados por processos automáticos. O uso de substratos flexíveis de plástico ou papel permite atingir custos extremamente baixos para certos tipos de circuitos como os que futuramente irão substituir o atual código de barras. A tecnologia lembra um rolo de filme-plástico do tamanho de um palmo e com cerca de 15 cm de altura; o plástico é transparente, mas tem pequenas faixas acinzentadas, nas quais estão impressos
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os polímeros orgânicos à base de carbono que compõem as células fotovoltaicas. A flexibilidade mecânica de materiais plásticos seria bem-vinda para integração arquitetônica, nomeadamente em superfícies curvas inacessíveis às tecnologias assentes nos materiais inorgânicos tradicionais é um dos maiores atrativos para esta nova tecnologia. Podem adotar qualquer forma, aptas a instalação em diversos lugares. As possibilidades de uso do novo painel solar de plástico são inúmeras, vai desde revestir prédios, aeroportos, estádios e capotas de carro até deixar milhares de pedaços de plástico boiando nas águas de usinas hidrelétricas. A CSEM Brasil divulgou em 02 de março de 2015 informações importantes referentes a pesquisa desta nova tecnologia, parte do texto extraído revelam que “pesquisas semelhantes com esse material estão sendo feitas na Alemanha e Japão, segundo o diretor-presidente do centro Tiago Maranhão. “Fazer esses painéis [maleáveis] não tem mistério. A questão é produzir em escala, com eficiência e custo competitivo. E isso está no processo industrial que cada um guarda a sete chaves”, diz Maranhão. Com uma equipe de 40 pessoas, entre eles cerca de 20 pós-doutores em áreas como engenharia, química e física, o CSEM Brasil é financiado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela gestora de investimentos FIR Capital, que tem uma história de apostas em negócios inovadores. Desde de 2006,
foram investidos R$ 70 milhões no laboratório. Os cientistas brasileiros e de outras doze nacionalidades, que trabalham em pesquisas em microssistemas cerâmicos e em eletrônica orgânica, chegaram a um produto que é uma faixa maleável, leve e transparente de plástico com 20 centímetros de largura. A partir de junho ou julho, uma empresa que surgiu dentro do centro de pesquisas, chamada Sunew, começa a produzir essas faixas com 50 centímetros de largura, o que facilitará a criação dos novos painéis em escala comercial, diz David Travesso Neto, da FIR Capital. Segundo Maranhão, um metro quadrado desses pedaços de plástico pode gerar entre 120 kilowatts e 150 kilowatts por hora, o que, segundo ele, é semelhante ao que se tem em painéis convencionais. Ele prefere não falar em termos de eficiência, um conceito mais difundido no setor que aponta o percentual de luz do sol que incide sobre a placa que é convertida em eletricidade. As placas OPV do CSEM, assim como outras de terceira geração ainda em pesquisa, têm desvantagens quando comparadas aos módulos convencionais: preço e durabilidade são duas delas. Maranhão não revela quanto cada placa superleve que o CSEM está produzindo custará. Mas diz que o preço de uma placa convencional ainda é muito mais baixo. Quanto à resistência, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) diz que um módulo de silício dura 25 anos, muito mais do que um de terceira geração, ainda não testado por tanto tempo. O diretor-executivo da entidade, Rodrigo Sauaia, diz, no entanto, que vê nas novas tecnologias de terceira geração uma mudança-chave para dar aplicações mais variadas à energia solar. Segundo ele, a tecnologia com silício representa hoje mais ou menos 85% da geração de energia fotovoltaica no mundo. Outras duas tecnologias, de segunda geração, que não usam silício ocupam quase todo o resto do mercado mundial. A terceira geração ainda fica com 1% a 2%, diz Sauaia. No Brasil, movido sobretudo à geração hidrelétrica e térmica, a energia a solar responde atualmente por uma fatia insignificante, de 0,01%, ou 15,2 MW de potência fiscalizada, segundo dados da Agência Nacional de Ener-
gia Elétrica (Aneel). César Bilibio, presidente da Medabil, empresa especializada em estruturas metálicas que se apresenta como líder no segmento em toda a América Latina, encontrou nas novas formas de produção de energia fotovoltaica uma oportunidade de negócio.” No entanto, é ainda comparativamente inferior o desempenho de dispositivos fotovoltaicos que utilizam um polímero conjugado para absorção de radiação, devido a um baixo rendimento de fotogeração, uma recombinação radiativa considerável e baixa mobilidade dos portadores de carga, isto é, estas placas dependem de maior área de aplicação e de exposição ao sol para gerar energia igual as placas fabricadas com silício, porém em dois meses compensam os poluentes emitidos em sua produção, além de serem recicláveis, construídas com material não tóxico, permitindo que o meio ambiente não sofra com sua produção em massa e não deixando para as gerações futuras problemas ambientais com seus descartes futuros. Em conversa com Daniel Castro que é um dos gestores do desenvolvimento de novos negócios da Sunew, que esclareceu diversas dúvidas, dentre elas o tempo de vida útil desses polímeros, Castro deixou claro que não existe uma previsão precisa, pois ainda estão em estudos, mas explicou que “existe uma expectativa de utilização destas placas expostas as intempéries de 10 anos de vida útil, porém esse prazo pode ser alterado dependendo de sua aplicação, como por exemplo aplicado entre vidros, desta forma seu tempo de vida útil torna-se igual ao tempo de vida do vidro”. Um painel de filme plástico de 2 X 2 metros seria suficiente para fazer funcionar uma lâmpada, uma TV e parte do consumo de uma geladeira, estimou o pesquisador. Quanto maior o tamanho do plástico, mais energia estará disponível. Resumidamente podemos listar como vantagens do painel solar de filme fino: a produção em massa é simples em comparação com a tecnologia cristalina, isto os torna potencialmente mais baratos de fabricar do que as células solares de base cristalinas; sua aparência homogênea é esteticamente bonita; pode
ser feito flexível, o que abre um leque de aplicações muito grande; e altas temperaturas e sombreamento de árvores e outras obstruções tem menos impacto sobre o desempenho do painel solar de filme fino. E suas desvantagens: painéis solares de filme fino não são, em geral, utilizados na maioria das instalações de sistemas fotovoltaicos residenciais, eles são baratos, mas eles também exigem uma grande quantidade de espaço; menos eficiência por m² significa que o seu custo com estrutura de instalação, mão-de-obra e cabeamento tende a aumentar; e painéis solares de filme fino tendem a degradar mais rapidamente do que os painéis solares mono e policristalinos, e é por isso que eles geralmente vêm com uma garantia mais curta. Diante de todas as informações fornecidas o que nos importa, além de não causar danos ambientais, é a sua aplicação no agronegócio que são diversas, por sua flexibilidade, podem ser aplicadas em estufas, telhado de galpões, postes
de iluminação, em bóias nos açudes para gerar energia em bombas d’água, nos tetos das máquinas agrícolas e caminhões, nos silos, entre tantas outras aplicações que a imaginação permitir, por sua flexibilidade, transparência e sustentabilidade. Esta é a inovação que pode ser o empurrão que faltava para a adesão maciça à energia solar.
Fonte: http://web.ist.utl.pt/palmira/solar.html http://web.ist.utl.pt/palmira/solar3.html http://rialez.blogspot.com.br/2015/03/painel-fotovoltaico-organico.html https://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A9lula_solar_ CIGS http://portaldaenergia.com/tipos-de-painel-fotovoltaico/ ht t p : / / w w w. e c o d es e nv olv im e n t o . o r g / p o s t s / 2 0 1 3 / f e v e r e i r o / em-vez-de-silicio-painel-de-energia-solar-utiliza?tag=energia http://www.fircapital.com/nova-placa-permite-geracao-solar-ate-em-carros-e-fachadas-de-predios/ http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia. php?artigo=brasil-entra-elite-mundial-eletronica-organica#.WCMcCSTIXIV http://www.portalsolar.com.br/tipos-de-painel-solar-fotovoltaico.html http://www.csembrasil.com.br
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GESTÃO
Embrapa
oferece
armazenamento
de
material genético de raças comerciais Mariante esteve em Corumbá participando do 1º Workshop de Recursos Genéticos de Equídeos Localmente Adaptados Em palestra realizada na noite de quinta-feira (20) no Sindicato Rural de Corumbá (MS), o pesquisador Arthur da Silva Mariante, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília-DF), anunciou que o BBGA (Banco Brasileiro de Germoplasma Animal) está apto a armazenar material genético não apenas de raças localmente adaptadas, afastando-as da iminência da extinção, como também de algumas raças comerciais, evitando o desaparecimento de linhagens formadoras. “A preocupação é que algumas dessas raças vêm desaparecendo em função da utilização maciça de um pequeno número de reprodutores”, explicou. Mariante esteve em Corumbá participando do 1º Workshop de Recursos Genéticos de Equídeos Localmente Adaptados. O evento ocorreu durante toda a semana, começando na fazenda Nhumirim, campo experimental da Embrapa Pantanal, continuando na quarta e quinta-feira durante o dia no auditório da 14 | REVISTA 100% CAIPIRA
Unidade e finalizando na noite de quinta no Sindicato Rural, onde produtores rurais puderam ter acesso a informações sobre a conservação de raças. Mariante descreveu casos de sucesso de conservação de raças localmente adaptadas que o programa da Embrapa vem acompanhando ao longo de seus 33 anos de implantação. O mais famoso é o do Bovino Caracu, que “apresenta a história de maior sucesso de recuperação de uma raça localmente adaptada brasileira, que hoje é utilizada como raça pura e em cruzamentos”. Mariante lembrou que o Instituto de Zootecnia de São Paulo foi pioneiro na conservação de recursos genéticos animais no Brasil. Na década de 1970, alguns animais da raça Caracu foram inscritos em uma prova de ganho de peso do instituto, que normalmente recebia apenas raças zebuínas. Surpreendentemente, touros Caracu venceram a prova. Hoje a população estimada supera 70 mil
cabeças no país. Outros casos apresentados pelo pesquisador se referiam ao Bovino Crioulo Lageano, ao Cavalo Pantaneiro, ao Bovino Curraleiro Pé-Duro e ao Ovino Crioulo Lanado. Mariante deixou claro que a organização de criadores em associações é imprescindível para que essas raças persistam. O banco de armazenamento da Embrapa conta hoje com 12 mil amostras de DNA e tecidos de espécies silvestres e domésticas. Muitas das informações estão disponíveis no sistema Alelo Animal, um software desenvolvido em parceria com os Estados Unidos e finalizado em 2014, mesmo ano em que começou a funcionar o novo prédio do banco genético da Embrapa. Lá estão armazenados material genético animal, vegetal e microbiano. Mariante disse ainda que produtores interessados em armazenar material genético de raças podem procurar a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecno-
Fonte: Embrapa Pantanal
logia. Não há custo de armazenamento, apenas de transporte do material. O controle de entrada e saída desse material é feito por meio de contratos. A palestra no Sindicato Rural foi aberta pelo presidente da entidade, Luciano Leite, e teve a participação do novo chefe geral da Embrapa Pantanal, Jorge Lara. Jorge aproveitou a oportunidade para dizer aos produtores que as portas da Unidade estão sempre abertas a eles. EQUÍDEOS LOCALMENTE ADAPTADOS Diversos especialistas em raças de equídeos localmente adaptadas estiveram no evento durante a semana. Eles falaram sobre a conservação das raças do cavalo Marajoara, do mini cavalo Puruca (ambos da ilha de Marajó), do cavalo Lavradeiro, do Baixadeiro, do Nordestino, do Campeiro, do Pantaneiro e do Jumento Brasileiro.
Também foi realizada uma palestra sobre Anemia Infecciosa Equina, abordando as iniciativas de educação sanitária e os custos do controle. O tema foi tratado pela pesquisadora Márcia Furlan, da Embrapa Pantanal. Este foi o primeiro evento realizado na Unidade para tratar exclusivamente de Equideos. O evento foi articulado pela pesquisadora Sandra Santos, que há anos pesquisa o Cavalos Pantaneiro e que atualmente coordena o Projeto Componente “Conservação in situ de Equideos”. Segundo ela, o workshop proporcionou uma grande oportunidade de troca de experiências entre pesquisadores, técnicos e criadores provenientes de diferentes regiões. “Notamos que muitos dos problemas eram similares, mas muitos eram especificos de cada região. O grupo mostrou um espírito de companheirismo, o que proporcionou várias possibilidades de estudos em parcerias”, disse Sandra.
A presença do criador de cavalo Pantaneiro, Paulo Moura, assim como dos pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Mariante e Maria Socorro Albuquerque, enriqueceram o evento pois eles puderam esclarecer várias dúvidas e também se prontificaram a auxiliar no processo de formação das associações de criadores das raças ainda em risco de extinção. O grupo reunido continuará a interação por meio de redes sociais e videoconferências, ferramentas que permitem a comunicação a distância. Da reunião foram definidos pontos forte e fracos, além de oportunidades e ameaças e prováveis estratégias/soluções para cada raça de equídeo representada no evento. Finalmente, , de acordo com Sandra, o grupo decidiu elaborar em conjunto um livro sobre os assuntos discutidos no workshop, pois há carência de informações sobre as raças de equídeos localmente adaptadas do Brasil. REVISTA 100% CAIPIRA | 15
ANÁLISE DE MERCADO
Fonte: Assessoria de Comunicação CNA
Valor Bruto da Produção do Setor Agropecuário deve fechar 2016 em R$ 542,2 bilhões Resultado é 1,23% inferior ao de 2015, por conta da estimativa de queda na safra de grãos
O
Valor Bruto da Produção (VBP) do setor agropecuário, que mede o faturamento da atividade “dentro da porteira”, deve fechar 2016 com queda de 1,23% em relação ao ano passado e totalizar R$ 542,2 bilhões, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Este resultado é reflexo principalmente da queda da safra de grãos e fibras, afetada tanto pela seca quanto pelo excesso de chuvas. A redução da produção impactou diretamente o VBP agrícola, que deve ter projeção de receita de R$ 340,4 bilhões nas 20 culturas analisadas, recuo de 1,9% na comparação com 2015, o que representa quase R$ 7 bilhões a 16| REVISTA 100% CAIPIRA
menos de faturamento. Já a estimativa para a pecuária neste ano deve ficar inalterada em relação ao ano passado e atingirá R$ 201,8 bilhões, com destaque para o crescimento da criação de frangos e produção de ovos. Responsável por 23,5% do faturamento do setor agropecuário, a soja terá sua estimativa de receita reduzida em 2,1% em relação a 2015, com total de R$ 126,9 bilhões, por conta do recuo de 1,3% nos preços estre ano. No caso do milho, apesar da queda de produção e produtividade, a valorização de 40,6% dos preços compensou o desempenho do grão e o VBP do cereal em 2016 deve fechar em R$ 50,8 bilhões, alta de 11,2% frente a 2015. Para o algodão, a projeção é de crescimento de 21,4% no VBP na com-
paração com o ano passado, somando R$ 4,1 bilhões. Apesar da queda de área, produção e produtividade, em decorrência do déficit hídrico, as cotações da pluma tiveram valorização de 47,2% em 2016. Na pecuária, a carne bovina, que responde por 18,8% do VBP, terá faturamento estável (-0,1%), de R$ 101,8 bilhões. As maiores quedas na pecuária ocorrerão nos suínos (4,2%) e na produção de leite (1,2%). A avicultura é o único setor da pecuária com estimativa de crescimento de receita. A produção de frango e de ovos devem ter altas de 1,7% e 4,6%, respectivamente. O desempenho é atribuído à expansão de oferta, uma vez que os preços recuaram 2,2% em 2016 na comparação com o ano passado.
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FEIJÃO
Produção artesanal do feijão guandu gera renda às famílias em Alagoas
Fonte: Secretaria de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Agrário de Alagoas
Pequenos produtores de Murici resgatam plantio do grão como cultura de subsistência O feijão guandu, tem se tornado uma fonte de alimento para as famílias de pequenos produtores rurais do assentamento dom Hélder Câmara, do município de Murici, e ainda para o consumo dos animais. A leguminosa, de crescimento com até três metros de altura, é cultivada sem agrotóxico e vem gerando renda. É o resgate do plantio do grão como cultura de subsistência. Maria Rita Rosa, produtora rural há 30 anos, explica que dos grãos do feijão guandu é feito o café que é consumido pela família, também pode ser utilizado como alimentação na forma de feijão verde, no molho e atende ainda os animais, como ração, tanto com os grãos como pelas folhas. “Em nossa casa ninguém toma outro tipo de café a não ser feito à base do feijão guandu. É delicioso e de boa qualidade”, garante dona Rita Rosa. Segundo ela, é uma tradição que passou de sua avó para sua mãe, e agora ela continua produzindo. 18| REVISTA 100% CAIPIRA
O produtor Geraldo Mota, esposo de dona Rita Rosa, afirma que a plantação do feijão tem ainda outros benefícios, a exemplo da proteção do solo, aduba a terra e ainda mantém o controle de pragas. “Esse cultivo é uma tradição no Sertão e a grande vantagem é a resistência ao clima, não precisa de muita irrigação e brota com facilidade”, garante. O casal, que vive há mais de 20 anos no assentamento no município de Murici, destaca ainda que o feijão guandu é uma cultura altamente resistente à estiagem e fonte de proteína o ano todo. “Com mesmo pé o feijão produz, em média, de quatro a cinco vezes”, afirma Geraldo Mota. Nas edições da Feira Orgânica, realizadas em Maceió, uma inciativa do Governo de Alagoas, por meio da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura (Seagri), os produtores rurais Geraldo e Rita Mota comercializam o feijão na forma de casca, seco, verde e descascado.
Na 16ª edição da Feira Orgânica, realizada no Pátio externo da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura (Seagri), o feijão guandu foi vendido ao público, e ainda teve degustação do café produzido pela agricultora Rita Rosa. “Agregamos valor nutricional e também financeiro com a produção do feijão guandu”, explica dona Rita. Segundo ela, tudo do feijão é aproveitado durante a colheita, e ainda distribui ração para galinhas, peixe, ovelhas e para o gado. Além do feijão, o casal de agricultores do assentamento de Murici também comercializa inhame, macaxeira, banana, laranja, além de bolos, beiju, pé de moleque, guloseimas, entre outros. A família sempre participa das feiras que são realizadas em Maceió no Campus da Ufal, no Tabuleiro do Martins, no pátio da Seagri, na Praça do Centenário, e no Mundo Verde, no bairro da Ponta Verde
MÁQUINAS AGRÍCOLAS
Fonte: CanaOnline
A partir de janeiro, motores de máquinas agrícolas terão de ser 80% menos poluentes Faltam pouco mais de dois meses Os fabricantes de máquinas agrícolas estão se adaptando para, a partir de janeiro do próximo ano, atenderem as normas do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Os novos motores poderão gerar uma redução de pelo menos 80% na emissão de poluentes. Para cumprir a determinação, fábricas deverão ter mais custos para ofertar ao mercado motores menos poluentes, o que deverá significar aumento de preços das máquinas para os produtores rurais. De modo geral, a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) calcula um aumento de 1,5 até 3% no custo
de produção. A mudança faz parte do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). O programa - chamado MAR-1 (Máquinas Agrícolas Rodoviárias - fase 1) - estabelece diretrizes, prazos e padrões legais de emissão pelos motores. Uma das normas que começam a valer a partir do próximo ano diz respeito ao motor eletrônico. Nenhuma máquina acima de 100 cavalos vai poder sair da fábrica sem esta tecnologia. Os clientes de cada fabricante devem acompanhar de perto as estratégias das empresas para o cum-
primento das normas e o quanto isso influenciará nos preços finais dos produtos. Uma possibilidade é negociar a aquisição de equipamentos que sejam produzidos antes de janeiro de 2017. Assim, o produtor poderá pegar ainda preços sem reajuste. No próximo ano, os fabricantes poderão ainda comercializar - com os preços antigos - as máquinas produzidas em 2016 e que sobraram em estoque. Posteriormente a este processo de adequação das máquinas acima de 100 cavalos, as normas do Proconve passarão a valer para os motores com até 100 cavalos. REVISTA 100% CAIPIRA | 19
AGROECOLOGIA
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ENERGIAS RENOVÁVEIS
EPE quer estudo para medir impacto da inserção das renováveis
A Empresa de Pesquisa Energética quer preparar um estudo para medir o impacto da penetração das fontes renováveis na matriz elétrica brasileira Fonte: CanalEnergia
O estudo que começaria a ser feito em 2017 vai responder quanto desse tipo de energia está no sistema hoje e qual seria o investimento necessário para acomodar maiores percentuais de energias renováveis. A intenção do estudo não é de agir como fator limitador de inserção das renováveis. “É um estudo para preparar a avenida para facilitação das renováveis”, explicou o presidente da EPE, Luiz Augusto Barroso, que participou nesta quarta-feira, 26 de outubro, de painel na Rio Oil & Gas, que está sendo realizada no Rio de Janeiro (RJ). Segundo Barroso, uma das conclusões do estudo pode ser a necessidade de mais recursos flexíveis, como usinas termelétricas. A geração de energia por UTEs entrou em evidência após serem acionadas devido o difícil regime hidrológico dos últimos anos, em especial no Nordeste. Porém ela enfrenta dificuldades na viabilização em leilões, dentre ou22| REVISTA 100% CAIPIRA
tros motivos por entraves no suprimento e nas condições de financiamento do projeto. Esse estudo é um desejo da EPE e já havia sido solicitado há dois anos pelo Banco Mundial através do projeto Meta. Confiante no “Gás para crescer”, consulta para diretrizes de gás natural que está sendo feita pelo Ministério de Minas e Energia, ele acredita que haverá uma consolidação de visão estratégica do governo sobre o insumo, discutindo com o mercado se conceitos e prazos estão adequados. Ele está abrindo discussões com os governos estaduais. “A palavra chave é conversar”, observa. Algumas das últimas termelétricas viabilizadas em leilões A-5 estão enfrentando dificuldades na sua implantação. A Bolognesi comercializou em 2014 as UTEs Rio Grande (RS - 1.200 MW) e Novo Tempo (PE - 1.200 MW), movidas a Gás GNL. A empresa tenta postergar o início da operação dos projetos. A Agên-
cia Nacional de Energia Elétrica já pediu explicações sobre o atraso das obras das usinas e o operador Nacional do Sistema Elétrico já retirou as usinas do planejamento da operação. Barroso quer aperfeiçoar os processos de habilitação nos certames e o monitoramento das obras, de modo que caso haja algum problema na implantação dos projetos, como está acontecendo com a Bolognesi, ele seja rapidamente identificado. O presidente da EPE ressalta que não há risco na inserção das fontes renováveis, mas que elas estão localizadas em lugares de difícil escoamento da energia produzida. O estudo serviria para dimensionar de modo adequado os investimentos necessários para essa inserção. Recentemente, nota técnica excluiu os projetos eólicos e solares da Bahia, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul do leilão de reserva por falta da margem de escoamento.
MERCADO FINANCEIRO
IPO nos EUA pode ser opção para JBS após BNDES vetar reorganização
Fonte: Reuters
Para os analistas do Itaú BBA, o principal gatilho para uma mudança de patamar para cima dos múltiplos da empresa se foi A JBS, maior processadora de carnes do mundo, está avaliando várias alternativas após o BNDES vetar a reorganização global da companhia, que devem ser apresentadas ao conselho de administração, afirmaram executivos do grupo nesta quarta-feira. De acordo com o presidente-executivo da JBS, Wesley Batista, uma eventual listagem de ações das operações norte-americanas da companhia está dentro de várias opções que o grupo brasileiro de alimentos poderá avaliar nos próximos meses. A gigante de alimentos anunciou pela manhã o cancelamento dos trabalhos de meses para uma reorganização que previa criar uma holding para agrupar seus negócios internacionais. A empresa afirmou que a suspensão do processo foi tomada depois que o braço de participações do BNDES (BNDESPar) se manifestou contra e exerceu direito de veto sobre a proposta. O BNDESPar detém 20,36 por cento das ações da JBS.
Questionado na teleconferência por analistas sobre os motivos que levaram o banco de fomento a vetar a transação, Batista afirmou que o “BNDES entendeu que a proposta de reorganização do jeito que foi apresentada não representava o melhor caminho para a JBS”. Em nota, o BNDES disse que a BNDESpar informou que vetou a operação porque não a considerou como a alternativa que melhor atende aos interesses da companhia e de seus acionistas. “A reorganização proposta, ao prever a transferência da propriedade de ativos que representam aproximadamente 85 por cento da geração do caixa operacional da JBS para uma companhia estrangeira, implicaria na desnacionalização da empresa e alteraria substancialmente os direitos e deveres conferidos a todos os acionistas, com repercussões de diversas naturezas, e submetendo-os a legislação e jurisdição estrangeiras”, disse o braço de participações do banco de fomento.
Mais cedo, analistas do Itaú BBA já tinham levantado essa explicação. “Nossa melhor hipótese neste momento é de que o BNDES pode ter sido contra a JBS se tornar uma companhia irlandesa/norte-americana após todo o apoio financeiro subsidiado que a companhia recebeu ao longo dos anos.” A BNDESpar disse ainda na nota que reitera seu total apoio à JBS e que permanece aberta para avaliar outras alternativas de reorganização societária que venham a ser apresentadas pela companhia. As ações da JBS fecharam em queda de 11,45 por cento, a 10,44 reais, atenuando as perdas durante o pregão após, na mínima, caírem mais de 20 por cento, recuo equivalente a uma perda de valor de mercado da ordem de 7 bilhões de reais. Desde o anúncio do plano de reorganização, em 11 de maio, os papéis da JBS haviam subido cerca de 35 por cento até a véspera. REVISTA 100% CAIPIRA | 23
PESQUISA
Aquaponia - Produção integrada de peixes e vegetais é tema de curso no Amapá A Embrapa Amapá realiza, no período de 25 a 28 de outubro, em Macapá, um curso de aquaponia - criação de peixes associada ao cultivo de vegetais – dirigido a extensionistas, produtores e técnicos que atuam Fonte: Embrapa nestas atividades São abordadas questões sobre os componentes do sistema aquaponia, experiências comerciais bem-sucedidas, cultivo integrado de camarão da Amazônia e alface em aquaponia, entre outros. Aquaponia é uma tecnologia que consiste na integração dos cultivos de peixes e vegetais sem uso de solos e utilizando a recirculação da água. A novidade despertou o interesse da tecnóloga em gestão ambiental, Josineide Barbosa Malheiros, responsável pelo projeto “Pesca sustentável na costa amazônica”, financiado pela Unesco e com abrangência em comunidades de Macapá (Bailique), Santana e Mazagão. “É uma iniciativa muito boa, porque ainda não desenvolvemos esse sistema e vejo como uma opção de produção sustentável para as famílias que atuam em piscicultura e hortaliças. Está sendo interessante conhecer melhor como funciona o sistema de aquaponia e suas vantagens, especialmente os benefícios da redução de tempo, esforço, custos e consumo de água”. O objetivo geral do curso é contribuir para aprimorar as noções sobre o sistema integrado de produção de mudas de hortaliças, manejo e montagem do sistema 24 | REVISTA 100% CAIPIRA
de aquaponia, qualidade de água e métodos de avaliação econômica. Coordenado pelo pesquisador Jô de Farias Lima, o evento também busca aprimorar o conhecimento técnico dos participantes sobre o histórico da aquaponia no mundo e no Brasil, princípios biológicos do sistema, aspectos gerais sobre nutrição vegetal, ambientes de criação dos peixes e manejo, importância da qualidade da água em sistemas de produção aquícola, entre vários outros temas com enfoques teórico e prático. Atuam como instrutores, além do coordenador do curso, os pesquisadores Marcos Tavares Dias, José Francisco Pereira, Jorge Federico Orellana Segovia e o analista Daniel Montagner (Embrapa Amapá) e o pesquisador Paulo Cesar Falanghe Carneiro, da Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju / Sergipe). Paulo Cesar Carneiro é agrônomo, tem mestrado em aquicultura e doutorado em zootecnia e desde 2014 tornou a aquaponia seu objeto de estudo na Embrapa. Responsável pela implantação do Laboratório de Pesquisa em Aquaponia (LAPAq) da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Paulo Carneiro diz que a grande vantagem da aquaponia é o fato de ser
um sistema fechado com aproveitamento integral da água, o que acarreta economia de até 90% em relação à agricultura convencional e acaba com o problema da eliminação de efluentes na natureza, que representa um sério risco ambiental. De acordo com publicação da Embrapa Tabuleiros Costeiros, o termo aquaponia é derivado da combinação das palavras “aquicultura” (produção de organismos aquáticos) e ‘hidroponia’ (produção de plantas sem solo). Ela é composta por um tanque no qual são produzidos os peixes. Alimentados por ração, eles liberam dejetos ricos em nutrientes que, por sua vez, bombeados para uma parte superior, nutrem os vegetais. As raízes, ao retirar os nutrientes, purificam a água que retorna por gravidade para o local onde são produzidos os peixes. Paulo Cesar Carneiro acredita que a aquaponia se tornará popular no Brasil a exemplo do que já acontece há mais de dez anos em vários países, embora ainda seja pouco conhecida por aqui. Ele acrescenta ainda que caso haja resistência em abater os peixes, o produtor pode criar peixes ornamentais.
Esquema ilustrativo para entender a aquaponia
Os peixes produzem a amônia, da qual um grupo de bactérias benéficas o transforma em nitrito. Outro grupo de bactérias benéficas transformam o nitrito em nitrato, o qual servirá de alimento para as plantas. Este é o ciclo aquático do nitrogênio ! REVISTA 100% CAIPIRA |25
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PRÊMIOS
A REVISTA 100% CAIPIRA FOI LAUREADA COM O PRÊMIO COMUNICAÇÃO E DESTAQUE 2016 NA ALESP NO DIA 26 DE OUTUBRO, PELA CATEGORIA JORNALISMO, PELO SEU EXCELENTE TRABALHO NO SETOR DO AGRONEGÓCIO E PELA SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A CULTURA CAIPIRA
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CANA DE AÇÚCAR
Seminário em São Paulo reúne os maiores produtores mundiais de açúcar para projetar o futuro do setor Evento é organizado por consultorias da Inglaterra e do Brasil está programado para o dia 7 de novembro e analisará um cenário marcado por declínio na produção e elevação de preços Entender melhor o que acontecerá com os preços, a produção e as transações mundiais de açúcar nos próximos três anos, assim como projetar os efeitos dessas transformações sobre os principais países produtores: Brasil, Tailândia, Índia, China e União Europeia. Essa será a principal pauta de discussões do Seminário Internacional do Açúcar 2016, agendado para o dia 7 de novembro, no Hotel Renaissance em São Paulo, e que reunirá as mais importantes lideranças mundiais na produção dessa commodity, que é uma das mais importantes das transações comerciais em todo o mundo. “Decidimos promover o evento agora para entender melhor quais serão as 30 | REVISTA 100% CAIPIRA
implicações nos próximos dois ou três anos do fato de a produção mundial ter sido inferior ao consumo nos últimos dois anos”, explica Martin Todd, diretor-gerente da LMC International, uma das maiores consultorias econômica e empresarial para o agronegócio do mundo, que, junto com a Canaplan, empresa brasileira especializada em consultoria para alavancar ganhos de produtividade no setor sucroenergético, organizam e promovem o evento. Para Todd, o declínio da produção registrado nos últimos dois anos teve como consequência óbvia uma elevação nos preços, o que tende a incentivar produtores de todo o mundo a expandir suas áreas plantadas de cana e tam-
bém de beterraba. “As implicações disso para os próximos anos dependerão de como reagirão alguns dos produtores do Brasil, China, UE, Índia e Tailândia”, diz Todd. Exatamente para ouvir dos representantes de cada um desses países o que eles estão pensando sobre o futuro desse mercado é que será promovido o encontro, em São Paulo. O diretor-gerente da LMC entende que não se deve esperar que o Brasil produza mais no próximo ano e que a expectativa é de que a expansão da safra brasileira seja limitada também nos próximos dois anos. “Isso significa que o impacto que o Brasil pode ter sobre o aumento da oferta de açúcar dependerá dos investimentos dos demais produ-
CAFÉ
Fonte: Assessoria de Imprensa da Abag
tores em suas capacidades”, diz Todd. Ele salienta, no entanto, que qualquer aumento na produção de açúcar vai provocar uma inevitável queda na produção de etanol, o que também afetará o abastecimento de combustível no mercado interno brasileiro. Por fim, o executivo observa ainda que, como a tendência mundial é de contínuo crescimento no consumo de açúcar, alguém terá de suprir essa demanda. “Quanto menos o mercado mundial puder contar com o fornecimento brasileiro, mais o mercado necessitará que outros produtores compensem essa falta”, diz. Como se nota, temas desafiadores para debate não faltarão no encontro em São Paulo, que é
o primeiro de uma série que os promotores pretendem organizar anualmente, tendo sempre o Brasil como sede. Para o evento do dia 7 de novembro, estão confirmadas as presenças de Amporn Kanjanakumnerd, diretor de operações Mitr Phol Sugar, da Tailândia; Thomas Kuhlman, diretor-gerente da Pfeifer & Langen, produtora alemã, que é líder na Europa; Ram Tyagarajan, presidente da Thiru Arooran Sugars, da Índia, e que foi presidente da Associação das Usinas de Açúcar da Índia por três mandatos; William Martin, presidente da National Farmers’ Union, do Reino Unido; Martin Todd, diretor-gerente da LMC International; Gareth Forber, diretor de pesquisa da LMC Internatio-
nal; e Mauricio Sacramento, diretor das operações brasileiras da COFCO, um dos maiores conglomerados agrícolas da China. Ao final dos quatro painéis que compõem o Seminário, haverá uma discussão que contará com as participações de: Fernando Antonio Barros Capa, da Clealco; Jacyr Costa, da Tereos; Luiz de Mendonça, da Odebrecht; Marcelo Andrade, da COFCO; Marcelo Campos Ometto, da Usina São Martinho; Martus Tavares, da Bunge; Pedro Mizutani, da Raizen, além de Luiz Carlos Corrêa Carvalho, da Canaplan, que será o moderador. Por fim, o evento será encerrado com as considerações finais de Martin Todd, da LMC International. REVISTA 100% CAIPIRA |31
CERTIFICAÇÃO
AGROINDÚSTRIA: Cachaça com indicação geográfica ganha regulamento
O Comitê Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou o regulamento de uso da indicação geográfica (IG) da cachaça, no último dia 27 de outubro O texto ainda vai ser publicado no Diário Oficial da União. Decreto - A IG da bebida foi criada por meio do Decreto Presidencial n° 4.062 de 2001. Ele estabelece que as expressões “cachaça”, “Brasil” e “cachaça do Brasil” somente sejam usadas pelos produtores estabelecidos no país. Mas até agora não havia regulamentação. Fiscalização - Pelo regulamento, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) terá 12 meses para fiscalizar os estabelecimentos que exportam a bebida (a contar da data de publicação no Diário Oficial Fonte: Mapa
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da União). Já para os que vendem o produto no mercado interno o prazo será de 24 meses. Valorização - “O reconhecimento da marca cachaça vai valorizar o produto nacional no mercado externo”, diz o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio (SRI) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Odilson Ribeiro e Silva. Negociações - O secretário diz que as negociações para que outros países reconheçam a bebida como tipicamente brasileira vão se intensificar a partir de agora. “Vamos debater
o assunto na próxima reunião com a União Europeia, no fim de novembro”, informou. O México já reconheceu a cachaça como produto brasileiro. Exportações - As exportações brasileiras de cachaça chegaram a US$ 13 milhões em 2015. Marco - O reconhecimento e a implementação da IG “cachaça” é um marco para o setor, que participou da elaboração do regulamento junto com o Mapa, com os ministérios da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e das Relações Exteriores e com o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
FRUTICULTURA
Fonte: Embrapa Uva e Vinho
Dias de campo apresentam uvas brasileiras para clima tropical Novas opções para mesa, suco e vinho trazem vantagens competitivas De 7 a 11 de novembro, a Embrapa irá fazer uma verdadeira maratona para apresentar as diferentes cultivares de uva para mesa, suco e vinho, desenvolvidas e lançadas recentemente pelo Programa de Melhoramento Genético da Videira, conduzido pela empresa de pesquisa, que estão tendo excelente desempenho no semiárido nordestino. Os dias de campo acontecerão em diferentes campos de produção na cidade de Petrolina (PE) e a cada dia será apre-
sentada uma variedade específica. Segundo a pesquisadora Patrícia Ritschel, coordenadora do Programa de Melhoramento Genético da videira da Embrapa Uva e Vinho, a ideia é divulgar as cultivares que vem mostrando um bom desempenho na região e, assim, estão ampliando a competitividade para os produtores na região. “A grande maioria das uvas que vamos apresentar são tolerantes às principais doenças da videira, em especial o míldio, o que
representa uma grande vantagem para produtores e consumidores, já que esta tolerância possibilita uma redução das aplicações de fungicidas” destaca Patrícia. “Além de conhecerem as cultivares no campo, os participantes assistirão a apresentações sobre o desempenho delas em clima tropical e poderão degustar as uvas, os sucos ou os vinhos elaborados. Vai ser uma excelente oportunidade para conhecer as novas oportunidades para a região”, antecipa o também coordenador do Programa de Melhoramento, pesquisador João Dimas Garcia Maia. O Programa de Melhoramento Genético de Videira da Embrapa Uva e Vinho é realizado há 39 anos e já lançou 18 novas cultivares de uva: 8 uvas de mesa, sendo 3 com sementes e 5 sem sementes, além de outras 7 cultivares para suco e 3 para elaboração de vinhos Os dias de campo são gratuitos. Inscrições e informações adicionais no e-mail: cpatsa.nco@embrapa.br. Cronograma: Segunda- feira: a partir das 14h, na Embrapa Semiárido, serão apresentadas as seleções 46 e 47, novas cultivares de uvas brancas para elaboração de vinho, que ainda estão em fase de validação. Terça-feira: a partir das 9h, no Lote do viticultor Jorge Deon, é dia de conhecer a ‘BRS Isis’, cultivar de uva vermelha, sem sementes e tolerante ao míldio. Quarta-feira: a partir das 9h, os participantes irão conhecer a ‘BRS Núbia’, cultivar de uva preta, com sementes, também tolerante ao míldio, em local a ser confirmado. Quinta-feira: a partir das 9h, também na Fazenda Timbaúba, o evento será dedicado para a ‘BRS Magna’, cultivar de uva para elaboração de suco, bastante tintureira, com sabor aframboesado e com alto conteúdo de açúcares. Sexta-feira: a partir das 9h, na Fazenda Fruithall, a ‘BRS Vitória’, cultivar de uva sem sementes, preta e tolerante ao míldio, será a grande atração. Ela vem se destacando e conquistando os consumidores pelo seu sabor diferenciado. REVISTA 100% CAIPIRA |33
Os verdadeiros guardiões das culturas sertanejas
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R
A REVISTA DE AGRONEGÓCIO QUE RESGUARDA A CULTURA CAIPIRA
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AGROINDÚSTRIA
Pesquisa desenvolve primeiro queijo probiótico de leite de cabra do Brasil A equipe da área de Transferência de Tecnologia realizou um levantamento de agroindústrias do Estado do Rio de Janeiro, que já trabalhasse com produtos derivados de leite de cabra Fonte: Embrapa Caprinos e Ovinos
Q
ueijo fabricado com leite de cabra do tipo boursin com microrganismos de efeito benéfico, chamados probióticos, chegará ao consumidor fluminense no próximo ano. Trata-se do primeiro produto desse tipo no País. Foram realizadas análises sensoriais do alimento com clientes de uma rede de supermercados que o aprovaram. O queijo foi desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) e da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE) que apostaram em produtos derivados de leite de cabra com probióticos cuja demanda tem sido crescente nos últimos anos. O queijo boursin é conhecido na França como um triplo-creme, de sabor sutil e consistência cremosa. O queijo probiótico de leite caprino é um produto de coagulação mista elaborado com coalho para queijo e bactérias do tipo Bifidobacterium animalis e Lactobacillus acidophilus. Por ser produzido com leite de cabra e não ser adicionado de creme, ele possui um percentual menor de gor36 | REVISTA 100% CAIPIRA
dura e lactose e níveis elevados de proteína e aminoácidos essenciais. O maior desafio tecnológico da equipe de pesquisa foi manter elevada a quantidade das bactérias pró-bióticas até o momento do consumo. “Os queijos são considerados bons veículos para bactérias pró-bióticas por apresentarem menor acidez e maior teor de proteínas, o que contribui para manter as bactérias adicionadas. Fizemos testes com os queijos caprinos, que indicaram a sobrevivência das bactérias benéficas à saúde nas concentrações preconizadas internacionalmente. O produto atende às exigências para produtos probióticos”, afirma a pesquisadora Karina Olbrich da Embrapa Agroindústria de Alimentos, que há mais de uma década se dedica ao desenvolvimento de produtos lácteos caprinos. Teste com consumidores A avaliação de aceitação do queijo cremoso do tipo boursin com probióticos foi realizada com duzentos consumidores em dois supermercados do Rio de
Janeiro. O produto foi bem aceito, recebendo uma nota média maior que sete em uma escala hedônica de nove pontos. Dentre as características sensoriais apreciadas, destacaram-se a cor branca, a textura macia e o gosto ligeiramente ácido. Já o odor e sabor característico de leite de cabra foram os aspectos menos desejados. “A falta de tradição de consumo de queijos caprinos no Brasil resulta em resistência dos potenciais consumidores ao sabor típico do produto. Vale pontuar que é justamente esse sabor diferenciado que é apreciado e valorizado pelos consumidores de países como França, Espanha e Portugal”, destaca a pesquisadora Rosires Deliza da Embrapa Agroindústria de Alimentos. Por ser uma opção mais saudável, o queijo probiótico agradou ao farmacêutico Antônio Machado Neto, que testou o novo queijo caprino: “a tecnologia da Embrapa agregada ao produto eleva a outro padrão de qualidade, e traz garantia de segurança para o consumidor”, declara. A advogada Patrícia Gardel afirma que, apesar de o produto não fazer parte da seu hábito alimentar, aprova o lança-
mento: “Esse queijo é mais leve, menos gorduroso e mais saudável. Consumo queijo várias vezes ao dia, mas nunca pensei em consumir queijo de leite de cabra. É mais uma opção de consumo, que eu levaria mesmo com um preço maior pelos potenciais benefícios à saúde”, expõe empolgada. Já o empresário João Daniel Dias considera que o queijo boursin de leite de cabra não é um alimento do dia a dia: “Eu consumiria se tivesse alguma questão de restrição alimentar, como alergia à lactose, por exemplo; porque o custo desse produto deve ser mais alto que os outros [similares] do mercado”, apontou. Primeiro queijo de cabra probiótico nacional A equipe da área de Transferência de Tecnologia realizou um levantamento de agroindústrias do Estado do Rio de Janeiro, que já trabalhasse com produtos derivados de leite de cabra. Foi, então, selecionado o Capril Rancho Grande da cidade de Nova Friburgo, região serrana do Rio de Janeiro, por apresentar as me-
lhores condições para a validação tecnológica industrial. “A vantagem da Capril Rancho Grande é que mantém um capril próprio e já fabrica produtos lácteos caprinos, como queijos e iogurtes. Eles estão preparados para atuar em um nicho de mercado com demanda crescente, e que sente pouco impacto da crise econômica”, avalia André Dutra, analista da área de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agroindústria de Alimentos, responsável pelo contrato de cooperação técnica entre as instituições. Há 20 anos no mercado, a Capril Rancho Grande possui linha extensa com mais de 20 produtos derivados de leite de cabra. “Observamos que a aceitação de produtos de leite caprino aumentou nos últimos anos, as pessoas hoje estão mais dispostas a prová-los”, conta a proprietária da empresa Patrícia Tiedman. A empresária iniciou o negócio no sítio da família para atender uma necessidade alimentar de sua filha, intolerante ao leite de vaca. Hoje, percebendo a formação de um polo de caprinocultura na região e a expansão da busca dos consumidores por alimentos saudáveis e funcionais, a empresa lança novos produtos todos os anos. Os mais recentes lançamentos são exatamente novos tipos de queijo de leite de cabra: molezon, chevrotin, meia cura e colonial. “O do tipo boursin desenvolvido pela Embrapa ficou muito saboroso e pouco ácido, apesar da adição das bactérias pró-bióticas. Será o nosso próximo lançamento, no ano que vem”, conta animada. Realmente um sinal de que a crise econômica passa longe desse mercado. Pesquisa com lácteos probióticos O queijo caprino boursin é somente um dos produtos derivados do leite de cabra com características pró-bióticas elaborados a partir de tecnologias da Embrapa. No portfólio da Empresa estão diferentes tipos de queijos e bebidas lácteas adicionadas de bactérias pró-bióticas. Entre eles estão o queijo Minas Frescal probiótico, queijo do tipo coalho adicionado de lactobacilos, leite caprino probiótico fermentado com suco de uva, e bebida láctea pró-biótica à base de pol-
pas de goiaba ou graviola. De acordo com o pesquisador Antônio Egito, da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE), o leite e os demais produtos lácteos têm impacto na saúde humana. “Além de o leite proporcionar benefícios fisiológicos, como o fornecimento de vitaminas, minerais e nutrientes essenciais, diversos outros benefícios, como a prevenção de infecções gastrointestinais e hipertensão, têm sido atribuídos à ingestão regular de derivados lácteos contendo microrganismos probióticos vivos. Deve-se salientar que esse efeito se restringe à promoção de saúde, não à cura de doenças”, explica o pesquisador. Uma nova perspectiva buscada pela Embrapa é identificar e testar bactérias nativas do leite caprino, para o desenvolvimento de novos queijos e outros produtos regionais. “A prospecção de novas bactérias pró-bióticas, de origem caprina, para uso na produção de queijos de leite de cabra, poderá apresentar a vantagem da adaptação natural das bactérias ao leite dessa espécie”, destaca Egito. De acordo com o pesquisador, essa perspectiva pode garantir, inclusive, redução de custos na fabricação de novos produtos, pois, atualmente, os fermentos existentes no mercado brasileiro são provenientes de cepas bacterianas isoladas no exterior e comercializados por multinacionais, sujeitos a taxas para importação e comercialização em território nacional. Segundo Egito, o uso desses fermentos importados chega a descaracterizar produtos como o queijo do tipo coalho. “Busca-se, no momento, uma tecnologia social, que incentive a produção de queijos regionais em queijarias artesanais e pequenas agroindústrias, principalmente para queijos tradicionais como o coalho”, ressalta ele. Na Embrapa Caprinos e Ovinos, a equipe de pesquisa da área de Ciência e Tecnologia de Alimentos, em parceria com outras Unidades, como a Embrapa Agroindústria de Alimentos e Embrapa Agroindústria Tropical (CE), já possui banco com exemplares de microrganismos para testes e uma futura aplicação em produtos. No caso das bactérias nativas, uma pesquisa em andamento avalia a viabilidade de espécies de lactobacilos para a produção de fermentos regionais. REVISTA 100% CAIPIRA |37
PRODUÇÃO VEGETAL
Fonte: Embrapa Mandioca e Fruticultura
Pesquisa e extensão rural transformam Itaberaba em maior produtor de abacaxi da Bahia
A cultura é predominante em pequenas propriedades, com áreas médias inferiores a três hectares, nas quais se emprega mão de obra familiar e, na maioria das vezes, sem financiamento. Parceria entre técnicos extensionistas e pesquisadores conseguiu alavancar a cadeia produtiva do abacaxi no Município de Itaberaba no Semiárido baiano a ponto de transformar a cidade no maior produtor estadual da fruta. Adubação correta, adensamento da plantação, controle de pragas e indução floral foram algumas práticas que fizeram a produtividade aumentar. Além disso, toda a cadeia foi organizada a fim de dar sustentabilidade à produção e até a palha do abacaxi foi aproveitada para alimentar o gado, ajudando o Município a reduzir as perdas na produção animal durante um período de seca. “Um achado”. Assim o engenheiro-agrônomo Alberto de Almeida Alves, da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão (Bahiater), resume a importância da abacaxicultura para o município localizado na entrada da Chapada Diamantina, distante 264 quilômetros de Salvador. O fruto é explorado há cerca de 40 anos na região — que tem condições ecológicas diferentes da maioria das regiões tradicionais de cultivo —, mas foi há menos de 20 anos que se firmou. O cultivo cresceu na mesma proporção que a produção declinou no Município de Coração de Maria, à época o maior produtor do estado com a maioria das plantações atacadas pela fusariose, principal doença 38 | REVISTA 100% CAIPIRA
da cultura, causada pelo fungo Fusarium guttiforme, também chamada de gomose ou resinose. Hoje, o abacaxi da variedade Pérola é o principal produto agrícola do município, ocupando 2,3 mil hectares de área plantada. Segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2014 a produção anual foi de 18,9 mil toneladas gerando cerca de seis mil empregos diretos e indiretos durante todo o ciclo da cultura e receita anual acima de R$ 30 milhões. O abacaxi produzido no município correspondeu por vários anos quase à metade do produzido em todo o estado e é destinado ao mercado interno de frutos in natura e o Estado de São Paulo é o maior comprador. O ponto alto da produção aconteceu em 2008, com uma produção de 86,4 milhões de frutos. A cultura é predominante em pequenas propriedades, com áreas médias inferiores a três hectares, nas quais se emprega mão de obra familiar e, na maioria das vezes, sem financiamento. “O abacaxi tem um papel social muito grande para Itaberaba e para a Bahia. Podemos dizer que temos aqui uma classe média rural de abacaxi e pelo menos 80% são agricultores familiares. Um dado interessante é que são muitos jovens por que o abacaxi precisa de muita tecnologia e o agricultor de mais
idade tem certa resistência”, pontua Alves. Primeiros plantios - Até os anos 1980, o município tinha tradição em pecuária de corte bovina extensiva e de caprinos e ovinos e passou um grave período de seca. “O abacaxi veio cobrir essa lacuna de queda de renda e número de mão de obra ocupada”, recorda. “Os primeiros plantios foram iniciados por agricultores da comunidade de Barro Branco, que queriam ampliar a área e fizeram contato com as antigas Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Bahia (Emater-BA) e Empresa de Pesquisa Agropecuária da Bahia (Epaba), que tinham dificuldade na compreensão da cultura e não prestavam o devido acompanhamento. Por isso, fizemos contato com a Embrapa”, continua Alves que também atuou como gerente de pesquisa da extinta Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA). Em 1995, após retornar do doutorado, o pesquisador Domingo Haroldo Reinhardt foi o responsável pela instalação de algumas quadras demonstrativas, com o apoio do técnico agrícola José Jorge, hoje aposentado. A equipe cresceu e incluiu os pesquisadores aposentados Getúlio Cunha, Luiz Francisco Souza, José Renato Cabral e Otávio Almeida, além de Aristóteles Matos e Nilton F. Sanches, ainda em atividade, e dos assistentes Benedito Con-
ceição e Antônio Pereira, também aposentado. “Na época, eram cerca de 50 hectares e 20 produtores em todo o município e se plantava abacaxi debaixo da sombra da mandioca, com manejo rudimentar. Predominavam a pecuária extensiva, típica do sertão, com baixa produtividade, e o cultivo da mandioca, que já recebia a atenção da equipe de pesquisa da Embrapa”, salienta Alves. Ao contrário dos produtores de Coração de Maria, os itaberabenses adotaram rapidamente algumas tecnologias fundamentais, como adensamento do plantio e amontoa [ato de retirar terra da entrelinha em direção aos abacaxizeiros, o que estimula o desenvolvimento de raízes nas plantas, arejando o solo e dando maior sustentação], e aprimoraram outras, como adubação, controle do mato e de pragas, indução floral e manejo da soca [exploração racional do segundo e do terceiro ciclos, prática que era característica na região]. “Logo depois, a cultura começou a crescer, dando retorno econômico muito significativo e bastante estável ao longo dos anos”, afirma Haroldo Reinhardt. Guerra contra a fusariose - Em 2008, a incidência da fusariose cresceu fortemente no município. “Como o abacaxi Pérola é suscetível à fusariose, foi um processo descontrolado, a cultura foi se expandido e a doença também. Na fase crítica, mobilizamos as instituições e conseguimos vários avanços”, relata Haroldo. “Naquela época não havia uma ação sistemática de fiscalização, mais efetiva. Fomos nos organizando, construindo essa fiscalização, e começamos a ver a necessidade de uma portaria sobre as mudas”, explica Thais Monteiro, fiscal estadual agropecuária da Adab. “Antes disso, já trabalhávamos as inspeções fitossanitárias. Fomos cadastrando os produtores, fazendo uma espécie de inquérito fitossanitário, e georreferenciando as áreas. Tanto que conseguimos chegar a um pequeno mapa das áreas com cultivo na região. Depois dessa fase, a organização do Grupo Gestor do Abacaxi nos facilitou a ação pra conter a disseminação da fusariose”, analisa. A portaria 286, de 23 de julho de 2008, criada com a colaboração da Embrapa e da EBDA estabelecia o índice limite de 5% de infestação na propriedade. “Acima disso não aprovaríamos a venda e o transporte de mudas. Fazíamos uma estimativa
da quantidade de mudas daquela área que era inspecionada, lançávamos no cadastro e passamos a acompanhar a comercialização. Isso foi importante. Nós ficávamos com esse estoque registrado. À proporção que o produtor comercializava, a gente dava baixa no estoque. Tinha validade a partir da data da inspeção. As mudas com o aval da Adab fornecem uma garantia. Felizmente, os produtores aceitaram bem e o processo foi muito tranquilo. Fomos até em assentamentos onde tinha cultivo, mobilizamos as associações, como ainda fazemos, fizemos as práticas em campo, mostrando os sintomas e aliamos ao uso correto dos agrotóxicos registrados para a cultura”. Os dados são lançados no Sistema de Integração Agropecuária (Siapec) e para transportar as mudas, é gerado um documento — a Permissão Interna de Trânsito de Vegetais (PITV) —, válido para todo o estado da Bahia. Uns 15 dias antes de colher os frutos e gerar as mudas, o produtor vai até o escritório da Adab buscar o fiscal para a inspeção do pomar. “Já tentamos usar mudas micropropagadas, mas elas vêm muito tenras e têm dificuldade de adaptação ao semiárido. O problema não é a quantidade de muda, mas o manejo. A muda que temos aqui é suficiente para a região”, assegura Alberto. A Embrapa já realizou experimentos com o BRS Imperial, resistente à fusariose, mas ele não se adaptou bem à região porque depende de irrigação. “É fundamental o trabalho de melhoramento genético da Embrapa ter continuidade para se conseguir obter uma variedade resistente que se adapte a Itaberaba”, completa. Agricultura familiar - Antônio de Santana Santos foi um dos primeiros produtores parceiros da Embrapa no município. “Eu aprendi a plantar abacaxi com a Embrapa. Um pessoal fez um trabalho de campo e eu ia como curioso. Comecei me entusiasmando e plantando. Antes do abacaxi a gente ficava ‘pendengando’, trabalhando fora. Eu tenho um trator que vivia trabalhando mais para terceiros do que para mim. Com o abacaxi não, ele fica mais na garagem; na minha necessidade, eu pego e faço o serviço”, explica. Para ele, a tecnologia mais importante indicada pelos pesquisadores foi o espaçamento. “A gente adotava dez mil pés por tarefa, hoje a gente coloca 15 mil, 17 mil.
A plantação estava muito espaçada. Adensado produz mais e a qualidade do fruto é maior porque evita a queima já que a palha do abacaxi serve de cobertura para o fruto. Pulverização, adubação, curva de nível, subsolação, um monte de coisa a gente aprendeu”. Outra técnica que ele destaca é a indução floral, que pode antecipar as épocas de floração e colheita do abacaxizeiro. “Melhora até para a cooperativa escalonar a produção, porque aí vai levar mais tempo colhendo e a gente não se aperta”, diz. “Eu tenho 20 anos nesse ramo e não sei plantar ainda, sempre tem uma novidade no ano seguinte. E as tecnologias ficam mudando todo dia, principalmente os fertilizantes e os produtos químicos e tem que fazer pesquisa. Não pode usar diretamente, tem que fazer uns trabalhos, uns experimentos, esperar os resultados, a gente demora dois, três plantios e pronto”, conclui Santana. Manoel da Cruz Santos, do povoado de Couro Seco, é um exemplo de agricultor familiar também adepto da indução floral. “A gente trabalha aqui com três pessoas, só que no tempo do plantio tem que contratar gente. São vizinhos, em média 20 pessoas, num período curto, de 60 dias. A gente aqui faz mais ou menos um intervalo de 15 dias de uma quadra para outra. Deve ter em torno de umas seis induções diferentes, em épocas diferentes para poder colher”, detalha. Filho de produtor, Manoel credita a sua permanência no município ao cultivo do abacaxi. “Meu pai trabalhava com mandioca, melancia, tinha uma casa de farinha, mas era só mesmo para sobreviver, porque é uma região muito quente. Se não fosse o abacaxi, talvez eu não estivesse nem em Itaberaba. Meus irmãos saíram daqui, foram para São Paulo, ficaram mais de 15 anos lá, mas depois que o abacaxi melhorou a situação aqui, voltaram”. Um dos irmãos a que ele se refere é Adriano Cruz Santos, que viveu em Araras (SP) de 1992 a 2008, trabalhando em marcenaria, multinacional de alimentos e empresa de ônibus. “O abacaxi mudou minha vida. É melhor do que quando eu estava lá, com certeza. Aqui, estou perto da minha família e dos amigos que eu tinha aqui. Outra cultura resistente como a do abacaxi, acho difícil. Ele agrega muita gente, muita família se sustenta através dele”, frisa. REVISTA 100% CAIPIRA | 39
FLORICULTURA
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FEIRAS E EVENTOS
Fonte: expoijuifenadi.com.br/noticias
A feira teve 142.572 visitantes e alcançou negócios aproximados a R$ 43 milhões Na manhã desta sexta-feira, 21, o presidente da ExpoIjuí 2016, Jalmar Martel, o presidente da Fenadi 2016, Nelson Casarin e o prefeito municipal, Fioravante Ballin receberam a imprensa local e membros das comissões de trabalho para apresentação dos números finais da ExpoIjuí/ Fenadi. O presidente da ExpoIjuí 2016, Jalmar Martel, afirmou que a feira fez um trabalho responsável, comprometido com o desenvolvimento de Ijuí. “Soubemos enfrentar as dificuldades do momento econômico e trabalhamos na valorização dos visitantes e expositores”. A feira teve 142.572 visitantes e alcançou negócios aproximados a R$ 43 milhões. “Isso representa uma pequena parcela de sucesso do evento, números positivos que demostram que a gestão colaborativa comprometeu-se com o resultado final”, disse Jalmar. A pesquisa de opinião “Tô na Expo. E aí?” realizada pela empresa Cogest Advice foi apresentada pelo coordenador Fabr´cio Barbosa. A 42 | REVISTA 100% CAIPIRA
pesquisa apontou o perfil dos visitantes e expositores da ExpoIjuí/Fenadi. O perfil aponta que a maioria dos visitantes é do sexo masculino, com idade até 39 anos e solteiros. Os visitantes são na maioria estudantes de ensino médio e graduação, empregados nos setores público e privado. Ganham até 4 salários mínimos e estavam dispostos a gastar mais de R$ 250,00 na feira. Afirmaram vir a feira todos os anos e tiveram até 3 vezes na feira neste ano. Os visitantes, na maioria, vem de carro próprio com amigos e familiares que não são filhos e cônjuges. Os visitantes percebem mudanças para melhor na feira e indicam o evento a outras pessoas. O perfil dos expositores apontou que eles investiram de R$ 5 a 15 mil e são na maioria empresas de Ijuí e região ligados ao setor de comércio. Para a maioria dos expositores a feira atendeu as expectativas. Eles vieram a feira para vender e prospectar mercado e possuem até 3 pessoas envolvidas com a feira (não contratam extra para a feira). A maioria informou que
trouxe inovações para a feira e que definem metas para a feira, mas não utilizam ferramentas de prospecção. Os expositores identificam a importância da feira para o município e auferiram nota acima de 7 para a ExpoIjuí deste ano. O presidente da Fenadi 2016, Nelson Casarin, fez uma avaliação positiva do evento. “As apresentações culturais das etnias e a Praça das Nações abrilhantaram nosso evento e agradaram nossos visitantes”. O prefeito municipal, Fioravante Ballin disse que a feira se consolidou e que a gestão compartilhada entre poder público e privado demonstra a união concreta e o sucesso do evento. “Precisamos preservar a dar continuidade às parcerias. Tivemos um evento de superação, inovação, sucesso e visão de futuro”, finalizou. “O maior legado do evento é a certeza de realização da próxima feira com data e preço dos estandes definidos. Boa parte dos expositores já efetuaram os contratos e reservas para a edição de 2017”, destacou Jalmar.
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ARTIGO
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FRIGORÍFICOS E ABATEDOUROS
Dificuldades extras para os exportadores de carnes do país
Fonte: Avisite
A exceção foi a carne suína, cujas vendas continuam impulsionadas pela demanda de Rússia, Hong Kong e China Em meio a preocupações com os impactos da depreciação do dólar sobre a rentabilidade das exportações, os frigoríficos brasileiros tiveram que lidar com dificuldades extras em alguns dos principais países importadores em outubro. Nesse contexto, os embarques de carne de frango e de carne bovina registraram queda no mês. A exceção foi a carne suína, cujas vendas continuam impulsionadas pela demanda de Rússia, Hong Kong e China. No caso da carne de frango, o Japão foi o principal responsável pela queda das vendas, segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra. Isso porque o país, terceiro maior importador do produto brasileiro, compraram mais que o habitual em setembro e formaram estoques. No total, os embarques nacionais somaram 314,7 mil toneladas em outubro, 4,5% menos que no mesmo mês de 2015, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela ABPA. Para se ter ideia do impacto do Japão, basta dizer que o país asiático redu46 | REVISTA 100% CAIPIRA
ziu as compras em 9,3 mil toneladas na comparação anual, quase 65% das 14,5 mil toneladas que deixaram de ser exportadas pelo Brasil. “O Japão importou muito em setembro e compensou em outubro”, observou Turra. Em relação a setembro, quando o Brasil exportou 47,7 mil toneladas ao mercado japonês, as vendas recuaram 51,1%, para 23,3 mil toneladas. Em outubro do ano passado, foram 32,6 mil toneladas. Além do desempenho mais fraco das vendas ao Japão, Turra também realçou a perda do ritmo de embarques para a China, segundo principal comprador da carne de frango brasileira. Ainda que na comparação com outubro de 2015 as exportações aos chineses tenham registrado crescimento de 48%, o embargo temporário imposto por Pequim a cinco abatedouros do Brasil teve reflexos negativos. A restrição, imposta em setembro, fez os embarques de outubro caírem 37% em relação ao mês anterior, para 30 mil toneladas. De acordo com Turra, as cinco unidades bloqueadas pelos chineses já enviaram os documentos necessários para reto-
mar as exportações. Se na carne de frango Japão e China afetaram o desempenho dos embarques, entre os frigoríficos de carne bovina o grande problema de outubro foi o Egito, que enfrenta um escassez de dólares. O país africano é um dos cinco maiores importares do produto brasileiro. As exportações para o Egito somaram apenas 6,4 mil toneladas em outubro, queda de 67% na comparação com setembro, segundo dados Secex. Na comparação com outubro do ano passado, quando as exportações a os egípcios somaram 16,8 mil toneladas, a redução chegou a 61,9%. Para destravar as vendas ao Egito, o segmento conta com o sucesso das tratativas entre o país africano e o Fundo Monetário Nacional (FMI), com o qual o Egito obteria um empréstimo de US$ 12 bilhões. Considerando todos os destinos, as exportações de carne bovina in natura do Brasil somaram 83,4 mil toneladas em outubro, uma queda de 23,1% na comparação com mesmo período do ano passado, sempre conforme dados da Secex.
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Quiche de queijo de cabra com espinafre INGREDIENTES
1 1/4 xícara de chá de farinha 1 colher de chá de sal 1 colher de sopa de açúcar 100g de manteiga gelada cortada em cubinhos 1/4 xícara de água gelada 1 maço de espinafre 2 colheres de sopa de azeite 1 dente de alho 100g de queijo de cabra 4 ovos 1 1/2 xícara de creme de leite fresco 1 pitada de noz-moscada ralada na hora sal pimenta do reino
PREPARO Para fazer a massa, em uma vasilha coloque todos os ingredientes secos e misture. Adicione a manteiga gelada cortada em cubinhos e, com as pontas dos dedos, aperte a manteiga e a farinha até formar uma farofa com pedacinhos de manteiga gelada Salpique a água gelada sobre a farofa e misture para conseguir unir toda a farofa em uma massa. A massa não fica muito úmida. Apertando com os dedos, espalhe a massa pelos lados e pelo fundo de uma forma de quiche. Leve a massa já na forma para a geladeira por no mínimo 30 minutos. A massa precisa estar gelada e descansada para ir ao forno, caso contrário ela “encolhe” quando assada. Enquanto a massa descansa, prepare o recheio. Separe as folhas do espinafre e lave bem. Descarte os talos. Em uma frigideira fria, coloque o azeite e o alho picado. Ligue o fogo e aqueça até o alho começar a liberar o aroma. Adicione as folhas de espinafre e mexa por 2 ou 3 minutos, até murcharem. Retire do fogo e coloque o espinafre sobre uma peneira e aperte bem para retirar o excesso de água. Em uma vasilha misture os ovos, o creme de leite, sal, pimenta e noz-moscada. Reserve. Retire a massa da geladeira. Sobre a massa, espalhe pedaços do queijo de cabra e o espinafre. Por cima, coloque o creme de ovos. Leve ao forno pré-aquecido e asse por mais ou menos 55 minutos, até o meio da torta estar com a consistência parecida com um pudim. REVISTA 100% CAIPIRA | 49
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