Edição 54 100 por cento dezembro 2017

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www.revista100porcentocaipira.com.br Brasil, dezembro de 2017 - Ano 5 - Nº 54 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

ÁGUA NA AGRICULTURA: COM PLANEJAMENTO E GESTÃO NÃO HÁ CRISE HÍDRICA

A crise de água não é consequência apenas de fatores climáticos; é também um problema de gestão e planejamento REVISTA 100% CAIPIRA |


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Arroz:

Arroz pode registrar quebra de safra significativa

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Fruticultura:

Cultura do açúcar é substituída pela banana em Barbalha

Processamento: Agronegócio se beneficia com a aplicação de geossintéticos Turismo rural: Rota de Turismo Rural de Quilombo apresenta resultados expressivos

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Artigo: Água na agricultura: com planejamento e gestão não há crise hídrica


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Avicultura:

Potência do frango, Brasil recusa papel de nanico no mercado de ovos

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Gestão: Entendendo o RenovaBio

Cultura caipira:

ABAS inicia 2018 com nova presidência

Gestão:

Produtoras de Pratápolis inovam e aumentam venda de queijos Receitas Caipiras: Joelho de porco assado REVISTA 100% CAIPIRA |

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CLIMA

Arroz pode registrar quebra de safra significativa

Brasil, dezembro de 2017 Ano 5 - Nº 54 Distribuição Gratuita

EXPEDIENTE Revista 100% CAIPIRA®

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Fonte: Climatempo

As linhas de instabilidade estarão ganhando força ao longo do dia e desta forma, há previsão para novas pancadas de chuva em grande parte das Regiões Sudeste, Centro-Oeste, Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia As linhas de instabilidade estarão ganhando força ao longo do dia e desta forma, há previsão para novas pancadas de chuva em grande parte das Regiões Sudeste, Centro-Oeste, Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Essas chuvas, apesar de ocorrem na forma de pancadas irregulares, a frequência delas estão mantendo os solos com níveis bastante razoáveis de umidade, dando plenas condições tanto ao plantio da soja, quanto ao desenvolvimento das lavouras que já foram semeadas e que estão em fase de desenvolvimento. Nesta safra 2017/18, o plantio da soja vem ocorrendo muito tarde, porém, com uma velocidade surpreendente. E é bem provável, que muitas regiões que estavam com o plantio bastante atrasado tanto em relação ao mesmo período do ano passado quanto à média histórica, possa vir aproximar-se das médias durante a semana. 6 | REVISTA 100% CAIPIRA

Outro fato que está chamando a atenção é que apesar da boa frequência de chuva que vem ocorrendo nos últimos 15 dias em todo o centro-norte do país, ainda se observa uma chuva irregular. Existem microrregiões que estão com níveis muito baixos de umidade do solo e ocasiona preocupação por parte dos produtores e perdas nos potenciais produtivos das lavouras, em especial a soja. No Sul, a boa frequência de chuva que vem ocorrendo desde o início de outubro possibilitou excelentes condições ao desenvolvimento das lavouras, sejam elas de soja quanto de milho. Somente na metade sul do Rio Grande do Sul, áreas produtoras de arroz, que ainda estão bastante comprometidas, já que as chuvas frequentes não estão permitindo que o plantio seja finalizado. Com isso, espera-se uma quebra bastante significativa na produção de arroz neste ano do Brasil.

Diretor geral: Sérgio Strini Reis - sergio@ revista100porcentocaipira.com.br Editor-chefe: Eduardo Strini imprensa@ revista100porcentocaipira.com.br Diretor de criação e arte: Eduardo Reis Eduardo Reis eduardo@ revista100porcentocaipira.com.br (11) 9 6209-7741 Conselho editorial: Adriana Oliveira dos Reis, João Carlos dos Santos, Paulo César Rodrigues e Nilthon Fernandes Publicidade: Agência Banana Fotografias: Eduardo Reis, Sérgio Reis, Google imagens, iStockphoto e Shutterstock Departamento comercial: Rua das Vertentes, 450 – Vila Constança – São Paulo - SP Tel.: (11) 98178-5512 Rede social: facebook.com/ revista100porcentocaipira A revista 100% Caipira é uma marca registrada com direitos exclusivos de quem a publica e seu registro encontra-se na revista do INPI Nº 2.212, de 28 de maio de 2013, inscrita com o processo nº 905744322 e pode ser consultado no site: http://formulario. inpi.gov.br/MarcaPatente/ jsp/servimg/validamagic. jsp?BasePesquisa=Marcas. Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião desta revista, sendo eles, portanto, de inteira responsabilidade de quem os subscrevem.


PESQUISA

Epagri desenvolve tecnologia para produzir alho em regiões quentes P ela prime ira vez a Ep a g ri colheu a lh o no lito ra l cat ar ine n se O feito só foi possível graças à vernalização, uma tecnologia que submete a semente da planta ao frio artificial para que ela possa produzir bulbo quando lançada no solo. Quando não são submetidas ao frio necessário, as plantas vegetam normalmente, mas não formam o bulbo, ou “cabeça”. O experimento está sendo conduzido no Centro de Treinamento da Epagri em Tubarão e apresenta resultados promissores. O alho é uma cultura de alto valor agregado e pode se tornar uma boa alternativa de renda para os agricultores do Litoral Sul, já que é plantado a partir de junho e colhido até novembro, período em que a maioria dos cultivos da região, inclusive o fumo, estão paralisados. “Provavelmente esse será a primeiro alho nobre produzido no litoral de Santa Catarina”, afirma Gilmar Carlos Michelon Dalla Maria, gerente da Epagri em Curitibanos e um dos responsáveis pela condução dos estudos em Tubarão. A região de Curitibanos, no Planalto Serrano, é tradicional produtora de alho no Estado, graças ao frio. Para viabilizar a produção de alho em Tubarão, dois lotes de sementes fo-

Fonte: EPAGRI

ram armazenados em câmeras frias, a temperaturas que variavam entre 2° e 5°, por períodos distintos: 45 e 50 dias. Nos dois períodos de vernalização testados os resultados foram positivos. “Todas as plantas apresentaram a formação do bulbo, como se tivessem sido plantadas numa região fria”, informa Gilmar. Na safra que vem a Epagri vai testar outros níveis de fornecimento de frio. Ainda será preciso fazer alguns ajustes técnicos, com o objetivo de aumentar a produtividade. Gilmar espera que, dentro de dois anos, a tecnologia esteja pronta para ser disponibilizada ao agricultor. Também será preciso treinar os técnicos da Epagri no Litoral Sul para que eles possam capacitar o agricultor local para esse cultivo, que é inédito nas regiões quentes do Estado. A Epagri também está conduzindo experimentos de vernalização de sementes de alho no Alto Vale do Itajaí, em Chapecó e São Miguel do Oeste, com resultados semelhantes aos alcançados em Tubarão, especialmente no Extremo Oeste. Gilmar prevê que no futuro essa se torne uma “alternativa de renda excepcional” para o

agricultor familiar catarinense. Isso porque um dos maiores custos com a produção se concentra na mão de obra, mas como as propriedades do Estado costumam ser conduzidas exclusivamente pelos próprios membros da família, esse investimento não será necessário. Além do frio, o cultivo de alho exige basicamente correção do solo e irrigação por aspersão ou gotejamento, investimentos bastante viáveis para a realidade da agricultura familiar catarinense. A vernalização poderá ser feita em espaços alugados em câmeras frias que já existam nos municípios, dispensando a compra deste equipamento pelo produtor rural. Sem grandes investimentos necessários e com alto valor agregado, a vernalização pode ser a melhor solução para ocupar terras ociosas nas propriedades rurais catarinenses no inverno, já que a maiorias das outras produções se concentra nos meses mais quentes do ano. O mercado é promissor: atualmente o Brasil consome 300 mil toneladas do produto por ano e entre 70% a 80% desse total é importado. REVISTA 100% CAIPIRA |

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ARTIGO

Água na agricultura e gestão não h

A crise de água não é consequênc também um problema de 8 | REVISTA 100% CAIPIRA


a: com planejamento há crise hídrica

cia apenas de fatores climáticos; é e gestão e planejamento

Por: Lineu Neiva Rodrigues REVISTA 100% CAIPIRA |

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É

difícil para a sociedade compreender por que o Brasil, um país privilegiado em termos de recursos hídricos, tem enfrentado falta de água em várias regiões. Ao mesmo tempo, também é difícil para a sociedade entender que produzir alimento demanda água. Na verdade, a água é de grande importância para todos os setores da sociedade e atender a todos os usos e usuários requer um intenso trabalho de planejamento e gestão dos recursos hídricos. A crise de água não é consequência apenas de fatores climáticos; é também um problema de gestão e planejamento. É importante aprender com os erros do passado e aproveitar o momento Embrapa Cerrados

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para planejar um futuro melhor, que consiste necessariamente em tratar a água como um bem estratégico para País. Nesse contexto, é preciso integrar a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) com as demais políticas públicas. É fundamental definir as prioridades de uso da água, levando-se em consideração as necessidades básicas do País e as especificidades de cada região. Apesar de ser um recurso natural renovável, a água é limitada e a sua quantidade é variável de região para região. À medida que a economia de um país cresce e que melhora a distribuição de renda da população, a tendência é que a demanda por esse recurso aumente. Como a oferta de água é variável, para evitar conflitos e problemas hídricos é importan-

te planejar e fazer a gestão desse recurso. Isto é, compatibilizar a oferta com as demandas de modo a não faltar água para ninguém. As demandas por água são múltiplas e vêm de diversos setores da sociedade, todos eles importantes. A lei 9.433/97, no seu capítulo I, diz que: “em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais”. Deve-se, entretanto, caracterizar o que é consumo humano e definir um valor-base para o consumo per capta para evitar os desperdícios desnecessários. Definir valores de uso de referência para os setores consiste em estabelecer métricas, que devem estar muito claras para a sociedade, para que os conflitos


sejam minimizados Em situação de escassez hídrica, em que a disponibilidade de água é limitada e geralmente insuficiente, os usos (urbano, rural, animal, irrigação, industrial ou elétrico) devem ser muito bem quantificados e equacionados. A essas demandas setoriais, é preciso ainda acrescentar a demanda ecológica. Ou seja, é preciso manter no rio uma quantidade de água mínima capaz de manter as funções oferecidas pela água, garantindo as condições mínimas de manutenção de ecossistemas aquáticos. A gestão dos recursos hídricos deve ser feita considerando-se a bacia hidrográfica como unidade territorial de referência. A bacia hidrográfica é uma área onde toda precipitação recebida escoa para um rio principal ou seus afluentes. Ela pode ter diferentes formas e tamanhos. Em síntese, todos nós vivemos em uma bacia hidrográfica. O Brasil está dividido em 12

regiões hidrográficas e milhares de pequenas bacias. A bacia do rio São Francisco, por exemplo, drena uma área de aproximadamente 641.000 km². O São Francisco é o rio principal, classificado como de primeira ordem. Ele tem vários afluentes diretos, como o rio Paracatu, que por sua vez tem vários afluentes. Não se deve deixar de fazer também a gestão dos recursos hídricos nos rios de maior ordem, que formam as microbacias. É nessas bacias onde é realmente possível constatar os conflitos ou problemas de disponibilidade hídrica. Os estudos indicam que cerca de 70% da superfície terrestre é coberta com água*¹. Estima-se que o volume de água existente na terra seja em torno de 1.386.000.000 km³. Essa quantidade de água é praticamente constante. Ou seja, em escala global, a quantidade de água não é variável com o tempo. É muito difícil imaginar o que são

1.386.000.000 km³ de água. Para tentar exemplificar, imagine que se toda essa água fosse colocada em um campo de futebol, que tem um hectare de área, seria formada uma coluna de água com uma altura de 138.600.000.000 km*². Infelizmente, nem toda essa água está prontamente disponível para uso. Os oceanos concentram 97,5% da água existente no planeta. Da porção referente à água doce – os 2,5% restantes –, 76,8% estão nas calotas polares e geleiras, 22,7% são água subterrânea e o 0,5% restante vem de outras fontes, incluindo 3,5% dos rios. Se a quantidade de água na terra é constante, por que há conflitos? Na verdade, a quantidade é constante em escala global, mas localmente é muito variável. A água existente na Terra está sempre em movimento. A maior parte se movimenta muito lentamente, mas a porção que está mais disponível para o nosREVISTA 100% CAIPIRA | 11


so uso, as águas superficiais, tem variações significativas em períodos de tempo curtos – dias, semanas ou meses. Essa água é dependente das chuvas. Assim, em certo ano, em um determinado local, a quantidade de água pode ser suficiente para atender a todas as demandas e no ano seguinte ser insuficiente. Outro aspecto importante é que as demandas são crescentes. Os conflitos surgem sempre que a demanda for maior que a oferta, a gestão não for adequada e as prioridades não estiverem bem definidas. Para compreender a dinâmica da água, é muito mais interessante analisar o seu comportamento nos seus diferentes compartimentos (solo, atmosfera etc.), pois dessa forma é possível incluir o ciclo hidrológico na aná-

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lise, trazendo uma visão de renovação da água e não de aumento da sua quantidade. A vazão média anual de todos os rios do mundo é da ordem de 40.000 a 50.000 km³/ano. No Brasil, os recursos hídricos de superfície correspondem a uma vazão média da ordem de 5.676 m³/ano, ou cerca de 12% do total mundial, podendo chegar a mais de 16% se as vazões dos rios provenientes de países vizinhos forem contabilizadas. Em geral, esses números levam a uma análise simplista de que o Brasil é um país privilegiado em termos de disponibilidade hídrica. Essa afirmativa, entretanto, é relativa, pois depende da região analisada. A distribuição geográfica desses recursos é bastante irregular. A região Norte,

com 8,3% da população, dispõe de 78% da água do País, enquanto o Nordeste, com 27,8% da população, conta com apenas 3,3%. Apesar da grande reser va de água doce do Brasil, a retirada total de água no País equivalia, em 2010, a apenas 0,9% do total disponível. Porém, não se deve avaliar essa informação de forma isolada. Ela deve ser contextualizada, levando-se em consideração a região e a relação oferta/ demanda. Para que a gestão da água não se torne gestão de conflitos, é importante utilizar os conhecimentos técnicos e científicos para subsidiar os tomadores de decisão. Nesse contexto, o monitoramento é fundamental, pois não se pode gerenciar aquilo que não se conhece.


É fato que a agricultura é fortemente dependente de água. Mas também é fato que ela não pode ser responsabilizada pela crise hídrica. Quando se refere ao uso da água, é fundamental diferenciar a agricultura de sequeiro da agricultura irrigada. Dos 75,9 milhões de hectares plantados no País (excluindo pastagem), apenas 6 milhões são irrigados – cerca de 8% do total. A agricultura de sequeiro depende apenas da água da chuva. Ou seja, hidrologicamente, ela apresenta um comportamento similar ao de qualquer vegetação nativa e não interfere na redução da disponibilidade hídrica. Contabilizando-se todas as outorgas, ou seja, todas as vazões retiradas para os diferentes usos, 54% do total se destinam à produção de alimento, na qual a irrigação é utilizada como instrumento de aplicação de água. Esse número, apresentado na forma de porcentagem, parece grande, mas em valor absoluto, comparado com a vazão média natural de

longo período*³, é muito pequeno, representando apenas 0,47%. Para fins de gestão dos recursos hídricos, entretanto, o valor é importante e deve ser contabilizado. Além disso, são poucos os locais onde a agricultura compete diretamente com o setor urbano pelo uso da água. E onde isso ocorre, na maior parte das vezes, as demandas coexistem de forma harmônica. O desafio atual da agricultura irrigada é garantir um suprimento adequado e regular de alimentos para a sociedade com o menor consumo de água possível. A alocação de água para fins agrícolas gera benefícios sociais, econômicos e ambientais que não são apropriados somente por um usuário, mas por toda a sociedade. De toda a área agricultável existente no País, 25,2% ainda não foi utilizada. Isto é, existem alguns milhões de hectares de solos aptos para expansão e desenvolvimento anual de agricultura em bases sustentáveis. De toda

a área plantada e de pastagem, a agricultura irrigada ocupa uma parcela insignificante, representando apenas 2,5% desse total. E o uso da água é ainda mais insignificante. O fato é que utilizamos muito pouco dos nossos recursos hídricos. Mas é preciso criar mais valor e bem-estar com os recursos disponíveis. Isso não significa, é claro, incentivar a cultura do desperdício. É importante definir as prioridades de uso da água nas bacias e lançar um olhar mais atento para aquelas que já enfrentam problema de disponibilidade de água. A gestão dos recursos hídricos é fundamental para que os demais setores tenham segurança hídrica. Embora a situação hídrica seja confortável na maior parte do País, é importante não perder de vista a eficiência de uso da água nas diversas atividades. Com planejamento e gestão dos recursos hídricos, não haverá crise hídrica. *1 – De acordo com estudos recentes publicados na revista Science, de 30 a 50% da água existente na terra tem mais de 4,5 bilhões de anos. Ou seja, é mais antiga do que a terra e do que o próprio sistema solar. O restante da água veio de cometas e asteroides que se colidiram com a Terra. *2 – Essa altura equivale a 924 vezes a distância da Terra ao sol. A luz gastaria 5,4 dias para percorrer essa distância. Esses números são muito grandes e difíceis de imaginar. Infelizmente, apenas uma parte dessa água está facilmente disponível para uso. *3 – Vazão natural: É aquela vazão que ocorreria na bacia hidrográfica se não houvesse qualquer interferência humana. REVISTA 100% CAIPIRA |13


AGRICULTURA FAMILIAR

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GESTÃO

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FRUTICULTURA

Cultura do açúcar é substituída pela banana em Barbalha

O “cheiro de mel que o vento traz”, como canta Alcymar Monteiro em “Verdes Canaviais”, diminuiu na última década Fonte: Diário do Nordeste

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Apenas cinco engenhos mantêm a produção de cana-de-açúcar neste Município do Cariri cearense. Dois fabricando apenas rapadura, e três que, além do doce, fazem a cachaça, batida e alfenim. Todos trabalhando somente por encomenda. A tradição da cana-de-açúcar diminuiu muito em Barbalha, que, até a década de 1960, possuiu cerca de 100 engenhos. Mas este grande número vem desde o período colonial, quando iniciou a produção no Cariri motivada pela quantidade de água encontrada nas fontes da região. Por meio de valas, ela deslizava em direção aos canaviais, molhando as áreas de baixio. Este sistema também era utilizado na policultura, produzindo arroz, milho e mamona. s primeiros engenhos instalados na região eram de madeira e dominaram o setor até o século XVIII, quando foram substituídos pelos engenhos de ferro, movidos por força hidráulica ou animal. Pela dependência da propriedade dispor de água, a moenda movimentada por bovinos ganhou mais difusão no Cariri. Entre 2002 e 2012, 13 engenhos fecharam as portas em Barbalha. A maioria era herança de pai ou avô, produtor de rapadura. Todos com mais de 10 anos de funcionamento. É o caso Jorge Garcia, que cuidou do engenho de seu avô, José de Sá Barreto Garcia, depois que ele faleceu, seguindo os costumes da família e fabricando o produto no Sítio Bulandeira. Porém, em 2011, ele largou a cana-de-açúcar. “Fui um dos maiores produtores de rapadura de Barbalha. Larguei porque o comércio diminuiu muito. Também tinha uma perseguição muito grande dessas leis, sem nós termos condições de pagar as custas que o Governo exigia. O pessoal diminuiu muito o consumo de rapadura. Na época do algodão, saía muito, porque tinha muito operário comendo”, lembra. A economista Denize Paixão, que pesquisou a produção na primeira década de 2000, acredita que a decadência dos engenhos está associada, principalmente, à dificuldade de comercialização, baixa lucratividade, evasão de mão de obra, falta de recursos, além das exigências do Ministério do Trabalho de regularização do pessoal ocupado, melhoramento nas unidades produtivas, de condições de

trabalho e higiene do produto. Hoje, os cinco engenhos, quase que vizinhos, localizados na entrada da cidade, só funcionam dois dias na semana. A maior parte do movimento acontece na época das romarias, na cidade vizinha, Juazeiro do Norte. Muitos visitantes vão até as fábricas de rapadura e compram, inclusive cachaças e doces fabricados de outras cidades. A estrutura do engenho de cana-de-açúcar se mantém, apesar do equipamento ter se deteriorado com o tempo, como o trator e o caminhão que deixava a carga dos produtos. “Está tudo aí, se quiser moer cana amanhã, eu vou moer. Tá tudo do mesmo jeitinho”, garante Jorge. No auge da rapadura, comprou carro e fez sua casa. Com nostalgia, lembra todo o processo de produção do doce. “Moía a cana, extraia o caldo, a ‘garapa’, depois saía para as caldeiras, que levava fogo, aí fazia o processo até o mel ‘cachear’, mexendo na gamela, para depois levar para as formas”, conta. Com a queda da rapadura, Jorge Garcia resolveu plantar banana, uma cultura que vem ficando cada vez mais comum no Cariri. “Planto para a terra não ficar ociosa. São duas tarefas só para entreter”, brinca. Da época em que trabalhava com até 50 pessoas, hoje o agricultor faz tudo sozinho e vende a fruta para pequenos comerciantes locais, que compram na porta do sítio. Usina abandonada A dez quilômetros dali, na Usina Manoel Costa Filho, na saída de Barbalha para Missão Velha, na beira da CE-293, a paisagem foi ocupada por bananeiras há quatro anos. O equipamento, adquirido pelo Governo do Estado em 2013, por R$ 15,4 milhões, ainda não foi reativado e sequer há alguma expectativa de voltar a produzir açúcar ou etanol. Criado em 1973, o prédio está desativado há mais de uma década. A área em volta da Usina, com 65 hectares, foi comprada pelo empresário João Landim. Segundo ele, o terreno estava penhorado pelo Banco Industrial e Comercial, e resolveu ampliar a plantação de bananas que três anos antes começou no distrito de Missão Nova, em Missão Velha. Sua empresa, a Paraíso Verde, produz em cerca

de 500 hectares nos dois municípios. “Como meus pais eram agricultores e sempre gostei, resolvi apostar. Mas não via nada que fosse viável. Conversando com amigos, indicaram a banana como bom negócio”, explica. Dificuldades No início, teve dificuldades para escoar os produtos, batendo de porta em porta nos supermercados. “Teve supermercados que fomos 20 vezes oferecer. A gente não tinha essa credibilidade, mas, aos poucos, fomos conseguindo, a quantidade aumentando. Hoje, estamos vendendo 80% para supermercados. Alguns vieram visitar e começaram a comprar”, completa. A banana plantada no Cariri é vendida em várias partes do Nordeste, mas tem quatro núcleos de distribuição: Teresina (PI), Fortaleza (CE), Salvador (BA) e São Luís (MA). Em 2009, 60 funcionários deram início à Paraíso Verde, que hoje emprega 350 pessoas. A cidade de Missão Velha, por exemplo, é a oitava maior produtora de banana do Brasil com 2,8 mil hectares de plantação e quase 90 mil toneladas da fruta colhidas por ano. Adaptação No entanto, o agrônomo Camilo Cabral explica que o solo na região não é ideal para a banana, que aumenta o custo da produção em relação a algumas áreas que também produzem o fruto no Brasil. “São predominantemente ácidos e bastante arenosos. Como tem sistema de irrigação, faz alteração do solo e adiciona matéria orgânica. A gente também faz as coletas de solo para fazer análises e recomenda algumas correções para elevar o nutriente para a planta”, afirma. Por outro lado, a região é favorecida para a fruticultura por chover acima da média em relação a outras regiões do Estado, além de possuir muita água no aquífero, acessada por meio de poços profundos. “A produção da fruticultura tem diminuído em alguns estados por falta de água. Com isso, as empresas têm migrado de outras regiões do Ceará, algumas fechando as portas ou diminuindo a área plantada, enquanto o Cariri está se destacando”, acredita o agrônomo. REVISTA 100% CAIPIRA |17


GOVERNO

Cachaça: tributação menor deve dobrar formalização

O ano de 2018 começará com uma boa notícia para o setor de cachaça: empresas do segmento poderão aderir ao Simples Nacional, o que deve gerar, em média, redução de 40% nos impostos Em Minas, segundo o superintendente do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (SindBebidas), Cristiano Lamego, o primeiro impacto será sobre a formalidade, que deverá dobrar. Atualmente, segundo ele, a informalidade atinge 90% dos alambiques do Estado. Num segundo momento é aguardado o crescimento da produção. De acordo com Lamego, atualmente há 500 alambiques em Minas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A expectativa do SindBebidas é que, com a possibilidade de adesão ao Simples, esse número dobre num prazo de três anos. Os alambiques que atuam na informalidade chegam a 4 mil no Estado. “Com certeza, a redução nos impostos vai incentivar partes dos informais a legalizarem seu negócio”, disse. Na avaliação de Lamego, a redução na carga tributária vai permitir que produtores que vivem à margem da lei possam registrar seus produtos e operar de maneira legal. Com isso, aumenta-se o leque de comercialização, o que pode implicar aumento de produção. “Esses produtores poderão passar a negociar com supermercados, o que não acontece com quem está na informalidade”, exemplifica. Ainda de acordo com o superintendente do SindBebidas, o novo regime tributário vai incentivar investimentos no setor, principalmente a médio prazo. Por enquanto não foram verificadas movimentações importantes no mercado.

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Outro ponto positivo apontado por Lamego é que a medida resulta na melhoria do fluxo de caixa das empresas. “A partir do momento que tem tributação mais adequada, aumenta a competitividade das marcas”, diz. Ele informou que inicialmente o preço para o consumidor não deverá cair. Isso porque o setor vem trabalhando com margens apertadas devido ao período de recessão e à alta carga tributária. Preparação - O principal foco do SindBebidas nesse momento é preparar os produtores para adesão ao Simples. Para isso, o sindicato vem fazendo palestras e treinamentos. De acordo com Lamego, há duas questões primordiais que o empresário tem que saber: se a sua empresa tem os requisitos exigidos para aderir ao Simples e, em caso positivo, se vale a pena aderir ao sistema. A inclusão do setor de cachaças no Simples Nacional ocorreu em outubro do ano passado, com a sanção, pelo presidente Michel Temer, do projeto de lei chamado Crescer sem Medo. As normas passam a vigorar no próximo ano. De acordo com projeção do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibra), a redução de impostos para produtores de cachaça que aderirem ao Simples Nacional pode chegar a 40%. A nova norma vale também para produtores de cerveja, vinho e licores. Só podem aderir ao modelo simplificado empresas que faturem até, no máximo, R$ 4,8 milhões ao ano. Perfil - Lamego, que também é presidente do Conselho Deliberativo do Ibra, informa que quase a totalidade do

segmento é composta por empresas de micro e pequeno portes. Ou seja, a medida pode beneficiar a grande maioria dos alambiques. Em Minas há hoje apenas de quatro a cinco empresas consideradas de médio porte. De acordo com Lamego, Minas concentra hoje 50% dos alambiques registrados junto ao Ministério da Agricultura. No total são mil alambiques registrados, sendo 500 mineiros. Em termos de volume, o Estado não tem participação tão significativa porque a produção mineira tem características artesanal, realizada em alambiques. São Paulo concentra os maiores volumes, já que tem mais empresas produzindo em coluna, ou seja, com característica industrial e em grande escala. Outros dois importantes estados produtores são Pernambuco e Paraíba. Lamego informou que não há dados sobre a produção efetiva de cachaça em Minas, mas a capacidade de produção é de 200 milhões litros por ano. No Brasil, a capacidade de produção é 1,2 bilhão de litros. Em todo o País, o segmento gera hoje 600 mil empregos diretos e indiretos. O setor produtivo de cachaça saiu do Simples Nacional em 2001. Na avaliação de Lamego, isso ocorreu devido a preconceitos com a bebida. Para ele, a atuação de produtores, que cada vez mais agregam valor ao produto, combate essa situação. Ele ressalta ainda a alta qualidade da cachaça mineira, produto que, segundo ele, pode concorrer em igualdade com qualquer destilado do mundo. Fonte: Diário do Comércio


MEIO AMBIENTE

Apreensão de peixes na piracema em Mato Grosso cresce 360% em 2017 Em 45 dias de Piracema – período de reprodução dos peixes, em que a pesca é proibida – em Mato Grosso, o volume de apreensões já é 360% maior do que no mesmo período do ano passado Segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, mais de uma tonelada de pescado irregular foi apreendida. O total de multas aplicadas ultrapassa R$ 93 mil. Durante a Piracema só será permitida a pesca de subsistência, praticada artesanalmente por populações ribeiri-

nhas ou tradicionais, como garantia de alimentação familiar. A cota diária para esses pescadores será de 3 quilos e um exemplar de qualquer peso, respeitando os tamanhos mínimos de captura estabelecidos em lei. Estão proibidos o transporte e a comercialização de pescado oriundo da subsistência.

A modalidade pesque e solte ou pesca por amadores também estará proibida nos rios de Mato Grosso. Quem desrespeitar a legislação pode ter o pescado e equipamentos apreendidos, além de levar multa que varia de R$ 1 mil a R$ 100 mil, com acréscimo de R$ 20 por quilo de peixe encontrado. Fonte: Agência Brasil

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CAFÉ

Para manter liderança mundial em café, Brasil precisa aumentar safra em 40% até 2030

O prognóstico do diretor da OIC leva em consideração um crescimento de 2% ao ano na demanda mundial pelo produto, até 2030 O Brasil, maior produtor e exportador global de café, terá de elevar a sua produção em cerca de 40% ou 20 milhões de sacas até 2030, para manter a atual participação dominante na safra mundial da commodity, estimou o diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC), o brasileiro José Sette. O prognóstico do diretor da OIC leva em consideração um crescimento de 2% ao ano na demanda mundial pelo produto, até 2030. Nesse cenário, a produção mundial teria de crescer 49 milhões de sacas até 2030 para atender a demanda, disse Sette. — Com a demanda crescendo 2% ao ano, o Brasil, se quiser manter sua parcela de 40% no mercado (safra global) terá de produzir cerca 20 milhões de sacas a mais até 2030 — afirmou Sette durante a abertura do 25º EnCafé, evento do setor promovido pela Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Já em uma visão otimista, de aumento do consumo 2,5% ao ano, a produção global teria de crescer 64 milhões de sacas no período, enquanto numa perspectiva conservadora, de demanda 1% maior ao ano, a expansão precisaria ser 20| REVISTA 100% CAIPIRA

de 23 milhões de sacas. Se o Brasil — segundo consumidor global de café atrás dos Estados Unidos — produz historicamente 40% da safra global, sua participação na exportação é um pouco menor, mas igualmente relevante. Na temporada 2016/17 (outubro/ setembro), a OIC contabilizou exportações de 35,8 milhões de sacas de cafés naturais do Brasil, de um total de exportações globais de 122,45 milhões de sacas, o que significa uma parcela brasileira do mercado global de cerca de 30 por cento. 2018 - Pela mais recente estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na safra deste ano o Brasil somou 44,77 milhões de sacas de café arábica e conilon (robusta), queda de 12,8% na comparação com 2016. Para o próximo ano, há a expectativa de uma colheita maior, por ser um ciclo de bienalidade positiva para o arábica, mas a estiagem em setembro e outubro, durante a floração dos cafezais, deixou o setor receoso quanto ao potencial produtivo em 2018. — Ainda é um pouco cedo para qualquer definição de safra (no Brasil).

Só teremos isso lá para janeiro — alertou Sette em conversa com jornalistas, no evento na Praia do Forte, distrito de Mata de São João (BA). O diretor-executivo da OIC destacou que o Brasil tem condições de elevar sua produção nos próximos anos, apesar da área menor, desde que com investimentos e outros tipos de ações na atividade. — Há o desafio da sustentabilidade econômica, que passa por renda adequada, maior produtividade, acesso a mercados e transparência, acesso a financiamentos. O importante é baixar o custo (de produção) — comentou Sette. Ele destacou que o setor tem ainda os desafios de sustentabilidade ambiental, envolvendo por exemplo a adoção de boas práticas agrícolas e manejo adequado de recursos hídricos e de terreno, e de sustentabilidade social, que passa por organizações representativas mais eficazes e igualdade de gênero. Nos últimos 20 anos, a produção de café no Brasil dobrou, apesar de a área ter caído 39%. Isso se deu graças a um salto de 225% na produtividade, que chega hoje a 1.550 kg por hectare, afirmou Sette. Fonte: Jornal EXTRA


CULTURAS FLORESTAIS

Município em MT colhe 30 toneladas de pequi por dia A temporada de colheita do pequi já começou no município de Ribeirão Cascalheira (900 quilômetros a Leste de Cuiabá). Esse ano a expectativa é comercializar 950 toneladas do fruto até o dia 15 de dezembro Fonte: Só Notícias/Agronotícias

O técnico agropecuário da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), Carlos Alberto Quintino, fala que os produtores estão vendendo em torno de 30 toneladas de pequi por dia. E no dia 2 de dezembro será realizada a Festa do Pequi para mostrar a gastronomia e a tradição do fruto no município. Quintino explica que os compradores alugam barracões na cidade e compram diariamente a produção dos produtores rurais. No início da temporada de venda os preços chegaram a custar R$ 30 a caixa com 22 quilos e hoje estão sendo

vendidos por R$ 20 a caixa. Os compradores estão encaminhando a produção com destino para Cuiabá, Rondonópolis e o Estado de Goiás. “Mesmo com a falta de chuva no período da floração do pequi (junho), na colheita que começou em outubro o fruto saiu vigoroso e pronto para ser consumido”, destaca. Conforme o técnico agropecuário, uma árvore de pequi produz dois mil frutos por colheita e o pé de pequi tem uma produção variável a cada ano, cuja primeira florada ocorre entre o quinto e sexto ano. Sua produção aumenta de acordo com o crescimento da planta.

Conforme decreto governamental, o pequi é considerado uma das árvores símbolos de Mato Grosso, representando o bioma cerrado. A área plantada no município chega a 300 hectares de pequi, sendo 150 hectares com cultivo nativo e 150 hectares plantados. Atuam no plantio 90 produtores rurais, sendo que alguns estão cultivando novas mudas para ser utilizadas também no reflorestamento de áreas degradadas e reforma de pastagem. O cultivo do pequi é economicamente viável para os produtores do município e símbolo da culinária regional. O fruto é motivo de fartura e comemoração com festa que será realizada no assentamento rural Primorosa. Durante o evento serão apresentados pratos típicos com pequi, palestras sobre o cultivo e premiação do maior pequi da região. No ano passado um fruto chegou a pesar três quilos. “O objetivo da festa é o entretenimento, estímulo à cultura e a preservação do pequi”, esclarece. A extensionista da Empaer Glaci Ducat tem ministrado curso sobre como transformar o fruto do cerrado em farinha, doce, conserva da polpa e caroço. Produtores rurais receberam orientações para comercializar o produto in natura e industrializado. Com a aprovação da Lei de Serviço de Inspeção Municipal (SIM) será permitido o beneficiamento do produto, através da indústria artesanal. REVISTA 100% CAIPIRA |21


FRUTICULTURA

Colheita do Pêssego é aberta em 25/11 Unidade possui portfólio de pêssegos de mesa e para indústria, assim como para dupla finalidade. Consumo diário da fruta é benéfico à saúde como, por exemplo, contra radicais livres e processos inflamatórios

Fonte: Embrapa Clima Temperado

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Maior região produtora do fruto industrializado no país - Metade Sul do RS - faz lançamento da safra 2017/18, com a expectativa de oferta de 50 milhões de kilos. Embrapa apresenta seu portfólio de cultivares para indústria e de mesa, onde são destacados compostos bioativos na prevenção de doenças da população. O município de Pelotas está vivendo a IV Quinzena do Pêssego até o dia 27 de novembro, numa ação conjunta do Governo municipal, entidades de pesquisa, ensino e extensão e setor produtivo como forma de fomentar a economia frutícola e fortalecer o consumo da fruta, uma das culturas tradicionais na região de maior produção do fruto industrializado - cerca de 95% da produção é oriunda desta região. A Abertura da Colheita do Pêssego, ponto de destaque da Quinzena,é aberta oficialmente neste 25 de novembro, contando nesta edição, além da feira no Mercado Central e oferta de pratos a base da fruta em restaurantes e estabelecimentos alimentícios, a realização de feiras itinerantes nos bairros, lançamento de livro de receitas e gincana gastronômica a base de pêssegos. A festa do Pêssego A Abertura da Colheita será realizada na propriedade de Marcos Schiller, na Colônia Santa Áurea, 7º distrito de Pelotas, onde está sendo preparada durante todo o dia uma programação envolvendo exposição de produção de pêssegos de produtores da região, pronunciamento de autoridades, entrega de trofeus aos melhores pêssegos, apresentações artísticas com grupos de dança, música e motoqueiros, além de baile com a banda Estrela de São Lourenço do Sul. Haverá almoço no local ao valor de 18 reais. As cultivares de pêssego Durante esta atividade, a Embrapa Clima Temperado, responsável pelas pesquisas com esta cultura a cerca de 50 anos, aproveita para reforçar a contribuição do conhecimento à fruticultura da região e do país, seja melhorando a produtividade, a resistência do fruto, atendendo a sua destinação ao mercado in natura ou industrializado, ou ainda, nas suas características organolépticas (cor, sabor, aroma, tamanho) entre outros aspectos de interesse

do mercado, na qual tem apresentado a cada ano praticamente uma nova cultivar. Ao total a Embrapa, e/ou em parceria, já entregou à sociedade e ao setor produtivo 13 cultivares de pêssego para indústria, 17 cultivares de pêssego de mesa e mais seis cultivares com dupla finalidade. A pesquisadora Maria do Carmo Raseira e equipe da fruticultura estarão expondo as cultivares lançadas recentementes pela Empresa. Características nutricionais da fruta Para garantir a importância de realizar esta programação e a festa de Abertura da Colheita do Pêssego, é fundamental retomar o hábito de consumo da fruta pela população local, que encerra características nutricionais muitas vezes despercebidas pelas gerações atuais. Segundo a área de pesquisa em alimentos funcionais da Embrapa esta fruta tem ótimo sabor e é fonte de minerais, como fósforo, magnésio, potássio, manganês, cobre, iodo, ferro e selênio e também é rica em fibras, carboidratos, e vitaminas A, C e vitaminas do complexo B. No pêssego podemos encontrar alguns compostos químicos, denominados de compostos bioativos, que podem ajudar na prevenção de algumas doenças, se essa fruta for consumida regularmente, como parte de uma dieta equilibrada. A pesquisadora Márcia Vizzotto explica que nos últimos anos a Embrapa e várias instituições parceiras, nacionais e internacionais, tem estudado as propriedades funcionais do pêssego, ou seja, quais os benefícios que o consumo contínuo desta fruta pode trazer à saúde. “O pêssego é eficiente em proteger os órgãos internos (rins e fígado) de ratos expostos a toxicidade renal e inflamação hepática, provocada quimicamente (tetracloreto de carbono). O efeito maior foi com frutas frescas. Mas, os pêssegos em compota também tiveram efeito, o que é bom, pois estão disponíveis no mercado durante o ano todo”, destacou a pesquisadora. Há outro estudo realizado em cobaias (ratos brancos), onde o pêssego fresco é descascado e as suas cascas mostraram alta proteção contra estresse oxidativo em diversos tecidos, protegendo-os de radicais livres e de inflamações. “O mais interessante é que estes estudos foram realizados com a cultivar Maciel, largamente produzida

na região de Pelotas. Outra fato interessante: o consumo de dois a três pêssegos por dia já seriam suficientes para garantir os benefícios da fruta”, revelou Vizzotto. Gincana gastronômica A Gincana, iniciada nesta quinta-feira, 23, se encerra no último dia da Quinzena, na segunda-feira, 27 de novembro, no Largo Edmar Fetter (Mercado Central), onde será divulgado o grupo vencedor. Dez alunos do curso de Cozinheiro criaram um produto a base de pêssego, com exigências que este produto possa ser industrializado e tenha a garantia de um prazo maior de consumo. Os estudantes estão neste período testando o produto e irão apresentá-lo na solenidade de encerramento do evento. A atividade acontece em parceria com a Escola Senac Pelotas. IV Quinzena do Pêssego A Quinzena com a temática neste ano “Do cultivo a colheita, a gastronomia no restaurante: o pêssego é daqui”, tem a parceria de cerca de 50 restaurantes e estabelecimentos do comércio alimentício do município, onde os frequentadores poderão apreciar iguarias com a fruta. E para quem tem como visitar o Mercado Central, irá encontrar durante o período do evento bancas de cultivares de pêssegos produzidas pelo setor produtivo local, com a comercialização do produto a preços e qualidade especiais, além de produtos derivados da fruta. A atividade de exposição do produto tem o objetivo de aproximar a população urbana do agricultor. As corte das Rainhas do Pêssego e a mascote da festa, a Peslota, estarão presentes em todos os atos. As instituições envolvidas são a Prefeitura Municipal de Pelotas e suas secretarias, Embrapa Clima Temperado, Cooperativa das Doceiras de Pelotas, Associação dos Produtores de Pêssego, Sebrae, Cooperativa dos Apicultores e Fruticultores da Zona Sul (Cafsul), Associação de Bares e Restaurantes da Costa Doce (Abrasel), Emater/RS-Ascar, Senac, Azonasul, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Sindicato das Indústrias de Doces e Conservas Alimentícias de Pelotas (Sindocopel) e Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Pelotas (SHRBS). REVISTA 100% CAIPIRA | 23


PROCESSAMENTO

Agronegócio se beneficia com

Fonte: M.Free Comunicação

Além de maior produtividade, melhor g geossintéticos em aplicações voltadas ao a O uso de nãotecidos já é amplamente disseminado no agronegócio como ferramenta para o aumento de produtividade, em aplicações como coberturas e ambientação (cultivo protegido) para flores, frutas, legumes e hortaliças, sombreamento e ambientação para pequenos animais, ensacamento de frutos, cobertura de solo (mulching), cobertura de fardos, entre outras. Porém, especificamente o uso de geossintéticos é mais recente no agronegócio. Há cinco anos, esses produtos eram mais encontrados na proteção, filtração, drenagem, reforço, separação e barreira de impermeabilização de solo em obras de grande porte da Engenharia Civil. Hoje, aparecem em aplicações como esterqueiras, cisternas rurais, impermeabilização de reservatórios (de água, de criadouros como na carnicicultu24 | REVISTA 100% CAIPIRA

ra, entre outros), camadas drenantes, etc. Essas aplicações trazem aumento na produtividade e, além disso, proteção de solos e aquíferos. Uma das questões que envolvem o agronegócio é o uso racional da água. Em tempos de crise hídrica, que afeta o pequeno, médio e o grande produtor, os geossintéticos participam de soluções como cisternas agrícolas para armazenagem de água, sistemas de canalização para irrigação de grandes áreas de plantio sem desperdício desse recurso. Também são usados em sistemas de irrigação simples ou mesmo os que usam a irrigação para a distribuição dos defensivos agrícolas, ou seja, sistemas que demandam reservatórios eficientes e feitos com qualidade técnica para garantir a eficiência do sistema. Em tempos de chuvas abundantes,

os geossintéticos também são funcionais em sistemas de drenagem, evitando o “encharcamento” do solo e a perda da produção pelo excesso de água. Criação de animais - A criação de camarão em cativeiro é uma atividade economicamente relevante e no Brasil, o Rio Grande do Norte é um dos principais polos dessa atividade. Os geossintéticos são importantes para esse tipo de cultura, para evitar que os efluentes dos viveiros provoque contaminação das águas por fungicidas, ou mesmo a salinização dos lençóis freáticos e do solo nos arredores das fazendas, impossibilitando a agricultura nesses locais. Em outros tipos de criação, como de cavalos, de gado, suínos, etc, os geossintéticos aparecem em aplicações como esterqueiras, onde os resíduos dos estábulos e currais, a água, as fe-


m a aplicação de geossintéticos

gestão dos recursos hídricos, o uso de gronegócio ainda protege solos e aquíferos zes e a urina dos animais são lançados. Os geossintéticos nessa aplicação evita qualquer contaminação de solo, lagos e rios. Segundo Fabricio Zambotto, coordenador do CTG – Comitê Técnico de Geossintéticos da ABINT (Associação Brasileira das Indústrias de Nãotecidos e Tecidos Técnicos), os geossintéticos usados no agronegócio obedecem normas de fabricação e controle de qualidade que devem ser exigidas pelo investidor. “O ideal é que o respeito às normas de qualidade seja observado no momento da concepção de um projeto, tendo em vista a eficiência das aplicações e a segurança ao meio ambiente”, afirma o executivo. Entre os cuidados necessários para a realização de projetos que levem os geossintéticos estão a escolha da área adequada, as licenças neces-

sárias emitidas por órgãos responsáveis de cada região, a avaliação do solo local, a realização de ensaios de estanqueidade ou controle das soldas, a escolha do material adequado para cada tipo de aplicação e do instalador adequado para a realização do projeto. Zambotto explica: “os geossintéticos são projetados e fabricados para uma terem uma vida útil longa e eficiente em cada tipo de aplicação, uma vez que as normas de qualidade sejam respeitadas.” O segmento de geossintéticos de modo geral tem um papel importante em obras de engenharia, trazendo desempenho, segurança de produtos controlados por meio de tecnologia industrial, além de serem soluções que possibilitam a redução na utilização de recursos naturais, função fundamental na engenharia moderna. Ainda segundo Fabricio Zambot-

to, há muita oportunidade de crescimento para esse setor, que investe continuamente em pesquisa e desenvolvimento, para atender às demandas do mercado de forma eficaz e competitiva. “Com vistas a esse crescimento, o CTG-ABINT atua constantemente na formação e atualização de profissionais que buscam inovar nas soluções para a engenharia, para que ele conheça as inovações do setor e as aplique de forma a obter o melhor resultado”, afirma o executivo. O comitê é formado por empresas fabricantes e distribuidoras de geossintéticos em todo o Brasil e foi criado com o objetivo de divulgar as aplicações desses produtos em obras de engenharia, bem como os conceitos de qualidade a serem observados pelos fabricantes e usuários, o que contribui para o desenvolvimento desse mercado de forma ética e responsável. REVISTA 100% CAIPIRA |25


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TURISMO RURAL

Rota de Turismo Rural de Quilombo

Em menos de dois meses de existência a Rota de t

grupos de turistas de dif Fonte: MB Comunicação Empresarial/Organizacional

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o apresenta resultados expressivos

turismo Encantos Rurais de Quilombo já soma nove

ferentes cidades e perfis Gente que tem buscado conhecer as belezas naturais da cidade e o processo produtivo das pequenas agroindústrias. A iniciativa surgiu como forma de diversificar a economia da cidade e transformar potenciais em produtos com capacidade para disponibilização no mercado do turismo catarinense, com o aporte de recursos técnicos e financeiros do SEBRAE/SC, em convênio com a Prefeitura de Quilombo. A rota apresenta as belezas do meio rural com roteiros que incluem visitação a agroindústrias de produção de vinho, mel, panificados, cachaça e licores; troca de experiências sobre processos produtivos, degustação de comida típica e inserção do visitante no modo de vida do homem do campo. O sítio da produtora Nelva Dal Sasso que planta cana e produz cachaça, graspa, licores, whiskys e doces, deu vida à Cachaçaria Dona Nelva que vem apresentando efeitos positivos. “No início do projeto, tínhamos um pouco de medo, mas com o apoio das consultoras do Sebrae/SC, organizamos a propriedade. Estamos vendendo bem! As pessoas gostam e, além de comprar, elogiam e batem fotos”, salienta a empreendedora, que após longo período morando na cidade, voltará a residir na propriedade em função dos bons resultados e da facilidade para a gestão dos negócios. elva deu continuidade ao trabalho do pai que, segundo ela, amava o que fazia. Ela atua há 18 anos no segmento e produz, em média, 30 mil litros de cachaça e licor de forma artesanal. “Com o projeto na área de turismo, tivemos um apoio fantástico, o que fortaleceu nosso negó-

cio. Mesmo com um pouco de receio no início, acreditamos e, no fim, deu certo. Isso demonstra o quanto, nós mulheres, somos capazes e que, realmente, quando trabalhamos com amor, as coisas acontecem”, salienta. Emocionada, Cleusa Favaretto Molinett também realça a felicidade com o retorno que vai além das expectativas. “Entre os grupos que nos visitaram estiveram representantes da Facisc e do Lions que aprovaram a ideia”, destaca. O Sítio, herdado por Cleusa e seus cinco irmãos, tem 58 anos. “Meus pais sempre quiseram que mantivéssemos a propriedade que hoje possibilita demonstrar como era a vida no campo há algumas décadas. Cuidamos do espaço e mantivemos móveis, louças, roupas e utensílios. A casa conta com quatro quartos e três banheiros, entre outros cômodos, e está disponível para aluguel e visitas”. Em sete alqueires de terra, a estrutura da propriedade conta, ainda, com chiqueiro, paiol, galinheiro, local para trilha, entre outros aspectos em um ambiente tranquilo, aconchegante e premiado pela natureza. “Fazer parte da rota de turismo é maravilhoso. Estamos presenteando nossos pais (in memorian) que sempre gostaram de casa cheia. Me emociono, pois é encantador ver as plantas produzirem frutos, os passarinhos cantarem e poder receber pessoas para mostrar os potenciais preservados”, observa Cleusa. ROTA - A Rota nasceu do Projeto DET (Desenvolvimento Econômico Territorial), implementado pelo Sebrae/ SC por meio de convênio com aporte

de recursos da Prefeitura de Quilombo e apoio da Associação Empresarial de Quilombo (ACIQ). A iniciativa iniciou com o envolvimento de 32 propriedades e possibilitou oferecer qualificação, orientações e treinamentos sobre organização, segurança, manipulação de alimentos, atendimento e boas práticas. “Para isso, fizemos o levantamento de oportunidades e desenvolvemos um plano de ação para desenvolver melhorias, visando oferecer um atendimento adequado de acordo com as expectativas dos turistas”, destaca a consultora credenciada ao Sebrae/SC e turismóloga, Karla Hall. A consultora credenciada ao Sebrae/ SC, Silvia Nowalski, destaca que desde o lançamento, cinco grupos visitaram as propriedades e outros quatro estão agendados. “Isso é vitorioso! A iniciativa tem total relação com a região, tem público e os resultados estão demonstrando o quanto o investimento nos potenciais naturais foi um desafio que valeu a pena”. Para o coordenador regional oeste do Sebrae/SC, Enio Albérto Parmeggiani, o desenvolvimento do turismo rural, além de representar uma tendência, está totalmente em sintonia com as características da região e, por isso, tem condições de ser desenvolvido em muitas cidades. “O propósito de Quilombo na geração de emprego e renda também está presente em outros municípios e a integração destas rotas, a exemplo do que propõe a Instância de Governança Vale das Águas, oportuniza elevar a oferta e atratividade aos empreendimentos e fortalecer a economia local e regional”. REVISTA 100% CAIPIRA |29


AVICULTURA

Fonte: Gazeta do Povo

Potência do frango, Brasil recusa papel de nanico no mercado de ovos Hoje o país está – muito – longe dos concorrentes no quesito exportações, mas tem buscado estratégias para reverter o cenário; resultados já começam a aparecer 30 | REVISTA 100% CAIPIRA


Maior exportador mundial de frango (e com folga), quando o assunto é ovo, o Brasil não chega nem perto dos líderes do setor. Hoje, dos 39,18 bilhões de ovos produzidos no país (o equivalente a 2.419 mil toneladas), nem 0,5% é enviado para fora. Em volume, os embarques correspondem a modestas 10,4 mil toneladas, quase 30 vezes menos em relação aos números da Turquia, a maior exportadora segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação). Entretanto, o setor tem se empenhado para mudar esse cenário. Com o projeto Brazilian Egg, encabeçado pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), empresas do país vêm participando de feiras internacionais em busca de novas oportunidades. De acordo com o presidente da ABPA, Francisco Turra, o desempenho pouco expressivo se comparado a outros segmentos da avicultura é resultado, em parte, da produção também considerada baixa, menor, por exemplo, que a dos Estados Unidos e até a do Japão (2.520 mil toneladas). “O Brasil tem um nível grande para ser preenchido no consumo interno”, afirma. Em média, cada brasileiro come 190 ovos por ano. Muito? O consumo mundial é de 230 unidades e, no México, onde se come mais ovo do que em qualquer outro canto do planeta, o índice chega a 360. “Há um consumo reprimido por uma série de mitos”, ressalta o presidente da ABPA, fazendo referência à ideia de que a proteína aumentaria, por exemplo, os riscos de doenças do coração. “Mas os mitos estão caindo, temos um aumento do consumo interno acumulado em 10% nos últimos três anos.” Depois de colocar a casa em ordem, a meta é expandir o alcance da produção nacional. Hoje, o produto brasileiro chega a 50 países e rende anualmente US$ 110 milhões. Os Emirados Árabes Unidos são os principais clientes, com 6,3 mil toneladas

no ano passado, mas vão ganhar companhia. No começo do mês, a África do Sul confirmou que está interessada nos ovos do Brasil e empolgou o mercado, em especial a Netto Alimentos, empresa do interior de São Paulo que costurou o acordo com os sul-africanos. Com produção em colapso por causa da gripe aviária, o país vê no Brasil a solução para abastecer seu próprio mercado. “Um de nossos clientes falou que há dois meses não precisavam de ovo por lá. Agora, estão precisando desesperadamente. Eles perderam 30% da produção, porque as galinhas morreram. Oito de nove províncias estavam condenadas”, conta o gerente de vendas internacionais da Netto, Júlio Cézar Carvalho. Não por acaso a pedida da África do Sul é alta: 25 contêineres – cada um com 22 toneladas de ovos em casca - por semana. Na calculadora, os carregamentos representariam, em um ano, cerca de 10% de tudo o que o Brasil exporta atualmente. “É um momento bom, temos a chance de crescer muito. Um só cliente encomendando 25 contêineres por semana... É quase uma operação militar”, frisa o gerente da Netto. Novos Mercados A negociação com os sul-africanos empolga não só pelo volume, mas por colocar o Brasil em evidência. “Existe um aceno de países da América Central e até dos Estados Unidos [para importar], só que é um processo longo até se ter um certificado zoosanitário internacional”, salienta Francisco Turra. “E não seria nada estranho se o nosso produto chegasse à Europa também. Eles tiveram uma série de problemas com ovos contaminados”. Capacidade, o gerente da Netto garante que tem. “Agora é que estamos começando a exportar: por mês, são quatro contêineres para dois clientes na Arábia Saudita e dois contêineres para os Emirados Árabes”, pontua. “Podemos processar 5 milhões de

ovos por dia, só que hoje trabalhamos com até 1,5 milhão de ovos, porque depende muito da demanda.” Com um mercado interno mais robusto e rotas se abrindo no exterior, os produtores também se animam. Em Bastos, cidade do Oeste paulista onde as galinhas botam nada mais nada menos do que 18,7 milhões de ovos por dia (quase 25% da produção nacional), as notícias têm sido bem recebidas. “Há poucas pessoas mandando para fora, pois existem muitas regras. [Se novos mercados se abrirem], aí vale a pena, a concorrência vai ser grande com o pessoal de grande porte se interessando”, prevê o presidente do sindicato rural da cidade, o avicultor Katsuhide Maki. A esperança dele – e de todos ali - é de que ninguém mais precise pisar em ovos para falar com otimismo do futuro. Exportações ainda aguardam aval do governo brasileiro Apesar de fazer quase um mês desde que a África do Sul confirmou que quer comprar ovos do Brasil, os embarques ainda não começaram. A Netto Alimentos afirma que já está com tudo pronto para exportar, depende apenas que o ministério da agricultura brasileiro aprove as exigências que o órgão sul-africano já enviou. “Na prática, são exigências parecidas com as nossas, não vejo se tecnicamente haveria problema. O que precisa é colocar isso em prática”, diz o gerente da companhia, Júlio Cézar Carvalho. “O que preocupa é que o governo da África do Sul mandou o certificado para os Estados Unidos também. A nossa vantagem é que estamos mais perto, portanto é mais barato. Mas, se os EUA responderem, eles podem fechar contrato.” Para a ABPA, no entanto, o processo tem corrido dentro do cronograma. Procurado pela reportagem, o Ministério da Agricultura (Mapa) informou apenas que a questão está em análise técnica e não deu um prazo para a resposta. REVISTA 100% CAIPIRA |31


GESTÃO

Entendendo o RenovaBio O Brasil é considerado o país mais avançado do mundo na área de biocombustíveis por substituir entre 36% e 45% da gasolina por etanol, dependendo do ano, e 8% do diesel fóssil por biodiesel - percentual que deve ser elevado para Fonte: Datagro

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10%, a partir de março de 2018


Em volume, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de etanol e biodiesel, e tem um grande potencial não só através desses dois energéticos, mas também do biogás/biometano e do bioquerosene. No entanto, as bases sobre as quais esses mercados têm se desenvolvido ainda são frágeis. A falta de condições estáveis tem causado instabilidade na área de biocombustíveis e de derivados de petróleo, e pode levar a retrocessos indesejáveis. A inexistência de uma regulação mínima tem resultado num mercado com precificação basicamente à vista, e sem condições que estimulem o investimento em expansão da capacidade de produção. O País tem a oportunidade de integrar sua política de desenvolvimento agroindustrial com a sua política energética, ao mesmo tempo em que viabiliza o atingimento de objetivos de política ambiental, industrial, e de desenvolvimento econômico descentralizado. As diretrizes do programa RenovaBio, aprovadas pelo Conselho Nacional de Política Energética, visam criar um arcabouço regulatório que traga previsibilidade e credibilidade, viabilizando condições estáveis para a retomada do investimento privado sustentado nessa área. Essas diretrizes aguardam a aprovação do atual Presidente da República. O RenovaBio é uma proposta de regulação que visa induzir ganhos de eficiência energética na produção e no uso de biocombustíveis, e reconhecer a capacidade de cada energético contribuir para o atingimento de metas de redução de emissões de carbono. Diferentemente de medidas tradicionais, o RenovaBio não propõe a criação de imposto sobre carbono, ou de subsídios aos biocombustíveis. O imposto sobre o carbono, que no Brasil pode ser entendido como a CIDE - Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico, não se contrapõe ou substitui o RenovaBio - ambos podem caminhar em paralelo. A elevação da CIDE, como imposto ambiental, pode ser encarada, inclusive, como uma ponte até que o RenovaBio esteja

em pleno funcionamento. Uma das vantagens do RenovaBio, caso seja implantado, será o estabelecimento de metas de redução das emissões de carbono para o mercado de combustíveis, em sintonia com os compromissos assumidos pelo País no Acordo do Clima, criando um farol para o tamanho do mercado futuro de biocombustíveis, inserindo-os de forma definitiva na matriz de combustíveis. O RenovaBio não contrapõe biocombustíveis aos combustíveis de origem fóssil. Com a aprovação dessa regulação não está sendo proposto automaticamente qual deverá ser o tamanho do mercado de etanol, biodiesel, biometano ou bioquerosene. O tamanho do mercado de biocombustíveis estará relacionado à ambição e à velocidade do atingimento das metas de redução de emissões de carbono, o que deve ocorrer em harmonia com os biocombustíveis e os combustíveis de origem fóssil. Os conceitos preconizados pelo RenovaBio poderão ser aplicados, inclusive, e, caso seja assim decidido no futuro, aos combustíveis de origem fóssil, produzidos localmente e importados. A regulação pretendida melhora a organização, confere previsibilidade, promove maior eficiência, menores custos, menores preços aos consumidores e maior controle contra fraudes no comércio. O RenovaBio introduz a meritocracia na produção de biocombustíveis, premiando e conferindo estímulos à crescente eficiência na sua produção e no seu uso. O programa Rota2030, formulado e administrado no âmbito do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, tem a oportunidade de induzir a otimização da frota flex para o uso de etanol, a introdução dos híbridos flex, e dos veículos equipados com células a combustível movidos a biocombustíveis, como o etanol, o biodiesel e o biometano. A aplicação do RenovaBio vai viabilizar a certificação voluntária dos produtores de biocombustíveis através de uma Nota de Eficiência Energéti-

co-Ambiental, definida em gramas de CO2 equivalente por MJ. Essa nota irá definir a capacidade de os produtores emitirem Créditos de Descarbonização (CBios), a serem negociados em bolsa, em um mercado livre. O governo deverá definir a meta global de descarbonização para o setor de combustíveis, e a partir dela as metas individuais para as empresas distribuidoras, que deverão comprovar anualmente o seu cumprimento através da aquisição de CBios. A troca de CBios irá determinar, em condições de mercado, o valor da tonelada de carbono, criando uma referência sobre a participação futura dos biocombustíveis na matriz de combustíveis utilizados em transporte. O RenovaBio é uma proposta de regulação construída a partir de conceitos e do aprendizado obtido com as mais modernas iniciativas internacionais, como o Padrão de Combustíveis de Baixo Carbono da Califórnia (LCFS), o Padrão de Combustíveis Renováveis (RFS) nos Estados Unidos, e a Diretiva de Energia Renovável (RED) na União Europeia. Entretanto, o Programa vai além, ao introduzir a meritocracia no setor de biocombustíveis, ao induzir e premiar a busca por maior eficiência energética, produtividade e competitividade crescentes, e consequentemente menores custos e preços para a sociedade e os consumidores. No caso do etanol, tem como objetivo recuperar a trajetória de crescimento da produtividade agroindustrial, interrompida a partir de 2010 por políticas equivocadas e pelo desestímulo aos investimentos em modernização e expansão. A importância do RenovaBio para os mercados de biocombustíveis - etanol, biodiesel, biogás/biometano e bioquerosene -, açúcar e bioeletricidade está diretamente relacionada à possibilidade de os biocombustíveis continuarem sendo valorizados por suas características energéticas e ambientais. A aprovação do RenovaBio abre oportunidades e a perspectiva de um desenvolvimento futuro equilibrado, sustentável e com mais previsibilidade, a nível nacional e internacional. REVISTA 100% CAIPIRA |33


Os verdadeiros guardiões das culturas sertanejas

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CULTURA CAIPIRA

Associação Brasileira dos Artistas Sertanejos inicia 2018 com nova presidência

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A ABAS (Associação Brasileira dos Artistas Sertanejos) localizada na cidade de Osasco/SP que é considerada a “Capital da Viola” entra 2018 com nova diretoria. A eleição que aconteceu em novembro de 2017 elegeu com 758 votos o candidato Roque Prata Ribeiro. Com 1.289 votantes, esta eleição demonstra a força da música de raiz numa “população urbana” e o quanto a cultura caipira merece atenção em eventos culturais regionais. A nova diretoria ganhou com a proposta de: • Regularização e reforma da sede; • Aquisição de equipamentos de som e gravação áudio visual; • Promoção de mais eventos regionais da cultura sertaneja; • Busca de mais associados e convênios (convênio de famácias, médicos e assessoria jurídica previdenciária INSS); • Criação e divulgação da ABAS nas mídias digitais (facebook, youtube, site e aplicativos de celular); • Transmissão ao vivo de nossos eventos; • Assessoria empresarial para duplas associados em apresentações e eventos; • Buscar parceria com a iniciativa privada e pública; • Criação de escola de músi-

ca; • Criação de espaço de lazer e recreação para a comunidade. Uma lei estadual reconhece a cidade de Osasco como a “Capital da Viola” por toda a sua história e luta pela cultura caipira. Além disso, existe um projeto de lei em andamento para formalizar o dia 13 de julho como o “Dia Nacional da Música e da Viola Caipira” que tem como argumento para justificar a PL a seguinte justificativa: “pela música caipira ser um gênero musical brasileiro e por mostrar toda a riqueza de nossa diversidade cultural e regional, sendo que a instituição de datas comemorativas tem por finalidade resgatar a história e memória brasileira, como instrumento de afirmação da cidadania e de valorização da identidade nacional”. Do Parecer da Comissão de Cultura Publicado em avulso e no DCD de 10/10/17 PÁG 385 COL 01, Letra A retirou-se o trecho do texto “o professor de música e Doutor em Artes pela USP, Roberto Nunes Corrêa - também violeiro - ressaltou que ainda existe muito preconceito contra a música caipira no País. “Muitos acham que a música caipira é do passado, mas ela é também do presente e será a do futuro. Eu sou um caipira contemporâneo, por exemplo, porque a música caipira abrange não só a música, mas ela interpreta o amor e a alma das pessoas pela terra. Por

isso o Dia Nacional (da Música e da Viola Caipira) será importante para resgatar as nossas raízes”. Contudo podemos obser var que a riqueza cultural da música sertaneja de raiz está cada vez mais viva e forte no coração dos brasileiros. A nova diretoria defende e continuará com os projetos anuais das entregas dos troféus “Fusco Neto” e “Osasco Capital da Viola” que valorizam os artistas que defendem a importância destes eventos pela história que cada qual permitiu que a cultura tomasse o rumo que hoje tem e que se depender de tantos defensores continuará a crescer e jamais morrerá. Quando estiver em Osasco/SP visite a ABAS (localizada na Rua Ciriema, nº 100 – Vila Ayrosa, funcionamento aos domingos das 18:00hs às 22:00hs – site: www. abassertanejo.com.br), visite também a Casa dos Violeiros (localizada na Rua Libero Carnicelli, 459 - Jardim Ype, funcionamento aos domingos das 18:00hs às 22:00hs - site: www.casadovioleirodobrasil.com.br) e o Viola Véia Bar (localizada na Avenida Crisântemo, 306 – Jardim das Flores, funcionamento de quarta a domingo das 17:00hs às 24:00hs, com música ao vivo de quinta a sábado com a dupla Santello & Pavani – facebook/ violaveiabar). Todos defensores da música sertaneja de raiz. Juntos pela cultura.

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CAFÉ

Exportação de café do Brasil em 2018 será limitada por concorrência e custos

Maior exportador global de café, o Brasil vem perdendo seu peso no comércio da commodity desde 2015, quando embarcou um recorde de 37 milhões de sacas o país deve exportar em 2017 menos café ante a temporada anterior pelo segundo ano seguido Fonte: Reuters

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O Brasil tem chances de colher uma grande safra de café em 2018, mas a exportação da commodity não deve se recuperar do mesmo modo, uma vez que os estoques locais seguem enxutos e a competição no mercado internacional está cada vez mais acirrada para os brasileiros, que também lidam com custos crescentes que reduzem sua competitividade. Maior exportador global de café, o Brasil vem perdendo seu peso no comércio da commodity desde 2015, quando embarcou um recorde de 37 milhões de sacas --o país deve exportar em 2017 menos café ante a temporada anterior pelo segundo ano seguido. Pelos dados mais recentes da Organização Internacional do Café (OIC), o país respondeu por 25,8 por cento das exportações mundiais do produto na safra 2016/17 (outubro/setembro), ante 29,6 por cento em 2015/16. O motivo por trás disso foi principalmente a quebra de produção de robusta no Espírito Santo em 2015 e 2016 por causa da seca, que apertou as reservas da variedade e fez o país perder clientes no exterior. Os importadores ainda têm enfrentado concorrência do próprio mercado do Brasil, depois dos Estados Unidos o segundo consumidor global de café, que deve crescer a uma taxa de 3,5 por cento ao ano até 2021, segundo Euromonitor International. Nesse contexto, preços considerados pouco atrativos pelos cafeicultores acabaram por desestimular ainda mais as exportações. Os embarques totais do país (café verde, torrado & moído e solúvel) caíram 10,7 por cento até outubro e devem fechar o ano 5 por cento abaixo do previsto, segundo o conselho de exportadores (Cecafé). Dessa forma, espera-se apenas um 2018 de recuperação tímida nos embarques. “Como não há estoque, o pessoal está receoso em assumir uma posição de venda e não conseguir realizar depois. Além disso, há demanda no mercado interno, o que diminui a ansiedade pela exportação”, disse o diretor da consultoria Pharos, Haroldo Bonfá. Para o presidente do Centro de Comércio de Café de Vitória (CCCV), Jorge Nicchio, os estoques ainda apertados

levarão o segmento a “amargar” reduzidas exportações no primeiro semestre de 2018, com os vendedores pouco dispostos a negociar. Ele prevê alguma retomada apenas na segunda metade do próximo ano, após a colheita da nova safra, “que caminha para ser recorde”, podendo tocar as 60 milhões de sacas, graças à bienalidade positiva do arábica. “As exportações vão depender do restabelecimento da produção em 2018 e pode exigir sacrifícios, como preços mais baixos, porque hoje em dia há muitos concorrentes”, resumiu o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, em entrevista à Reuters, durante evento da Abic na semana passada na Bahia. Conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), as cotações do robusta no Espírito Santo fecharam a semana passada entre 360 e 370 reais por saca, bem abaixo dos mais de 550 reais observados ao final de novembro de 2016, após a quebra de safra. Mas os valores ainda estão acima do intervalo de 150 a 250 reais registrados na maior parte da última década. As exportações não avançam apesar dos preços historicamente fortes, destacou o presidente da maior cooperativa de café do Brasil e maior exportadora do produto, a Cooxupé, Carlos Paulino da Costa, porque os exportadores não estão conseguindo fechar negócios satisfatórios nos valores que os produtores pedem. “Está perdendo competitividade, o produtor não está podendo vender pelo preço que o mercado está pagando por causa do aumento de custos. Tem o custo Brasil, o café não está descolado dos custos de logística, leis trabalhistas, leis ambientais...”, disse o presidente da Cooxupé, que concorda com embarques pouco expressivos em 2018, pelo menos até a chegada da safra. CONCORRÊNCIA MAIOR A seca entre 2015 e 2016 derrubou a produção de robusta, ou conilon, do Espírito Santo, o principal produtor nacional da variedade, e parte da indústria, principalmente a de solúvel,

chegou a defender a importação de café verde para calibrar a oferta doméstica. As compras externas acabaram não se concretizando, e o Brasil perdeu negócios para concorrentes na Ásia, justamente por não ter conseguido obter matéria-prima no mercado a preços adequados. A quebra de safra praticamente fez desaparecer os embarques de conilon, para pouco mais de 200 mil sacas de janeiro a outubro de 2017, ante 4,2 milhões de sacas em todo o ano de 2015, quando houve uma exportação recorde. Na esteira disso, rivais do Brasil no comércio global da commodity avançaram sobre o espaço deixado pelo maior produtor e exportador. A participação da Colômbia, por exemplo, passou de 10,5 por cento em 2015/16 para 11 por cento em 2016/17, enquanto a da Índia teve leve aumento, de 5 para 5,2 por cento, e a da Indonésia saltou para 9,1 por cento, de 5,2 por cento, de acordo com a OIC. No caso do Vietnã, segundo maior player mundial de café, a participação diminuiu para 20,2 por cento em 2016/17, de 22,6 por cento em 2015/16, refletindo um recuo na safra por causa das fortes chuvas no momento da colheita no ano passado. “Não há outra razão para essa perda de mercado: foi a disparidade de preços interno e externo”, acrescentou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), Pedro Guimarães, que calcula perda de 500 mil sacas em negócios com solúvel neste ano por causa dessa conjuntura. Para Nicchio, do CCCV, uma grande safra em 2018 poderia estimular maiores vendas de produtores, mas isso também pressionaria mais as margens no campo, sinalizando riscos para a oferta futura. “O produtor não sendo remunerado segura a produção e não tem estímulo para tratar as próximas colheitas”, disse, temendo problemas com as safras futuras do país. Conforme cálculos da OIC, o Brasil precisará elevar em 40 por cento sua produção da commodity até 2030, em cerca de 20 milhões de sacas, para garantir a dominância no setor. REVISTA 100% CAIPIRA | 39


FLORICULTURA

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GESTÃO

Produtoras de Pratápolis inovam e aumentam venda de queijos

Fonte: FAEMG

O queijo ganha cada vez mais espaço no mercado de Pratápolis As produtoras Aliene Esmeria da Silva e Tânia Aparecida Braga representam este mercado ampliado após capacitações feitas pelo Senar Minas. Do queijo Minas, elas passaram a produzir outros tipos, como a muçarela, iogurte, Minas Padrão, doce de leite. A produção cresce e as vendas chegam até o Estado de São Paulo. O início acanhado da produção do queijo fresco, as produtoras ganharam segurança para apostar em outros tipos após passarem pelo curso de derivados do leite com foco na produção de queijos, requeijão, iogurte, ricota e doce de leite. Tânia é enfática ao afirmar que o curso do Senar foi um divisor de águas na sua produção. “Mudou a minha vida. Hoje, produzo com mais segurança, qualidade e padronização. Não tem queijo sem sal ou salgado. Tudo é padronizado”, afirmou. Tânia trabalhava com produção de

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passou a produzir doces, iogurte, ricota e outros queijos ampliando a sua área de vendas. Com comercialização porta a porta, hoje ela atende as encomendas de Pratápolis, Itaú e Passos. Seus produtos também são conhecidos dos campineiros que, quando estão na região, antecipam as encomendas por telefone, para garantir o produto e levar para o Estado de São Paulo. Aliene é proprietária do Sítio Bela Vista e trabalha com produção de 25 litros por dia. O valor arrecadado com a venda de produtos tem destino certo: a educação das filhas. A mais velha já concluiu a faculdade e a mais nova se prepara para entrar na universidade. Além dos queijos, as produtoras participaram do curso de doces e proSucesso duzem também os frutos em calda e Não menos feliz está a produtora cristalizados. São doces de figo, leite, Aliene. Do queijo fresco e trufado ela cidra, goiaba, abóbora e geleias. 50 litros da sua propriedade, o Sítio Posses, mas com a venda de animais, passou a comprar o leite. No entanto, a produtora não desanimou: segue na sua produção e quer ainda mais. Para 2018, espera participar de curso que aborde a produção de queijos especiais. Tânia está feliz com a comercialização da sua produção que, além de Pratápolis, é vendida em São Sebastião do Paraíso e Ribeirão Preto. Com a capacitação, ela ressalta o crescimento também da produção não só na diversidade de produtos, mas na quantidade. “Antes vendia de 3 a 4 queijos por dia. Hoje vendo muito mais. Se sair com 30 queijos, vendo todos”.


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ARTIGO

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FEIRAS E EVENTOS

FENAGRO comemora 30 anos e confirma sua importância para a Bahia e o Brasil Edição comemorativa mostra evolução da agropecuária baiana e oferece programação que inclui salão de negócios, leilões, evento de raça, entretenimento e gastronomia De 25 de novembro a 3 de dezembro, o Parque de Exposições de Salvador recebe a maior feira do segmento agropecuário do Norte/Nordeste e uma das cinco mais importantes do Brasil, a FENAGRO (Feira Internacional da Agropecuária), que este ano completa 30 anos em edição comemorativa. A programação será à altura da data com exposição de 4 mil animais, sete leilões e realização de eventos como Exposição Nacional de Santa Inês, Avenida do Agronegócio, Salão Internacional e VIII Feira Baiana de Agricultura Familiar, Economia Solidária e Reforma Agrária. Com visitação de um público estimado em 100 mil pessoas, a 30ª FENAGRO é uma realização da Central das Exposições, representada pela Associação de Criadores de Caprinos e Ovinos da Bahia (ACOOBA), em parceria com o Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria da Agricultura (SEAGRI), e Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), além de outras instituições. São patrocinadores o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Caixa Econômica Federal (CEF), Banco do Brasil (BB), Desenbahia e Sebrae. Palco de grandes negócios e referência em entretenimento e gastronomia, a FENAGRO 2017 terá abertura oficial no domingo (26) com participação do Governador do Estado da Bahia, Rui Costa, e do Secretário de Agricultura, Vitor Bonfim, além de autoridades, empresários do segmento e criadores de animais. Nesta edição, a SEAGRI leva para a feira o tema “Evolução da Agropecuária em 30 anos”, que guiará suas ações dentro do evento, sendo destaque a Avenida do Agronegócio. No sábado (25), a exposição abre as portas com entrada mediante um quilo alimento não perecível, que será doado ao programa nacional Mesa Brasil Sesc. Nos demais dias, o ingresso custará R$10, com gratuidade para idosos (acima de 60 anos) e crianças de até oito anos. Este ano, o acesso ao evento 46 | REVISTA 100% CAIPIRA


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JOELHO DE PORCO ASSADO INGREDIENTES 1 joelho de porco de aproximadamente 700g 2 litros de água 2 colheres de óleo de soja 2 dentes de alho picados 1 batata inglesa média 200g de repolho picado 1 colher de azeite Ervas a gosto 1 colher de mostarda e Sal com alho e pimenta a gosto

PREPARO - Em uma panela junte o óleo, o alho picado e o tempero. Coloque o joelho e vá virando até dourar. Acrescente a água e deixe cozinhar por aproximadamente 1 hora em fogo brando. Retire o joelho e use o caldo para cozinhar a batata. - Leve o joelho e a batata previamente cozida ao forno pré-aquecido em temperatura de 180º até dourar. Para fazer a salada, tempere o repolho com azeite e as ervas e decore. REVISTA 100% CAIPIRA | 49


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