www.revista100porcentocaipira.com.br Brasil, dezembro de 2018 - Ano 6 - Nº 66 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Boas práticas de manejo para gado leiteiro
Bons resultados para os animais e para o bolso dos produtores REVISTA 100% CAIPIRA |
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Estudo aplica tecnologia de ultrassom na hidratação de grãos
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Algodão: Algodão orgânico é aposta para agricultores do Ceará
Gestão: Estudo inédito identifica perfil tecnológico de produtores de hortaliças
Pesquisa:
Culturas florestais:
A relação entre florestas e a disponibilidade de água
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Artigo:
Boas práticas de manejo para gado leiteiro
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Fruticultura:
Regulamentação da produção de mudas de maracujá em São Paulo
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Café:
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Feijão: IMA divulga balanço da fiscalização do vazio sanitário
Café sustentável a um clique do smartphone
Meio ambiente:
Sistemas agrícolas para o Semiárido guardam mais carbono e geram menos impacto
Receitas Caipiras: Panetone caseiro REVISTA 100% CAIPIRA |
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LOGÍSTICA E TRANSPORTE
Brasil, dezembro de 2018 Ano 6 - Nº 66 Distribuição Gratuita
EXPEDIENTE Revista 100% CAIPIRA®
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Produtos agrícolas transportados pela Rumo são exportados para mais de 20 países Açúcar tem como destino países da África, Ásia, América do Norte e América do Sul. Operações de soja estão concentradas na China, enquanto Holanda é porta de entrada para o milho na Europa Responsável por administrar os principais corredores ferroviários do Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país, a Rumo movimentou no primeiro semestre de 2018, mais de 15 milhões de toneladas de grãos que foram exportados. No total, mais de 20 países receberam as cargas que chegaram até os portos de Santos (SP), Paranaguá (PR), São Francisco do Sul (SC) e Rio Grande (RS) por ferrovia. A soja, principal grão do agronegócio brasileiro, teve exportação recorde de 46,3 milhões no primeiro semestre conforme levantamento da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Dentro das operações da Rumo, o volume transportado foi de quase 12 milhões de toneladas, tendo como principal destino a China. Já o açúcar VHP, matéria prima bruta destinada a exportação e que pode ser utilizada para diversos fins, abastece países de quatro continentes: 6 | REVISTA 100% CAIPIRA
América do Norte, América do Sul, África e Ásia. A lista abrange países como Bangladesh, Malásia, Síria, Líbano, Iêmen, Marrocos, Venezuela e também potencias mundiais como a China, Estados Unidos e Canadá. Nos seis primeiros meses de 2018, a Rumo movimentou mais de 2,5 milhões de toneladas do produto. Diferente do açúcar e da soja, a rota do milho tem como uma das principais portas de entrada a Europa. Os navios que partem dos portos brasileiros têm como principal destino a Holanda, onde o produto é extensivamente utilizado para alimentação e ração animal. Outro continente com uma parcela significativa é Ásia, as operações têm como destino Japão, Coréia do Sul e Irã. No total, quase 5,8 milhões de toneladas que chegaram pelos trilhos foram exportadas nos seis primeiros meses. Fonte: Rumo
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GESTÃO
Estudo inédito identifica perfil tecnológico de produtores de hortaliças e frutas no País Levantamento foi realizado com 24 culturas para dar um panorama dos dois segmentos Assessoria de Comunicação CNA/SENAR
Para levantar informações sobre a produção de hortaliças e frutas no País, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) e o Programa Hortifruti Saber & Saúde, com apoio do Instituto Brasileiro de Horticultura (Ibrahort), lançaram na quarta (31) o estudo inédito “Perfil Tecnológico do Produtor de Hortaliças”. O documento traz o panorama nacional da produção de frutas e hortaliças e foi apresentado às entidades do setor, Federações de Agricultura e Pecuária e governo. “O estudo vai nos dar uma visão mais ampla da produção de frutas e hortaliças no Brasil. Iremos trabalhar esses dados para transmitir segurança ao consumidor e agregar valor ao produto que ele está levando para casa”, afirmou Bruno Lucchi, superintendente Técnico da CNA. A pesquisa levantou as práticas culturais e de manejo fitossanitário, os métodos predominantes de irrigação, uso de fertilizantes e fertirrigação em frutas tropicais e temperadas, raízes tubérculos, grãos, folhas e flores. O trabalho contempla 24 culturas, como abacaxi, banana, mamão, maçã, batata, cebola, alface e repolho, entre outras. “Ficou muito claro que temos um potencial grande para aumentar nossa
produção de hortifrútis à medida que aumentamos o consumo, que ainda é muito baixo no Brasil,” avaliou o presidente da Comissão Nacional de Fruticultura da CNA e da Abrafrutas, Luiz Roberto Barcelos. Ele destacou que os dados vão embasar a criação de uma estratégia para informar a população sobre a importância do consumo de hortifrútis. “Precisamos mostrar para a sociedade que a gente produz alimentos saudáveis e quanto mais a população se alimentar de hortifrútis, mais combaterá uma série de doenças que a falta do consumo de hortifrúti causa. Com tudo isso, teremos uma população mais saudável e mais longeva, com a geração de mais emprego e mais renda”. O relatório revelou que em culturas como mamão, melão e brócolis, por exemplo, o índice de produtores altamente tecnificados supera 50%. O levantamento aponta ainda que a horticultura brasileira se beneficia da utilização de técnicas de irrigação que evitam desperdício de água, como gotejamento e microaspersão. Além disso, mostra que o uso de fertilizantes se destaca por propiciar uma lavoura que demanda menos defensivos químicos. “A ideia do estudo surgiu porque precisávamos de dados do setor que é bastante complexo, com uma distribuição muito grande no País. Quanto mais
informações, mais podemos falar sobre a sua importância, empregos que gera, o tamanho dessa produção e, com isso, trabalhar mais próximos as necessidades do setor”, afirmou a coordenadora executiva do Programa Hortifrúti Saber & Saúde, Adriana Brondani. O Saber & Saúde foi criado em 2017 e é resultado de uma parceria inédita entre diversos atores da cadeia produtiva, como a CNA. “A intenção do programa é promover estudos para que tenhamos todo ano uma informação sobre o setor para auxiliá-lo cada vez mais e deixar os consumidores mais informados sobre a importância da produção de frutas e hortaliças no Brasil”, ressaltou Adriana. Na avaliação do presidente da Confederação Nacional de Bananicultores, Jeferson Magário, os dados apresentados serão importantes para promover uma agenda positiva para o setor e principalmente para a cadeia da bananicultura, que ainda é pouco tecnificada. “Temos um baixo nível de tecnologia ainda e justamente por esse motivo estamos aqui buscando parcerias para poder melhorar e fazer essas tecnologias chegarem aos produtores de todo o País. Com mais tecnologia você vai usar menos insumo para a mesma produção que tem hoje, porém, respeitando o meio ambiente e produzindo com sustentabilidade.” REVISTA 100% CAIPIRA |
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Boas prรกticas d gado le ARTIGO
Bons resultados para os an produ 8 | REVISTA 100% CAIPIRA
de manejo para eiteiro
nimais e para o bolso dos utores
Por: Adriana Reis
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No Brasil, as principais causas de descarte de gado leiteiro são cerca de 33% com problemas reprodutivos, 19% com problemas com pernas e pés, 18% mastite e alta contagem de células somáticas, 7% má conformação de úbere, 5% baixa produção de leite, 4% com acidentes e traumatismos e 11% com outras causas, enfermidades e causas desconhecidas. “A contagem de células somáticas (CCS) do leite é uma importante ferramenta que indica a saúde da glândula mamária de vacas leiteiras. As células somáticas são representadas por células de descamação do epitélio da própria glândula mamária e por células de defesa (leucócitos) que passam do sangue para o úbere. Essas células aumentam em número no leite em casos de inflamação/infecção, como na ocorrência de mastite.” (Rehagro) Diante desta realidade já é sabido que a aplicação de boas práticas de manejo nas vacas bovinas de raças leiteiras reduzem drasticamente esses índices elevando a produção de leite diária. É surpreendente afirmar que os problemas recorrentes de descarte aqui no Brasil são por problemas de manejo inadequado, enquanto em outros países as causas mais freqüen-
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tes de descarte de gado leiteiro são a baixa produção de leite, inadequado desempenho reprodutivo e mastite e/ ou problemas de úbere. Algumas raças de gado leiteiro tem qualidades melhores que as outras, por exemplo, a raça Jersey permite a industrialização de manteiga de excelente qualidade, assim como a raça Holandês é bom para leite e o cruzamento das duas raças para a produção de embutidos. Apesar das raças influenciarem na qualidade do leite, alguns fatores são mais importantes, como manter um padrão focado no local, no manejo, na conservação e no armazenamento deste leite. Local - Setor Maternidade Setor onde os bezerros irão nascer. Este ambiente deve ser localizado próximo ao curral, pois as vacas prenhas devem ser observadas com regularidade, assim caso algum animal que venha a ter dificuldade no parto deva receber os cuidados necessários com agilidade. As vacas prenhas são instaladas neste setor 30 dias antes de parir. É um local que deve ter boa cobertura de vegetação que irá servir de cama e não de comida, boa drena-
gem, arejado e deve ser fornecido as vacas alimento de transição adequado para que estes animais se adaptem melhor a dieta que receberão após parir. Para um bom desempenho futuro deste animal a nutrição e o bem estar são os fatores que irão interferir diretamente. Este ambiente deve oferecer sombreamento adequado e ter baixa taxa de ocupação. Assim que os bezerros nascem eles devem receber o colostro. O colostro é o alimento mais importante, pois irá fornecer aos recém-nascidos imunidade, já que a vaca não consegue transferir aos filhotes durante o período de gestação. Estes recém-nascidos irão receber no mínimo 10% do seu peso vivo em colostro e no tempo máximo de 12 horas após o nascimento, sendo o ideal nas seis primeiras horas de vida, para que haja rápida absorção das imunoglobulinas. Neste setor também são aplicadas algumas práticas de manejo que devem ser atendidas para que estas bezerras tenham um bom desempenho futuro, dentre elas a secagem, a pesagem, o descongestionamento das fossas nasais, a cura do umbigo, a verificação do úbere, a tosa da cau-
da e a identificação do animal. Após o nascimento é feito a secagem do animal para retirar o líquido do parto e evitar o resfriamento do animal e ajuda a ativar a circulação substituindo a lambida da vaca. A pesagem das bezerras é importante não só para calcular a quantidade de colostro que deverá ser fornecida, mas também para acompanhar o desenvolvimento deste animal ao longo de sua vida, portanto deverá ocorrer ao nascimento e a cada 30 dias. A cura do umbigo deve ser realizada imediatamente após o parto em solução de iodo, é aconselhável que se faça duas vezes ao dia por cinco dias ou até que o umbigo esteja desidratado, isto é seco, este procedimento é necessário para que a bezerra não pegue nenhuma doença nem infecção e também evita a formação de hérnia. A tosa higiênica da cauda também deve ser realizada nos primeiros dias de vida da bezerra e tem por finalidade evitar o acumulo de fezes na cauda, pois este fator pode provocar assaduras na região ânus/vulva e também atrai moscas o que interfere no bem estar dos bezerros deixando-os estressados. A verificação do úbere tem por objetivo verificar a quantidade de tetos
existentes, quando o número identificado for maior do que quatro tetos estes devem ser retirados, pois além da questão estética é uma questão de saúde, onde estes tornam-se vulneráveis para a contaminação da mastite. E por fim, neste setor é feita a identificação do animal, que conterá todos os dados e o acompanhará até o final de sua jornada. Após executados os devidos procedimentos necessários para o primeiro dias de vida, estes bezerros vão para baias individuais que servirão de “estufas”, pois ficará aquecido e protegido do vento em seu primeiro dia de vida. Setor de Bezerreiro Assim como no setor de maternidade, este local deve ter boa cobertura de vegetação, boa drenagem, arejado, com sombreamento adequado, proteção de frio e chuva. Alguns produtores utilizam o sistema de bezerreiro argentino que é um sistema rotacionado que se adapta muito bem em regiões de clima tropical, este sistema tem se mostrado muito eficiente na questão de boas práticas de manejo, pois a estrutura de sombreamento é feita de forma que possam
ser realocadas a cada três dias para que as bezerras não fiquem em contato com suas fezes e urinas, além de permitir que tenham cobertura vegetal suficiente, isto é, tempo mínimo de permanência no local para que a cobertura vegetal não danifique e rebrote mantendo o sistema rotacionado funcionando adequadamente. A cada rodízio de piquete para a entrada de novos animais este sistema de sombreamento “móvel” devem ser higienizados e o local deve sofrer um vazio sanitário de 6 meses, lembrando que cada proprietário deverá escolher o sistema que mais se adapta a sua realidade. É um setor extremamente importante e deve ser manejado por pessoas treinadas e capacitadas. Neste setor o profissional deverá realizar o ensinamento da mamada as bezerras que são inteligentes e aprendem rápido, cerca de um dia e meio estes animais já conseguem realizar a mamada sozinhas. No momento da mamada este profissional realiza uma massagem no animal, durante a massagem este animal deverá responder com alguns sintomas que são detectados pelo profissional e indicam uma situação de relaxamento e prazer, esta atividade é fundamental para que as REVISTA 100% CAIPIRA | 11
bezerras acostumem com o contato do ser humano e não gere estresse nos procedimentos futuros, desta forma se tornaram dóceis. A dosagem de proteínas destes animais é feita diariamente para monitoramento e controle. Neste setor além do aleitamento as bezerras recebem concentrado e água fresca a partir dos primeiros dias de vida para auxiliar na formação do rúmen, pois estas bezerras só serão chamadas de ruminantes quando o rúmen estiver totalmente formado quando terão condições de absorver todos os nutrientes dos alimentos sólidos. O desmame do bezerro de leite e diferente do desmame do bezerro de corte, afinal esta diferença é devido ao valor que o leite tem para a propriedade. Este desmame poderá ser feito de três maneiras, ou pela idade das bezerras ou pelo peso, ou pelo consumo de concentrado. Em algumas fazendas é comum adotarem o desmame em torno de 60 a 90 dias de idade, em outras quando as bezerras adquirirem o peso entre 80 a 90 quilos de peso vivo, ou até mesmo pela quantidade de concentrado diária de 600 a 800 gramas. De qualquer forma o regime adotado deverá ser o que melhor se encaixa no dia a dia da fazenda ou até mesmo o que as bezerras se adaptarem melhor, isto é, o regime onde as bezerras fornecerão futuramente maior volume de leite. Neste momento as bezerras estarão prontas para ser desaleitada. As maiores vantagens em fazer o desmame o mais breve possível são a redução do custo da alimentação, redução do custo com mão de obra e a não ocorrência de distúrbios gastro intestinais. Lembrando que após 35 dias de vida passam a receber o sucedâneo lácteo uma vez ao dia no período da tarde, já que o leite é o principal alimento para as bezerras até o seu 30º dia de idade, tanto pelo seu valor nutricional quanto pela sua digestibilidade. Segundo estudos da Embrapa é recomendado desmamar as bezerras de forma abrupta sem que haja a redução gradativa do fornecimento do leite. É necessário observar estas bezerras, pois se no período do 12 | REVISTA 100% CAIPIRA
desmame estas apresentarem doenças como diarréia, pneumonia ou outras doenças estas bezerras deverão ser mantidas na dieta líquida e somente quando se recuperarem passarão para o manejo da desmama. Não se deve associar o desmame com outros manejos para não traumatizar as bezerras, por exemplo, vacinação, descorna ou mudança na dieta. É recomendado que as bezerras permaneçam no mesmo piquete por até 10 dias após o desmame. Após os 70 dias já estão desmamadas e passarão para outro setor. Setor de Recria pós desmame Neste setor as bezerras são divididas em lotes de acordo com o tamanho. Nesta fase as bezerras não devem competir no cocho, portanto não é aconselhável que os lotes tenham mais do que 10 animais por piquete. A alimentação destes animais passa a ser pasto (gado verde), feno, silagem (nos períodos de seca), ração com concentrado e claro água fresca e a vontade. A dieta deverá ser balanceada e regulada de acordo com o crescimento do rebanho. Neste setor os animais irão crescer e engordar até atingirem um ganho de peso entre 850 a 900 gramas por dia até atingirem a idade de 13 ou 14 meses de idade para estarem aptas a receberem a primeira cobertura. Lembrando que em todos os setores os animais deverão receber condições que garantam seu conforto, bem estar e saúde como água fresca e de qualidade, sombreamento adequado, alimentos adequado de alta qualidade. Além da sanidade do animal para o resto de sua vida, isto é, um manejo adequado desde o início irá garantir redução de mortalidade e redução de doenças como diarréia, pneumonia, inchaço do umbigo que causa descarte de matriz, formação de hérnia, crescimento menor do que o esperado, reprodução prejudicada e redução na produção de leite da matriz. É muito importante que os animais tenham uma alimentação balanceada para que haja uma formação das glândulas mamárias adequada.
Ao atingirem a puberdade, isto é, a maturidade sexual, estes animais irão receber sua primeira inseminação artificial, sempre observando se estas atingiram a condição do score corporal ideal que é a avaliação da deposição de gordura no corpo da fêmea pra poder manejá-la de maneira que tenha uma informação visual nos servindo como ferramenta de manejo para as nossas atividades reprodutivas dentro do rebanho. Algumas fazendas utilizam os protocolos de inseminação artificial de tempo fixo. No manejo das vacas já paridas que irão fornecer o leite é muito importante o conforto destes animais, com controle de temperatura para que não haja estresse e redução de produção de leite. Alguns cuidados necessários para o protocolo de ordenha devem ser respeitados para que os índices já citados no início reduzam. As instalações de ordenham obrigatoriamente devem ser cobertas para proteção dos funcionários e devem ter seu piso concretado para evitar contato com esterco, barro, poeira e insetos. O local da ordenha deve ficar longe das instalações esterqueiras, dos silos e da área de alimentação para facilitar o controle de insetos. Para evitar o estresse e facilitar a descida do leite os animais não devem permanecer no curral de espera por mais de uma hora, e devem ser conduzidos até o local da ordenha tranquilamente. No caminho é recomendado que as vacas passem por um pé de lúvio, este estimula os animais a defecarem, reduzindo significativamente o foco de contaminação na sala de ordenha. Um segundo pé de lúvio geralmente contendo água clorada contribui para a higiene dos animais. Seguindo o protocolo: passo 1: higiêne - o ambiente, os equipamentos e os funcionários devem estar devidamente limpos e higienizados; passo 2: controle de mastite – efetuar o teste da caneca de fundo preto para a detecção de mastite clínica, este teste já estimula os tetos para o inicio da ordenha; passo 3: lavagem dos tetos: os tetos do animal não pode conter lama e deverá ser limpo com
o mínimo de água possível para que não escorra água nos tetos durante a ordenha; passo 4: pré dipping – imersão dos tetos em solução desinfetante para a redução da taxa de infecções das glândulas mamárias causada por patógenos ambientais; passo 5: secagem – é efetuado a secagem dos tetos após 30 segundos da aplicação da solução clorada, faça com papel toalha descartável, utilizando um para cada teto e descartando-o imediatamente; passo 6: ordenha; passo 7: pós dipping - imersão dos tetos em solução anti séptica após a ordenha para a prevenção da mastite; passo 8: fornecimento de alimento – é muito importante que os animais permaneçam de pé após a ordenha, pois os canais dos tetos estão expandidos per-
mitindo assim a entrada de sujeiras e a contaminação por bactérias nos tetos, podendo resultar em mastite; passo 9: resfriamento do leite – o leite recém ordenhado deve ser filtrado e rapidamente resfriado para a garantia da sua qualidade; passo 10: higienização - o ambiente, os equipamentos e os funcionários devem estar devidamente limpos e higienizados. Vale ressaltar que as vacas devem ser ordenhadas na seguinte ordem, primeiro as vacas de primeira cria, segundo as vacas que produzem mais leite, terceiro as demais vacas e por fim manualmente e separadamente as vacas que apresentarem quadro clínico de mastite e as que estão em tratamento, pois o antibiótico passa para o leite.
Após a segunda gestação termina o desenvolvimento completo do úbere. As vacas devem ser secadas dois meses antes do próximo parto para que haja recuperação dos tetos e formação de colostro. E uma informação muito importante, estes animais gostam de rotina, qualquer alteração gera estresse e redução na produção do leite. Manutenção nos equipamentos e reciclagem de treinamento em funcionários são essenciais. Estas práticas que aqui estão resumidamente podem representar cerca de 80% na redução dos problemas de descarte de gado leiteiro e do descarte da produção de leite por contaminação ou má qualidade.
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Manejo externo do eficiência das PRAGAS E DOENÇAS
Estudos comprovam viabilidade econômica e vantagens do controle feito do lado de fora dos pomares comerciais
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greening aumenta ações internas O avanço do greening no Brasil exigiu um manejo mais rigoroso e completo: se antes recomendava-se somente o controle dentro das propriedades, hoje a atuação além das porteiras é fundamental para a efetividade das ações. Isso porque as práticas de controle interno não são suficientes para impedir infecções primárias, que ocorrem quando psilídeos vindos de murtas (damas da noite) e plantas de citros de pomares abandonados, quintais ou chácaras, nas zonas rural e urbana, percorrem longas distâncias e migram para os pomares comerciais. Assim, ações internas e externas às fazendas tornaram-se essenciais e complementares. Dentro e fora das fazendas O controle interno do greening baseia-se, principalmente, na inspeção e erradicação de ár vores sintomáticas, no monitoramento e controle do psilídeo – com maior frequência de pulverizações nos talhões de borda e nos períodos de brotação – e participação no Alerta Fitossanitário. Apesar de depender de fatores internos – periodicidade de monitoramento e de pulverização, tipo de inseticida usado, tipo e frequência de inspeção e da erradicação de plantas doentes – e de fatores externos – como índice de contaminação na região e clima –, que variam de produtor para produtor, o custo do controle do greening dentro das propriedades, desconsiderando valores gastos com frete e colheita, varia de 14% a 23% do custo total de produção de uma caixa de laranja por hectare, de acordo com estudos do Fundecitrus e do Cepea (Esalq/USP). Já o controle externo do gree-
ning baseia-se no mapeamento, em um raio de 3 a 5 quilômetros no entorno da fazenda, de murtas e plantas de citros que não recebem o controle químico recomendado e na substituição destas por outras ornamentais e frutíferas, erradicação de pomares abandonados e aplicação de inseticida ou liberação da vespinha Tamarixia radiata, inimigo natural do psilídeo, nos locais onde as substituições e erradicações não puderem ser feitas. O custo destas ações, que incluem mão de obra e transporte, erradicação, compra de mudas e de inseticidas e liberação do parasitoide, varia de 0,2% a 2% do custo total para a produção de uma caixa de laranja. “O custo das ações externas é bem menor do que o custo das ações internas, e os resultados mostram que vale muito a pena investir no manejo externo do greening”, diz o pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi. Em levantamento realizado pelo Fundecitrus em três fazendas localizadas nas regiões Centro e Norte do estado de São Paulo, a incidência de greening foi comparada antes e depois da adoção das práticas de manejo externo: somente com o manejo rigoroso do lado de dentro das propriedades, a incidência de plantas com a doença aumentava a cada safra; adicionando-se as ações nos arredores, o índice de ár vores doentes caiu em media 60% e manteve-se abaixo de 2% ao ano.“Por ser uma atividade que necessita de persistência para o convencimento de diferentes pessoas, ainda há uma certa resistência na adoção por parte de alguns citricultores, mas hoje não e mais possível falar em controlar o greening com sucesso sem olhar para as áreas vizinhas”,
comenta. “ Temos obser vado nas ações organizadas pela equipe de Transferência de Tecnologia do Fundecitrus que de 80% a 90% das pessoas donas de plantas de citros e murtas ao redor das propriedades comerciais aceitam as propostas para troca de plantas, aplicação de inseticida ou liberação de Tamarixia”, conta Bassanezi.
C ontrole externo re duz p erdas internas Ao incor porar o controle externo, o citricultor deixa de perder plantas e consegue baixar a incidência anual da doença em seu pomar, permitindo que se reduza a intensidade do controle interno no médio prazo. Estudos realizados pelo Fundecitr us mostraram que o manejo externo eleva a eficiência do manejo interno, pois a pressão das infecções primárias é reduzida.“Em pomares com alta pressão externa de greening, aplicações quinzenais de inseticidas não foram suficientes para controlar a doença, enquanto que em pomares com baixa pressão externa, aplicações a cada três ou quatro semanas foram tão eficientes quanto as aplicações quinzenais”, destaca Bassanezi. O pesquisador aponta ainda que, para cada R$ 1 investido nas ações externas, deixa de se perder de R$ 5 a R$ 20 ou mais quando as ações são mantidas ao longo dos anos. “ Tentar controlar o greening olhando apenas para dentro de sua propriedade não resolve. S e o citricultor f izer isso, ele ficará ainda mais dependente dos inseticidas, o que elevara os custos e os riscos relacionados ao uso f requente destes produtos”, Fonte: FUNDECITRUS adver te. REVISTA 100% CAIPIRA | 15
PESQUISA
Estudo aplica tecnologia de ultrassom na hidratação de grãos
Fonte: Esalq/USP
Ultrassom substitui o uso de temperaturas altas e traz economia ao processo industrial Um estudo desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), aplicou a tecnologia de ultrassom de alta potência na hidratação de grãos como feijão e milho. Em escala industrial, a hidratação desses produtos demanda tempo e gastos com energia. “Esse processo pode demorar, dependendo do grão, de oito a 14 horas, mas com o uso dessa tecnologia conseguimos reduzir de 5 a 6 horas de processo”, conta Alberto Claudio Miano Pastor, autor da pesquisa que teve orientação do professor Pedro Esteves Duarte Augusto, do departamento de Agroindústria, 16| REVISTA 100% CAIPIRA
Alimentos e Nutrição. Além de mais rápido e barato, o processo de aplicação de tecnologia de ultrassom permite a adição de componentes como o ferro e vitaminas, podendo agregar valor ao produto. “A aceleração desse processo, no caso do feijão, por exemplo, ocorre na indústria a partir do aumento da temperatura, o que pode prejudicar o produto e consumir grande quantidade de energia. Aqui, nós aceleramos o processo sem aumentar a temperatura e ainda incluímos ferro, um componente que combate a anemia, um problema grave em países em desenvolvimento”, declarou o autor. Segundo o pesquisador, a hidratação, é uma etapa inicial do processo
de industrialização, sendo empregado com diversas finalidades. “A hidratação é feita para cozinhar o feijão, o objeto mais comum por exemplo, então melhora-se a textura e reduz o tempo de cozimento do feijão. Mas também é feita para ser usado para germinar o feijão, para malteação, para a produção de brotos, que melhora as características nutricionais, entre outros”. Atualmente, Alberto é professor na Universidad Nacional De Trujillo, no Peru, e continuará a pesquisa por lá, em conjunto com a USP. “Queremos estudar outra incorporação de outros nutrientes, como, por exemplos, vitaminas, carotenoides, para ter um feijão com maior quantidade de nutrientes” complementa o autor.
CERTIFICAÇÃO
Certificadora ressalta a força do mercado Halal para economia brasileira Para o vice-presidente da certificadora Fambras Halal, Ali Zoghbi, ações por parte do governo brasileiro que possam prejudicar as relações comerciais com o mercado árabe terão fortes impactos na economia e na manutenção de empregos
Em 1979, ano que marcou o início das atividades da FAMBRAS Halal – a primeira certificadora de produtos Halal do Brasil – surgiu uma demanda vinda de países árabes que exigiu uma verdadeira força-tarefa dos frigoríficos brasileiros: 650 toneladas de frango Halal. Quase 40 anos depois, o Brasil é líder mundial na produção e na exportação de proteína animal Halal – que inclui tanto a carne bovina e como a de frango. De acordo com dados da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em 2017, as exportações de derivados de bovinos e de aves para os países da Liga Árabe somaram US$ 3,5 bilhões, sendo US$ 2,6 bilhões só em produtos avícolas. Os principais compradores foram Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito e Argélia. “Este é um recorte, apenas, das exportações brasileiras de proteína Halal para os países árabes, mas há outros produtos que estes países também compram de nós como o açúcar, o milho e o minério de ferro”, cita o vice-presidente da Fambras Halal, Ali Zoghbi. O Egito, por exemplo, comprou US$ 246 milhões
de carne bovina do Brasil, um aumento de 19,6% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Os embarques de carne de frango nos sete primeiros meses de 2018 renderam US$ 34 milhões. “Exportar produtos brasileiros para países árabes foi uma conquista muito importante para o país, um relacionamento que se fortalece ano a ano, e que tem um potencial enorme: existem 1,8 bilhão de muçulmanos economicamente ativos no mundo, uma economia que cresce mais rápido que a média mundial. Por isso, é preciso que o governo federal evite quaisquer medidas que possam afetar esta relação”. O bloco de países árabes é o quarto principal destino das exportações brasileiras, ficando atrás apenas da China, Estados Unidos e Argentina, conforme dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Segundo Zoghbi, todo governante de uma nação como o Brasil precisa preservar os recursos que chegam ao país por meio das exportações, atuar para a ma-
nutenção dos empregos existentes e possível geração de mais postos de trabalho, bem como preservar boas relações com qualquer país que importa produtos nacionais, sobretudo os que respondem por volumes mais vultosos. “A FAMBRAS Halal, por exemplo, para atender à demanda do mercado Halal internacional, mantém quase mil colaboradores espalhados em 136 cidades brasileiras. A manutenção deste mercado, pode fazer com que empresas como a nossa gerem mais empregos, contribuindo para minimizar os dramáticos índices de desemprego que existem no Brasil”. Sobre a FAMBRAS HALAL A FAMBRAS HALAL é a primeira instituição certificadora Halal do Brasil e está em operação desde 1979. A certificadora é líder de mercado e realiza auditorias, abate, inspeção, supervisão de produtos e implantação do Sistema de Garantia Halal junto a indústrias e frigoríficos interessados em comercializar seus produtos especialmente para países Fonte: Em Pauta Comunicação árabes. REVISTA 100% CAIPIRA |17
SAÚDE ANIMAL
Estratégias simples em fazendas e usinas reduzem riscos de surtos de mosca-dosestábulos
Propriedades rurais localizadas próximas a usinas sucroalcooleiras devem redobrar a atenção em relação à mosca-dos-estábulos Nesse período de final de safra de cana e aumento das chuvas podem ocorrer surtos do inseto nas fazendas que trabalham com gado de leite ou de corte. Com a colheita da cana-de-açúcar há acúmulo de subprodutos orgânicos. A palha da cana misturada com a vinhaça ou vinhoto (resíduo da destilação do caldo fermentado durante a produção de álcool) sobre o solo forma um ambiente propício para o desenvolvimento e multiplicação de moscas. De acordo com o pesquisador Alessandro Minho, da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos – SP), apesar dos surtos serem mais comuns nas proximidades de usinas, também podem ocorrer quando há destinação inadequada de resíduos em confinamentos ou mau uso da cama de frango e efluentes nas fazendas de pecuária de leite ou de corte. Os prejuízos estimados no Brasil anualmente podem chegar a 350 milhões de dólares. A mosca-dos-estábulos é hematófaga e parasita vários animais. Nos bovinos, ela causa perdas de cerca de 20% no ganho de peso e de até 50% na produção de leite. “A picada da mosca é muito dolorida. No caso de alta in18| REVISTA 100% CAIPIRA
festação, o gado se agrupa para se proteger das picadas. Aí os animais ficam sem beber água e sem comer. Além disso, a mosca pode ser vetor de várias doenças”, explica o pesquisador. Ainda, ele ressalta que outras perdas, como as reprodutivas, não são calculadas, mas existem. Algumas medidas são recomendadas para reduzir o número de moscas-dos-estábulos e evitar surtos. Tanto o produtor rural, como os responsáveis pelas usinas devem tomar as precauções necessárias. A prevenção é a melhor estratégia. A higiene das instalações pecuárias é essencial. Deve-se remover e destinar corretamente os resíduos alimentares (feno, silagem e concentrado) e os dejetos animais. A compostagem pode ser uma alternativa. Revolver o material de compostagem e drenar a água da chuva também estão entre as boas práticas para evitar surtos da mosca nas criações de bovinos. Já nas usinas, devido ao volume de matéria orgânica e grandes áreas de cultivo de cana-de-açúcar, o controle é mais complexo. Entre as medidas indicadas pelo pesquisador estão:
o monitoramento da quantidade de moscas, a elaboração de laudo com a previsão de cenários futuros para identificar possíveis surtos, a redução do volume de vinhaça por hectare, que pode ser feita implantando o concentrador de vinhaça, o recolhimento da palha ou sua incorporação no solo. Os cuidados com o revolvimento da torta de filtro (resíduo proveniente da filtração do caldo extraído das moendas) também é fundamental para o controle adequado desse inseto. É importante que essas estratégias sejam incluídas na rotina das fazendas e usinas. “Devido aos prejuízos econômicos acarretados por essa praga, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo sancionou a Resolução SAA 38/2017 que criou o programa de controle e prevenção do surto da mosca-dos-estábulos. Na resolução estão listadas várias ações a serem tomadas para que pecuaristas e usineiros possam agir em conjunto na solução desse problema que afeta a agropecuária e a saúde pública do nosso estado”, ressaltou Fonte: Embrapa Pecuária Sudeste Minho.
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GESTÃO
Aviação agrícola incre com seg
Setor da aviação agrícola é um
para o desenvolvim Fonte: Assessoria de Imprensa Abapa
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ementa produtividade gurança
m dos principais fomentadores
mento tecnológico Com o início da safra agrícola 2018/2019, mais uma vez os agricultores se preparam para garantir a produtividade com segurança no campo. Dentre as atividades que garantem o suporte para a agricultura baiana, o setor da aviação agrícola é um dos principais fomentadores para o desenvolvimento tecnológico, principalmente no combate e defesa de pragas, a exemplo da ferrugem da soja e o bicudo do algodoeiro no algodão. O Brasil tem a segunda maior e uma das mais eficientes aviações agrícolas do Mundo. Segundo a Agência Nacional de Aviação Agrícola (ANAC), que fiscaliza e monitora o setor, são mais de 2 mil aviões agrícolas no País, 240 empresas aeroagrícolas e 548 operadores privados, disponíveis para contribuir com a agricultura de forma mais eficiente como a semeadura e aplicação de fertilizantes, trato de florestas, combate a incêndios florestais, povoamento de rios e lagos. Ao contrário do comumente se pensa, a aplicação de defensivos pelas aeronaves é ainda mais seguro para o meio ambiente e para os colaboradores envolvidos, diante da regulação e legislação específicas, cuja operação é fiscalizada por pelo menos cinco órgãos, como o Ministério da Agricultura, ANAC, IBAMA, secretarias estaduais e prefeituras, além de Ministério Público, CREA e outras instituições. Diante de toda a fiscalização, o presidente do Sindicato Nacio-
nal das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), Júlio Augusto Kampf, reforça sobre a segurança de todo o processo e que há muitos mitos que envolvem principalmente a aplicação de defensivos agrícolas no campo. Além do fato de não se ter ninguém no campo no momento da aplicação, Kampf explica que é preenchido um relatório com informações profissionais, produto, condições meteorológicas, mapa com a localização da área aplicada e como foi o sobrevôo, sendo enviado mensalmente para o controle aos órgãos de fiscalização. “Não há como ocorrer o uso indiscriminado de defensivos na aviação agrícola. É uma ferramenta complexa de operação e bastante controlada e regulada. É um processo seguro e sem riscos de contaminação entre os envolvidos e do próprio alimento, é o que aponta os relatórios da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), afirma. O presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão, o produtor rural Júlio Busato, explica que o uso de aeronaves tem sido o principal diferencial no combate das pragas e doenças, a exemplo do bicudo do algodoeiro, por conta da eficiência, velocidade e segurança no suporte na aplicação dos defensivos agrícolas nas lavouras. “Sem o uso das aeronaves, precisaríamos utilizar uma quantidade muito maior de
defensivos e com uma exposição mais prolongada do produto na lavoura. A depender do tamanho da área cultivada, a aplicação área tem o custo x benefício bem melhor do que a terrestre, o que seria necessário uma quantidade maior de aplicações e com menos eficiência no campo”, afirma. Ainda, segundo Busato, é um processo seguro que minimiza o impacto para o meio ambiente e o risco a segurança dos colaboradores. Há 13 anos atuando na manutenção de aeronaves no oeste da Bahia, o sócio-proprietário da ABA Manutenção de Aeronaves, Ruddigger Alves da Silva, reforça a importância da aviação agrícola para o desenvolvimento econômico e social. “Hoje, cerca de 200 pessoas ligadas à empresa estão direta e indiretamente ligados ao setor de aviação agrícola na região. Antes, os serviços de manutenção eram realizados em outras capitais, como Salvador e Goiânia. Ao longo de todo este tempo, estamos formando mecânicos da própria região, que vem se capacitando e se adequando aos rigorosos protocolos da aviação civil no Brasil, principalmente quando se trata em uso para aplicação de defensivos nas lavouras”, afirma ele, que acredita no desenvolvimento da agricultura da região para aumentar os postos de trabalhos qualificados e a renda para o oeste da Bahia. REVISTA 100% CAIPIRA |21
CULTURAS FLORESTAIS
A relação entre florestas e a disponibilidade de água Estudo observa a composição e configuração da cobertura florestal na bacia hidrográfica e seus efeitos nos serviços hidrológicos Fonte: Esalq/USP
Um estudo desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Recursos Florestais, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/ USP) testou se o aumento da floresta nativa em bacia hidrográfica pode ser benéfico e até que ponto isto pode ocorrer quando se pensa em quantidade de água nos riachos. O trabalho é de Lara Gabrielle Garcia com orientação do professor Silvio Ferraz, do departamento de Ciências Florestais. Diante da recente crise hídrica que se intensificou em algumas regiões do país, a restauração florestal vem sendo incentivada, principalmente com objetivo de aumentar a disponibilidade de água. “Sabe-se que a floresta tem forte influência no ciclo hidrológico local, no entanto, 22| REVISTA 100% CAIPIRA
existem limitações econômicas para o aumento das florestas nas áreas agrícolas, e o planejamento do uso do solo é fundamental nestes locais”, disse a pesquisadora. O aumento da floresta nas áreas agrícolas resultou em redução na disponibilidade de água e diminuição dos picos de vazão. De acordo com a autora, foi observado que existe um limiar de 50% de ocupação na bacia por floresta a partir do qual a disponibilidade de água e os picos de vazões diminuem consideravelmente. “O aumento da floresta não necessariamente irá resultar em maiores vazões, mas sim em outros benefícios, como a redução dos picos de vazão. Ou seja, a ocupação da bacia de forma planejada pelas florestas nativas
pode resultar em diminuição da vazão e melhor distribuição temporal da água” explicou Lara. Em relação à limitação de aumento da floresta nas áreas agrícolas, foi analisada a mesma quantidade de floresta na bacia hidrográfica. A posição da mesma nas áreas próximas ao rio, apresentou redução na disponibilidade de água e maior redução nos picos de vazão, enquanto que nas demais áreas, como topos de morro e encostas, os efeitos não foram observados. Segundo a pesquisadora, o local onde se instala a floresta nas áreas agrícolas é importante para a quantidade de água no riacho. “Diante dos resultados encontrados, é possível concluir que existe uma relação de perda e ganho com o aumento da floresta e sua localização na bacia hidrográfica, sendo necessário aos programas de restauração conhecerem este ponto de equilíbrio para garantir água constante e em abundância nas bacias agrícolas”. Os resultados mostraram que a presença da floresta é essencial para os recursos hídricos, sendo fundamental esta coexistência. “Por ocuparem pequenas porções das bacias, as florestas não possuem a capacidade de mitigar os efeitos das áreas agrícolas e que é fundamental o correto manejo destas áreas para a conservação de água e solos, potencializando os efeitos das florestas”, finaliza a pesquisadora.
T. DA INFORMAÇÃO
Aplicativo reconhece pragas em cultivos
O “Plagapp” terá um sistema de reconhecimento de imagens Um aplicativo para celular projetado por estudantes de Engenharia Agrícola da Universidade Nacional da Colômbia auxilia os agricultores no reconhecimento de pragas e cultivos. De acordo com os desenvolvedores da nova ferramenta, a tecnologia já está disponível para download em dispositivos móveis com sistema operacional Android e Windows Phone. Segundo o estudante Richard Alejandro Moreno, o “Plagapp” terá um sistema de reconhecimento de imagens com o objetivo de gerar um sistema para que os agricultores possam identificar a praga que está danificando suas lavouras e encontrar as indica-
ções necessárias para eliminá-la. “Por meio de diferentes métodos, como thresholding, abertura, fechamento e aplicação de filtros, entre outros, as características mais relevantes da imagem foram extraídas para automatizar seu reconhecimento”, afirmou Moreno. Depois de identificar essas particularidades, as amostras foram classificadas por um método supervisionado conhecido como “classificador bayesiano”, que é baseado no cálculo da incidência das características de uma amostra e na probabilidade de pertencer a uma determinada classe. Assim, por exemplo, quando um agri-
cultor tira uma foto de uma praga, o classificador permite calcular quanto coincide com uma das espécies para determinar qual indivíduo é. O objetivo é que o software detecte e relate o nome da praga analisada, para fornecer dados sobre seu tamanho, formas de erradicação, ciclo de vida e reprodução, entre outros dados úteis para o agricultor. Na aplicação, o agricultor também pode preencher um formulário indicando o número de plantas que ele observou em sua safra e quantos deles são afetados, de modo que a aplicação irá informá-lo da incidência percentual da praga na Fonte: Agrolink área analisada. REVISTA 100% CAIPIRA | 23
ECONOMIA
Fonte: Portal Paraná Cooperativo
Cenário favorece fim do subsídio ao diesel, dizem economistas O cenário econômico de 2019 cria um quadro favorável para o governo federal abandonar o subsídio ao diesel
O cenário econômico de 2019 cria um quadro favorável para o governo federal abandonar o subsídio ao diesel, adotado como resposta à greve dos caminhoneiros. Com as previsões mais tranquilas para o dólar e para o preço do petróleo no ano que vem, o governo deveria desistir de vez de arcar com parte do valor do combustível - a subvenção de R$ 0,30 por litro vale até 31 de dezembro. A análise é de economistas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/ FGV), que na semana passada reali24 | REVISTA 100% CAIPIRA
zaram debate a respeito do tema no Valor. Transição presidencial - A transição presidencial também abre espaço para a discussão. O Ministério da Fazenda já vem inclusive trabalhando em uma solução, de acordo com o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco. “É factível e desejável acabar com a subvenção ao diesel em 2019”, diz Bráulio Borges, pesquisador-associado ao Ibre e um dos autores do estudo sobre o tema, que também trata dos problemas causados pelo tabelamento do frete rodo-
viário - outra das concessões feitas para encerrar a paralisação dos caminhoneiros, que teve duração de 11 dias, iniciada em 21 de maio. Custo total - Nas contas dos economistas do Ibre/FGV, o custo total estimado das medidas para aplacar o ânimo dos motoristas ficou em R$ 13,5 bilhões em 2018. Elas incluem a mudança na periodicidade dos reajustes do diesel nas refinarias, de diários para mensais; a subvenção temporária do preço nas refinarias e distribuidoras; a redução permanente da tributação federal sobre o
diesel (Cide e PIS/Cofins); e o tabelamento do frete. Perspectivas - As perspectivas para 2019 apontam para um quadro favorável para se colocar um ponto final aos subsídios, segundo os analistas do Ibre/FGV. “Há uma janela de oportunidade para isso. Nada impede que no futuro o real volte a se desvalorizar, por exemplo. Deixar para acabar com o subsídio posteriormente pode ser mais complicado”, diz Armando Castelar Pinheiro, coordenador de Economia Aplicada do Ibre-FGV. Desconto - O desconto de R$ 0,30 por litro no preço do diesel foi uma das maneiras encontradas pelo governo federal para encerrar a paralisação dos caminhoneiros. Na ocasião, foi formada uma “tempestade perfeita”, que levou Temer e sua equipe a atender as demandas dos caminhoneiros, na expressão de Castelar. Além da alta do preços do petróleo no mercado internacional e da desvalorização do real, houve aumento da tributação sobre o diesel em 2017, a entrada em vigor da política de reajustes diários pela Petrobras, a fraca recuperação econômica - que limitava o valor do repasse dos fretes - e a baixíssima aprovação de Temer, presidente de um governo enfraquecido. Alta - De junho de 2017 a maio de 2018, o diesel subiu 21,6%, levando o preço a atingir o nível mais elevado desde meados de 2009 em termos reais (descontada a inflação). Dessa alta de 21,6%, 7 pontos percentuais vieram do aumento da tributação federal sobre o combustível, definida em julho de 2017. A desvalorização do câmbio contribuiu com 5,8 pontos, enquanto outros 13,8 pontos se deveram à nova política de preços da Petrobras e da alta do petróleo no mercado internacional. Na direção contrária, a redução da margem média de comercialização dos postos “tirou” 5 pontos da variação das cotações do diesel. Validade - Com validade até o fim deste ano, os gastos totais com a subvenção de R$ 0,30 por litro foram estimados em até R$ 9,5 bilhões
para 2018, considerando o período de junho a dezembro. Para isso, a União abriu um pedido de crédito extraordinário, deixando a quantia fora do teto de gastos, o mecanismo que limita o crescimento das despesas não financeiras à inflação do ano anterior. Cenário mais favorável - Agora, o cenário está muito mais favorável para que o governo abandone o subsídio, segundo os economistas do Ibre/FGV. Levando em conta projeções mais recentes, eles calculam que o barril de petróleo tipo Brent ficará na média em US$ 75 durante o ano que vem. Para o dólar, a projeção é de R$ 3,80. Recursos - Nesse caso, seriam necessários R$ 7,4 bilhões (ou R$ 0,13 centavos por litro) anuais para manter o litro do diesel na bomba em R$ 3,50 - valor médio registrado entre junho e novembro deste ano. A ausência de protestos no período, de acordo com Borges, sugere que esse é um preço “tolerado” pelos caminhoneiros. Com o dólar a R$ 3,70, nível mais próximo do observado nas últimas semanas, o subsídio seria ainda menor, algo como R$ 4 bilhões anuais. Razões - Por razões ainda não totalmente identificadas pelos economistas, até outubro foi gasto apenas R$ 1,68 bilhão dos R$ 9,5 bilhões reservados à subvenção. Ou seja: o preço do combustível caiu em uma proporção menor do que o desconto oferecido pelo governo. Dificuldades de empresas se credenciarem para terem direito ao subsídio é um dos motivos. “Dessa maneira, fica mais fácil tirar o subsídio. Quando você acaba com ele, o preço não dá aquele salto tão grande”, diz Manoel Pires, pesquisador do Ibre e ex-secretário de Política Econômica. Crescimento mais robusto - O crescimento mais robusto da atividade em relação a este ano também deve puxar o valor dos fretes para cima. Borges destaca que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) deve passar de 1,5% em 2018 para algo entre 2% a 3% no ano que vem. Além disso, a elasticidade do valor
dos fretes, nos cálculos de Borges, é maior do que 1. Ou seja: quando o PIB cresce 1%, o valor dos fretes sobe ainda mais. Previsão de alta - Outro fator positivo é a previsão de alta de 6% a 6,5% do preço dos alimentos no ano que vem, segundo Livio Ribeiro, pesquisador do Ibre/FGV. Isso abriria espaço para um maior reajuste do valor do transporte de produtos agrícolas. Ajuda - Parte da ajuda para colocar fim ao subsídio pode vir também da conjuntura política. Borges lembra que, no auge da greve, o governo Temer era considerado bom ou ótimo por aproximadamente 5% dos brasileiros. Já o presidente eleito, Jair Bolsonaro, deve começar o mandato com aprovação de algo entre 40% e 50%, de acordo com ele. Mas os economistas ponderam que Bolsonaro agradeceu publicamente os caminhoneiros em entrevista ao Jornal Nacional, logo no primeiro dia após o primeiro turno. Sinal - Um sinal de que o valor do diesel já não é um problema tão grave surgiu em setembro, quando o preço do combustível voltou aos patamares de maio. “Isso sugere que, para a categoria, os reajustes menos frequentes e a tabela que estabelece valores para o frete são mais importantes”, diz Borges. Crédito extraordinário - Manoel Pires destaca ainda que a abertura do crédito extraordinário para bancar o subsídio só foi possível em razão do caráter “imprevisível” dos acontecimentos de maio. “Agora esse argumento [da imprevisibilidade] tem menos força”, o que provavelmente obrigaria o governo a incorporar a quantia destinada à subvenção ao teto dos gastos. “E esse é um benefício direcionado para uma categoria muito específica, que não gera uma sensação evidente de bem-estar para população”, diz. Opção - Uma opção apontada para minimizar os impactos de eventuais altas do preço do diesel seria a adoção de uma regra suavizando os reajustes, com base em médias móveis trimestrais, por exemplo. REVISTA 100% CAIPIRA |25
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ALGODÃO
Algodão orgânico é aposta para agricultores do Ceará
Apesar do longo período com chuvas abaixo da média, o cultivo ecológico da fibra resiste na região dos Inhamuns. Tauá é um dos municípios cearenses que se destaca na produção Fonte: Diário do Nordeste
Os sete anos seguidos de chuva abaixo da média impactam o setor agropecuário no sertão cearense. Apesar das dificuldades, o cultivo de algodão orgânico resiste na região dos Inhamuns, uma das mais afetadas por questões climáticas. O esforço de produtores de base familiar coloca o Estado em primeiro lugar no Nordeste na produção da cotonicultura sem uso de agrotóxico. Para 2019, a expectativa é ampliar o plantio ecológico da fibra. Os produtores estão animados com a intenção do governo do Estado de fazer zoneamento e distribuir sementes entre os agricultores interessados. O município de Tauá que é exemplo atual na cotonicultura orgânica quer ser uma das áreas beneficiadas. O algodão orgânico tem com certificação do Instituto Biodinâmico (IBD). A produção tem venda garantida para empresas que atuam no setor de confecção de roupas e calçados (tênis), que utilizam matérias-primas de origem agroecológica. O preço de comercialização já é conhecido no início de cada ano. 28 | REVISTA 100% CAIPIRA
A cotonicultura orgânica é produzida em unidades familiares, em modelo de consórcios agroecológicos, que consiste em cultivar o algodão em faixas alternadas com culturas alimentares (milho, feijão, gergelim) e forrageiras. No município de Tauá, os agricultores têm o apoio da Associação de Desenvolvimento Econômico e Cultural (Adec). O trabalho com o plantio do algodão agroecológico começou em 1994. O manejo é feito de forma consorciada com grãos, sem uso de agrotóxico e de adubos químicos, utilizando técnicas de conservação do solo, que minimizam os impactos ambientais. Não se faz queimadas e incentiva-se o plantio de árvores nativas visando ao reflorestamento. Neste ano, por conta da escassez de água, o número de produtores caiu pela metade. Havia mais de cem inscritos, mas 50 decidiram plantar. “A falta de chuva influenciou, alguns desistiram, mas foram colhidas vinte toneladas de algodão em rama (pluma e caroço)”, explicou o tesoureiro e
produtor associado da Adec, Manoel Lino Siqueira de Melo. Em pluma, a safra foi de 7.500 quilos. Na sede da Adec, em Tauá, o algodão é beneficiado. É feita a separação mecânica do caroço e da pluma, que é prensada. O quilo do produto é comercializado por R$ 14,00. Por ser orgânico, agrega-se mais valor ao produto. “Somos exemplos de resistência e a safra a cada ano mostra que o empreendimento é sustentável”, pontuou Lino Melo. O caroço é vendido para plantio e beneficiamento de ração. “Temos empresas que compram toda a produção de pluma e do caroço”. Em outros municípios, como Independência, Crateús, Parambu, Novo Oriente e no Sertão Central há núcleo de produtores de algodão orgânico, mas que sofreu redução em face das perdas sucessivas com os anos seguidos de chuvas abaixo da média e irregulares durante a quadra invernosa. No Ceará, três associações desenvolvem trabalho de assistência técnica e de comercialização da safra.
AGRICULTURA FAMILIAR
AGRICULTURA FAMILIAR: Sead e Abras assinam acordo de cooperação
Fonte: Sead/Informe OCB
Sead e a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) assinaram um acordo de cooperação para estimular a comercialização direta
A
da agricultura familiar nas redes supermercadistas
Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) e a Associação Brasileira de Supermercados ( Ab r a s ) a s s i n a r a m n a q u i n t a -feira (08/11), um acordo de cooperação para estimular a comercialização direta da agricultura familiar nas redes supermercadistas. A colaboração visa o fornecimento de alimentos p ara o varej o, com pro dutos mais frescos, com maior qualid ade e mel hor pre ço. O processo que envolve cooperativas será possível a partir da oferta gratuita de assistência técnica específica e continuada, entre
outras ações. Comercialização direta Na prática, o agr ic ultor p o derá comercializar diretamente com as empresas, evitando o trabalho de intermediadores. “O c o m p r a d o r v a i p o d e r c o l o car na estante um produto de melhor qualidade e com procedência. Além de proporcionar melhor qualidade dos produtos, gera-se maior renda para q u e m e s t á n o c a m p o”, c o m e n tou o secretário especial, Jefferson Coriteac. Ganha-ganha - Em maio deste ano, a S e ad hav i a assinado um protocolo de intenções que resultou na parceria. Para o dirigente da pasta, a reformulação já se mostrou eficaz. “S erá um acordo b enéf ico p ara
amb os os lados. Não p o demos nos esquecer que 27 milhões de pessoas passam todos os dias p e l o s m e r c a d o s d o p a í s”, c o m pletou. O contrato terá validade de 24 meses. C ooperativas - As cooperativas selecionadas para participar são: C ooperativa dos Agricultores Familiares no Mu n i c í p i o d e B a n a n e i r a s ( C o opafab), C ooperativa dos Agric u l t o r e s d o Va l e d o A m a n h e c e r ( C o o p a v a m ) , Vi n í c o l a d e C e z a ro, C o op erat iva Ag rop e c u ár i a de Produção e Comercialização Vi d a N a t u r a l ( C o o p e r n a t u r a l ) , C ooperativa dos Produtores do L eite do Nor te de Minas (C oopnorte), C ooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Ua u á e C u r u ç á ( C o o p e r c u c ) . REVISTA 100% CAIPIRA |29
FRUTICULTURA
Regulamentação da produção de mudas de maracujá em São Paulo objetiva recuperar o cultivo da fruta no estado
O manejo do vírus que causa o endurecimento dos frutos do maracujazeiro, que já dizimou muitos pomares paulistas, baianos, mineiros, paraenses, goianos e fluminenses foi tema da reunião técnica realizada pelo Instituto Agronômico (IAC), em Campinas
Fonte: Assessoria de Comunicação Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
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O objetivo foi discutir as recomendações técnicas para minimizar os danos causados pela virose e, a partir disso, desenvolver diretrizes para os produtores e promover a regulamentação do setor produtivo, especialmente com relação às normas para produção de mudas. A finalidade dessas ações é recuperar a produção paulista da fruta, que teve uma redução de 145% em 15 anos. O vírus causador do endurecimento dos frutos é transmitido por pulgões e tem difícil controle, devido à sua rápida disseminação. A doença prejudica o crescimento dos frutos, que ficam deformados e endurecidos, perdendo o valor comercial. Além desses prejuízos, a virose reduz significativamente a produtividade do pomar, comprometendo a viabilidade econômica. A dificuldade de controle da virose está associada à agressividade do vírus e também aos pulgões, que são os vetores da doença. Eles são bastante eficientes na contaminação das plantas e estão amplamente distribuídos em todas as regiões produtoras. Além disso, possuem um grande número de plantas hospedeiras, onde se alojam e se multiplicam em larga escala. No encontro, no dia 14 de agosto de 2018, foram abordadas as ações da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA) que vêm sendo discutidas a partir da Comissão Técnica de Fruticultura da SAA. Estiveram presentes pesquisadores da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), do IAC, das Coordenadorias de Assistência Técnica Integral (CATI) e Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo (CDA), da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) e da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo (USP). Entre as diretrizes mais importantes destacam-se a produção de mudas exclusivamente dentro de estufas teladas, utilizando recipientes de capacidade mínima de um litro, preenchidos com substrato orgânico, ou adquiridas com viveiristas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Estes deverão produz as mu-
das de acordo com essas normas. “Essas medidas visam garantir a sanidade das mudas na instalação do pomar, o que viabiliza a produção, ainda que as plantas sejam contaminadas após o florescimento”, diz a pesquisadora do IAC, Laura Maria Molina Meletti. Recomenda-se, ainda, a eliminação da lavoura contaminada após o final da safra, até o limite de 1º de julho de cada ano, promovendo um vazio sanitário mínimo de 20 dias até o próximo plantio. A muda de boa qualidade é o principal insumo na instalação de um novo pomar. Se ela estiver contaminada, haverá total frustração de safra. Plantas contaminadas após o florescimento, em infecções tardias, poderão produzir adequadamente. “No período de 2000 a 2015, observou-se uma queda de 145% na produção paulista de maracujá, que resultou no desabastecimento estadual. Atualmente, os produtores não estão mais conseguindo atender à demanda da CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), que está adquirindo frutas de outros estados, principalmente Bahia e Santa Catarina”, diz a pesquisadora do IAC. O objetivo desse trabalho é que tais recomendações se tornem aspectos regulatórios do cultivo do maracujazeiro, recuperando a produção dos pomares estaduais e viabilizando a fiscalização. Com a normatização, se um produtor se sentir prejudicado por um vizinho que adotou um manejo inadequado e, consequentemente, tem uma lavoura contaminada, capaz de inviabilizar seu empreendimento, ele poderá acionar a CDA. Esta, por sua vez, terá um mecanismo legal para respaldar seu trabalho. Os especialistas consideram ainda que a regulamentação poderia viabilizar o acesso dos produtores a uma linha de crédito disponível para a construção de estufas teladas. A equipe pretende também continuar a realizar treinamentos regionais para técnicos e produtores, nas diferentes regiões produtoras, oferecendo também uma cartilha com instruções técnicas, que os permita fazer inspeção semanal no pomar e eliminação de plantas sintomáticas até o florescimento. Esta prática também
viabiliza a produção de maracujá em áreas contaminadas pela virose. Após a publicação proposta desta resolução no Diário oficial seria concedido o prazo de 12 meses para os produtores se adequarem às novas regras. Contaminação de pomares pelo vírus do endurecimento dos frutos do maracujá fez São Paulo passar da 1ª para a 7ª posição no ranking de produção nacional Os pomares paulistas de maracujá amargaram com a virose do endurecimento e a doença fez o Estado de São Paulo perder a posição de líder em produção do fruto. Atualmente, a liderança é de Santa Catarina e São Paulo está lá na sétima posição. Segundo a pesquisadora do IAC, entre os motivos que levaram a essa situação estão os cuidados dos produtores catarinenses com a polinização manual, a preocupação com cada fase da produção e também a ausência do vírus do endurecimento dos frutos naquela região. A precaução foi tamanha que, mesmo sem a ocorrência do vírus, os fruticultores adotaram, em 2016, essas medidas preventivas agora propostas para São Paulo. Laura relata que as diferenças na produção de maracujá nos dois estados vão além da questão climática, que contribui para evitar o vírus em Santa Catarina. Embora ambas sejam realizadas por agricultores familiares, em São Paulo a produção é dispersa, não há cooperativismo e os frutos são destinados para indústria e consumo in natura. Enquanto em Santa Catarina, a produção está concentrada no sul do estado, há uma cultura de cooperativas na região e a produção é para o mercado in natura, que tem um valor de mercado maior, porém exige mais dos produtores. Por outro lado, Santa Catarina enfrenta dificuldades com os grandes encargos vinculados ao transporte para vender a produção na CEAGESP e uma diminuição no período de produção devido ao clima. “Apesar da distância a ser percorrida até São Paulo, o valor agregado por conta da qualidade dos frutos, compensa os custos do transporte”, diz a pesquisadora. REVISTA 100% CAIPIRA |31
Café sustentável a um clique do smartphone CAFÉ
Batizado de app CSC, o recurso digital permite acompanhamento preciso de pelo menos 18 iniciativas direcionados à melhora contínua das propriedades cafeeiras
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Ferramenta de gestão inédita nos cafezais, um aplicativo para aparelhos celulares e tablets está sendo usado pela Exportadora Guaxupé, no Sul de Minas Gerais, – região que responde por significativa parcela da produção do grão no estado e no país –, para monitorar práticas agrícolas sustentáveis na atividade. Batizado de app CSC, o recurso digital permite acompanhamento preciso de pelo menos 18 iniciativas direcionados à melhora contínua das propriedades cafeeiras. As práticas integram um conjunto de 122 itens fundamentais para a sustentabilidade do setor reunidas no chamado Currículo de Sustentabilidade do Café (CSC). O aplicativo foi desenvolvido pela Plataforma Global do Café (GCP na sigla em inglês), associação internacional que reúne 150 membros de todos os segmentos da cadeia produtiva do café. A entidade atua por meio de programas aplicados em nove países produtores, além do Brasil, Vietnã, Indonésia, Uganda, Colômbia, Quênia, Honduras, Tanzânia e Peru, os quais respondem por 70% da produção mundial. O gerente da Plataforma Brasil de Sustentabilidade do Café (PBSC), Pedro Ronca, ressalta que o app é uma das principais ferramentas desenvolvidas pela PBSC desde o início do ano passado e lançado em outubro de 2017. “Ele visa monitorar e medir a sustentabilidade no campo, ou seja, a adoção de práticas agrícolas sustentáveis que fazem parte do Currículo de Sustentabilidade do Café, documento produzido pela PBSC com a colaboração de toda a cadeia produtiva.” João Paulo Custódio de Brito, supervisor de sustentabilidade da Exportadora Guaxupé, empresa membro da Plataforma Global do Café, conta que o app tem contribuído para identificar os principais gargalos em cada região onde a empresa atua, além de proporcionar a oportunidade de entender as maiores necessidades dos fornecedores com relação a sustentabilidade de suas propriedades. “Mais do que isso, é uma ótima ferramenta para determinarmos os principais gargalos, inclusive, na análise de risco e no planejamento de ações por propriedade, região, estado e
país, sempre priorizando regiões produtoras de café”. O aplicativo pode ser baixado na Google Play Store e na App Store, sem custos, estando acessível para celulares smartfones e tabletes, nos sistemas Android e iOS. “Após preenchido um cadastro com dados do usuário e socioeconômicos, os questionários podem ser respondidos. Eles estão divididos em temas como produção e propriedade, relações trabalhistas, colheita, venda e entrega de café, participação em organizações e certificação e verificação.” Pedro Ronca ressalta que uma das vantagens do app é permitir o controle e gestão de boas práticas agrícolas de modo facilitado pelos usuários, como produtores e entidades do universo cafeeiro. “Para a Plataforma, ele proverá dados compilados de diferentes regiões, permitindo identificar áreas nas quais as práticas são satisfatórias, áreas em que é preciso executar melhorias, comparativos entre regiões, entre outros procedimentos de diagnóstico e monitoramento ao longo do tempo.” Entidades do setor cafeeiro que não façam parte da associação internacional também podem utilizar o app. Avaliação Cerca de 20 usuários já estão cadastrados e fazendo uso da ferramenta digital, entre eles cooperativas, traders e serviços de extensão, que já cadastraram mais de 17 mil cafeicultores no CSC App, representando aproximadamente 25 mil hectares de área de cultivo de café. “Alguns usuários ainda estão em fase de testes, estruturando, organizando e treinando as equipes de campo. Outros já estão analisando os dados coletados e conhecendo melhor as propriedades, tornando possível direcionar recursos com maior precisão e até mesmo gerando planos de ação com o objetivo de diminuir impactos da produção, melhorar rentabilidade, qualidade de vida, estabilidade produtiva e sustentabilidade, em uma visão de longo prazo”, esclarece Pedro Ronca. Do controle dos custos à eficiência O aplic at ivo CSC auxi li a o pro dutor de c afé a s e tor nar um b om gerente d a propr ie d ade, entender qu ais s ão su as pr incip ais
def iciênci as e v ir tudes, explic a Jo ão Pau lo Custó dio de Br ito, sup er v is or de sustent abi lid ade d a E xp or t adora Gu axup é. Fund ad a em 1970, a empres a exp ort a, em mé di a, 800 mi l s ac as de c afé p or ano, com dest ino a 27 p aís es. C om a implement aç ão do Cur r íc u lo de Sustent abi lid ade do C afé (CSC), p or meio do aplic at ivo, o pro dutor encont ra ap oio p ara mel horar a gest ão administ rat iva, pro dut iv id ade d as l avouras, cont role de c usto, pl anej amento, invest imento e organizaç ão”, af ir ma. Para a empres a, a fer rament a dig it a l tem reunido b as e de d ados que ap ont a os pr incip ais problemas a s erem t rab a l hados e abre p ossibi lid ade de pl anej ar açõ es esp e cíf ic as e afer ir t amb ém a mel hor i a cont ínu a d a produç ão. “C omo b enef ício o aplic at ivo nos auxi li a na ident if ic aç ão de p ontos de mel hor i a em tudo o que s e faz na propr ie d ade, nos d á fer rament as p ara pr ior izar as açõ es que s ão mais urgentes e pl anej ar a mel hor i a cont ínu a a mé dio e longo prazo”, diz Jo ão Pau l o. A empres a de Gu axup é p ar t icip a do proj eto de cr i aç ão do app des de as pr imeiras dis c uss õ es rel acionad as à implement aç ão do Cur r íc u lo de Sustent abi lid ade do C afé (CSC), no qu a l, com out ros membros brasi leiros d a pl at afor ma, foram def inidos 18 itens f und ament ais do CSC mais relevantes p ara a pro duç ão de c afé. “Q u anto à raciona lizaç ão do s erv iço, o aplic at ivo nos apres ent a divers os rel atór ios, t ais como, número de itens do Cur r íc u lo de Sustent abi lid ade do C afé (CSC) c umpr idos e não c umpr idos, p ercent agem de c umpr imento do CSC, e indic adores de sustent abi lid ade”, dest ac a Jo ão Pau lo. D e acordo com o sup er v is or d a E xp or t adora Gu axup é, não existe nen huma rest r iç ão qu anto ao us o do aplic at ivo, que t amb ém de verá p ass ar p or mel hor i a conFonte: Estado de Minas t ínu a. REVISTA 100% CAIPIRA |33
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MEIO AMBIENTE
Sistemas agrícolas para o Semiárido guardam mais carbono e geram menos impacto
Girassol e mamona estão entre as 15 espécies vegetais propostas para compor os sistemas Manter ou mesmo aumentar a produção, sem gerar custos adicionais e em equilíbrio com o ambiente. Esse foi o desafio que levou a equipe da Embrapa a desenvolver dois modelos de agroecossistemas multifuncionais que garantem a produção sustentável de frutas e hortaliças no Semiárido brasileiro. Como resultado, os cientistas conseguiram minimizar a emissão de carbono, reduzir em até 30% os custos com insumos e aumentar a produtividade de 20% a 30%. Os estudos vêm sendo realizados há uma década, tendo como referência para a fruticultura o cultivo da mangueira e para as hortaliças, o do meloeiro, ambos de grande importância comercial para a região, com inserção nos mercados interno e externo. Os sistemas propostos envolvem a adoção de técnicas e manejos simples, como o uso de coquetéis vegetais e o plantio direto. 36 | REVISTA 100% CAIPIRA
As pesquisas registraram um significativo incremento na qualidade e fertilidade do solo, com o aumento da retenção de carbono, evitando assim a emissão do elemento para a atmosfera na forma de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O). Os resultados mostraram que é possível reverter os danos ambientais provocados pelo setor agrícola e pelas atividades que modificam o uso da terra, responsáveis por cerca de 14% e 17%, respectivamente, da emissão dos gases de efeito estufa no planeta, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). Cultivos analisados O plantio do meloeiro está em expansão nos estados de Pernambuco
e Bahia e consolidado no Ceará e Rio Grande do Norte. O atual sistema de cultivo envolve a utilização de arações, gradagens e o preparo de camalhões como práticas de manejo de solo para o preparo da área. Já os pomares de manga, concentrados no Vale do São Francisco, entre os estados de Pernambuco e Bahia, se estruturaram em torno da produção em larga escala, principalmente orientada para mercados de exportação. Ambos os cultivos dependem de irrigação e de insumos externos. Esses modelos, de acordo com a pesquisadora da Embrapa Semiárido Vanderlise Giongo, aceleram o processo de degradação do solo, diminuem o estoque de carbono e favorecem a salinização das áreas cultivadas. Nos modelos de agroecossistemas sustentáveis propostos pela Embrapa, os experimentos de longa duração com a mangueira registraram, no terceiro
ano de cultivo, um estoque no solo de 23,39 toneladas por hectare (Mg.ha-1) de carbono orgânico total (COT) e 4,50 Mg.ha-1 de nitrogênio total (NT), até 40 centímetros de profundidade. Os valores estão acima dos encontrados em áreas de cultivo convencional de mangueira (11,87 e 1,84 Mg.ha-1, respectivamente) e pouco abaixo das medições feitas no ambiente de Caatinga preservada: 35,06 e 4,83 Mg.ha-1. O impacto das melhorias nas condições físicas, químicas e biológicas do solo se estendeu também à produtividade comercial. No cultivo do meloeiro, por exemplo, a produtividade variou de 36,14 a 49,87 toneladas por hectare. São quantidades superiores às médias nacional e nordestina, que são de 25,37 e 28,00 Mg.ha-1, respectivamente. Agricultura sustentável e competitiva “Os resultados mostram uma convergência de aumentos de produção e de qualidade do solo”, observa a pesquisadora Vanderlise Giongo. Para ela, esses dados mostram a possibilidade de desenvolver uma agricultura comercial em bases competitivas sem degradar o ambiente. A cientista acredita ainda que esses sistemas podem modificar atuais diagnósticos de degradação dos solos da Caatinga, submetidos a um processo intenso de degradação e desertificação provocadas, principalmente, pela ação humana. “Isso se deve à atividade agropastoril extensiva, associada à substituição da vegetação nativa por culturas, principalmente por meio de queimadas e da retirada de madeira”, explica a pesquisadora, e completa com um alerta: “O desmatamento, associado ao manejo inadequado das terras e da água nos cultivos irrigados, também está levando à degradação e salinização dos solos”. Uma questão-chave nas pesquisas coordenadas por Giongo é a inserção de diversidade no sistema agrícola. “O plantio de duas, três, quatro ou dez espécies é melhor do que o monocultivo”, explica. Nas áreas de testes, ela tem composto um coquetel vegetal com 15 espécies de oleaginosas, leguminosas
e gramíneas, além daquelas de ocorrência espontânea e que os sistemas convencionais de plantio recomendam o corte por serem consideradas “daninhas”. Algumas plantas do coquetel, as leguminosas, têm a habilidade de se associar a bactérias, que captam nitrogênio da atmosfera. Outras aprofundam suas raízes e captam nutrientes como fósforo e potássio, que estão de 60 centímetros a um metro de profundidade, e armazenam na sua parte aérea. Depois, elas são cortadas e deixadas no local para decomposição e liberação desses nutrientes para as camadas superficiais do solo. Outra base para os modelos propostos é o plantio direto, sem revolvimento do solo. Embora sirva para todos os sistemas, essa técnica é especialmente importante para o Semiárido, onde os solos são mais arenosos, apresentando uma porosidade que não permite a retenção de água. Nesse caso, a pesquisadora explica que é necessário manter o solo coberto, de forma a diminuir a evapotranspiração, além de manter os canais preferenciais de água formados pelas raízes, possibilitando a formação de pequenos agregados. “Além disso, a decomposição das raízes aumenta a meso, micro e macrofauna do solo, estruturando toda uma comunidade viva que vai retroalimentando as redes”, detalha. Quando o solo é revolvido, essas estruturas formadas ao longo do tempo são quebradas. “É preciso dar tempo para que o sistema vá se estruturando biologicamente. Então você tem benefícios físicos e químicos, mas que advém de um benefício biológico”, observa. Giongo conta que, com esse manejo, forma-se um universo rico em transformações e em comunidades de insetos, nematoides, lagartixas, pássaros, plantas, raízes, a cultura, e o próprio agricultor, interagindo uns com os outros. “Esse processo evolui para aumentar a matéria orgânica do solo (MOS) e é reservatório de carbono orgânico (CO) no ambiente terrestre”, afirma. “A diversidade é um modo de inserir vida nos sistemas de cultivo, que
pode ser percebida nas mudanças de cor, no tato, no cheiro do solo, e no estar próximo à natureza sem degradar”, argumenta a cientista, ressaltando que os sistemas mantêm a competitividade da lavoura ao alcançar médias produtivas semelhantes ou superiores aos processos convencionais, além de obter maior eficiência no uso da água. De acordo com a pesquisadora, o modelo proposto pela Embrapa tem um custo inicial maior que os sistemas convencionais, em razão da aquisição das sementes para os coquetéis. Ela destaca, no entanto, que esse custo vai se diluindo ao longo do tempo. Além disso, para a agricultura familiar, as sementes para os ciclos seguintes podem ser produzidas na propriedade Menos insumos e custos Segundo a cientista, foi observada uma redução de custos entre 20% e 30% em diversos aspectos da produção. Somente em adubação nitrogenada foi possível a retirada de cerca de 500 quilos ao ano, já que os sistemas adicionam até 250 quilos de nitrogênio por hectare. Também diminuiu a necessidade de água dos cultivos, além da redução na aplicação de fungicidas e inseticidas, pois a dinâmica das populações do local muda. Para Giongo, no entanto, os benefícios vão muito além da eficiência econômica. “Que valor você atribui ao acesso à água de qualidade? Ao ar que você respira? Ao ambiente em que você vive? São coisas intangíveis”, reflete. “Que serviços ecossistêmicos esses agroecossistemas estão prestando além de fornecer alimento, fibra e energia?”, complementa. “Nós não estamos preparando o agricultor para uma corrida de 100 metros. A gente prepara para uma maratona”, brinca a pesquisadora, afirmando que esse sistema é “infinitamente durável”. Para ela, “a Embrapa está entregando para a sociedade modelos que se baseiam em uma filosofia de agricultura sustentável, moderna, alinhada com esses conceitos atuais que a sociedade tanto necessita para o desenvolvimento”. Fonte: Embrapa Semiárido REVISTA 100% CAIPIRA |37
AGRICULTURA
Diversificação de cultura renda para produ
Produtores de tabaco de Santa Catarin
e ampliam a rend Fonte: Assessoria de Imprensa Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca de SC
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as garante aumento de utores de tabaco
na investem na diversificação de cultura
da no meio rural Na safra 2017/18, o plantio de grãos após a colheita de tabaco garantiu R$ 190,7 milhões a mais no faturamento das famílias. Os números foram apresentados pelo SindiTabaco, nesta segunda-feira (19), durante a renovação do Programa Milho, Feijão e Pastagens após a colheita do tabaco em Santa Catarina. O Programa incentiva a diversificação e o aproveitamento dos recursos das propriedades, estimulando uma segunda colheita anual, com a semeadura de grãos e pastagem na resteva do tabaco. “Este já é um programa consolidado em Santa Catarina, que tem o reconhecimento dos produtores porque traz não só um aumento na renda, mas também a melhoria na conser vação do solo”, ressalta o secretário da Agricultura e da Pesca, Airton Spies. Em 2018, após a safra de tabaco, os produtores catarinenses cultivaram 55.619 hectares, entre milho, feijão, soja e pastagens, com rendimento estimado de R$ 190,7 milhões. O levantamento realizado pelo SindiTabaco contabilizou 35.097 hectares de milho e 4.915 hectares de feijão. A produção de milho foi de 266.737 toneladas considerando o preço médio de R$ 570 por tonelada, o total da safrinha catarinense chegou R$ 152 milhões. Em relação ao feijão, a safra foi de 12.779 toneladas e pre-
ço médio de R$ 1.945 por tonelada, o rendimento foi estimado em R$ 24,9 milhões. O levantamento apontou ainda mais de 12 mil hectares de pastagens e 3.394 hectares de soja, com um faturamento aproximado de R$ 13,8 milhões. “Em Santa Catarina nós conseguimos avançar muito através das parcerias com o setor privado e produtores rurais. Criamos soluções que trazem um impacto positivo na vida dos agricultores, combinando esforços para um objetivo maior. Assim funciona o Programa Milho, Feijão e Pastagens após a colheita do tabaco”, explica o secretário adjunto da Agricultura, Athos de Almeida Lopes Filho. Resultados na região Sul Em 2018, o levantamento das estimativas de renda do Programa Milho, Feijão e Pastagens nas regiões produtoras dos Sul do País – Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná – mostrou que o plantio de grãos na resteva do tabaco rendeu em torno de R$ 550 milhões aos produtores. Foram cultivados 110.948 hectares de milho e 17.377 hectares de feijão, com expectativa de rendimento de R$ 414,2 milhões para o milho e R$ 68,3 milhões para o feijão. Os produtores de tabaco cultivam também outros grãos após a colheita, com destaque para a soja que rendeu em tor-
no de R$ 67,5 milhões nos 18.364 hectares plantados. Em relação às pastagens, o levantamento contabilizou 40.391 hectares nos três estados. Milho, Feijão e Pastagem após colheita do tabaco Uma parceria entre a Secretaria de Agricultura de Santa Catarina, Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina (Fetaesc), Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina (Faesc) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). O Programa incentiva, através da rede de assistência técnica e extensão rural, a diversificação de culturas no meio rural. Tabaco Santa Catarina é o segundo maior produtor de tabaco do país, com 252,4 mil toneladas colhidas na última safra. O estado possui 45.150 produtores de tabaco em 204 municípios. As regiões de Canoinhas, Rio do Sul e Ituporanga concentram a produção catarinense. Nas últimas quatro safras, a Região Sul respondeu por 99% da produção brasileira de tabaco. O plantio é realizado em regime de integração com a indústria e se dá de acordo com as necessidades internas e de exportação do produto. REVISTA 100% CAIPIRA | 39
FLORICULTURA
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FEIJÃO
IMA divulga balanço da fiscalização do vazio sanitário da soja, feijão e algodão Número de autos de infração é pequeno, o que mostra a conscientização Fonte: Assessoria de Comunicação IMA
Balanço realizado pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) revela que os produtores mineiros estão cada vez mais conscientes da necessidade do cumprimento do vazio sanitário da soja, feijão e do algodão, como forma de erradicar e prevenir as lavouras destes três produtos contra o ataque de pragas que podem comprometer a produção. Durante o período do vazio sanitário fica proibido o cultivo destes três produtos, ao mesmo tempo em que devem ser exterminadas as plantas vivas nas propriedades. No conjunto, neste ano foram realizadas 815 fiscalizações, com 37 notificações, que é quando o fiscal do IMA verifica alguma inconformidade na lavoura e concede ao produtor 10 dias para regularizar a sua situação. Após esse período o produtor pode ser multado, caso persista na inconformidade. Neste ano foi registrado somente um auto de infração para propriedade com cultivo de soja. Soja – O IMA ampliou em 5% neste ano a área fiscalizada durante o vazio sanitário da soja, que vigorou de 1º de julho a 30 de setembro. A área fiscaliza42 | REVISTA 100% CAIPIRA
da para prevenir a ferrugem da soja em todo o estado passou de cerca de 223 mil hectares no ano passado para 244 mil ha em 2018. O Instituto realizou 732 fiscalizações lavrando, ao final, somente um auto de infração. Feijão - No caso do vazio sanitário do feijão, que vigorou de 20 de setembro a 20 de outubro, o IMA aumentou neste ano o número de fiscalizações que passou de 46 para 57 no período, abrangendo uma área de 10,2 mil hectares. O vazio sanitário para essa leguminosa abrange 18 municípios da região Noroeste de Minas, como medida preventiva e de erradicação do mosaico dourado e da mosca branca. Não foi registrado nenhum auto de infração. Algodão - Em relação ao algodão, cujo período do vazio sanitário terminou nesta semana, em 20 de novembro, foram fiscalizados cerca de 18 mil hectares também sem registro de autos de infração. A medida busca erradicar nas plantações o bicudo do algodoeiro. O gerente de Defesa Sanitária Vegetal do IMA engenheiro agrônomo Nataniel Diniz Nogueira explica que o vazio sanitário tem sido importante
do produtor. para controlar e impedir o ataque de pragas que podem acometer as lavouras destes três produtos. “Com isso diminuímos a incidência das pragas na safra seguinte, o que consequentemente leva ao uso de menos agrotóxico nas lavouras. A adoção do vazio, que começou em 2007, primeiramente com a soja, tem ajudado Minas a manter uma boa performance no mercado, figurando entre os dez maiores produtores nacionais”, relata Nogueira. Ele cita a segunda colocação da produção mineira de feijão no ranking nacional, com 571 mil t/ano, o correspondente a 17% do total brasileiro. O estado ocupa o sexto e o sétimo lugares respectivamente na produção de algodão e soja. “Ao longo dos anos verificamos que são poucas as notificações e que ao final é muito baixo o número de autos de infração. Isso significa que os produtores estão conscientes da importância do cumprimento do vazio para manter as lavouras livres de pragas garantindo assim, uma boa produção’, avalia Nataniel Nogueira.
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ARTIGO
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GESTÃO
Horta cultivada em presídio tem assistência da Emater/RS-Ascar Uma horta de encher os olhos de quem passa próximo ao Presidio Estadual de Getúlio Vargas
Fonte: Emater/RS-Ascar
Uma horta de encher os olhos de quem passa próximo ao Presidio Estadual de Getúlio Vargas. A surpresa fica por conta de que ela é cultivada por detentos. A produção é destinada ao autoconsumo do presídio e o excedente é doado para outras entidades, entre elas o Lar do Idoso. A horta é um dos diversos trabalhos feitos por um grupo de presos que conquistou o direito de realizar atividades nas áreas interna e externa do presidio. Dos 190 apenados, 50 realizam trabalhos como artesanato e na cozinha, além da horta. Todos que estão trabalhando na área externa têm autorização judicial. O trabalho na horta é resultado de uma parceria que iniciou neste ano entre o Presídio e a Emater/RS-Ascar. As mudas para o cultivo das hortas são doadas pela empresa Tonial, por inter46 | REVISTA 100% CAIPIRA
médio do policial Lisandro Sherer. Os técnicos do Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar de Getúlio Vargas repassam orientações técnicas na área de Extensão Rural. Parte da produção é cultivada em estufa e outra , em área aberta. A lona que cobre a produção foi obtida com recursos oriundos do Poder Judiciário, por meio da Vara de Execuções Criminais. Além dos detentos ocuparem o tempo, eles têm benefícios. A cada três dias de trabalho, o preso tem descontado um dia na sua pena. ?É um ótimo trabalho, pois dá ocupação para o preso e ajuda o psicológico da pessoa. Ele ganha experiência. Só aqui dentro a gente dá valor à liberdade?, disse um dos presos que conquistou o direito de trabalhar na área externa no cultivo das hortaliças. Outra vantagem, segundo ele, é
que tudo é cultivado de forma orgânica, sem adição de adubos químicos. Para o chefe de segurança, Claudio Adriano Silveira, “as atividades ajudam no bom andamento do serviço e mantêm o ambiente tranquilo”, avalia. A diretora Alice Richetti também destaca a importância de manter os presos ocupados. Apesar do presidio receber as mudas e a assistência técnica, a Instituição deseja implantar um projeto para irrigação das hortas, mas faltam recursos. A produção pode ser aumentada já que existe espaço. O presídio aceita doações de mudas, sementes, calcário, entre outros materiais para estruturar ainda mais o espaço. A unidade prisional abriga 190 detentos com vários tipos de delitos, com abrangências nas comarcas de Getúlio Vargas e Tapejara.
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PANETONE CASEIRO INGREDIENTES
1 kg de farinha de trigo peneirada 3 ovos (grandes) 1 copo (americano) de açúcar 1 pitada de sal 2 colheres (sopa) de manteiga ou margarina 250 ml de leite morno 50 g de fermento biológico 300 g de frutas cristalizadas (ou cubos de chocolate) 250 g de uva passa (de preferência sem sementes) 20 ml de essência de panetone (opcional) raspas de 1 limão
PREPARO Bata no liquidificador os ovos, o açúcar, a manteiga (ou margarina), o leite, o fermento e a essência, por aproximadamente 30 segundos Em um recipiente grande, coloque a farinha peneirada, abra um furo no centro e acrescente os ingredientes batidos Amasse bem até que a massa se solte das mãos Em seguida, adicione as frutas, uvas passas e raspas do limão Distribua a massa em formas de papel próprias para panetone Deixe crescer até dobrar de volume Leve ao forno em temperatura média até dourar
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