Edição 69 março Revista 100% Caipira

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www.revista100porcentocaipira.com.br Brasil, março de 2019 - Ano 7 - Nº 69 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Sombreamento natural desenvolve abelhas mais rápido e melhora qualidade do mel REVISTA 100% CAIPIRA |


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Biodiesel: AGCO participa de debate sobre biodiesel e emissões de nitrogênio

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Agricultura familiar:

Projeto beneficia 4 mil produtores na região dos Lagos do São Francisco

Pesquisa:

Vale a pena investir em silagem?

Logística e transporte:

Tiplam cresceu mais de 30%

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Artigo:

Sombreamento natural desenvolve abelhas mais rápido e melhora qualidade do mel


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Transgênicos:

Transgênicos não provocam declínio de borboletas

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Análise de mercado:

42 48

Feiras e eventos: SHOW RURAL: Público de 288.802 visitantes e R$ 2,2 bilhões em vendas

Agronegócio brasileiro em alerta com os acordos e conflitos comerciais

Governo:

Ministra: “Temos de evoluir em nossos sistemas de fiscalização e controle”

Receitas Caipiras: Pão de Mel Caseiro REVISTA 100% CAIPIRA |

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BIODIESEL

AGCO participa de debate sobre biodiesel e emissões de nitrogênio

Brasil, março de 2019 Ano 7 - Nº 69 Distribuição Gratuita

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Evento em São Paulo contará com a presença de executivos de importantes indústrias atuantes no país Consciente do papel da indústria na redução dos impactos no meio ambiente, a AGCO participa do Integer Emissions Summit, que será realizado em 12 de fevereiro, em São Paulo. Jeferson de Lima, gerente de Instalação de Motores da AGCO, representará a empresa líder mundial em concepção, fabricação e distribuição de equipamentos e soluções agrícolas no painel sobre como o biodiesel impactará na redução de emissões de óxidos de nitrogênio (NOx). “Para a AGCO, discussões sobre os impactos do biodiesel e as avaliações da utilização são importantes, pois este combustível é cada vez mais utilizado no agronegócio e tem proporcionado novas oportunidades ao mercado de 6 | REVISTA 100% CAIPIRA

máquinas agrícolas, além de benefícios ao meio ambiente”, afirma Lima. O Integer Emissions Summit reunirá executivos de diferentes empresas e setores da economia para discutir os desafios das indústrias no controle de emissões de NOx no Brasil. Isso diante de um cenário de mudanças regulatórias que ainda está em fase inicial, mas que tende a se tornar cada vez mais rigoroso. “Outro ponto que será tratado no painel é a importância da especificação correta do biodiesel, principalmente relacionado à estabilidade de oxidação e garantia de que não haverá problemas no sistema de injeção das máquinas”, conclui o gerente de Instalação de MoFonte: cdn Comunicação tores da AGCO.

Diretora geral: Adriana Reis - adriana@ revista100porcentocaipira.com.br Editor-chefe: Eduardo Strini imprensa@ revista100porcentocaipira.com.br Diretor de criação e arte: Eduardo Reis Eduardo Reis eduardo@ revista100porcentocaipira.com.br (11) 9 6209-7741 Conselho editorial: Adriana Oliveira dos Reis, João Carlos dos Santos, Paulo César Rodrigues e Nilthon Fernandes Publicidade: Agência Banana Fotografias: Eduardo Reis, Sérgio Reis, Google imagens, iStockphoto e Shutterstock Departamento comercial: Rua das Vertentes, 450 – Vila Constança – São Paulo - SP Tel.: (11) 98178-5512 Rede social: facebook.com/ revista100porcentocaipira A revista 100% Caipira é uma marca registrada com direitos exclusivos de quem a publica e seu registro encontra-se na revista do INPI Nº 2.212, de 28 de maio de 2013, inscrita com o processo nº 905744322 e pode ser consultado no site: http://formulario. inpi.gov.br/MarcaPatente/ jsp/servimg/validamagic. jsp?BasePesquisa=Marcas. Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião desta revista, sendo eles, portanto, de inteira responsabilidade de quem os subscrevem.


ORGÂNICOS

Brasileiros participam de feiras internacionais de orgânicos

Fonte: Vera Moreira Comunicação

Começam as feiras internacionais de orgânicos. Nove empresas brasileiras de orgânicos estarão na Alemanha para participar da Biofach e sete estarão nos Estados Unidos na Expo West To d a s s ã o a s s o c i a d a s a o C on s e l h o B r a s i l e i ro d a P ro du ç ã o O r g â n i c a e Su s t e nt áv e l ( O r g a n i s ) , e nt i d a d e qu e re ú n e e mpre s a s , pro dut ore s e f or n e c e d ore s br a s i l e i ro s d o s e t or. D a B i of a c h ( Nu re mb e r g – 1 3 - 1 6 f e v e re i ro ) , a m a i or e m a i s i mp or t a nt e f e i r a mu n d i a l d a c a d e i a d e or g â n i c o s , p a r t i c ip a m a s e mpre s a s Nat i v e ( Aç ú c a r, c a f é , s n a c k s , b e bi d a s e l i n h a c a f é d a m a n h ã ) , Ja l l e s Ma c h a d o ( a ç ú c a r e g e l e i a s ) , R e s i br a s ( c a s t a n h a ) , Pe t r u z Aç a í ( m a rc a B e l a Ia ç á ) , Tr iu n f o d o B r a s i l ( c h á m at e ) , M N P róp o l i s ( Me l e próp o l i s ) , Vap z a ( a l i m e nt o s pront o s e m balados à vácuo), LABRA (trad i n g ) e G o o l a ( Aç a í ) . “S ã o t o d a s e mpre s a s e x p ort a d or a s qu e c re s c e r a m c om o

O r g a n i c s B r a s i l , qu e é a m a rc a d e u m pro g r a m a d o O r g a n i s d e prom o ç ã o i nt e r n a c i on a l , qu e d e s d e 2 0 0 5 prom ov e o s pro du t o s br a s i l e i ro s or g â n i c o s e s u s t e nt áv e i s n o B r a s i l e n o mu n d o. É mu it o i mp or t a nt e p a r t i c ip a r d o s g r a n d e s e v e nt o s d e c om é rc i o e prom o ç ã o p a r a m a nt e r a s e mpre s a s a s s o c i a d a s n o r a d a r d o s n e g ó c i o s i nt e r n a c i on a i s”, c om e nt a C o bi C r u z , d i re t or d o Organis. Na E x p o We s t ( A n a h e i m 5 - 9 d e m a rç o ) , a g r a n d e f e i r a americana de tendências dos s e g m e nt o s n atu r a l , or g â n i c o e s au d áv e i s – o e s t a n d e br a s i l e i ro re u n i r á a s e mpre s a s a s s o c i a d a s a o O r g a n i s : Ja l l e s Ma c h a d o ( a ç ú c a r e g e l e i a s ) , Pe t r u z Aç a í ( m a rc a B e l a Ia ç á ) , Tr iu n f o d o

B r a s i l ( c h á m at e ) , M N P róp o l i s ( m e l e próp o l i s ) , L A B R A (trading), Amêndoas do Brasil ( c a s t a n h a d e c aju ) e bi O 2 ( b e bi d a s , b a r r i n h a s e pro dut o s e n e rgéticos). O t r a b a l h o d o O r g a n i s é c r i a r, v i a bi l i z a r e e x e c ut a r a ç õ e s e m d i f e re nt e s f re nt e s , c om o o bj e t i v o d e f or t a l e c e r t o d a a c a d e i a pro dut i v a d o s or g â n i c o s ( pro dut ore s , pre s t a d ore s d e s e r v i ç o, pro c e s s a d ore s , i n dú s t r i a e v a re j i s t a s ) . Na qu a l i d a d e d e c on s e l h o d o s e t or, s om o s u m a e n t i d a d e s e m f i n s lu c r at i v o s qu e t r a b a l h a p a r a d i v u l g a r o s c on c e it o s e a s pr át i c a s or g â n i c a s , prom ov e n d o a s m a rc a s d o s n o s sos associados para estabelecer f or t e s re l a c i on a m e nt o s c om o m e rc a d o. w w w. or g a n i s . or g . br REVISTA 100% CAIPIRA |

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ARTIGO

Sombreamento natura mais rápido e melho

A pesquisa revelou também outro dado anima

o sombreamento de árvores favorecem a manu 8 | REVISTA 100% CAIPIRA


al desenvolve abelhas ora qualidade do mel

ador. As coberturas construídas com palhas e

utenção de níveis mais baixos de HMF no mel Por: Fernando Sinimbu (MTb 654 /PI) Embrapa Meio-Norte REVISTA 100% CAIPIRA | 9


Abelhas precisam de sombra e água fresca. Estudo conduzido pela pesquisadora Maria Teresa Rêgo, da Embrapa Meio-Norte (PI), revelou que o sombreamento das colmeias e a presença de água nas proximidades favorecem o desenvolvimento das colônias e a qualidade do mel. Um dos resultados mais expressivos dessa pesquisa mostrou que o sombreamento natural, com árvores, ajudou na ampliação rápida da área de cria. Essa área corresponde ao favo, no qual as crias se desenvolvem. A melhor faixa de temperatura para o desenvolvimento delas é entre 30 e 35 graus Celsius. “Em uma colônia, as operárias trabalham para manter essa faixa de temperatura ideal às crias, seja aquecendo o ninho, quando ocorrem temperaturas baixas, seja resfriando, no caso de temperaturas elevadas”, explica a cientista. Segundo ela, quanto mais a colônia de abelhas estiver exposta a temperaturas que se distanciam dessa faixa, maior será o trabalho das operárias para manter um clima ideal e estabelecer a termorregulação. O trabalho das operárias no aquecimento ou resfriamento do ninho afeta o desenvolvimento das colônias. Árvores favorecem o conforto térmico No experimento, essa área foi mensurada periodicamente por meio de mapeamento dos favos, em colônias expostas a diferentes condições: totalmente ao sol, sob coberturas construídas com palha de babaçu, coberturas de tela sombrite e com a sombra de árvores. O mapeamento registrava as áreas dos favos contendo alimento, mel e pólen, e as crias. As temperaturas internas e externas às colmeias eram registradas semanalmente. Com isso, ficou constatado que o microclima sob a copa das árvores foi beneficiado por uma melhor ventilação, favorecendo o conforto térmico. Outro resultado importante do trabalho veio da análise da qualidade do mel coletado das colmeias submetidas a essas diferentes condições. 10 | REVISTA 100% CAIPIRA

Foram feitas análises físico-químicas quanto ao teor de Hidroximetilfurfural (HMF), atividade diastásica e acidez. Todas as análises foram feitas no Laboratório de Controle da Qualidade de produtos Apícolas da Embrapa Meio-Norte, em Teresina. A pesquisa revelou também outro dado animador. As coberturas construídas com palhas e o sombreamento de árvores favorecem a manutenção de níveis mais baixos de HMF no mel. O HMF é uma molécula que nasce da transformação dos monossacarídeos frutose e glicose. Quanto mais calor, segundo os testes, é mais rápida a conversão dela. Por causa dessa característica, a molécula passou a ser usada como indicador de aquecimento, processamento inadequado e até de adulterações no mel. A cientista diz que, em mel produzido recentemente, a quantidade de HMF é mínima. Mas com o aquecimento e o tempo de armazenamento do produto, a quantidade da molécula tende a aumentar, comprometendo a qualidade e a aceitação do mel no mercado. Pela legislação brasileira estabelecida na Instrução Normativa número 11, de 2000, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a presença do HMF no mel não pode ser superior a 60 miligramas por quilo. Calor é desafio para o apicultor No Nordeste brasileiro, região de clima quente durante quase todo o ano, as altas temperaturas são as grandes adversárias dos apicultores. O intenso calor, no período mais seco, entre os meses de setembro a dezembro, chega a provocar a perda de colônias. As condições ambientais na estiagem não oferecem floradas e empurram as abelhas para um lugar incerto. “Esse é um dos fatores que contribui para a perda das colônias”, aponta a cientista. Ela recomenda que a instalação das colmeias deve ser sempre à sombra, de forma a evitar o efeito negativo das altas temperaturas sobre o desenvolvimento das colônias e sobre a qualidade do mel, além de proporcionar

maior conforto ao apicultor durante o manejo. Outro estudo da cientista aponta para a escolha de árvores que dão um bom nível de sombreamento e que não perdem muitas folhas durante todo o ano. Um exemplo é o cajueiro (Annacardium occidentale). Água limpa até 500 m de distância Água limpa e disponível durante todo o ano, segundo a pesquisadora, também é essencial para o bom desempenho das colônias. “As abelhas precisam de água para o seu metabolismo e para regular a temperatura dentro da colmeia, especialmente em regiões de clima quente”, diz a especialista. Quando a temperatura do ninho ultrapassa os 36 graus, as abelhas operárias entram em ação abanando freneticamente as asas e evaporando a água sobre os alvéolos ou pela exposição do líquido na língua. Pela importância desse recurso natural, Maria Teresa Rêgo recomenda que a distância da fonte de água ao apiário não deve ser superior a 500 metros. “Assim, evita-se gasto energético das abelhas na coleta de água”, esclarece. Ela recomenda também a instalação de bebedouros permanentes, limpos e abastecidos, caso o local não tenha uma fonte de água natural. “É importante que a água seja de boa qualidade, limpa e isenta de contaminações por bactérias, fungos ou protozoários”, ressalta. A pesquisa foi desenvolvida no município de Castelo do Piauí, a 184 quilômetros ao norte de Teresina, durante as estações chuvosa e seca. Lá, a vegetação é de transição entre Cerrado e Caatinga. O clima é subúmido seco, com déficit hídrico moderado e precipitação anual aproximada de 1.035 milímetros. Vinte e quatro colônias de abelhas Apis mellifera africanizadas foram instaladas em colmeias modelo Langstroth. Rainhas novas, produzidas no apiário experimental da Embrapa, em Teresina, foram introduzidas no experimento. A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) custeou o trabalho. Nessa mesma linha de pesquisa, o professor Laurielson Chaves Alen-


car, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), também observou o efeito de temperaturas elevadas na qualidade do mel. Em um experimento conduzido no município de Simplício Mendes, no coração do semiárido piauiense, ele avaliou colmeias instaladas a céu aberto e outras protegidas por sombreamentos naturais e artificiais, como o sombrite, com telas. “Os teores de HMF mais elevados podem ser explicados, em parte, pelo fato de as colmeias desse experimento estarem expostas por um maior período do dia à incidência direta do sol”, concluiu. Calor pode provocar abandono da colmeia A busca por um cenário ideal à vida das abelhas em regiões quentes levou também a Universidade Estadual do Piauí (Uespi) a monitorar o comportamento delas nas colmeias de acordo com o clima e a época do ano. Entre 2013 e 2014, um equipamento permitiu que cientistas da Embrapa,

professores e estudantes de graduação e pós-graduação monitorassem as condições de temperatura que os insetos enfrentam e que influem no comportamento deles e na produção de mel. Os resultados, apresentados pelo professor da Uespi Carlos Giovanni Nunes de Carvalho, mostraram que as altas temperaturas, associadas à baixa umidade do ar, realmente comprometem a produtividade de mel, matam e contribuem para a má-formação das crias. Em alguns casos, levam as abelhas a abandonar as colmeias. Foram registradas fora do equipamento temperaturas máximas que variavam de 32 a 41 graus Celsius. Quando as temperaturas atingiam até 36 graus, as abelhas conseguiam regular a temperatura interna da colmeia. Contudo, acima de 39 graus, segundo os cientistas, facilmente as abelhas desistem da homeostase, que é o processo pelo qual um organismo mantém as condições internas necessárias à vida. Entre três e quatro dias sob

forte e calor, os animais abandonam a colmeia. Os experimentos, conduzidos sempre em períodos de 40 dias, comprovaram que a temperatura ideal interna em uma colmeia em regiões quentes deve variar de 33 a 36 graus Celsius. O equipamento, com o alerta de aquecimento, foi instalado em um apiário em mata fechada, a 210 metros de distância da sede da Embrapa Meio-Norte, na zona norte de Teresina, e monitorou cerca de 30 mil abelhas. Um medidor foi desenvolvido para a pesquisa Esse equipamento, ainda sem nome, é um dispositivo de monitoramento formado por sensores de temperatura, baterias, rádio de comunicação, um cartão de memória e um fio conectado à colmeia. O tráfego de informações obedece a um rito simples: os dados são coletados na colmeia, em meio à vegetação; em se-

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guida, repassados via rádio para uma central instalada na Embrapa Meio-Norte e conectada à internet. De lá, as informações ficaram armazenadas em um site que funcionou como um banco de dados. A construção do dispositivo, estruturado numa caixa plástica, que mede 11 centímetros de largura por 16 centímetros de comprimento, teve um custo estimado de apenas R$ 200,00. A ideia do professor Carvalho, que coordenou o projeto, era substituir o manejo executado pelos pesquisadores, como a instalação manual de termômetros nas colmeias, para que eles pudessem acompanhar o nível de estresse das abelhas sem riscos de acidente. Abelhas estão sumindo Maçã, melão, manga e hortaliças como berinjela, cenoura, couve e pe12 | REVISTA 100% CAIPIRA

pino, consumidos em larga escala de norte a sul do Brasil, podem um dia até sumir das feiras livres e supermercados, caso a perda de abelhas continue em ritmo acelerado. O grito de alerta é da pesquisadora Marcia Motta Maués, da Embrapa Amazônia Oriental (PA). Segundo ela, sem a ação efetiva das abelhas como agentes polinizadores, cerca de 52% dos produtos vendidos nos supermercados desaparecem. O fenômeno, registrado em todo o mundo, vem preocupando cientistas, apicultores e agricultores. As abelhas são os polinizadores mais eficientes da natureza e responsáveis diretamente pela reprodução e perpetuação de espécies vegetais. Ela ressalta que mais de 75% das principais plantas cultivadas no mundo dependem, pelo menos em parte, da polinização feita por esses insetos. Maués disse que cerca de 250 espé-

cies de animais polinizam as plantas agrícolas no Brasil. Desses, 87% são abelhas. “Polinizadoras por excelência, elas dependem dos recursos florais para sua alimentação e de suas crias”, detalha a cientista. A pesquisadora destaca também que as abelhas africanizadas são as polinizadoras mais efetivas das culturas agrícolas do Brasil, que são fontes de vitaminas e sais minerais, indispensáveis à saúde do homem. A ameaça à vida das abelhas em todo o planeta vem de todo lado. No entender da cientista brasileira, as principais causas do desaparecimento desses insetos são mudanças no uso da terra, manejo agrícola intensivo, pesticidas, cultivos geneticamente modificados, fungos, vírus, pragas (formigas e ácaros) e mudanças climáticas. Ela aponta a remoção da vegetação nativa tanto para projetos urbanos e


de infraestrutura, quanto para transformação em áreas agrícolas, como uma ação que reduz a alimentação e o local onde as abelhas possam criar ninhos, além de dificultar a mobilidade dos insetos. “Em todo o mundo, as mudanças climáticas alteram a distribuição geográfica das abelhas e plantas e seus ciclos reprodutivos”, destacou Maués. Cientistas tentam salvar as abelhas Furacões, enchentes, incêndios e a seca estão no pelotão de frente dos fenômenos climáticos extremos que, acreditam os cientistas, comprometem a vida das colmeias. Uma rede de 35 pesquisadores de dez países da América Latina, entre os quais o Brasil, está avaliando a perda de abelhas, além da identificação de ameaças e fatores que causam a mortalidade das colmeias. No Brasil, foi criada a Rede Brasi-

leira de Interações Planta-Polinizador (Rebipp), um coletivo de cientistas especializados em biologia de polinização que estudam as interações planta-polinizador em suas várias dimensões. O objetivo do trabalho colaborativo é incentivar o desenvolvimento de atividades científicas e didáticas na área, identificando a falta de conhecimento e estimulando a construção de projetos de pesquisa. Fundamental à segurança alimentar, conservação do meio ambiente e manutenção do equilíbrio dos ecossistemas, o trabalho desses insetos vai além dos alimentos, eles também estão ligados à produção de medicamentos, fibras usadas na indústria, biocombustíveis e materiais de construção. E a relação desses pequenos animais com o homem veio antes mesmo da era cristã, remonta ao Egito Antigo, há 2.400 anos antes de Cristo. No Brasil, as abelhas chegaram pelas mãos dos jesuítas, no século

18, nas áreas que hoje são o noroeste do Rio Grande do Sul. Hoje, o Sul e o Nordeste são as principais regiões produtoras de mel e também produzem pólen, própolis, cera e apitoxina, um composto ativo presente no veneno das abelhas, cujos efeitos são benéficos à saúde em tratamentos odontológicos. Mesmo diante dos problemas enfrentados por toda a cadeia produtiva, o Brasil exportou mais de 27 milhões de toneladas de mel em 2017. O País faturou quase 122 milhões de dólares, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Os Estados Unidos foram os maiores compradores. Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo, Bahia e Piauí, respectivamente, são os sete Estados que mais produzem mel no País, segundo a Pesquisa Pecuária Municipal feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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PESQUISAS

Fonte: Assessoria de Comunicação da BPBES

Grande maioria dos cultivos agrícolas do país depende de polinizadores, alertam cientistas Relatório ressalta a alta diversidade de polinizadores, as oportunidades, o valor monetário agregado e as principais ameaças, como o uso intensivo de agrotóxicos Em meio a várias ações controversas para o afrouxamento do uso de agrotóxicos no país, a Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) e a Rede Brasileira de Interações Planta-Polinizador (Rebipp) lançaram esta tarde, em evento na Fapesp, o “Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil”(https://www. bpbes.net.br/produtos/) e seu respectivo Sumário para Tomadores de Decisão. O documento evidencia a alta diversidade de polinizadores além de alertar para as ameaças provocadas pela redução de florestas e o uso de agrotóxicos. Em 2018, o valor econômico do serviço ecossistêmico de polinização para a produção de alimentos no Brasil foi estimado em R$ 43 bi (US$ 12 bi). Cerca de 80% desta quantia está asso14 | REVISTA 100% CAIPIRA

ciada a quatro cultivos de grande importância agrícola - soja, café, laranja e maçã. O relatório segue os moldes do diagnóstico global polinização, lançado em 2016, pela Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES) da ONU. O documento global foi acatado pelos países membros da Convenção da Diversidade Biológica e deu origem à Coalizão de Polinizadores, uma iniciativa internacional formada por países que apoiam os programas de proteção e uso sustentável dos polinizadores nas políticas públicas e da qual o Brasil ainda não é signatário. A versão brasileira reuniu, durante um ano e meio, 12 pesquisadores de todo o país, para preparar o diagnóstico que envolveu a levantamento de

mais de 400 publicações e que foi posteriormente submetido a 11 revisores externos. “O documento nacional foi estruturado de modo a subsidiar futuros programas de integração entre os vários setores da sociedade civil e esperamos que o Estado se sensibilize com esta questão”, afirma Vera Imperatriz, da Universidade de São Paulo, que coordenou o diagnóstico global da IPBES. A ocasião para o lançamento do relatório é oportuna, segundo Carlos Joly, professor da Universidade Estadual de Campinas e coordenador da BPBES e do Programa Biota/Fapesp, pois coincide com a discussão da regulamentação e liberação de novos agrotóxicos. “Os polinizadores são de vital importância não só para nossas exportações como para produção de alimentos essenciais para a qualidade de vida dos brasilei-


ros. O país deve avaliar com muita cautela a utilização de substâncias que colocam em risco o enorme benefício que estes animais nos trazem”, argumenta. Alta diversidade de polinizadores é uma oportunidade A polinização contribui para a variabilidade genética de plantas, fornece frutos, sementes, mel e derivados, além de envolver um conjunto de conhecimentos tradicionais. Por isso, é considerada um serviço ecossistêmico, ou seja, um benefício decorrente da integridade da natureza para sustentar a vida no planeta, assim como a água, a regulação do clima, ar limpo etc. Em termos monetários, a polinização representou R$ 43 bilhões em 2018 para o país. Para chegar a este valor, os pesquisadores da Rebipp calcularam o produto da taxa de dependência de polinização pela produção anual considerando 67 cultivos. A soja responde por 60% deste valor, seguida pelo café (12%), pela laranja (5%) e pela maçã (4%). Das 191 culturas agrícolas utilizadas para a produção de alimentos no país, que se tem conhecimento sobre o processo de polinização, 114 (60%) são visitadas por polinizadores. O diagnóstico analisou ainda o grau de dependência dos polinizadores para 91 cultivos agrícolas e constatou que para 76% (69) a ação de polinizadores aumenta a quantidade e/ou a qualidade da produção agrícola. A lista de visitantes das culturas agrícolas supera 600 animais, dos quais no mínimo 250 com potencial de polinizador. As abelhas predominam como polinizadores, representando 66% das espécies. Besouros, borboletas, mariposas, aves, vespas, moscas, morcegos e percevejos enriquecem a lista. A diversidade de polinizadores é fundamental para a efetividade da polinização, afirma o relatório. E a manutenção do ambiente natural próximo ao cultivo ainda é a principal forma de garantir esta diversidade, na medida em que supre a oferta de recursos e abrigo durante o ano. No caso da berinjela, por exemplo, a presença do polinizador específico

gera um incremento de cerca de 180g por unidade no produto final, explica Kayna Agostini, professora da Universidade Federal de São Carlos e coordenadora do estudo. “Isso, na prateleira, faz diferença para o produtor”, pontua a coordenadora. Por esta razão, nem sempre apenas colocar colmeias de abelha europeia nas plantações é suficiente para resolver a ausência de polinizadores nativos. O relatório aponta o manejo de polinizadores nativos como uma oportunidade ainda pouco explorada. O país possui uma grande diversidade de espécies sem ferrão que, além de produzirem méis de qualidade e de alto valor agregado, proveem a polinização de diversos cultivos agrícolas. De acordo com o documento, apenas 16 espécies são manejadas. E há muito o que se aprender, neste sentido, com as práticas de manejo associadas ao conhecimento local e indígena. A urgência de uma política de proteção para polinizadores São múltiplas as causas que ameaçam o serviço ecossistêmico de polinização: perda de habitat, mudanças climáticas, poluição ambiental, agrotóxicos, espécies invasoras, doenças e patógenos. Essas vulnerabilidades colocam em risco a produção de alimentos e a conservação da biodiversidade. Dentre os poluentes ambientais, os agrotóxicos causam mais preocupação. Os efeitos das doses destas substâncias variam muito, podendo levar à morte ou atuar como repelentes, ressalta o relatório. Efeitos tóxicos subletais, como desorientação do voo, perda da habilidade dos polinizadores para encontrar recursos florais, menos descendentes, entre outros, já estão documentados na literatura principalmente para a abelha europeia. O impacto dos efeitos dos agrotóxicos nas espécies nativas é uma lacuna importante que precisa urgentemente ser estudada, advertem as coordenadoras do diagnóstico. “Já existem estudos apontando moléculas menos nocivas ao ambiente e com maior efetividade que podem atuar na transição para uma produção mais sustentável”, conta Agostini. Para

a pesquisadora, outro ponto que preocupa é a ausência da mitigação dos efeitos do uso destas substâncias. A falta de evidências sobre os efeitos dos agrotóxicos nos polinizadores e para a saúde humana parece não ter importância quando se considera a liberação destas substâncias, salienta Marina Wolowski, professora da Universidade Federal de Alfenas e coordenadora do relatório, se referindo ao registro de 28 agrotóxicos e princípios ativos pelo Ministério da Agricultura no último dia 10 de janeiro. Entre eles está um aditivo inédito no país, o sulfoxaflor, que já causa polêmica nos Estados Unidos por estar associado ao extermínio de abelhas. “Infelizmente o Brasil atualmente caminha em sentido contrário ao da comunidade internacional ao persistir no uso de agrotóxicos já banidos na maioria dos outros países”, afirma Braulio Dias, professor da UnB e Ex-Secretário Executivo da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica. Dias considera que transferir a responsabilidade de aprovação de agrotóxicos exclusivamente para o Ministério da Agricultura, conforme proposto, não vai beneficiar o meio ambiente, os polinizadores, nem a saúde de agricultores e consumidores. Para Blandina Viana, professora da UFBA e uma das autoras brasileiras do diagnóstico global da IPBES, é preciso criar políticas que visem apoiar sistemas agrícolas diversificados, infraestrutura verde, mas também apoiar redes de pesquisa e extensão transdisciplinares, projetos de ciência cidadã, e comunicação pública do conhecimento cientifico nessa área. Em 2016, cerca de 150 pesquisadores, motivados pelo relatório global da IPBES, enviaram a “Carta de Catalão” ao Ministério do Meio Ambiente propondo a elaboração de uma Política Nacional para uso e conservação de polinizadores e do serviço de polinização. Entretanto, a iniciativa ainda não teve eco dentro do governo. “Se não tivermos a proteção dos polinizadores, os produtores terão que investir financeiramente em um serviço que é oferecido gratuitamente pela natureza”, conclui Agostini. REVISTA 100% CAIPIRA | 15


AGRICULTURA FAMILIAR

Projeto beneficia 4 mil produtores na região dos Lagos do São Francisco A iniciativa busca fomentar a produção agropecuária da população local por meio de ações integradas junto à comunidade Fonte: Embrapa Semiárido

Com o objetivo de ofertar alternativas tecnológicas e incentivar o aparecimento de novos empreendedores na região dos Lagos do São Francisco, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) firmaram uma parceria que visa beneficiar cerca de 4 mil produtores de 12 cidades nos estados de Alagoas, Sergipe, Pernambuco e Bahia. A iniciativa busca fomentar a produção agropecuária da população local por meio de ações integradas junto à comunidade. Localizadas na região do submédio e do baixo São Francisco, onde estão instaladas barragens e usinas hidroelétricas, as cidades atendidas pelo projeto podem ganhar um incremento na rotina produtiva a partir do uso das potencialidades dos lagos e da inserção de novas atividades econômicas na agropecuária. Entre os municípios beneficiados estão Pariconha, Olho D’Água dos Casados, Delmiro Gouveia e Piranhas, em Alagoas; Paulo Afonso, Rodelas e Glória, na Bahia; Petrolândia e Jatobá, no estado 16| REVISTA 100% CAIPIRA

de Pernambuco; e as cidades de Canindé do São Francisco, Poço Redondo e Nossa Senhora da Glória, em Sergipe. A proposta também alcança os municípios circunvizinhos, ampliando o número de pessoas favorecidas. Durante a execução da proposta, que tem duração de 36 meses, serão realizados cursos, treinamentos, palestras, visitas e dias de campo visando à adoção de tecnologias em diversas áreas, como conservação do solo, hortaliças, fruticultura, apicultura e sistemas pecuários de projeto (carne e leite). As famílias participantes também recebem materiais técnicos para auxiliar no processo produtivo. De acordo com Rebert Correia, pesquisador da Embrapa Semiárido e coordenador do projeto, o plano de ações envolve a interação entre pesquisadores, extensionistas, agricultores familiares e estudantes. “É um público bem abrangente e precisamos oferecer alternativas para incrementar a produtividade da região e melhorar a renda dessa população. Com as capacitações, nós colaboramos

para incentivar o aparecimento de novos empreendedores, que também têm um papel de multiplicar os conhecimentos adquiridos, aumentando ainda mais o público abrangido na proposta”, destaca. A parceria entre Embrapa e Chesf se dá por meio de um Termo de Cooperação Técnica e Financeira e conta com o apoio da equipe técnica da sede da Embrapa Semiárido. Semestralmente, serão apresentados relatórios para o acompanhamento das metas e dos objetivos do projeto. Intitulado “Ações de desenvolvimento para estudantes e produtores agropecuários (bovino, caprino, ovino, abelha, galinha, hortaliças, frutas, milho, feijão, mandioca) dos Lagos do São Francisco – PE/SE/AL/BA”, o projeto também leva em consideração a responsabilidade social nos sistemas de produção. As estratégias adotadas giram em torno de uma consciência ecológica, buscando diminuir o uso excessivo de defensivos agrícolas e dos recursos naturais, além de minimizar a degradação ambiental da região.


GOVERNO

ENERGIA ELÉTRICA: Sancionada a lei que mantém a Tarifa Rural Noturna

O presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Ademar Traiano, sancionou, na quinta-feira (07/02), a Lei nº 19.812/2019, que assegura a continuidade da Tarifa Rural Noturna Foi durante o Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR). “Essa lei resulta de uma demanda das cooperativas paranaenses e da Ocepar que, desde o final de 2018, vinham discutindo o assunto com a Assembleia Legislativa e Governo Estadual, para que o setor de carnes e a irrigação noturna não fossem prejudicados com o fim do programa”, afirma o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken. Decreto – Presente ao Show Rural, o governador Ratinho Jr afirmou, também nesta quinta-feira, que irá editar um decreto para regulamentar a nova legislação, reconhecendo a importância da medida para o setor produtivo. O programa beneficia aproximadamente 12.000 produtores com a redução de 60% do valor da tarifa no período no-

turno para os agricultores que utilizam energia elétrica entre 21h30 e 6h ou entre 22h e 7h durante o horário de verão. A energia elétrica tem um impacto significativo nos custos de produção de diversas atividades, principalmente de avicultura, piscicultura, suinocultura e pecuária de leite, entre outras. Legislação - A Lei 19.812, de autoria do deputado estadual Márcio Nunes, que tem por base o Projeto de Lei (PL) 547/2018, autoriza o poder Executivo a efetuar o pagamento às concessionárias de energia referente ao subsídio do programa. A Tarifa Rural Noturna foi criada em 2007 por meio de um Termo de Cooperação Técnica entre a Secretaria Estadual de Agricultura (Seab) e Companhia Paranaense de Energia (Copel). Remanejamento - Para este ano,

como não estava previsto no orçamento estadual, o governo irá realizar um remanejamento dentro da previsão orçamentária para repassar à Copel. Nos próximos anos, a legislação prevê o uso do crédito do ICMS para ressarcir a empresa de energia elétrica. Desembolso - De acordo com cálculo que faz parte do Projeto de Lei, em 2019, caso o desconto fosse interrompido, os produtores teriam que desembolsar R$ 36,7 milhões a mais para quitar suas contas de luz. Trata-se de um valor alto para os produtores rurais, mas que representa somente 2,36% do orçamento da Copel previsto para este ano, de acordo com a Lei Orçamentária Anual 2019 do Paraná, que destina em torno de R$ 1,5 bilhão à companhia para investimentos. Fonte: Portal Paraná Cooperativo REVISTA 100% CAIPIRA |17


ANÁLISE DE MERCADO

Crise na Venezu espaço a fran

A medida entraria em vigo país termine com a vitória

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uela pode abrir ngo brasileiro

or caso a crise política do das forças oposicionistas Em meio à articulação liderada pelos EUA - e apoiada pelo Brasil - para derrubar Nicolás Maduro da presidência da Venezuela, os frigoríficos brasileiros vão propor ao Ministério das Relações Exteriores a criação de uma linha de financiamento à exportação garantida pelo petróleo venezuelano. A medida entraria em vigor caso a crise política do país termine com a vitória das forças oposicionistas. O objetivo dos frigoríficos é unir um tema sensível - o abastecimento de alimentos para combater a fome na Venezuela - à necessidade de ampliar as exportações de carne de frango do Brasil, que vêm sofrendo nos últimos anos com restrições comerciais. A proposta, preparada pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), será entregue nesta semana pelo presidente da entidade, o ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, ao Itamaraty. O ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, também receberão o proposta formulada pela ABPA. “A primeira coisa que a Venezuela vai precisar é de alimentos, e ninguém tem garantia melhor de fornecimento do que o Brasil, que tem larga tradição”, afirmou Turra ao Valor. O frango é o principal produto da proposta, mas a ABPA também quer exportar carne suí-

na e ovos ao país. No passado recente, a Venezuela foi um destino relevante para a indústria de carne de frango do Brasil. O auge foi em 2014, quando os embarques renderam quase US$ 430 milhões, 5% das exportações do setor, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela ABPA. Entre 2009 e 2015, os frigoríficos enviaram pelo menos 99 mil toneladas anuais de carne de frango aos venezuelanos, angariando mais de US$ 200 milhões por ano. Com o recrudescimento da crise econômica na Venezuela, as exportações minguaram. Em 2018, apenas 114 toneladas foram vendidas. De acordo com Turra, a insegurança quanto à capacidade financeira dos importadores para honrar os compromissos pesou. Agora, a avaliação de Turra é que a participação do Brasil nos esforços para tirar Maduro do poder - o país reconheceu Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela - facilita a construção de um instrumento que dê segurança aos exportadores brasileiros, evitando o risco de calote. No passado, durante o governo Hugo Chávez, o setor tentou formular um instrumento parecido - com o petróleo como garantia - mas não teve sucesso. “Eles acharam uma humilhação”, disse Turra. Agora, no entanto, a relação amistosa do governo Jair Bolsonaro com a opo-

sição venezuelana pode ser um trunfo para o Brasil, disse. O presidente da ABPA sustenta que a linha de financiamento à exportação proposta é viável economicamente ao governo brasileiro, e não apenas politicamente. De acordo com o dirigente, o petróleo é uma garantia suficiente para dar segurança ao Tesouro Nacional, que teria de arcar com os custos de um eventual calote. Turra avalia que a situação da Venezuela é melhor que a de Cuba. Os frigoríficos brasileiros contavam com uma linha do programa de financiamento à exportação (Proex) para a ilha mesmo sem garantias tão sólidas quanto o petróleo venezuelano, argumentou o presidente da ABPA. O caso de Cuba, porém, se tornou uma dor de cabeça aos frigoríficos. Por causa das relações diplomáticas mais conturbadas com Cuba no governo Michel Temer, os frigoríficos brasileiros não receberam. “Temos para receber US$ 28 milhões desde abril do ano passado”, disse Turra. Apesar dos riscos, a ABPA avalia que a retomada das vendas à Venezuela contribuirá com a ambiciosa meta da entidade de exportar 500 mil toneladas por mês - somando carne de frango e carne suína. Em 2018, os embarques mensais atingiram, em média, 392,3 mil toneladas. Fonte: Avisite REVISTA 100% CAIPIRA | 19


MILHO E SORGO

Manejo da lagarta-docartucho no sorgo forrageiro pode associar controles biológico e químico A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) é uma praga com ampla distribuição geográfica e assume papel de destaque entre as que causam danos na cultura do sorgo

Fonte: Embrapa Milho e Sorgo

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A lagarta pode causar prejuízos de 17 a 38,7% na produção, levando em conta fatores como o ambiente, a cultivar e o estádio de desenvolvimento das plantas. Os danos podem ser maiores quando a infestação ocorre até a fase de 8 a 10 folhas completamente des envolvidas. Por iss o, o produtor precisa ficar atento para monitorar a praga, desde o início. Na maioria das vezes, as decisões de cont r o l a r, o u n ã o , p r a g a s s ã o tomadas de forma empírica e, geralmente, são precipitadas ou tardias. Isto aumenta o custo de produção e promove desequilíbrio no agroecossistema. Para orientar produtores sobre o manejo da lagarta-do-cartucho no sorgo, pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo publicaram o C o m u n i c a d o Té c n i c o 2 3 4 “A s s o c i a ç ã o d o s c o n t r o l e s biológico e químico para manejo da lagarta-do-cartucho na cultura do sorgo forr a g e i r o”. O monitoramento, por meio das estratégias do Manejo Integrado de Pragas, permite a tomada de decisão para o controle eficiente, ao mostrar o momento mais adequado. Fornece também subsídios para a escolha do produto mais indicado em cada situação. O controle pode ser químico ou biológico. O p es quis ador Ivênio Rubens de Oliveira ressalta que o controle de pragas é algo corriqueiro no dia a dia

do produtor rural. “No caso do plantio de sorgo para a produção de silagem, não é diferente. As lagartas, ao c o n s u m i r e m a á r e a f o l i a r, podem interferir diretamente na produção por diminuir a quantidade de massa verde e indiretamente por interferir no desenvolvimento das plantas, o que leva a uma menor produção por área p l a n t a d a”. “Já em casos de surtos populacionais de lagartas, principalmente a lagarta-do-cartucho, se não houver monitoramento que detecte a praga logo no início, o produtor poderá se encontrar numa situação em que a única opção será o controle com uso de inseticida químico. Escolhendo o produto certo, o produtor poderá alc a n ç a r s u c e s s o n o c o n t r o l e ”, diz Oliveira. Mas a praga, geralmente, permanece na área e o produtor precisa continuar atento. “Para isso, é preciso manter o monitoramento, e, a partir de então, se ocorrer novo ataque, será possível utilizar um produto mais ajustado a um sistema de produção sustentável, de preferência, um biológico. Assim, o produtor poderá terminar a sua safra com responsabilidade social e ambiental, além de assegurar bom retorno econômic o”, o r i e n t a . Segundo Oliveira, para fazer a interação de inseticidas químicos e o controle biológico são necessárias d u a s e t a p a s p r i o r i t á r i a s . “A

primeira está na escolha do produto químico que deverá ser seletivo ao maior número de inimigos naturais quanto possível. Isto é, um produto que seja específico para matar apenas a praga e preservar os outros organismos que não sejam alvo. Desta forma, serão preservados aqueles agentes de controle biológico que podem estar presentes na área. Isto será importantíssimo para que a praga não venha ocorrer em níveis capazes d e c a u s a r p r e j u í z o”. Já a segunda etapa está na observação da presença da praga na área de plantio, ou seja, o monitoramento. “Neste caso, a primeira opção de controle a ser adotada é o uso da vespinha p a r a s i t o i d e d e o v o s Tr i c h o gramma, porque este inimigo natural vai controlar a lagarta em sua fase que ainda não causou prejuízo algum, o ovo. Outra opção é o uso de inseticidas microbiológicos à base de baculovírus ou Bacillus thuringiensis (Bt), que controlarão as lagartas, desde que estas estejam nos primeiros instares, com cerca de 1 cm de comprimento, não permitindo que elas se desenvolvam ao ponto d e c a u s a r p r e j u í z o”, e x p l i c a Oliveira. O C o m u n i c a d o Té c n i c o 2 3 4 “A s s o c i a ç ã o d o s c o n t r o les biológico e químico para manejo da lagarta-do-cartucho na cultura do sorgo f o r r a g e i r o” e s t á d i s p o n í v e l para download, na biblioteca da Embrapa. REVISTA 100% CAIPIRA |21


PESQUISA

Vale a pena investir em silagem?

Fonte: Embrapa Pecuรกria Sudeste

Silagem de milho requer cuidados desde antes do plantio da lavoura 22| REVISTA 100% CAIPIRA


Estamos na segunda quinzena de fevereiro e muitos pecuaristas estão preparando silagem de milho para alimentar o rebanho durante a seca. O pesquisador André Pedroso, da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos, SP), faz algumas recomendações técnicas sobre esse processo, mas antes demonstra uma preocupação básica que os produtores devem levar em conta: vale a pena investir nesse tipo de alimento? Ele explica que a silagem é uma das forragens mais caras e sua produção precisa ser planejada com muito critério. “Às vezes não se justifica. Depende do tamanho e nível de produção do rebanho, da topografia, da capacidade de investimento em máquinas, entre outros fatores”, afirmou. Para tomar a decisão correta, é preciso fazer contas. De acordo com André, há situações em que é mais vantajoso o pecuarista optar pela cana-de-açúcar ou outro volumoso de custo mais baixo, priorizando uma alimentação de menor risco e menor custo. “Não adianta produzir silagem, que é cara, com qualidade ruim”, alerta. Como fazer - Nesta época do ano, o pecuarista que planejou a produção de silagem está colhendo o milho que foi plantado há aproximadamente cem dias. De acordo com o pesquisador, é muito importante que se pense no processo todo, e não apenas na colheita, picagem e no armazenamento. “O pecuarista precisa ter consciência e produzir uma lavoura de boa qualidade, como se fosse para a produção de grãos mesmo. Uma lavoura de milho de baixa qualidade vai afetar a produtividade da silagem, aumentando o custo final do produto”, explicou André. Um cuidado que deve ser tomado é a definição do ponto de colheita. “O milho deve ser colhido quando a metade superior dos grãos está no ponto farináceo e a metade inferior ainda leitosa. Isto geralmente ocorre 30 dias após o ‘ponto de pamonha’, sendo que as palhas externas das espigas normalmente já se encontram amareladas e os grãos do meio das espigas estão dentados”, disse o pesquisador. Segundo ele, para descobrir o ponto ideal o produtor deve partir algumas

espigas ao meio e apertar os grãos medianos com os dedos, ou fazer um corte transversal no grão, para poder avaliar. “O ponto de colheita não deve ser determinado pelo aspecto visual da lavoura. Uma eventual deficiência de potássio no solo, por exemplo, pode fazer o pé de milho secar na parte baixa. O produtor acha que está na hora de colher, mas não está”, afirmou. Em casos de lavouras grandes, o ideal é fazer o plantio escalonado para que a colheita ocorra no momento certo ou optar por variedades mais precoces conjugadas às mais tardias. De acordo com o pesquisador, depois de definido o ponto de colheita, o produtor precisa estar atento ao maquinário que vai utilizar. “As máquinas devem estar bem reguladas para uma picagem uniforme. O tamanho das partículas deve ser entre 0,5cm e 1cm. Por isso as lâminas devem estar bem amoladas.” O enchimento e a compactação do silo devem ocorrer da forma mais rápida possível. A distribuição da silagem precisa ser constante, bem como a compactação de camadas finas. As camadas de milho picado devem ter no máximo 30cm a 40cm de espessura e todas precisam estar bem compactadas. “Em silos tipo ‘trincheira’, a compactação deve ser feita com tratores de pneu, sendo que o efeito da compactação é efetivo apenas na camada superior, de 30cm a 40 cm de espessura, de forma que a compactação deve ser feita de forma constante, à medida que a forragem é colocada no silo. É praticamente impossível melhorar a compactação de uma camada que não tenha sido compactada adequadamente, e que já tenha sido coberta por camadas subsequentes. A velocidade de chegada de forragem ao silo deve ser compatível com a capacidade de compactação. Silos que não possam ser fechados no mesmo dia devem ser enchido pelo ‘sistema de rampa’ para que as camadas de forragem que vão sendo compactadas no silo sejam isoladas do ar o mais rapidamente possível”, explica André. Após o fechamento com lona de dupla face – branca na parte exposta e preta na parte de baixo, que fica em contato com a silagem –, começa

o processo natural de fermentação e a produção de ácidos a partir de açúcares presentes na forragem ensilada. O pesquisador da Embrapa explica que o abaixamento do pH para aproximadamente 4 e a ausência de ar permite a conservação da silagem por período indeterminado. “Há casos de silagens mais antigas, bem conservadas, que têm mais qualidade do que silagens novas.” A lona de dupla face evita a incidência de raios ultravioletas. Os produtores devem tomar cuidado para que animais não caminhem em cima dos silos, danificando as lonas. Qualidade - Como produzir uma silagem de alta qualidade? Conforme André Pedroso antecipou, não adianta investir em silagem se a lavoura de milho não tiver qualidade técnica. O processo de produção começa bem antes, com a análise de solo e um bom preparo da terra. Em seguida, o produtor deve escolher variedades de milho híbrido de alta produtividade. “Sempre recomendo que o produtor tenha a assistência de um técnico capacitado, principalmente se for a primeira vez que vai produzir silagem”, disse André. Problemas - Entre os problemas mais frequentes na produção de silagem está o uso de milho colhido antes da hora. Nessa situação, ocorre um processo conhecido como fermentação butírica, com um odor forte característico e corrimento de efluentes. As proteínas e energia da silagem se perdem e o animal não consome o alimento como deveria. Outro problema comum é a colheita tardia, quando o milho apresenta teor de matéria seca excessivo. “Nesse caso haverá dificuldade na compactação, e muitas vezes a presença de bolsões de ar. Pode ocorrer a formação de mofo – visível ou não”, afirma André. Outro indicador desse problema é o aquecimento além do normal da silagem, provocando um processo chamado de “caramelização” do açúcar presente na forragem. Há alteração na cor – a silagem fica escura e exala um odor agradável, semelhante a chocolate. “Mas a qualidade é ruim”, reforça o pesquisador. REVISTA 100% CAIPIRA | 23


AGRICULTURA DE PRECISÃO

Microssatélites e inteligência artificial

trazem

soluções

customizadas para indústria agrícola e florestal Satellogic entra no mercado brasileiro com análises de última geração e frota própria de satélites

S

oluções de ponta que vão desde a obtenção customizada de dados até a análise das informações obtidas para orientar a tomada de decisões. Tudo isso com imagens de alta resolução, atualizações mais frequentes e menor custo. É com essas características que a Satellogic chega ao mercado brasileiro da agricultura de precisão. A startup, que tem o respaldo de investidores de peso como o grupo brasileiro Pitanga e a chinesa Tencent, nasceu na Argentina em 2010 e hoje já possui escritórios em Buenos Aires, Montevidéu, Barcelona, Tel Aviv, São Francisco e Pequim. O diferencial está na junção da consultoria especializada com o que há de mais novo em tecnologia espacial. 24 | REVISTA 100% CAIPIRA

Fonte: CDN Comunicação

Com uma frota própria de microssatélites, uso de inteligência artificial e imagens de até um metro de resolução, a empresa é capaz de fornecer soluções de forma mais ágil, auxiliando na correção de problemas e no aumento da produção. Tudo isso por um valor bastante competitivo no mercado. “Nosso serviço democratiza a informação estratégica das indústrias agrícola e florestal. Até agora, os dados eram caros e escassos e as informações obtidas deles eram muito genéricas. Ao unificar a infraestrutura para coleta de dados, utilizando não apenas as nossas fontes, mas também as de outras empresas, somos capazes de fornecer soluções precisas, feitas sob medida, e de baixo custo”, explica Marco Bressan, diretor de Soluções da Satellogic.

Assim, uma empresa que vende alimentos pode controlar a cadeia de fornecedores em escala global. Um produtor pode monitorar sua propriedade de forma integral, acompanhando mudanças na vegetação, a eficiência da irrigação e controlando pragas. As possibilidades de uso da tecnologia são enormes. “Auxiliamos decisões como o melhor momento para plantar, colher ou aplicar mais fertilizante. No caso específico das empresas florestais, por exemplo, otimizamos a gestão ao longo de todo o ciclo produtivo: desde o monitoramento durante os meses posteriores à plantação, contando as plantas que sobreviveram e acompanhando as operações de poda, desbaste e colheita, até a realização de inventários florestais nacionais”, conta Bressan.


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LOGÍSTICA E TRANSPORTE

Tiplam cresceu mais de 30% Terminal movimenta mais de 9,6 milhões de toneladas em 2018 e já recebe a nova safra de soja no sistema que integra ferrovia e porto ser escoada por essa importante rota da produção agrícola nacional formada pelo Tiplam e a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). Enquanto os primeiros navios Panamax estão a caminho do porto, os grãos chegam ao terminal de Uberaba, no Triângulo Mineiro, (no pico de safra, são cerca de 1.200 caminhões por dia) e de lá a carga segue para os vagões até a Baixada Santista. Investimento e parceria

A VLI, empresa que administra o Tiplam (Terminal Integrador Portuário Luiz Antonio Mesquita), na Baixada Santista, movimentou em 2018 mais de 9,6 milhões de toneladas de grãos, açúcar e fertilizantes no terminal. Esse volume é 30% maior do que as 7,3 milhões de toneladas movimentadas no terminal em 2017. O crescimento é marcado por dois fatores: a liberação para carregamento completo de navios Panamax (60 a 70 mil toneladas por embarque) e a finalização do berço 4, responsável pelo incremento de fertilizantes - ambos ocorreram no primeiro semestre de 2018. No Tiplam, a integração com o modal ferroviário e chegada de 100% da carga exportada pelos trilhos tornam o processo de escoamento de produtos mais ágil e permite, por dia, o recebimento 28 | REVISTA 100% CAIPIRA

médio de três composições – cada uma com 80 vagões. O acumulado de produtos do agronegócio exportados pelo terminal, como soja, milho e açúcar, supera 6,1 milhões de toneladas, ou seja, representa mais de 60% do total das 9,6 milhões de toneladas de 2018. Na comparação com o ano anterior o volume do agro (4,7 milhões de toneladas) saltou 30%. “Foi um ano com marcos importantes. Os resultados refletem o investimento feito pela VLI na ampliação do ativo. Seguimos orientados por aprimorar a nossa performance e contribuir cada vez mais com o agronegócio”, Leopoldo Gimenes, gerente geral Tiplam. Novos embarques de soja à vista A nova safra de soja já começou a

A VLI concluiu em 2018 um aporte de R$ 2,7 bilhões na ampliação do Tiplam e agregou 12 milhões de toneladas em capacidade ao complexo portuário de Santos. Por ano, o empreendimento pode exportar 9,5 milhões de toneladas de grãos e açúcar, além de importar 5 milhões de toneladas de fertilizantes, enxofre e demais produtos. Essa logística integrada chamou a atenção da segunda maior produtora de açúcar do mundo, a multinacional francesa Tereos, que em junho do ano passado assinou com a VLI um acordo de 30 anos para o transporte da commodity pelos trilhos. Tereos e a VLI estão investindo R$ 205 milhões no projeto, que prevê a construção de um novo armazém no Tiplam com capacidade para armazenamento de 114 mil toneladas, e de outro no Terminal da companhia em Guará (SP), com capacidade de 80 mil toneladas. As obras serão iniciadas este ano. Fonte: VLI


GESTÃO

Queijo mineiro ganha ferramenta contra falsificação Os produtores de queijo canastra ganharam uma importante ferramenta de combate à falsificação e de garantia da procedência do produto artesanal da região da serra de mesmo nome, no Centro-Oeste mineiro

Fonte: Estado de Minas

Foi lançado nesta terça-feira o primeiro lote do famoso queijo identificado com a “etiqueta de caseína”, que é comestível, elaborada a partir de uma proteína retirada do próprio leite. Há mais de 80 anos que a etiqueta de caseína é usada em países da Europa que ganharam fama pela qualidade de queijo, como França e Suiça. Mas, é a primeira vez que a tecnologia é adotada pelos produtores de queijo no Brasil como ferramenta de identificação do produto. A região da Serra da Canastra tem cerca de 800 produtores artesanais da famosa iguaria, espalhados por sete municípios. Juntos, eles produzem cerca de 576 toneladas de queijo por ano. O modelo de identificação da origem do conhecido produto está sendo usado por filiados da Associação dos Produtores de Queijo Canastra (Aprocan), sediada no município de São Roque de Minas. A etiqueta feita com a substância comestível traz uma espécie de código de barras com oito dígitos, com a identificação do produtor (tres primeiros dígitos) e dados do produto (últimos cinco dígitos), tais como data de fabricação e local onde foi produzi-

do.

O gerente de Projetos da Associação dos Produtores de Queijo Canastra, Higor Douglas de Freitas Faria, explica que, em breve, a entidade vai lançar um aplicativo que vai permitir que, a partir do “código” da etiqueta o consumidor possa obter outras informações sobre o queijo como a história da fazenda onde foi produzido. Hígor Douglas salienta que a etiqueta de caseína representa um importante ganho para os produtores, garantindo a segurança junto ao consumidor sobre a origem do queijo canastra e combatendo a falsificação. Assim, acarretará valor agregado à mercadoria. “A etiqueta de caseína somente pode ser colocada no queijo na hora que o produto acaba de ser fabricado”, explica. O gerente do Sebrae Minas Regional Centro-Oeste e Sudoeste, Leonardo Mól, lembra que a produção de queijo artesanal de Minas, especialmente, do Canastra, é um patrimônio reconhecido no mundo inteiro. “Para o Projeto Queijo Minas Artesanal esta Etiqueta irá agregar ainda mais valor ao produto e, por consequência, ampliar sua comercialização,

tendo como base o certificado de originalidade”, afirma Leonardo. O gerente de Projetos da Aprocan lembra que a entidade tem 56 filiados, dos quais 23 estão devidamente regularizados e vão passar a usar a etiqueta de caseína. Mas, a expectativa é aumentar cada vez mais o uso do sistema de identificação e de combate à falsificação, em função do processo de regularização da atividade pelos produtores. A produção queijeira na região da Serra Canastra gera emprego e renda nos municípios de São Roque de Minas, Vargem Bonita, Delfinópolis, Medeiros, Bambuí, Tapiraí e Piumhui. Há alguns anos, os produtores da região enfrentaram sérias dificuldades por causa da legislação sanitária, que impedia a venda do queijo artesanal fora de Minas Gerais. Mas, houve uma mobilização da classe produtora e a barreira foi vencida em 2015, quando o Ministério da Agricultura autorizou os produtores de queijo a comercializar a produção para outras unidades da Federação. Mas, para isso, eles têm que se regularizarem e obterem certificação do Serviço de Inspeção Federal (SIF). REVISTA 100% CAIPIRA |29


TRANSGÊNICOS

Transgênicos não provocam declínio de borboletas

Fonte: Agrolink

“É uma tendência que começou décadas antes da introdução de culturas transgênicas” Um e s t u d o c o n d u z i d o p o r Ja c k B oy l e , p ó s - d o u t o r a n d o n a á r e a d e C i ê n c i a e Po l í t i c a A m b i e nt a l n o C o l l e g e o f Wi l l i a m & Ma r y, n o s E s t a d o s Un i d o s , indicou que as culturas transgênicas não estão relacionadas com o declínio de borboletas monarca. A pesquisa foi publicada na revista Proceedings, d a Ac a d e m i a Na c i o n a l d e C i ê n c i a s E UA ( P NA S ) . estudo indica que as mon a r c a s e r a m a b u n d a nt e s n o início do século XX e declínios r e c e nt e s s u p o s t a m e nt e at r i b u í d o a c u l t u r a s t o l e r a nt e s a h e rb i c i d a s f o r a m r e a l m e nt e p a r t e 30 | REVISTA 100% CAIPIRA

d e u m a t e n d ê n c i a d e s c e n d e nt e . Segundo ele, foi obser vado que o fenômeno começou por volta de 1950 e que não está ligado ao cultivo de variedades biotecnológicas. O estudo afirma que o declínio das propriedades famil i a r e s e m f av o r d a a g r i c u l t u r a i n d u s t r i a l t e v e u m i mp a c t o d i r e t o s o b r e o h a b i t at d a s s e r i n g a s , l i m i t a n d o s i g n i f i c at i v a m e nt e s u a p r e s e n ç a . O m o m e nt o e m q u e a p r e s e n ç a d a borboleta monarca começa a c a i r c o r r e s p o n d e ap r ox i m a d a m e nt e à r e v o l u ç ã o a g r í c o l a d e m e a d o s d o s é c u l o, q u e l e v o u a

uma maior mecanização e insumos químicos para as terras agrícolas. Ne s s e c o nt e x t o, o s p e s q u i sadores afirmaram que as cult u r a s r e s i s t e nt e s a o s h e r b i c i das não têm uma ligação direta com o declínio da borboleta monarca. Ele ressalta que, embora o tamanho das fazendas, o uso de herbicidas e o uso de f e r t i l i z a nt e s t e n h a m r e l a ç ã o d i r e t a , a i n d a e x i s t e m mu i t o s f at o r e s q u e i n f l u e n c i a r a m e s ã o d e s c o n h e c i d o. “C l a r o, é u m a tendência que começou décad a s a nt e s d a i nt r o d u ç ã o d e c u l t u r a s t r a n s g ê n i c a s”, c o n c l u i .


AGRICULTURA FAMILIAR

AL: agricultura familiar capta apoio para comercialização de produtos

Conab para agricultores familiares alagoanos que deverão fornecer cerca mil toneladas de alimentos à rede socioassistencial no estado Um re c u rs o d e aprox i ma d ame nte R $ 2 , 5 m i l hõ e s s e r á d e s t i na d o p el a C omp an h i a Na c i ona l d e A l i me nto s (C onab ) p ar a ag r i c u ltore s f am i l i are s a l ago a no s qu e d e ve r ã o for ne c e r c e rc a m i l tonel a d as d e a l i me nto s à re d e s o c i o ass iste nc i a l no e st ad o. A a ç ã o é fe it a p or me i o d o Pro g r ama d e Aqu is i ç ã o d e A l ime nto s ( PA A ) e v ai b e ne f i c i ar 36 3 f am í l i as d e p e qu e nos produtore s qu e te r ã o a g ar ant i a d e c ome rc i a l i z a ç ã o d o s ite ns forne c i d o s . Ao to d o, for am ass i na d o s 2 6 proj e to s na mo d a l i d a d e d e c om pr a c om d o a ç ã o s i mu lt âne a c om ass o c i a ç õ e s e c o op e r at iv as d e ag r i c u ltore s f am i l i are s l o c a l i z a -

d as nas re g iõ e s do Ag re ste, do S e r t ã o e d a Z ona d a Mat a. Os pro duto s ofe re c ido s s ão f r ut as, hor t a l i ç as, le gu me s, do c e s, b ol o s , ovos, ga lin ha c aipira e fe i j ã o- ve rd e. Ne ss e t ip o de mo d al i d a d e, o s a lime nto s adqu ir ido s p el a C onab de ve m s e r e nt re gu e s p el os ag r ic u ltore s dire t ame nte nas i nst itu iç õ e s s o c i ais c ad as t r a d as no pro g rama, onde s e rão d e st i na do s a p e ss o as e m situ aç ã o d e ins e gu ranç a nut r ic iona l. As ent re gas j á c ome ç aram a a c onte c e r e b e ne f ic i arão, ao l ongo de 2019, mais de 550 m i l f am í l i as ins c r it as no S e s c -Me s a Br as i l, e m ig re j as, inst ituto s e ass o c i a çõ e s de b air ro s e t am b é m nos C e nt ro s de R e fe rê nc i a

de Assistê nc i a S o c i a l dos munic ípio s de I b ate gu ara, Minador do Ne g rão, Ol ho D’Águ a d as F lore s, Mu r ic i, D elm iro G ouve i a, In hapi, Mac e ió, B ar r a de Santo Antôn io, L ago a d a C a no a, Por to C a lvo, Pi l ar, B o c a d a Mat a, São S eb ast i ão e Ol ho D’Águ a Grande. O PAA te m c omo obj et i vo ap oi ar a c ome rc i a lizaç ão de pro duto s do s dive rs o s s eg mento s d a ag r ic u ltu ra fam i li ar, inclusive p ovo s e c omunid ades t radic ionais, c omo indí genas e qu i lomb ol as, ao me smo temp o e m qu e for t a le c e a re de de dist r ibu iç ão de a lime nto s p or meio d a c ompra c om do aç ão simu lt â ne a. Fonte: CONAB REVISTA 100% CAIPIRA |31


ANÁLISE DE MERCADO

OPINIÃO: Agronegócio brasileiro em alerta com os acordos e conflitos comerciais

Além disso, de acordo com a 21ª Pesquisa Anual Global com CEOs da PwC, entre 2017 e 2018, enquanto o excesso regulatório permaneceu como a principal preocupação dos CEOs, a preocupação com incertezas geopolíticas subiu da quinta para a terceira posição 32 | REVISTA 100% CAIPIRA


No atual cenário internacional, com a globalização sendo fortemente questionada e barreiras ao livre comércio sendo levantadas por diversos países, as incertezas no comércio mundial estão se tornando cada vez maiores, desafiando os líderes de empresas a adaptarem suas estratégias. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), o período entre maio e outubro de 2018 registrou recorde no número de medidas protecionistas adotadas pelas maiores economias do mundo (G20) desde 2012, atingindo um comércio equivalente a US$ 481 bilhões. Além disso, de acordo com a 21ª Pesquisa Anual Global com CEOs da PwC, entre 2017 e 2018, enquanto o excesso regulatório permaneceu como a principal preocupação dos CEOs, a preocupação com incertezas geopolíticas subiu da quinta para a terceira posição. Para o agronegócio brasileiro, estes movimentos protecionistas igualmente são preocupantes. Diversos produtos brasileiros são bastante competitivos no mercado internacional, levando determinados países a impor barreiras ou sobretaxar às exportações das commodities agrícolas brasileiras. A guerra comercial entre os Estados Unidos (EUA) e China, principal conflito comercial desencadeado em 2018, causou muitos impactos. A China é o principal destino das exportações agrícolas brasileiras, respondendo por cerca de 30% das exportações em 2017, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Os EUA, além de ser o terceiro principal destino, é um importante competidor do agronegócio brasileiro nas cadeias de soja, algodão e proteína animal. No caso da soja, com a tributação da oleaginosa americana em 25%, os asiáticos, maiores consumidores e importadores mundiais, recorreram ao Brasil para comprar a commodity, valorizando o preço e aumentando as exportações. Segundo dados do MDIC, no acumulado de julho a outubro o faturamento com a exportação do produto aumentou 62%, em relação a 2017. O cenário posi-

tivo também estimulou o aumento da área plantada de soja e as incertezas do mercado anteciparam a comercialização da safra 2018/19. De acordo com a Companhia Nacional de abastecimento (Conab), a área plantada da safra atual pode chegar a 36,1 milhões de hectares, aumento de 2,8% em relação ao ciclo anterior. Segundo a consultoria Datagro, até a primeira semana de dezembro, mais de 30% da safra já havia sido comercializada, valor superior aos 26% registrados no mesmo período de 2017. O melhor resultado das exportações e a expansão do cultivo fomentaram o otimismo do setor em relação à próxima safra. Reflexos comerciais também foram sentidos no algodão. No comparativo entre as safras 2017/18 e 2018/19, com o aumento de área plantada podendo chegar a 21,4%, a produção de algodão em pluma pode atingir 2,3 milhões de toneladas, crescimento de 16,5%, de acordo com dados da Conab. O incremento na produção prevista para o Brasil já reflete na expectativa de exportação da pluma para 2019. A Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) estima ao menos 1,7 milhão de toneladas de pluma para 2019. Isso é reflexo dos bons resultados na comercialização da safra 2017/18 e das boas perspectivas futuras de mercado para o produto brasileiro pois, além da perspectiva de déficit na produção mundial, também pode haver a possibilidade do mesmo se beneficiar do conflito comercial entre o principal exportador da pluma de algodão, EUA, e o maior consumidor, China. Outro segmento que se beneficiou da disputa foi o de proteína animal. Em um ano em que o segmento sofreu diversas barreiras às exportações de carnes, como os embargos russo à carne suína brasileira e da União Europeia a 20 estabelecimentos brasileiros exportadores de frango, as exportações só não foram ainda menores devido ao aumento da demanda chinesa. De acordo com os dados do MDIC, ao compararmos o acumulado de 2018 até novembro com o mesmo período do ano anterior,

as exportações de carne de frango e suína para a China, em valor, aumentaram 4% e 238%, respectivamente. Para a carne bovina, a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) afirma que a China passou a representar, em outubro, cerca de 45% das exportações brasileiras de carne bovina contra 35% em igual mês do ano passado. No acumulado do ano, até setembro, o avanço é bastante expressivo: embarques 56% maiores de carne bovina para a China, com faturamento adicional de 68%, conforme a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Mas até quando esse cenário vai continuar? No início de dezembro, os presidentes dos EUA e China, acertaram uma trégua válida por 90 dias, a partir de 1º de janeiro de 2019, onde se comprometeram a não elevar ainda mais as tarifas e concordaram em iniciar negociações para esfriar as tensões comerciais. Além disso, as empresas estatais chinesas voltaram a buscar a soja norte-americana, reservando mais de 1,5 milhão de toneladas para serem entregues de janeiro a março de 2019, a primeira grande compra da China do produto dos EUA nos últimos seis meses. Apesar deste recuo nas medidas protecionistas, que gerou alívio e otimismo pelos mercados globais, as incertezas continuam, principalmente pelos desafios de como reformar o sistema multilateral de comércio. As práticas protecionistas de comércio tiram dinamismo da economia internacional e afetam seu crescimento, proporcionando um ambiente adverso e complexo. Nesse sentido, além de olhar para a safra que está no campo, as empresas do agronegócio brasileiro devem estar atentas, entre tantas importantes questões ligadas as suas atividades, aos acordos bilaterais e multilaterais que estão sendo firmados e aos conflitos comerciais, principalmente em relação à China e EUA. Mauricio Moraes é sócio da PwC Brasil e líder de Agribusiness Fonte: Portal Paraná Cooperativo REVISTA 100% CAIPIRA |33


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GOVERNO

Ministra: “Temos de

sistemas de fiscali

Em seminário sobre boas práticas de produção, Tereza Cristina defende que empresas assumam mais responsabilidades na garantia da qualidade de seus produtos 36 | REVISTA 100% CAIPIRA


e evoluir em nossos

ização e controle” A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, defendeu nesta quinta-feira (21) a adoção de procedimentos de fiscalização e auditoria mais modernos no setor produtivo para garantir mais segurança e qualidade para o consumidor. Em discurso na abertura do Seminário Boas Práticas de Fabricação e Autocontrole, em Brasília, a ministra destacou a importância do debate sobre o tema para a economia do país. “O autocontrole nada mais é do que a responsabilidade de ambos os lados. O setor privado tem que cumprir sua parte, nós precisamos ir lá e ver se os protocolos estão sendo seguidos”, explicou ela. O evento é organizado pelo Mapa para promover a discussão sobre ações e iniciativas voltadas para o fortalecimento no uso de ferramentas de autocontrole e de boas práticas de fabricação nas atividades reguladas pela Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA). No sistema de autocontrole, o empresário fica responsável pela qualidade do produto que fabrica e comercializa, e o Estado fiscaliza. A ministra reiterou que a abertura do diálogo para mudanças na forma de fiscalização e controle é uma evolução que segue a tendência mundial de modernização e simplificação em vários setores. “O mundo evoluiu e nós temos que evoluir também nos nossos sistemas de fiscalização e de controle. E cada vez a evolução exige mais da gente porque o consumidor lá na ponta quer a segurança de que o que

ele está comprando e que o seu alimento é de boa qualidade”. Tereza Cristina também chamou a atenção para a exigência dos mercados internacionais e comentou que as empresas já são muito cobradas pelos consumidores a atestar a qualidade de seus serviços e produtos, e tem interesse em manter a credibilidade de suas marcas. Ela afirmou que este processo também valoriza o papel do auditor fiscal, que continuará responsável pela fiscalização, porém, de uma forma mais ágil e moderna, sem a necessidade de estar presente diariamente acompanhando a atividade rotineira das empresas. A ministra explicou que cada segmento do agronegócio terá uma definição específica de controle de sua própria produção. “O autocontrole tem que estar em todas cadeias produtivas onde o ministério é responsável. Acontece que o Estado não tem mais pernas, o Brasil cresceu muito, a nossa economia no agronegócio é gigante e nós não temos mais como fazer esse controle diário, mas nós podemos fazer ele bem feito”. A ministra pediu que o debate seja feito sem preconceito, para que todos os atores consigam criar juntos um sistema muito melhor, com a valorização, inclusive, dos auditores fiscais. Segundo Tereza Cristina, o debate inaugura “um novo momento do Ministério da Agricultura na defesa sanitária”, e a contribuição de todos será importante. Parte da legislação que regula o tema deve ser discutida no Congres-

so Nacional e outra parte pode ser alterada por normativas do próprio ministério. Em entrevista a jornalistas, a ministra disse esperar que o Congresso possa analisar a questão ainda este semestre. “Espero que vá ainda nos primeiros cem dias de governo”. Controle responsável O secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, José Guilherme Leal, enfatizou que o autocontrole não significa omissão do Estado na fiscalização nem que o setor privado ganhará o direito de fazer o que quiser. Ele destacou que o autocontrole “é uma forma mais inteligente de atuação, com mais informações e análises de risco, com foco no que realmente de ser verificado e controlado”. O secretário ressaltou que os setores responsáveis estarão sujeitos a punições em caso de desvios, e defendeu que mudanças no setor são necessárias para garantir o crescimento e sustentabilidade do setor. “Pensar em autocontrole é conferir mais responsabilidade para o agente econômico da produção, o qual deve ter capacidade de controlar seus processos, seus produtos, pensando em qualidade e segurança, cabendo regulada a verificação da conformidade por diversos meios, entre eles, a auditoria e fiscalização”, afirmou Leal. Segundo ele, a maior responsabilidade exigirá das empresas um aprimoramento do controle, de equipamentos, de sistemas e a capacitação de pessoas. Fonte: MAPA REVISTA 100% CAIPIRA |37


AGROTÓXICOS E DEFENSIVOS

A Sustentabilidade e as Boas práticas de aplicação de agrotóxicos

A questão de Boas Práticas Agrícolas, incluindo nesse tema a Tecnologia de aplicação de agrotóxicos vem tomando cada vez mais espaço nas discussões sobre sustentabilidade na agricultura Após a decisão de ser realizado o controle químicos de pragas, doenças e plantas daninhas ou espontâneas, é necessário tomar atenção para uma série de etapas relacionadas a segurança e eficácia, para garantir o uso correto e seguro dessa ferramenta de suporte aos agricultores. Primeiramente é necessário analisar com precisão o cultivo agrícola e responder a alguns questionamentos iniciais para determinar o tratamento fitossanitário e garantir bons resultados agronômicos: Qual é o alvo biológico (praga, doença ou planta daninha/espontânea) que precisa ser controlado/ manejado? Qual o tratamento mais recomendado para esse controle? De que forma a aplicação deve ser realizada para conferir resultados eficazes? Uma aplicação realizada de forma equivocada ou quando não são respeitadas as instruções de rotulagem bem como as Boas Práticas agrícolas podem além de gerar prejuízo e desperdício, aumentar consideravelmente os riscos de contaminação das pessoas, do ambiente e dos organismos não alvo. As perdas podem ocorrer por deriva descontrolada, lixiviação ou escorrimento, podendo atingir áreas não alvo como áreas urbanas ou de proteção ambientais como também transeuntes ou animais domésticos. Para melhorar este desempenho, são essenciais a utilização e a capacitação da mão-de-obra treinada no curso da Norma Regulamentadora 31 para o uso eficaz dos equipamentos de

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aplicação, sempre seguindo e recomendações de rótulo e bula dos produtos bem como as orientações do engenheiro agrônomo responsável. A Tecnologia de Aplicação de Produtos Fitossanitários pode ser considerada como o emprego de todos os conhecimentos científicos que proporcionem a correta colocação de determinando produto químico biologicamente ativo no alvo, em quantidade necessária, de forma econômica, com o mínimo de contaminação de outras áreas. A pulverização consiste no processo físico-mecânico de transformação de uma substância líquida em partículas ou gotas. Já a aplicação é a deposição de gotas sobre um alvo desejado, com tamanho e densidade adequados ao objetivo proposto. Qualquer alteração no tamanho e densidade das gotas pode comprometer em demasiado a qualidade da aplicação. Quando se pensa em pulverização, deve-se ter em mente que fatores como o alvo a ser atingido, as características do produto utilizado, a máquina, o momento da aplicação e as condições climáticas e ambientais não estarão agindo de forma isolada. A interação destes fatores é responsável direta pela eficácia ou ineficácia do controle. Quando qualquer uma destas interações for desconsiderada, ou equacionada de forma errônea, poderá ser a responsável pelo insucesso da operação. Portanto a verificação de características locais nos momentos que antecipam a aplicação como: velocidade

do vento, temperatura, umidade relativa do ar e previsão meteorológica são primordiais para determinar o suces so ou fracasso da aplicação. Vale destacar alguns passos importantes a serem realizados/verificados: a) Manter a calda agitada: Principalmente para formulações pó-molhável (PM) ou suspensão concentrada (SC), por risco de se depositarem no fundo do pulverizador em condições de agitação ineficiente. Formulações concentrado emulsionável (CE), por tenderem a migrar para a superfície, ocasionando uma má distribuição mesmo quando a dose por área está adequada. b) Importância de usar os filtros corretos: Formulações pó-molhável (PM) ou suspensão concentrada (SC), por possuírem partículas sólidas em suspensão na calda, uma vez que o diâmetro das partículas de pó poderá ser superior ao da abertura de peneiras muito finas. c) Regulagem e calibração dos equipamentos: ajuste dos componentes da máquina às características da cultura e produtos a serem utilizados. Cuidados em relação a: tipos de pontas, espaçamento entre bicos, altura da barra, ajuste da velocidade, etc, verificando a vazão das pontas, determinando o volume de aplicação e a quantidade de produto a ser colocada no tanque. Essa etapa é fundamental para garantir a qualidade da aplicação e evitar perdas significativas de tempo e de produto. O volume de pulverização a ser utilizado depende de fatores tais como: o


alvo desejado, o tipo de ponta utilizado, as condições climáticas, a arquitetura da planta e o tipo de produto a ser aplicado. Também é necessário cuidado na escolha das gotas adequadas às condições climáticas locais, principalmente a umidade relativa do ar. Gotas de pulverização que se elevam ou se deslocam para fora da área de aplicação deverão ser evitadas. Aplicações de herbicidas poderão causar danos irreversíveis se atingirem além das plantas daninhas. Qualquer quantidade do produto químico que não atinja o alvo não terá qualquer eficácia e estará representando uma forma de perda, dessa forma, observa-se que a eficácia da aplicação está diretamente ligada ao volume chegando no alvo e não ao volume pulverizado, de forma direta (quando se coloca o produto em contato com o alvo no momento da aplicação) ou indireta (quando se atinge o alvo posteriormente, pelo processo de redistribuição, que poderá se dar através da translocação sistêmica, translaminar ou pelo deslocamento superficial do depósito inicial do produto). Em relação aos pulverizadores, devem ser verificados todos os itens recomendados pelo fabricante a respeito de calibração e regulagens, limpeza e higienização, segurança, presença de vazamentos e condições climáticas. A deriva, por definição, é o deslocamento da calda de produtos fitossanitários para fora do alvo desejado. Este fenômeno, pode se dar pela ação do vento, escorrimentos ou mesmo volatilização

do diluente e do produto. Ele é uma dos principais causas da contaminação do aplicador, do ambiente e de insucessos nas aplicações. Quando da aplicação de um produto fitossanitário em área total de uma cultura (visando a sua parte foliar), muitas gotas podem passar pela folhagem e atingir o solo, principalmente nas entrelinhas. Outras gotas que atingem as folhas podem se aglutinar de tal maneira que não são mais retidas e escorrem para o solo. Essas perdas internas, isto é, dentro da área cultivada, estão muito ligadas às aplicações de altos volumes e com gotas grandes que geralmente ultrapassam a capacidade máxima de retenção de líquidos pelas superfícies foliares. O deslocamento de gotas para fora da área da cultura, causado pela ação do vento e da evaporação da água usada na preparação da calda, principalmente nas gotas de tamanhos menores, é denominado de “Exoderiva”. Esse tipo de perda externa, é um dos principais responsáveis pelos prejuízos causados a outras culturas sensíveis e pela contaminação ambiental. As principais causas da deriva são o tamanho das gotas: O tamanho das gotas produzidas pelas pontas de pulverização depende do tipo da ponta, da vazão, pressão, do ângulo do jato e das propriedades do líquido pulverizado. Quanto menores forem estas gotas, mais sujeitas à deriva serão. Atenção especial deve ser dada as condições climáticas principalmente correntes de ar e inversões térmicas.

Em se tratando de meio ambiente, devem ser tomadas ações para proteger os corpos de água e áreas de preservação permanente e reserva legal, para evitar sua contaminação e preservar flora e fauna locais, e em relação a segurança do aplicador, é imprescindível o uso de equipamento de proteção individual adequado e higienizado a cada aplicação de agrotóxico. O período de carência, que é o intervalo entre a última aplicação de agrotóxicos e a colheita precisa ser atendido para que a planta consiga metabolizar os compostos químicos absorvidos e não deixar resíduos acima dos limites que possam ser considerados danosos ao ser humano. Para finalizar é importante destacar que as questões relacionadas a segurança do alimento (principalmente no que diz respeito aos atendimentos aos Limites Máximos de Resíduos de cada um dos agrotóxicos utilizados) é condição essencial para garantir qualidade do alimento produzido, além de evitar restrições comerciais. Para os alimentos exportados, deve-se verificar as regulações individuais de cada um dos países que se pretende exportar e tomar atenção para seus limites máximos de resíduos específicos. Portanto, o respeito as instruções e orientações contidas em rótulos e bulas dos agrotóxicos é extremamente necessário, pois tem papel importante na conscientização dos agricultores buscando evitar quaisquer restrições comerciais entre os países.

Marcos Matos é Diretor Geral do CECAFÉ e Lilian Vendrametto é Gestora de Sustentabilidade do CECAFÉ. Fonte: Cecafé

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FLORICULTURA

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FEIRAS E EVENTOS

SHOW RURAL: Público de 288.802 visitantes e R$ 2,2 bilhões em vendas

Fonte: Imprensa Coopavel

O 31º Show Rural Coopavel recebeu público de 288.802 visitantes no período de 4 a 8 de fevereiro, em Cascavel, no Oeste do Paraná A movimentação financeira chegou R$ 2,2 bilhões. Os números são recorde para uma única edição da feira, que reuniu 520 expositores. O 32º e vento já tem dat a para o corr e r, s e r á d e 3 a 7 d e f e v e r e i r o de 2020. B om momento - O presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, diz que os números representam o bom momento brasileiro, de retomad a d a conf i anç a no governo e no futuro do País. “Estamos muito felizes e somos 42 | REVISTA 100% CAIPIRA

gratos a todos que contribuíram para tornar esse evento possív e l ”, a f i r m o u D i l v o a o l a d o d a m i n i s t r a d a A g r i c u l t u r a , Te r e za Cristina, do vice-presidente d a C o o p a v e l , J e o m a r Tr i v i l i n , do coordenador geral do Show Rural C oopavel, Rogério Rizzardi, do coordenador de TI R o g é r i o Av e r e d o p u b l i c i t á r i o Samuel Grolli, que ao lado de Jos é Ro drigues da C osta Neto estiveram à frente do Show Rural Digital. Show Rural Digital - O Show

Rural Digital foi a grande sens aç ão d a 31ª e diç ão, diss e Di lvo, informando que o desafio para 2020 será fazer do próximo um e v e n t o a i n d a m a i o r e m e l h o r. “Ele tem características únicas no mundo e representa uma revolução fantástica, que insere a produção e o agronegócio em u m n o v o p a t a m a r ”, r e s s a l t o u o presidente da C oopavel. O público dessa sexta-feira foi de 40.602 visitantes, também novo recorde histórico para o dia de encerramento da feira.


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ARTIGO

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GESTÃO

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RECEITAS CAIPIRAS

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Pão de mel caseiro INGREDIENTES

2 xícaras (chá) de leite

1 xícara (chá) de açúcar mascavo 1 colher (chá) de canela em pó 1 colher (café) de cravo-da-índia em pó 6 colheres (sopa) de mel 2 colheres (sopa) de óleo 1 xícara (chá) de chocolate em pó 2 xícaras (chá) de farinha de trigo 1 colher (sopa) de fermento em pó 2 xícaras de doce de leite ½ Kg de chocolate meio amargo em barra

PREPARO Misture os ingredientes da massa, sendo o fermento por último. Coloque em uma forma de bolo inglês, untada e enfarinhada. Asse em forno médio, pré-aquecido, por aproximadamente 20 minutos. Depois de assado e frio, corte o pão de mel ao meio, recheie com doce de leite e corte em quadrados iguais. Derreta o chocolate, em banho-maria ou no microondas, com a manteiga, o sal e o leite. Misture bem. Banhe os pães de mel e leve à geladeira.

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Onde seu cavalo ĂŠ mais feliz

Baias amplas e higienizadas Pista de treino Ambiente familiar Transporte especializado de animais

Rodovia Arthur Matheus km 2,5 Santa Isabel Fone: (11) 96404-7694 | REVISTA 100% CAIPIRA


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