Brasil, julho de 2013 - Ano 1 - Nº 1 - R$ 9,90
Cavalo árabe no Brasil A nobre raça do equino que conquistou os haras do País tem muito mais do que beleza
AGRONEGÓCIO
Plano Agropecuário estimula produção rural
CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Multinacional testa abacaxi transgênico REVISTA 100% CAIPIRA -
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Plano federal injeta mais dinheiro na agricultura brasileira
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MATÉRIA DE CAPA Cavalo árabe no Brasil - 4 - REVISTA 100% CAIPIRA
Agrale começa a produzir tratores na Argentina
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Acesso à água muda realidade do Semiárido
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Walmart prioriza produtor rural em suas compras de hortifruti
Mandioca, alimento do século 21
EXPEDIENTE - Revista 100% CAIPIRA® Diretor geral: Sérgio Strini Reis - sergio@agenciabanana.com.br Editor-chefe: Paulo Fernando Costa Diretor de criação e arte: Eduardo Strini Reis eduardo@agenciabanana.com.br Conselho editorial: Adriana Oliveira dos Reis, João Carlos dos Santos, Paulo César Rodrigues, José Manuel da Silva e Nilthon Fernandes de Oliveira
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Sobe limite para financiamento de hortifruti
Publicidade: Agência Banana Fotografias: Eduardo Reis, Sérgio Reis, Paulo Fernando, iStockphoto e Shutterstock Departamento Comercial SÉRGIO STRINI REIS – Fone: (11) 99103-8911 – (11) 2973-1360 Rua Silvio Rodini, 216 – Parada Inglesa – São Paulo - SP A revista 100% Caipira é uma marca registrada com direitos exclusivos de quem a publica e seu registro encontra-se na revista do INPI Nº 2.212, de 28 de maio de 2013, inscrita com o processo nº 905744322 e pode ser consultado no site: http://formulario.inpi.gov.br/MarcaPatente/jsp/servimg/validamagic.jsp?BasePesquisa=Marcas. Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião desta revista, sendo eles, portanto, de inteira responsabilidade de quem os subscrevem.
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Governo disponibiliza R$ 136 bilhões para o campo brasileiro As prioridades do novo plano são armazenagem, irrigação, médio produtor, seguro rural, desenvolvimento sustentável e cooperativismo. Defesa agropecuária e assistência técnica rural também serão fortalecidas - 6 - REVISTA 100% CAIPIRA
O Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2013/14 é o mais abrangente e maior em volume financeiro já lançado no Brasil. Anunciado em 4 de junho pela presidente Dilma Rousseff e pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade, o total de recursos liberados para a próxima safra é de R$ 136 bilhões, sendo R$ 97,6 bilhões para financiamentos de custeio e comercialização e R$ 38,4 bilhões para os programas de investimento. Em relação ao crédito disponibilizado na temporada que termina no dia 30 de junho deste ano, a alta é de 18%. Durante o lançamento do PAP, o ministro ressaltou ainda o fortalecimento do sistema de defesa agropecuário brasileiro e da assistência técnica rural. Dos R$ 136 bilhões previstos para a nova safra, R$ 115,6 bilhões serão com taxas de juros controladas, crescimento de 23% sobre os R$ 93,9 bilhões previstos na temporada 2012/13. A taxa de juros anual média é de 5,5%, sendo que serão menores em modalidades específicas: de 3,5% para programas voltados à aquisição de máquinas agrícolas, equipamentos de irrigação e estruturas de armazenagem; de 4,5% ao médio produtor rural; e de 5% para práticas sustentáveis. Para o cooperativismo, R$ 5,3 bilhões estarão disponíveis pelos programas de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária (Prodecoop) e do e Capitalização de Cooperativas Agropecuárias (Procap-Agro). Também foram reduzidos os juros para capital de giro das cooperativas, de 9% para 6,5% ao ano. De acordo com Antônio Andrade, a elaboração do plano atual dá uma atenção extra para logística e infraestrutura no Brasil. O governo federal vai disponibilizar R$ 25 bilhões para a construção de novos armazéns privados no país nos próximos cinco anos – sendo R$ 5 bilhões na temporada 2013/14. O prazo será de até 15 anos para pagamento. Além disso, serão investidos mais R$ 500 milhões para modernizar e dobrar a capacidade de armazenagem da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Pelo Programa de Sustentação de Investimento (PSI-BK), para o financiamento de máquinas e equipamentos agrícolas, serão R$ 6 bilhões, enquanto para a agricultura irrigada, R$ 400 milhões.
O médio produtor também foi destacado no novo PAP. Foram disponibilizados R$ 13,2 bilhões pelo Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) para custeio, comercialização e investimento. O valor é 18,4% superior aos R$ 11,15 bilhões previstos na safra 2012/13. Os limites de empréstimo para custeio passaram de R$ 500 mil para R$ 600 mil, enquanto os de investimento subiram de R$ 300 mil para R$ 350 mil. O financiamento ao desenvolvimento sustentável da agricultura brasileira continua prioritário entre as modalidades de crédito fomentadas pelo governo federal. Pelo Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), que financia tecnologias que aumentam a produtividade com menor impacto ambiental, o volume de recursos saltou de R$ 3,4 bilhões para R$ 4,5 bilhões. Uma das principais novidades do plano é o aumento da subvenção ao prêmio do seguro rural. “O governo elevou em 75% os valores para este ano, passando de R$ 400 milhões para R$ 700 milhões”, anunciou o ministro Antônio Andrade. Do total, 75% serão aplicados em regiões e produtos agrícolas prioritários, com subvenção de 60% do custo da importância segurada. A expectativa é segurar uma área superior a 10 milhões de hectares e beneficiar 96 mil produtores. Já o limite de financiamento de custeio, por produtor, foi ampliado de R$ 800 mil para R$ 1 milhão, enquanto o destinado à modalidade de comercialização passou de R$ 1,6 milhão para R$ 2 milhões. Em ambos os casos, a variação foi de 25%, mas o contrato de custeio pode ser ampliado em até 45%, dependendo das condições de contratação ou de uso de determinadas práticas agropecuárias (como adesão ao seguro agrícola ou a mecanismos de proteção de preços, utilização do Sistema Plantio Direto, comprovação de reservas legais e áreas de preservação permanente na propriedade e adoção do sistema de identificação de origem). Para apoiar a comercialização, o novo Plano Agrícola e Pecuário terá R$ 5,6 bilhões. Deste total, R$ 2,5 bilhões se destinam à aquisição de produtos e manutenção de estoque e R$ 3,1 bilhões para equalização de preços, de maneira a garantir o preço mínimo ao produtor. REVISTA 100% CAIPIRA - 7 -
INDÚSTRIA AUTOMOTIVA
Agrale inicia produção de tratores na Argentina
Empresa planeja ampliar fabricação de chassis para ônibus e caminhões no país sul-americano A Agrale iniciou, em maio, a produção de tratores em sua planta localizada na cidade de Mercedes, na província de Buenos Aires. A primeira unidade fabricada foi do modelo BX 6.110, da Linha 6000, a de maior potência da marca. A comercialização desses produtos começa agora em junho nos concessionários da marca naquele país. A produção de tratores na Argentina faz parte da estratégia de internacionalização da Agrale e é resultado do plano de investimentos de US$ 12,5 milhões, anunciado em dezembro do ano passado, que incluía a instalação de uma segunda linha de montagem de veículos. O objetivo é agregar, na planta de Mercedes, a produção de tra- 8 - REVISTA 100% CAIPIRA
tores e ampliar a de chassis para ônibus e caminhões, para atendimento da crescente demanda dos produtos Agrale pelo mercado local. A fábrica da Agrale na Argentina começou a operar no final de 2008 para produção de chassis para ônibus, acrescida em 2009 de caminhões leves, e já ultrapassou a fabricação de 4.000 unidades. A empresa tem mais de 40 anos de presença no mercado argentino, onde alcançou expressiva participação e conceito. Segundo Hugo Zattera, diretor-presidente da empresa, as primeiras unidades fabricadas já superam 50% de índice de nacionalização de componentes. “Nossa meta é superar os 70% de conteúdo local e assim colaborar
para o fortalecimento da indústria automotiva do país”, destaca o executivo. Os tratores da Linha 6000 da Agrale são indicados para utilização em grandes áreas de cultivo. Com modelos com potência entre 110 e 168 cv, a Linha 6000 dispõe também de cabine desenvolvida para proporcionar maior conforto e espaço interno para o operador e são bem conceituadas no mercado pelo bom desempenho econômico, operacional e pela facilidade de manutenção. No Brasil, a Agrale, além da Linha 6000, também produz a Linha 5000, de 65 até 105 cv de potência, e a Linha 4000 de microtratores, de 15 até 36 cv, voltados especialmente para a agricultura familiar.
COMÉRCIO INTERNACI0NAL
Produção de tomate deve crescer 5% no México Duras negociações com os EUA resultam em embarques-piloto para o Brasil, Argentina, Chile e Uruguai A produção mexicana de tomate na safra 2013-14 deve crescer moderadamente. Contudo, mudanças no status do acordo de suspensão firmado entre produtores dos EUA e México podem arruinar essa previsão. Lançado no início de junho, o relatório anual do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) sobre as perspectivas para o tomate mexicano prevê que sua produção crescerá 4,5%, atingindo 2,3 milhões de toneladas. A área plantada é estimada em 52,5 mil hectares, um aumento de 3% em relação à safra anterior, e uma queda de 1% em relação à safra 2011-12. Segundo o documento, as exportações continuarão estáveis e devem chegar a 1,4 milhão de toneladas. “As estimativas publicadas indicam que a produção será boa e os agricultores terão mais certeza em relação ao mercado norte-americano e ao funcionamento do Acordo de Suspensão do Tomate”, escreve Dulce Flores no relatório do USDA. Os produtores mexicanos assinaram um novo acordo do gênero
com o Departamento de Comércio dos EUA, em vigor desde março, para a fixação de preços mínimos mais elevados para os embarques de tomates ao país vizinho. Esse novo acordo também remove a ameaça de uma ação antidumping dos agricultores norte-americanos contra o México. Entretanto, a Bolsa de Tomate da Flórida questiona sua legalidade na Corte de Comércio Internacional dos EUA. “É muito cedo para especular sobre a área plantada e a produção de tomate no México”, avalia Geoge Gotsis, dono da Omega Produce, no Arizona. “O novo preço mínimo de US$ 8,40 por caixa – acima dos US$ 5,95 previstos no acordo anterior – pode deixar os exportadores mexicanos vulneráveis à subcotação dos preços pelos comerciantes da Flórida na próxima safra”, alerta o empresário, lembrando que o plantio do tomateiro começará na segunda quinzena de julho. A campanha de comercialização do tomate mexicano na safra 2012-13 foi caracterizada pela redução da área plantada e proble-
mas climáticos, aponta o relatório do USDA. A produção foi de 2,2 milhões de toneladas, ante as 2,6 milhões de toneladas produzidas no período 2011-12. Segundo o documento, a queda da área plantada se deve, em parte, à incerteza sobre o futuro do Acordo de Suspensão do Tomate. Nos últimos anos, a produção mexicana vem caindo, mas os lucros dos produtores seguem em linha ascendente, por causa da intensificação do cultivo protegido. Plantações em estufas e áreas sombreadas estão concentradas em Sinaloa, Baixa Califórnia e Jalisco, mas também existem operações dessa natureza nos estados de Colima, México, Hidalgo, Michoacán, Querétaro, San Luis Potosí, Sonora e Zacatecas. Em função das duras negociações com os EUA, o relatório do governo norte-americano diz que os agricultores mexicanos procuram novos mercados. Os exportadores têm fornecido tomate para a China, Hong Kong e Panamá. Eles também estão realizando embarques-piloto para o Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e outros países asiáticos. REVISTA 100% CAIPIRA - 9 -
VAREJO
Walmart quer comprar mais do produtor rural Mas nova política da multinacional não deixa atacadistas fora do rol de fornecedores Para reduzir o trânsito de mercadorias e melhorar a qualidade dos produtos frescos ofertados em suas lojas, a rede varejista Walmart decidiu ampliar a aquisição direta de FLV do produtor. A ordem na companhia é “cortar o intermediário”. O anúncio a respeito do aprofundamento dessa política de compras adotada nos últimos anos foi feito em 3 de junho durante teleconferência. Todavia, o supermercado diz que não pretende prescindir totalmente dos atacadistas. Segundo o vice-presidente de produtos de mercearia do Walmart nos EUA, Jack Sinclair, a empresa planeja trazer da roça 80% das frutas, hortaliças e legumes ofertados em seus milhares de estabelecimentos. “Os outros 20% serão supridos por atacadistas locais, pois eles desempenham um papel muito importante para nós nas áreas em que atendemos”, disse. Danit Marquardt, diretor de - 10 - REVISTA 100% CAIPIRA
comunicação corporativa da empresa, lembrou que a série de esforços realizados recentemente e nos últimos anos inclui a abertura de escritórios de compras nas regiões produtoras e melhorias em transporte e logística. O executivo também ressaltou que a companhia não tem intenções de alterar a forma atual de relacionamento com os atacadistas. “Estamos trabalhando mais diretamente com os produtores para reduzir o tempo de trânsito dessas mercadorias e estimular a produção mais rápida”, explicou. Recentemente, a multinacional lançou uma nova campanha de marketing – Fresh Over – para suas operações com produtos frescos, na qual reforça a garantia de 100% de satisfação para o consumidor que adquire FLV em suas
lojas. Em caso de insatisfação com a qualidade do produto, o cliente só precisa devolver sua embalagem para receber o dinheiro de volta. O Walmart também instituiu um programa de formação para 70 mil gerentes e outros colaboradores enfatizando as boas práticas de manuseio e merchandising de hortifrutícolas. De acordo com empresa, a Escola de Produtos Frescos vai ajudar os funcionários a identificar itens que precisam ser removidos das prateleiras. “Nós estamos tentando garantir que cada nível de gestão tenha esse treinamento, para que nossos colaboradores possam verificar a qualidade dos alimentos frescos e retirá-los das áreas de vendas quando isso for necessário”, acrescentou Sinclair.
BIOTECNOLOGIA
Abacaxi transgênico é testado na Costa Rica Pesquisa obtém aprovação do Departamento de Agricultura dos EUA Paulo Fernando De São Paulo Uma das maiores empresas de fruticultura do planeta, a Del Monte está testando uma cultivar geneticamente modificada de abacaxi na América Central. De acordo com a multinacional, que também possui fazendas no Brasil, os resultados deste projeto podem levar o ananás Rosé à comercialização nos próximos anos. “Mas essa etapa vai depender de muitos fatores, incluindo aprovações regulatórias por parte das autoridades governamentais pertinentes, onde e quando for o caso”, explica o vice-presidente de marketing da companhia, Dennis Christou. O executivo ressalta que a empresa ainda não distribui ou comercializa quaisquer produtos transgênicos nos mercados onde atua. “Isso inclui nosso abacaxi extradoce Del Monte Gold, que foi desenvolvido a partir de técnicas convencionais de melhoramento”, diz. A Del Monte solicitou a patente da variedade experimental do abacaxi com polpa rosada ao Serviço de Inspeção de Sanidade Animal e Vegetal do De-
partamento de Agricultura dos EUA em julho do ano passado. A aprovação para os testes na Costa Rica foi dada em 25 de janeiro de 2013, mas a resposta oficial do governo norte-americano só se tornou pública no fim de abril. Segundo a empresa, os genes envolvidos na biossíntese de licopeno estão sendo alterados, a fim aumentar seus níveis nos tecidos comestíveis da fruta e atingir a nova cor. Os genes de interesse são derivados de espécies de plantas comestíveis, abacaxi e tangerina. “O fruto do abacaxizeiro Rosé não tem capacidade para propagar e persistir no meio ambiente depois de colhido e, portanto, não requer licença para importação ou movimento interestadual”, afirma o comunicado da agência governamental. “A decisão de que essa cultivar não necessita de autorização de trânsito rea-
firma nosso compromisso de garantir o cumprimento de todas as normas de biossegurança vigentes”, acrescenta Christou.
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INFRAESTRUTURA
Contra gargalos, produtores querem ‘revolução logística’ Enquanto a capacidade de armazenagem nas fazendas dos EUA gira em torno de 55%, Brasil tem apenas 15% Da mesma forma que o Brasil fez uma revolução na agricultura, com aumento médio anual de 3,7% na produtividade nos últimos 20 anos, agora é necessária uma revolução na parte de logística e infraestrutura para resolver os gargalos que dificultam o escoamento da safra e faz com que um container de grãos posto no porto custe US$ 1.790,00, contra US$ 690,00 dos nossos concorrentes mundiais. A avaliação é de Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), e foi feita durante o seminário “Os Caminhos do Agronegócio – Oportunidades de Investimento”. “Nós, da Abag, estamos trabalhando para que 2013 seja o ano da ruptura dos problemas de logísticas que tanto tem prejudicado o agronegócio brasileiro. Exatamente por esse motivo, queremos debater como promover uma revolução na área de logística semelhante a que conseguimos fazer com o aumento da produção e da produ-
tividade no agronegócio”, afirmou Carvalho. Apesar de estar mais esperançoso em razão das recentes medidas anunciadas pelo governo, como por exemplo, os investimentos programados para a construção de ferrovias, rodovias e armazéns, assim como com a recém-aprovada Lei dos Portos, Carvalho não espera solução no curto prazo. “Acredito que, se todos os investimentos se concretizarem, começaremos a ver resultados positivos a partir de 2015”, afirmou. “A recente mudança no marco regulatório dos portos deve acelerar as transformações e incentivar uma maior participação da iniciativa privada no setor”, comentou Olivier Girardi, sócio da Macrologística Consultoria Empresarial, que falou sobre Investimento em Infraestrutura de Transporte durante o seminário. Os debates contaram ainda com as participações de Edeon Vaz Ferreira, coordenador executivo do Movimento Pró-Logística da As-
sociação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja). Ele chamou a atenção para a enorme deficiência em termos de armazéns, sobretudo nos estados produtores de grãos. “Só no Mato Grosso, temos um déficit de 29% em armazenagem”, afirmou Ferreira. A avaliação crítica sobre os problemas de armazenagem do País foi referendada também por outro palestrante, Carlos Alberto Nunes Batista, secretário executivo da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Segundo Batista, enquanto a capacidade de armazenagem nas fazendas dos Estados Unidos gira em torno de 55%; no oeste canadense chega a 85% e na Argentina alcança o nível de 45%, no Brasil não passa dos 15%. “Para corrigir essa situação, nós do Ministério da Agricultura estimamos que hoje serão necessários investimentos da ordem de R$ 16 bilhões”, informou. REVISTA 100% CAIPIRA - 13 -
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CIÊNCIA AGRÍCOLA
Estudo quer prolongar vida útil da pimenta dedo-de-moça Uso da técnica de irradiação é eficiente e resulta em alterações mínimas na qualidade sensorial e nutricional de pimenta, indica pesquisa Uma das pimentas mais apreciadas pelos brasileiros, de picância e aroma suaves, é foco de pesquisa que está sendo realizada na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ) e no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (USP/CENA). A qualidade e os fatores que afetam a conservação da Capsicum baccatum var. Pendulum, conhecida popularmente como ‘Dedo-de-Moça’, ainda são pouco conhecidos, embora seu valor nutricional, econômico e social no Brasil e no mundo seja de grande importância. O estudo, que tem como objetivo prolongar a vida útil da pimenta in natura e em polpa pelo uso da irradiação, trabalha com a hipótese de que a técnica de irradiação, com aplicação da radiação gama é eficiente para aumentar a - 16 - REVISTA 100% CAIPIRA
vida útil, com alterações mínimas na qualidade sensorial e nutricional de pimenta. “As pimentas do gênero Capsicum estão entre as especiarias mais consumidas e mais valorizadas na culinária mundial como temperos. Pesquisas tem indicado a irradiação como uma técnica economicamente viável, bem como fisicamente segura para a conservação de alimentos”, explica a doutoranda Regina Célia Rodrigues de Miranda Milagres. Dois fatores influenciaram a pesquisa desenvolvida por ela. O primeiro, é que as pimentas são comercializadas, geralmente, na forma de conservas, molhos e desidratadas. Esses produtos são, normalmente, adicionados de sal ou outros conservantes químicos que, se consumidos em grandes quantidades, podem ser nocivos
à saúde. Dessa forma, a utilização de polpa de pimenta pura será uma alternativa para o consumidor que busca por produtos mais saudáveis. Um segundo, se deu por conta de que as conservas e os molhos de pimenta, geralmente, passam por processamento térmico, o que pode contribuir para a redução do valor nutricional e sensorial. Assim, espera-se que o uso da técnica de irradiação prolongue a vida útil da polpa de pimenta sem causar grandes perdas nutricionais. Foram realizados testes para determinar a dose ideal de irradiação a ser empregada na pimenta in natura e em uma polpa elaborada a partir da pimenta dedo-de-moça pura. “Os frutos recém-colhidos foram selecionados, embalados,
irradiados com as doses de 0,00; 0,25; 0,50; 0,75; 1,00; 1,25 e 1,50 kGy (unidade de radiação), armazenados a 5ºC e 25ºC por 15 dias e avaliados quanto às suas características físico-químicas (teor de sólidos solúveis, pH, acidez total, titulável, ratio, cor, perda de peso e umidade) e visuais (incidência de doenças, turgidez e cor). A radiação gama, nas doses estudadas, não foi promissora para
conservação da pimenta Dedode-Moça in natura. “O fator que mais contribuiu para manter a qualidade das pimentas durante a estocagem foi a refrigeração”, justificou a pesquisadora. Diante desses resultados, outro foco da pesquisa foi testar a técnica de irradiação na polpa da pimenta, onde foram realizados testes com doses entre 1 e 20 kGy e armazenamento à temperatura
de 25º. “Os resultados indicaram que as doses de 7,5 a 10 kGy apresentam uma boa resposta quanto a conservação de polpa de pimenta”, complementou. Um próximo passo da pesquisa será a realização das análises físico-químicas, nutricionais, microbiológicas e sensoriais nas amostras que obtiveram os melhores resultados durante esta primeira fase. REVISTA 100% CAIPIRA - 17 -
AGRONEGÓCIO
Batata-inglesa, laranja e tomate lideram alta do valor da produção rural
Maior parte dos produtos pesquisados apresentou aumento real O Valor Bruto de Produção (VBP) das lavouras brasileiras neste ano deve somar R$ 271 bilhões, valor 9,8% superior aos R$ 246,9 bilhões registrados em 2012. A estimativa foi divulgada nesta em 10 de junho pela Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (AGE/Mapa). “Como a safra de grãos 2012/13 está praticamente concluída, restando apenas informações das lavouras de inverno e do milho de segunda safra, o valor da produção daqui em diante tende a se estabilizar, a menos que haja eventos não esperados que possam mudar essa tendência”, explicou o coordenador de gestão estratégica do Mapa, José Garcia Gasques. A maior parte dos produtos pesquisados apresentou aumento real do valor da produção neste ano. Os maiores destaques são a batata-inglesa (31%), a laranja (30,1%) e o tomate (82,3%). Um grupo de sete produtos tem perspectiva de crescimento menor, mas também expressivo: banana (8,9%), arroz (7,9%), cana-de -açúcar (9,4%), feijão (10,3%), - 18 - REVISTA 100% CAIPIRA
fumo (18,2%), milho (11,8%) e soja (17,1%). Os resultados dos valores da produção regionais mostram uma ligeira tendência de queda do valor da região Norte, com redução de 0,7% em relação ao ano passado, e de aumento no Centro Oeste (2,3%), Sul (27%), Sudeste (14,1%) e Nordeste (9,7%). “Importante destacar que os aumentos de valor da produção esperados no Sul e Sudeste devemse principalmente ao desempenho desfavorável dessas regiões no ano passado”, ressalta Gasques. Ainda de acordo com ele, o resultado do
Nordeste deve-se às perdas na região devido à seca, principalmente em relação ao milho. O resultado leva em conta os levantamentos da safra de março realizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além dos preços pagos aos produtores. Como o VBP mede a evolução do desempenho das lavouras ao longo do ano, é normal que as mudanças dos preços dos produtos e as quantidades previstas de produção afetem os valores do estudo feito mensalmente.
COMBATE À FOME
FAO defende mandioca como alimento do século 21 Raiz usada pelos índios já faz parte da dieta cotidiana em alguns países
Um alimento bem conhecido dos brasileiros e nem sempre valorizado, a mandioca pode se transformar em um dos principais produtos agrícolas do século 21, se for cultivada em um modelo de agricultura sustentável que satisfaça o aumento da demanda, defendeu recentemente a Organização das Nações Unidas para a Alimenta-
ção e a Agricultura (FAO). Segundo a entidade, que é presidida atualmente pelo brasileiro José Graziano, a produção mundial de mandioca aumentou 60% desde 2000, sendo opção nutricional para cereais como trigo e milho, cujos preços aumentaram muito nos últimos anos, tornando-se pouco acessíveis a populações carentes de
países em desenvolvimento. Com a mandioca é possível produzir uma farinha de alta qualidade, que pode ser usada para substituir à de trigo, por exemplo. Cultivada tradicionalmente por grupos indígenas na América Latina, ela espalhou-se pelo mundo e agora faz parte da dieta cotidiana em alguns países. REVISTA 100% CAIPIRA - 19 -
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POLÍTICA AGRÍCOLA
Governo aprova preços mínimos da safra 2013/14 Segundo ministro Antônio Andrade, definição de valores procurou garantir renda aos produtores em relação às culturas fundamentais para abastecimento interno O Conselho Monetário Nacional (CMN) divulgou a relação dos preços mínimos para a safra 2013/14 no fim de junho. Houve reajustes em produtos como arroz, feijão, milho, mandioca e leite. De acordo com o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, “a definição dos valores para a safra que se inicia procurou garantir renda aos produtores em relação às culturas fundamentais para o abastecimento interno, como o feijão e a mandioca”. No caso do arroz, houve aumento dos preços mínimos da saca de 60 kg do Tipo 1 entre 6,6 e 12,9%, e do Tipo 2, entre 12,7% e 12,9%. Já a saca de feijão de 60 Kg dos Tipos 1 das variedades de feijão cores, preto e Caupi apresentaram elevações de 9,9% a 41,6%. A saca de 60 kg de milho também teve alta nos preços, variando entre 1,2% e 20,4% de aumento. Destaque para os valores no Mato Grosso, maior produtor de milho do país, e de Rondônia, que passaram de R$ 13,02 para R$ 13,56, alta de 4,1%. Já o valor do litro de leite teve altas de 9,8% a 11,3%. O maior aumento foi preço do produto no Nordeste, que saiu de R$ 0,62 para R$ 0,69. Houve elevações ainda nos preços de farinha de mandioca (Fina T3; entre 35,1% e 37,8%), fécula de mandioca (Tipo 2; 36%), goma/polvilho de mandioca (Classificada; 37,6%), raiz de mandioca (21,8% a 35,3%), juta/malva (Tipo 2; 4,8% e 5,4%) e sorgo (Único; 4,1% a 18,4%). Alguns produtos, como o algodão e amendoim, não entraram na pauta do Conselho porque os valores ainda estão analisados.
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Karina de Oliveira, São Paulo/SP Realizou cirurgia ortopédica pelo SUS.
TEMPO DE SAÚDE.
COM A REDUÇÃO DO TEMPO DE ESPERA DAS CIRURGIAS, OS BRASILEIROS TÊM MAIS TEMPO PARA APROVEITAR A VIDA. -
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O Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde, vem adotando medidas para diminuir o tempo de espera de diversas cirurgias e aumentar o número de próteses dentárias para quem precisa. Com mais próteses dentárias e cirurgias na hora certa, os brasileiros ganham mais saúde e qualidade de vida.
• Cirurgias prioritárias: ortopédicas, urológicas, vasculares, auditivas e de visão. • Mais de 406 mil próteses dentárias em 2012.
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Força e beleza seduzem amantes do cavalo árabe Seleção severa de reprodutores resulta em raça pura e certificada
Por Sérgio Strini Reis*
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omo raça de cavalo, tem sido sempre considerado que o árabe possui outras qualidades além da força e beleza. A rabada levantada é outra característica marcante. Os equinos dessa estirpe são os preferidos para treinamentos, em função da sua obediência. Esta preocupação, que foi responsável pela grande qualidade da sua criação em Portugal, obrigou as autoridades oficiais a, desde 1934, durante mais de meio século, procederem a uma seleção dos reprodutores extremamente severa e sem precedentes. Assim, para provar o valor real dos animais, a Coudelaria Nacional Portuguesa fazia uma primeira seleção dos poldros e poldras aos três anos, e dos garanhões aos seis anos, só admitindo como reprodutores os cavalos que obtivessem uma nota satisfatória na árvore genealógica, no modelo, nos andamentos e nas provas funcionais. Estas, na sua fase mais dura, eram constituídas por várias modalidades de provas; (corrida curta, corrida rápida, corrida com obstáculos, provas de distâncias, prova de inteligência, exame clínico, que era uma espécie de teste de DNA). Evidentemente, os animais su-
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jeitos a estas provas eram previamente treinados para poderem fornecer o grande esforço exigido. Esta seleção, que pensamos ser uma das mais duras realizadas no mundo, fez do árabe português um animal de exceção, um cavalo robusto e belo que guardou todas as qualidades morais e funcionais de outrora. Este fato levou os atuais responsáveis da raça a pensarem em reutilizar este tipo de seleção, com provas fisicamente um pouco menos violentas mas, mais severas em relação ao tipo, esforço que contribuirá certamente para o melhoramento da raça. Não sabemos ao certo quando foi introduzido na Península Ibérica o cavalo árabe, mas parece não haver dúvida que o mais tardar no século VII (aproximadamente 711 dC.), a invasão islâmica trouxe para terras hoje portuguesas numerosos cavalos orientais, que deixaram certamente grandes marcas, dado que a presença árabe no extremo sul de Portugal durou até ao século XIII (1248 dC.). No século XVI, a pioneira expansão lusitana no Mundo levou os portugueses a dominarem muitos mercados orientais, trazendo para o nosso país o que de mais raro neles existia.
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A partir do século XVIII os cavalos orientais distinguem-se particularmente. Na Grã-Bretanha eles dão origem ao Puro Sangue Inglês, na Rússia ao Orloff, e, no século XIX, na França, ao Anglo Árabe. Neste país, a campanha de Napoleão no Egito acentuou aquela tendência, trazendo para a corte francesa, a moda do cavalo árabe, a montada preferida do Imperador. E assim, quase toda a Europa foi invadida por garanhões orientais, moda que não deixou de influenciar Portugal. Destas importações, não há descendência pura conhecida, e para a história do PSA em Portugal, só as aquisições feitas em 1902 e 1903 em Beirute, Constantinopla e Djeddah, têm interesse por a sua descendência ainda hoje estar representada. Foram importados naquela ocasião três machos (Fehran, Dehiman e Nemyr) e quatro fêmeas (Saada, Nazly, Fhar eFharaII). A Saada trazia no ventre o Pakir, tendo a excelente descendência deste último, bem como a de sua mãe, a da Nazly e a do Fehran chegado aos nossos dias em raça pura. As extraordinárias Nazly e Saada, da casa de Beih Abdel Melek, podem considerar-se as matriarcas das mais antigas linhas árabes portuguesas. Para evitar qualquer erro, sempre possível por, como no resto do mundo, o cavalo árabe ter sido muito utilizado para melhorar raças locais, nenhum animal existente em Portugal antes de 1902 foi inscrito no Stud Book, e só os animais importados posteriormente e seus produtos foram admitidos como raça pura. REVISTA 100% CAIPIRA -
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Este rigor, a exatidão dos Registros Oficiais das Coudelarias Nacionais e da APCRS, e a hemotipificação obrigatória, são uma garantia indiscutível da pureza do árabe nacional. Esta pureza, junta à severidade da seleção dos reprodutores não só esteticamente perfeitos mas também verdadeiramente funcionais, física e moralmente, fazem do Árabe Português um dos mais solicitados do mundo, e certamente também um dos melhores. A raça árabe é a raça mais pura e antiga que existe. Para muitos este é o cavalo mais belo. Existem referências artísticas deste animal há pelo menos 2.500 anos antes de Cristo e o local mais relacionado com ele é o deserto. Mais tarde, com as conquistas muçulmanas, a sua raça estendeu-se pelo resto do mundo. Raça de cavalo que caracteriza pela sua boa saúde, inteligência e beleza. Uma das suas características é a sua cabeça curta e fina. Nesta imagem podemos apreciar o seu perfil, a sua cabeça, como também a curva arqueada do seu pescoço. O seu corpo é largo e reto. As suas extremidades são largas e muito fortes, com tendões definidos. O nariz e as orelhas são pequenos e os seus olhos grandes. A sua grande mobilidade é graças ao arco que se forma ao unir a cabeça e o pescoço, chamado “mitbah”, o que facilita mudar de direção com agilidade e rapidez.
O seu andar é característico de forma que consegue saltar algo com a cabeça erguida. Na pista, a elegância a galopar faz com que seja maravilhoso contemplar-lhe. Com mais de mil anos, o cavalo árabe tem sido bastante importante na evolução de muitas outras raças de equídeos. O árabe foi a espécie escolhida pelos Europeus para melhorar as raças continentais, utilizando árabes garanhões com éguas Europeias. Os beduínos contavam muitas lendas sobre os cavalos, eles pensavam que estes animais eram uma oferenda de Alá. Um dos mitos mais belos, conta que Alá criou o deserto, o vento do sul e o cavalo, que tinha a possibilidade de voar sem asas. A coisa mais característica do cavalo árabe é a sua resistência. A sua cabeça tem uma grande mobilidade devido à curva arqueada do seu pescoço. Os seus olhos são vivos e muito expressivos, sempre de cor negra, rodeado por uma pele muito fina nas pálpebras. As orelhas são pequenas relativamente à cabeça, com as pontas convergentes e também com grande mobilidade. O seu tamanho oscila entre os 143 cm e os 152 cm normalmente e a sua cauda tem uma textura um pouco sedosa, assim como a sua crina.
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Disseminação
do cavalo árabe no Brasil A raça de cavalos mais antiga do mundo é também a mais admirada e desejada
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A
criação brasileira de cavalo árabe é reconhecida como uma das mais importantes criações, figurando em terceiro lugar no ranking de maiores criadores do mundo. Nos últimos dois anos foram mais de 50 animais exportados. O primeiro animal exportado foi uma égua de nome Airé, para os Estados Unidos, em junho de 1934, e o último no mês passado, também para os Estado Unidos, a égua RFI Amira Almaktub. Segundo José Carlos Vaz Guimarães, proprietário de uma empresa especializada em exportação de cavalos, as exportações dos árabes brasileiros têm como maior destino a Europa e os Emirados Árabes. Há dois anos os cavalos mais exportados eram para a prática de Enduro, para os países do Oriente Médio. Hoje a exportação se concentra em cavalos de halter - conformação, estrutura e movimentação do cavalo. Com a criação brasileira organizada e o início de encontros, exposições, leilões e importações o número de registros aumentou consideravelmente. Essa nova fase da criação brasileira foi até o início da década de 90, e foi marcada pelas grandes importações e pela difusão da raça em todo o território nacional. O cavalo árabe conquistou os criadores por suas características próprias como a curvatura do pescoço, a cabeça de forma triangular, orelhas pequenas, olhos grandes e salientes, narinas dilatadas, trote e galope rasteiros, amplos e cadenciados, e cauda elevada durante o movimento. A resistência, versatilidade, coragem, inteligência, docilidade, beleza, elegância e prepotência genética também são qualidades dessa raça que se adéqua a qualquer atividade, seja no trabalho, esporte e lazer. A criação avança e movimenta o mercado agropecuário. Além das exportações e dos leilões oficiais realizados durante o ano, a Exposição Interestadual do Cavalo Árabe em março e a Exposição Nacional do Cavalo Árabe em novembro, são eventos fixos na agenda dos criadores e expositores. Os destaques dessas exposições são as provas de
Halter – conformação, onde é avaliada a estrutura e a movimentação de cada cavalo - e Performance, - provas montadas nas quais é analisado o condicionamento do animal sob o comando do cavaleiro ou condutor. O cavalo árabe também apresenta sempre um bom desempenho nas provas de 3 Tambores, 6 Balizas, Cross-Country, Enduro, Hipismo Rural, Salto e Rédeas. Nessas competições é possível conferir toda a versatilidade, habilidade, maneabilidade e velocidade que a raça. A Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Árabe – ABCCA - tem hoje mais de 40 mil Cavalos Árabes registrados, e mais de 3.000 haras inscritos em seu Stud Book. Conforme os registros da ABCCA, a criação brasileira começou a ser registrada em 1930 quando o Dr. Guilherme Echenique Filho, um pioneiro criador do Rio Grande do Sul, importou da Argentina o garanhão Rasul e mais sete éguas puras, registrando -os num livro de registros do governo brasileiro. Em 1964 a criação no Brasil ganhou um impulso decisivo quando Dr. Aloysio de Andrade Faria importou três garanhões e seis éguas dos Estados Unidos. Nesse mesmo ano, Dr. Aloysio passou a reunir todos os registros do país no Stud Book Brasileiro do Cavalo Árabe, e assim, com outros 25 criadores, fundaram a Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Árabe. Outro ponto importante a destacar referente à criação do cavalo Árabe no Brasil é que pela primeira vez na história, a prestigiosa Conferência Internacional da WAHO será sediada em São Paulo, entre os dias 11 e 17 de novembro de 2013. A WAHO Word Arabian Horse Organization -, uma organização de países criadores de cavalo árabe no mundo, convoca a cada dois anos os seus membros para discutir os aspectos da evolução da raça, registrar seu desenvolvimento e fomentar sua divulgação. Além de diversas palestras e debates, também serão incluídas diretrizes para a preservação do árabe e para promover o interesse público na ciência da criação destes cavalos.
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O fabuloso
cavalo árabe Um animal muito cobiçado e querido, versátil e ágil, além de forte e resistente, pois pode percorrer grandes distâncias. Um verdadeiro esportista, seu melhor desempenho está no Enduro Equestre, também no salto de 1.10m e nas performances como Western e English Pleasure. Toda essa valentia está num animal de aproximadamente 1.50 m de altura, pesando mais ou menos 350 quilos que não há diferença entre o macho e a fêmea na pratica esportiva, eles se saem extremamente bem, para obter bons resultados nos esportes o ideal e começar a treina-lo com aproximadamente 4 (quatro) anos. São extremamente dóceis, de fácil maneabilidade, com isso são utilizados na equinoterapia, com fantásticos resultados. O Cavalo Árabe possui uma gama muito grande de cores de pelagens mas o mais raro de se encontrar é o de
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pelagem negra, devido a necessidade de uma maior confluência genotípica. O cavalo árabe é altamente adaptável a quase todas as regiões, no entanto, ele não gosta de climas quentes e úmidos. No ranking de criação, o Brasil está bem posicionado, mas é uma questão bastante relativa, porém, em minha opinião estaria em terceiro lugar atrás dos EUA e da Polônia. As exportações vão muito bem e o “Nosso Árabe” é muito procurado pelos grandes criadores internacionais. Manejo bastante simples, desde que observadas boas condições sanitárias, alimentação e carinho com os animais. Os cuidados são os mesmos que se deve ter em qualquer criação de cavalos. É um animal que tem boa saúde desde que observadas as boas práticas de manejo, sendo que ela não é
nem mais nem menos resistente a doenças de outras raças, o cuidado tem que haver sempre e é sempre bom ser avaliado por veterinário de confiança. Os preços dessa raça de cavalo são extremamente variados, de acordo com a qualidade e ao fim a que se destina. Vale lembrar que o Cavalo Árabe tem cotação internacional. Para não ficarmos sem qualquer base eu diria que se pode obter um bom animal para sela por 5 a 10 mil reais e um animal premiado de 50 mil acima e quando digo acima, o céu é o limite. *Colaboraram com este artigo Reinaldo da Rocha Leão, do Haras Azul e Branco, de Pedreira (SP), e Ângela Lima, assessora de imprensa da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Árabes (ABCCA)
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DESENVOLVIMENTO
Agricultura impulsiona geração de empregos Setor foi responsável por quase metade das vagas criadas em maio Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) do Ministério do Trabalho e Emprego relativos ao mês de maio mostram que foram criados 72.028 postos de trabalho formais no País, representando um crescimento de 0,18% em relação ao mês anterior. E a agricultura foi o setor que mais contribuiu para o índice positivo, tendo gerado 33.825 empregos formais, sendo responsável por 47% das vagas, em um aumento de 2,13% em relação a abril. No mês foram admitidos 1.827.122 trabalhadores contra um total de 1.755.094 desligamentos. O resultado é o segundo e o maior montante já registrado para o período, respectivamente. No acumulado do ano, ocorreu expansão de 1,69% no nível de emprego, equivalente ao acréscimo de 669.279 postos de trabalho. Nos últimos 12 meses, o aumento foi de 1.017.750 postos de trabalho, correspondendo à elevação de 2,60%. Em termos absolutos, os principais setores responsáveis pelo desempenho positivo no mês foram: Agricultura (+33.825 postos ou +2,13%), Serviços (+21.154 postos ou +0,13%) e Indústria de Transformação (+15.754 postos ou +0,19%). A Construção Civil foi o setor que apresentou declínio no mês (-1.877 postos ou -0,06%), comportamento esse que pode ser atribuído em parte ao encerramento das obras ligadas à Copa. Na Agricultura, atividades de manejo e colheita em lavouras de cana-de-açúcar, café e laranja foram as responsáveis pelas novas contratações em maio. O crescimento do emprego foi verificado em 17 estados, com destaque para Minas Gerais (+25.916 postos), São Paulo (+22.434 postos) e Paraná (+9.713 postos). E, em termos de região, a Norte foi a única que apresentou queda no nível de emprego (-0,04% ou -663 postos), devido ao desempenho negativo da Construção Civil (-409 postos), da Agricultura (-392 postos) e da Indústria de Transformação (-378 postos). REVISTA 100% CAIPIRA - 39 -
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POLÍTICA AGRÍCOLA
Sobe limite de financiamentos para produção hortifrutis Outras medidas importantes também foram anunciadas, como a instituição do Inovagro O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou uma série de medidas do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2013/14, entre as quais o aumento do limite de financiamentos de custeio para culturas hortifrutis e a instituição do Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica da Produção Agropecuária (Inovagro). O governo federal já havia divulgado os limites de financiamento de custeio para a próxima safra durante o lançamento do PAP, no dia 4 de junho. Os valores aumentaram de R$ 800 mil para R$ 1 milhão por beneficiário. No entanto, foi autorizado limite adicional de 15% para incluir os produtores rurais inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR) e mais R$ 1 milhão para culturas de batata inglesa, cebola, feijão, mandioca, tomate, demais verduras (folhagens) e legumes. “Esse adicional para hortifrutis e outras culturas visa incentivar o aumento da produção dessas culturas para reduzir a inflação de alimentos”, destacou o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Antônio Andrade. Investimento no campo Foram aprovadas, ainda, medi-
das para empréstimos nas modalidades de investimento do crédito rural. Entre elas, a instituição do Inovagro, que tem o objetivo de fomentar o financiamento à incorporação tecnológica nas propriedades rurais. Por esse programa, os juros serão de 3,5% ao ano e o prazo de pagamento de até 10 anos, com carência de até três anos. Entre as prioridades, estão a modernização de cultivos específicos; a contratação de consultorias para formação técnica e gerencial e itens, projetos ou produtos vinculados aos Sistemas de Produção Integrada Agropecuária (PI Brasil) e Bem-Estar Animal, ao Programa Alimento Seguro, ao Programa de Boas Práticas Agropecuárias da Bovinocultura de Corte e Leite e ao Programa de Inovação Tecnológica (Inova-Empresa). Pelo Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota), a taxa de juros caiu de 5,5% para 4,5% ao ano.
renegociação de dívidas dos produtores de arroz. Agora, o prazo de manifestação – que se encerrou no dia 30 de abril deste ano – foi prorrogado para 31 de julho de 2013. O prazo para as instituições financeiras formalizarem as renegociações também mudou: passou de 31 de julho para 30 de agosto deste ano. Essa medida refere-se à proposta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para renegociação das dívidas de crédito de custeio e investimento de produtores de arroz, contratadas até 30 de junho de 2011. A taxa de juros será de 5,5% ao ano, com prazo de financiamento de até 10 anos, em parcelas anuais.
Orizicultura Além das medidas de crédito para produtores, o CMN autorizou a reabertura do prazo para REVISTA 100% CAIPIRA - 41 -
CIÊNCIA AGRÍCOLA
IAC comemora 126 anos e lança milésima cultivar Instituição de pesquisa responsável pelo desenvolvimento do feijão carioca nos anos 1970, alimento mais consumido no Brasil até hoje, variedade resistente a doenças Ao completar 126 anos de fundação em junho, o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) lançou sua milésima cultivar: o feijão IAC Milênio. Uma
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das mais tradicionais instituições de pesquisa brasileiras, de onde saíram diversas cultivares de café e de frutas, assim como as pesquisas que propiciaram o
cultivo da soja no Cerrado nos anos 70, também é a responsável por um alimento que não pode faltar na nossa dieta, o feijão carioca.
Segundo o instituto, a IAC Milênio destaca-se pelo seu pacote tecnológico, que apresenta qualidade de grão de alto padrão, caldo espesso e alto rendimento de panela, alta produtividade, porte ereto que viabiliza colheita mecanizada, e resistência às doenças antracnose e murcha de Fusarium. A antracnose é uma doença que danifica folhas e vagens, depreciando o produto; já a murcha de Fusarium, principal doença da raiz, leva a planta à morte. “A resistência a essas doenças reduz em cerca de 30% a aplicação de agrotóxicos. Hoje o agricultor tem alto custo para controle da antracnose”, diz o pesquisador Alisson Fernando Chiorato . Ele afirma que o custo total de produção do feijoeiro varia de R$ 2 mil a R$ 6 mil por hectare, sendo que grande parte desse montante envolve produtos químicos usados na prevenção e controle de pragas e doenças. O feijão é uma das 90 espécies estudadas no IAC, fundado no tempo do Império, em 1887. Ainda em 2013, o instituto irá lançar cultivares de cana-de -açúcar, amendoim, citros, arroz e quiabo. “De 2013 a 2022, 175 novas cultivares devem ser registradas, uma média de 18 por ano ou uma nova cultivar a cada 21 dias”, diz Sérgio Augusto Morais Carbonell, diretor-geral do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que informa que hoje cerca de 20% do mercado nacional de feijão é ocupado materiais desenvolvidos na instituição. Segundo Carbonell, a cul-
tivar IAC Milênio apresenta produtividade média de 2.831 kg/hectare, que é semelhante a outros materiais do mercado, e potencial produtivo de 4.625 kg/hectare. Atento às necessidades do mercado, o programa de melhoramento genético do IAC tem se dedicado ainda à melhoria das propriedades nutricionais do pro-
duto, a fim de elevar o teor de proteínas e identificar a presença de outras substâncias benéficas à saúde, como a isoflavona. Em pesquisa recente e inédita, o IAC descobriu esse fitoestrógeno em seu cultivar feijão IAC Formoso, até então apenas identificado na soja. “Essa descoberta é importante, pois o brasileiro consome feijão e não soja”, diz. REVISTA 100% CAIPIRA - 43 -
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ESPECIAL
Novas tecnologias e acesso à água mudam a realidade da Caatinga Conscientes das limitações impostas pelo Semiárido, moradores da região têm procurado se adaptar e conviver com o clima do campo Heloisa Cristaldo Agência Brasil A trajetória de Fabiano, personagem criado por Graciliano Ramos em Vidas Secas, obra publicada em 1938, retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos forçada a se mudar de tempos em tempos para lugares menos castigados pela falta de chuva. O clássico da literatura nacional foi durante muitos anos o retrato da realidade de brasileiros castigados pela estiagem no Semiárido brasileiro. O cenário da caatinga e a seca ainda são os mesmos no sertão de hoje, mas deixar a terra por causa da estiagem não tem sido mais a única alternativa nos últimos anos. Conscientes das limitações impostas pelo Semiárido, moradores da região têm procurado se adaptar e conviver com o clima do campo. Durante quase 20 anos, a agricultora baiana Maria Eulália, de - 46 - REVISTA 100% CAIPIRA
62 anos, morou em Salvador. Na cidade, ela criou seis filhos biológicos e cinco adotados. Há sete anos dona Lia, como gosta de ser chamada, retornou ao campo com o marido. Mesmo sem chuva, cumpriu a promessa de retorno ao sertão, como diz a música Asa Branca, de Luiz Gonzaga: “Hoje longe, muitas léguas/ Numa triste solidão/ Espero a chuva cair de novo/ Pra mim voltar pro meu sertão”. Moradora do Projeto de Assentamento Antônio Conselheiro, localizado na zona rural de Barra, na Bahia, dona Lia descreve seu retorno com brilho nos olhos. “Apesar de gostar de Salvador, preferi voltar para o sertão. Meus filhos já estão criados e quiseram ficar lá, mas meu sonho era voltar para perto do Rio São Francisco. Gosto mesmo é do campo”, conta. A comunidade de dona Lia é
atendida pelo projeto “Transferência de tecnologia de irrigação para fruticultura em níveis de agricultura familiar em perímetros irrigados de assentamento do Semiárido brasileiro”, da Embrapa – unidade Mandioca e Fruticultura. Ao todo, 15 famílias ocupam uma área de 2.845 hectares da antiga fazenda Canal do Rio Grande II. A tecnologia aplicada na localidade permitiu aos moradores trabalharem no plantio de mandioca, umbu, laranja, caju, milho, abóbora, banana, feijão, acerola e hortaliças. De acordo com Embrapa, o projeto tem início com a identificação da área, feita a partir de demanda das associações dos assentados. Em seguida, é realizado um diagnóstico participativo, onde se define as culturas que serão trabalhadas. Logo após, faz-se a marcação da área e são levadas as se-
mentes e as mudas para início do plantio. Paralelamente, o projeto instala o sistema de irrigação. “Ter o rio aqui do lado e não ter o conhecimento da Embrapa era como se não tivéssemos nada. A realidade aqui mudou 100%, havia
três anos que não pegava nada no solo aqui. Agora queremos conseguir comercializar, aprender a viver do campo e não ter que procurar emprego fora”, diz Dona Lia. Segundo o pesquisador de sistemas de produção sustentável da
Embrapa, Marcelo Romano, os resultados do trabalho possibilitaram a melhora na segurança alimentar dos moradores da comunidade e ainda viabiliza a inserção dos produtos no mercado local ou institucional, em programas do REVISTA 100% CAIPIRA - 47 -
governo federal de aquisição de alimentos. “A lógica do trabalho é difundir a irrigação, transferir tecnologia de irrigação e adaptar as condições que eles se encontram. Aliado ao desenvolvimento da irrigação, temos a introdução de materiais genéticos desenvolvidos pela Embrapa de qualidade. Por meio de uma experimentação local, podemos selecionar aqueles que são mais adaptados às condições deles. Particularmente, acho que a gente se sente muito recompensado de trabalhar com esse público, principalmente quando a gente vê as respostas que estamos tendo aqui nesse município”, complementa o pesquisador. A experiência de dona Lia com a tecnologia repassada pela Embrapa é compartilhada pelo Projeto de Assentamento Fundo de Pasto Ribeirão. A comunidade está localizada a 18 quilômetros de Barra, em uma área de 600 hectares. Entre as 13 famílias que vivem no local está a de Sandra Santos da Silva, de 30 anos. A jovem agricultora já é mãe de cinco meninas e recebe R$ 502 mensais do Bolsa Família por manter as quatro
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crianças maiores na escola. Sandra também resistiu ao êxodo devido às secas e não quis sair do campo. “Meus pais e meus avós sempre gostaram de morar na área rural e eu tomei esse gosto. Mas acontece de muitas vezes perder o estímulo porque se a terra não está dando o sustento, não podemos deixar nossos filhos morrerem de fome”, conta. A mãe de Sandra, a agricultora e líder comunitária Alzira da Silva Santos, de 49 anos nasceu na região e chegou a morar em São Paulo. Retornou há oito anos. “A gente ia e voltava, mas chegou um tempo que decidi ficar aqui de vez. Antes, o mais difícil era a alimentação. Já a seca é sempre igual. Esse ano mesmo não choveu, só teve um ‘tira pó’. Mas aqui é melhor que a cidade, é sossegado, livre da violência. Também há os animais, lá a gente não pode criar”, relata. A tendência observada nos assentamentos rurais é acompanhada diariamente pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). De acordo com o presidente do órgão, Carlos Guedes, esse é um “novo momento” dentro dos assentamentos devido às mudanças na atuação do Incra
junto às comunidades rurais, já que políticas públicas integradas têm garantido condições básicas de vida. Guedes destacou a parceria com o Ministério da Integração Nacional que vai levar a 30 mil famílias assentadas do Semiárido o acesso aos sistemas de abastecimento de água simplificados, como cisternas, adutoras ou encanamentos, por meio do programa Água para Todos. “O ano passado investimos junto com o Ministério da Integração R$ 84 milhões para atender essas 30 mil famílias no Semiárido. Essas famílias vão ter acesso à água, em que elas vão ter o seu equipamento de reserva de água por meio de cisterna ou outro sistema que possa se desenvolver em conjunto com a grande obra de infraestrutura de água que está sendo feita pelo PAC”, explicou o presidente do Incra. Para melhorar as estradas e vias de acesso nas zonas rurais, outra demanda frequente, está sendo preparando um acordo com município que se compromete a comprar a produção do assentamento rural. “O Incra está fechando parceria com municípios de até 50 mil habitantes. Se o município se compromete a comprar produção do assentamento, o Incra ajuda botando combustível na máquina para poder melhorar as vias de acesso dos assentamentos”, explicou.
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Saúde do Viajante Cuide de sua saúde. Em viagens a lazer ou a trabalho ela é sua melhor companheira. Informe-se no site www.saude.gov.br/viajante, sobre como manter a sua saúde durante sua próxima viagem. Não se esqueça: Viaje com as vacinas em dia e previna-se contra febre amarela 10 dias antes de praticar turismo ecológico, rural, de aventura ou visitar áreas de mata
Lave bem as mãos com água e sabão várias vezes ao dia
Beba bastante água e evite consumir alimentos crus ou mal cozidos
Use calçados, roupas confortáveis e equipamentos de proteção (colete salva-vidas, capacete, ou outros) quando necessário
Proteja-se contra o sol e picada de insetos
Se ficar doente durante ou logo após retornar, procure o serviço de saúde e informe ao médico sobre sua viagem, pois esta atitude poderá ajudar no diagnóstico de algumas doenças
Em caso de emergência, ligue SAMU 192
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Melhorar sua vida, nosso compromisso.
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