Edição 77

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Ano XI | nº77 | nov/dez 2009

Neurociência contribui para melhores práticas no ensino

SINEPE/RS comemora 61 anos em noite de homenagens A participação do ensino privado na 55ª Feira do Livro de Porto Alegre




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61 anos do SINEPE/RS

entrevista Roberto Lent fala de neurociência e de mudanças na estratégia de ensino

Confira a entrega dos prêmios Destaque em Comunicação e Responsabilidade Social

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economia Novo modelo de gestão faz renascer as IES

memória Os 100 anos do São Benedito, de Bagé

48 gestão Inscrições para o Prêmio Qualidade RS estão abertas

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18 reportagem Neurociência contribui para melhores práticas no ensino

cinema Michael Jackson volta a brilhar em "This Is It"

institucional A participação do ensino privado na 55ª Feira do Livro de Porto Alegre

Prêmio ABERJE SUL 2008 MELHOR REVISTA DE ENTIDADES

Missão – Representar e congregar as instituições do ensino privado na promoção de sua qualificação permanente e diferenciação. 4

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Presidente: Prof. Osvino Toillier; 1° Vice-presidente: Prof. Hilário Bassotto; 2° Vice-presidente: Prof. Flávio Romeu D’Almeida Reis; 1° Secretário: Prof. Ardy Storck; 2° Secretário: Prof.ª Maria Helena Lobato; 1° Tesoureiro: Prof. Ir. João Olide Costenaro; 2° Tesoureiro: Prof. Wilson Ademar Griesang; a Suplentes: Prof. Mônica Timm de Carvalho, Prof. Oswaldo Dalpiaz, Prof. Roberto Py Gomes da Silveira, a Prof. Ir. Adélia Dannus, Prof. Ir. Olavo José Dalvit, Prof. Elio Luís Liesenfeld, Prof.ª Ir. Mônica de Azevedo; Conselho Fiscal Efetivo: Prof. Ruben Werner Goldmeyer, Prof. Bruno Eizerik, Prof. Ilmo José a Junges; Suplentes: Prof. Ir. Isaura Paviani, Prof.ª Valderesa Moro, Prof. Luís Fernando Felicetti; Conselho Editorial: Prof. Osvino Toillier, Prof. Hilário Bassotto, Prof. Flávio D’Almeida Reis, Prof. Luiz Antonio de Assis Brasil, Prof. Ruy Carlos Ostermann, Prof. Adayr Tesche, Prof. Pedro Luiz da Silveira Osório e Moises Mendes. Coordenador da Comunicação Integrada: Prof. Osvino Toillier; Edição: Vívian Gamba (MTb 9383); Assistente de Comunicação: Carine Fernandes; Foto da capa: Instituto Marista Graças / Fotógrafo: Rafael Czamansky; Projeto Gráfico / Diagramação: ESPAÇO Arquitetura & Design; Revisão: www.postexto.com.br e Milton Gehrke; Impressão: Gráfica Comunicação Impressa

Visão – Ser referência como instituição no cenário educacional brasileiro, reconhecida pela eficiência na representação sindical e promoção de serviços inovadores.

Valores – Compromisso com o Associado - Ética e Transparência Competência - Cultura da Inovação - Responsabilidade Social.



Escola em constante adaptação Os novos modelos de avaliação de ensino retomam uma discussão que se renova, ano após ano, no meio pedagógico: de que forma promover os processos de pensamento do aluno para uma aprendizagem eficiente e múltipla? A interdisciplinaridade dos trabalhos desenvolvidos nas escolas e outras técnicas que despertam no aluno a associação entre conteúdos ganham novos aliados na busca da efetiva qualificação da educação, entre os quais, a neurociência. A ciência avança. Novas descobertas e novas práticas pedagógicas são divulgadas todos os dias. No entanto, há algo na escola que também está em constante mudança, num ritmo tão acelerado quanto o da ciência: o aluno, que cresceu na era digital e não tem mais a escola como única fonte de conhecimento. Então, além de acompanhar as "atualizações" científicas, a escola deve estar em constante adaptação ao novo perfil de estudante que se apresenta em sala de aula. E somente a combinação dessas duas fórmulas pode resultar em mudança efetiva de padrão da qualidade do ensino-aprendizagem. A Reportagem da Educação em Revista aborda, nesta edição, esse novo universo da educação, que combina ciência,

tecnologia e comportamento, a contribuição da neurociência para melhores práticas do ensino e a influência do conteúdo emocional sobre a aquisição do conhecimento. Complementando o tema, o doutor Roberto Lent fala, na seção Entrevista, da importância de oferecer às crianças o máximo de possibilidade de aprendizagem, a fim de que descubram suas possibilidades de atuação no mundo. Esta edição traz, ainda, o registro de um momento especial para o SINEPE/RS e para o ensino privado gaúcho: a comemoração dos 61 anos do Sindicato e a entrega dos prêmios de Comunicação e Responsabilidade Social. Neste ano, foram 49 instituições premiadas pela vontade de fazer melhor, pela busca da inovação, da excelência e das práticas cidadãs. Instituições que respeitam e pregam seus valores e, além disso, compartilham com as demais as boas práticas, passando adiante as receitas que deram certo. Também foram homenageadas oito escolas particulares que completam 50, 75 e 100 anos de atuação no Estado em 2009. Na seção Memória, a história da Escola de Ensino Fundamental São Benedito, de Bagé, que faz 100 anos. Em Gestão, o novo foco da Escola Nossa Senhora Estrela do Mar, de São Lourenço do Sul, que foi bem-sucedida ao otimizar seus processos e reduzir ineficiências. E o Rei do Pop, Michael Jackson, no filme "This Is It", é o tema da crítica de Cinema de Adriana Kurtz. Boa leitura. E o desejo de um final de ano cheio de alegrias e realizações, com um 2010 repleto de esperança e trabalho por uma educação digna para todos. Vívian Gamba Editora da Educação em Revista

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Fotos Clleber Passus

Inovação e qualidade na 7ª edição do Prêmio de Comunicação

Noite de festa para o ensino privado gaúcho A tradicional homenagem às escolas de ensino privado gaúchas marcou o aniversário de 61 anos do SINEPE/RS na noite de 3 de dezembro, no Teatro da PUCRS. Cerca de 350 pessoas estiveram reunidas para a entrega dos prêmios de Comunicação e Responsabilidade Social – na 7ª e na 4ª edição, respectivamente para 49 instituições que se destacaram pela inovação e qualidade dos seus projetos. Oito escolas particulares que completam 50, 75 e 100 anos de atuação no Estado em 2009 também foram homenageadas. O presidente do SINEPE/RS, Osvino Toillier, afirmou que as instituições, ao mesmo tempo em que comemoram o "legado" do passado, são desafiadas a olhar na direção do "vir a ser", das tendências e possibilidades. "É preciso desenvolver a cultura da inovação, para ajustar a instituição às transformações e estar na sintonia dos novos tempos, o que pode se traduzir por multilinguismo, tecnologia, intercâmbio com outros países, empreendedorismo, respeito à diversidade e visão planetária, enfim, ajudar a formar pessoas que tenham condições de transitar com autonomia pelos caminhos reais e virtuais do planeta." A modernização, na sua opinião, é sempre bem-vinda, "mas é preciso ter bem claras as

Ações cidadãs na 4ª edição do Prêmio de Responsabilidade Social

implicações das tolerâncias permitidas". Além das instituições homenageadas, foram entregues duas distinções especiais: o prêmio Excelência em Responsabilidade Social, ao Grupo Sinos, de Novo Hamburgo, pelos projetos sociais desenvolvidos em 53 municípios do Estado, e o prêmio Excelência em Comunicação, ao jornalista Lauro Quadros, pelos 50 anos de carreira dedicados à comunicação. O Prêmio Excelência de Responsabilidade Social é uma forma de destacar as pessoas ou organizações que demonstram a importância do exercício da cidadania e estimulam a sociedade a fazer o mesmo. O diretor de Projetos Especiais

350 pessoas estiveram reunidas no aniversário do SINEPE/RS

do Grupo Sinos, Luiz Fernando Gusmão, afirmou que receber o prêmio é uma honra para as 1.110 pessoas que trabalham no Grupo Sinos. "Estar ligado à escolaridade, mesmo que indiretamente, está no nosso ideal." O Prêmio Excelência em Comunicação tem como objetivo distinguir pessoas ou organizações que, com relevantes ações nesta área, contribuem para o desenvolvimento da educação gaúcha. "Quantas vezes repeti que as pessoas deveriam receber as homenagens em vida. Não sou apenas eu que falo isso. E agora, estou eu aqui, nesta saia justa, precisando ser coerente com que eu digo, e tentando racionalizar por que estou recebendo esta homenagem", declarou Lauro Quadros. O coordenador da premiação e consultor do SINEPE/RS, Paulo Ratinecas, parabenizou o Sindicato pela iniciativa vitoriosa, que já representa uma das maiores premiações em nível inter-setorial no Estado, e as escolas, "que estão fazendo um papel fundamental na reprodução do comportamento da sociedade". nov/dez 2009 – www.sinepe-rs.org.br

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Instituições Jubilares

50 anos

75 anos

Escola Redentorista Instituto Menino Deus, de Passo Fundo Colégio Espírito Santo, de Canoas

Colégio Sagrado Coração de Jesus, de Ijuí Colégio Franciscano Nossa Senhora Aparecida, de Canguçu

100 anos Instituto de Educação Ivoti, de Ivoti Escola Fundamental Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, de São Gabriel Escola de Ensino Fundamental São Benedito, de Bagé Escola de Ensino Fundamental Nossa Sra. do Horto, de Uruguaiana

anuncio sinepe

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Prêmio de Responsabilidade Social

Luiz Fernando Gusmão, diretor de projetos especiais do Grupo Sinos, Prêmio Excelência em Responsabilidade Social

Preservação Ambiental

Participação Comunitária

Ouro para o Colégio La Salle Niterói, de Canoas, Prata para o Colégio Marista Santana, de Uruguaiana, e Bronze para o Colégio La Salle Santo Antônio, de Porto Alegre

Ouro para o Colégio Santa Teresinha da Rede Notre Dame, de Taquara, Prata para o Instituto Anglicano Barão do Rio Branco, de Erechim, e Bronze para o Colégio Marista Rosário, de Porto Alegre

Desenvolvimento Cultural

Público Interno

Ouro para a Escola de Aplicação da Feevale, de Novo Hamburgo, Prata para o Colégio La Salle Dores, de Porto Alegre, e Bronze para a IENH, de Novo Hamburgo

Ouro para a Rede Marista de Educação e Solidariedade, de Porto Alegre, Prata para a Rede La Salle, de Porto Alegre, e Bronze para o Colégio Nossa Senhora da Glória, de Porto Alegre nov/dez 2009 – www.sinepe-rs.org.br

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Prêmio Destaque em Comunicação

Gestão de Comunicação e Relacionamento Lauro Quadros, Jornalista, Prêmio Excelência em Comunicação

Ouro para a UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul, Prata para o Centro Tecnológico Frederico Jorge Logemann , de Horizontina, e Bronze para o Colégio La Salle Santo Antônio, de Porto Alegre

Mídia Impressa – acima de 500 alunos

Mídia Impressa – Ensino Superior

Ouro para o Colégio Marista Rosário, de Porto Alegre, Prata para o Colégio Marista Ipanema, de Porto Alegre, e Bronze para o Colégio Alberto Torres, de Lajeado

Ouro para a Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos, de São Leopoldo, Prata para o Centro Universitário Feevale, de Novo Hamburgo, Bronze para o Centro Universitário Ritter dos Reis, UniRitter de Porto Alegre

Mídia Impressa – Mantenedora

Mídia Digital – até 500 alunos

Ouro para a Rede La Salle, de Porto Alegre, Prata para a Associação Notre Dame, de Canoas, e Bronze para a Rede Metodista do Sul, de Porto Alegre

Ouro para o Colégio La Salle Medianeira, de Cerro Largo

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Mídia Digital – acima de 500 alunos

Mídia Digital – Ensino Superior

Ouro para o Colégio Marista Rosário, de Porto Alegre, Prata para o Colégio Santa Catarina, de Novo Hamburgo, e Bronze para o Colégio São José, de Pelotas

Ouro para o Centro Universitário Feevale, de Novo Hamburgo, Prata para a UNISC - Universidade de Santa Cruz do Sul, e Bronze para o Centro Universitário Ritter dos Reis - UniRitter, de Porto Alegre

Mídia Digital – Mantenedora

Mídia Eletrônica – acima de 500 alunos

Ouro para a Rede La Salle, de Porto Alegre, e Prata para a Rede Metodista de Educação do Sul, de Porto Alegre

Ouro para o Colégio Marista Champagnat, de Porto Alegre, Prata para o Colégio La Salle Santo Antônio, de Porto Alegre, e Bronze para o Colégio Marista Ipanema, de Porto Alegre

Mídia Eletrônica – Ensino Superior

Mídia Eletrônica – Mantenedora

Ouro para a UNISC - Universidade de Santa Cruz do Sul, Prata para o Centro Universitário Ritter dos Reis - UniRitter, de Porto Alegre, e Bronze para o Centro Universitário La Salle - Unilasalle, de Canoas

Ouro para a Rede Marista de Educação e Solidariedade , de Porto Alegre, e Prata para a Rede La Salle, de Porto Alegre nov/dez 2009 – www.sinepe-rs.org.br

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Jurados dos Prêmios

Jurados do Prêmio de Responsabilidade Social Alceu Nascimento - gerente-executivo da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho; Cintia Bonder - oficial de Projetos do Escritório da UNESCO/RS; Clódis Xavier - gerente do Instituto Gerdau; Cristiane Mallmann - diretora de Planejamento da HappyHouseBrasil; Cristiane Ostermann - diretora da Signi - Estratégias para Sustentabilidade; Darci Campani - coordenador da Gestão Ambiental da UFRGS; Denise Marques - relações institucionais da Braskem S.A; Dirceu Fernandes - coord. do Sistema de Gestão Ambiental da Trensurb; Edson dos Santos - coord. do Balanço Socioambiental da Trensurb; Gabriela Mazza - diretora de Desenvolvimento Sustentável da ABRH/RS; Karen Santos - diretora da Signi - Estratégias para Sustentabilidade; Lucia Elbern - presidente ONG ViaVida; Luiz Eymael - superintendente executivo do CIEE-RS; Luiz Gusmão- diretor de Projetos Especiais do Grupo Sinos; Maria Johannpeter- presidente executiva voluntária da ONG Parceiros Voluntários; Maria Gaidzinski - coordenadora da Ação Educativa do Santander Cultural; Marion de Souza - gerente-executiva do Instituto do Câncer Infantil/RS; Maurício Rost - supervisor de desenvolvimento de RH da Yara Brasil Fertilizantes; Mirian Mion - socióloga, diretora da Consultoria Investimento Social; Raquel Paiani - gerente de Marketing da Capa Engenharia; Rudáia Correia - coordenadora do Comitê da Solidariedade.

Jurados do Prêmio de Comunicação Airton Rocha - presidente da Martins + Andrade Comunicação; Almir Freitas - diretor da Uffizi Consultoria em Comunicação; Ângela 12 www.sinepe-rs.org.br – nov/dez 2009

Santos - diretora da MaxiMarket Gestão do Reconhecimento; Arthur Bender - presidente da Key Jump - Inteligência- Estratégia e Branding; Caroline Capitani - coord. de Marketing da Ilegra; Dado Schneider - doutor em Comunicação e consultor de Marketing e Comunicação; Fernanda Garcia - diretora administrativa da Giornale Comunicação Empresarial; Fernanda Vier - diretora da Doxxa Inteligência em Conteúdo; Fernando Tornaim - diretor do Kzuka/Grupo RBS; Francini Ledur - editora de Economia da Zero Hora; Gérson Beckerdiretor Lumiere Vídeo Comunicação; Gilberto Giustina - diretor de Planejamento DCS Comunicações; Gisele Honscha - analista de Produto do Terra Networks; Gladimir Dutra - gestor executivo da agência digital Aldeia Internet; Glauco Fonseca - consultor de Marketing Competitivo; Helenice Carvalho - Dra. em Comunicação e profª da FABICO/UFRGS; José da Cunha - diretor da Coletiva Editora; Karla Müller - Dra. em Comunicação e profª da FABICO/UFRGS; Letícia Peroni - atendimento DCS Comunicações; Luciano Marques - diretor da Agência Duplo M Comunicação; Marco B. N. Valério- diretor de Marketing da Alfamídia; Maria Vasconcelos - editora de Ensino do Correio do Povo; Melissa Lesnovski- diretora da agência digital Aldeia Internet; Moises Mendes- editor Especial da Zero Hora; Paulo Ratinecasdiretor da MaxiMarket Gestão do Reconhecimento; Roberta Muradás - gerente da Giornale Comunicação Empresarial; Samir Salimen- diretor presidente da Publivar.On Comunicação; Sérgio Caraver - diretor geral do Eskritório de Comunicação; Sirlei Pastore - produtora da Rádio Guaíba AM; Sylvio Pinheiro - diretor de Criação do Terra; Valpírio Monteiro - diretor Executivo da Gad Design; Vera Gerzson - Dra. em Educação e profª da FABICO/ UFRGS; Vitor Faccioni- diretor geral MTV/RS; Zeca Honoratodiretor geral da Agência Ama.


Avós e netos aprendem juntos no Medianeira O excesso de compromissos profissionais priva cada vez mais os filhos da presença dos pais. Muitas vezes, são os avós que preenchem algumas das lacunas da vida familiar: buscam as crianças na escola, ficam com elas no fim de semana, as ajuda nos deveres de casa. Mas quando se fala da influência dos avós sobre os netos, lembra-se logo do chavão "Pais educam, avós deseducam". Os alunos da 5ª série do Colégio Scalabriniano Medianeira, de Bento Gonçalves, trabalharam para descobrir se essa premissa é realmente verdadeira, por meio do projeto "Avós Recordando e Netos Aprendendo", coordenado pelas professoras Adriana Postingher e Adriane Schwade. O trabalho teve início em abril de 2009, integrando as disciplinas de Língua Portuguesa, História, e Geografia. O ponto de partida foi a reflexão sobre a origem de cada uma das famílias, suas crenças e costumes, as mudanças na estrutura familiar moderna e qual o papel do idoso nesta nova estrutura. Os alunos fizeram uma pesquisa de seus sobrenomes na Internet, em livros e registros históricos das famílias de migrantes italianos chegadas ao município de Bento Gonçalves, a fim de construir sua árvore genealógica e chegar aos antepassados. A seguir, produziram um texto sobre suas histórias com os avós e compartilharam com os colegas. Junto dos avós, partiram para a próxima etapa: descobrir como eram os aparelhos domésticos e utensílios da época de infância

VIAGEM a Canela para compartilhar descobertas

deles. O trabalho resultou numa exposição fotográfica que comparou o antigo com o moderno, as mudanças sociais, tecnológicas e culturais que aconteceram no decorrer do tempo, a infância e as brincadeiras. Ao final do projeto, os alunos convidaram seus avós para uma viagem a Canela, onde passaram momentos muito agradáveis juntos. Visitaram o Mundo a Vapor e, ao reviver sua época através dos engenhos, os avós compartilharam o aprendizado com seus netos. O resultado foi promissor: um olhar mais respeitoso aos idosos, sua história e sua contribuição social. O texto "Avós são o máximo", do professor Osvino Toillier, foi ferramenta de leitura e reflexão. Após o debate, os alunos fizeram sua releitura do texto por meio de cartazes e poesias que compuseram para seus avós.

INTERNET foi usada para 'encontrar' os antepassados

TEXTOS e poesias homenagearam os avós

COSTUMES de épocas passadas foram alvo de pesquisa nov/dez 2009 – www.sinepe-rs.org.br

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Roberto Lent - médico e pós-doutor pelo Massachusetts Institute of Technology

Tudo reverte em aprendizagem Roberto Lent é professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro e diretor do Instituto de Ciências Biomédicas, onde chefia o Laboratório de Neuroplasticidade. Atua na área de Morfologia, com ênfase em Neuroembriologia, desenvolvendo pesquisas em desenvolvimento e plasticidade do córtex e comissuras cerebrais, quantificação de estru-

turas cerebrais de diferentes espécies e estudos do córtex cerebral humano. É graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com mestrado em Ciências Biológicas (Biofísica) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, doutorado em Ciências Biológicas (Biofísica) pela Universidade Federal do Rio

de Janeiro, e pós-doutorado no Massachusetts Institute of Technology. É membro da Academia Brasileira de Ciências, do Conselho Técnico-Científico da Capes – Ensino Básico, do Conselho Nacional da SBPC e diretor adjunto do Instituto Ciência Hoje. Atua também em divulgação científica para adultos e crianças, com livros publicados como Cem Bilhões de Neurônios: Conceitos Fundamentais de Neurociência, um dos primeiros livros sobre neurociência integrado, publicado no Brasil, que faz um apanhado de todos os aspectos do tema, e Neurônio Apaixonado, Mico do Neurônio Escutador, Um Neurônio de Olho Vivo, Atenção! Neurônios na Bicicleta, O Esquecimento do Neurônio Lembrador e Aventuras de um Neurônio Lembrador, destinados a crianças de 8 a 12 anos. Mesmo colocando a neurociência como um domínio incipiente no âmbito da educação, Roberto fala da importância de oferecer às crianças o máximo de possibilidade de aprendizagem, a fim de que descubram suas possibilidades de atuação no mundo. Educação em Revista – Na sua opinião, a neurociência é uma ferramenta já estabelecida na área da educação? O senhor acredita que as escolas, hoje, exploram todo o potencial e se beneficiam, de fato, da neurociência? Por quê? Roberto Lent – Não, a neurociência dos processos de aprendizagem, comunicação

Oferecem às crianças uma infinidade de conteúdos que elas absorvem avidamente. Nem sempre são conteúdos bons e esse é um problema que devemos discutir, pois os filtros educacionais sobre essas mídias são de muito difícil execução 14 www.sinepe-rs.org.br – nov/dez 2009


e cognição em geral ainda é um domínio muito incipiente. Temos muito que trabalhar para poder dizer que de fato os conhecimentos disponíveis podem ajudar a prática nas escolas. ER – Professores buscam aprofundarse sobre o tema e fazem uso dele para otimizar seu trabalho em sala de aula e o processo de ensino-aprendizagem? Lent – Também não. Geralmente os professores desconhecem, ou sabem pouco e não estão sensibilizados para buscar informações sobre neurociência. ER – As crianças hoje recebem mais estímulos para a utilização do cérebro? Houve mudança na forma de os alunos aprenderem? As estratégias de ensino devem mudar, ao longo do tempo? Lent – Sim, as estratégias de ensino devem mudar. As crianças, atualmente, são estimuladas precoce e intensamente, utilizando todas as vias sensoriais, as novas tecnologias: televisão, computadores, internet. Oferecem às crianças uma infinidade de conteúdos que elas absorvem avidamente. Nem sempre são conteúdos bons e esse é um problema que devemos discutir, pois os filtros educacionais sobre essas mídias são de muito difícil execução. Sobre a forma de os alunos aprenderem, não creio que tenha havido mudança, já que os processos cerebrais básicos empregados parecem ser os mesmos desde que a nossa espécie surgiu. Mas as estratégias de ensino devem mudar, sem dúvida, para corresponder à acessibilidade muito maior dos meios de informação e educação, à velocidade com que a informação é transmitida hoje e à grande interatividade entre os interlocutores, alunos entre si, alunos e professores e alunos com o mundo em geral. ER – Que fatores externos contribuem para a mudança do funcionamento do cérebro? Num mundo em constante mudança, como (re)aprender a ler, pesquisar, estudar, associar conteúdos e formar opinião? Lent – O mundo externo lapida a circuitaria que o genoma do indivíduo lhe proporciona. Nosso cérebro se amolda, se aperfeiçoa – e também adoece – com o turbilhão de informações que recebe. O aluno de piano que estuda desde criança, de oito a dez horas por dia, apresenta maior extensão da área cerebral dedicada ao processamento

perceptual e motor da música. Acontece o mesmo, nas áreas correspondentes, com os alunos que investem em outras atividades. Se o processo educacional puder oferecer uma ampla lista de oportunidades aos alunos, estará contribuindo para que eles encontrem aquelas que mais se adaptam ao seu perfil cerebral básico construído pelo genoma. ER – De que forma a neurociência contribui para a mudança do processo de ensino-aprendizagem? Lent – Por enquanto temos contribuído pouco, porque na verdade pouco sabemos sobre esse processo, em suas bases neurais. ER – O que ocorre com o cérebro, quando aprendemos? É importante que, além dos professores, os próprios alunos estejam a par deste processo? Lent – Quando aprendemos, os circuitos cerebrais envolvidos se fortalecem. Do mesmo modo que os músculos se fortalecem com os exercícios físicos, os neurônios e suas conexões se tornam mais fortes com o exercício intelectual. Os professores precisam estar a par disso, sim. Mas os alunos aprenderão, mesmo que não saibam como...

Se o processo educacional puder oferecer uma ampla lista de oportunidades aos alunos, estará contribuindo para que eles encontrem aquelas que mais se adaptam ao seu perfil

ER – E os pais, podem ajudar? De que forma? Lent – Para os pais, a dica é ofertar o máximo de oportunidades de aprendizagem aos seus filhos. Muito livro, cinema, teatro, música, artes plásticas, atividades esportivas, brinquedos... Tudo reverte em aprendizagem, e desse cardápio diverso cada indivíduo poderá ter mais chance de sucesso, de descobrir suas aptidões e preferências. ER – Cem Bilhões de Neurônios: Conceitos Fundamentais de Neurociência, de sua autoria, foi um dos primeiros livros sobre neurociência integrado. Essa leitura

Para os pais, a dica é ofertar o máximo de oportunidades de aprendizagem aos seus filhos. Muito livro, cinema, teatro, música, artes plásticas, atividades esportivas, brinquedos... agrega, para professores e pais, conhecimentos para estimular, na prática, os sentidos dos alunos/filhos? De que forma isso pode ser feito? Lent – Creio que sim. Meu livro, que terá uma nova edição publicada daqui a alguns meses, pretende oferecer um panorama geral da neurociência contemporânea. Minha expectativa é que seja útil a todos - pais, professores, psicólogos, médicos e ao público em geral. ER – O senhor escreveu uma série de livros direcionados a crianças de 8 a 12 anos, que ensinam neurociência numa linguagem acessível e estimulam a curiosidade acerca do funcionamento do cérebro. É possível, então, aprender neurociência na infância e tirar proveito destes conhecimentos? Lent – É possível aprender tudo, na infância. Só é necessário encontrar as melhores maneiras de passar a informação às crianças. O mais difícil é aprender a aprender. ER – Quais são os principais benefícios para as crianças que têm acesso a essas informações? Lent – O maior benefício é incorporar dados sobre suas possibilidades de atuação no mundo. Preparar-se para a vida adulta com uma amplidão de conhecimentos. É o que chamamos de cultura. ER – O cérebro impõe limites para o aprendizado? Como fazer melhor uso da sua capacidade no dia a dia? Há uma fórmula (de estímulo cerebral) a ser seguida? Lent – Infelizmente não há fórmulas. Há pessoas que aprendem com muita disciplina, outras que aprendem desordenadamente. Algumas precisam de extremo silêncio para ler, outras o fazem com a televisão ligada. Esses diversos estilos é que fazem a beleza da diversidade humana. nov/dez 2009 – www.sinepe-rs.org.br

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Escola de Ensino Fundamental São Benedito 100 anos de história

GRANDE festa marcou os cem anos da instituição

A ESCOLA nos dias de hoje

A Escola de Ensino Fundamental São Benedito, de Bagé, foi fundada no dia 1º de setembro de 1909, por Luciana Lealdina de Araújo, a Mãe Luciana, que concretizou seu sonho de acolher e educar crianças carentes. Depois de dez anos na direção da instituição, já idosa e cansada, entregou-a aos cuidados das Irmãs do Imaculado Coração de Maria – Sociedade Educação e Caridade, que dariam continuidade ao seu projeto. Dinamismo e constante adequação ao longo desses cem anos, conforme os desafios de cada época, são objetivos da Congregação. Inspirada na Mística de Bárbara Maix, a escola motiva educadores e estudantes a “ser” e “fazer” através da valorização das pessoas e do respeito à individualidade, oportunizando a formação integral e o desenvolvimento das habilidades, dos valores éticos, morais e espirituais essenciais à formação humana e cristã. Com a missão de atuar na educação, saúde, assistência social e na pastoral, defendendo e promovendo a vida, a inclusão social SÃO BENEDITO, em 1957

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e o exercício da cidadania, hoje a Escola de Ensino Fundamental São Benedito atende a 450 estudantes da educação infantil às séries iniciais do ensino fundamental. “Completar cem anos é uma dádiva. Fruto de um projeto educativo sério e de uma filosofia alicerçada nos princípios cristãos que fazem a Instituição ser conhecida e respeitada por toda a comunidade bageense”, destaca a diretora, Ir. Inês Terezinha Sangalli. Para marcar o centenário, a instituição promoveu uma grande festa, no dia 1º de setembro, com a participação de 850 pessoas, entre comunidade escolar, autoridades, irmãs, ex-alu-

SALA de aula na década de 50

nos, pais e educadores. A celebração e partilha do bolo teve como cenário um ambiente acolhedor, fraterno e alegre, cuidadosamente preparado para receber os visitantes.


O Educandário tornou-se uma segunda família “Em 1976 fui convidada a trabalhar como professora alfabetizadora no Educandário São Benedito. Professora em inicio de carreira, trabalhei com a saudosa e querida Irmã Blandina, o que foi para mim, sem dúvida, uma experiência extremamente gratificante, com a qual muito aprendi, pessoal e profissionalmente. Trabalhávamos com alunos de 1ª a 4ª série, que além da instrução curricular recebiam lições de limites, respeito e amizade. Fazíamos um sistema de rodízio ao longo do ano. Havia três turnos de 1ª série, com as professoras Irmã Blandina, Suemir e eu. Os cerca de cem alunos eram organizados por blocos e todos conheciam as três professoras. Assim, quando venciam uma etapa com uma professora passavam para a etapa seguinte com a outra professora. Aqueles que tinham maior dificuldade de aprendizado recebiam reforço permanente. Posso dizer que tínhamos ótimos

níveis de aprendizado, contando inclusive com muito boa estrutura física. Havia, também, o sistema de internato e semi-internato, mas somente para meninas de 7 a 16 anos. Na hora do recreio, os alunos eram separados por sexo e sempre supervisionados pelas irmãs, professoras e funcionários. O Educandário São Benedito tornouse, para mim, uma segunda família. Minhas filhas, hoje formadas e com famílias constituídas, lá cresceram, estudaram e tornaram-se professoras, sendo que uma delas fez o estágio supervisionado no educandário com uma turma de 1ª série. Hoje tenho um neto de 2 anos que, se morasse em Bagé, estudaria nesta escola, aprendendo os mesmos valores. Lembro com carinho os bons momentos lá vividos. Que saudades das Irmãs Monica, Blandina, Dirce, Silvia, Filomena, do senhor Francisco, que cuidava da horta. Sim, tínhamos horta, vários pátios, refeitório amplo e arejado, auditório, enfim, tudo que uma boa escola pode e deve oferecer de conforto e

MARIA Helena e o neto Felipe

segurança para as crianças, adolescentes e para a comunidade que a cerca. Realmente o educandário São Benedito tem uma história de cem anos de amor voltado para a educação.” Maria Helena Zimmer da Silva

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Divulgação/ Colégio La Salle Santo Antônio

CRIANÇAS que ouvem muitas histórias e que conversam bastante estão mais bem preparadas para o processo de alfabetização

Neurociência contribui para melhores práticas no ensino Os novos modelos de avaliação no ensino colocam na mesa o que há muito vem sendo discutido: de que forma promover os processos de pensamento do aluno para uma aprendizagem eficiente e múltipla, que o torne apto a fazer relações entre informações e as situe numa rede mais complexa de significação. Novas descobertas da ciência contribuem para melhores práticas de ensino. Entre elas, o contínuo avanço da neurociência, que traz para dentro dos muros da escola novas possibilidades na prática pedagógica que podem resultar na efetiva qualificação da educação. A tecnologia, a velocidade da difusão da informação e do conhecimento e os novos padrões de consumo são alguns dos fatores que impactaram a forma como se estabelecem os relacionamentos interpessoais. Em razão disso, o professor encontra, hoje, um novo aluno na sala de aula que, apesar de inquietações, conflitos e motivações semelhantes aos dos alunos de anos atrás, não têm mais a escola como único ambiente de aquisição de conhecimento. 18 www.sinepe-rs.org.br – nov/dez 2009

Conforme o doutor em Neurociência e Comportamento pelo instituto de Psicologia da USP Fernando Louzada, para muitos alunos, a escola passou a ser, prioritariamente, um espaço de interação social. "Além disso, o universo 'caleidoscópico', não linear, dos meios digitais se contrapõe ao ambiente tradicional da sala de aula, cujas atividades são desenvolvidas a partir de uma sequência preestabelecida de conteúdos, sem a agilidade dos meios digitais", afirma. Ele observa que os alunos permanecem algumas horas por dia no computador, ouvindo músicas, vendo vídeos no Youtube, acessando os sítios de seus ídolos, trocando informações no Orkut, no MSN e por torpedos, no celular. "Não entro no mérito da profundidade ou da relevância dessas atividades, nem se isso é ou não é saudável, o fato é que são esses alunos que frequentam nossas salas de aula. Também não defendo a ideia de que as nossas aulas tenham que ser transformadas em um videoclipe caótico. Por outro lado, com o auxílio de estudiosos como Vygotsky, conhe-

cemos a importância do contexto social na formação da mente. A atividade mental é significativamente modificada pela utilização de recursos tecnológicos." Para a especialista em psicopedagogia Institucional, Didática e Educação de Ensino Superior Marta Pires Relvas, conhecer o processo da aprendizagem tornou-se um grande desafio para os professores, já que a sala de aula é um espaço que está sendo dessacralizado pela relevância das novas tecnologias no desenvolvimento do comportamento dos alunos. "É preciso reconfigurar a sala de aula e promover maior convergência dessas tecnologias como interfaces possíveis de manutenção das aprendizagens." Ela define o aluno como "sujeito cerebral", que argumenta, questiona e tem autonomia em aprender. "Esse sujeito precisa ser respeitado em suas singularidades, diante da pluralidade existente diante do professor. Devemos provocar o desafio nesse cérebro pensante, reflexivo, mas ao mesmo tempo permitir o diálogo com as emoções e afetos num


Xiru Sander Scherer/ Colégio Israelita

PAIS e professores devem estar atentos às mudanças e interagir

seguimos mostrar que o conhecimento trabalhado na sala de aula pode ajudá-los a entender melhor sua realidade, pensar a respeito de seus problemas." A mudança, no entanto, nem sempre é positiva. Susan sente que o professor, hoje, é, além de tudo, um motivador. "Ele tem que criar um motivo para o aluno querer prestar a atenção, quando, na verdade, essa é uma responsabilidade do aluno, em termos da estrutura ética." Está havendo uma inversão, conforme a diretora, e o modelo atual, praticado de uns 15 anos para cá, responsabiliza o professor pela aprendizagem do aluno. "Isso é um absurdo. Quem tem que aprender é o aprendiz. O professor pode ser cobrado por excelência no processo de comunicação, para poder transmitir os conhecimentos dele." Para Susan, a escola não está preparada para receber este aluno. "A área de educação não está preparada para formar educadores dentro desse modelo, e as escolas de pedagogia não estão preparadas para formar professores nesse modelo. Professor e educador são coisas diferentes. Educador forma o ser, lapida, passa pelo conteúdo ético, do ci-

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movimento do corpo que é o palco dessas reações." Marta acredita que a composição desse novo comportamento está na dimensão afetiva e emocional, e que os adultos são importantes na edificação do caráter e da personalidade, e na maturidade biológica do cérebro do aluno. "Pais, professores ou quem quer que esteja comprometido na transformação desse sujeito cerebral precisa estar atento às mudanças, não tentar competir espaços como muitos fazem e nem criar paradigmas ao novo, mas interagir e desenvolver, mais do que nunca, a escuta desse educando." A diretora do instituto de Pesquisas em Neuroeducação, Susan Leibig, tem outra percepção: de que os meios de comunicação e as novas tecnologias "estimulam tanto de fora para dentro que as pessoas ficam dependentes deste estímulo. Não sabem mais se autoestimular". Na prática, o aluno chega à sala de aula e espera que o professor tenha a postura de entertainment. "De 40, 50 anos pra cá, ele vem deixando, aos pouquinhos, de lado o perfil de aprendiz, que está aberto, busca aprender, que é curioso, interessado e dedicado, para assumir a postura de alguém que vai ser entretido", afirma Susan. E a escola está preparada para receber este novo aluno? Louzada acredita que as escolas, juntamente com seu corpo docente, estão em processo de mudança. "Tenho assistido a muitos avanços. Assim como queremos que os alunos entrem no 'nosso mundo', que estejam preparados para a vida, temos que observar o mundo onde vivem. Não tenho e não pretendo ter um perfil no Orkut, mas devo saber o que é isso. Não uso o MSN, mas tenho que saber como os alunos o utilizam. Ao mesmo tempo, preciso mostrar aos alunos que utilizo os recursos tecnológicos da internet para buscar artigos, imagens, informações. Esta talvez seja a melhor forma de ajudá-los a utilizar estes recursos de forma adequada. Assim con-

ENEM é uma das alavancas da mudança nas estratégias de ensino

vismo, das parcerias. E o professor ensina conteúdos de que todos precisam para conviver em grupo, ter sucesso e criar as sinapses cerebrais que são necessárias para processar as emoções com as quais o indivíduo entra em contato no dia a dia." Já é sabido que a transmissão do conhecimento que torna o aluno passivo no processo, que Paulo Freire chamava de "educação bancária", não funciona. Torna-se, portanto, fundamental que o processo ensino-aprendizagem seja exaustivamente discutido, que divergências sejam expostas, experiências sejam feitas e documentadas, para que descubramos as melhores alternativas. Sabemos o que não deve ser feito, mas ainda não está claro o que e como devemos fazer. A influência do conteúdo emocional sobre a aquisição do conhecimento é um aspecto importante. "Eventos que provocam muita dor, sofrimento ou prazer são priorizados pelos nossos sistemas de memória. O problema é que muitas vezes o conhecimento acadêmico, necessário para a formação do aluno, não 'emociona'. Para emocionar, temos que conseguir mostrar ao aluno, constantemente, o que aquele conhecimento tem a ver com a vida dele. É um desafio", alega Louzada. Segundo ele, no passado aprendia-se mais porque havia menos liberdade para se "rebelar" e aceitava-se que era necessário saber tudo aquilo, mesmo sem "emoção". "Atualmente, em um ambiente de maior liberdade, precisamos 'convencer' os alunos e ainda enfrentar a 'concorrência' dos recursos tecnológicos." O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma das alavancas da mudança nas estratégias de ensino, que abre mão do excesso de conteúdo e da exigência da memorização excessiva, resquícios do tempo em que as informações não estavam disponíveis nos meios diginov/dez 2009 – www.sinepe-rs.org.br

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A INTERVENÇÃO pedagógica é capaz de promover processos de pensamento

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escola, segundo ela, é o espaço para se dialogar, pois é nela que o sujeito cerebral é colocado frente ao pensar e aprender a pensar. "A escola e os seus atores têm que ter esse entendimento, responsabilidade e o comprometimento nesse processo." O conhecimento oriundo da neurociência nas últimas décadas permitiu melhor compreensão do que acontece no cérebro quando se aprende, qual o papel das emoções na aprendizagem, que alterações de funcionamento cerebral estão associadas aos transtornos ou distúrbios de aprendizagem e qual o papel do sono no processo, por exemplo. "Frequentemente professores constatam que muitas ideias apenas confirmam aquilo que observamos em nossa prática cotidiana", diz Louzada. Aprende-se com todo o cérebro. "Os

Daiane Evangelista/ Colégio La Salle São João

tais. A crítica à memorização não é em razão da sua pouca importância, alerta Louzada. "A memorização, particularmente esta memória que é mais explorada nas avaliações, a memória declarativa, é um processo essencial para a aprendizagem. Mas há um desequilíbrio. Os recursos tecnológicos são ótimos para obtenção de informações, mas tenho dúvidas se por meio de sua utilização algumas habilidades operatórias são desenvolvidas." Para ele, a tecnologia oferece a possibilidade de priorizar o trabalho com outras habilidades, desenvolver outras potencialidades dos alunos, respeitando os interesses de cada um e, dado que as informações podem ser guardadas e acessadas a qualquer momento, de qualquer computador, de qualquer lugar, não faz sentido obrigar os alunos a decorar o nome de todos os ossos do corpo. Mais do que memorizar, é necessário verificar se o aluno sabe como obter a informação de forma rápida e confiável quando necessitar dela. O bom aluno não é aquele que somente responde a perguntas, mas aquele que as elabora. Deve-se, sim, criar espaços efetivos para a reflexão e discussão de perguntas que os alunos, não os professores, fazem. "Essas mudanças não ocorrem num piscar de olhos, temos que oferecer tempo e condições para que professores as incorporem." Marta alerta que o professor continua tentando transmitir dados sem significado, que não provocam no cérebro de recompensa do seu educando o prazer de aprender. "O professor precisa fazer valer o uso de recursos não necessariamente tecnológicos, mas da extensão do próprio corpo que é a principal ferramenta de aprendizagem. Este é o momento perfeito de conhecimento do corpo físico, psicológico, social e planetário que envolve a complexa teia da construção epistemológica do humano." A

sentidos biológicos são as vias de conexão interna e externa do corpo humano, dessa maneira essas transmissões têm suas particularidades", explica Marta. O cérebro é estruturado em áreas específicas denominadas de hemisférios cerebrais, unidos por uma estrutura conhecida como corpo caloso, de fundamental importância para as trocas de informações inter-hemisféricas. Cada hemisfério é subdividido em lobos com especificidades diferenciadas no processo de recebimento das informações que chegam ao cérebro. Elas perpassam por fibras nervosas e são levadas a uma área interna do cérebro chamada tálamo, que funciona como um aeroporto - há chegada das informações e estas, depois, são distribuídas aos locais responsáveis para cada processamento. Rapidamente essa estrutura aciona o sistema de recompensa e as áreas do hipocampo (responsável em armazenar memórias), a fim de realizar um circuito que provoque o reconhecimento daquela informação. Quando o estímulo já é conhecido do sistema nervoso central, desencadeia uma lembrança. Quando o estímulo é novo, desencadeia uma mudança. "Penso que dessa maneira torna-se mais fácil compreender a aprendizagem do ponto de vista mais neurocientífico. Por isso é que hoje toda a questão de aprender tornase inesgotável, pois temos várias maneiras de aprender pelos circuitos neurais e diferentes maneiras de ensinar", afirma Marta. Aprende-se com as trocas de saberes, por vias diretas ou indiretas. É necessário atualizar-se no processo das novas aquisições das aprendizagens e despertar nos alunos a capacidade de pensar aliada às novas tecnologias. Não

ESCOLA passou a ser, para muitos alunos espaço de interação social


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faz sentido provocar competições entre o antigo e o novo paradigma da educação. Não se joga fora o que já foi feito, mas sim se avança frente às novas criações. "A aula tem que ser prazerosa, bem-humorada, elaborada e organizada estrategicamente, a fim de atender os movimentos neuroquímicos e neuroelétricos do aluno em cada minuto de duração da aula. O cérebro é ávido em novas situações e propostas", assegura Marta. Louzada declara que há controvérsias no meio acadêmico a respeito do estabelecimento de conexões diretas entre neurociência e educação, por meio, por exemplo, da adoção de práticas pedagógicas baseadas no conhecimento do funcionamento cerebral - como a Brain-based Learning. "Creio que nesse tema estou situado numa posição mais cautelosa, no sentido de acreditar que há um enorme potencial, mas essa transposição deve ser feita com cautela, a partir da incorporação gradual dessas ideias e conceitos pelos educadores, para que os mesmos adquiram autonomia para modificar sua prática." O cérebro é formado por dezenas de bilhões de neurônios que, conectados, formam as redes neurais. Ações, emoções, pensamentos e qualquer outro comportamento está associado à ativação de algumas destas redes. Ao aprender, modificam-se essas redes, reforçando a conexão entre determinados neurônios. Modifica-se, portanto, o funcionamento cerebral. "Um aspecto fascinante desse processo é que as conexões entre os neurônios começam a se formar durante a vida embrionária. Alguns meses após o nascimento, já estamos com uma quantidade enorme de conexões formadas. Em algumas regiões do cérebro em número maior do que aquelas que teremos quando adultos. Isto significa que durante a vida criamos novas conexões entre os nossos neurônios, mas perdemos muitas daquelas que já estavam presentes nos primeiros meses de vida", fala Louzada. A perda ou a manutenção das conexões entre os neurônios depende da utilização ou não daquelas redes. "Quanto mais utilizamos, mais reforçadas elas ficam, mais facilmente são ativadas. Este fato nos permite compreender melhor a importância da estimulação da criança nos primeiros anos de vida." Quanto maior o número de estímulos, melhor. Tudo depende dos processos que são desencadeados por esses estímulos, que redes neurais estão sendo reforçadas. Daí a necessidade de saber que estímulos são mais adequados, levando-se em consideração o amadurecimento cerebral. "Algumas áreas cerebrais, por exemplo, são muito importantes para o processamento da linguagem escrita e também estimuladas pela linguagem oral. Crianças que ouvem muitas his-

SÃO necessários trabalhos que provoquem desafios, como utilizar o espaço fora da sala de aula

tórias e que conversam bastante estão mais bem preparadas para o processo de alfabetização. Pais e educadores sabem disso há muito tempo, mas hoje se entendem melhor os processos cerebrais subjacentes, permitindo uma melhor compreensão das alterações que ocorrem no funcionamento cerebral em determinados distúrbios de aprendizagem", explica Louzada. As limitações para o processo de disciplinamento também estão em pauta. Susan alega que como crianças e adolescentes fazem construções neurológicas e criam modelos de mundo próprio deles, precisam de uma condução para que essas matrizes de inteligência sejam construídas com o limite, "para saberem até onde vai o espaço deles, e quando estão invadindo o espaço alheio. Hoje em dia isso é pouco trabalhado". Em relação às dificuldades ou distúrbios de aprendizagem, o conhecimento neurocientífico contribui para a elaboração de hipóteses explicativas para a gênese dos mesmos, hipóteses que têm fornecido a base para tratamentos preconizados pela área médica. Atualmente existem técnicas que possibilitam a identificação de quais áreas cerebrais estão mais ativas durante o desempenho de determinadas tarefas. "Dessa maneira, sabemos quais áreas são mobilizadas na resolução de problemas, na leitura e na escrita. Da mesma forma, é possível identificarmos alterações no funcionamento cerebral que estão associadas a distúrbios de aprendizagem", afirma Louzada. O transtorno do déficit de atenção, por exemplo, está associado a uma redução na atividade das áreas pré-frontais do cérebro. "A identificação dessa redução não significa que ela seja a causa do transtorno, mas permite o desenvolvimento

de intervenções baseadas nessa evidência." "Bom esclarecer que uma dificuldade não implica necessariamente um transtorno. A dificuldade pode ser superada com profissionais especializados", assegura Marta. Ela acredita que a importância da relação desses com aprendizagem, hoje, se deve ao fato de o sucesso do indivíduo estar ligado ao bom desempenho escolar. "Por isso, um número cada vez maior de crianças são assistidas por neuropediatras, psiquiatras, psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos. O transtorno é considerado uma patologia, implica comprometimentos neurológicos, comportamentais e prejuízos sociais nas relações humanas e nos vínculos afetivos." As dificuldades de aprendizagem não estão ligadas apenas aos sistemas biológicos cerebrais. Podem ser causadas por problemas passageiros, como um conteúdo escolar que nem sempre oferece à criança condições adequadas para o sucesso. Também por dificuldades, como a separação dos pais ou a perda de alguém, que podem acarretar problemas psicológicos, comportamentais, falta de motivação e baixa autoestima. Podem, ainda, ser secundárias para outros quadros avaliados, tais como alterações das funções sensoriais, doenças crônicas, transtornos psiquiátricos, deficiência mental e doenças neurológicas. As doenças neurológicas mais frequentes que causam dificuldades de aprendizagem são paralisia cerebral, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e dislexia, que trazem um comprometimento social muito grande. A contextualização é de extrema importância para a aprendizagem. Mas para que um novo conhecimento seja incorporado ao já consolidado, a nova rede neural que o representa tem que se ligar a redes neurais já existennov/dez 2009 – www.sinepe-rs.org.br

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Xiru Sander Scherer/ Colégio Israelita

tes. "Em outras palavras, o novo conhecimento tem que ser ancorado em uma estrutura preexistente. Esta ancoragem é facilitada na medida em que existam relações entre o novo conhecimento e a realidade do aluno, sua experiência prévia", diz Louzada, explicando que se este conhecimento possui um "colorido emocional", a consolidação é facilitada ainda mais. A intervenção pedagógica é capaz de promover processos de pensamento, fazer a relação entre as informações e situá-las numa rede mais complexa de significação, desde que planejada com este objetivo. A doutora em educação Elvira Lima afirma que considerando a aquisição dos conhecimentos formais na escola, somente a ação pedagógica pode levar ao desenvolvimento dos processos do pensamento. "Igualmente, somente através de propostas que considerem o registro, a elaboração, o questionamento, a pesquisa e a reflexão como eixos de trabalho com as informações pode-se levar os alunos à integração dos novos conhecimentos e à formação de memórias de longa duração." Ela alerta que esta ação deve envolver professores e gestores da escola. Para que haja eficiência na docência é necessária a parceria entre os adultos educadores na escola. "Todos são responsáveis pela formação dos alunos. Componentes curriculares como a organização do tempo e do espaço na escola não dependem somente dos professores e do trabalho em sala de aula. Muitas vezes há necessidade de utilizar outros espaços da escola e elaboração de cronogramas e, para tanto, o envolvimento de todos é imprescindível", assegura. As atividades dependem da proposta pedagógica da escola, com quais teorias de desenvolvimento e da inteligência ela trabalha. Marta aponta trabalhos que provoquem desafios, como utilizar o espaço fora da sala de aula, reconhecendo plantas e animais, criar projetos de leitura e escrita, ajudar os alunos a preparar discursos, despertar para os debates, e elaborar palavras cruzadas. As possibilidades são múltiplas: reescrever letras de músicas para trabalhar conceitos, fazer jogos de estratégias, utilizar informações em gráficos, estabelecer linhas do tempo, proporcionar atividades de movimentos, desenhar mapas e labirintos, conduzir atividades de visualização, jogo de memória. Importante é "permitir o trabalho no ritmo de cada um, designar projetos individuais e direcionados, estabelecer metas, oferecer oportunidades de receberem informações uns dos outros e envolver em projetos de reflexão, utilizando-se de aprendizagem cooperativa", diz Marta. Conforme Elvira, as atividades de estudo, ou seja, as atividades humanas necessárias

MAIS do que memorizar, é necessário verificar se o aluno sabe como obter a informação

para a apropriação de conhecimentos sistematizados ou conhecimento formal promovem o desenvolvimento de pensamentos mais abrangentes. "Conhecimento formal engloba todas as ciências, as artes e os sistemas simbólicos. São exemplos a escrita, a linguagem matemática, a escrita musical. Estas atividades envolvem observação, registro e organização dos dados, elaboração do relato e realização de um produto final que se destina à comunicação do estudo realizado. São os comportamentos básicos de pesquisa." Ela explica que, a partir destas ações, o aluno se apropria, também, da metodologia e, com isto, tem possibilidades de mobilizar a imaginação. Com a imaginação se aprende e se cria. "Podemos ressaltar neste processo a importância da pergunta. Elaborar perguntas que levem à aprendizagem é um dos maiores desafios da docência." Além de ampliar os conhecimentos mentais de pensamento e desenvolver a capacidade de relacionar fatos entre si, a educação escolar tem um novo desafio: formar mentes que possam responder às constantes mudanças. Louzada fala na plasticidade neural. "É a capacidade do nosso cérebro de se ajustar a mudanças, criar novas conexões, inventar novos caminhos. Temos que explorar este potencial. No momento em que

deixarmos de priorizar a chamada inteligência cristalizada (o conhecimento acumulado) para desenvolvermos a inteligência fluida (que envolve as habilidades do pensamento), estaremos contribuindo para que os nossos alunos se adaptem a mudanças, sejam autônomos para o estudo e a pesquisa." Elvira acredita que o princípio básico é estabelecer desde o início da escolarização uma relação com o conhecimento que desperte a curiosidade e inclua várias maneiras de se olhar um mesmo fenômeno. "Revelar para a criança as possibilidades de abordagem de um mesmo conhecimento, as diversas formas de estudar, as alternativas para organização e relato do que se está estudando e incentivar a busca de soluções próprias a situações-problema fazem parte de uma docência que motiva e provoca a reflexão." A flexibilidade do pensamento, segundo ela, é necessária para responder às mudanças, assim atividades que envolvam a imaginação e o humor são muito importantes, uma vez que propiciam vias novas na relação entre os fatos e as informações. "Acredito que a educação deverá passar por uma revolução, em que o foco será a mente humana, o cérebro, a consciência, e trabalhar o ser humano enquanto um ser que está se desenvolvendo e buscar a excelência nesse desenvolvimento", afirma Susan. "O modelo educacional vai evoluir. Estamos num período de transição. Ainda dentro do modelo velho, mas com roupagens novas." Para Elvira, o desafio que se coloca hoje ao professor "envolve a pessoa que ele é: cuidar da educação da própria sensibilidade, estar aberto às novas tecnologias, ocupar um pouco de seu tempo com a literatura e as artes, e estudar continuamente fazem parte, estruturalmente, da formação continuada do ser humano adulto que se dedica a educar as novas gerações". O presidente do SINEPE/RS, Osvino Toillier, considera que não é só o conteúdo que está em jogo na aprendizagem. "A função do professor nunca foi só cognitiva. Ele tem função mágica, de fazer o aluno se apaixonar por aquilo que ele precisa aprender. Cabe ao professor descobrir caminhos poéticos para despertar nos alunos o desejo."

ERRATA – A foto em destaque, publicada na página 21 da Educação em Revista nº 76, é do Colégio Marista Rosário, que desenvolveu um projeto específico para valorizar a participação dos estudantes e professores no Enem.


Novo modelo de gestão faz renascer as IES As instituições de ensino superior (IES) estão mudando seu perfil. Há pelo menos dez anos estão aumentando em número, especialmente as de ensino privado, e recebendo alunos que não têm mais condições de pagar o preço até então praticado. Enquanto o governo deu a oportunidade para que novas instituições abrissem as portas, como um estímulo para que mais jovens tivessem acesso ao ensino superior, a queda de matrículas no ensino secundário privado já preocupava os gestores, que começavam a enfrentar problemas de excesso de oferta. Conforme o doutor em gestão estratégica de custos Carlos Diehl, essa situação afetou o equilíbrio econômico-financeiro de muitas IES, notadamente aquelas que haviam feito apostas mais altas, seja no crescimento de número de alunos ou em infraestrutura. "Em geral, aquelas que já tinham caráter de universidade ou haviam recentemente adquirido este status foram as que mais sentiram o efeito dessa crise. As mais comedidas, mesmo correndo o risco de serem ultrapassadas em porte ou qualidade,

acabaram beneficiadas por sua parcimônia." Entre perdas maiores e menores, instaurava-se uma nova realidade, que obrigava aquelas que tinham o objetivo de permanecer no mercado a mudar sua postura. Frente à ameaça, e em busca de equilíbrio, essas instituições passaram a dar atenção a aspectos de gestão antes desprezados. O novo desafio é a melhoria de aprendizagem com sustentabilidade, explica o presidente da Hoper Consultoria, Ryon Braga: "Melhorar a qualidade com custos menores". A demanda das classes A e B, que podiam pagar mais, caiu, enquanto que a das classes C e D aumentou, mas por universidades e cursos mais baratos. "As instituições que queriam continuar crescendo tiveram de se adaptar a esse novo perfil de público com valor aquisitivo menor. Em 1996, a mensalidade no Brasil, trazida a valor presente, era de R$ 840,00, hoje é de R$ 457,00. Essa diferença levou a uma competitividade muito maior e à necessidade de readaptação", afirma Braga. Para Diehl, esta nova fórmula conferiu

maior clareza ao mercado de ensino superior e mostrou a necessidade, "ainda que inconscientemente assumida", de que as IES estabelecessem seu posicionamento. "Hoje há maior estabilidade no mercado, salvo algumas aquisições e fusões, como as da Anhanguera e da Estácio de Sá, gerando certa consolidação de operações. É possível que a entrada de novas IES 'genéricas' seja bastante difícil, mas talvez ainda haja espaço para ofertas segmentadas, em nichos." Ele acredita que três estratos de IES estão se consolidando: de excelência, em número muito pequeno, das grandes diplomadoras de qualidade e um mais voltado para baixo preço. "Há claro, que se considerar o crescimento do ensino a distância, que deve afetar a estrutura do setor", alega. As universidades particulares passaram, então, a ter uma forma própria de trabalhar, diferente do modelo praticado desde o seu surgimento, baseado naquele da universidade pública. Um exemplo dessa diferença é a carreira do professor universitário, explica Braga. "Na universidade pública, ele vai subindo à medida

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que obtém títulos, modelo de carreira que não se adapta ao setor privado, que deve ter um plano que permita o controle do número de professores em cada Estado, em cada fase. A universidade privada não pode se dar ao luxo de ter todos os professores doutores com 40 horas." Um equívoco cometido com frequência em várias organizações, incluindo as IES, é que a redução inteligente de custos não se dá barateando recursos, mas aumentando sua produtividade. Um giz mais barato pode ser mais caro, se render menos. Esse raciocínio vale para praticamente todos os recursos. Outro aspecto importante, segundo Diehl, é conseguir identificar os produtos (cursos e demais serviços) e clientes mais lucrativos. "Para isso, conhecimento de mercado, derivado de gestores capacitados e pesquisa de marketing, é fundamental. Deve-se salientar, também, que muitas IES têm condições de buscar recursos financeiros não somente com a venda de cursos. Assessorias, editais públicos e privados, consultorias, serviços à comunidade e doações são fontes ainda pouco exploradas", observa. Não há um método mais eficaz, assegura Diehl. "Depende dos recursos a serem otimizados e dos objetivos. Mas iniciar pela gestão de processos é uma boa pedida. Em geral, o mapeamento de processos indica várias oportunidades de melhorias, tanto em custos quanto em qualidade. A partir disso, a automatização de processos, a inserção de recursos tecnológicos e a qualificação de pessoal podem trazer ganhos consideráveis." No entanto, o uso de filosofias de gestão, como a Qualidade Total ou de ferramentas como SeisSigma ou Balanced Scorecard, tem que estar atrelado à estratégia da instituição. Apostar em redução de custos sem ter ideia dos objetivos estratégicos pode inviabilizar a IES no longo prazo, se, por exemplo, minar sua principal competência. 24 www.sinepe-rs.org.br – nov/dez 2009

Garantir a eficácia não é simples, já que a fórmula para o cálculo da mensalidade é, hoje, inversa àquela de uma década atrás. Antes, partia-se do custo, que, acrescido de certa margem de lucro, resultava no valor a ser cobrado. Então os investimentos em melhorias incidiam diretamente na mensalidade. Hoje, a mensalidade é 'dada'. "É o contrário. Quanto o mercado paga? A partir disso, cada nova ação é calculada para que se avalie o quanto significa em relação à melhoria do ensino-aprendizagem comparada ao custo. Buscam-se ações mais efetivas na qualidade com menor custo", explica Braga. Para ele, o segredo é levar a estrutura de gestão que a instituição mantinha na parte administrativa para a área acadêmica. "A universidade é modernizada nos seus sistemas: TI, cobrança, marketing. Tudo o que ela conquistou na organização deve passar para a estrutura acadêmica, que deve saber qual é a melhor forma de cobrar inadimplentes, de fazer uma campanha... Usar a mesma metodologia, mas na estrutura acadêmica." Não são todos que conseguem. O caráter empresarial no setor de ensino se iniciou, no Brasil, em função da concorrência. "Independentemente de a instituição ter ou não fins lucrativos, embora sejam essas que, ao aderir a um novo sistema de gestão, estão obtendo os melhores resultados", assegura Braga. O volume de investimentos não é mais ponto de conflito. "É possível investir sem um grande volume de recursos. Isso já foi desbancado há muito tempo. Investia-se em infraestrutura, prédios, laboratórios. Isso continua a ser importante, mas a maior preocupação, hoje, é a qualificação efetiva do corpo docente", observa. "Professores preparados para lidar com um novo perfil de aluno e agregar mais valor ao seu aprendizado. Este é o foco interno." Externamente, é importante mostrar o diferencial que a instituição agrega para a forma-

ção e a empregabilidade do aluno. "Algumas instituições estão se preocupando em ouvir o mercado para definir seus currículos." O desequilíbrio entre as áreas administrativa e pedagógica é, para Braga, um entrave. "É a maior preocupação da universidade. Falta diálogo entre essas duas áreas. O pedagogo deve ter uma visão de gestão, e o administrador, conhecer um pouco mais de educação para que eles aprendam a conversar", alega. A saída, segundo Braga, é promover a formação conjunta desses profissionais, um planejamento para que não se cobrem dos acadêmicos somente resultados acadêmicos e do administrador somente resultados administrativos. "Exigir que o coordenador de curso responda pelo resultado da evasão ou da captação de alunos e o gestor responda pela qualidade do ensino", explica. A integração do planejamento e das metas e a responsabilidade global fazem parte da nova fórmula. Para Diehl, é preciso perder um pouco do preconceito com a questão da gestão. "Até há pouco tempo, palavras como mercado, gestão e lucro eram tabus nas IES." E a dificuldade de diálogo entre essas áreas não é exclusividade dessas instituições. "O pessoal da área pedagógica precisa compreender que a gestão é o que permite manter a IES operando, dá o suporte para a educação. Por outro lado, o pessoal administrativo precisa ver a área pedagógica como a geradora de valor para a IES – é lá que o serviço acontece, onde ele é vendido e realizado." Braga acredita que outro quesito que responde pelos bons resultados e crescimento das IES é a transparência. "Quando o coordenador não sabe quanto custa o curso, é muito mais difícil de obter resultado." Mas isso exige uma mudança ainda maior de mentalidade, que compreenda os benefícios da transparência e os use para otimizar ainda mais os resultados.


“A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo” (Nelson Mandela)

Alunos do Marista Roque lançam livro de poesias Os alunos do ensino fundamental do colégio Marista Roque, de Cachoeira do Sul, lançaram o livro de poesias "A paz de A a Z", resultado de um projeto desenvolvido no início do ano letivo que busca proporcionar momentos de reflexão sobre a Campanha da Fraternidade de 2009. O trabalho baseia-se na releitura do livro "Batalhão das Letras", de Mario Quintana. As atividades tiveram início na Biblioteca Roque Gonçalves, onde os alunos participaram da hora do conto. A seguir, cada aluno recebeu uma letra do alfabeto, com a qual criaram versos relacionados à paz. A tarefa seguinte do projeto foi a edição e a ilustração dos versos no Laboratório de Tecnologias. O lançamento ocorreu na 25ª Feira do Livro de Cachoeira do Sul, com sessão de autógrafos. REFLEXÃO sobre a fraternidade é o enredo da obra

JMJ é destaque em gincana da Unijuí

INTEGRAÇÃO da 3ª série com o Lar Adventista

O Colégio Jesus Maria José, de Palmeira das Missões, participou da Gincana 'Minha escola é dez', organizada pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí). O objetivo era promover a integração entre Universidade, escolas e alunos do ensino médio por meio de atividades socioeducacionais e recreativas. A 3ª série do ensino médio se classificou com o 4º lugar na etapa final. A união entre colegas e a integração para desenvolver as atividades da gincana foram fundamentais para vencer cada etapa. O trabalho voluntário convida à participação comunitária, desperta uma consciência de deveres, e mais: o senso de pertencer à coletividade. Ao tomar consciência dos problemas de um determinado bairro, o jovem exercita a reflexão, a análise e a capacidade de buscar soluções. nov/dez 2009 – www.sinepe-rs.org.br

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Colégio Santa Teresa de Jesus é bicampeão do Festival de Música do COEP O ensino privado mais uma vez foi destaque no V Festival de Música do COEP, que teve como tema "Os 8 Objetivos do Milênio". O Colégio Santa Teresa de Jesus, de Santana do Livramento, foi bicampeão, com a canção "Nós do pampa". O segundo lugar ficou com o Colégio La Salle Dores, de Porto Alegre, com a música "Quero paz", e o terceiro lugar foi para a escola estadual Visconde, de São Leopoldo, com a canção "Chega". O evento ocorreu no dia 30 de outubro, na Assembleia Legislativa, em Porto Alegre. O título de estudante revelação foi para a aluna Juliana Marangoni, do Colégio Marista Assunção, de Porto Alegre, com a música "Nasce vida". O prêmio de melhor letra foi para Victoria Borges, aluna do Colégio La Salle Dores. A instituição também ganhou melhor torcida da Capital. A rede privada de ensino também esteve representada pela Escola Nossa Senhora de Fátima, de Sapucaia do Sul, pelo Colégio

Cenecista Mário Quintana, de Encantado, e pelo Instituto de Educação Ivoti, do município de Ivoti. Alunos de 5ª a 9ª séries de escolas públicas e particulares foram desafiados a tra-

balhar o tema, debatendo, pesquisando, vivenciando a realidade e elaborando letra e música para concorrer no festival. O SINEPE/ RS integra a comissão organizadora do concurso.

INSTITUTO de Educação Ivoti

ESCOLA Nossa Senhora de Fátima

COLÉGIO La Salle Dores

COLÉGIO Marista Assunção

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COLÉGIO Santa Teresa de Jesus

COLÉGIO Cenecista Mário Quintana


Ação pelo respeito à faixa Estudantes do 2° ano do ensino médio do Colégio Vicentino Santa Cecília, de Porto Alegre, distribuíram panfletos para orientar pedestres e motoristas sobre a faixa de segurança. A ação foi pensada depois que uma mulher foi atropelada sobre a faixa numa rua próxima à escola. O acidente aconteceu em setembro, quando um carro não identificado bateu atrás de dois veículos que haviam parado para a senhora, de 41 anos, que fez o novo gesto solicitando passagem para atravessar a faixa de segurança. A campanha da Prefeitura de Porto Alegre, que incentiva os pedestres a estenderem o braço quando têm intenção de passar sobre a faixa de segurança, motivou a campanha interna na escola. O material foi elaborado nas aulas de matemática, história e biologia do 2° ano do ensino médio. ALUNOS foram às ruas para conscientizar motoristas

Sagrada Família recebe selo Escola Solidária A Escola Sagrada Família recebeu o selo Escola Solidária 2009 – um reconhecimento às escolas de educação básica que desenvolvem projetos de voluntariado – com o projeto Amigos do Meio Ambiente. É uma iniciativa do Faça Parte Instituto Brasil Voluntário, em parceria com Unesco, OEI, Unicef, Undime, Consed e Ministério da Educação. O Projeto Amigos do Meio Ambiente tem como objetivo promover ações que conscientizem a população da importância de preservarmos nossos recursos naturais, como o reaproveitamento de material de sucata para confecção de brinquedos, que são doados para a Pastoral da Criança, o plantio de mata ciliar para recuperação das margens dos rios do município, a coleta seletiva na escola e a reciclagem de papel.

AMIGOS do meio ambiente promovem ações de conscientização

SEPARAÇÃO do lixo virou brincadeira

Pequenos cidadãos organizam ações voluntárias Por intermédio do projeto Tribos nas Trilhas da Cidadania, da organização não governamental Parceiros Voluntários, 11 alunos da Escola de Ensino Fundamental Caminho do Saber, de Caxias do Sul, formaram a Tribo Parceiros do Saber. Desde o início do ano, os jovens têm realizado ações voluntárias em prol da comunidade escolar e regional. Para coordenar a atividade do grupo, o representante da tribo, Eduardo Mossmann, 13 anos, da 7ª série, e a vice-representante, Meline Longhi de Mello, 11 anos, da 5ª série, participaram de um Curso de Capacitação de Líderes de Tribos, na Câmara de Indústria e Comércio de Caxias do Sul. Representantes e demais tribeiros passaram, então, a planejar e executar ações em benefício da sociedade, como um teatro de sensibilização sobre a importância de praticar voluntariado, uma campanha de arrecadação de alimentos e brinquedos e uma tarde de brincadeiras e muita diversão com os alunos menores da escola, que giravam em torno da separação do lixo e da limpeza da escola e da cidade. Os donativos e brinquedos arrecadados foram entregues à Creche Anjos Voluntários, próxima à escola. nov/dez 2009 – www.sinepe-rs.org.br

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Estudantes fabricam sabão para preservar Rio dos Sinos Os alunos da 7ª série B da IENH – Unidade Fundação Evangélica participaram do concurso "O Rio dos Sinos é Nosso", que teve como principal objetivo mobilizar os alunos e a comunidade a realizar ações pela sua preservação. Sabendo dos impactos causados pelo despejo do óleo de cozinha utilizado em frituras, foi idealizada a possibilidade de reaproveitá-lo fabricando sabão. Os alunos recolheram grande quantidade de óleo em casa, nas residências vizinhas e em restaurantes, e fabricaram o produto com o auxílio da professora Ana Paula Machado. "Os alunos puderam perceber a importância da ação para a preservação do rio e quanto o trabalho em equipe pode trazer bons resultados", ressaltou Ana Paula. Os sabões foram distribuídos às pessoas que doaram o óleo e à comunidade em geral. PRODUTOS foram distribuídos para a comunidade

Oficina ensina aos pequenos a arte da reciclagem Aprender como reutilizar papéis usados para fabricar coisas novas e ainda ajudar na preservação do meio ambiente foram algumas das descobertas feitas pelos pequenos da educação infantil do Colégio Marista São Pedro de Porto Alegre durante uma oficina de reciclagem promovida pelos integrantes do Espaço Criativo, um projeto de atendimento a portadores de necessidades especiais. Idealizada pela professora Ana Paula de Moraes, a atividade contou com a presença de Carla Cristiny Rocha, mãe da aluna Luisa de Azevedo, do nível 2, que trabalha no projeto. Com a ajuda de Luisa, as crianças puderam aprender como é feita a reciclagem do papel e conferir os produtos que resultam desta atividade.

CRIANÇAS descobrem os produtos que resultam desta prática

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FÍSICA e filosofia na formação de bons motoristas

Projeto de trânsito conquista prêmio da EPTC O projeto Velocidade, Leis de Newton e segurança no trânsito, realizado pelos alunos do ensino médio do Colégio Nossa Senhora da Glória, de Porto Alegre, conquistou o segundo lugar no II prêmio EPTC de Educação para o Trânsito, no dia 23 de outubro. O trabalho foi desenvolvido nas disciplinas de Física e Filosofia. Velocidade, distanciamento seguro necessário pelo tempo de reação humana, força de atrito de rolagem, força de atrito ao frear, força centrípeta na curva e Lei da Inércia são alguns dos conceitos explorados na realização do projeto, aliados à análise da realidade do trânsito e aos valores morais e éticos existentes entre os jovens, que permitem desenvolver o senso crítico quanto ao uso correto do automóvel. Os conhecimentos das leis da física somados ao respeito às leis de trânsito resultam em motoristas mais conscientes e solidários.


A nossa responsabilidade como cidadãos

ESTUDANTES doam brinquedos a instituições que abrigam crianças

Cuidado com o Planeta é tema de exposição do IENH Em outubro, o grupo de alunos da 3ª série C da IENH – Unidade Pindorama, que desenvolve o Projeto Green Agent, organizou uma exposição de arte na Biblioteca da escola com os trabalhos da artista plástica Maria Helena Bueno, que utiliza o lixo como matéria-prima para suas obras. Além disso, foram expostos materiais do Projeto de Educação Ambiental Apoema: brinquedos e materiais didáticos como fantoches, jogo da velha, bilboquê, pega pom pom, cai não cai, caminhões e carimbos feitos com materiais recicláveis. O Green Agent tem o objetivo de disseminar valores que conduzam a uma convivência harmoniosa com o ambiente, refletir sobre a ação do homem, buscar alternativas de mudanças e conscientizar a comunidade escolar sobre a importância da separação e reaproveitamento do lixo, e da economia de água e luz. Entre as atividades desenvolvidas no projeto estão seminários, palestras, visitas e a distribuição de um calendário ecológico no qual são divulgadas as datas importantes sobre o meio ambiente, com dicas dos alunos.

Em novembro deste ano, a sociedade gaúcha conheceu novas iniciativas que comprovam que dá pra mudar. É só começar. São os vencedores do Prêmio SINEPE/ RS de Responsabilidade Social e de Comunicação, que subiram ao palco neste começo de dezembro, na PUCRS, carregando consigo o sentimento de transformação social para serem homenageados e distinguidos por suas ações nas áreas de preservação e educação ambiental, participação comunitária, desenvolvimento cultural e público interno. Projetos locais, mas com valor de multiplicidade nacional. Em nosso Estado, centenas de iniciativas para valorizar e fortalecer a educação e a cidadania são conduzidas diariamente. Um exemplo é a Tribos nas Trilhas da Cidadania, ação de voluntariado jovem da ONG Parceiros Voluntários, que instiga estudantes do ensino fundamental e médio a realizarem por conta própria, e com orientação de um professor, projetos de voluntariado nas suas escolas ou comunidades. Tudo ocorre paralelamente às atividades escolares. Tribo organizada, projeto definido, é hora de se mexer. Nesse momento, eles provam que, quando a energia é bem direcionada, os resulta-dos positivos extravasam e acabam contagiando outros colegas, fazendo "cair a ficha" de que ajudar é bom e que colabora para o seu autodesenvolvimento, além do

desenvolvimento da comunidade. No contexto de mobilização juvenil para o voluntariado, o papel do educador, bem como o dos pais, é fundamental. Recentemente, na 55ª Feira do Livro de Porto Alegre, a ONG Parceiros Voluntários foi convidada pela Câmara do Livro para organizar uma série de oficinas com o enfoque de auxiliar o educador a conduzir seus alunos para uma maior participação social, envolvendo-os em ações solidárias e voluntárias. Trata-se de ferramentas para a formação de um jovem – e, após, um adulto – consciente da importância de seu papel na sociedade, com direito aos seus direitos, mas também sabendo do seu dever com seus deveres. Bons exemplos e ideias para melhorar o nosso país não faltam. O que carece são pessoas de boa vontade em colaborar nas pequenas ações do dia a dia. Seja na escola, no bairro, na comunidade ou na igreja, o importante é não esperar que o Governo ou que outra pessoa o faça. Quem assinala é Gandhi: "Quem quer fazer alguma coisa, encontra um meio. Quem não quer, encontra uma desculpa". Maria Elena Pereira Johannpeter Presidente Executiva (voluntária) ONG Parceiros Voluntários melena@parceirosvoluntarios.org.br

Jeito novo de resgatar valores Os alunos do ensino fundamental do Colégio Jesus Maria José, de Palmeira das Missões, têm feito descobertas relevantes sobre temas da atualidade nas manhãs de Formação. Nessa atividade, os estudantes buscam um novo modo de ver a

realidade e permitem que o ensino religioso tenha um caráter prazeroso. Pais, professores e profissionais da cidade também fazem parte da Formação, um meio pelo qual cada um pode plantar uma semente de cidadania.

FORMAÇÃO é um meio de plantar a semente da cidadania nov/dez 2009 – www.sinepe-rs.org.br

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Brinquedos de sucata em Farroupilha "As aventuras de Bambolina", do autor Michelle Iacocca, foi a fonte de inspiração de inúmeras atividades desenvolvidas com os alunos da 1ª série do ensino fundamental do Colégio Nossa Senhora de Lourdes, de Farroupilha. Ao recriar as aventuras da personagem e levar a boneca para casa, as crianças ficaram motivadas a consertar e a confeccionar brinquedos com sucata para doação e a fazer experimentos de reciclagem para a Feira de Ciências. A visita à Usina de Reciclagem do município também foi uma importante ferramenta de estímulo aos pequenos. VISITA à usina: importante ferramenta para os pequenos

Tecnologia é usada para fazer brinquedos Os alunos da 1ª série do ensino fundamental do Colégio Marista Roque, de Cachoeira do Sul, elaboraram um brinquedo a partir dos recursos de programação e robótica do Laboratório de Tecnologia. Eles foram desafiados a utilizar o Robokit para fazer um brinquedo de materiais reciclados. O Robokit, desenvolvido em parceria com Colégio Marista São Luiz, Senac e Unisc de Santa Cruz do Sul, é um recurso tecnológico criado para incentivar e introduzir a programação na educação básica. Promove o desenvolvimento do raciocínio lógico matemático por meio da programação e possibilita o desenvolvimento da capacidade de análise e síntese na busca da resolução de situações-problema, além de estimular a criatividade e o trabalho em equipe.

Reciclagem e literatura na Kinder Land No dia 6 de novembro foi realizada, na Escola Kinder Land, de Porto Alegre, a Feira Literária, que uniu reciclagem e literatura. A ideia surgiu a partir da construção de personagens com embalagens recicladas para a contação de histórias. As letras das embalagens despertaram a curiosidade dos alunos. Segundo a coordenadora da Educação Infantil, Juliana Oliveira dos Santos, a Feira Literária teve como objetivo mostrar os diferentes portadores de textos encontrados em materiais descartáveis e sua contribuição para o desenvolvimento da linguagem oral e escrita desde o berçário. O envolvimento de alunos e pais foi tão intenso que foi criado um espaço chamado Recicloteca, onde todos puderam participar das atividades, transformando o material que seria descartado numa peça de arte e de conscientização. 30

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RECICLAGEM faz parte do projeto tecnológico

Cultura Solidária no Monteiro Lobato A cada final de ano, o Colégio Monteiro Lobato, de Porto Alegre, promove uma grande campanha de arrecadação de brinquedos, que envolve toda a comunidade escolar. O trabalho é concluído com visitas a diferentes instituições que abrigam crianças em situação de vulnerabilidade social para a doação do material arrecadado. A ação integra o Projeto Cultura Solidária e tem como meta contribuir para um Natal mais alegre e humano na vida de outras crianças e jovens da cidade. Acreditar que é possível desenvolver na escola projetos voltados à cidadania e à ação social que beneficiem a qualidade de vida de outras pessoas tem sido um constante desafio para os alunos e profissionais do Monteiro Lobato. O Colégio oportuniza aos estudantes uma visão crítica e reflexiva da realidade, a fim de romper a cultura dominante de não solidariedade.

ESTUDANTES doam brinquedos a instituições que abrigam crianças


recorte e colecione

Tiradentes arrecada mais de uma tonelada para reciclagem A gincana Reciclando com o Tirinha, do Colégio Sinodal Tiradentes, de Campo Bom, mobilizou alunos da educação infantil à 4ª série, de 15 a 30 de setembro, e resultou na arrecadação de mais de uma tonelada de material para reciclagem. As turmas participantes conseguiram 694 kg de jornal, 260 kg de papelão, 107 kg de garrafas Pet e 32 kg de latinhas. Segundo a professora que coordenou a atividade, Silvania Freiberger, além do esforço na gincana, as equipes foram até o local de coleta do lixo e viram como funciona todo o processo da reciclagem e o seu resultado, tendo condições, assim, de valorizar mais o "lixo". Toda a sucata foi vendida e seu valor será revertido em melhorias no sistema de lixo do Tiradentes e numa festa para a equipe vencedora, a Cebolinhas Elétricas, da 3ª série do ensino fundamental.

Projeto Educação em Revista apresenta neste espaço exemplos de ações práticas na área socioambiental. Com o objetivo de facilitar o uso prático das ações relatadas, o leitor poderá recortar a seção.

Alunos de Estrela dão novo destino ao óleo de cozinha A Feira do Conhecimento do Colégio Martin Luther de Estrela foi espaço para desenvolver a criatividade e criar alternativas voltadas ao desenvolvimento sustentável da cidade. Ao conhecer os danos que o óleo de cozinha traz ao meio ambiente quando não reaproveitado, os alunos da 8ª série do ensino fundamental resolveram produzir sabão a partir deste material. A ideia deu tão certo que hoje a instituição tornou-se posto de coleta de óleo, em parceria com a empresa recicladora da cidade. "Sem saber que existem postos de coleta do azeite, as pessoas acabam descartando-o incorretamente, prejudicando, assim, não só o meio ambiente como suas próprias vidas", justifica uma das professoras coordenadoras do projeto, Alexandra Schwingel. O projeto Sabom começou com uma campanha de arrecadação do óleo de cozinha que iria para o lixo. Todas as turmas mobilizaram-se para trazer o material de casa, totalizando 34 litros. Com o material em mãos, os estudantes aprenderam a fazer o sabão e calcular o quanto esta pequena ação pode beneficiar o meio ambiente. A professora Clarice Hilgemann, que coordena o trabalho ao lado de Alexandra, explica que os 34 litros de óleo reaproveitado significam a não poluição, ou a preservação, de 34 milhões de litros de água, suficientes para o consumo de 34 pessoas ao longo de 14 anos de vida. Além disso, a medida evita enchentes, pois o azeite jogado na natureza tem o efeito de impermeabilizar o solo.

CRIANÇAS conheceram o processo de reciclagem

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A produção caseira também traz benefícios ao orçamento. O sabão comprado no mercado custa em torno de R$ 1,99 a barra, enquanto o caseiro sai por apenas R$ 0,21. A economia é de R$ 1,78.

Aprenda a fazer o sabão: Para cada barra, foram usados: - 4 litros de óleo (sem custo) - 2 litros de água (R$ 0,20) - 1 kg de soda cáustica (R$ 6,99) - 200 g de sabão em pó (R$ 0,79) - filme plástico (R$ 1,00) Como fazer: - Coe o óleo - Dilua a soda cáustica em água quente - Dilua o sabão em pó na água - Misture a soda cáustica e o sabão em pó com o azeite - Mexa a mistura durante 40 minutos - Coloque a mistura dentro das formas - Espere de dois a três dias para desenformar - Corte e embale o sabão.

Jogos de conscientização no trânsito Com o objetivo de garantir a paz no trânsito e preparar futuros motoristas, o colégio Nossa Senhora de Lourdes, de Farroupilha, desenvolveu um projeto de conscientização com os alunos da educação infantil, pelo qual os pequenos puderam aprender desde já a importância do respeito ao outro. Os pais também participaram da atividade, uma tarde de jogos lúdica e educativa, em que todos tiveram a oportunidade de refletir sobre sua forma de pensar e agir.

Se a sua escola realizou alguma atividade diferente e inovadora como esta, mande para nós! Ela pode ser publicada nesta seção e servir de exemplo para outras instituições.

O que você achou desta matéria? Acesse o portal www.sinepe-rs.org.br e responda! 32

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PEQUENOS já aprendem como 'dirigir' bem


O SINEPE/RS, em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), formará a primeira turma de MBA em Gestão Educacional. O curso reuniu gestores pedagógicos e dirigentes de instituições de ensino privado com o objetivo de capacitar as lideranças no aperfeiçoamento das suas formas de gestão, visando ao desenvolvimento e ao aprendizado contínuo das instituições de ensino privado gaúchas. As atividades curriculares se encerraram no dia 5 de dezembro, e até dia 10 de maio de 2010 está prevista a entrega do trabalho de conclusão. A coordenadora do curso, da FGV, Beth Johann, salienta que o programa teve como objetivo desenvolver competências fundamentais para o desempenho da função de gestor. "Em algumas disciplinas 'fora da área educacional', como Fundamentos de Finanças e Contabilidade e Marketing, os casos e exercícios foram customizados à realidade das escolas a tal ponto que acabaram se tornando um dos pontos altos do curso", relata. Um dos diferenciais do programa foi a interação e troca de experiências entre os

alunos, por meio de fóruns de debates. Os alunos compartilharam as melhores práticas das suas escolas ou planos de ação para implantação de melhorias, como se fossem consultores internos. Para a diretora do Colégio Scalabrini de Guaporé, Edi Terezinha Bach, esta experiência foi enriquecedora. "Trouxe novas luzes e desafios para continuar inovando na realidade onde atuo." A vontade de buscar uma qualificação venceu a barreira da distância, no caso da vice-diretora da Escola Técnica Machado de Assis, de Santa Rosa, Mônica Gasparetto. Para ela, os 600 km percorridos duas vezes

ao mês, durante os dois anos, valeram a pena. "Tive um crescimento muito grande. Eu não tenho dúvidas de que o curso me dá uma força e cria o diferencial mais avançado para que eu atinja meus objetivos." O coordenador do Serviço de Orientação Religiosa do Colégio Anchieta de Porto Alegre, Dário Schneider, afirma que o curso ofereceu espaço para refletir sobre educação e processos de ensino e aprendizagem. "O MBA ajudou a preparar-me para ser gestor, a ampliar o olhar para cenários culturais e tecnológicos que têm relação direta com a vida escolar, sem esquecer a família, os alunos, e sobretudo o quadro de colaboradores." A opinião é compartilhada pela coordenadora de Ensino Fundamental II do Colégio Farroupilha, Lúcia Marchioro. Para ela, o curso possibilitou desenvolver competência de liderança, fornecendo subsídios para o sucesso do seu trabalho na organização escolar. Para a coordenadora do curso, o MBA se encerrou com resultados positivos, pois os alunos conseguiram transpor para sua realidade conceitos e exemplos de outras áreas e tipos de organizações. "Essa adaptação, quando bem feita, é o que chamamos de inovação. E nossas escolas precisam muito desse aporte de conhecimentos novos", afirma Beth.

CURSO capacitou gestores pedagógicos e dirigentes de instituições de ensino privado nov/dez 2009 – www.sinepe-rs.org.br 33


SINEPE/RS participa há dez anos da Feira do Livro de Porto Alegre Entre os dias 30 de outubro e 15 de novembro, o SINEPE/RS esteve presente na 55ª Feira do Livro de Porto Alegre com estande na Área Infantil e Juvenil do Cais do Porto. Há dez anos no evento, o sindicato trouxe novidades nesta edição, como o espaço para divulgação das atividades das escolas na Feira, no mural "Diário do Ensino Privado", e o sorteio de livros, que ofereceu 54 títulos das editoras FTD, Cortez, Leitura, Projeto, Geração Editorial, Artmed, Edelbra e L&PM. Os vencedores foram divulgados no portal do SINEPE/RS e no programa Gaúcha Entrevista, da Rádio Gaúcha. No estande também foram distribuídos brindes institucionais e exemplares da Educação em Revista. Conheça as atividades das escolas particulares na Feira:

Escola Salvador Jesus Cristo Dia 14 de novembro, os alunos da Escola Salvador Jesus Cristo de Alvorada lançaram o livro "Pequenos e Grandes Escritores". A publicação, produzida por estudantes do ensino fundamental e ensino médio, reúne uma seleção de seus textos e poesias e uma série de pequenas histórias e gravuras produzidas pelos alunos em fase de alfabetização.

Caracol Escolinha A Caracol Escolinha de Porto Alegre lançou a segunda edição do livro Culinária Infantil, organizado pela diretora Ieda Luiza Minuscoli. A sessão de autógrafos ocorreu no dia 3 de novembro, na Praça de Autógrafos da Feira.

Colégio Ipiranga O Colégio Ipiranga de Três Passos apresentou a peça de teatro "De louco todo mundo tem um pouco", no dia 11 de novembro. No dia 12, a instituição divulgou o projeto "Leia Menino", finalista do Prêmio Fato Literário, no espaço Vitrine da Leitura. A iniciativa, realizada há 16 anos pela escola, incentiva a leitura nas três redes de ensino da cidade por meio de uma ação entre amigos.

Colégio São Marcos O Colégio São Marcos de Alvorada promoveu, no Largo da Escrita, a sessão de autógrafos do livro "De mãos dadas com a história". A publicação é dos alunos da 2ª série do ensino fundamental.

Colégio Espírito Santo Os alunos do Colégio Espírito Santo de Porto Alegre realizaram diversas apresentações. Dança e poesia fizeram parte da apresentação das turmas de 1ª a 4ª, os alunos do ensino fundamental participaram com a miniorquestra e o coral, e a 4ª série apresentou a música Estúpido Cupido. 34 www.sinepe-rs.org.br – nov/dez 2009

Colégio Luterano São Paulo O Colégio Luterano São Paulo de Porto Alegre realizou apresentação de dança no dia 31 de outubro, com coordenação da professora Luana Antonello. A instituição também fez sessão de autógrafos do livro "Nossa Vida, Nosso sentimento", da 4ª série, no dia 6 de novembro, no Largo da Escrita.


Colégio Santa Rosa de Lima Os alunos da turma 71 do Colégio Santa Rosa de Lima de Porto Alegre apresentaram a peça "No Hades do Cotidiano", no dia 8 de novembro.

Colégio Santa Teresa de Jesus No dia 13 de novembro, ocorreu o lançamento do livro de poesias "Histórias de Vida", escrito pelos alunos da 7ª série do Colégio Santa Teresa de Jesus de Porto Alegre. A atividade foi seguida de sessão de autógrafos, no Largo da Escrita.

Colégio Marista Graças Os alunos da 3ª série do ensino fundamental do Colégio Marista Graças de Viamão comemoraram, na Feira, o lançamento do primeiro livro coletivo produzido por eles. Os estudantes autografaram "A linha da vida de Iberê", "A vida nos quadros de Iberê" e "A viagem ao tempo de Iberê" no dia 14 de novembro. O trabalho faz parte do projeto "Pequenos escritores, grandes artistas", desenvolvido ao longo do ano.

Colégio La Salle São João Apresentação da Banda Marcial do Colégio La Salle São João de Porto Alegre marcou a participação da instituição na Feira, dia 8 de novembro. A Banda do São João, como é conhecida, é a mais antiga do Brasil na sua categoria, mantendo atividades ininterruptas desde a sua fundação, em 1960.

Colégio Pastor Dohms O Colégio Pastor Dohms de Porto Alegre realizou sessão de autógrafos do livro "A Bagagem que Levamos", dos alunos da turma F8A da CEM Pastor Dohms - Unidade de Ensino Zona Norte. A atividade ocorreu dia 6 de novembro, no Largo da Escrita.

Colégio La Salle Dores O Colégio La Salle Dores de Porto Alegre apresentou o Projeto Ciranda da Leitura, através da Exposição de Banners, das 9h às 12h, no espaço Vitrine da Leitura, dia 4 de novembro. O projeto ficou em segundo lugar no 4º Prêmio SINEPE/RS de Responsabilidade Social, na categoria Desenvolvimento Cultural. A instituição também apresentou o projeto Voluntários da Leitura, que estimula a leitura dentro e fora da Comunidade Dorense.

Escola Mãe Admirável

Colégio Marista Rosário O Colégio Marista Rosário de Porto Alegre lançou o livro do projeto "Pequenos Escritores". Os alunos da 2ª série do ensino fundamental viveram o emocionante momento de autografar para pais e familiares a produção literária que partiu de um trabalho desenvolvido pelas professoras e equipe de Tecnologias Educacionais. O lançamento ocorreu no dia 7 de novembro, no Teatro Sancho Pança.

Inspirados no tema "Eu leio, tu lês, ele lê. E você?", os alunos da Escola Mãe Admirável de Porto Alegre apresentaram recitações poéticas, acordes de violão e guitarra, covers de Carmen Miranda e teatro de fantoches. Estudantes da educação infantil até o ensino médio participaram, no Território das Escolas, dia 10 de novembro.

Escola Constructor Os pequenos escritores de 4 a 8 anos da Agrupada II e 1a e 2 a série da Escola Constructor de Porto Alegre autografaram os livros "A festa de Iberê", "O Iberê e a menina" e a "A festa de Hallowenn", dia 15 de novembro. A atividade resultou do projeto Iberê Camargo, no qual os alunos fizeram a releitura do livro Iberê Menino, com a participação da autora Christina Dias. nov/dez 2009 – www.sinepe-rs.org.br 35


CRIANÇAS construíram espaçonaves de sucata

Descobertas sobre o céu no São Pedro

JOVENS atores deram vida à história de amor do século XI

Teatromania leva Tristão e Isolda às escolas públicas Os estudantes das escolas públicas de Cachoeira do Sul foram presenteados com a apresentação da peça teatral Tristão e Isolda. O espetáculo foi realizado por meio do projeto Teatromania, do Colégio Marista Roque, criado pelo grupo de teatro Luz EncenAção. A atividade foi uma forma de levar cultura a quem tem pouco ou nenhum acesso a ela, divulgar o teatro, abrir caminhos para leitura de grandes clássicos da literatura nacional e internacional, e formar plateias para este tipo de expressão artística. Em 2007, o projeto Teatromania recebeu o Prêmio de Responsabilidade Social - Desenvolvimento Cultural do Sinepe/RS. Por meio da peça Tristão e Isolda, o Luz EncenAção reconstruiu uma linda história de amor ambientada no século XI. Com adaptação, roteiro e direção da professora Bernadete Lovato, foram 90 minutos de magia, emoção, amor e guerra.

Com o objetivo de satisfazer a curiosidade dos pequenos acerca de fenômenos espaciais, o Colégio Marista São Pedro, de Porto Alegre, desenvolveu o projeto "Descobertas sobre o céu – uma viagem pelo espaço" com os alunos do nível II da educação infantil. Entre as atividades, a construção de veículos espaciais com a utilização de sucata e a imitação, com o personagem Pegadas Lunares, das primeiras pegadas que os astronautas deixaram no solo Lunar – quando as crianças caminharam lentamente na areia da praça do Colégio.

Inaugurada nova biblioteca do Champagnat

IR. NADIR (E) é homenageado pela dedicação ao Colégio

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Foi inaugurada, no dia 30 de setembro, a Biblioteca Ir. Nadir Bonini Rodrigues, do Colégio Marista Champagnat, de Porto Alegre. No início deste ano, a biblioteca recebeu novas instalações, mais amplas, para acomodar o acervo que ultrapassa 45 mil livros, além de confortáveis e de fácil acesso, no andar térreo, para os mais de cem alunos que diariamente passam por ela. Segundo o diretor do Champagnat, Hilário Bassotto, um espaço apropriado para a comunidade escolar pesquisar, estudar, aprender e brincar com a imaginação. Na inauguração estiveram presentes representantes da PUCRS, dos organismos provinciais, ex-alunos e o patrono da Biblioteca, Ir. Nadir Bonini Rodrigues. A nova biblioteca leva o nome de Irmão Nadir em homenagem a sua história de dedicação à instituição. Dois de seus dez livros contam a história do Colégio. Além disso, foi professor e diretor do Champagnat de 1984 a 1986.


Alunos do Dom Bosco são amigos do folclore A partir da curiosidade e interesse dos alunos sobre a diversidade cultural do Brasil, as professoras do Colégio Dom Bosco de Porto Alegre Lucianne Collares e Vanessa Chesini realizaram o projeto "Amigos do Folclore Brasileiro", com os alunos do 2º ano do ensino fundamental. O trabalho teve início com a adoção do livro "Amigos do Folclore Brasileiro", de Jonas Ribeiro, que narra as principais lendas de cada região do país. O estudo da região Sul foi enriquecido com a visita à fazenda Quinta da Estância Grande, em Viamão, onde os estudantes puderam conhecer um pouco mais da tradição e do folclore rio-grandenses e da saga dos Farrapos. Por meio de oficinas, eles estudaram a fabricação da cuia do chimarrão e o processo de preparação do charque e da ervamate, viram relíquias da história rural gaúcha, indumentária e aprenderam a encilhar os cavalos e montar. Foram explorados ditados populares, adivinhações, brincadeiras, produção de textos, leitura e interpretação, e músicas com a reflexão sobre a importância do folclore para a cultura. No dia 16 de novembro, os alunos fizeram uma apresentação para as famílias sobre o que aprenderam.

VISITA à fazenda aprofundou o conhecimento sobre as tradições gaúchas

LÍNGUA inglesa foi a única em uso durante a estada em SP

IENH participa do English Camp Os 34 alunos da 5ª série do Currículo Bilíngue da IENH – Unidade Oswaldo Cruz participaram, de 18 a 22 de outubro, do English Camp, acampamento de imersão na Língua Inglesa, em São Paulo. Acompanhados por quatro professoras, eles foram recebidos, no aeroporto de Guarulhos, por líderes do acampamento. Durante a programação, os estudantes participaram de gincanas diurnas e noturnas, e esportes como baseball, lacrosse, e hockey on the floor, típicos dos Estados Unidos e Canadá, tirolesa, escalada na parede, e jogo da lama.

História, Geografia e Arte em exposição Os alunos da 3ª série do ensino médio do Colégio Nossa Senhora da Glória, de Porto Alegre, uniram as disciplinas de História, da Geometria e das Artes Plásticas para desenvolver atividades de identificação e reconhecimento de aspectos culturais marcantes dos Estados Unidos, relacionando o período entreguerras da América do Norte à Crise Econômica Mundial, iniciada em 2008. A palestra "Visão Americana", do aluno Nilton, da turma 302, o filme Forrest Gump, o texto "A geometria na Arte, na Natureza e

como Criação Humana", que identifica obras de arte de pintores desse período histórico, e a palestra sobre o desenvolvimento artístico na primeira metade do século XX deram suporte à criação dos pré-projetos para os painéis nos quais aplicariam a técnica do "action-painting", executada pelo pintor expressionista norte-americano Jackson Pollock, da década de 30. Em setembro, foi realizada a exposição dos trabalhos no painel de Ação Educativa do Santander Cultural, na Praça da Alfândega, aberta ao público em geral.

PÚBLICO pôde conferir os trabalhos no Santander Cultural nov/dez 2009 – www.sinepe-rs.org.br

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Projeto Curta o Monteiro premia alunos Alunos do último semestre do ensino médio da escola Monteiro Lobato, em Porto Alegre, finalizaram no mês de outubro o projeto "Curta o Monteiro", ação interdisciplinar pela qual os alunos desenvolveram curtas baseados em leituras obrigatórias para o vestibular da UFRGS. Para fazer o curta-metragem os alunos utilizam diversos cenários fora da sala de aula. Foram oito projetos diferentes filmados ao ar livre, em Parques e no Guaíba. Um dos curtas foi animação, feito com imagens de um game que é febre entre os adolescentes: The Sims 2. No dia 23 de outubro foi realizada a noite de premiação, prestigiada por pais, amigos e familiares. Jurados com conhecimento na área de cinema e literatura escolheram os vencedores em diferentes categorias, que levaram para casa o troféu "Monterito", em forma de claquete. Ana Paula Mesquita

CAIO falou da sua obra e de como se tornou escritor

Autores Gaúchos no Colégio Romano

PREMIADOS levaram para casa o "Monterito"

A turma 131 do Colégio Romano II – Unidade São Mateus de Porto Alegre finalizou o projeto de literatura "Autores Gaúchos" com a leitura do livro "O Tesouro Iluminado", de Caio Riter, e a visita do autor à sala de aula. Os alunos aproveitaram para conversar sobre a obra, na qual o autor propõe a reflexão sobre os valores de amizade e liberdade, e a importância de compreender os outros e satisfazer sua curiosidade a respeito de como Caio se tornou escritor de literatura infantil. Caio contou um pouco de sua vida como escritor, como homem e como professor de Língua Portuguesa. Uma pessoa normal, que adora livros e adora ler. O final do papo foi marcado por uma sessão de autógrafos.

Festival de Cinema no Santo Antônio O La Salle Santo Antônio de Porto Alegre reúne, há dez anos, estudantes da 1ª e 2ª séries do ensino médio na produção de documentários e curtas-metragens para o tradicional Festival de Cinema. No projeto, os alunos encontram espaço para brincar, dramatizar, escrever e dirigir, a partir da escolha de cenários, figurinos, trilhas musicais e outros quesitos essenciais para a produção cinematográfica. No mês de novembro, o colégio participou do 8º Festival de Vídeo Estudantil – Mostra de Cinema de Guaíba, com a exibição de seis trabalhos selecionados nas categorias ficção, documentário, propaganda educativa e animação, além de três trabalhos para a mostra alternativa, na categoria animação.

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VÍDEOS estudantis fazem sucesso em Guaíba


Professora da Notre Dame conquista prêmio A professora Andrea Margarida Berwanger, da Escola de Ensino Fundamental Sagrada Família, da Rede Notre Dame, conquistou o prêmio Professor Inovador do Vale do Paranhana. A iniciativa, voltada à melhoria da qualidade da educação, é promovida pela Agenda 2020. A educadora ficou em primeiro lugar no nível Ensino Fundamental – Séries Iniciais com o projeto "Hora do Conto na Escola", que conta com a participação dos pais. Ao todo foram 108 projetos inscritos, e destes foram selecionados 18, um por município em cada nível de ensino. O objetivo do Prêmio é ressaltar as boas práticas e os projetos didático-pedagógicos, realizados muitas vezes anonimamente em sala de aula, e também socializar as boas experiências desenvolvidas pelos professores dos municípios do Vale do Paranhana.

ANDREA (ao centro) é professora inovadora

"CIENTISTAS" passeiam no Calçadão da cidade

Escola Vida inova na troca de conhecimento Em comemoração à Semana Nacional da Ciência e Tecnologia, de 19 a 26 de outubro, a Escola Vida, de Alegrete, realizou um momento de troca de conhecimento entre os alunos nas áreas de Química, Física e Biologia. Um dos destaques da programação foi o passeio das turmas de 4ª série e do 3º ano no Calçadão da cidade, onde lembraram os grandes nomes da ciência, como Albert Einstein, Rebecca Cann, Charles Darwin, Isaac Newton, Santos-Dumont, Leonardo da Vinci e Galileu Galilei. Os estudantes vestiram roupas, acessórios e mostraram fotos para lembrar os cientistas. Na II Mostra Científica da Escola, mais de 20 experimentos foram apresentados por alunos do jardim de infância até a 4ª série. A programação também contou com visita dos alunos de 1ª a 4ª série à Universidade Fede-

ral do Pampa (Unipampa), para conhecer as instalações, ver a exposição do Clube de Astronomia, manipular os instrumentos do Laboratório de Topografia e realizar experiências no Laboratório de Física.

CARINE ENVIA FOTO

MOSTRA Científica reúne alunos do ensino fundamental

Noite com as Estrelas do Arthur Konrath Com o objetivo de despertar o interesse e a curiosidade dos alunos sobre a astronomia, o Colégio Luterano Arthur Konrath, de Estância Velha, promoveu para os alunos da educação infantil à 4ª Série uma "Noite com as Estrelas". As crianças realizaram uma "viagem" ao participarem da Oficina de Astronomia coordenada pelo jovem Mosiah Heydrich Machado, de 18 anos, estudioso da área. Os alunos visualizaram as estrelas e a Lua através de telescópios instalados no pátio do Colégio. Eles também se divertiram com a "Astronauta Pink", que fez uma trilha espacial num grande foguete construído com material reciclado, na qual eles seguiam as pistas e faziam descobertas sobre o Sistema Solar. E ainda assistiram à peça "Nave de Nabucodonosor", encenada pelos alunos da Oficina de Teatro do colégio. "ASTRONAUTA Pink" conduziu a descobertas sobre os planetas

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Colégio Teutônia recebe 650 visitantes No final do mês de outubro ocorreu a 3ª edição do programa Conheça o Colégio Teutônia. O evento, consolidado na região, teve por objetivo mostrar aos estudantes da região um educandário sintonizado com o mundo do trabalho nas mais diferentes áreas. Os visitantes puderam conhecer o cotidiano das aulas dos cursos técnicos em Agropecuária, Meio Ambiente, Administração, Microinformática e Eletrotécnica. Dez municípios estiveram presentes. MARIA Julia e Juliana ganham menção honrosa

Cerca de 650 alunos de 15 escolas participaram de diferentes atividades, que envolveram alunos da educação profissional e professores do Colégio Teutônia. Entre as atrações, oficinas com foco em alternativas para pequenas propriedades com ovinocultura, a racionalização da mecanização enfatizando a longevidade das máquinas e dos operadores, a análise microbiológica da água, a tecnologia de informação e a eletricidade no nosso cotidiano. VISITANTES acompanharam as rotinas dos cursos profissionalizantes

Alunos do São Pedro são premiados no IV Salão UFRGS Jovem Duas pesquisas realizadas por alunos do Colégio Marista São Pedro, de Porto Alegre, foram premiadas com Menção Honrosa no IV Salão UFRGS Jovem. Orientadas pelo professor de biologia da instituição, Vanderlei Junior, as alunas da 2ª série do ensino médio Juliana Fank Gomes, Maria Júlia de Souza Bonugli, Natália da Cunha e Marina Salerno receberam prêmios pelos trabalhos "Qual sentido é mais aguçado, olfato ou paladar?" e "Qual o calçado adequado para uma saúde melhor". O IV Salão UFRGS Jovem é realizado juntamente com o XX Salão de Iniciação Científica e com a XVII Feira de Iniciação Científica.

Charretaço movimenta Pedro Osório No dia 8 de outubro, houve um fato inédito na cidade de Pedro Osório. Os alunos da Escola Sagrado Coração de Jesus, da Rede Notre Dame, percorreram as principais ruas da cidade com charretes e bicicletas. As crianças da educação infantil à 4ª série saíram de charrete, e os alunos de 5ª a 8ª série, com alguns pais e professores, usaram bicicletas. A Polícia Militar auxiliou na organização e segurança do evento, animado por músicas infantis. Os moradores da cidade saíram de suas casas, das lojas e dos locais de trabalho para presenciar o acontecimento. MÚSICA animou charreteiros e ciclistas

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Santo Antônio é destaque do IV Salão UFRGS Jovem O trabalho "Células Tronco: Inovação, Riscos e Verdades", apresentado pelos alunos do Colégio La Salle Santo Antônio, de Porto Alegre, recebeu a medalha Destaque do IV Salão UFRGS Jovem. O evento, realizado de 19 a 23 de outubro, é uma oportunidade para a divulgação das atividades de iniciação científico-tecnológica desenvolvidas por alunos e professores das escolas de educação básica e profissional do Rio Grande do Sul. O La Salle Santo Antônio participou com oito trabalhos. O grupo que recebeu a honraria já havia participado da edição anterior e aproveitou a experiência adquirida. Mais confiantes, os alunos realizaram uma excelente explicação oral e produziram um vídeo explicativo e uma maquete de apoio visual. Todos os trabalhos apresentados durante o evento continuarão sendo aperfeiçoados pelos alunos para participarem de outros eventos de iniciação científica.

APERFEIÇOAMENTO contínuo prepara alunos para eventos de iniciação científica

Tecnologia do rádio no Dom Bosco Os alunos da 4ª série do ensino fundamental do Colégio Dom Bosco, de Porto Alegre, demonstraram curiosidade e interesse especial por textos apresentados em forma de roteiros, o que deu origem ao projeto Rádio, realizado de maio a novembro. Noções básicas de rádio e a utilização dos recursos tecnológicos para a construção de uma vida melhor foram o ponto de partida do projeto. As crianças fizeram pesquisas utilizando a biblioteca da escola e o

laboratório de informática, assistiram à palestra de uma jornalista, visitaram uma emissora de rádio – e um programa –, foram ao Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS e participaram da montagem de um rádio em atividade no laboratório de Física. Além disso, escreveram roteiros de programas que foram gravados e apresentados às demais turmas durante os recreios. Neste trabalho, os pequenos puderam reconhecer a leitura e a escrita como aspectos fundamentais na comunicação, o trabalho em equipe, a importância dos meios de comunicação e a utilização desses recursos para a melhoria da qualidade de vida das pessoas.

PROFESSOR de Física Roberto Opperman ensinou como se monta um rádio

Ex-aluno do Colégio Sinodal chega a Harvard O ex-aluno do Colégio Sinodal, de São Leopoldo, Iuri Martin Goemann, estudante de Medicina da Ufrgs, fez um curso em uma das mais prestigiadas instituições de ensino no mundo, a Harvard, nos Estados Unidos. Ele pretende, ainda, fazer doutorado na sua especialidade, endocrinologia, também em Harvard. Iuri, hoje com 23 anos, conta que a oportunidade de estudar em Harvard surgiu com um estágio curricular de cinco meses em pesquisa na área de endocrinologia no Harvard Institutes of Medicine. "O objetivo era desenvolver uma pesquisa na área de hormônios da tireoide e também participar da discussão de casos clínicos de pacientes que consultam no hospital da universidade", explica. Para ele, uma experiência extraordinária, que serviu para "aprender como funcionam a medicina e a pesquisa médica nos Estados Unidos e aprender diferentes técnicas de laboratório e de como escrever e publicar artigos científicos, o que é bastante importante na área médica atualmente". Sobre a sua época no Colégio Sinodal, ele descreve como uma das melhores fases da sua vida, "principalmente pelas amizades, pelo companheirismo e também por professores que tiveram bastante influência em minha formação".

IURI pretende voltar aos EUA para fazer doutorado

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Combatendo a gripe de todas as formas Apesar de a "febre" da Gripe A já ter baixado com o aumento das temperaturas no Estado, a realidade é diferente nos pátios e corredores do Colégio Vicentino Santa Cecília, de Porto Alegre. Foi desenvolvido um trabalho cultural junto aos alunos, uma vez que está prevista para 2010 uma nova epidemia no País. O uso do álcool gel e a orientação para as crianças lavarem as mãos são seguidos de forma rígida. Todos estão cientes de que não devem baixar a guarda. Nas aulas de química, uma inovação: o medo da nova doença se transformou em tema do currículo. E no laboratório, as crianças produzem álcool gel para consumo interno. Vestidos com jalecos e munidos de tubos de ensaio, os jovens se divertiram misturando ingredientes como álcool, corante e glicerina a uma base de gel previamente preparada. CRIANÇAS preparam seu próprio álcool gel no Santa Cecília

Aprender Física andando de bicicleta Qual é a trajetória descrita pelo pneu da bicicleta quando pedalamos? E pelo pedal? Que outras máquinas possuem este sistema de polias acopladas? Qual a função da correia? Essas foram algumas das questões solucionadas num passeio de bicicleta dos alunos do segundo ano do ensino médio da Escola de Educação Básica Rainha do Brasil, de Porto Alegre, numa nova modalidade de aula de Física. A partir de um referencial teórico, os alunos puderam comprovar conceitos do Movimento Circular, como período, frequência, velocidade angular (rotação), velocidade escalar, as suas relações nas engrenagens ligadas por correia ou eixo comum e o funcionamento do motor do automóvel, com o uso da bicicleta. A proposta da educadora Anna Daniele Adriano foi associar a ciência, a tecnologia e as leis da física a uma atividade com a qual os alunos são bastante familiarizados. Tratase de uma nova visão do ato de educar, em que o conteúdo permanece importante e necessário, mas o "o quê" e o "para quê" evidenciam-se como questionamentos indispensáveis ao aprendizado eficaz.

Seminário reflete o processo de ensino-aprendizagem Em comemoração aos 80 anos de presença marista em Cachoeira do Sul, o Colégio Marista Roque preparou o Seminário de Educação "Competências e habilidades no processo de Ensino-Aprendizagem", realizado no salão de atos do Colégio, no dia 20 de outubro. Estiveram presentes no evento 150 educadores de escolas públicas e privadas da cidade. Entre as atividades, as palestras Competências e habilidades no processo de Ensino Aprendizagem, do doutor em educação e integrante da comissão que elabora as provas do Enem, Valter Maestro, e A Educação como forma de transformação social, do professor Everaldo Wiedenhöft.

ALUNOS comprovaram conceitos na prática EDUCAÇÃO em debate no Marista Roque

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Caminhos rurais são fonte de estudo Os Colégios Romano I – Unidade Senhor Bom Jesus e Romano III – Unidade Santa Marta fizeram um roteiro de estudo diferente com os alunos da 6ª série, pelos caminhos rurais de Porto Alegre. A atividade foi monitorada pelos professores de Geografia, História e Ciências. A história das sesmarias, que deram origem à cidade, e a construção do Santuário Mãe de Deus, no Morro da Pedra Redonda, foram algumas das descobertas. O primeiro ponto de estudo foi a avenida Oscar Pereira, que leva aos caminhos rurais, e que antigamente era chamada de serrinha porto-alegrense. Depois, a praça de Belém Velho, com suas figueiras centenárias, rodeadas de um casario muito bem preservado desde os primeiros habitantes do bairro. No bairro Belém Velho, os alunos visitaram o sítio Dom Guilherme e conheceram a experiência dos moradores com o cultivo de frutas e a transformação delas em geleias e outros derivados, além da produção do vinho artesanal. A disciplina de Ciências se inseriu ao projeto, pela observação e estudo da preservação ambiental.

ALUNOS conheceram o cultivo de frutas e a produção de vinho artesanal

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Novas descobertas no XVIII Monteiro, mostra tua cara! Marco Nunes

Aprender com as diferenças. Esse foi o tema do "XVIII Monteiro, mostra tua cara!", do Colégio Monteiro Lobato, de Porto Alegre, realizado no dia 24 de outubro. A cada ano o evento explora um tema da atualidade, a fim de produzir conhecimento e compartilhar novas descobertas com a comunidade escolar. Foram oferecidas oficinas de linguagem da norma culta e regional, aula prática de produção de álcool gel, confecção de mandalas e reciclagem de tetrapack. Entre as mais de 90 atividades e espaços ambientados para a mostra, destacaram-se a exposição do painel "Por onde andam nossos ex-alunos!", com informações dos ex-alunos inseridos no mercado de trabalho e suas experiências no exterior, o relato dos intercâmbios de 2009 para Canadá e Chile, o Clubinho de Física dos alunos da 3ª série do ensino fundamental e a divulgação dos oito trabalhos premiados no Salão UFRGS Jovem. EVENTO ofereceu mais de 90 atividades para a comunidade escolar

Alunos escolhem o futuro no São Carlos Mais uma edição do Portal das Profissões foi realizada no Colégio São Carlos, em Caxias do Sul. No dia 5 de outubro, 21 profissionais passaram sua experiência profissional aos alunos da 3a série do ensino médio e do curso Normal. Foram contempladas as áreas de Nutrição, Enfermagem, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Psicologia, Medicina, Odontologia, Engenharia Civil, Engenharias Elétrica, Mecânica, de Produção, Química, Comércio Internacional, Arquitetura, Designer, Economia, Ciências da Computação, Administração, Direito, Pedagogia, Jornalismo, Publicidade, Geografia, Educação Física, Letras e História. Com a organização e apoio da Direção, do SOE e dos professores, o entusiasmo dos alunos e a qualidade e disponibilidade dos profissionais convidados, mais uma vez o evento foi um sucesso. ALUNOS contam histórias e rezam antes de dormir

Noite do Pijama reúne crianças em Ijuí

PROFISSIONAIS passaram sua experiência aos alunos

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Há 15 anos o Colégio Sagrado Coração de Jesus de Ijuí promove a tradicional Noite do Pijama. Para os organizadores do evento, é um momento único de tomada de decisão de desprender-se do ambiente familiar, do aconchego dos pais e da segurança do seu lar para passar uma noite com os colegas e professores, no colégio. Após a organização das camas nas salas de aula, os alunos jantaram na Sociedade Recreativa de Ijuí. Depois fizeram uma sessão de contação de histórias e oração antes de irem para a cama. No dia seguinte, as crianças esperaram os pais brincando na pracinha.


PARECER CEED nº 734/ 2009 e RESOLUÇÃO CEED nº 304/2009 - Tratam da inclusão obrigatória da Língua Espanhola no currículo do ensino médio, a partir do ano letivo de 2010, no Sistema Estadual de Ensino do RS. Os referidos documentos legais foram exarados em 04 de novembro do corrente ano. Por Célia Silveira*

A exigência da inclusão de língua estrangeira moderna no currículo parte da LDBEN, em seu artigo 36, parágrafo III, que expressa "será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição". Com a aprovação da Lei nº 11.161/2005, que trata sobre o ensino de Língua Espanhola, tal dispositivo foi modificado. O Art. 1º da referida lei expressa que O Ensino da Língua Espanhola, de oferta obrigatória pela escola e de matrícula facultativa para o aluno, será implantado, gradativamente, nos currículos plenos do ensi-

no médio. No§ 1º diz que " O processo de implantação deverá estar concluído no prazo de cinco anos, a partir da implantação desta Lei". Como a lei é de agosto de 2005, o prazo de "inclusão gradativa" já está encerrado. Para o próximo ano, 2010, todas as escolas do Sistema Estadual de Ensino deverão estar ofertando a referida disciplina. Qual o entendimento que as escolas devem ter sobre estes documentos legais: 1º – O prazo para implantação gradativa esgotou. 2º – A escola está obrigada a ofertar a Língua Espanhola no currículo do ensino médio a partir do ano letivo de 2010, na Parte Diversificada do mesmo. 3º – No currículo do ensino médio, devem ser ofertadas duas línguas estrangeiras modernas: uma em caráter obrigatório e uma optativa. Uma dessas deve ser a Língua Espanhola. 4º – A escolha de qual língua será obrigatória e qual será optativa deve ser feita pela comunidade escolar, mas tem que ser observada a disponibilidade da escola de oferta dessa escolha. 5º – Entender que o aluno está obrigado a cursar uma língua estrangeira moderna, incluída na carga horária exigida para o Ensino Médio. 6º – Histórico Escolar. Mais uma vez o CEED cha-

ma a atenção das escolas sobre a necessidade de registrar no mesmo a carga horária/aproveitamento do que o(a) aluno(a) cursou, tanto dos estudos obrigatórios, como dos opcionais, bem como fazer a observação se optou por não cursar a língua considerada optativa. Se cursou as duas (ou mais) Línguas, deve aparecer toda a carga horária e o resultado do aproveitamento que o aluno teve. 7º – Planos de Estudos – A escola está obrigada a elaborar os Planos de Estudos das Línguas Estrangeiras ofertadas, explicitando as competências e habilidades que os alunos devem construir/desenvolver e submetê-los à aprovação da Mantenedora. 8º – Horário de oferta: a escola só pode ofertar tais Línguas dentro dos horários normais das aulas, vedada a oferta em turno diferente. 9º – Oferta de dois períodos semanais – É uma recomendação do CEED muito justa mas a escola tem que ver sua disponibilidade para tal oferta. Recomendamos a leitura dos documentos legais aqui tratados. * Professora especialista em supervisão educacional

consultorio CDG

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Projeto da Feevale vence Prêmio Santander O estudante Uélinton Ermel, do curso de Administração da Feevale, recebeu no dia 5 de novembro, em Porto Alegre, o troféu pelo primeiro lugar no Prêmio Santander de Empreendedorismo da Região Sul, na modalidade Indústria. O projeto "Electronic scrap technologies: reaproveitamento de materiais valiosos presentes em baterias esgotadas" concorreu com trabalhos de 32 instituições semifinalistas do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O projeto se propõe a analisar a viabilidade de negócio originário de um processo de recuperação de baterias recarregáveis, a partir da convergência dos resultados da tese de doutorado do pesquisador Daniel Bertuol e avanços do seu projeto de pesquisa na Feevale. A proposta pretende oferecer à sociedade a capacidade de minimizar os impactos dessas sucatas eletrônicas lançadas na natureza, por meio de tecnologia limpa nacional, contribuindo positivamente na balança comercial, com a substituição da importação deste serviço. "Atualmente, em torno de 20% das operadoras de telefonia móvel no Brasil dispõem de alguma política ambiental quanto à recuperação dessas baterias", afirmam os responsáveis pelo projeto, lembrando que, por carência de tecnologia nacional, as empresas são obrigadas a encaminhar resíduos para

países como EUA, França e Bélgica. O pró-reitor de Pesquisa, Tecnologia e Inovação, Cleber Cristiano Prodanov, o pesquisador Daniel Bertuol e o colega Fernando Oliveira, graduado no mesmo curso, também estiveram presentes. René Cabrales

Pró-Reitor Cleber Cristiano Prodanov (Feevale), Uélinton Ermel e Leandro Mantovani (Keko Acessórios)

Unilasalle inicia processo de adesão ao PGQP O Centro Universitário La Salle (Unilasalle) assinou em setembro o termo de adesão ao Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP). Doze colaboradores foram indicados pela Reitoria do Unilasalle para serem os avaliadores e foram capacitados pelo curso de Avaliador do Sistema de Avaliação e pelo curso de Interpretação dos Critérios de Avaliação. Os colaboradores realizaram, após os cursos, a avaliação interna, uma oportunidade para elaboração do plano de ação com base nas lacunas identificadas pelas orientações recebidas no treinamento. A avaliação é feita com base nos critérios de Liderança, Estratégias e Planos, Cliente, Sociedade, Informações e Conhecimento, Pessoas, Processos e Resultados. A próxima etapa será a Avaliação Externa, objetivando monitorar e verificar a melhoria contínua das organizações.

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Ministério da Saúde valida testes anti-HIV pesquisados pela UCS pública e privada, a fim de agilizar o diagnóstico, permitir maior praticidade para os laboratórios e, principalmente, ampliar o acesso aos testes às localidades mais remotas do país. Souza afirma que a grande vantagem do exame em papel-filtro é que o sangue mantém as propriedades em temperatura ambiente por até 12 semanas, enquanto a possibilidade de análise de sangue total é de somente duas horas após a coleta. Outra vantagem do teste em papel-filtro é a economia. O método de coleta de amostra dispensa a necessidade de refrigeração para o armazenamento e transporte, reduzindo assim o custo. O transporte pode ser feito por correio sem riscos de contamina-

ção ou perda da qualidade da amostra, e a coleta é mais simples, sem o uso de seringas e tubos, já que são necessárias apenas algumas gotas para realizar o teste. PRATICIDADE e economia são algumas das vantagens do papel-filtro

Daiane Nardino

Já estão valendo as novas normas determinadas pelo Ministério da Saúde para a realização dos testes anti-HIV, de acordo com Portaria 151, publicada no Diário Oficial da União no dia 16 de outubro. Entre as novidades está a validação para os testes a partir de amostras de sangue seco em papel filtro, que o Laboratório de Pesquisas em HIV/AIDS (LPHA) da Universidade de Caxias do Sul pesquisa há três anos. Durante a pesquisa, mais de 11 mil testes foram realizados comparando amostras de sangue seco com sangue total. "Comprovamos que os resultados sempre coincidiam, e agora essa portaria do Ministério está validando a técnica", comemora o chefe do L-PHA, professor Ricardo da Silva de Souza. As novas normas valem para as redes

O sonho se torna realidade Arquivo/UPF

Com a intenção de facilitar o acesso ao ensino superior de qualidade, a Universidade de Passo Fundo (UPF) está credenciada a oferecer diversas modalidades de bolsas, crédito educativo e repasses. Mais de 30% dos 15.725 acadêmicos matriculados nos cursos de graduação estão contemplados com recursos da instituição ou externos, o que significa 4.966 alunos recebendo algum tipo de benefício. A acadêmica do curso de Administração Josiane Cardoso da Rosa é uma entre os 1.686 beneficiados pela Bolsa Social. Criado em 2005, o programa concede bolsas de estudo de 50% aos alunos de baixa renda nos cursos de licenciatura e no curso de Administração (manhã - Passo Fun-

do). Josiane afirma que a possibilidade da bolsa foi um fator decisivo para a continuidade dos estudos. "Sem a bolsa não conseguiria estar na universidade", destaca. "Escolhi a universidade pelo bom ensino oferecido e pela oportunidade de conseguir um incentivo financeiro", esclarece. A engenheira agrônoma Ana Cristina Trentin conseguiu finalizar a faculdade graças a uma bolsa do Programa Universidade Para Todos, o ProUni. Criado em 2004 pelo governo federal, o ProUni oferece bolsas a estudantes brasileiros de baixa renda, sem diploma de nível superior. Atualmente na UPF são 1.608 estudantes com bolsas integrais e 1.672 estudantes com bolsas 50%.

UPF está credenciada a oferecer diversas modalidades de bolsas, crédito educativo e repasses

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Escola Nossa Senhora Estrela do Mar Novos focos e novas práticas em São Lourenço do Sul Após uma avaliação institucional realizada pela mantenedora em todas as escolas da Rede Notre Dame, a direção, a supervisão pedagógica e o corpo docente da Escola Nossa Senhora Estrela do Mar, de São Lourenço do Sul, elaboraram um programa de otimização dos processos com base nos resultados obtidos. A ideia era reforçar os pontos altos significativos e reduzir ineficiências no ensino e na aprendizagem na escola. Dois grandes projetos foram implementados, na Matemática e na Língua Portuguesa, e nos componentes curriculares afins. A questão pedagógica foi definitivamente consolidada como pilar de sustentabilidade da escola, e o professor como agente atu-

ATIVIDADES inovadoras ganharam espaço em jornal, site e blog

ante na ponta desse processo. A estrutura física-organizacional e a tecnológica passaram a ser alvo de uma visão sistêmica dos gestores. Em 2007, foram quatro encontros de estudo e elaboração do Planejamento Estratégico da rede de escolas da mantenedora. Em 2009, os encontros de estudos continuam. As escolas passaram a compartilhar suas metas e trabalhar, em comum, de acordo com a missão, a visão e os valores da rede. A Escola Estrela do Mar intensificou a socialização de seus projetos e atividades divulgando-os, semanalmente, no jornal local e no site da mantenedora. Os pais podem acompanhar as atividades realizadas por um blog, e participar de oficinas com seus filhos

PLANEJAMENTO permitiu atenção maior à área pedagógica

Inscrições para a 15ª edição do Prêmio Qualidade RS estão abertas As instituições de ensino têm até o dia 9 de fevereiro para se inscrever no Prêmio Qualidade RS do Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade – PGQP. A iniciativa é um reconhecimento às organizações gaúchas que mais se destacaram na busca pela melhoria contínua do seu sistema de gestão. As instituições participantes têm a sua gestão avaliada por meio de um sistema externo e imparcial, que utiliza critérios reconhecidos internacionalmente, como liderança, planejamento estratégico, clientes, sociedade, pessoas, processos e resultados. As inscrições devem ser feitas pelo site http:// www.portalqualidade.com/pgqp, onde está disponível o termo de adesão ao PGQP, pré-requisito para participar do prêmio. Os participantes devem elaborar um relatório de gestão 48

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decorrente de suas práticas, e entregá-lo ao PGQP até o dia 4 de março de 2010. Nesses 15 anos de premiação, 180 instituições de ensino privado possuem o termo de adesão junto ao PGQP, e as seguintes instituições conquistaram o prêmio: Colégio Santa Teresinha, de Taquara, Colégio Oswaldo Cruz, de Novo Hamburgo, Colégio Santa Teresinha – União Beneficente e Cultural, de Campo Bom, Colégio Medianeira de Santiago, Sociedade Educacional Três de Maio e Instituição Evangélica de Novo Hamburgo Mais informações no Comitê Setorial da Educação SINEPE/RS, pelo telefone 51 3213 9090 ou pelo e-mail gestao@sinepe-rs.org.br.


PAIS passaram a acompanhar mais de perto a rotina dos filhos

e de palestras na área da saúde programadas especialmente para eles. Os conselhos de classe participativos foram reestruturados. Direção, professores, coordenação pedagógica, alunos e família se reúnem para analisar, conjuntamente, um texto pré-escolhido e estudado com os alunos em sala de aula. Para incentivar os pais a participarem desse momento, os boletins com

PROFISSIONAIS da escola participaram de cursos de qualificação

os resultados do trimestre passaram a ser entregues ao final do conselho, o que resultou na participação de 95% deles. Dois projetos estão em andamento na Escola Nossa Senhora Estrela do Mar: "Escola de portas Abertas", com o objetivo de divulgar e proporcionar aos alunos convidados maior integração e troca de experiências, e "Em busca da Excelência", envolvendo os profes-

sores no trabalho de sustentação da escola nesse novo tempo, incentivando-os a estudar sempre para melhorar sua qualificação profissional e, consequentemente, a qualidade do ensino. A escola hoje tem consciência de que a visão sistêmica é condição de crescimento e caminho para a excelência. É necessário, por isso, atenção também ao que acontece fora da Escola.

A contribuição da reflexão no exercício da gestão na educação No meio organizacional espera-se que os gestores desenvolvam competências que lhes permitam mobilizar capacidades apropriadas para o enfrentamento de imprevistos ou turbulências próprias ao contexto da gestão. Um dos maiores gaps para melhoria do desempenho é a falta de hábito (e tempo) para reflexão. Embora a experiência seja essencial no exercício da gestão, é a reflexão que pode propiciar o reconhecimento de outros modos de interpretar a prática, gerando ações inovadoras. Como obter as capacidades necessárias para ser um gestor eficiente? Destaca-se a aprendizagem experiencial, que conecta o processo de aprender com a experiência, enfatizando a relação teoria-prática. MBA e Mestrados Profissionais usam este enfoque ao se orientarem para a apreciação contextual de problemas e

de eventos no contexto do trabalho. A aprendizagem experiencial permite desenvolver interpretações baseadas na experiência do gestor "no aqui e no agora" por meio da reflexão sobre aspectos críticos de sua atuação e sobre as formas pelas quais seu papel de liderança pode ser construído, negociado e experimentado. Desta forma, seus recursos internos e capacidades gerenciais são ampliados significativamente pela convergência das experiências com a reflexão por meio do uso da inteligência prática na expansão e criação de conhecimentos, rompendo as fronteiras com o conhecido. Nem toda vivência gera aprendizagem. O fator decisivo está na construção de processos contínuos de ação e reflexão, onde o gestor observa que tanto ideias como experiências concretas são fontes importantes de informação. Além disso, em contextos onde grupos de gestores podem conduzir reflexões conjuntas sem comprometer sua competitividade na área de origem, o desenvolvimento da ca-

pacidade gerencial se dá tanto pela contraposição de ideias aos dados da realidade como pela interpretação de conceitos em situações similares. Tais informações propiciam o exercício da capacidade de analisar tendências e ampliam sua habilidade de criar ações eficientes e inovadoras. O valor de se considerar o papel da reflexão na gestão da educação está justamente nas múltiplas modalidades de aprendizagem experiencial, cujo ciclo contínuo incrementa a gestão e sustenta a inovação, visto que é pela reflexão que o novo emerge. Roberto Ruas, Doutor em Economia e professor da Escola de Administração da UFRGS. Ana Vazquez, especialista em Recursos Humanos e doutoranda em Administração pela UFRGS. nov/dez 2009 – www.sinepe-rs.org.br

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Discursos sobre educação na revista Veja: a mídia como dispositivo neoliberal Por

Vera Regina Serezer Gerzson1

Resumo Este artigo enfatiza que a racionalidade e as práticas neoliberais constituintes do projeto político predominante na sociedade contemporânea, estão presentes nos textos da revista Veja,produzindo discursos e enunciados conectados com essa perspectiva. O poder e as relações de poder neoliberais apresentam-se nos textos como práticas capilares, insidiosas, incorporadas nos discursos dessa mídia sem conotação repressora e autoritária, mas como verdades que circulam nos espaço público, interagindo produtivamente com os leitores da revista. Supõe-se que a revista, quando pauta a educação, não esteja apenas publicando informações, anúncios e opiniões. As matérias que problematizam a educação estão compondo textos culturais, produzindo formas de fazer, de aprender, de ensinar e, sobretudo, de ser e de compreender o mundo. Nos textos publicados são acionados discursos que atuam como dispositivos produtivos da articulação neoliberal, pois ao mesmo tempo em que ela é produzida, também cria práticas e subjetividades férteis para a sua execução. Palavras-chave: mídia, educação, neoliberalismo.

Abstract Media as a device of the neoliberal government the education discourses on Veja Magazine This paper focus on the rationality and the neoliberal practices, composing parts of the prevailing political project on modern society, which are so present throughout the articles on Veja Magazine, producing discourses and statements connected directly with this perspective. Power and neoliberal power relations are presented in the texts as capillary and insidious practices, incorporated on the discourses from this media without any oppressing or authoritarian connotation, but also as truths that circulate amongst public spaces, interacting productively with the readers. The assumption is that the magazine, when aiming the education subject, is not only publishing information, advertisements and opinions. The articles that problematize the education are composing the cultural texts, producing ways of doing, learning and teaching, and, above all, ways of being and understanding the world. Inside the published texts, the discourses are triggered to participate as productive devices on neoliberal articulation. That is because, by the same time that it is produced, it also creates practices and fruitful subjectivities for its own execution. Keywords: mass media, education, neoliberalism Carta aos leitores A produção, os meios de circulação e as trocas culturais, têm se expandido com as tecnologias e a revolução da informação, na qual a mídia ocupa lugar de referência. Ao ler e reler as revistas, transitar pela multiplicidade de temáticas que veiculam, observamos o complexo universo desse artefato cultural. As revistas semanais ditas informativas mostram que a mídia tem relevância na constituição das informações movimentadas como as mais atuais, verdadeiras e especializadas. Elas pautam o que é importante em política, cultura, economia, moda, esporte, saúde, educação, tecnologia etc. A revista Veja é publicada pela Editora 50

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Abril, criada em 1968, confunde sua história com a história do país e seus textos agendam as notícias e opiniões para leitores que consomem cerca de um milhão de exemplares, configurando-se como a revista de maior circulação no Brasil. Hoje, diante das possibilidades oferecidas pelas tecnologias, a capacidade informativa das revistas pode ser questionada, mas seu poder enquanto instrumento de comunicação é referendado pela diversidade de exemplares oferecidos nas bancas. Muitos pesquisadores têm utilizado revistas como objeto analítico e independentemente da perspectiva teórica adotada, apontam para as revistas como artefatos que operam na conformação cultu-

ral. Na análise da Veja evidente a produtividade que se estabelece nos seus discursos. Quando em seus textos aborda temas pertinentes à educação, a revista favorece a visibilidade de ações, opiniões, dados estatísticos que debatem a educação. Os textos veiculados recorrentemente sugerem competências escolares e iniciativas salvacionistas para a educação, responsabilizando o ensino pela melhoria da qualidade de vida da população, pela diminuição da violência urbana ou pela preparação de profissionais adequados ao mercado de trabalho. Para isso, apresentam proposições e práticas de controle simultaneamente econômicas para a educação e a sociedade contemporânea, segundo a lógica neoliberal. Ao estudar as referências das revistas sobre a sociedade, o sujeito e a educação, observase que os discursos das revistas criam, produzem, operam na circulação de racionalidades e subjetividades ao prescreverem formas de pensar, de agir, de ensinar, de viver. Formas essas imbricadas na produção de determinada versão de mundo, na qual a educação tem papel a desempenhar, como ressalta Veiga-Neto: Uma pergunta logo se coloca: em termos gerais, quais (seriam) os objetivos da escolarização na e para a lógica neoliberal? De certa forma, isso já foi respondido: criar/moldar o sujeito-cliente. Mas essa novidade não implica, necessariamente, a demissão daquele grande objetivo que norteou a escolarização na Modernidade: conforme já referi, a escola foi pensada – e ainda vem funcionando como uma imensa maquinaria de confinamento disciplinar, a maior encarregada pela ampla normalização das sociedades modernas. (VEIGA-NETO, 2000, p.206) Os princípios do projeto neoliberal circulam não como autoria direta e linear da própria mídia ou das instituições governamentais do Estado. Eles estão nas afirmações dos especialistas, nas declarações de autoridades, no depoimento de celebridades, nas menções da população etc. inserção da perspectiva gerencial para a educação, com a gestão empresarial nas escolas, a terceirização de serviços no ambiente escolar e o enxugamento profissional são algumas características que aparecem na revista marcando o processo neoliberal incorporado às práticas escolares. O modelo econômico institui formas de regulação que possibilitam sua produção e reprodução e as mudanças processadas nos diferentes estágios do capitalismo acionam alterações para a sociedade, para os sujeitos e para as instituições que sustentam a lógica vigente. Sennet (2004) chama


à atenção para algumas das características facilmente encontradas na sociedade regida pelo mercado: O sistema de poder que se esconde nas modernas formas de flexibilidade consiste em três elementos: reinvenção descontínua de instituições; especialização flexível de produção; e concentração de poder sem centralização. Os fatos que se encaixam em cada uma dessas categorias são conhecidos da maioria de nós, nenhum mistério; já avaliar a conseqüência deles, é mais difícil. (SENNET, 2004, p.54) O neoliberalismo vai produzir discursos e práticas que diminuem o papel de provedor do Estado. A invenção de novas táticas e dispositivos coloca o Estado em outra situação onde as atividades estatais são privatizadas ou submetidas à lógica empresarial. Surgem assim, instituições e movimentos que desobrigam o Estado do controle e financiamento das necessidades sociais. Novas frentes são instituídas como, por exemplo, organizações não governamentais, cooperativas, associações comunitárias, parcerias entre empresas privadas e instituições sociais ou os chamados programas de “responsabilidade social”. Exemplos de parcerias sociais são mencionados pela Veja, um deles implementado por iniciativa da revista, consistia em um projeto denominado Veja na sala de aula. A revista ao anunciar o seu programa Veja na Sala de Aula, apelava para que logistas, microempresários, empresários, industriais, dirigente de ONGs ou de fundações fossem Parceiros da Escola, adquirindo e doando assinaturas de seus exemplares. O programa era composto pela revista Veja, um guia prático, o site .vejanasaladeaula.com.br, uma fita de vídeo e o Guia do Professor, onde as matérias da revista eram transformadas em conteúdos didáticos. A revista também promoveu o curso de educação continuada Ofício de Professor, indicado para professores dos anos iniciais da Educação Básica, oferecido pela Fundação Victor Civita. Novamente a editora conclamava “prefeitos, mantenedores de escolas, faculdades de educação e empresários” a adquirirem os oito volumes, o caderno de atividades e o estojo prático que compunham uma “coleção leve, completa e fácil de ler”. Se por um lado a Editora valoriza a educação e atribui a ela a capacidade de solucionar os problemas do país, parece também habilitar-se a “ensinar” professores, alunos e interessados a operacionalizá-la. A perspectiva neoliberal questiona a pertinência dos critérios de eficiência nos mercados educacionais, instaurando competitividade, necessidade de investimentos crescentes e contínuos. Abrese espaço para a criação de produtos diversificados, com promessas de capacitar, atualizar, ensinar, oportunidade aproveitada pelo mercado editorial, como demonstram os produtos oferecidos pela Editora Abril. A revista publica anúncios publicitários de investimentos privados em projetos sociais com a educação, além de abrir espaço para anúncios de escolas privadas, eventos e produtos educacionais. A educação abre um nicho de mercado convenien-

te, certamente lucrativo. Um exemplo disto é a produção do livro Crônicas de uma educação vacilante (2005), de Cláudio de Moura Castro3 , economista que transformou em livro os artigos que assina na revista Veja. Os textos da revista evidenciam que hoje as instituições concorrem entre si por índices de aprovação e matrículas; estudantes investem em atividades complementares para garantir as melhores vagas de estágio e emprego; profissionais da educação são desafiados pela instabilidade dos contratos de trabalho e assim, os discursos correntes para a lógica empresarial são assimilados ao sistema educativo enfatizando que é preciso esforço, responsabilidade, empreendedorismo, competitividade etc. O sujeito do neoliberalismo deve ser capaz de empresariar a própria vida, combinando as ofertas oferecidas por um mercado cada vez mais diversificado e especializado no detalhamento dos seus produtos e serviços. “Assim, o sujeito ideal do neoliberalismo é aquele que é capaz de participar competindo livremente e que é suficientemente competente para competir melhor fazendo suas próprias escolhas e aquisições [...]”. (VEIGA-NETO, 2000, p.199-200) Nas revistas a valorização das competências necessárias ao mercado, o estímulo à competitividade, a visibilidade de ações exemplares e bem sucedidas são apresentadas recorrentemente. Um exemplo ilustrativo é a iniciativa da Fundação Victor Civita que implementou o Prêmio Victor Civita – Professor Nota 10, divulgado na revista Veja e criado para homenagear os professores que mais se destacavam na Educação Infantil e no Ensino Fundamental. A revista dizia observar que os professores raramente recebem o devido reconhecimento, embora busquem “soluções criativas para estimular em seus alunos a curiosidade, a imaginação e o prazer de aprender”. Ao ser indicado, o professor deveria inscrever um trabalho no Prêmio Victor Civita – Professor Nota 10, uma vez selecionado, ganharia prêmio em dinheiro e teria seu trabalho divulgado em “grande festa, transmitida em rede nacional pela TV Cultura em outubro, no Dia do Professor”4 . Algumas capas de Veja, publicadas entre 2002 e 20045 , usavam a educação como chamada principal em todas elas o tom prescritivo prevalece. Seus textos enfatizam a maximização da liberdade individual promovida pelo discurso da lógica neoliberal. A exacerbação do individualismo e a capacidade de escolha colocam o sujeito do neoliberalismo em posição de ‘sujeito-cliente’, dotado de capacidade de escolher. (VEIGA-NETO, 2000). A ilusão da escolha racional, própria da ambivalência neoliberal, pressupõe a existência da liberdade, desde que ela seja praticada por sujeitos capacitados e preparados. Os “controles de qualidade” são emblemáticos para ilustrar como o neoliberalismo penetra em diferentes instituições, monitorando, criando normas e indicadores de comportamentos. É a lógica econômica da produção rápida e lucrativa, aplicada nos hospitais, nas escolas e nas empresas, disseminando o empresariamento de todos e para todos.

Considerações sobre a leitura As alterações econômicas, políticas, culturais da modernidade que prometiam certezas e segurança, vão dando lugar a ambivalências que tocam as opções, as identidades e os projetos individuais. O mundo globalizado tem outras necessidades e outras referências vão compondo também os textos jornalísticos. entender a mídia como dispositivo enfatiza-se sua potência de gerir discursos e disseminar verdades. É possível observar nos textos que abordam a educação, sugestões de procedimentos, análises, reflexões, cálculos e táticas, apresentadas como verdades coincidentes com a racionalidade neoliberal, garantindo o seu exercício, no campo da educação e através dela, para a sociedade. As alternativas apresentadas pelas revistas como ações de sucesso para os problemas que assolam a sociedade, a educação e o sujeito na sociedade neoliberal devem ser vistas com crítica, pois “os contrastes em preto-e-branco sempre são suspeitos, especialmente quando parecem indicar progresso”, alerta Sennett (2006, p.24). E, neste sentido, suspeitar das verdades disseminadas por mídias tão poderosas parece ser a única liberdade possível, capaz de criar alternativas para o empresariamento da educação, de seus projetos e de seus sujeitos.

Referências BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Trad. Mauro Gama, Cláudia M. Gama. Rio de Janeiro: Zahar, 1998. BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e ambivalência.Trad. Marcus Penchel. RJ: Zahar, 1999a. COSTA, Marisa Vorraber. Mídia, magistério e política cultural. In: COSTA, Marisa Vorraber (org.). Estudos Culturais em educação: mídia, arquitetura, brinquedo, biologia, literatura, cinema... Porto Alegre: Ed.UFRGS, 2000. p. 73-91. FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. 4 ed. Td. Laura F. Sampaio. São Paulo: Loyola, 1996. FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. 8 ed. Trad. Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins Fontes, 1999. GERZSON, Vera Regina Serezer Gerzson. A mídia como dispositivo da governamentalidade neoliberal: os discursos sobre educação nas revistas Veja, Época e Isto É. Tese (doutorado). Programa de Pós-Graduação em Educação. Porto Alegre, RS, 2007. HALL, Stuart. Identidades culturais na pós-modernidade. Trad. Tomaz Tadeu da Silva; Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 1997. HALL, Stuart. A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções de nosso tempo. Educação e Realidade. Porto Alegre, v. 22, n. 2, p. 1546, jul/dez, 1997b. SENNETT, Richard. .A corrosão do caráter: as conseqüências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Td. Marcos Santarrita. RJ: Record, 2004. SENNETT, Richard. A cultura do novo capitalismo. Trad. Clóvis Marques. SP: Record, 2006. VEIGA-NETO, Alfredo. Educação e Governamentalidade neoliberal: novos dispositivos, novas subjetividades. In: PORTOCARRERO, Vera; CASTELO BRANCO, Guilherme (org). Retratos de Foucault. Rio de Janeiro, Ed.NAU, 2000. p. 179-217. VEIGA-NETO, Alfredo. Michel Foucault e os Estudos Culturais. In: COSTA, Marisa Vorraber. Estudos culturais em educação - mídia, arquitetura, brinquedo, biologia, literatura, cinema.Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2000a. p.37-69. VEIGA-NETO, Alfredo. Foucault & a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. 1 Jornalista, Relações Públicas, mestre em Educação pela PUCRS, Drª em Educação pela UFRGS, profª na FABICO/UFRGS. vgerzson@uol.com.br. Este texto reúne fragmentos de sua tese de doutorado, desenvolvida no PPGEdu/UFRGS, na linha de pesquisa de Estudos Culturais em Educação, orientada pela Drª Marisa Cristina Vorraber Costa. 2 www.vejanasaladeaula.com.br, acesso 12/03/06 3 CASTRO, Cláudio Moura de. Crônicas de uma educação vacilante. Rio de Janeiro: Rocco, 2005. 4 VEJA, Ed.1797, ano 36, n 14, 09/04/03 5 www.vejanasaladeaula.com.br,

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Da "Terra do Nunca" ao Consumo Perpétuo: Michael Jackson, a estrela-mercadoria, volta a brilhar em "This Is It" Por Adriana Kurtz*

Estrelas são fabricadas pela indústria do entretenimento, tornam-se produtos manufaturados e, em última instância, mercadorias, dizia Edgar Morin num estudo clássico dos anos 70 intitulado "As estrelas: mito e sedução no cinema". Segundo o autor, a estrela tem seu preço, que segue as variações da oferta e da procura. De fato, o próprio estilo de vida de uma estrela é mercadoria. Assim, a vida privado-pública das estrelas tem sempre eficácia comercial, ou seja, publicitária. Note-se que a estrela, portanto, não é apenas sujeito, mas também objeto da publicidade: ela apresenta perfumes, sabonetes, cigarros, ou talvez apenas um refrigerante líder, multiplicando sua utilidade comercial. Enquanto símbolo do grande capitalismo, a estrela é "uma mercadoria total: não há um centímetro de seu corpo, uma fibra de sua alma ou uma recordação de sua vida que não possa ser lançada no mercado". Que o diga Michael Jackson, cuja morte, em junho de 2009, devido a uma parada cardíaca provocada por excessos de medicamentos, transformou-se numa perfeita oportunidade para o relançamento de produtos esquecidos e de uma nova safra de mercadorias. Na ausência de Michael e da triunfal turnê que marcaria seu retorno, o mercado de bens culturais nos

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entrega o documentário produzido, naturalmente, pela Sony Pictures: "Michael Jackson's This Is It", com as imagens dos derradeiros ensaios, de-vidamente acompanhados por CDs e discos duplos (embora só haja uma música inédita entre 20). Supomos que o passo seguinte será o DVD com o conteúdo do filme. Assim, Jackson poderá bater mais um recorde em sua carreira e desbancar outros mortos ilustres, sobretudo Elvis Presley, que com o perdão de certa grosseria, era o defunto mais rico do show-business. A Sony, que deu muitos dissabores ao Rei do Pop, agora poderá usufruir sem constrangimentos de sua antiga propriedade. Como diria Morin, "ainda que triunfe no mercado, a estrela permanece sob o controle da indústria". Isso se os herdeiros, sempre sedentos por um punhado de dólares, não tentarem aumentar a sua fatia de lucro. Aliás, a família Jackson, em estreita cooperação com a lógica das estrelas mercadorias, extrai dividendos do filho mais talentoso desde que ele tinha 5 anos. Mas estrelas relacionam-se com o público e a mídia; e ambos sabem ser cruéis. Jackson foi massacrado pelo próprio universo que ajudou a consolidar. As excentricidades em relação ao próprio corpo e ao talvez assexuado gosto pela companhia de crianças imberbes na bizarra Neverland pas-

saram para primeiro plano quando a originalidade de sua música começou a declinar. A fortuna dilapidada, os filhos gerados por inseminação artificial em mães de aluguel, escândalos e processos por abuso sexual de menores, além da crescente dependência por remédios, fez com que o Rei do Pop tivesse que se esconder de seus súditos. Ele preparava o retorno triunfal, mas foi vencido, por assim dizer, pela própria exigência de ser – ou continuar a ser – Michael Jackson, King of Pop. As cenas de "This is it", assim, nos entregam essa vida-mercadoria em sua última performance. A estrela "é rara como o ouro e abundante como o pão", disse Morin. Um pão agora oferecido pelo mercado a uma massa novamente faminta por seu ídolo redescoberto.

Ficha Técnica Ficha Técnica: MICHAEL JACKSON'S THIS IS IT Documentário, EUA, 2009 Diretor: Kenny Ortega Produtores: Randy Phillips, Kenny Ortega e Paul Gongaware Distribuição mundial: Sony Pictures Releasing * Doutora em Comunicação e Informação pela UFRGS e professora dos Cursos de ‘Publicidade e Propaganda’ e ‘Design’ da Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM


A revolução decisiva

Infanto-Juvenil

Peter Senge A Revolução Decisiva oferece um manancial de estratégias às quais podem recorrer indivíduos e organizações. Ferramentas específicas e maneiras de pensar, como ajuda no desenvolvimento da confiança e das competências necessárias para enfrentar com eficácia as transformações do mundo atual. É um guia essencial para o gestor reconhecer a necessidade de agir e trabalhar para si e para as gerações futuras. Da Editora Campus, a publicação tem 408 páginas e custa R$ 99,90.

O Jantar de Vagarim, Carlos Alberto Pessoa de Brum Br1 Editores 28 páginas R$ 15 br1editores@terra.com.br

Ave, Flor

O guri daltônico Carlos Urbim Edelbra Editora 32 páginas cae@edelbra.com.br

Cleonice Bourscheid O livro de arte traz poemas sobre flores da flora brasileira. Ao retratar de forma poética a flora brasileira, a autora busca despertar no leitor o amor pela natureza e o desejo de preservar o meio ambiente. As ilustrações são da botânica Anelise Schrerer. A publicação faz parte do projeto Ave, Flor!, que prevê também recitais no Jardim Botânico e parques da cidade para estudantes de escolas públicas e privadas. Da Editora ARdoTEmpo, o livro tem 96 páginas e custa R$ 35,00. Informações: looping.ez@terra.com.b

Drogas & Internet

Rogério Lessa Horta, Viviane Samoel Rodrigues, Daiane Lodi, Ana Maria Ribeiro, Ângela Wolff e Giselda Kichler A obra busca dados sobre uso, abuso e dependência de drogas desde os mais remotos relatos da antiguidade até os dias de hoje, com as informações que a internet e a mídia proporcionam. Relata o fácil acesso, na internet, a conhecimentos sobre o álcool, tabaco, maconha, cocaína e crack, e também das relações familiares na sociedade moderna e de como a família se relaciona com o usuário de drogas. É um livro que desafia o leitor a buscar respostas. A publicação da Editora Sinodal tem 92 páginas e custa R$ 17. Informações: editora@editorasinodal.com.br

A história de Clarice Anna Claudia Ramos Projeto Editora 64 páginas R$ 26,00 www.editoraprojeto.com.br

Sites www.adolec.br www.clickeducacao.com.br http://www.ano-darwin-2009.org

DVD Uma mente brilhante John Nash (Russell Crowe) é um gênio da matemática. Aos 21 anos, formulou um teorema que provou sua genialidade e o tornou aclamado no meio em que atuava. Mas, aos poucos, o belo e arrogante John Nash se transforma em um sofrido e atormentado homem, diagnosticado como esquizofrênico pelos médicos que o tratam. Após anos de luta para se recuperar, ele consegue retornar à sociedade e é premiado com o Nobel. O drama tem a direção de Ron Howard.

À procura da felicidade Chris Gardner (Will Smith) é um pai de família que enfrenta sérios problemas financeiros. Apesar de todas as tentativas de manter a família unida, Linda (Thandie Newton), sua esposa, decide partir. Chris agora é pai solteiro e precisa cuidar de Christopher (Jaden Smith), seu filho de 5 anos. Ele tenta usar sua habilidade de vendedor para conseguir um emprego melhor, mas acaba como estagiário numa importante corretora de ações, sem receber salário pelos serviços prestados. Sua esperança é que, ao fim do programa de estágio, ele seja contratado e tenha um futuro promissor na empresa. Mas os problemas financeiros não podem esperar, e ele é despejado. Chris e Christopher passam a dormir em abrigos, estações de trem, banheiros e onde quer que consigam um refúgio à noite, mantendo a esperança de que dias melhores virão. O drama é dirigido por Gabriele Muccino. nov/dez 2009 – www.sinepe-rs.org.br

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O uso de ferramentas de comunicação, como jornais e revistas, é cada vez mais freqüente e eficaz para transmitir a atividade de escolas e instituições educacionais. “Educação em Revista” recebeu algumas dessas publicações, as quais reproduz no espaço abaixo:

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