Edição 84

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ANO XV • FEVEREIRO / MARÇO 2011

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A NOVA IDENTIDADE DO

ENSINO MÉDIO INSTITUCIONAL

Educação em Revista comemora 15 anos ENTREVISTA

Carlos Seabra fala sobre tecnologia e educação


Quando a escola cresce, o futuro é cada vez mais positivo. Com o Sistema Positivo de Ensino, sua escola passa a contar com um material didático que organiza o conteúdo de toda escola, integrando as diversas disciplinas em uma mesma linha pedagógica. Seus alunos passam a dispor do Portal Positivo, que enriquece os estudos e aprofunda a aprendizagem da sala de aula. Seus professores passam a ter cursos e assessorias pedagógicas especializadas por áreas do conhecimento. E a sua escola passa a receber apoio em toda gestão escolar, incluindo áreas financeira, jurídica, administrativa e de marketing. No conjunto, são soluções que transformam o dia a dia e constroem um novo futuro, muito mais positivo. Ligue agora e veja sua escola crescer cada dia mais. 0800 724 4241 – (41) 3218-1000 ou acesse www.editorapositivo.com.br/sistemapositivo.

MATERIAL DIDÁTICO

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ASSESSORIA PEDAGÓGICA

ASSESSORIA NA GESTÃO ESCOLAR

PORTAL POSITIVO


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EXPEDIENTE

EDITORIAL

Educação em Revista é o órgão oficial de divulgação do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul - SINEPE/RS, com circulação bimestral

Chegamos aos 15 anos! Em agosto de 1996, a Educação em Revista surgia no setor educacional gaúcho, com a proposta de ser um instrumento de apoio ao trabalho realizado nas instituições de ensino privado. Ao folhear as páginas que fazem parte desta história é possível ver que a publicação tem cumprido com seu papel. A cada edição, a revista procura gerar debates que promovam reflexões e inquietações nos protagonistas da educação gaúcha. Isso por meio de um conteúdo comprometido com a formação de seus leitores, e não somente voltado a assuntos institucionais. Para resgatar a importante trajetória da publicação, dedicamos algumas páginas que contam um pouco desta história de sucesso! Mas não é só isso. Esta edição comemorativa entra no clima de volta às aulas e traz importantes assuntos para a discussão dos educadores neste início de ano letivo. Os desafios e as novas possibilidades que se abrem para uma mudança na proposta pedagógica do Ensino Médio estão em debate na Reportagem de Capa. Esta etapa final da Educação Básica está, a olhos vistos, em um momento de transição, com inúmeros questionamentos. Estas dúvidas deixam evidente que, talvez, a única certeza das instituições é a necessidade de sair da zona de conforto e investir em pesquisa neste setor. É preciso fazer um trabalho de base, reformulando a formação dos profissionais em educação e os currículos escolares. As escolas precisam estar devidamente organizadas para oferecer um ensino com os pilares da interdisciplinaridade, bem como as famílias devem compreender os motivos dessas mudanças, para então os novos paradigmas da educação se firmarem e surtirem os efeitos esperados. E para completar ainda mais esta edição, nada melhor do que novidades. Inauguramos a seção Internacional, um espaço que pretende mostrar experiências exitosas de outros países na área da educação. No primeiro artigo, o presidente do SINEPE/RS, Osvino Toillier, relata como é a proposta pedagógica do Columbia International College, do Canadá. Outra novidade é o maior espaço às instituições de ensino superior. A cada edição, traremos uma reportagem especial sobre temas pertinentes para as IES. Abrimos com uma matéria sobre o ProUni nas universidades privadas. Ótima leitura a todos.

ISSN 1806 – 7123 Presidente: Osvino Toillier 1º Vice-Presidente: Hilário Bassotto 2º Vice-Presidente: Flávio Romeu D’Almeida Reis 1º Secretário: Vanderlei Langoni de Souza 2º Secretário: Maria Helena Lobato 1º Tesoureiro: João Olide Costenaro 2º Tesoureiro: Wilson Ademar Griesang Suplentes: Mônica Timm de Carvalho, Oswaldo Dalpiaz, Adélia Dannus, Delmar Backes, Olavo José Dalvit, Bruno Eizerik, Adelmo Germano Etges Conselho Editorial: Prof. Osvino Toillier, Prof. Hilário Bassotto, Prof Flávio D’Almeida Reis, Prof Luiz Antonio de Assis Brasil, Prof. Ruy Carlos Ostermann, Prof. Adayr Tesche, Prof. Pedro Luiz da Silveira Osório, Moises Mendes, Profª. Naime Pigatto Sperb. Coordenador da Assessoria de Comunicação e Marketing: Prof. Osvino Toillier Assessora de Comunicação e Marketing: Graciela Dias de Oliveira Auxiliar de Comunicação: Maria Alice Machado Estagiária de Comunicação: Cláudia Diniz de Farias Edição e Reportagens: Carine Fernandes Reportagens: Dóris Fialcoff Foto da capa: Fotolia Projeto Gráfico / Diagramação: Agência Bistrô; Revisão: www.postexto.com.br e Milton Gehrke; Impressão: Gráfica Comunicação Impressa. Conselho Fiscal: Titulares: Ruben Werner Goldmeyer, Luiz Fernando Felicetti, Valderesa Moro Suplentes: 1º Suplente: Isaura Paviani 2º Suplente: Maria Angelina Enzweiler 3º Suplente: Anelori Lange

MISSÃO

Carine Fernandes

Representar e congregar as instituições do ensino privado na promoção de sua qualificação permanente, diferenciação e sustentabilidade.

Editora da Educação em Revista

VISÃO Fale conosco Redação Cartas, comentários, sugestões, matérias; educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br Anúncios e assinaturas E-mail: comercial@sinepe-rs.org.br Fone: (51) 3022-3282/9998.5807

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Educação em Revista não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Por motivos de espaço e clareza, as cartas e artigos poderão ser resumidos

Ser referência como instituição no cenário educacional brasileiro, reconhecida pela eficiência na representação sindical e proposição de novos significados ao setor.

VALORES

Compromisso com o Associado - Ética e Transparência - Competência - Cultura da Inovação - Responsabilidade Socioambiental.


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PREMIADAS

Confira os projetos vencedores dos Prêmios do SINEPE/RS em 2010

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Carlos Seabra fala sobre como usar os recursos da internet a favor da educação

ESPECIAL

Inovação é a marca da Educação em Revista nesses 15 anos

REPORTAGEM

Especialistas discutem novas propostas para o Ensino Médio

INTERNACIONAL

Conheça a proposta pedagógica do Columbia International College do Canadá

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ENTREVISTA

IES

Alunos formados pelo ProUni nas universidades privadas dão sua contribuição social

ARTIGO

Em debate, o papel do coordenador de curso do Ensino Superior

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CINEMA

Alejandro Iñárritu tematiza a morte e a redenção humana


PREMIADAS

Um espaço para a aprendizagem sem fronteiras

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rofundas mudanças têm ocorrido na educação brasileira, entre elas, a ampliação do acesso ao ensino superior. Ao chegarem hoje à Universidade, os alunos apresentam grandes diferenças de faixa etária, de contextos sociais, de capital cultural, de nível socioeconômico e de familiaridade com as tecnologias. Alguns necessitam de apoio no processo de aprendizagem. Diante dessa realidade, a PUCRS busca alternativas para minimizar as desigualdades, empenhando-se para que esses alunos possam concluir com êxito os cursos escolhidos, com possibilidades favoráveis de ingresso no mundo do trabalho. Em novembro de 2009, a universidade inaugurou o Logos – aprendizagem sem fronteiras, projeto inovador idealizado pela Pró-Reitoria de Graduação. A iniciativa conquistou o troféu Ouro no 1º Prêmio Inovação em Educação do SINEPE/RS, categoria Área Fim Ensino Superior. A iniciativa tem como objetivos oportunizar aos graduandos aprendizagem fora da sala de aula por meio de atividades presenciais e virtuais, individuais ou em grupo, e criar espaço para exercitar práticas pedagógicas a estagiários de licenciaturas. O Logos consiste em um espaço integrado com salas ambiente de coordenadorias pedagógicas; Laboratório de Ensino e Atendimento a Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (Lepnee); Laboratório de Aprendizagem (Lapren), que oferece ambiente próprio para atividades de apoio à aprendizagem; Arena, espaço para realização de cursos e

Uma equipe com mais de 40 profissionais, entre professores, funcionários e bolsistas, atua no projeto

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compartilhamento de experiências e convivência. O Lepnee, vinculado à Faculdade de Educação, atende alunos com deficiência visual – cegos ou com baixa visão –, com deficiência auditiva ou surdos e com deficiência intelectual, no intuito de possibilitar-lhes um melhor desempenho acadêmico e bem-estar na instituição. Até setembro de 2010, 37 alunos foram atendidos e acompanhados periodicamente, por meio de encontros com professores e coordenadores de curso de cada faculdade, para tomar conhecimento de seu desempenho e de suas necessidades. No Lapren, bolsistas e professores atendem alunos com necessidades específicas relacionadas, principalmente, às áreas de Matemática e de Língua Portuguesa. Identificadas as necessidades, recebem apoio pedagógico e realizam atividades de estudo individualizado, em grupos ou em oficinas. Aos alunos são disponibilizados 25 computadores reunidos em 9 ilhas. Os estudantes podem realizar estudos, de forma independente, com material próprio, ou utilizar Objetos de Aprendizagem disponíveis no laboratório. Até setembro de 2010, foram contabilizados 831 atendimentos a alunos pelos bolsistas e docentes e realizadas 12 oficinas de Matemática para 200 alunos. Na disciplina de Cálculo I, com os atendimentos realizados no Lapren, houve um aumento no percentual de aprovação. Assim, o Logos se fortalece por meio da convivência que nele se estabelece e dos resultados obtidos.


Mais de 12.700 inscrições foram feitas pelo sistema em quatro anos

Hotsite moderniza processo de matrícula nas escolas da Rede Marista Os indicadores educacionais do setor privado mostram que existe um verdadeiro desafio a ser vencido todos os dias quando o assunto é a captação de novos alunos. Isso acontece por vários motivos, desde a mudança de perfil socioeconômico das famílias, passando pelos ajustes demográficos, que levam as famílias a ter menos filhos, e, consequentemente, acabam impactando nos números das escolas, que precisam fazer uma gestão efetiva do seu sistema de captação. Com essa preocupação em mente, nos últimos anos, a Rede Marista desenvolveu e consolidou um processo de busca de novos alunos, embasado nas melhores práticas dos colégios da Rede e replicado em todas as unidades. Uma das principais ferramentas para isso foi o hotsite de inscrições e matrículas, que surgiu, inicialmente, da necessidade de disponibilizar um canal de amplo acesso, com informações sobre o processo de inscrição para as famílias interessadas em matricular seus filhos nos Colégios Maristas, juntamente com a possibilidade de inscrever o candidato pela web. A iniciativa conquistou o troféu Ouro no 8º Prêmio Destaque em Comunicação do SINEPE/RS, na categoria Mídia Digital – Mantenedora. O trabalho de estruturação do processo de matrícula para os colégios da Rede tomou por base duas necessidades básicas das famílias que buscam uma escola para seus filhos: rápido acesso às principais informações e possibilidade de inscrição instantânea para recebimento de informações e contato futuro. Com isso, a Assessoria de Comunicação e Marketing, por meio do Núcleo de Web, desenvolveu uma solução com foco na captação via internet e também no gerenciamento de todo o processo, possibilitando o acompanhamento e geração de subsídios para tomada de decisões e intervenções em tempo real pelos gestores dos colégios maristas.

Com a nova ferramenta em mãos, os colégios tiveram acesso, no mesmo momento, a uma plataforma de informação sobre seus serviços e as famílias interessadas e a possibilidade de gerenciar essas informações conforme as demandas mais importantes. O processo de implementação do sistema não foi fácil, pois envolvia a mudança de diversos paradigmas dentro das escolas. Muitas barreiras foram vencidas no decorrer do trabalho, como a resistência dos profissionais das secretarias e tesourarias ao uso do sistema; os “mitos” locais, sobretudo no interior, de que as famílias pouco acessavam a web e a resistência de algumas unidades à atuação em rede, uma vez que cada colégio já tinha um processo configurado de matrículas. O esforço de capacitação dos profissionais in loco gerou um impacto positivo, na medida em que iam percebendo as vantagens de utilização do sistema e de aderir a um processo alinhado. Isso garantiu que em 2009 se atingisse a adesão de todas as unidades do Rio Grande do Sul e Brasília. No total, já são mais de 12.700 inscrições pelo sistema em quatro anos de uso, sendo que de 2008-2009 para 2009-2010 houve um aumento de mais de 73% no número de inscrições. Além dos números, o avanço qualitativo da gestão é um dos principais resultados. Por meio do sistema foi possível estabelecer históricos, metas e indicadores, acompanhamento da procura pelos colégios, obter uma visão geral do potencial de captação e fazer avaliações periódicas do processo com informações sobre a desistência de candidatos. Essas melhorias, juntamente com o maior comprometimento dos gestores e das equipes envolvidas, refletiram-se na qualificação do atendimento aos públicos estratégicos no período de matrículas e, consequentemente, da gestão das escolas como um todo.

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Alunos do 3º ano fizeram homenagem à escola centenária

Cenário para o Programa Conexão foi montado dentro da escola para gravar as comemorações pelos 100 anos

100 anos contados por quem fez parte desta história Completar 100 anos de existência já é por si só motivo de muita comemoração para uma instituição de ensino. Mas para a direção e a equipe de comunicação do Colégio São José de Pelotas não bastava festejar o momento, todos almejavam uma verdadeira celebração. Para isto, a assessoria de comunicação do colégio desenvolveu o projeto ‘100 anos do Colégio São José’, com o objetivo de mostrar a importância da escola para a comunidade e região, homenagear as pessoas que fizeram parte desta história e envolver a comunidade escolar nesta celebração. A iniciativa conquistou o troféu Ouro na categoria Gestão de Comunicação e Relacionamento do 8º Prêmio Destaque em Comunicação do SINEPE/RS. A história da instituição foi contada por meio do relato de quem fez parte dela. Ex-alunos, professores e funcionários deram seu depoimento em canais de comunicação da instituição como o programa de TV Conexão, a Rádio Interna CSJ, o espaço no Jornal Diário Popular (maior jornal impresso da cidade), o Portal Educacional e as redes sociais. Dos depoimentos, surgiram verdadeiras lições de vida, histórias sobre a instituição que nunca haviam sido publicadas antes. Uma das ações que gerou grande repercussão na comunidade foi o Colecionável, desenvolvido em parceria com o Jornal Diário Popular. O material foi criado para contar a história do Colégio, o início de toda a trajetória, as pessoas que proporcionaram a sua criação, personalidades que estudaram no Colégio, fazendo um paralelo com a sociedade de cada época, os costumes, o papel da Congregação das Irmãs de São José. Assim cada geração de exalunos pode relembrar sua época, seus colegas, professores, rever sua própria história de vida.

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Outra produção foi o vídeo institucional comemorativo. O roteiro é um verdadeiro convite para uma viagem pela história do Colégio São José, com utilização de figurinos, cenários virtuais, fotos, imagens de arquivos, cenas atuais e muita emoção. No encerramento foram apresentadas as pessoas que estão escrevendo a página mais recente dessa longa história, os funcionários e professores. Assim, integrando as comemorações já tradicionais, como jantar, missa e eventos envolvendo a comunidade escolar, o centenário do Colégio São José foi marcado pela participação popular e deixou um sentimento inexplicável que mistura amor e orgulho de fazer parte desta família. “Ficou claro que a missão de um Colégio não é simplesmente a educação de alunos, mas a tão falada formação de cidadãos. E o Colégio São José tem sido fundamental para a vida de muitas pessoas, profissionais competentes, mas antes de tudo, seres humanos incríveis, que com seus erros e acertos estão atuando na comunidade e lutando por um mundo melhor”, destaca a diretora ir. Anita Maria Pastore. O principal resultado almejado durante o planejamento e a realização das atividades comemorativas dos 100 anos era o envolvimento da comunidade pelotense. E isso, com certeza, aconteceu. Só na Festa da Família, por exemplo, foram arrecadados cerca de 5 mil quilos de alimentos, resultado da grande quantidade de pessoas que circularam pelo colégio naquela ocasião.

Programa Conexão gravou com aluna mais antiga da instituição, com 94 anos


Novo posicionamento do UniRitter reforça a proposta da instituição de compartilhar conhecimento

UniRitter muda posicionamento e inova na campanha de vestibular O VT de vestibular de inverno do UniRitter marcou o novo posicionamento da instituição e conquistou o troféu ouro no 8º Prêmio Destaque em Comunicação, na categoria Mídia Eletrônica - Ensino Superior, do SINEPE/RS. Tudo começou quando o UniRitter, em parceria com a agência Paim Comunicação, decidiu avaliar seu posicionamento de marca ‘Muito além do que se vê’. Embora o resultado tenha sido positivo, o estudo apontou que a instituição estava pronta para uma nova fase. Na mesma época, o UniRitter tomou a decisão inovadora de liberar o acesso às redes sociais, e ampliou os pontos de acesso à rede Wi-Fi nos campi. A iniciativa contribuiu para que a instituição tivesse um papel mais ativo na disseminação e no compartilhamento de informação e de conhecimento, e inspirou o novo posicionamento da instituição – ‘Conhecimento: compartilhe’. “A ideia era centrar o papel do UniRitter não apenas no compartilhamento de informações, mas também de conhecimento. Seja pela própria estrutura arquitetônica do campus (salas envidraçadas, dispostas em círculo, área de convivência central), que permite o encontro entre as pessoas, ou pelo movimento de liberação do acesso às redes sociais e pela ampliação dos pontos de rede, que potencializam ainda mais a troca de informação e conhecimento”, justifica a gerente de Comunicação da instituição, Cláudia Mallmann.

O vídeo vencedor do Prêmio seguiu esta nova linha de comunicação. O filme de animação faz uma releitura da história dos três macacos japoneses. Eles ilustram a porta do Estábulo Sagrado, um templo do século XVII localizado no Santuário Toshogu, na cidade de Nikko, Japão. Sua origem é baseada em um trocadilho japonês. Os macacos chamam-se Mizaru (o que cobre os olhos), Kikazaru (o que tapa os ouvidos) e Iwazaru (o que tapa a boca), o que se traduz respectivamente como “não ouça o mal, não fale o mal e não veja o mal”. A escolha dessa história foi feita pela carga de significado que ela traz para o novo posicionamento do UniRitter. Os macacos representam a antítese dele, pois sem ver, ouvir ou falar eles são impedidos de compartilhar. No VT de 15”, criado pela agência Paim, os três macacos são transformados em seres que compartilham conhecimento: o macaco que anteriormente não via, agora vê; o que não podia escutar, agora escuta; e o que não podia falar, agora fala. O material foi veiculado nos canais abertos da RBSTV e da MTV, além dos canais fechados da rede GLOBOSAT. Além disso, o UniRitter também disponibilizou o VT no YouTube.

Vídeo é inspirado na história dos três macacos japoneses que não podiam ver, falar nem escutar

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Alunos estudam a importância das abelhas na preservação da biodiversidade

Crianças de Ivoti aprendem desde cedo a cuidar do planeta Em 2006, o Instituto de Educação Ivoti iniciou um trabalho para conscientizar as crianças a assumirem uma postura responsável com relação ao meio ambiente. A iniciativa, que começou com os alunos da Educação Infantil, hoje atinge 181 crianças até os Anos Iniciais do Ensino Fundamental e também a comunidade. A proposta é difundir a importância da preservação do meio ambiente e da qualidade de vida por meio de ações educativas e socioambientais. Chamado Herbário Vivo, o programa foi vencedor do 5º Prêmio SINEPE/RS de Responsabilidade Social, na categoria Preservação e Educação Ambiental. O projeto, coordenado pela professora Soeli Presser, contempla o estudo das plantas ornamentais, medicinais, aromáticas e condimentares; o estudo das abelhas com ferrão (Apis mellifera) e sem ferrão, entre elas, Jataí e Mirim, e sua importância na preservação da biodiversidade. As ações acontecem em aulas teórico-práticas semanais, articuladas interdisciplinarmente com os conteúdos abordados pela professora da turma. A divulgação dos conhecimentos construídos pelos alunos acontece em feiras, eventos, seminários, e para escolas e entidades interessadas em conhecer a proposta.

Projeto ensina a usar as flores na alimentação

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Entre os resultados alcançados estão a compreensão apurada por parte dos alunos e comunidade escolar da importância da preservação ambiental na garantia da qualidade de vida e sobrevivência do planeta; engajamento dos alunos, professores e famílias em ações socioambientais; disseminação da proposta educativa na comunidade local e regional; contribuição do programa no incentivo a políticas públicas que favoreçam a produção agrícola ecologicamente correta; diversificação da produção agrícola (produção de flores comestíveis; meliponicultura, apicultura); ampliação da compreensão de que a educação ambiental envolve todos os âmbitos do desenvolvimento humano; implementação de jardins com colmeias de abelha jataí por famílias e comunidade escolar; e preservação e multiplicação de sementes crioulas (sistema troca-troca), cultivo e produção de mudas. Para o desenvolvimento do Projeto Herbário Vivo, o Instituto de Educação Ivoti investe mensalmente com recursos financeiros, humanos e físicos, contando com o apoio das famílias, empresas e a parceria da Ascar/Emater, Cooperativa dos Apicultores de Ivoti (Cooapi), Associação dos Floricultores da Rota Romântica e Prefeitura Municipal de Ivoti.


expoente: 25 Anos escrevendo históriAs e construindo novAs gerAções.

1986 / inAugurAção e Primeiro diA de AulA 1987 / criAção de mAteriAl didático exclusivo 1994 / imPlAntAção do centro de excelênciA exPoente

1991 / inAugurAção dA segundA unidAde do gruPo em curitiBA 1999 / gruPo exPoente filiA-se Ao ProgrAmA de escolAs AssociAdAs dA unesco

2001 / criAção dA exPoente soluções tecnológicAs 2002 / lAnçAmento dA unidAde de ensino suPerior exPoente 2007 / unidAde exPoente águA verde tornA-se um dos mAis modernos Prédios escolAres do PAís 2008 / fAculdAde exPoente é A únicA do PArAná A Atingir notA máximA no enAde nA áreA tecnológicA 2011 / gruPo exPoente celeBrA 25 Anos de excelênciA em educAção, com método didático e mAteriAis consAgrAdos no BrAsil

não é o conhecimento que faz história, são as pessoas. Por isso, nosso maior orgulho é ter participado da vida de muita gente, espalhando conhecimento, ajudando a mudar o mundo. o que começou como um colégio, hoje é um grupo de ensino, uma instituição dotada de sedes próprias, que oferecem da educação infantil ao ensino superior, com método didático e materiais consagrados em todo o Brasil. são 25 anos, aprendendo mais a cada dia, inovando sempre, construindo gerações, fazendo história.

Acesse www.expoente.com.br/25anos e conheça a história toda.


Clleber Passus/Fronteiras do Pensamento

ENTREVISTA

Um universo pedagógico a explorar através das novas tecnologias Por Carine Fernandes

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ergunte a um jovem o que ele gosta de fazer nas horas vagas. Entre as preferências de 99,9% dos entrevistados está a internet. Hoje, é inquestionável a presença da web na vida dos estudantes, e a pergunta que fica para muitos educadores é como transformar os recursos da web em ferramenta pedagógica eficaz para a aprendizagem. Na opinião do consultor e coordenador de projetos de tecnologia educacional e redes sociais, Carlos Seabra, o primeiro passo é o professor se apropriar das tecnologias, para então pensar como fazer uso delas em sala de aula. Mas ele adianta que não existe receita pronta para isto, é preciso experimentar. Diante desta nova realidade, o especialista ressalta que o papel do professor não é mais o de ser quem domina todas as informações e as repassa aos alunos, mas sim alguém que os acompanha na pesquisa dessas informações, estimulando o pensamento crítico e autônomo dos alunos, preparando-os para aprenderem a aprender.

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Confira a seguir os principais trechos da entrevista realizada com o consultor em sua passagem por Porto Alegre, quando fez palestra no Fronteiras da Educação – Diálogos com Professores. Educação em Revista – Muitos professores se veem em uma difícil tarefa na sala de aula, não conseguem falar a mesma língua de seus alunos, que já nasceram na geração digital. Qual o conselho que o senhor dá a esses professores ‘analógicos’? Carlos Seabra – Que coloquem a ‘mão na massa’, que experimentem, que se apropriem. Sem isso, abrir-se-á um grande fosso entre eles e seus alunos, e mais ainda, entre eles e um mundo cada vez mais digital. É fundamental que as tecnologias, disseminadas em larga escala e que estão sendo usadas até pelas classes mais carentes, sejam pensadas também do ponto de vista dos educadores, que as usem em seu cotidiano, em sala de aula, para se atualizarem, para fazerem um uso pedagógico das mesmas.


Educação em Revista – Como fica o papel do professor, tendo em vista esses novos recursos? Seabra – O papel do professor é cada vez mais o mesmo: ele deveria ser sempre um estimulador da aprendizagem, que saiba perceber o que se passa na cabeça de seus alunos, que identifique suas dificuldades de aprendizagem, que procure criar estratégias facilitadoras da construção do conhecimento. O papel do professor não é mais o de ser quem domina todas as informações e as repassa aos alunos, mas sim alguém que os acompanha na pesquisa dessas informações, estimulando o pensamento crítico e autônomo dos alunos, preparando-os para aprenderem a aprender. Educação em Revista – O senhor acha que as redes sociais podem servir como ferramenta pedagógica? De que forma? Seabra – A forma em que as redes sociais podem servir como ferramenta pedagógica, e certamente elas têm esse grande potencial, é justamente um desafio para os próprios professores procurarem essa resposta! O contexto está dado: as redes sociais são usadas pelos alunos de forma intensiva, e um professor que apenas acompanhe o que seus alunos ali escrevem, que veja os interesses, os assuntos sendo discutidos, que perceba como eles se comunicam, como articulam suas discussões, esse professor terá no mínimo um conhecimento ímpar de como seus alunos pensam e como interagem. Educação em Revista – Como o professor pode estimular seus alunos a usar a web não apenas para copiar dados? Seabra – A web veio para matar de vez a pseudo-estratégia de pedir aos alunos para pesquisar um assunto e considerar que a mera cópia escrita à mão com caneta num papel, tirada de uma enciclopédia ou outra fonte, resolvia a tarefa. A informática, permitindo o copiar e colar com o gesto de um mouse, e o acesso à vastidão de informações disponíveis na web colocaram em xeque essa visão. Os alunos somente copiarão os dados se a tarefa solicitada for essa. Mas se a tarefa dada pelo professor exigir construção, elaboração, será impossível limitar-se a copiar. Por exemplo, se um professor pedir aos alunos que pesquisem sobre répteis, primatas, felinos, e escrevam como se um jacaré, um macaco ou uma onça soubessem escrever e se expressar em nossa linguagem, os alunos terão que transformar as informações coletadas sobre hábitos de alimentação, tempo de vida e hábitat em algo que é impossível de copiar, pois a natureza da tarefa dada impossibilita isso.

Educação em Revista – E quanto a outros aparelhos multimídia, como celulares, MP4, iPad, o senhor acha que podem ser ferramentas úteis na sala de aula? Como devem ser usados? Seabra – Esse é um grande desafio! Sem dúvida que necessitam ser usados, mas o caminho passa por inúmeras questões que não são novas, mas ficam bastante agravadas com essas tecnologias. Há que se evitar, por um lado, o simples banimento da sala de aula ou da escola, e, por outro lado, evitar também que sejam distrações que prejudiquem a aprendizagem, tirando o foco do que realmente interessa – que é o processo de construção do conhecimento. Como usar um livro ou um filme em sala de aula? Certamente boa parte dos professores terá algumas respostas para isso, embora saibamos o quão ainda são mal utilizados em sala de aula esses recursos. Assim como não basta pegar um filme e exibi-lo (é necessário pensar atividades antes ou durante sua exibição, além de talvez exibir apenas um trecho significativo), também não se trata de “liberar” o uso do telefone celular em sala de aula. É necessário pensar nas ações, nas tarefas, nos processos cognitivos envolvidos, ter uma estratégia pedagógica, seja para o uso de celulares seja para tablets ou mesmo computadores. E aplicar isso pensando não só na sala de aula, mas também na integração com outros momentos da vida dos alunos, em suas casas, em atividades extraescola, etc.

Clleber Passus/Fronteiras do Pensamento

Educação em Revista – O uso das tecnologias pode substituir a figura do professor? Seabra – Um professor que possa ser substituído por uma tecnologia deve sê-lo! Isso só ocorrerá se ele não for um professor de verdade, pois este tem seu papel cada vez mais importante na chamada sociedade da informação e do conhecimento. Assim como uma mãe não pode ser substituída por quaisquer tecnologias, por mais que estas a auxiliem a cuidar de seu bebê – ninguém pergunta se uma geladeira pode substituir uma mãe –, também nenhum artefato tecnológico pode substituir um professor, até porque tecnologia é antes de tudo uma questão de “cabeça” e portanto isso pressupõe um professor estimulador e facilitador, que necessariamente deve se apropriar e dominar essas tecnologias.

O mero uso dessas tecnologias não garante maior domínio da linguagem ou do raciocínio. Isto só é assegurado quando há uma afetiva apropriação pelo projeto pedagógico 13


Educação em Revista – Quais os benefícios dessas novas tecnologias para o desenvolvimento cognitivo dos alunos? Seabra – As novas tecnologias de informação e comunicação são extensões do cérebro, permitem concretizar conceitos, juntar dados a informações significativas, desenvolver projetos que exijam a aplicação prática de conceitos teóricos... Mas é necessário levar em conta que o mero uso dessas tecnologias não garante maior domínio da linguagem ou do raciocínio, não assegura a formação cultural nem o desenvolvimento de cidadãos, pois isso somente é assegurado quando há uma afetiva apropriação pelo projeto pedagógico, e esse é o desafio que torna os professores o elemento central dessa questão. Educação em Revista – Quando essas tecnologias podem interferir de forma negativa no aprendizado? Seabra – Quando são meros distratores, quando não são utilizadas de forma integrada em estratégias de ensino e aprendizagem. Assim como papel e lápis por si não resolvem nada e até podem ser usados para produzir material preconceituoso, racista ou sexista, assim como o audiovisual pode apenas tirar a atenção e o foco de uma aula, tudo o que não seja pensado e não tenha uma proposta de uso consistente pode impactar negativamente. Não existem receitas prontas nem ditames a seguir. O grande desafio é justamente esse: os educadores devem se apropriar das tecnologias para pensar que usos podem fazer delas. E não ter receio de experimentar, de errar, tampouco cair na armadilha de acreditar em soluções prontas e mágicas! Educação em Revista – Como desenvolver o senso crítico nos jovens de hoje, para o uso consciente da internet e das redes sociais? Seabra – O desenvolvimento do senso crítico é um dos esteios da educação, sem dúvida. O uso da internet e das redes sociais apenas permite maior integração e transparência das relações entre os alunos e deles com assuntos e temas de seu interesse. Cabe aos educadores aproveitarem a possibilidade aberta por essas tecnologias para acompanhar mais de perto os jovens e construir, em conjunto com eles, novos processos integradores da formação crítica de cidadãos, de artistas, cientistas, profissionais, de seres humanos na mais plena acepção! Educação em Revista – Como explicar que, em meio a tantos recursos tecnológicos, a qualidade do ensino continua deixando a desejar, já que os resultados das avaliações continuam comprometendo a imagem do país? Neste sentido, a tecnologia poderá ajudar a superar esta situação? Seabra – Não basta colocar um monte de computadores, DVDs e outros artefatos nas escolas. É preciso focar os esforços nos processos de ensino e aprendizagem, de modo criativo e crítico, buscando aliar a inovação tecnológica, o lúdico e o motivacional, com a seriedade pedagógica que tantas vezes sucumbe ante as rotinas desmobilizadoras e desinteressantes que são os verdadeiros geradores dos resultados dessas avaliações, que colocam nosso país num patamar muitas vezes inferior a seu real potencial.

A forma em que as redes sociais podem servir como ferramenta pedagógica é um desafio para os próprios professores procurarem essa resposta

Confira dicas práticas sobre como usar os recursos tecnológicos para tornar a aula mais atrativa: Incentive a produção audiovisual: a maioria dos celulares possibilita a gravação de pequenos vídeos. Máquinas fotográficas digitais também permitem filmagens. O projeto pode ser um trabalho individual ou em grupo, uma ficção desenvolvida a partir de um roteiro feito pelos alunos ou um documentário com tema e objetivos bem definidos. O produto final pode ser postado em um site, como o Youtube, o maior acervo de vídeos na internet. Trabalhe com o som: O som é outra interessante possibilidade de uso na escola, na forma de músicas, entrevistas em programas de rádio, gravação de aulas, trabalhos em grupo apresentados em áudio. Você pode pedir aos alunos que façam trabalhos extraclasse, como a gravação de entrevistas, a simulação de um programa de rádio com temas específicos, ou mesmo uma gravação musical. Os trabalhos podem ser publicados na internet, por meio de podcasts, blogs ou audioblogs e sites específicos de compartilhamento de arquivos sonoros. Explore as imagens: Para trabalhar com imagens e fotografias, um exemplo seria explicar aos alunos que Cristóvão Colombo, durante suas viagens, registrava todas as suas impressões em um diário de viagem. Para ilustrar seus relatos, as páginas eram acompanhadas de várias figuras das regiões por onde ele passou. Era pela pintura e pela ilustração que se registravam os acontecimentos passados. Após essa explicação aos alunos, você pode solicitar que eles pesquisem imagens na internet para ilustrar um determinado tema, ou que registrem por meio de fotografias acontecimentos que considerem importantes ou até mesmo curiosos. O resultado final pode ser apresentado para a turma, por meio de exposição nas paredes da sala ou em algum álbum online (como o Flickr ou o Picasa), blog ou fotolog. Fonte: Cartilha “Tecnologias na escola”. Acesse o material na íntegra neste endereço: http://www.scribd.com/doc/41921420/Tecnologias-na-Escola

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MEMÓRIA

Instituição foi fundada a partir da iniciativa da Associação de Ex-Alunos do Colégio La Salle Carmo

Excelência educativa desde 1936 na Serra gaúcha

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ma secretaria. Duas salas de aula. Uma sala de professores. Uma recepção. Foi assim que em 14 de fevereiro de 1936, a partir da iniciativa da Associação de Ex-alunos do Colégio La Salle Carmo, fundou-se o Colégio La Salle Caxias, no bairro São Pelegrino em Caxias do Sul. O espaço onde funcionava uma serraria, transformado em educandário para tão nobre missão de educar, teve apoio dos caxienses para sua construção. Em 1958, com a criação do Curso Ginasial, foi preciso ampliar a escola com a aquisição do terreno onde hoje funciona a instituição. Na presença do Governador do Estado, Dr. Ildo Meneghetti, foi lançada a pedra fundamental para construção do atual prédio do Colégio. A obra seguiu vagarosa e somente em março de 1964 efetuou-se a transferência definitiva para o seu novo endereço. A partir desta inauguração, o La Salle prosseguiu na sua caminhada educativa. Uma evolução gradativa, constante, a partir de raízes sólidas. Em 1963 fundou-se o Grêmio Estudantil. Em 1968, a criação da Associação de Pais e Mestres. Em 1970, criação da Pré-Escola e 2º Grau Noturno. Também neste ano, foi adotado o regime misto de alunos. O Ginásio de Esportes foi inaugurado em 1977. O Curso de 2º Grau diurno instalado em 1979. Em 1982, criação do Centro de Professores. Com a missão de promover o desenvolvimento integral da pessoa, por meio de uma educação humana, cristã, solidária e

participativa, hoje, graças ao apoio da comunidade caxiense, o Colégio La Salle comemora seus 75 anos. A instituição oferece ensino nos níveis de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, com cerca de 900 alunos e 81 colaboradores. Integra, desde sua fundação, a Rede La Salle de Educação com presença em mais de 80 países e em 11 estados brasileiros. Oferece ainda ensino para a promoção da cultura, com suas oficinas de música, estímulo ao conhecimento científico, através da sua Multifeira, além de proporcionar educadores preparados para ensinar e aprender diante de um mundo em transformação. Nos seus 75 anos de presença na Serra gaúcha, o La Salle Caxias destaca-se pela solidez no “aprender a aprender”, na organização, relações humanas e na interação com a comunidade local. Programação de Aniversário Para comemorar os 75 anos de sua fundação, a direção do Colégio La Salle Caxias, junto aos seus colaboradores e ao Conselho de Pais e Alunos, está organizando uma intensiva programação, incluindo a preparação de um Memorial sobre os 75 anos da instituição. Além disso, as principais atividades pedagógicas terão como temática o aniversário: Semana do Estudante, Multifeira e Festa da Família. No ano comemorativo, o Colégio também receberá o 21º Encontrão de Jovens da Rede La Salle que reúne estudantes lassalistas de todo o Brasil.

Hoje O LA SALLE CAXIAS conta com 81 colaboradores e atende 900 alunos

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Luis Alfredo tem orgulho de fazer parte da comunidade lassalista

“Os alunos do La Salle, desde sua tenra idade, são orientados à sua estatura cidadã, na vivência de valores consistentes e, sobretudo, na construção de um projeto de vida, sentido de viver. A contínua atualização, a religiosidade, o trabalho conjunto, o respeito à pessoa humana, as disposições vanguardeiras e a sua sintonia social, dentre outros, enriquecem o inventário dos 75 anos de educação lassalista no bairro São Pelegrino. Em 2011, caminhos, celebração, estudos estão previstos com docilidade pedagógica. E virão outros jubileus, é o que desejamos, com as bênçãos do padroeiro, São João Batista de La Salle. Parabéns à comunidade educativa e a todos que construíram esta bela história do La Salle Caxias.” Ir. Ivan José Migliorini Diretor

Estudei no Colégio La Salle Caxias no período de 1989 a 1999, cursando o ensino fundamental e médio na sua totalidade. Após, concluí o curso de Licenciatura Plena em Educação Física, pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), e voltei para a instituição, como professor. Podemos destacar alguns pontos que marcaram a minha vida escolar, como: o primeiro dia de aula (ainda fresco na memória); as comemorações de 60 anos do colégio (1996) com a vinda do fogo simbólico do Colégio La Salle Carmo até o La Salle Caxias pelas ruas centrais da cidade; também as viagens para Criúva eram momentos esperados com muita ansiedade; e o ano de 1999 onde fiz parte do Grêmio Estudantil La Salle atuando na área dos esportes. Durante o período escolar alguns pontos caracterizavam a instituição, dentre eles, a metodologia tradicional apresentada pelos professores, o investimento em laboratórios de informática e a boa estrutura física que oportunizava aprendizado e lazer. Era um prazer frequentar o colégio. A convivência com os colegas era excelente; as aulas num geral eram atraentes e participar do grupo de jovens era uma oportunidade boa para trabalhar os valores. Mas o mais esperado era a prática esportiva realizada na escola (aulas de educação física e treinamentos esportivos em turno inverso). Hoje, como professor, fico realizado por fazer parte dessa equipe e orgulhoso por ser parte ativa das mudanças metodológicas desenvolvidas e aplicadas no Colégio La Salle Caxias nos últimos anos. Para quem foi aluno e hoje é professor, da mesma instituição, as mudanças ficam muito evidentes, mostram a evolução da visão do Colégio perante as alterações que a globalização nos aponta. Essas evoluções estão caracterizadas nas melhoras dos espaços físicos, laboratórios específicos, conforto, tecnologias a serviço do aprendizado e metodologias condizentes com o momento em que vivemos. Recebi a Educação Lassalista durante 11 anos e há 9 anos tenho a satisfação de poder repassar esses ensinamentos aos estudantes Lassalistas. A alegria se renova a cada entrada no recinto escolar, e o desejo de conduzir e mediar o caminho para a evolução dos alunos é como um energético do dia a dia. Luis Alfredo Kormann Professor de Educação Física

Instituição prepara os alunos para aprender e ensinar diante de um mundo em transformação

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Elias Eberhardt/SINEPE/RS

INSTITUCIONAL

Inovação é a marca da Educação em Revista nesses 15 anos

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écada de 90. A comunicação nas instituições de ensino privado era inexpressiva. Pouco se pensava na criação de veículos institucionais quando o SINEPE/RS deu um passo importante para a valorização desta área no setor educacional, com a criação da Educação em Revista. O projeto audacioso de 48 páginas foi concebido com a proposta de “não só preencher a lacuna existente neste segmento, como também, e principalmente, se projetar como referência bibliográfica obrigatória para professores e administradores das instituições do Rio Grande do Sul e do Brasil”, assinalou o presidente do Sindicato à época, Francisco Jardim (in memoriam), no editorial da edição número um. A primeira revista chegou às instituições de ensino trazendo uma ampla reportagem sobre o futuro da educação, com a opinião de especialistas no tema. E assim foi em todas as 84 edições publicadas até então. É evidenciada a preocupação em promover o debate sobre importantes temas da educação brasileira, a fim de auxiliar os educadores no processo educativo e valorizar importantes projetos pedagógicos e de gestão realizados pelas instituições de ensino privado gaúchas. Para o idealizador do projeto, o atual presidente do SINEPE/RS, Osvino Toillier, a Educação em Revista é orgulho do ensino privado e transita com respeito no meio educacional e nas diversas esferas

pública e privada. ”Cada edição é esperada com expectativa, porque contempla o universo de temáticas da educação e cuja matéria é recheada por vivências e experiências produzidas nas instituições”, ressalta. A opinião é compartilhada com a jornalista, primeira editora da Educação em Revista, Rosângela Florczak. “Vejo que a revista é um instrumento de apoio ao trabalho que se realiza na educação privada do nosso estado. Além de dar a devida visibilidade aos projetos inovadores, contribui para que seja possível fazer a síntese do momento vivido pelo setor e das reflexões e inquietações que os protagonistas da educação desenvolvem para promover os avanços necessários”, destaca ela, que hoje é diretora do Centro Marista de Comunicação da Rede Marista do Rio Grande do Sul. Rosângela também comenta sobre a evolução da publicação ao longo dos anos. “Além dos evidentes avanços na qualidade visual e na riqueza dos temas abordados, a revista diversificou bastante os gêneros de produção da informação. Penso que, com o passar do tempo e a inclusão da comunicação nas escolas gaúchas, o objetivo da revista também avançou. Hoje ela existe não apenas para divulgar as boas práticas do ensino privado, mas para produzir conteúdos reflexivos acerca das diferentes dimensões do desafio de educar”, afirma. Ao longo desses 15 anos a publicação mostrou grande preocupação com a inovação. Desde mudanças visuais, com

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Principais reportagens são construídas em conjunto com os leitores

novos projetos gráficos, à evolução editorial com novas seções, a revista acompanhou as mudanças na sociedade e no ambiente no qual está inserida. Exemplo disto foi a criação da seção ‘On Line’, em 1998, para divulgar a interação dos leitores através da internet, um meio relativamente novo na época. Anos mais tarde, quando se consolidou a era digital, a revista foi para o universo online, por meio do portal do SINEPE/RS (www.sinepe-rs.org. br). Ainda, acompanhando as demandas da sociedade, foi criada em 2008 a seção ‘Salve o Planeta’, com o objetivo de destacar projetos escolares voltados à preservação ambiental. Um dos grandes marcos da revista foi a criação de espaços para divulgar os projetos das instituições associadas, como as seções Memória, Gestão, Painel, Cidadania, Cultura e IES. Embora a revista seja o principal veículo de comunicação do SINEPE/RS, procura ir além das pautas institucionais, trazendo para o debate importantes assuntos do setor educacional, com a opinião de diferentes fontes especializadas. “O grande diferencial das publicações institucionais é ir além das esferas da organização, trazendo reportagens que fazem parte do cotidiano do leitor e que possam contribuir para a sua formação como profissional e também como cidadão. Neste ponto acreditamos que a Educação em Revista tem cumprido com seu papel”, destaca a editora da publicação, Carine Fernandes. E para acompanhar a linha editorial da publicação, a revista conta há 13 anos com o Conselho Editorial, formado por importantes nomes da comunicação e da educação. Desde a formação do grupo até hoje estão o professor e jornalista do grupo RBS, Ruy Carlos Ostermann, o professor aposentado da Unisinos, Adayr Tesche,

o professor da PUCRS e atual Secretário de Cultura do RS, Luiz Antonio de Assis Brasil, o presidente do SINEPE/RS, Osvino Toillier, e o 2º vice-presidente Flávio Reis. Integraram recentemente o conselho o vice-presidente, Hilário Bassotto, a assessora pedagógica e de legislação educacional, Naime Pigatto Sperb, o professor de Jornalismo da Unisinos e presidente da Fundação Cultural Piratini, Pedro Osório, e o jornalista da Zero Hora Moisés Mendes. Além disso, desde 2009 as principais reportagens da publicação são construídas em conjunto com os leitores. A cada início de edição, a equipe da Educação em Revista promove um encontro em uma Delegacia Regional do SINEPE/RS para reunir-se com representantes das instituições da região e discutir os temas que serão destaque na próxima revista. “No encontro debatemos enfoques para as reportagens, ouvimos as experiências dos educadores sobre o tema em questão e recebemos sugestões de fontes para falar sobre o assunto”, conta Carine. Ela acrescenta que a iniciativa tem sido muito gratificante porque permite conhecer melhor os leitores, suas necessidades e expectativas. Para o futuro, a revista pretende seguir o caminho da profissionalização e do exercício do jornalismo comprometido com a organização à qual pertence, mas principalmente comprometido socialmente e atento à formação de seus leitores. “Onde quer que haja novidade, onde quer haja experiência pedagógica inovadora, lá a revista deve ir para documentá-la e socializá-la, tanto na educação básica quanto no ensino superior”, finaliza Toillier.

Ao longo dos anos, a publicação investiu em aprimoramento gráfico e editorial

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O que diz o Conselho Editorial sobre a revista: “A Educação em Revista é um excelente referencial de apoio para as instituições de ensino privado. Ao longo dos anos vem inovando, trazendo conhecimento e informação atualizada sobre o cenário educacional. É um ótimo material pedagógico para a formação continuada dos educadores, bem como, para os estudiosos da escola de educação básica e da educação superior.” Naime Pigatto Sperb

Assessora pedagógica e de legislação educacional do SINEPE/RS

“Acompanho a Educação em Revista há bastante tempo, como professor e jornalista. Penso que ela cumpre um papel fundamental, pois aborda de forma ousada e inédita vários temas raramente atendidos pela grande imprensa. Mais do que isso, a publicação os examina de modo profundo, privilegiando a análise e sugerindo projeções e compreensões vitais para o processo educacional. Considero-a indispensável.” Pedro Osório

Presidente da Fundação Cultural Piratini

“As revistas cumprem uma histórica importância. Elas sempre devem ser uma síntese com boa orientação para o leitor. No caso da Educação em Revista, ela tem evoluído para acrescentar à experiência das escolas uma palavra, um olhar e uma determinação esclarecedora, que tem sabido organizar da totalidade dos universos em constante mudança da sala de aula, das salas dos professores, das salas de casa, do pátio e da rua. Essa é a missão de uma revista devotada à questão do ensino e da aprendizagem. É uma tarefa difícil, com poucos parâmetros para comparações, oscilando perigosamente entre a repetição ou o sem sentido. Essa atualização capaz de construir um texto atualíssimo é a urgência da revista.” Ruy Carlos Ostermann

Professor e jornalista do Grupo RBS


CAPA

Para onde vai o Ensino Médio no Brasil? Por Dóris Fialcoff

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ordem evolutiva de tudo sempre envolve mudanças, aparas de arestas, aperfeiçoamentos, novos equívocos, e na Educação não poderia ser diferente. Depois de ficar por décadas sendo chamado Ensino de Segundo Grau, sua última denominação antes da atual, o Ensino Médio tem sido visto como contraditório. Ele se caracteriza pelo “conteudismo”, cujo objetivo é o acesso ao ensino superior, pela fragmentação de práticas e pouca articulação com a formação de cidadãos cultos, criativos e proativos. Também retrata a herança de um Ensino Fundamental fragilizado, do qual muitos alunos saem com dificuldades até mesmo na escrita e na interpretação de textos. Mas se o presente é assim tão questionável, afinal, como será o futuro desta etapa de ensino? O Ph.D. em Sociologia e professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), Pedro Demo, acredita que, no País, o Ensino Médio sempre viveu uma personalidade dupla: “De um lado, acenava-se com a profissionalização; de outro, com acesso à universidade. Socialmente falando, como regra, a profissionalização se dirigia a clientelas mais pobres, enquanto o acesso a universidades (sobretudo públicas e gratuitas) era cota dos mais ricos e que podiam frequentar entidade privada”, descreve o autor de mais de 80 livros nas áreas de política social

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(voltada à educação) e metodologia científica. Esta incoerência contrasta com a realidade de países mais avançados. Demo comenta que neles é possível encontrar um sistema bipartido, ou seja, um Ensino Médio profissionalizante – e com boas chances de profissionalizar, até, em muitos casos, com remunerações acima das oferecidas a quem tem nível superior – e outra modalidade vinculada ao acesso universitário. “Os dois formatos são excludentes, de modo geral”, sentencia. O pedagogo e especialista em Supervisão de Ensino e Sociologia da Educação, Francisco de Aparecido Cordão, lembra que, ao longo do século XX, as expectativas e demandas da área da Educação variaram bastante. “Foram desde a consolidação de uma concepção de ensino secundário elitista, herdada do Segundo Império, até uma concepção inovadora, promovida pela nossa primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) - Lei nº. 4.024/1961”, recapitula, comentando que esta legislação foi classificada pelo educador Anísio Teixeira como “meia vitória, mas vitória”. E, Cordão refere, isso foi até a revogação da Lei nº 5.692/1971, responsável pela reforma promovida pelos governos militares, que implantou um Ensino Médio falsamente profissionalizante pela atual LDB.


Futuro do ensino médio é aprimorar o capital humano em ciência e tecnologia

Para surpresa nossa, a meninada entendeu as tecnologias, mas continua sem aprender o que já não aprendia antes Claudio de Moura Castro

Para ele, neste começo do século XXI, a sociedade brasileira tem, entre suas muitas particularidades, a alta urbanização, o crescimento das economias agrícola e pecuária, da produção de energia, das comunicações, da indústria, das finanças, da produção cultural, do comércio e dos serviços. Tudo com crescente utilização de novas tecnologias, juntamente com um forte processo de internacionalização. “A economia propicia maiores oportunidades de trabalho, com redução recorde das taxas de desemprego. Sob outros ângulos, caracteriza-se pela consolidação democrática, pelo respeito aos Direitos Humanos, pelo atendimento das diversidades, pelo vigor dos movimentos sociais, por ações visando à sustentabilidade ambiental, responsabilidade social e solidariedade”, detalha Cordão. “Essas e outras características envolvem novas expectativas e demandas para a Educação em geral, e em particular para o Ensino Médio, uma vez que é apontado como ‘gargalo’ que obstaculiza a completude da Educação Básica, necessária a todo cidadão.” Pedro Demo diz que, no século XXI, um apelo crescente é o acesso à universidade, que tem se tornado passaporte para a classe média e para empregos mais satisfatórios. “Isso se vincula também a um estilo mais sofisticado de economia (produtiva, competitiva, globalizada, fincada na produção própria de conhecimento), exigindo preparação mais elevada”, declara. Ele chama a atenção, porém, para o fato de que ciência e tecnologia tornaram-se fatores ainda mais relevantes para o desenvolvimento do país e que, portanto, o Ensino Médio “técnico” tem altas chances.

A Reforma de 1971 A reforma promovida pela Lei nº 5.692/1971 na primeira LDB, segundo Cordão, provocou profundas distorções em relação ao então denominado Ensino de Segundo Grau. “Essas distorções foram patrocinadas, sobretudo, pela equivocada profissionalização universal e compulsória instituída”, pondera. “Na medida em que não se preocupou em preservar uma carga horária adequada para a educação geral, a legislação facilitou a proliferação de classes ou cursos profissionalizantes soltos, tanto nas redes públicas de ensino quanto nas escolas privadas.” Na avaliação do pedagogo, o então Ensino de Segundo Grau perdeu nesse processo qualquer identidade que já tivera no passado. O tempo dedicado à educação geral foi reduzido e o ensino profissionalizante introduzido na mesma carga horária antes destinada às disciplinas básicas. Contudo, ele faz questão de destacar que cursos técnicos de boa qualidade continuavam a ser oferecidos em instituições ou escolas especializadas em formação profissional. Pedro Demo contextualiza dizendo que, à época, a Reforma foi iniciativa considerada fundamental, mas, com o tempo, não causou maiores efeitos, porque deixou o Ensino Médio indeciso entre profissionalizar e preparar para a universidade. E ele entende que o futuro desta etapa, para além de continuar preparando para a universidade, está no aprimoramento do capital humano em ciência e tecnologia, alargando esta base para a inserção de contingentes importantes da população. “Vai exigir investimento consistente e crescente, tendo em vista que ciência e tecnologia tornam tudo rapidamente obsoleto, como laboratórios e máquinas, por exemplo”, pondera, completando: “Seria importante, em algum momento, decidir se o Ensino Médio continuará híbrido (profissionalizar e preparar para a universidade), ou se seria o caso de montar um sistema bipolar: um de escola para profissionalizar e outro para o acesso universitário, sendo que uma não substituiria a outra”. Cordão afirma que o sucesso do Ensino Médio, não só do futuro, mas já do presente, está na consecução do que dispõe a LDB, mediante o desenvolvimento de currículo aberto, a ser contextualizado e construído em função das peculiaridades do meio e das características próprias dos estudantes. “Deve ser um currículo que permita percursos formativos de opção dos alunos, que podem incluir diferentes ênfases, diversificados estudos e atividades e, mesmo, a profissionalização para os que a desejarem já nesta etapa educacional.”

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Desafios do Ensino Médio As discussões e expectativas dos personagens envolvidos nos processos vividos atualmente pelo Ensino Médio concentramse na exigida multidisciplinaridade. E o que se vê é a imagem de um terreno ainda inóspito e inexplorado. O pedagogo Celso João Ferretti, mestre em Psicologia da Educação e doutor em História e Filosofia da Educação, afirma que as dificuldades para colocá-la em prática têm origem em uma multiplicidade de fatores inter-relacionados, tais como a formação dos professores, suas condições de trabalho – entre as quais sua fixação a uma única escola – e a compreensão clara do que é entendido por interdisciplinaridade. “O que existe não é uma resistência dos professores em relação à multidisciplinaridade, mas falta de conhecimento e de condições para trabalhar com esse enfoque. Eles não foram preparados para fazer isso”, defende. O economista Claudio de Moura Castro, articulista da revista Veja, diz que procurou no site da melhor preparatory high school americana e de um dos dois melhores lycées franceses e não encontrou qualquer curso interdisciplinar. “O PCN (ele se refere aos Planos Curriculares Nacionais) trouxe o carro para adiante dos bois. Interdisciplinar, só depois de aprender o disciplinar. Se o professor conseguir ensinar corretamente a disciplina dele, já está muito bom”, arremata. Outro ponto controverso diz respeito à quantidade de conteúdos dos currículos, para serem cumpridos em pouco espaço de tempo. Castro é taxativo: “É inadministrável. É impossível ensinar tudo que está nas ementas e nos currículos. Dá para passar rapidamente pelos tópicos, mas isso é a antieducação, é ouvir falar de tudo e não saber nada. O professor responsável precisa focalizar o mais importante e assegurar real aprendizado nisso. O resto ele deixa de lado ou finge que ensinou”. Ferretti compartilha desta opinião. Acredita ser um erro os professores se aterem aos detalhes de cada tópico das disciplinas. “Eles deveriam aprofundar o que elas têm de mais importante, ou seja, os princípios básicos que estruturam o conhecimento em cada disciplina. Com isso bem desenvolvido, os alunos terão condições de relacionar e utilizar os conhecimentos na solução de muitos problemas, bem como de compreender de forma ampla e significativa múltiplos aspectos das vidas social, econômica,

política e cultural, o que contribuirá para sua formação humana”, garante o pedagogo. Para fundamentar seu ponto de vista, Castro utiliza um exemplo: “Um professor russo radicado no Brasil comparou a ementa de Matemática de quarta série no País (um dos piores no Programa Internacional de Avaliação de Alunos - Pisa) e a de Cingapura (um dos melhores). Descobriu que lá há cinco tópicos a serem ensinados; aqui são quase 30. Adivinha quem aprende mais?”. Ou seja, para ele, na medida em que é impossível aprender pelo excesso de conteúdos e pela dificuldade intransponível do que está nos currículos, o ensino não está voltado nem para as demandas da sociedade nem à formação humana. “Um currículo que conduz à superficialidade é irrelevante para tudo”, dispara, arriscando dizer que, na teoria, a solução perfeita está no novo Enem, pois limita a quantidade de conteúdos e focaliza os mais importantes. “Na prática, não vi ainda uma boa análise do que foi incorporado. Alguns entendidos acreditam que o MEC errou a mão e deixou o Enem excessivamente recheado de conteúdos curriculares. Isso quer dizer que não se distanciou o suficiente dos vestibulares públicos.” Repercussões das tecnologias de informação na Educação A modernidade acrescentou novos itens às demandas sociais, como o domínio das tecnologias da informação. Elas devem ser incorporadas, mas a educação não pode perder seu aspecto basilar de oferecer os nexos entre os fatos sociais e históricos. E, na opinião de Ferretti, isso de fato não acontece. “As novas tecnologias de informação não representam empecilhos à produção desses nexos por parte da escola. São, antes, ferramentas para a produção mais rápida e mais ampla deles, se utilizadas adequadamente”, argumenta. Castro faz um resgate e diz que, há umas duas décadas, havia uma grande preocupação com a dificuldade, vista como insuperável, de preparar as novas e as velhas gerações para as tecnologias da informação. E isso tudo somado ao que a escola já deveria ensinar. “Para surpresa nossa, a meninada entendeu as tecnologias, mas continua sem aprender o que já não aprendia antes. No caso, ler, escrever bem, usar números, entender conceitos de ciências, etc.”.

É impossível ensinar tudo que está nas ementas e nos currículos. Dá para passar rapidamente pelos tópicos, mas isso é a antieducação Claudio de Moura Castro

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Professores precisam de um clima de confiança para compartilhar seus trabalhos sem medo de serem julgados


Repercussões do Enem para o Ensino Médio Criado em 1998, o Enem tem sido protagonista dos noticiários no Brasil e tema de debate no meio educacional. A imprensa trouxe à tona as dificuldades do País em colocar em prática a proposta, já que se repetem as confusões na execução das provas, e os profissionais ligados ao ensino formulam teorias e questionamentos sobre as necessárias transformações pedagógicas e curriculares que a medida vem estabelecendo. A professora e autora dos referenciais curriculares do Rio Grande do Sul, Roselane Zordan Costella, estudiosa da estrutura pedagógica do Enem, percebe que, como um instrumento classificatório, o Exame provocou uma reflexão muito significativa na estruturação do Ensino Médio. Para ela, a configuração metodológica que envolvia o currículo não dá mais conta das exigências desta prova. “Os conteúdos desenvolvidos de forma compartimentada, sem significado e aplicabilidade, tornaram o Ensino Médio, durante décadas, um conjunto de disciplinas que instrumentalizavam o aluno para enfrentar um vestibular. Hoje, com a preocupação de aprovação em universidades importantes por meio do Enem, as escolas procuram adequar suas práticas envolvendo um ensino que fundamenta o desenvolvimento de habilidades e competências, dando vida aos conteúdos e primando por uma educação multidisciplinar.” Enquanto educadora, ela afirma que o Enem é muito mais que uma porta de entrada para as universidades: “É uma proposta de aprendizagem diferenciada e difícil de colocar em prática em função do despreparo de profissionais que, na maioria das vezes, saem dos centros acadêmicos dominando técnicas ultrapassadas”. Na opinião de Roselane, as instituições de ensino particulares reconheceram o Enem como uma proposta de estudo quando as famílias dos alunos passaram a exigir resultados nas classificações. “A procura das escolas e suas escolhas foram pautadas no fato de as mesmas terem propostas de estudos que envolvessem essas práticas pedagógicas e bons resultados. As direções e coordenações começaram a pensar a instituição de outra forma”, garante, enfatizando a necessidade de a medida ser da escola como um todo, pois se começar o trabalho nas séries finais, os alunos não terão condições de atender ao conjunto de exigências do Exame.

As avaliações O tema “avaliação” é, de longe, um dos mais polêmicos no setor educacional. Roselane acredita, inclusive, que é um dos aspectos mais difíceis de serem compreendidos. “Muitas vezes o professor avalia o seu próprio trabalho e não a condição do entendimento do aluno. É comum que pergunte nas provas exatamente o que divulgou em aula, assim, os resultados mensuram a qualidade da comunicação do docente”, justifica. A educadora defende que a avaliação é uma proposta de construção e não de finalização de processos. “Entendo que avaliar em um modelo tradicional já é difícil, imagine fazê-lo para reconhecer e reconstruir competências desenvolvidas”, compara, acrescentando que em seus contatos com professores e coordenadores já ouviu muitas vezes questionamentos sobre como se avaliam competências. “Para responder é importante primeiro reconhecer que, quando elaboramos um instrumento de avaliação, estamos elaborando um instrumento de aprendizagem. Ao terminar a prova do Enem, o aluno sai mais qualificado do que quando a iniciou”, compara Roselane. Com apenas 13 anos de existência, o Enem ainda engatinha. Roselane afirma que, de lá para cá, houve mudanças, mas qualitativas, e não quantitativas. “O que mensuramos é insignificante perto do que realmente representa a transformação. As escolas têm dados comparativos das primeiras e últimas provas, mas ainda é prematura a ideia de que a qualidade melhorou em consequência de alguns poucos anos de reflexão”, finaliza. O Papel da Escola As exigências do Enem e do seu importante papel, não apenas na avaliação do ensino no País, mas na continuidade da vida acadêmica dos alunos, estão desacomodando a Educação. As escolas estão se reorganizando, mas é geral o sentimento de que não está sendo fácil empreender todas as mudanças necessárias. O doutor em Educação Júlio Furtado, especialista em Orientação Educacional, aposta que a principal razão dessa dificuldade é cultural. “Os professores foram educados em um modelo compartimentado de educação e de escola, e reproduzem automaticamente o que receberam enquanto alunos”, argumenta. Porém, é importante encontrar saídas. Furtado diz que o principal elemento facilitador para a tão almejada mudança é a quebra de paradigmas: os professores precisam de um clima de confiança e de troca que lhes permita compartilhar seus trabalhos sem o medo de serem julgados ou criticados. Para explicar qual o olhar que, na concepção dele, a escola deve ter para com o Ensino Médio, Furtado utiliza um termo, que coloca entre aspas: Um olhar de “terminalidade”. “A escola precisa encarar o Ensino Médio como a fase final da Educação Básica. Como tal, deve proporcionar o desenvolvimento das competências gerais básicas a uma profissionalização técnica ou superior, ou até mesmo a uma inserção imediata no mercado de trabalho em atividades pouco específicas”, opina. Ele também afirma que, em vez de focar o vestibular ou o Enem, a escola deve priorizar o desenvolvimento de competências que levem o aluno a “sobreviver” na sociedade após concluir o Ensino Médio. “O bom desempenho no Enem ou nos vestibulares será consequência da eficácia desse trabalho.”

A avaliação deve ser uma proposta de construção e não de finalização de processos

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Ensino Médio deve preparar os estudantes para a profissionalização técnica ou superior

Necessidades e expectativas do Ensino Médio O “público-alvo” do Ensino Médio, ou seja, os alunos, antes de qualquer coisa são adolescentes, e tudo o que esta fase da vida significa: descobertas, deslumbramentos e, geralmente, crises. Na maioria das vezes, é nessa época que fazem algumas escolhas bem importantes, como a profissão. É um período no qual ainda se podem escolher os tipos de materiais que construirão os seus alicerces e, consequentemente, o tipo de “edificação” em que ela se transformará. A mestre em Educação, filósofa e escritora Tania Zagury entende que há, no mínimo, dois universos de alunos e, então, um par de expectativas diferentes. Segundo ela, os estudantes das classes C e D esperam encontrar na escola subsídios para enfrentar o mercado de trabalho. “Embora algumas pessoas afirmem que a família brasileira só se preocupa com o vestibular, minhas pesquisas mostram que não é bem assim. A maior parte do povo brasileiro precisa começar a trabalhar ao final do Ensino Médio, alguns até antes. Os jovens têm, portanto, expectativa de profissionalização ou, pelo menos, de que a escola supra a sua necessidade de conhecimento imediato”, comenta. “Já as classes A e B veem o Ensino Médio como degrau para chegar à universidade.” O educador também é alvo de expectativas, tanto dos alunos quanto de suas famílias. Em estudo realizado com jovens e publicado no livro “O Adolescente por Ele Mesmo”, Tania identificou que eles esperam que os mestres sejam excelentes comunicadores, ou seja, saibam explicar a matéria de forma compreensível e também que suas aulas sejam atraentes, motivadoras, com clareza de propósitos. “Acredito que esse anseio é perfeitamente plausível e até desejável de todos os docentes.

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Mas creio também que, atualmente, os alunos, influenciados por notícias divulgadas na mídia e entrevistas com especialistas em Educação, cometem certa distorção. Acabam achando que com um professor bom, que explica bem, aprenderão tudo apenas na sala de aula. E isso não é verdade; não existe aprendizagem sem esforço, sem prática”, previne a mestre em Educação, que defende o uso das novas tecnologias para incrementar e facilitar o ensino, mas recomenda cuidado. “Elas são excelentes, porém não se pode imaginar, como muita gente está fazendo, seja a família, a sociedade ou o próprio aluno, que em função apenas disso o aprendizado ocorrerá como num passe de mágica.” O cenário do Ensino Médio está, a olhos vistos, em um momento de transição, com inúmeros questionamentos. E justamente estas dúvidas deixam evidente que, talvez, a única certeza das instituições escolares e dos educadores é a necessidade de se sair da zona de conforto e investir em pesquisa neste setor. É necessário fazer um trabalho de base, reformulando a formação dos profissionais em educação e os currículos escolares. As escolas precisam estar devidamente organizadas para oferecer um ensino com os pilares da interdisciplinaridade, bem como as famílias compreenderem os motivos dessas mudanças, para então os novos paradigmas da Educação se firmarem e surtirem os efeitos esperados. Todos os envolvidos só têm a crescer com os aprendizados resultantes deste processo. Certamente, professores e alunos aperfeiçoarão a técnica de tecer teias para relacionar conhecimentos, e assim comprovar o quanto o que se aprende nos bancos escolares é aplicável no cotidiano. Isso responderá à enorme legião de alunos que não cansa de perguntar: “Vou usar isso que aprendo onde?”. A resposta na prática está a caminho.

a escola deve priorizar o desenvolvimento de competências que levem o aluno a ‘sobreviver’ na sociedade após concluir o Ensino Médio Júlio Furtado


CIDADANIA Escola de Aplicação ganha Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos

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Escola de Educação Básica Feevale – Escola de Aplicação, de Novo Hamburgo, ganhou o Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos 2010 (PNEDH), na categoria Educação em Direitos Humanos na Escola. A Escola, que apresentou o projeto Identidade e Inclusão Social, foi a primeira instituição de ensino do Rio Grande do Sul a ganhar o prêmio. A cerimônia de entrega aconteceu no dia 18 de novembro, no Salão Azul do Hotel Nacional, em Brasília. O evento, que é promovido pela Organização dos Estados IberoAmericanos para a Educação, a Ciência e a Cultura, entregou para o primeiro colocado de cada categoria 15 mil reais, para que sejam aplicados nos projetos. No total, foram analisados 200 trabalhos de diferentes instituições do Brasil. O objetivo da premiação é estabelecer um espaço para debate, mobilização social e projetos de respeito e valorização dos direitos humanos nas escolas de todo o país. O projeto Identidade e Inclusão social, que começou em 2006, conta com a participação de alunos do Ensino Médio. Objetiva analisar os mecanismos de poder e os estereótipos que são construídos e acabam naturalizando a discriminação. Chegando a um resultado, os alunos podem refletir e descobrir qual a melhor forma de romper com os estereótipos e preconceitos padronizados pela sociedade. “Participei do projeto em 2008 e, por meio dele, escrevi uma biografia publicada no livro do projeto. A tarefa exigiu dedicação e envolvimento com um tema que me mostrou a importância da valorização do potencial de criação e produção dos jovens”, comenta a aluna Mariana Moehlecke Ribeiro, da turma 212M. Mariana afirma, também, que em um mundo diversificado e com ideais tão distintos, “é de uma importância imensa que os direitos humanos sejam prioridade, livrando a sociedade em geral de estereótipos, discriminação, falta de oportunidade e preconceito”.

Asilo da SPAAN é beneficiado com ações do Núcleo de Cidadania e Voluntariado

Projeto abriu espaço para a reflexão sobre como romper com o preconceito na sociedade

Menino Deus conquista Prêmio Construindo a Nação O projeto de voluntariado da Escola Menino Deus de Porto Alegre conquistou o Prêmio Construindo a Nação 2010-2011, na categoria escolas de Ensino Fundamental. A cerimônia de premiação será no final de março no Teatro do Sesi-Fiergs, na Capital. A iniciativa é uma promoção do Instituto Cidadania do Brasil, em parceria com organismos sociais que promovem o princípio do voluntariado educativo sistemático. Além desta conquista, ainda em 2010, a Escola ficou em terceiro lugar no Prêmio Escola Voluntária e foi segunda colocada no Prêmio SINEPE/RS de Responsabilidade Social, categoria Desenvolvimento Comunitário. O Núcleo de Cidadania e Voluntariado da Menino Deus foi criado em abril de 2009 com objetivo de ser um instrumento de educação para a cidadania. Entre as entidades beneficiadas estão o Asilo da Spaan, o Instituto do Câncer Infantil e o programa Vida Urgente, da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga. O Núcleo também integra o projeto Tribos nas Trilhas da Cidadania, da ONG Parceiros Voluntários. Atualmente 30 alunos das sextas às oitavas séries participam do projeto.

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Marista Champagnat é destaque no Prêmio Jovem Cientista O Colégio Marista Champagnat, de Porto Alegre, recebeu do Prêmio Jovem Cientista, importante premiação a trabalhos científicos brasileiros, o reconhecimento de instituição incentivadora da pesquisa no Brasil. Criado em 1981, tem o objetivo de incentivar a pesquisa no Brasil e é considerado pela comunidade científica uma das mais importantes premiações do gênero na América Latina. Nesta edição, a XXIV, cujo tema foi Energia e Meio Ambiente – Soluções para o Futuro, o Prêmio Jovem Cientista recebeu 2.158 inscrições, das quais 1.925 vieram de estudantes do Ensino Médio, 158 de pesquisadores já graduados e 75 de estudantes do Ensino Superior. Na categoria Ensino Médio, 15 escolas (distribuídas pelos estados do RJ, SP, MG, ES, RS, PR, GO e CE) inscreveram mais de 30 pesquisas, entre elas, o Marista Champagnat. Os temas escolhidos são sempre de interesse da população e buscam soluções para problemas nacionais.

Diretor Hilário Bassotto, a vice Vera Galafassi e a coordenadora pedagógica Maristela Souza comemoraram a conquista

Garrafas PET se transformam em agenda escolar

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A Rede Marista mais uma vez inova e apresenta sua agenda escolar em um material ecologicamente correto e educativo. A exemplo dos anos anteriores, ela foi produzida a partir do material da garrafa pet, chamado de Politereftalato de Etileno, considerado um dos mais poluentes por demorar até 500 anos para se decompor. Dez toneladas de pet foram recicladas para produzir as capas, contracapas e marcadores de páginas das cerca de 75 mil unidades da agenda. Ela é distribuída gratuitamente para os estudantes dos colégios maristas de todo o Brasil. Além disso, as páginas internas são de papel reciclado. Vale lembrar que a reciclagem de pet não possui apenas um ganho ambiental, mas também um importante impacto social, já que garante a renda de milhares de catadores em todo o país. No Brasil, anualmente, são produzidas mais de 460 mil toneladas de plástico pet, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do Pet (Abipet).

Educação, um caminho para a sustentabilidade No nosso cotidiano cada vez mais nos deparamos com proposições de um mundo mais sustentável, em termos econômicos, sociais e ambientais. Estas proposições são motivadas pela necessidade urgente de usarmos os recursos naturais de forma mais eficiente. Porém, um ponto merece extrema atenção nesta busca, que é a formação e qualificação de pessoas para atuarem nesse novo cenário. Devemos reconhecer a educação como um dos principais agentes de transformação para o desenvolvimento sustentável, pois aumenta a capacidade das pessoas de transformarem conceitos em ações, incentivando os valores, comportamentos e estilos de vida necessários para um futuro mais sustentável. Nas décadas passadas o tema sustentabilidade era pouco abordado dentro da educação, limitando-se a ações mais isoladas de educação ambiental, embora o tema meio ambiente já tivesse sido proposto pelo MEC como um dos eixos transdisciplinares para a educação. Porém, hoje já podemos perceber a inserção do tema nos novos currículos, mesmo que de forma pontual e isolada, ou a criação de novos cursos que focam na formação de profissionais engajados com as práticas sustentáveis. Mas esta formação não deve limitar-se somente ao nível superior de educação, deve estar presente também na formação básica, na formação técnica e até mesmo na educação corporativa, desenvolvida dentro das organizações. Seguindo esta linha, a ONU, por meio da Unesco, lançou em 2005 a Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável. Este programa estimula a criação de espaços e oportunidades para aperfeiçoar e promover o conceito de desenvolvimento sustentável, incentivando a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem, para criarmos um novo perfil de profissional. A principal característica deste novo profissional é a visão sistêmica, para que consiga ler e interpretar os diferentes cenários sociais e suas relações com o meio ambiente, assumindo os princípios éticos de respeito ao meio ambiente e às pessoas, bem como os princípios relacionados à responsabilidade social, aplicando-os à sua atuação profissional. Este novo modo de agir profissionalmente nos remete a uma nova ética, menos antropocêntrica, nas relações com o meio ambiente. Esta nova ética propõe atuarmos de forma que nossas ações sejam avaliadas a cada momento, tanto nas atividades cotidianas como na análise do ciclo de vida de um produto complexo, buscando promover a vida na sua plenitude. Aliado a isto é necessário que exista uma ligação direta entre a sustentabilidade e a criação de valor para as organizações, trazendo retorno econômico para elas. O grande desafio que temos é preparar as instituições de ensino para a formação deste novo perfil. Assim, convido meus colegas professores e gestores a avaliarem que profissionais estamos formando e repensar, caso necessário, os conceitos e práticas para torná-los mais ajustados a esta nova realidade. Pois não teremos um futuro sustentável sem profissionais que pensem e atuem sustentavelmente. Cláudio Senna Venzke

Mestre em Administração e especialista em Produção Limpa e Ecobusiness. Professor e coordenador do Curso de Gestão Ambiental da Unisinos. Gerente da Graduação Tecnológica da Unisinos. Pesquisador na área ambiental.


Projeto ampliou atuação beneficiando entidades como a creche Santa Luzia

Educação em Revista apresenta neste espaço exemplos de ações práticas na área socioambiental.

Colégio São Carlos tem atitude! Ciranda da Leitura investe no voluntariado O tradicional projeto do Colégio La Salle Dores de Porto Alegre, Ciranda da Leitura – destaque no prêmio de Responsabilidade Social do SINEPE/RS, nos anos de 2008 e 2009 –, ampliou sua área de atuação e passou a investir mais no voluntariado. “Foi a partir do projeto original que notamos, conforme visitávamos os locais, a necessidade da elaboração desse novo braço de apoio”, comenta a bibliotecária Silvana Corrêa, coordenadora dos projetos. “Nós íamos até as creches, para fazer nossas Horas do Conto em datas especiais e sentíamos a necessidade de ampliar nosso trabalho, para poder ajudar em outras áreas que estavam carentes de auxílio”, acrescenta. Assim, durante todo o ano de 2010, diversas ações voluntárias foram promovidas no intuito de realizar mutirões que foram fundamentais para entidades como a creche Santa Luzia e o Instituto Espírita Dias da Cruz (IEDC). Os livros de que a creche dispunha não tinham um espaço apropriado e estavam empilhados quase sem nenhuma organização. O fato dificultava o acesso das crianças aos exemplares, o que comprometia todo o trabalho anterior de arrecadação. Para melhorar o espaço, voluntárias do projeto organizaram o ambiente e catalogaram seus exemplares no computador da escola, utilizando um software livre para essa finalidade. Outro lugar bastante auxiliado pelo projeto é o Instituto Espírita Dias da Cruz (IEDC). Uma vez por mês o programa traz até o La Salle Dores grupos de usuários do albergue para realizarem algum curso de temática variável.

Há três anos o Colégio São Carlos de Caxias do Sul tem dado atenção especial à separação do lixo e à reutilização de materiais. O Projeto Sou de Atitude envolve os diferentes níveis de ensino, em especial os alunos de 4ª a 7ª séries do Ensino Fundamental, em uma campanha permanente para promover a reflexão sobre o comportamento de cada um com relação ao meio ambiente. A iniciativa foi idealizada pela professora Juliana Pavan Rubbo e é realizada de forma interdisciplinar, com apoio da Direção e do Serviço de Supervisão Educacional. O projeto envolve inúmeras atividades, como palestras, criação de maquetes de casas ecologicamente corretas; construção de ímãs de geladeira com informativos sobre a separação do lixo; pesquisas e entrevistas com familiares, entre outras. Para envolver os alunos na iniciativa e divulgar a campanha para a comunidade caxiense foram confeccionadas camisetas alusivas ao tema, onde os estudantes escreveram frases e dicas para conservação do meio ambiente. Os alunos também pintaram sacolas retornáveis, feitas de garrafa pet, e as utilizaram em uma visita à feira ecológica de Caxias do Sul.

Produção de sacolas feitas de garrafa pet foi uma das atrações do projeto

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La Salle São João cria cartazes de sensibilização para combater o bullying

Além da mobilização com os alunos, foi feito um trabalho específico com os funcionários do colégio, por meio de uma campanha permanente para promover a reflexão sobre o comportamento de cada um com relação ao meio ambiente. Um dos destaques foi a Gincana Ecológica ‘Cidadão Consciente e Atuante na Sociedade’. Os funcionários foram divididos em quatro equipes e todas as tarefas propostas tinham relação com o meio ambiente: arrecadação de óleo de cozinha usado, prova de separação correta do lixo em menor tempo, construção de cartazes, apresentação dos integrantes das equipes de forma criativa e grito de guerra. Através do projeto também foram implementadas melhorias na escola, como aquisição de lixeiras com cores diferentes para separar o lixo seletivo do lixo orgânico e substituição dos copos descartáveis na sala dos professores por xícaras de porcelana e copos de plástico durável. Para este ano já estão planejadas atividades como o projeto Fiscais do Lixo, onde serão fotografadas as práticas de separação do lixo. Os dados coletados serão apresentados para outras turmas. Também será feita a produção de um vídeo, com a temática ‘lixo’, em que sejam apresentadas duas situações: uma incorreta e outra correta, tendo como cenário o Colégio São Carlos; visita com os funcionários da Escola ao Aterro Sanitário de Caxias do Sul – considerado um avanço em relação a outras cidades do Estado e do País – e a uma das Usinas de Reciclagem de Lixo Seletivo. Na avaliação dos coordenadores do projeto, a iniciativa já trouxe resultados bem positivos. Segundo pesquisa realizada pelos alunos da 4a série, a separação do lixo nas salas de aula tem sido satisfatória e houve diminuição relevante do lixo deixado no chão do pátio após o recreio. “Ações realizadas individualmente, na família, na escola e nos lugares de convívio social fazem cada vez mais a diferença. Meu papel, como docente de Ciências Físicas e Biológicas e cidadã consciente, é ajudar a esclarecer as pessoas sobre os problemas ambientais, e, juntos, buscar soluções para reduzir o impacto no meio ambiente. Ciência e cidadania combinam.”, acredita a professora idealizadora do projeto.

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Daniele Lopes/La Salle São João

Atividades práticas auxiliaram na compreensão dos conteúdos ensinados por meio do projeto

Para mostrar que as intimidações causadas pela prática do bullying podem deixar marcas para toda vida, o professor de Filosofia do Colégio La Salle São João de Porto Alegre, Daniel Piccinini, propôs uma atividade diferenciada para as turmas do 1º ano do Ensino Médio. Com o auxílio de lixa preta e giz de cera, os alunos criaram cartazes de sensibilização contra esse tipo de violência. A escolha do material não foi por acaso. Não há como remover ou apagar os escritos feitos em lixa preta. Uma vez escrita, a palavra fica marcada. Dessa forma, os alunos puderam perceber e fazer uma analogia com os efeitos das agressões nas vítimas de bullying. Uma vez intimidado ou agredido, o indivíduo carrega aquela marca consigo e pode sofrer sérias consequências físicas, psíquicas e sociais. Segundo o professor, a confecção dos cartazes foi precedida de um estudo feito em sala de aula sobre a Lei Antibullying aprovada pela Assembleia Legislativa do RS, que prevê políticas públicas contra o fenômeno nas escolas de ensino básico e educação infantil, privadas ou do Estado. A ação vai ao encontro do “Projeto Antibullying”, desenvolvido pelo Serviço de Orientação Educacional (SOE) do La Salle São João para orientar pais, alunos e professores e desenvolver ações preventivas na instituição.

Cartaz faz analogia aos efeitos das agressões nas vítimas deste tipo de violência

Alunas da IENH recebem premiação no Concurso Escolar do Trânsito Duas estudantes da IENH – Unidade Pindorama, de Novo Hamburgo, foram premiadas no Grande Concurso Escolar “Respeito no Trânsito: uma lição que se aprende todos os dias”, realizado dia 2 de dezembro em Novo Hamburgo. O tema da edição foi o cinto de segurança e a cadeirinha para crianças. A aluna Anna Carolina Leonhardt conquistou o 2º lugar na modalidade desenho e recebeu uma medalha. Já Thamís Lacerda recebeu o troféu pelo 1º lugar na modalidade poesia. O concurso é realizado pela Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo em parceria com um Centro de Formação de Condutores (CFC) do município. O objetivo é promover ações educativas para um trânsito mais humano.


INTERNACIONAL

Grupo enfrentou frio intenso com temperaturas de até 25 graus negativos

Um mergulho no ensino canadense Por Osvino Toillier*

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convite do Columbia International College, de Hamilton, Canadá, tive a oportunidade de conhecer a proposta pedagógica desenvolvida por esta instituição em janeiro. Acompanhado por outros 28 representantes de instituições privadas gaúchas, incluindo integrantes da diretoria do SINEPE/RS, vivenciamos momentos ricos de experiências e novas aprendizagens. A instituição canadense é essencialmente voltada para atender alunos estrangeiros, pois tem estudantes de 60 países, para diferentes tempos de estudo: um mês, um semestre, um ano ou todo ciclo que cubra o Ensino Médio brasileiro. Basicamente, o interesse está na aprendizagem da língua inglesa, além, evidentemente, de todo o currículo canadense. Os cerca de 1.500 alunos moram em espécie de internato, onde se aprende autonomia, convívio com diferentes nacionalidades, estudo complementar, assistência de tutores para dificuldades de aprendizagem, programas sociais, culturais, esportivos e serviços à comunidade. A proposta central está no chamado “sistema de educação de cuidados totais”, na expressão inglesa “CARE”, em que a letra “C” significa comunicação total, ou seja, contato com familiares e amigos do país de origem e acesso a todos os meios de comunicação e boletim acadêmico online; “A” compreende excelência acadêmica: sondagem para detectar deficiências a serem supridas através de tutores nas residências, como alcançar a excelência acadêmica, planejamento de estudos e constante acompanhamento o que garante acesso dos alunos do Columbia às melhores universidades do Canadá; “R” abrange rotinas e residência (internato), chave para a disciplina e o sucesso

necessários para o autocontrole e autoconhecimento, e para corrigir comportamento a fim de não punir. E, finalmente, “E”, educação, que compreende atividades de formação e liderança muito bem concebidas e planejadas, a partir de valores como honestidade e integridade, confiança, respeito, justiça, compaixão e responsabilidade. Cerca de oito períodos de trabalho diário dos alunos, complementados por estudo à noite nas residências, semelhante ao que se praticava nos antigos internatos por aqui, é o paradigma pedagógico do Columbia. Um dos destaques é o treinamento de liderança, que permeia a proposta pedagógica e ocorre num parque, chamado Bark Lake, com alojamento tanto para o inverno como para o verão. Como nossa atividade concentrou-se no alto inverno, com até 25 graus negativos, tivemos oportunidade de vivenciar as atividades com neve em profusão, com o privilégio de caminhar no bosque com suporte semelhante a uma raquete, invenção dos indígenas para enfrentar a neve, praticar esqui, arvorismo, além de outras atividades, destinadas a testar líderes e superar o medo e limites pessoais. O que fica de tudo isso é a observação de padrão educacional de excelência, que coloca a formação em íntimo contato com a natureza e comunhão com o semelhante por cuja integridade e cuidado todos somos responsáveis. Finalmente, ser confrontado com outra opção educacional, exitosa em sua proposta, remete à humildade de tentar aprender a razão do sucesso e ver os aspectos que podemos transcodificar para nossa realidade. * Presidente do SINEPE/RS

Presidente do SINEPE/RS foi recebido pelo diretorpresidente do Columbia Clement Chan

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IES O ProUni nas universidades privadas gaúchas Por Dóris Fialcoff

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etecentos e quarenta e oito mil. Este foi o número de vidas transformadas, desde 13 de janeiro de 2005, quando o Programa Universidade Para Todos (ProUni) foi institucionalizado pelo Governo Federal por meio da Lei nº 11.096. Isso significa que essas pessoas, com renda familiar per capita de até três salários mínimos, provenientes de escolas públicas, com bom desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), tiveram acesso ao ensino superior em universidades privadas, com bolsas integrais ou parciais, de 50%. Em todo o Brasil, até agora, mais de 1.400 instituições aderiram ao ProUni. A iniciativa, segundo pesquisa encomendada pelo MEC ao Ibope em 2009, tem sido fator de ascensão social para muitos alunos. 80% dos estudantes que concluíram o curso naquele ano já estavam empregados, sendo 61% em sua área de formação. Em 68% dos casos houve aumento da renda. Nos cinco anos de existência do ProUni, 55 mil bolsas de estudo já foram concedidas no Rio Grande do Sul, estado que, atualmente, contabiliza 72 instituições de ensino superior participando. Uma delas, a PUCRS, convidou todos os seus estudantes com o benefício, matriculados no primeiro semestre de 2010, para responderem a um questionário. Um terço deles, 1.065, deu retorno. E o resultado revela um dado significativo: 80% dos beneficiados pretendem dar contrapartida social após a formação profissional. “Os alunos em geral comentam que querem dar a sua contribuição por meio do conhecimento adquirido. A universidade é vista como um espaço de transformação”, diz a coordenadora de Avaliação da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), Marion Creutzberg. No período de realização da pesquisa, o coeficiente de rendimento escolar foi de 7,8 e teve uma taxa de reprovação de 2,3% dos créditos. Mais alguns exemplos de instituições que participam do ProUni são a Unisinos, em São Leopoldo, que em 2010 concedeu 1.396 bolsas integrais e 1.288 parciais; a Rede Metodista de Educação do Sul, em Porto Alegre, que no segundo semestre do ano passado teve 791 matriculados pelo programa (do seu total de 6.578 estudantes); e a Universidade de Caxias do Sul (UCS), que em seis anos já concedeu 5,3 mil bolsas e, no segundo semestre de 2010, cerca de 3,8 mil alunos usufruíram do benefício (aproximadamente 11% do total).

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Pesquisa aponta que o programa é fator de ascensão social para muitos alunos

Como as instituições podem aderir ao ProUni Para participar do Programa, as universidades privadas devem firmar um Termo de Adesão. Todo o processo é feito eletronicamente, pelo Sistema Informatizado do ProUni - SisProuni. Ao aderir, a instituição se compromete a oferecer, obrigatoriamente, o percentual mínimo de bolsas previsto legalmente. “Para manter-se no ProUni, a instituição deve renovar seu Termo de Adesão a cada processo seletivo, que acontece duas vezes ao ano, no primeiro e no segundo semestre”, diz a diretora de Políticas e Programas de Graduação do MEC, Paula Branco de Mello. A oferta de bolsas O percentual de bolsas que pode ser oferecido está definido na Lei que instituiu o Programa, de acordo com a categoria administrativa da instituição. “A oferta obrigatória é de, no mínimo, uma bolsa integral para o equivalente a 10,7 estudantes regularmente pagantes para as instituições com ou sem fins lucrativos; e uma bolsa integral para o equivalente a nove estudantes regularmente pagantes para as beneficentes”, revela a diretora de Políticas e Programas de Graduação do MEC, informando ainda que a instituição também pode oferecer, a seu critério, bolsas adicionais às determinadas pela legislação do ProUni. A contrapartida do governo De acordo com Paula, como retribuição às instituições participantes, o governo concede a isenção de quatro tributos federais. São eles Programa de Integração Social (PIS), Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS), Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Na avaliação da professora de Sociologia da Educação da UFRGS e Ph.D pela Universidade da Califórnia, Arabela Campos Oliven, o Programa apresenta aspectos bastante positivos.


“Parte da expansão das matrículas no sistema de educação superior brasileiro se deve, atualmente, às políticas de inclusão chamadas políticas de ação afirmativa, como o ProUni, o que tem contribuído para alcançar maior democratização em termos de oportunidades educacionais”, comenta, lembrando que, entre os candidatos a bolsas, são determinadas cotas de acordo com o percentual de negros e indígenas da população do estado onde se encontra o estabelecimento de ensino. “O percentual de bolsistas que se declara pardo e negro atinge 47,25% do total, o que revela uma situação bem diferente da realidade universitária atual, onde estudantes brancos predominam. Com isso, o país se beneficiará de um conjunto de profissionais com uma visão mais próxima da realidade em que vive a maior parte da população”, avalia Arabela. Segundo a diretora de Políticas e Programas de Graduação do MEC, uma crítica comum ao ProUni é de que ele disponibiliza ao setor privado um recurso governamental que seria mais bem aplicado nas universidades públicas, pois, ela acredita, estas oferecem um ensino mais qualificado quando comparado ao da maioria das instituições privadas. “É importante salientar que o setor público, após a reforma universitária de 1968, investiu fortemente no desenvolvimento da pós-graduação, enquanto a expansão das matrículas em cursos de graduação ocorreu, principalmente, no setor privado”, destaca. “Este último se adaptou a uma demanda nova e diferente – estudantes trabalhadores, mais velhos, que moravam em cidades do interior, com baixo poder aquisitivo e menor capital cultural. Assim, não se pode comparar a capilaridade do setor privado, em termos de oferta de cursos noturnos em inúmeras cidades médias, com o oferecimento de vagas bem mais concentrado do setor de universidades públicas, localizadas principalmente em centros maiores.” Alex e Josemara: vidas transformadas pelo ensino superior Alex Jonatan Lassakoski não acreditava na possibilidade de cursar uma faculdade, ainda mais com ajuda do governo. Prestou o Enem em 2004 e, no final do ano, mesmo sem apostar muito, se inscreveu para o ProUni. Quando recebeu um telegrama do MEC informando que havia preenchido os requisitos para tentar uma vaga, não deu importância. “No total foram três chamadas, na terceira, minha mãe quase me obrigou a ir a uma lan house efetuar a inscrição. Meio contrariado, eu fui. Mas, para ser sincero, não via nenhuma perspectiva”, relembra. “Não tinha muita ideia de cursos, entretanto, queria que a universidade fosse próxima a minha residência, também pelos custos com transporte. Então, selecionei a Feevale, de Novo Hamburgo, e escolhi como opções de curso Ensino da Arte na Diversidade (Licenciatura) e Administração (Bacharelado).” Ele acabou frequentando a primeira. E agradece: “A faculdade me possibilitou ampliar minha visão de mundo, que antes era muito limitada, acreditar no meu potencial e na minha criatividade. Conheci pessoas e fiz muitas amizades.” Após um semestre, ele participou de um processo seletivo para trabalhar como recepcionista da sala de professores da Feevale. “Ingressei pelo programa do Governo Federal Primeiro Emprego e trabalhei neste setor de 2005 a 2007; atualmente trabalho na área de Registro Acadêmico da instituição”, orgulha-se. Em 2008, o dedicado aluno se formou, com nota 10 no trabalho de conclusão de curso, e agora, aos 23 anos, está concluindo uma especialização em Gestão Cultural. “Meu maior desejo é poder exercer a arte, seja como docente, bailarino, coreógrafo ou com a produção e a gestão cultural”, projeta.

A Feevale está no programa que define um aluno ProUni para cada nove pagantes. Hoje, conta com cerca de 1.130 alunos no total. Josemara de Paula Rocha, também de 23 anos, formou-se em Fisioterapia na Universidade de Passo Fundo (UPF), em 2010, e hoje é mestranda do Programa de Pós-Graduação em Envelhecimento Humano da mesma instituição. Atua fazendo atendimentos domiciliares de fisioterapia e pesquisa sobre vários aspectos educacionais e psicossociais do envelhecimento humano. Assim como Alex, ela só chegou aos bancos acadêmicos pelo ProUni, em 2005. “Fazer faculdade representou uma oportunidade única de eu poder conhecer uma realidade de poucas pessoas, de dar prosseguimento aos meus estudos, de poder fazer algo a mais com o meu aprendizado”, reconhece Josemara, explicando como resolveu as dificuldades relacionadas aos outros custos que precisou dar conta durante o curso, como passagens, livros, equipamentos, etc. “Busquei realizar pequenas tarefas para pagar tais despesas. Se eu não tivesse recebido este auxílio, mesmo que trabalhasse 40 horas semanais dificilmente conseguiria pagar as mensalidades, e mesmo que conseguisse, sobraria pouco tempo para me dedicar aos estudos”, detalha, sublinhando que, de sua família, foi a primeira a ser bacharel, e acabou influenciando a irmã, que também conseguiu bolsa. Planos para o futuro? Ela quer trabalhar não somente em consultório ou clínica, mas ser professora e continuar fazendo pesquisas. “Acredito que essa é uma forma de se desafiar, de buscar soluções, de continuar aprendendo e de retribuir todo o investimento que recebi nesta oportunidade.” Atualmente, a UPF possui 16.405 alunos ativos nos cursos de graduação; desses, 4.072 possuem bolsa pelo ProUni – 2.320 com bolsa parcial e 1.752 com bolsa integral. No último processo seletivo, ofereceu 2.017 vagas pelo Programa, 371 de bolsas integrais e 1.646 de 50%.

Josemara, durante sua participação no Projeto Rondon, em julho de 2009, na cidade de Manaquiri, na Amazônia

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Divulgação PUCRS

Parque tecnológico da Unisinos recebe recursos do Estado A secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado, por meio do Programa Gaúcho de Parques Científicos e Tecnológicos (PGTec), liberou 309 mil reais para o Parque Tecnológico São Leopoldo Tecnosinos, da Unisinos. Os recursos serão utilizados para oferecer um conjunto de cursos e consultorias para as empresas que estão no Parque. “Além disso, o projeto que apresentamos prevê também o investimento em infraestrutura comum às empresas e renovação de equipamentos”, revelou Susana Kakuta, gestora executiva. Com a assinatura do convênio, o Estado estará apto a disponibilizar os recursos ainda no primeiro semestre de 2011. Os investimentos, entretanto, não param por aí. A SAP Labs Latin America, gigante desenvolvedora de softwares, deve ampliar para 540 o número de colaboradores e alugar um andar no prédio do Partec, quase ao lado da planta da empresa, para acomodar os funcionários. Segundo Erwin Rezelman, presidente da empresa, a ampliação do quadro de colaboradores é iminente, devido ao aumento da demanda. De acordo com o executivo, o mercado está aquecido na área e o desenvolvimento de novas ferramentas se tornou necessidade. Para este ano, a SAP deve confirmar em abril a construção de um novo prédio verde, que dobrará a capacidade de pesquisa e desenvolvimento da empresa. Outro fator que demonstra o crescimento do Tecnosinos é o anúncio de nove novas incubadas em janeiro de 2011. Acqua Green Design, Boreo, BVM Brasil, Contato Mídias Sociais, I-devNet, Impress RS, Inovation Center - Telecon, Soluções Tríade e Tecrotronica são as empresas que passam a operar no parque. O gerente do Complexo Tecnológico Unisinos Unitec, Walter Doell Wegermann, ressalta que os novos investimentos são uma amostra do prestígio da incubadora perante o mercado. “Oferecemos um conjunto de oportunidades que se apresenta muito atrativo para as startups”, sinalizou.

Organização e a interatividade do Museu são elogiadas pela publicação

Museu da PUCRS é atração cinco estrelas do Guia 4 Rodas A edição do “Guia 4 Rodas Brasil 2011”, da Editora Abril, classifica pelo segundo ano consecutivo o Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS como uma atração cinco estrelas, isto é, “imperdível” para quem visita Porto Alegre. A publicação recém-lançada relaciona “o que o Brasil tem de novo e de melhor”, incluindo 3.979 opções. Nas páginas dedicadas à capital gaúcha, em que o MCT aparece como atração, a matéria explica que o Museu “parece um parque de diversões infantil, mas os experimentos interativos entretêm gente de todas as idades”. Na explicação sobre o porquê de o Museu ser classificado como cinco estrelas, a publicação reforça a organização e a interatividade, “que consegue transformar em brincadeira conceitos complicados de várias áreas da ciência”. São ressaltadas atrações como o giroscópio humano, o jogo de vôlei imaginário, entre outras. A atual edição do Guia 4 Rodas, como as anteriores, é fruto de visitas feitas previamente pela equipe de repórteres da publicação. O Museu de Ciências de Tecnologia da PUCRS está aberto de terças a domingos, das 9h às 17h. Outras informações pelo telefone (51) 3320-3521 ou por meio do site www.pucrs.br/mct.

MEC autoriza curso de Psicologia na FACOS

Empresas terão mais recursos para investir em capacitação

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O Ministério da Educação oficializou, através da portaria nº 1.806 de 27 de outubro de 2010, a autorização para o funcionamento do curso de Psicologia na Faculdade Cenecista de Osório, FACOS. As aulas se iniciaram no dia 21 de fevereiro, à noite. Com isso, a FACOS passa a oferecer 12 cursos de graduação: Administração, Ciências Biológicas, Ciências Contábeis, Computação, Direito, Educação Física, Geografia, História, Letras, Matemática, Pedagogia e Psicologia.


Estudantes dão exemplo de como é possível contribuir para a preservação do meio ambiente

UniRitter investe em novos cursos O UniRitter Laureate International Universities inicia as comemorações de seus 40 anos, completados em 2011, com a ampliação de cursos de graduação e pós-graduação. A grande novidade no último vestibular foi a oferta dos cursos de Engenharia Civil e Relações Internacionais. Atualmente, a instituição oferece à comunidade acadêmica 22 cursos de Pós-Graduação Lato Sensu, além dos Mestrados em Letras, Design e o novo Mestrado em Direito. Outra novidade é o primeiro Doutorado da instituição na área de Letras, que será realizado em parceria com a Universidade de Caxias do Sul (UCS). O processo seletivo deve ocorrer ainda no primeiro semestre deste ano, com a oferta de 15 vagas. De acordo com o reitor, Flávio D’Almeida Reis, o objetivo da aliança estratégica com a Laureate é transformar a instituição rio-grandense em Universidade. A proposta é manter o alto nível de qualidade do ensino que já é oferecido, ampliando as oportunidades de inserção global por meio da rede de instituições integradas à Laureate, que hoje está presente em 24 países, sendo a maior rede mundial de instituições privadas de ensino superior. Pelo seu caráter inovador e globalizante, a Laureate vai auxiliar o UniRitter a se tornar um centro de referência no Sul no que diz respeito a intercâmbio internacional de professores e alunos, aproximando o Rio Grande do Sul de importantes centros educacionais como a Universidade Andrés Bello – Chile, a Escola Superior de Comércio Exterior (ESCE) – França, a Business and Information School (BiTS) – Alemanha, a Nuova Academia di Belle Arti (NABA) – Itália, a NewsSchool of Architecture and Design – Estados Unidos, além da Universidade Anhembi Morumbi e da Business School São Paulo, ambas na capital paulista.

A organização de uma cerimônia de formatura ecologicamente correta garantiu a 22 formandos do Curso de Biologia da Univates, de Lajeado, o recebimento do Selo Carbono Neutro, concedido pela empresa Certel. Os 22 estudantes levaram para a celebração, que ocorreu dia 29 de janeiro, os ensinamentos aprendidos em sala de aula, realizando uma análise detalhada de todas as etapas do evento. A iniciativa dos alunos busca neutralizar a emissão de gases do efeito estufa (GEEs), gerados durante a colação de grau e o baile de formatura. Além de produzir os convites da cerimônia em papel reciclado, os enfeites de mesa foram projetados em material reutilizado e as lembranças distribuídas foram sementes de árvore. A certificação foi concedida pela Certel, com o apoio da empresa paulista MaxAmbiental, que calcula o volume dos GEEs emitidos durante o evento, resultando no número de árvores que devem ser plantadas para neutralizar a emissão dos gases. Além do Selo Carbono Neutro, a turma receberá o Selo Energia Verde – em harmonia ambiental, por implementar estratégias de redução de emissões dos GEEs e ações de neutralização –, além de 70 mudas de árvores nativas, que serão plantadas pela turma em alguma Área de Preservação Permanente (APP) da região do Vale do Taquari. Uma das formandas, Carla Sulzbach, destaca a importância da mobilização da turma. “Durante os anos que passamos cursando Biologia aprendemos o quanto é importante tentar minimizar qualquer impacto causado por nossas ações ao meio ambiente”, ressalta ela. “Temos o prazo de até um ano para plantar as árvores, o que será feito no município de Marques de Souza, já que grande parte da sua mata ciliar foi devastada pela recente enxurrada”, completa a formanda.

Priscila Lutz/UniRitter

Formandos de Biologia recebem Selo Carbono Neutro

Engenharia Civil e Relações Internacionais são as novidades na graduação

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CULTURA Um espetáculo no palco

O

filósofo grego Platão dizia que, pelo lúdico, as crianças desenvolvem a tendência natural de seu caráter. Essa afirmação foi feita quatro séculos antes de Cristo e ainda é atual. O teatro é um excelente instrumento educacional não só pelas condições físicas, intelectuais e psicológicas que proporciona ao aluno, mas também por ter arte em sua essência. O teatro ensina a agir e a pensar e, esteticamente, é arte. Apesar de palavras como talento, inspiração e desinibição ainda serem usadas e associadas ao teatro, elas pouco ou nada têm a ver com a arte em si ou com o próprio componente curricular, afirma o professor de teatro do Colégio Sinodal de São Leopoldo, Jarbas Griebeler. “Talento (ou até inspiração) se consegue com trabalho; e desinibição se adquire com condições físicas e psicológicas apropriadas. Ninguém nasce com talento; desenvolve. Ninguém se inspira a qualquer hora sem estar preparado para isso. E desinibição aparece quando a pessoa se sente bem num ambiente saudável e adequado para se expressar. Aí é que entra o teatro na educação, levando ao aluno um conhecimento que ele só adquire por meio dessa linguagem artística. Trata-se de um processo físico e intelectual, mas também intuitivo”, explica o professor. O teatro sempre fez parte do currículo no Sinodal, sendo trabalhado como qualquer outro componente curricular. “Aqui se dá ao aluno condições de expressão. Ele age, prepara suas falas, assiste, discute e delibera com o grupo, escolhe, articula, cria... e, depois de tudo isso, ainda desenvolve o espírito crítico no momento rico dos debates sobre os processos e trabalhos desenvolvidos. Não é decorar texto ou fazer cenas. E o que de melhor acontece é que o aluno consegue decorar textos e fazer cenas, absorvendo a linguagem e produzindo arte”, avalia. Nas aulas, começa-se com atividades de expressão corporal e jogo dramático. Depois se parte para a improvisação e a interpretação teatral. Essas atividades propiciam o aprendizado da arte cênica de forma natural e espontânea. “Acredito que estamos desenvolvendo um trabalho coerente e sério, mas cheio de alegria”, finaliza o professor.

Teatro faz parte do currículo no Sinodal

Pequenos grandes artistas As crianças da Pré-Escola Nível II do Colégio La Salle Santo Antônio de Porto Alegre realizaram um Vernissage que teve como tema “Interpretando e Trilhando a Diversidade Através da Arte”. A exposição apresentou uma coletânea de peças criadas a partir da releitura de obras dos artistas plásticos Luciano Martins e Tarsila do Amaral, além das artes africanas. O evento ocorreu em dezembro. O trabalho realizado durante o 3º trimestre de 2010 foi de extrema importância para os pequenos, uma vez que a linguagem da arte na Educação Infantil engloba aspectos cognitivos, sensíveis e culturais. “As crianças desvelam-se e revelam-se por meio de manifestações expressivas, momentos de criação, compreensão e imaginação”, explica a coordenadora da Educação Infantil, Vera Lucia Damasio. A culminância do trabalho aconteceu no Salão de Atos do Colégio, com presença das famílias e convidados. Como reconhecimento pelo trabalho realizado, os pequenos artistas receberam das mãos das professoras Rosa Wald, Patrícia Pamplona e Giani Manganelli o certificado de participação no Vernissage. Para brindar o encerramento de um trabalho tão expressivo, enquanto os convidados observavam e conheciam as técnicas utilizadas, foi oferecido um delicioso coquetel de frutas.

Trabalho ao longo do trimestre resultou em Vernissage

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Daniele Lopes/La Salle São João

Sarau Literário “Chega de Saudade” marcou o ano de 2010

Alunos do La Salle São João apresentam o melhor da Bossa Nova Foi como se o conteúdo de Literatura não coubesse mais na sala de aula e precisasse sair, subir ao palco, receber vida. Assim, pelo corpo e voz dos alunos da 3ª série do Ensino Médio do Colégio La Salle São João de Porto Alegre, foi realizado o Sarau Literário “Chega de Saudade”. Um momento cultural que valorizou o protagonismo juvenil e apresentou o melhor da Bossa Nova. Coordenado pelo professor da disciplina, Breno Lacerda, “Chega de Saudade” intercalou canções de mestres como Vinicius de Moraes e Tom Jobim com poesias dos mais renomados poetas brasileiros. A ambientação do espaço era um retrato da boemia carioca e transportava o público imediatamente para lá. Nesse clima, os alunos apresentaram um típico sarau, onde soltaram a voz na música e nas performances literárias. Na plateia, direção, professores, funcionários, familiares e amigos estavam emocionados com a apresentação e o talento das turmas. Poesia e brasilidade estiveram à flor da pele em um evento que marcou a história do La Salle São João no ano de 2010.

Apresentação bilíngue na IENH Histórias infantis são sempre divertidas, mas quando contadas por crianças ficam ainda melhores. Os alunos das 2as séries A e B do Currículo Bilíngue da Unidade Oswaldo Cruz (IENH) demonstraram na prática como uma boa história, encenada com muita criatividade, pode entreter pessoas de todas as idades. As turmas apresentaram as peças “Snow White and the ten dwarfs” (Branca de Neve e os Dez Anões) e “Wise Old Owl’s Christmas Adventure” (As aventuras de Natal de Wise Old Owl). As peças foram narradas na Língua Materna e encenadas na Língua Inglesa.

Teatro para aprender a língua inglesa

Maria Eduarda (E) e Carolina (D) comemoraram a conquista

Alunas recebem prêmio no 1º Festival da Canção Marista As estudantes Carolina Ruiz e Maria Eduarda Bonatto, da 3ª série do Ensino Fundamental do Colégio Marista Assunção de Porto Alegre, foram premiadas como melhores intérpretes femininas no 1º Festival da Canção Marista, promovido pelo Colégio Marista Vettorello, em dezembro de 2010. As meninas criaram e interpretaram a música Estrela Marista, que retrata o Natal e o Carisma Marista. Para Maria Eduarda, a experiência marcou o aprendizado. “Aprendemos mais ainda sobre a vida de Champagnat para fazermos a música. Nunca mais vamos esquecer”, revela a garota. Já para Carolina Ruiz o momento foi emocionante. “Foi muito legal ver as pessoas chorando e batendo palmas para nós. Fiquei nervosa, mas foi demais”, destaca. A iniciativa do Colégio Marista Vettorello reuniu educadores, estudantes e Irmãos Maristas de várias unidades da Rede do Rio Grande do Sul.

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No palco, a adolescência através dos tempos

Daniele Lopes/La Salle São João

Os alunos da 8ª série do Colégio La Salle São João de Porto Alegre se despediram do Ensino Fundamental com um evento que arrancou aplausos, sorrisos e lágrimas da plateia. Um misto de emoções e sensações foi provocado em quem assistiu ao espetáculo “O rodopiar das gerações – A adolescência através dos tempos”. Realizado no final de novembro, o evento integrou o projeto interdisciplinar que envolveu as disciplinas de Língua Portuguesa e Educação Física. Por meio da música, da palavra e do movimento, os alunos emocionaram pais e familiares apresentando uma retrospectiva das gerações, desde os anos 60 até os dias de hoje, com esquetes sobre os conflitos de gerações e performances artísticas embaladas pelos principais hits que marcaram as décadas. As roupas e os acessórios usados pelas ‘estrelas da noite’ coloriram o cenário e contaram a história dos movimentos da moda. Para os pais, que lotaram o Salão Nobre do La Salle São João, o espetáculo foi um convite a viajar no tempo e recordar a própria adolescência a partir de uma experiência proporcionada pelos seus filhos. Para as professoras Cristiane Berwanger e Thais Ferreira, coordenadoras do projeto, “O rodopiar das gerações” nasceu com a proposta de aproximar as gerações e oportunizar aos alunos um espaço diferenciado para a expressão de talentos e dons artísticos. Além disso, o sucesso do resultado provou que música e movimento formam uma dupla perfeita para as manifestações da juventude.

Espetáculo marcou o projeto interdisciplinar de Língua Portuguesa e Educação Física

La Salle Santo Antônio premia documentários e curtas-metragens Na sua 10ª Edição, o Festival de Cinema do Colégio La Salle Santo Antônio de Porto Alegre reuniu documentários e curtas-metragens produzidos pelos alunos de 1ª e 2ª Série do Ensino Médio. Os premiados foram conhecidos no dia 17 de novembro em grande estilo, no Clube Grêmio Sargento Expedicionário Geraldo Santana. Logo no início da cerimônia foram apresentados os documentários indicados para as premiações, que abordaram aspectos relacionados ao consumismo, inspirados na Campanha da Fraternidade de 2010. Os prêmios foram divididos entre as categorias de melhor trilha sonora, roteiro, originalidade, fotografia, informação, júri popular e melhor documentário. Já para a produção dos curtas, os estudantes escolheram uma obra de referência, que serviu como base para a criação de novas histórias, elaboração e direção dos roteiros, filmagem e edição do material. Foram premiadas as categorias melhor filme, melhor ator, melhor atriz, melhor ator coadjuvante, melhor atriz coadjuvante, fotografia, montagem, trilha sonora, figurino, roteiro, direção e participação especial. O processo de avaliação dos trabalhos teve contribuição especial de Domício Grillo, do programa TVCine da TVERS, e da professora doutora em Comunicação e Informação da ESPM, Adriana Kurtz. As produções apresentadas no Festival de Cinema do La Salle Santo Antônio têm sido reconhecidas em festivais estudantis de nível nacional. Em 2010, pela terceira vez consecutiva o troféu Gomezito, do 9º Festival de Vídeo Estudantil e Mostra de Cinema de Guaíba, foi conquistado por uma produção de alunos antonianos. Concorrendo com participantes de diferentes estados brasileiros, “A menina que não sabia sorrir”, curta produzido em 2009, foi o premiado como 1º lugar no festival. A obra recebeu ainda os prêmios de direção, roteiro adaptado e melhor atriz.

Alunos do CLAK lançam livro de Histórias Com o objetivo de incentivar nos alunos o gosto pela leitura e escrita, o Colégio Luterano Arthur Konrath (CLAK) de Estância Velha realiza anualmente o Projeto Pequenos Escritores. Desde o início do ano, os estudantes da 3ª série escrevem histórias com o objetivo de aprimorar a escrita correta observando a ortografia, a gramática e a organização textual. Segundo Renata Mengue dos Santos, professora da turma, “valorizar este momento de iniciação das crianças no mundo letrado, fazendo-as perceber que ler e escrever é algo muito prazeroso, é um dos nossos grandes desafios profissionais”. A culminância do projeto ocorre quando as crianças autografam os livros e participaram junto com seus familiares e representantes do CLAK de um coquetel em homenagem aos pequenos escritores.

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Estudantes são destaque na produção cinematográfica


PROJETO

Mãos na massa, é dia do Pão! E

m 2011 o tema ‘alimentação saudável’ novamente estará em pauta no Colégio Scalabriniano Nossa Senhora Medianeira de Bento Gonçalves, com a segunda edição do projeto ‘Mãos na massa, é dia do Pão’. A proposta se iniciou no ano passado, quando os alunos do terceiro ano do Ensino Fundamental começaram a investigar seus hábitos alimentares e dos demais colegas, principalmente sobre o consumo de alimentos industrializados na hora do lanche. A conclusão a que chegaram é que a maior parte dos alunos não tem conhecimento do valor nutricional dos alimentos que consome, tampouco seu processo produtivo e ingredientes que fazem parte da receita, como corantes, conservantes e aromatizantes. Diante de tal problema, a professora Greice Mocelin motivou a turma a resgatar um dos mais tradicionais alimentos da humanidade, o pão. Nasce então o projeto ‘Mãos na massa, é dia do Pão!’ O projeto foi muito além de pesquisar receitas de pães. Isto porque as atividades tiveram o objetivo de conhecer a importância da ingestão do pão, seus valores nutritivos e a quantidade de que o corpo precisa; conhecer receitas locais e de outros países; analisar embalagens, quantidades e informações obrigatórias; estudar a evolução do forno; comparar a relação custo-benefício em produzir o pão ou comprá-lo; resgatar receitas de família; explorar os ingredientes que compõem o pão, e finalmente produzi-lo.

Os ‘padeiros mirins’ do Nossa Senhora Medianeira

Para isto, realizaram pesquisa de campo em um dos supermercados da cidade, entrevistaram colegas e familiares e tiveram uma oficina no Senac de Bento Gonçalves para aprender a fazer o pão. Lá, eles conheceram todos os ingredientes necessários para a produção e qual a importância de cada um. As crianças se envolveram tanto na produção que chegaram a criar um nome para a turma que participou da oficina, Grupo Padeiro Mirim. Além da oficina, os alunos também foram visitar a empresária Natalina Cavalett, que possui uma propriedade nos Caminhos de Pedra, importante rota turística do Estado, e que produz pães de forma artesanal em forno de pedra. Lá, os estudantes puderam resgatar a forma como seus ancestrais cozinhavam. Como resultado de todo este processo, os alunos apresentaram aos colegas das demais turmas as conclusões de seu trabalho em um painel organizado pela direção e coordenação pedagógica do Colégio. Estiveram presentes colegas, pais, membros da comunidade e a secretária de Educação do município, Jaqueline Fávero. Ela convidou os alunos a exporem seu projeto nas escolas da rede municipal. Além do painel, os alunos também estiveram presentes na XXIV Feira de Ideias do Colégio, onde encantaram o público com suas exposições e com o aroma de pão quentinho que saía de seu estande. Para a diretora do Medianeira, Ir. Isaura Paviani, o grande ganho para os alunos foi a possibilidade de contextualizar o conhecimento e aplicá-lo em seu dia a dia com método científico. Para alunos e professora, além do conhecimento, ficaram momentos memoráveis de união, diversão e aprendizado.

Atividades práticas auxiliaram na apreensão do conteúdo

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GESTÃO

Monteiro Lobato comemora resultados com as mudanças na gestão

Equipe foi capacitada com horas de treinamento e qualificação profissional

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falta de tempo ou a necessidade de empregar esforços em outros projetos da instituição leva muitos gestores a buscar uma consultoria externa para qualificar seus processos de gestão. Foi o que aconteceu com a Sociedade Educacional Monteiro Lobato, de Porto Alegre, em março de 2010. A direção buscou consultoria junto ao SINEPE/RS, através do Centro de Desenvolvimento de Gestão Escolar (CDG), com o objetivo de qualificar o modelo de gestão já implementado, a fim de promover melhorias nas áreas de mapeamento de processos, gestão de pessoas e comunicação interna, como também unificar a plataforma do Sistema Integrado de Gestão (ERP). O primeiro passo no processo de mudança foi a realização de uma avaliação da atual gestão para traçar um plano de melhoria do desempenho. Com isso, a instituição passou a investir na gestão do conhecimento, criando um ambiente propício para o desenvolvimento de competências específicas, e incentivar a inovação. “Nosso colaborador tem a perfeita consciência da importância da qualificação, da velocidade das transformações e, principalmente, da complexidade crescente dos desafios. Uma das preocupações pontuais da alta administração é o aprendizado contínuo e comprometido com os resultados de longo prazo e com a otimização de todas as áreas da empresa”, ressalta o diretor, Bruno Eizerik. Com o auxílio do Modelo de Excelência da Gestão (MEG/PGQP), a organização também vem conseguindo mapear com clareza o seu negócio e assegurar a qualidade dos cursos oferecidos e a satisfação dos clientes/alunos.

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Estudantes foram beneficiados com a ampliação da biblioteca


A nova proposta trouxe também mudanças organizacionais na área pedagógica, que ganhou uma estrutura única para abarcar todos os cursos oferecidos pela instituição na educação básica, técnica e superior. Além disso, foi necessário redesenhar processos e criar indicadores de desempenho. Entre os resultados já obtidos neste primeiro ano de trabalho está a capacitação da equipe, com um investimento em horas de treinamento e qualificação profissional; a automação completa com o sistema de gerenciamento educacional; a rede wireless cobrindo todo o complexo; novos e adequados laboratórios de informática; crescente número de aquisições da biblioteca propiciando agora a reserva online; novos cursos; e a satisfação dos alunos com a segurança de acesso ao complexo, registrada em pesquisa realizada com os estudantes. Segundo o diretor, a gestão sempre foi importante para a instituição, o que mudou foi o modo como ela foi implementada nesta nova fase. “Antes havia os cadernos de controle, agora temos planilhas no Excel”, exemplifica. “Em última análise, a cada década se criam novas nomenclaturas para velhas técnicas, por isso é importante saber respeitar a História e reconhecer os caminhos já trilhados. O certo, e isto não muda com o tempo, é que a gestão é fundamental para a sustentabilidade da instituição”, conclui.

Qualificação da equipe refletiu de forma positiva no atendimento ao público

Na área pedagógica foram criados indicadores de desempenho

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Instituição é pioneira ao desenvolver o projeto “Filosofia com Crianças”

PAINEL

La Salle Dores sedia I Olimpíada de Filosofia com Crianças no Brasil

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Colégio La Salle Dores de Porto Alegre será palco para a I Olimpíada de Filosofia com Crianças no Brasil. Com o tema “O Mundo é Admirável?!”, a Olimpíada terá como público-alvo estudantes da Educação Infantil e Ensino Fundamental e ocorrerá no dia 22 de outubro. Mas as atividades pré-olímpicas já se iniciam em abril. Durante esse período, educadores responsáveis pela coordenação de cada escola participante desenvolverão trabalhos para serem apresentados no dia da Olimpíada. Na ocasião, as crianças poderão exibir suas obras artístico/ filosóficas previamente selecionadas pela comissão organizadora, além de realizarem diálogos em grupo, produzir textos e outros meios de expressão, sempre respeitando o tema sugerido. A I Olimpíada de Filosofia com Crianças é uma importante atividade educacional promovida e assessorada pela Associação de Cursos de Filosofia do Sul do Brasil (Fórum Sul de Filosofia), da qual fazem parte professores e alunos de Filosofia, bem como áreas afins de escolas públicas e particulares do Estado. Apesar de ter o nome de Olimpíada, o evento não tem caráter competitivo e

consequentemente não implicará premiações específicas. Todos os inscritos receberão certificados de participação. Pioneiro em desenvolver a filosofia desde a educação infantil por meio do projeto “Filosofia com Crianças”, coordenado pela professora Letícia Luconi, o La Salle Dores foi escolhido para sediar esse evento, que é o primeiro do gênero no mundo. Conforme Letícia, filosofia com crianças ainda é um movimento incipiente nas escolas. “Estamos falando de uma área da Filosofia que ainda pertence ao mundo acadêmico. Assim, nossa escola está instaurando um movimento filosófico na educação das crianças. A Filosofia aplicada a elas visa a uma educação dialógica desde a infância. Uma educação reflexiva, gerando autonomia, criatividade e estimulando o pensamento crítico.” As inscrições para a I Olimpíada de Filosofia poderão ser realizadas até 15 de setembro, mas é desejável que sejam feitas com antecedência para que as crianças possam tirar maior proveito do que estará sendo trabalhado durante as atividades pré-olímpicas. Mais informações sobre a iniciativa no e-mail contato@olimpiadadefilosofia.org

Os dinossauros invadem o Instituto Maria Auxiliadora

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Os alunos dos terceiros anos do Ensino Fundamental, do Instituto Maria Auxiliadora de Porto Alegre, aguardam ansiosos as aulas de Ciências, especialmente quando chega a hora de estudar a vida dos dinossauros. Isto, porque além de pesquisar sobre as espécies, os estudantes fazem a montagem de um dinossauro. Em 2010, o grupo montou o Tiranossauro Rex. A réplica, com quase dois metros de altura, ficou exposta na escola e atraiu olhares curiosos de quem passava por ela. Neste ano, o projeto, intitulado “No Tempo dos Dinossauros” terá continuidade e mais um dinossauro será confeccionado e depois ficará em exposição permanente na instituição. O trabalho, desenvolvido pelas professoras Joice Della Pasqua e Elisandra Fagundes, sob a coordenação da professora Niura Paz de Oliveira, motiva os alunos a pesquisar sobre o tema, valorizando as hipóteses criadas por eles e estimulando o grupo a buscar respostas para suas perguntas e inquietações.

Confecção da réplica de um dinossauro é o momento mais aguardado na aula de Ciências


Centro Cultural e Esportivo Menino Jesus é a novidade nos 70 anos da instituição No ano em que completa 70 anos, a Escola Menino Jesus Notre Dame de Passo Fundo inaugura seu Centro Cultural e Esportivo. Localizado na Vila Rodrigues, junto à instituição de ensino, o novo espaço é composto por duas quadras esportivas, salas de aula, espaço próprio para os estudantes matriculados em turno integral e ambientes de convivência e interatividade. Além de palco para apresentações culturais e realização de eventos – no seu amplo auditório totalmente equipado com aparelhagem de som e iluminação com capacidade de reunir 700 espectadores acomodados em poltronas –, o Centro Cultural e Esportivo terá espaços destinados para a prática de atividades extraclasse e cursos livres como judô, ginástica artística/olímpica e dança moderna. A previsão de inauguração é para julho, quando a instituição comemora aniversário. A utilização do espaço não se limitará à comunidade educativa da Escola Menino Jesus. Com o intuito de servir também à comunidade, o ambiente construído sob padrões de sustentabilidade e acessibilidade poderá ser locado para práticas esportivas e culturais, como salienta a diretora da Escola Menino Jesus Notre Dame, Rosane Werwon. “O novo espaço, além de atender às necessidades de estudantes e professores no dia a dia do ensino-aprendizagem com novos e amplos espaços para a formação integral do ser humano, pretende ser opção para toda a comunidade da Vila Rodrigues e da cidade como um todo”, conclui.

Programa auxilia os jovens a decidir o seu futuro

Estudantes recebem orientação para escolha da profissão Neste ano, um dos projetos que terão continuidade no Colégio Cenecista João Batista de Mello, de Lajeado, é o Programa de Orientação Vocacional. Pela iniciativa, os estudantes do Ensino Médio assistem a palestras, fazem testes vocacionais e participam de encontros com profissionais do mercado. No ano passado, os alunos participaram de uma palestra motivacional com o relações-públicas Strauss Bicca, que orientou os estudantes sobre como se motivar na hora de estudar para o vestibular. Na próxima etapa, os testes vocacionais recolheram dois tipos de informações essenciais: os interesses e as aptidões de cada um, ajudando-os no processo de autoconhecimento e na diminuição dos receios, das indecisões e das angústias. Após a investigação do perfil profissional e áreas de interesse, foi realizado um bate-papo com a professora Bernadete Cerutti, do Departamento de Relações com o Mercado da Univates, a fim de informar os alunos sobre os cursos e a sua relação com o mercado de trabalho. Na programação, os jovens também visitaram os Campus da Unisc, onde puderam conhecer os cursos oferecidos pela Universidade, os professores e laboratórios.

Colégio La Salle Canoas adota novo sistema de ensino

Local será opção para prática esportiva e realização de eventos da comunidade passo-fundense

As turmas de 1ªs séries do Ensino Médio, do Colégio La Salle Canoas, ganharam novo material didático para este ano. A instituição adotou o Sistema de Ensino da FTD, que tem como objetivo preparar o aluno para o Vestibular, Enem e Mercado de Trabalho, sem fugir da proposta pedagógica da instituição. Também permite dar nova dinâmica às aulas, oferecendo ferramentas como sites, simuladores e GPS (gerenciador de provas e simulados). O material é composto de nove disciplinas básicas e abrange todo o conteúdo do ano de maneira gradativa e completa. Assim, a aprendizagem se torna mais integrada, contribuindo para a formação do aluno e ajudando-o a ampliar seus conhecimentos, além de enriquecer o trabalho do professor.

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Juliana lembra com orgulho da convocação para a seleção gaúcha

Estudantes da IENH lançam dicionário dos bichos

Das quadras para o mundo O Colégio Sinodal de São Leopoldo já exportou dezenas de atletas de voleibol. Há muitos anos as quadras do ginásio vêm produzindo profissionais de alto gabarito no mundo desse esporte. O técnico Ivan Gallo, 62 anos e há 37 formando atletas no colégio, afirma que não há mágica nem fórmula pronta para o êxito. “O Sinodal é referência em voleibol no estado e muito respeitado no Brasil, fornecendo atletas e técnicos para seleções estaduais e nacionais. Essas conquistas são fruto de um trabalho de qualidade e excelência”, resume. Acompanhe histórias de alguns deles e o que aprenderam enquanto jogaram e estudaram no colégio: Juliana Lamb Machado, 31 anos “Tenho ótimas recordações da minha época do colégio. Com a equipe de voleibol conheci várias cidades do interior do Rio Grande do Sul, do Paraná, de Santa Catarina e de São Paulo. Joguei também uma temporada pelo Arizona Western College, no estado do Arizona, Estados Unidos, quando tinha 21 anos. Nossa equipe chegou a participar de um campeonato americano nacional em Kansas-city. Recordo-me com grande orgulho da minha convocação para a seleção gaúcha, que para mim foi um grande sonho alcançado. A lição que tirei de toda minha trajetória no esporte foi ter uma vida saudável, disciplina e comprometimento. Meus filhos (Lucas, 7 anos, e Lara, 5 anos) já fazem parte da escolinha de vôlei do colégio e adoram jogar.” João Alberto Zappoli (Joca), 48 anos “Interessei-me pelo voleibol quando tinha 11 anos, em 1973. Era uma das modalidades esportivas na Educação Física. Tínhamos um grupo muito bom; ganhamos, em 1977, o primeiro título estadual, e depois vieram vários outros títulos importantes, como campeão estadual juvenil em 1980 e bicampeão da Onase em 1977 e 1979. Fui o primeiro atleta do Sinodal a ir para uma seleção brasileira e posso afirmar que foi uma emoção muito grande. Hoje trabalho como empresário de atletas de vôlei e tenho a carteira de agente da CBV (Confederação Brasileira de Voleibol). Mantenho um escritório em São Paulo e outro em Parma, na Itália, aonde vou duas vezes por ano. Também sou gerente de esportes da marca Asics. O colégio e o técnico Ivan Gallo foram muito importantes na minha formação como pessoa.”

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Após um longo período de pesquisas sobre pequenos animais – como insetos que habitam o pátio da escola –, a 2ª série A do Currículo Bilíngue da Unidade Pindorama (IENH) lançou o Bichodário: o dicionário dos bichos. A obra foi fruto do Projeto de Estudos “Muitas espécies! Um planeta! Um futuro!”, desenvolvido desde a metade do ano passado. A curiosidade foi o ponto de partida para os estudantes que começaram a questionar as professoras sobre os pequenos animais que surgiam nos espaços da Unidade. “Em diferentes momentos da rotina escolar os alunos encontravam pequenos animais que despertavam a atenção e a curiosidade”, explica a professora Caroline Steigleder. Tanto a Língua Materna como a Língua Inglesa foram utilizadas pelos alunos no desenvolvimento do Bichodário. Ao longo do projeto, os estudantes exploraram os nomes e as características dos animais por meio de músicas, histórias, filmes e poemas, produzindo relatórios de aprendizagens e contando com o apoio dos pais em casa. O lançamento do Bichodário foi um momento marcante para os estudantes, que receberam seus familiares e mostraram o trabalho finalizado. No final do evento, os estudantes foram surpreendidos ao receber bichinhos de pelúcia como lembrança e agradecimento pelo envolvimento no projeto.

Alunas receberam bichinhos de pelúcia para recordar o projeto

São Francisco prepara semana cultural em julho O Instituto de Educação São Francisco de Porto Alegre prepara um grande evento cultural para o mês de julho – é a Semana Cultural. Todas as feiras e mostras que ocorriam ao longo do ano serão realizadas entre os dias 4 e 8, nos turnos da manhã e tarde. Entre as atrações é aguardada a segunda edição da Mostra Cultural, que tem como objetivo aproximar os estudantes das tradições de 22 países. No ano passado, os alunos do Ensino Médio produziram stands com mapas, fotos, desenhos e objetos que fazem referência às tradições culturais dos países. O evento atraiu mais de 1.500 visitantes.


Sinodal Progresso promove intercâmbio por meio de cartas Em plena era tecnológica, os alunos do Colégio Sinodal Progresso de Montenegro participaram de um projeto de intercâmbio, cujo principal meio de comunicação foi a carta. Assim, durante todo o semestre passado, os estudantes da turma 32 comunicaram-se com os alunos da Escola Estadual Guilherme Moojen. A cada chegada de novas correspondências, a expectativa era grande nas duas escolas. Os alunos não se conheciam, mas se apresentaram nas cartas, muitas vezes descrevendose e em outras expressando opiniões. A culminância do projeto foi a vinda dos alunos do 4º ano do Moojen ao Sinodal Progresso, onde, finalmente, encontraram os amigos e solidificaram a amizade que começou através do papel.

Música para revisar os conteúdos aprendidos em sala de aula

Alunos aprendem Química e Biologia de um jeito diferente As aulas de Química e Biologia nunca mais foram as mesmas no Colégio São Carlos de Caxias do Sul, depois da implantação dos projetos Bioshow e Quimúsica. Para revisar os conteúdos, os professores Luciane Bof e Delmar Rech organizam números artísticos e apresentações de poesias e músicas envolvendo os alunos. Luciane e Delmar afirmam que a atividade tornou-se importante para que os alunos tenham a percepção de todos os assuntos desenvolvidos ao longo do ano letivo. “O envolvimento e a dedicação dos estudantes, especialmente pelo fato de terem de apresentar para colegas e alunos de outras turmas e séries, fazem com que suas produções tenham muita qualidade”, completam.

Após seis meses de trocas de correspondências, os alunos finalmente se conheceram

Grêmios Estudantis da IENH ganham novos representantes Foram eleitas as novas diretorias dos Grêmios Estudantis para 2011 nas Unidades Pindorama e Oswaldo Cruz da IENH. A eleição ocorreu no final do ano passado. De acordo com o professor e coordenador do Grêmio Estudantil Pindorama (GEPI), Gustavo Paraboni Cerveira, as eleições proporcionaram um momento de integração entre estudantes de diversas turmas. “Os alunos vivenciaram todas as etapas de um processo eleitoral, desde a organização das chapas, elaboração das metas, inscrição, campanha e votação”, explica. O Grêmio Estudantil Oswaldo Cruz (GEOC) tem como objetivo para este ano a realização de atividades esportivas como campeonatos de fla-flu para os estudantes. Já o GEPI sugeriu a criação de datas como o dia do brinquedo e o dia do cachorroquente para os alunos da Unidade Pindorama.

Atividades esportivas entre as metas do Grêmio Estudantil Oswaldo Cruz (GEOC)

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CEED A

RESOLUÇÃO CEED Nº 312, de 03 de novembro de 2011. A referida Resolução “Disciplina o processo de transferência de alunos aprovados em regime de progressão parcial para escolas que, cumulativamente, não preveem essa alternativa em seus procedimentos de avaliação e não fazem referência a ela em seus Regimentos Escolares”.

progressão parcial está prevista na LDBEN, artigo 24 inciso III, mas, para a escola utilizar tal prerrogativa, a mesma terá que estar expressa no Regimento Escolar. A Resolução é normativa, e a escola que utilizar o regime de progressão parcial deve segui-la como orientação pedagógica, assim como o que está orientado no Parecer CEED 737/2009. Ambos orientam o fazer pedagógico da escola. Sabemos que fazer mudança em educação não é fácil, pois a escola resiste a elas, assim como os pais. Ainda temos um paradigma de educação centrado no fazer ensino e não no produzir aprendizagens. A prática da escola ao receber aluno transferido é até hoje a mesma, salvo exceção de algumas: ela pede a documentação do aluno, incluindo o histórico escolar, e verifica qual a série que este irá cursar e procede à matrícula, independentemente se ele, aluno, venha reprovado de sua escola de origem ou venha aprovado com progressão parcial. A escola continua fazendo o que antes fazia: um procedimento administrativo. A certeza, na maioria das vezes, é a mesma: se está reprovado tem que repetir o ano! A LDBEN traz em seu bojo um paradigma que cultua a aprendizagem, ou seja, o foco sai do ensino do professor e vai para a aprendizagem do aluno. Traduzindo: o professor antes era o centro do processo ensino-aprendizagem – eu ensinei e o aluno não aprendeu –; hoje, o centro é o aluno com suas aprendizagens. Por isso a LDBEN traz a figura indispensável e obrigatória do Projeto Pedagógico por escola. A escola, frente a este, é que vai verificar, por meio de processos avaliativos, como este aluno chega e o que deve fazer para que o mesmo acompanhe o seu Projeto com sucesso. Como bem expressa o Conselho: quando um aluno chega transferido, a responsabilidade é toda da escola que o recebe. Se pegarmos o mesmo artigo 24 da LDBEN (A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras) em sua alínea c vemos que avaliar é necessário, pois “independentemente de escolarização anterior, mediante avaliação feita pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua inserção na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do respectivo sistema de ensino”. Traduzindo: a escola, ao receber um aluno, quer por transferência ou “novo” (o transferido é novo), independentemente de histórico escolar, necessariamente tem que avaliar este aluno – ver suas aprendizagens, suas necessidades (deficiências para nós rotula), sempre frente ao seu Projeto Pedagógico e Planos de Trabalho/ Planos de Estudos. Aí, sim, mediante o resultado avaliativo do aluno, efetivar sua matrícula.

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Claro que vai sempre “obedecer” ao que está expresso em seu Regimento. Se recebe um aluno por transferência que foi promovido com regime de progressão parcial e ela não tem Regimentada esta prerrogativa, ela, escola que recebe tal aluno, vai matriculá-lo como aprovado para a série/ano que este aluno iria cursar na sua escola de origem – ver artigo 3º da Resolução ora tratada. Neste caso, ela vai realizar a avaliação das aprendizagens que o aluno traz (pode solicitar mais esclarecimentos da escola de origem) frente ao seu Projeto Pedagógico, mas com o objetivo de ajudar no sucesso deste aluno e não com o propósito de situá-lo numa série/ano. Precisa fazer Ata descritiva do processo avaliativo ao qual o aluno foi submetido. Ver §1º do artigo 3º da Resolução. No nosso entender, esta é a principal mudança que a LDBEN vem realizar: a avaliação das aprendizagens dos alunos como foco de todo o trabalho pedagógico realizado pela escola. Não só com os transferidos, mas uma avaliação que se preocupe sempre com o que/quanto/como o aluno aprendeu e quais os passos que deve seguir para que este logre sucesso. Entendemos que isto ainda não foi incorporado pela maioria das escolas, apesar de a Lei ser de 1996. A Resolução deixa claro, também, em seu artigo 4º, o papel das mantenedoras: que é de orientar as escolas na aplicação da progressão parcial, ou seja: regimentar a progressão parcial, explicitando o limite de componentes do currículo para tal progressão, tanto para os seus alunos quanto para os recebidos por transferência, ou não adoção de tal prerrogativa para seus alunos quanto para os transferidos. Esta é uma liberdade da escola. Se optar em regimentar, o referido Regimento tem que ser validado pela respectiva mantenedora. Nas escolas públicas estaduais, com prévio parecer do Conselho Escolar ou de comissão de sua comunidade escolar. Entendemos que o diferencial de cada escola está no desafio de mudar seu paradigma, construindo e desenvolvendo, com a parceria de sua comunidade, um Projeto Político-Pedagógico competitivo, que faça frente aos anseios de um mundo que a cada instante muda e que necessita, portanto, de pessoas inovadoras, inquietas, questionadoras, protagonistas. Novo ano letivo chega e está mais do que na hora de se promoverem mudanças nas escolas. A hora chegou e não podemos perder o foco: ou a escola muda por entender que necessita de mudanças para fazer frente ao mundo que gira ou ela se esgotará, abrindo espaço para que outras formas de educação aconteçam. Célia Silveira

Especialista em supervisão educacional


ARTIGO Gestão profissional no ensino superior privado: uma reflexão sobre o papel do coordenador de curso de graduação Por Daniel Quintana Sperb* RESUMO O presente artigo tem por objetivo provocar uma breve reflexão sobre o papel do Coordenador de Curso de Graduação no Ensino Superior Privado, apresentando aspectos históricos, estatísticos, pedagógicos e administrativos. Por meio da revisão de literatura adotada, foi possível apresentar brevemente o panorama no qual as Instituições de Ensino Superior Privadas brasileiras estão inseridas, na atualidade. Os resultados se mostraram satisfatórios ao apresentarem alguns elementos fundamentais em processos de gestão sistêmica no âmbito da realidade enfocada. Palavras-Chave: Gestão. Ensino Superior. Cursos de Graduação. Coordenador de Curso.

INTRODUÇÃO Coordenação de Curso de Graduação no Ensino Superior Privado (ESP) surgiu com a reforma universitária na década de 60 em substituição aos Conselhos Administrativos e Congregações. Suas atribuições privilegiavam o aspecto didático-pedagógico. No início da década de 80, o MEC passou a reconhecer o Coordenador de Curso de Graduação (CCG) como um gestor de projetos de aprendizagem, com uma visão mais ampla, mas ainda focado essencialmente no aspecto pedagógico do funcionamento dos cursos. Com a nova LDB de 1996, os Cursos passaram a ser organizados não mais dentro de departamentos, mas como unidades acadêmico-administrativas, de modo que o CCG passou a ser o Gestor de seu curso e a se responsabilizar pelos seus colegiados, fato este que passou a exigir do encarregado desta função características que iriam além da análise dos aspectos pedagógicos relacionados à sua área

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de atuação, demandando também aperfeiçoamento em gestão administrativa. Contudo, mesmo após 15 anos, poucos foram os CCG que buscaram aprimoramento sob esse enfoque, continuando a evidenciar um perfil predominantemente pedagógico. Atualmente, algumas inquietudes tomam conta das Instituições Privadas de Ensino Superior (IPES) mais atentas, pois elas passaram a compreender que a compensação financeira com relação aos cursos que geram receita em detrimento dos que geram prejuízo precisaria ser revista. A meritocracia é algo que começa a chamar a atenção de quem objetiva operar por resultados com base na geração de tempos livres, fator crucial para gerar inovação. Algumas IPES do país, por exemplo, têm distribuído bônus por resultados para seus docentes. Muito embora esta prática seja disseminada entre grandes empresas, a remuneração variável é novidade nas IPES e passa a constituir mais uma evidência da profissionalização do ESP nos moldes adequados a uma sociedade que se apoia na estrutura de um mercado competitivo. Os CCG, lentamente, começam a atuar como gestores de conflitos e passam a equacionar o coeficiente de incômodo necessário para combater a falsa sensação de que tudo está funcionando, gerando embates orientados. A gestão do tempo entre trabalho e casa está passando a ser tratada com mais flexibilidade em função da melhoria da produtividade e do foco em resultados. A gestão do conhecimento está ganhando espaço nas metas dos gestores que sabem que é preciso acabar com a rotatividade, atraindo os professores mais talentosos, para que estes possam originar corpo de conhecimento capaz de gerar valor ao público interno e externo. Profissional talentoso é uma “raça” que precisa ser criada em um ambiente inovador e com doses diárias de motivação e desafios, caso contrário, ele vai embora! O modelo que emerge em um novo cenário é aquele no qual o CCG passa a atuar ao nível estratégico, não mais tático. Porém, o que se percebe hoje é que algumas IPES ainda não compreenderam que o valor-hora que investem em seus gestores é significativo e acabam por sobrecarregá-los com ações em nível operacional. Os CCG são profissionais de suma importância para o sucesso da estratégia das IPES em um mercado extremamente acirrado, pois, após muitos anos de crescimento, o Ensino Superior vive atualmente um período de estabilização.

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O ENSINO SUPERIOR EM NÚMEROS Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) evidenciam significativo crescimento das IPES até a segunda metade do século XX, quando houve uma estagnação em torno de 600 Instituições. Um novo ciclo de crescimento teve início no ano de 1996 em função da LDB (Lei nº 9.394/96), que flexibilizou a regulamentação referente à abertura de novas Instituições de Ensino, passando-se então das 1.000 unidades. Segundo as estatísticas do INEP, ao final da década de 90 havia 5.384 cursos em IPES. O percentual de crescimento dos alunos matriculados no setor privado foi de 132% no período de 1997 a 2003, com uma média de 15% nesse período. Já no ano de 2004, foi registrada a maior quantidade de IPES, um número que se aproximava das 1800, a ponto de que, pouco mais tarde, o censo de 2007 tenha registrado 2016 Instituições, fato este que proporcionou a matrícula de 4,88 milhões de alunos, sendo 3,64 milhões matriculados em IPES, correspondentes a 74,6% do total. Contudo, o censo de 2009 registrou, em um ano, crescimento de 3,8% no número de instituições públicas e 2,6% no de particulares. O número de matrículas divulgado pelo INEP no Censo de 2009 é de 5,9 milhões. Porém, a ociosidade continua aumentando, pois, só na rede privada, que representa 73,5% do total de alunos no Ensino Superior, sobraram 58% das 2,7 milhões de vagas abertas em 2009. Braga (2010) afirma que, desde 2009, 76 IPES faliram e que em breve o desafio não será mais profissionalizar a gestão, mas sim, atuar na gestão da aprendizagem. Com base nessas considerações, seguem abaixo seis importantes pontos que devem ser observados pelos CCG em seus processos de gestão: METODOLOGIAS DE TRABALHO No âmbito do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES) e da regulação dos cursos de graduação no país, prevê-se que os cursos sejam avaliados periodicamente. Assim, os cursos de graduação passam por três tipos de avaliação: para autorização, para reconhecimento e para renovação de reconhecimento, sendo que a renovação de reconhecimento é feita de acordo com o ciclo do SINAES, ou seja, a cada três anos. Entretanto, as metodologias de trabalho das IPES, em sua maioria, estão pouco alinhadas com os instrumentos avaliativos utilizados pelo MEC e tão menos possuem sistemas robustos de gestão que transcendam a forma de avaliação do Ministério e possibilitem a inovação nessas mesmas metodologias de trabalho. Braga (2010) relata que para haver mudança do foco do ensino para a aprendizagem é preciso: (I) a difusão dos conhecimentos sobre os mecanismos de aprendizagem, (II) alteração no perfil e nos objetivos das avaliações discentes, (III) uso de plataformas tecnológicas na mediação da relação ensino/aprendizagem, (IV) modularização do ensino e anatomização do conteúdo, (V) mudança da estrutura docente (professor gestor em sala de aula) e, por fim, (VI) a criação de “learning centers”. Faz-se necessária, consequentemente, uma atitude voltada para resultados, tanto no âmbito pedagógico quanto no âmbito administrativo.

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GOVERNANÇA CORPORATIVA Frente à realidade das IPES descrita nos itens anteriores, percebese que é inadiável uma profunda transformação em seus processos de gestão, uma vez que grande parte dessas instituições é gerida por grupos familiares. Esta realidade não é mérito do ESP, como evidenciam os dados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pois 90% dos 4 bilhões de empreendimentos nacionais são familiares, mas apenas 30% destas chegam à segunda geração sob o comando das famílias fundadoras, sendo a maioria vendida a terceiros. Frente a este cenário, as boas práticas em Governança Corporativa têm conquistado espaço. Siffert Filho (1998) define Governança Corporativa como a forma pela qual os controladores instituem mecanismos de monitoramento e controle em relação aos administradores e fazem com que estes ajam de acordo com o interesse dos controladores, numa visão mais ampla, os chamados Stakeholdes. Entretanto, a transição para uma gestão profissionalizada é vista por muitos com extremo receio, uma vez que a separação entre propriedade e gestão representa um grande impasse, pois se de um lado há um mercado competitivo e a necessidade de profissionalização, de outro há o receio de delegar demasiada autonomia aos gestores. VALOR DA MARCA Muito embora qualquer empresa nos dias atuais saiba a importância da imagem que possui frente a seus clientes, raras são aquelas que investem deliberadamente em Design, que realizam a gestão desta imagem. Com o desenvolvimento de novas práticas, o Branding busca implantar uma cultura estratégica e de gestão permanente orientada para a marca dentro das organizações. E, acima de tudo, expressa uma identidade inspiradora e transformadora que auxilia no relacionamento com diferentes públicos de modo contínuo e sistêmico. Em entrevista à revista Época Negócios (2009), Motomura afirma que as mudanças organizacionais exigidas nos dias atuais envolvem reinvenção na área de Design. O Design é uma atividade profissional pouco compreendida, sendo, inclusive, considerada por alguns estudiosos como essencial a todas as áreas da atividade humana, pois trabalha com o equacionamento simultâneo de fatores ergonômicos, perceptivos, antropológicos, tecnológicos, econômicos e ecológicos, no projeto dos elementos e estruturas físicas necessárias à vida, ao bemestar e/ou a cultura do homem (REDIG, 2006). O Design está, inclusive, presente no sistema político, econômico e social que prevalece no país. Nussbaum (2009) aponta que não apenas os produtos são passíveis de serem desenhados, mas também um organograma, uma experiência social ou a performance de uma equipe. O autor indica ainda que escolas de ponta nos Estados Unidos, como o Instituto de Design, em Stanford, e a Parsons, em Nova York, estão promovendo essa mudança. No currículo dessas escolas, constam disciplinas como Criação de Protótipos para Mudanças Organizacionais e Criação de Ação Infecciosa, que estuda a disseminação de ideias e as motivações dentro de redes sociais. Nesse sentido, o Design contribui de forma imensurável para os CCG, pois é a materialização da visão sistêmica, integrando saberes relativos a modelagem organizacional, comunicação e estratégia.


GESTÃO DE TALENTOS As consequências de não desafiar a inquieta e proativa Geração Y podem representar um desperdício em ativos de conhecimento muito oneroso, pois muitas organizações, em função de suas carências organizacionais, acabam por se especializar em formar ótimos gestores polivalentes, mas não desenvolvem estratégias de retenção e captação de novos talentos e acabam por desperdiçar anos de investimento, presenteando a concorrência por meio de experientes gestores com ótimas condições operacionais, táticas e estratégicas de gerenciamento. As IPES precisam atentar para o fato de que além de formar seus talentos com base em formação continuada e capacitações periódicas, faz-se necessário promover a identificação de seus colaboradores com a marca da instituição. É preciso criar experiências no cliente, tanto externo quanto interno. Sim, o aluno, embora não seja cliente em sala de aula, é cliente na biblioteca, na secretaria, na tesouraria, na cantina e nos diversos serviços de suporte inseridos no espaço acadêmico. É preciso repensar o outdoor, o flyer, o jornal e começar a pensar em investir em marketing de relacionamento e endomarketing. Ao contrário do que talvez pensem muitos dos Departamentos de Comunicação das IPES, quando um curso de Graduação trabalha como uma unidade de negócio focada em estratégia, toda Instituição se beneficia. ESTRATÉGIA E CRESCIMENTO DO MERCADO Existem duas importantes ferramentas para auxiliar no Planejamento Estratégico que devem ganhar espaço no mundo acadêmico. A FFOA, que significa (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças), e a PEST, que significa análise (Política, Econômica, Social e Tecnológica), ambas possibilitando um mapeamento abrangente do ambiente mercadológico. Um dos grandes desafios dos CCG nas IPES, conforme descrito em itens anteriores, é abandonar a gestão por ensaio e erro. Steiner (1979 – apud Salles – 2006) cita que se uma organização é administrada por gênios intuitivos, não há necessidade de um planejamento estratégico formal. A exemplo de outros setores da economia, a consolidação do setor educacional é uma realidade. Aquisições de grandes grupos educacionais, como Laureatte International, Kroton Educacional, Estácio Participações, SEB S/A, Multi Brasil S/A, por exemplo, têm agitado os bastidores do Ensino Superior Privado em nosso país. É inadiável que as IPES comecem a realizar planejamentos pautados no equilíbrio entre as visões educacionais e empresariais, de forma a trabalhar por resultados e cumprimentos de metas. Conforme disse Albert Einstein, não se pode resolver um problema com o mesmo raciocínio que o causou. É preciso inovar.

GESTÃO POR RESULTADOS Segundo Sperb (2010), em análise comparativa com outros sistemas de controle da qualidade, como, por exemplo, o Prêmio Malcolm Baldrige, os instrumentos do MEC deixam a desejar em diversos aspectos, principalmente no que tange a uma visão holística da educação alinhada com o atual cenário educacional do país, pois muito embora o objetivo central da Universidade seja a geração de conhecimentos, não se pode subestimar o papel fundamental do mundo do trabalho. Como transformar o mundo do trabalho e atender às demandas mercadológicas se o Ministério da Educação incentiva as IPES, por exemplo, a possuir um Quadro Docente com regime integral de trabalho aos moldes da educação pública? Não deveria haver incentivos para que pudessem possuir um percentual de docentes atuantes em sua atividade profissional, específica no mercado de trabalho, reduzindo um isolamento acadêmico que pode favorecer a baixa autoestima de nossos estudantes ao inseri-los no ambiente de trabalho como corpos estranhos a uma cultura mercadológica? Nos próximos dez anos, quanto mais jovens se graduarem em cursos superiores, mais os respectivos diplomas se transformarão em commodities. Por que o MEC não avalia a quantidade de acadêmicos inseridos no mercado de trabalho em sua área de atuação? Esse é um forte indicador de qualidade. Recente pesquisa do IBGE evidenciou que embora o Brasil esteja formando um número razoável de Mestres e Doutores, estes não estão alavancando o país com seus conhecimentos aplicados na indústria, por exemplo, pois as pesquisas realizadas na área geralmente permanecem circunscritas ao ambiente acadêmico. Para uma IPES inovar operando orientada pelos resultados, é fundamental fazer uma autorreflexão com as perguntas certas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Investir em pesquisas de avaliação institucional e técnicas de gestão acadêmica em IPES por meio de ferramentas da qualidade, objetivando redução de custos, cumprimento de metas e aumento da qualidade e do valor agregado, representa um grande desafio. As IPES, bem como seus CCG, precisam implementar setores de decodificação cultural. Compreender o comportamento humano é primordial. Desta forma, será possível adotar a gestão estratégica antecipatória como elemento norteador em seus processos de gestão, prevendo tendências mercadológicas, tornando os Cursos de Graduação um organismo flexível e adaptável ao cenário e suas necessidades. Obviamente, as IPES não podem ignorar as “regras do jogo” ditadas pelo MEC, contudo é fundamental inovar na busca por resultados, e para isso é preciso fitar além do horizonte, pensar “fora da caixa”, caso contrário, elas serão vítima da comoditização. Afinal, conforme Charles Darwin já há muito tempo indicou, não é a mais forte das espécies a que sobrevive, nem a mais inteligente, mas aquela que melhor responde às mudanças.

REFERÊNCIAS BRAGA, Ryon. Seminário de Diretores. Porto Alegre: Hoper, 2010. MOTOMURA, Oscar, (2009), “Fritjov Capra por Oscar Motomura”. Revista Época Negócios. São Paulo, Edição 04 de Março. NUSSBAUM, Bruce (2009), “O Novo Desenho da Inovação”. Revista Época Negócios. São Paulo, 30 de Abril. SALLES, Paulo Eduardo M. de. O futuro do planejamento estratégico nas IES. IN: GARCIA, Maurício (Org.). Gestão profissional em instituições privadas de ensino superior. Vila Velha, Espírito Santo: Editora Hoper, 2006. SIFFERT FILHO, Nelson. Governança Corporativa: Padrões internacionais e evidências empíricas no Brasil nos anos 90. Revista do BNDES, Rio de Janeiro. v. 9, jun. 1998. SPERB, Daniel Quintana (2010). “Design: Gestão de Projetos para Sistemas Educacionais de Ensino Superior Privado”, Monografia de Especialização em Gestão Educacional. Canoas: ULBRA REDIG, Joaquim. Sobre desenho industrial. Porto Alegre: UNIRITTER, 2006.

*Consultor em Gestão Educacional, Gestão em Ergonomia, Gestão em Desenho Industrial/ Design e Gestão de Pessoas. Possui Mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, Especialização em Gestão Educacional pela Universidade Luterana do Brasil – ULBRA e Graduação em Desenho Industrial (BDi) pelo Centro Universitário Franciscano - UNIFRA. Foi Coordenador de Curso de Graduação por mais de cinco anos e atualmente é docente na área de Ergonomia na Escola de Design da Unisinos e no Centro Universitário Ritter dos Reis – UNIRITTER responde pela Coordenação Setorial de Ensino e pela Coordenação do Centro de Design. Contato: dqsperb@gmail.com

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CINEMA

What a Biutiful World?

Alejandro Iñárritu tematiza a morte e a redenção humana Por Adriana Kurtz*

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diretor e roteirista mexicano Alejandro Gonzalez Iñarritu ganhou fama mundial ao dirigir uma bela trilogia formada pelos filmes “Amores Brutos” (México, 2000), “21 Gramas” (EUA, 2003) e “Babel” (EUA, 2006). O sucesso de Alejandro azedou a parceria com o roteirista Guillermo Arriaga, que assinou os três roteiros, mas ficou num segundo plano e resolveu partir para uma carreira solo. O diretor, depois de quatro anos sem filmar, retornou em grande estilo – e com um novo corroteirista – com “Biutiful” (2010), oferecendo ao astro Javier Bardem mais uma possibilidade para mostrar ao mundo o seu imenso talento. Alejandro Gonzalez Iñarritu segue fiel a um tema que pouco entusiasma as plateias medianas – ou medíocres – da sociedade pós-moderna, consumista, fútil e psicologicamente infantilizada: a morte e a sordidez humana. “Biutiful”, disse o diretor, é uma experiência verdadeiramente íntima, e isso é o bastante para que as pessoas se sintam ameaçadas. “A gente anda se afastando tanto uns dos outros que, quando você apresenta algo humano, que trata de emoções humanas, as pessoas dizem ‘isso é deprimente’, porque ninguém consegue reconhecer-se naquilo”, disparou Iñarritu, para finalmente resumir a questão: “Estamos doentes, nossa sociedade está muito doente. Estamos andando na direção errada”. Daí a opção do diretor mexicano por encenar um drama intenso, não mais protagonizado pelos vários anti-heróis da trilogia, mas centrado em um único personagem. Meio criminoso, meio vidente, totalmente angustiado, Uxbal é um homem que tem visões de pessoas já mortas e um pai que se esforça para criar os dois filhos negligenciados pela mãe bipolar, sua ex-mulher. Ao contrário daquela canção clássica eternizada por Louis Armstrong,

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Ficha Técnica: Biutiful – 2010 (México, Espanha) 147 min, cor Diretor: Alejandro González Iñárritu Elenco: Javier Bardem, Blanca Portillo, Maricel Álvarez, Rubén Ochandiano, Guillermo Estrella. Produção: Alejandro González Iñárritu, Alfonso Cuarón, Guillermo del Toro, Fernando Bovaira, Sandra Hermida, Jon Kilik, Ann Ruark Roteiro: Alejandro González Iñárritu, Armando Bo, Nicolás Giacobone Fotografia: Rodrigo Prieto

este não é decididamente um mundo maravilhoso. A realidade que cerca Uxbal é uma das mais vergonhosas do mundo globalizado: a exploração de mão de obra ilegal, a vida de imigrantes que são tratados como animais enquanto lutam para sobreviver nas ruas pobres de Barcelona. Esse contexto já caótico chegará ao seu clímax quando o personagem é confrontado com a morte iminente. Assim, resta-lhe algum tempo para espiar suas culpas, preparar os filhos, resgatar sua própria vida e deixar algum legado, num dramático processo de redenção. Entra aí o talento de Javier Bardem, ator espanhol que começou sua trajetória com Almodóvar, brilhou em filmes difíceis como “Antes do Anoitecer” e “Mar Adentro” e virou celebridade com “Onde os Fracos não tem Vez”. Para Bardem, Melhor Ator no Festival de Cannes 2010, Uxbal é um homem cercado pela corrupção e exploração, mas que se recusa a perder “seu último suspiro” de saúde. “Ele cultiva a compaixão pelos filhos, os imigrantes, a esposa, todos à sua volta. Existe esperança em cada gesto de Uxbal em direção aos seres humanos que o cercam”, ressaltou o ator, conhecido por seu envolvimento pessoal em causas humanitárias. Daí Alejandro Gonzalez Iñarritu insistir no fato de que seu filme, apesar do tom sombrio, é o mais esperançoso que fez até hoje. E assim poderíamos retornar – com uma inevitável ponta de ironia – para a conhecida música de Armstrong: “I hear babies crying/I watch them grow/They’ll learn much more than i’ll ever know/And i think to myself, what a wonderful world”. * Doutora em Comunicação e Informação pela UFRGS e professor dos Cursos de Publicidade e Propaganda e Design da Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM


DICAS

LIVROS

DVD

Ensino Médio Docência, Identidade e Autoria Aida Maria Rossi, Clarice Traversini, Neiva Schäffer, Nilton Pereira (org.)

O livro apresenta uma coletânea de artigos de educadores de Ensino Médio, com sua prática docente no Colégio Julinho em Porto Alegre. As práticas descritas reportam questões que ultrapassam a sala de aula. Aborda a escola como espaço de indagação e como instituição que constrói a si mesma; flagra o professor no exercício de sua autoria; e ainda interpreta os estudantes como autores de suas vidas, que instigam e têm algo a dizer. Da Oikos Editora, a obra tem 124 páginas e custa R$ 10. Mais informações: contato@oikoseditora.com.br

O Segredo de Luísa Fernando Dolabela

Com mais de 150 mil exemplares vendidos, a obra se tornou referência quando o assunto é empreendedorismo. Adotado por universidades e MBAs em todo o Brasil, trata de assuntos por meio de uma história com trama, conflitos e reviravoltas. Usando como fio condutor a trajetória de Luísa, uma jovem mineira entusiasmada com a ideia de abrir uma empresa, o autor ensina passo a passo tudo o que é preciso saber para ir do sonho ao mercado. O livro oferece a alternativa de se concentrar na história ou se aprofundar nas informações específicas sobre marketing, plano de negócios, finanças, administração e organização empresarial. Da Editora Sextante, a obra tem 304 páginas e custa R$ 39,90. Mais informações: www.esextante.com.br

Mestre dos Mares

Durante as Guerras Napoleônicas, Jack Aubrey (Russel Crowe) é o capitão de guerra da Marinha Britânica, e Stephen Maturin (Paul Bettany), o médico de bordo do navio H.M.S. Surprise. Em alto-mar, eles são atacados por uma embarcação inimiga bem mais poderosa. Com o navio danificado e a maior parte da tripulação ferida, Aubrey encontra-se dividido entre o dever e a amizade quando decide interceptar e capturar o inimigo, em uma arriscada perseguição que atravessará dois oceanos. A missão pode fazer sua reputação ou destruir Lucky Jack e seus marinheiros. O filme corre o mundo atrás da épica jornada desses personagens, da costa do Brasil às águas tempestuosas do Cabo Horn. A aventura é dirigida por Peter Weir e tem duração de 140 min.

Jogos de ensinar

Adriana Lockmann, Daniel Kieling, Denise Zaffari, Denize Ziegler, Jaciara Godói, Mariana de Brito (org.) O livro tem como objetivo contribuir na formação do comportamento alimentar e, consequentemente, na promoção e manutenção da saúde. Reúne uma série de projetos que podem ser aplicados com crianças da Educação Infantil. O material apresentado na obra foi planejado e aplicado por acadêmicos dos Cursos de Nutrição, parceiros do Banco de Alimentos do RS, a partir de pesquisas em livros e sites; outros ainda foram criados pelos próprios estudantes. A publicação, organizada pelo Banco de Alimentos do RS, tem 110 páginas. Mais informações: faleconoscoe@bancodealimentosrs.org.br

Infanto-juvenil

O ratinho se veste

Jeff Smith Companhia das Letrinhas 32 páginas R$ 27,00

Rosaflor e a Moura Torta Pedro Bandeira Editora Moderna 56 páginas R$ 29,90

1,2,3 de repente na China – A Flor Sagrada Ciranda Cultural 35 páginas R$ 14,90

Adorável Professor

Em 1964, um músico (Richard Dreyfuss) decide começar a lecionar, para aumentar a renda e poder se dedicar a compor uma sinfonia. Inicialmente ele sente grande dificuldade em fazer com que seus alunos se interessem pela música, e as coisas se complicam ainda mais quando sua mulher (Glenne Headly) dá a luz a um filho, que o casal vem a descobrir mais tarde que é surdo. Para poder financiar os estudos especiais e o tratamento do filho, ele se envolve cada vez mais com a escola e seus alunos, deixando de lado seu sonho de tornar-se um grande compositor. Passados 30 anos lecionando no mesmo colégio, após todo esse tempo uma grande decepção o aguarda. O drama, dirigido por Stephen Herek, tem a duração de 140 min.

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PUBLICAÇÕES As publicações institucionais, como jornais e revistas, são canais importantes para divulgar o trabalho das instituições e reforçar a sua imagem junto à comunidade em que atua. “Educação em Revista” recebeu algumas dessas publicações, as quais reproduz no espaço abaixo:

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EM REVISTA

o t n e m i c e h n o c m e t e d n O . o a c a m r o f tem in Há 15 anos, o SINEPE/RS orgulha-se de manter a Educação em Revista como canal direto de comunicação com as instituições e profissionais do ensino privado gaúcho. Nosso agradecimento a todos que vêm escrevendo com a gente essa história de dedicação e sucesso.


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