Edição 88

Page 1

ANO XV • SETEMBRO / OUTUBRO 2011

88

APROVAR, SIM,

MAS COM APRENDIZAGEM ENSINO SUPERIOR

Como evitar o plágio nos trabalhos acadêmicos GESTÃO

O gerenciamento da marca nas redes sociais


NOVO ENSINO MÉDIO DO SISTEMA OS ALUNOS ESTÃO EM CONSTANTE TRANSFORMAÇÃO.

O Sistema Positivo de Ensino está lançando o Novo Ensino Médio. Um material com projeto gráfico diferenciado e desenvolvido para atender ainda mais às necessidades de alunos e professores. Com mais conteúdos e atividades, que preparam melhor os seus alunos para o ENEM e os principais vestibulares. Além disso, ele oferece novos recursos, como videoconferências para as equipes docentes e para as famílias, slides aula a aula e links diretos com o Portal Positivo. Isso, sem falar no Caderno de Estudos Avançados e do Resolvest, que oferecem possibilidade de aprofundamento nos conteúdos para os exames oficiais mais concorridos. | Mais conteúdo e atividades | Livro didático digital | Novo projeto gráfico | Slides aula a aula | Caderno de estudos avançados | | Assessoria pedagógica | Plano de aula digital | Simulados padrão ENEM | Videoconferência para pais, alunos e professores |


POSITIVO DE ENSINO. A FORMA DE ENSINAR TAMBÉM PRECISAVA EVOLUIR.

Para mais informações sobre o Novo Ensino Médio do Sistema Positivo de Ensino, entre em contato conosco: 0800 724 4241 | novoensinomedio@positivo.com.br www.editorapositivo.com.br/ensinomedio.


EXPEDIENTE

EDITORIAL Compromisso com a aprendizagem No ano passado, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou novas diretrizes curriculares para o Ensino Fundamental. O órgão solicita que as escolas considerem os três primeiros anos como um “ciclo não passível de interrupção” e determina que todos os alunos sejam plenamente alfabetizados até os 8 anos de idade. O anúncio trouxe polêmica e dividiu a opinião de especialistas. Na rede privada, sabemos que a medida não assusta as instituições de ensino, pois a reprovação nas séries iniciais não chega a 1%. Mas a proposta do Conselho deve provocar a reflexão dos educadores sobre o compromisso que escola e família devem ter com a aprendizagem nos anos iniciais. O que deve estar em jogo não é a aprovação ou reprovação, e sim a qualidade da aprendizagem, que vai garantir uma base sólida de conhecimentos que serão utilizados em toda a vida escolar da criança. Esse assunto está em pauta na reportagem de capa desta edição. Ouvimos especialistas para opinar sobre a orientação do CNE e aprofundar a discussão sobre quais métodos são eficazes para uma criança aprender, como deve ser a avaliação nesse período e qual o impacto da reprovação. Na seção do Ensino Superior, a discussão gira em torno da prática do plágio no ambiente acadêmico e da valorização do conhecimento. A cultura do ‘copiar e colar’ conteúdos da Internet levou muitas universidades a estabelecerem políticas de fiscalização e investigação de casos suspeitos de plágio. Mas a solução não está em procurar por culpados, o caminho é investir em uma prática pedagógica em que os estudantes aprendam desde o início da vida escolar sobre a importância do conhecimento. Outro tema desta edição é o gerenciamento da marca nas redes sociais. Cada vez mais esses canais estão sendo valorizados pelas políticas de comunicação das instituições de ensino, mas especialistas alertam para o fato de que, apesar do ingresso fácil e barato nessas mídias, é necessário investimento e monitoramento, para que a estratégia tenha bons resultados. Em Artigo Científico, o tema volta em debate, num contexto maior, da aplicação do marketing no ensino privado. Educação em Revista traz também uma entrevista interativa com o palestrante do 11º Congresso do Ensino Privado Gaúcho, André Palmini, sobre as neurociências e as relações professor-aluno.

Carine Fernandes

Editora da Educação em Revista

4

Presidente: Osvino Toillier 1º Vice-Presidente: Hilário Bassotto 2º Vice-Presidente: Flávio Romeu D’Almeida Reis 1º Secretário: Vanderlei Langoni de Souza 2º Secretário: Maria Helena Lobato 1º Tesoureiro: João Olide Costenaro 2º Tesoureiro: Wilson Ademar Griesang Suplentes: 1º Suplente: Mônica Timm de Carvalho 2º Suplente: Oswaldo Dalpiaz 3º Suplente: Adélia Dannus 4º Suplente: Delmar Backes 5º Suplente: Olavo José Dalvit 6º Suplente: Bruno Eizerik 7º Suplente: Adelmo Germano Etges CONSELHO FISCAL Titulares: Ruben Werner Goldmeyer Luiz Fernando Felicetti Valderesa Moro Suplentes: 1º Suplente: Isaura Paviani 2º Suplente: Maria Angelina Enzweiler 3º Suplente: Anelori Lange Coordenador da Assessoria de Comunicação e Marketing: Prof. Osvino Toillier Assessora de Comunicação e Marketing: Graciela Dias de Oliveira Assessora de Imprensa: Carine Fernandes Assistente de Comunicação: Cláudia Diniz de Farias Auxiliar de Comunicação: Yuri Vellinho Edição: Carine Fernandes (MTB 15449) Reportagens: Karine Ruy (MTB 11999) Foto da capa: IStockPhoto

MISSÃO

VISÃO

Fale conosco

Anúncios e assinaturas E-mail: comercial@sinepe-rs.org.br Fone: (51) 3022-3282/9998.5807

ISSN 1806 – 7123

Representar e congregar as instituições do ensino privado na promoção de sua qualificação permanente, diferenciação e sustentabilidade.

Ótima leitura.

Redação Cartas, comentários, sugestões, matérias; educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br

Educação em Revista é o órgão oficial de divulgação do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul - SINEPE/RS, com circulação bimestral

Informações Fones: (51) 3213-9090 www.sinepe-rs.org.br

Educação em Revista não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Por motivos de espaço e clareza, as cartas e artigos poderão ser resumidos

Ser referência como instituição no cenário educacional brasileiro, reconhecida pela eficiência na representação sindical e proposição de novos significados ao setor.

VALORES

Compromisso com o Associado - Ética e Transparência - Competência - Cultura da Inovação - Responsabilidade Socioambiental.


06

PREMIADAS

Confira os projetos vencedores dos Prêmios do SINEPE/RS em 2010

10

ENTREVISTA

Isabel Parolin fala sobre os caminhos da aprendizagem

12 16

GESTÃO

Como gerenciar a marca nas redes sociais

PROJETO Conheça o Curriculum Vitae do Colégio Israelita

18 30 34 44

CAPA

Especialistas discutem a aprovação e a aprendizagem nos anos iniciais

IES

O desafio pedagógico contra o plágio

EDUCAÇÃO E NEUROCIÊNCIAS

André Palmini responde a perguntas dos participantes do 11º Congresso

ARTIGO CIENTÍFICO

Reflexões sobre o Marketing Educacional

5


Direção comemora resultados com O Colecionável

PREMIADAS

100 anos do Colégio São José com muitas histórias para contar

N

ão é todo dia que uma instituição de ensino chega aos 100 anos. O centenário de uma escola é sempre o resultado de muita dedicação e do envolvimento de pessoas que acreditaram na filosofia e na seriedade da instituição. Ciente disto, o Colégio São José de Pelotas, ao comemorar os 100 anos, resolveu contar as histórias das pessoas que fizeram parte desta trajetória, e mostrá-las à sociedade. A partir desta ideia foi criada a publicação Colecionável 100 anos – Colégio São José, um caderno publicado mensalmente na edição de domingo do jornal Diário Popular, maior veículo impresso da cidade. Com o projeto, a iniciativa conquistou o 8º Prêmio Destaque em Comunicação, na categoria Mídia Impressa – Educação Básica. Nas 12 edições publicadas ao longo do ano o caderno buscou contar a história do Colégio, como tudo começou, as pessoas que estiveram envolvidas na sua fundação e personalidades que estudaram na escola, fazendo um paralelo com a sociedade de cada época, os costumes. Assim, cada geração de ex-alunos relembrou sua época, seus colegas, professores, enfim, pôde

rever sua própria história de vida. Os textos mesclavam as informações pertinentes sobre o que estava acontecendo no mundo naquela época e os depoimentos das pessoas que estavam vivendo suas experiências pessoais no Colégio. Coube à equipe de comunicação da instituição não apenas a coordenação do trabalho como a tarefa de desvendar histórias, curiosidades, fatos e depoimentos que transformaram este centenário em um acontecimento marcante para toda a comunidade regional. O material foi produzido em ordem cronológica e no final do ano passado foram reunidas todas as edições em uma única publicação. As edições completas foram distribuídas aos professores e funcionários da escola, instituições, entidades e empresas da cidade. O Caderno Colecionável também ganhou uma versão eletrônica, com o bloco ‘Momento 100 anos’, do TV Conexão. As principais histórias relatadas nas páginas impressas foram apresentadas em vídeo no programa produzido pela equipe de comunicação do Colégio São José e exibido pela TV Nativa/ Record e pela TV Cidade. De acordo com o coordenador do setor de Comunicação do Colégio, Francisco Leiza, o resultado mais significativo desse trabalho foi a mobilização do público, bem como as manifestações de carinho e de amor à instituição. Para o vicediretor, Luiz Gustavo Araújo, poder constatar que a dedicação dos profissionais que passaram pelo São José foi decisiva e transformadora na vida de centenas de pessoas é o maior presente que o Colégio poderia receber. “Reforça a importância que a missão das Irmãs de São José têm na história de um povo”, complementa Araújo.

Conteúdo da publicação relacionou os fatos marcantes nos 100 anos do Colégio com os acontecimentos da época na sociedade

6


A cada ano, mais de 60 notícias são veiculadas pelo mural Maristas em rede

Jornal Mural traz informação a todas as unidades Maristas Em 2003, com a criação da Assessoria de Comunicação e Marketing, a Rede Marista do Rio Grande do Sul passou a oferecer uma estrutura integrada para atender todas as unidades, desenvolvendo ações de comunicação e marketing de forma coordenada e alinhada. A iniciativa contribuiu para comunicar ao público interno a dimensão da Rede Marista no Brasil, no Estado e no mundo. Em sintonia com essas mudanças, foi criado, em 2008, o mural Maristas em rede, com o objetivo de conectar projetos, programas e ações desenvolvidos nas diversas áreas de atuação marista. Além de manter a comunidade educativa informada, fazendo circular informações institucionais unificadas em todas as obras, o veículo busca também dar unidade de ação e de linguagem à instituição por meio de uma comunicação única e alinhada que chega mensalmente a todas as unidades maristas, em 13 cidades gaúchas e em Brasília. A iniciativa conquistou o 8° Prêmio Destaque em Comunicação, na categoria Mídia Impressa Mantenedora. O mural foi uma das ações previstas no Plano de Relacionamento com o Público Interno, iniciativa que nasceu como resposta a um cenário que apontava uma série de inquietações dos educadores e colaboradores, detectadas na Avaliação Institucional de 2006. Entre elas estavam a falta de comunicação, a força de grupos informais, os processos de trabalho não sistematizados e a cultura organizacional pouco focada no público interno. A partir do entendimento de que as relações saudáveis no ambiente de trabalho e o envolvimento dos colaboradores são fundamentais para a busca de resultados,

o projeto foi então desenvolvido pela Assessoria de Comunicação e Marketing, em sintonia com o planejamento estratégico da Rede. A escolha do formato Jornal Mural levou em consideração a necessidade de atingir todos os colaboradores, educadores e Irmãos Maristas, num total de 60 unidades, e as barreiras geográficas, de tempo de produção, periodicidade e custo. Além disso, tal ferramenta é considerada por especialistas como um dos mais democráticos veículos internos de comunicação, segundo informação da Associação Brasileira de Comunicação Corporativa. Com o propósito de obter uma comunicação qualificada por meio desse canal, foram estabelecidos alguns critérios, como: envolvimento dos profissionais de comunicação locais; linha editorial com notícias que abrangem conteúdos em nível estadual, nacional e mundial; formato com layout padrão para todas as unidades; periodicidade mensal; Produção do conteúdo centralizada no Núcleo de Conteúdo da Assessoria de Comunicação e Marketing da Rede; e localização em pontos estratégicos de circulação. Após três anos da implementação do projeto, a comunidade educativa já dá sinais de que ele está totalmente inserido no cotidiano das centenas de Irmãos, educadores e colaboradores maristas. Em pesquisa realizada em novembro de 2009, mais de 97% do público considerava importante e aprovava a iniciativa, sendo que mais de 95% acreditam ser importante receber tais informações.

7


Espaço para o diálogo se reflete na qualificação dos serviços na UPF Preparar acadêmicos para atuarem como agentes transformadores da realidade onde estão inseridos não é uma missão simples. Ciente de que funcionários motivados são imprescindíveis nesse processo, a Universidade de Passo Fundo (UPF) estimula a organização de Grupos de Excelência na Prestação de Serviços, os Geps, para que auxiliem a instituição a atender à missão proposta. Desde 2001, os colaboradores da universidade têm nesses grupos mais facilidade para opinar e refletir sobre situações vivenciadas no dia a dia de trabalho, de forma a qualificar os serviços, desenvolver competências e colaborar com ações práticas. Os resultados dessa iniciativa foram reconhecidos com a conquista do 5º Prêmio SINEPE/RS de Responsabilidade Social, na categoria Público Interno. O projeto ganhou forma quando a Divisão de Recursos Humanos iniciou um programa para trabalhar a competência na prestação de serviços. A atividade foi desenvolvida em etapas, e a última delas foi trabalhada em grupos. Ao final da experiência, os colaboradores concordaram que a ação deveria continuar, pois perceberam que de simples conversas podem surgir soluções para obstáculos do cotidiano administrativo. Dos mais de 1.200 funcionários da UPF, em torno de 500 estão envolvidos nos Geps, que não acontecem somente em Passo Fundo, mas também nos campi sediados em municípios da região, e abrange também a mantida da Fundação UPF, o Centro de Ensino Médio Integrado. As reuniões dos Geps são realizadas semanalmente, sempre entre colegas de um mesmo setor. O líder do grupo, que é eleito a cada ano, sugere assuntos e estimula o debate. O gestor participa

como orientador, incentivando os participantes. Os Geps possuem ainda um secretário, encarregado de organizar as atas e demais documentos. Sempre que surgem sugestões práticas para qualificar os serviços, os grupos elaboram um projeto e o encaminham à Comissão Coordenadora dos Grupos de Excelência na Prestação de Serviços (CCGesp). Uma vez autorizados, esses projetos assumem caráter oficial. Esse trabalho já rendeu muitos frutos. Até hoje, foram desenvolvidos 37 projetos nas áreas de melhoria no atendimento, melhoria na comunicação interna, preservação ambiental e valorização profissional, entre outros. Os Geps também tiveram a oportunidade de contribuir com o Planejamento Estratégico Institucional da UPF. Para a psicóloga Claudia Laner, que atua na Seção de Desenvolvimento de Pessoas da Instituição e faz parte da CCGesp, o comprometimento dos participantes qualifica a iniciativa. “Todos têm interesse quando se trata de ajudar o outro, o meio ambiente e aprimorar os serviços prestados. Estamos satisfeitos, mas sempre pensando em melhorias e inovações”, considera. Patricia Anversa é funcionária da secretaria do Centro de Ensino Médio Integrado e participa como líder do Geps Transparência e Eficiência. “Parece um trabalho simples, mas não é fácil conseguir reunir o grupo e promover encontros produtivos. Esses desafios me fizeram desenvolver habilidades além daquelas exigidas no expediente normal”, comenta.

Projeto envolve dinâmicas que permitem desenvolver diferentes competências dos colaboradores

8


Lissi fez especialização em Metodologia de Ensino, Literatura e Cultura Alemã no país

INTERNACIONAL Estudar em Tübingen, viver na Alemanha

V

ivenciar a Alemanha, pesquisar, estudar e mergulhar em seus inúmeros aspectos naturais e culturais é uma experiência inigualável. Para brasileiros em geral, e gaúchos em particular, essa possibilidade vem sendo facilitada em diferentes frentes. Seja pela proximidade com a língua que é um dos idiomas regionais do RS, seja por acordos que objetivam facilitar o intercâmbio entre o Estado de Baden-Württemberg e o Estado do Rio Grande do Sul, ou entre os dois países. De acordo com dados do Deutsche Akademische Austauschdienst (DAAD), em 2010, o número de bolsas para doutorado, em parceria com Capes e CNPq, foi recorde. Além disso, vale alertar nossos jovens para a importância do aprendizado do idioma alemão, para mais tarde, quando estiverem na universidade, poderem acessar uma das 120 bolsas anuais para jovens universitários brasileiros e participar do Winterkurs, um intensivo de Língua e Cultura Alemã em uma universidade alemã com bolsa do DAAD. Outra chance preciosa para nossos estudantes advirá do novo programa Ciência sem Fronteiras, do governo brasileiro. Esse programa vai dar um enorme salto quantitativo no número de bolsas para o exterior. Até 2014 o governo pretende conceder 75 mil bolsas, das quais 10 mil devem ser destinadas a estudos e pesquisas na Alemanha, e grande parte delas estará voltada para a graduação e para o doutorado sanduíche. Entre o Estado sulino alemão e o Rio Grande do Sul existe um acordo selado em 2002 por seus respectivos governos. Em Tübingen o acordo gerou a criação do Centro-Brasil do Estado de Baden-Württemberg, da universidade Eberhard-Karls, que ostenta uma tradição universitária cultivada desde 1477. O Brasilien-Zentrum oferece apoio logístico a pesquisadores alemães e brasileiros para a promoção das ciências entre os dois estados. Baden-Württemberg sedia algumas universidades seculares como a Universidade Albert-Ludwig de Freiburg, onde realizei minha especialização em Metodologia de Ensino,

Literatura e Cultura Alemã e a de Tübingen. Pelo lado alemão, o Centro-Brasil organiza atividades de intercâmbio científico especialmente voltadas para o ensino superior e atua como consultor das universidades. Em BadenWürttemberg, estão disponíveis bolsas para participantes brasileiros, especialmente para doutorandos e pós-docs. Além disso, o Centro é um ponto de referência para profissionais, pesquisadores que buscam qualificar sua atividade. Entre as muitas possibilidades existentes no mundo estão sendo construídas interessantes alternativas que podem ser acessadas pelos educadores de nosso Estado para se aprimorarem e qualificarem ainda mais sua inserção social na construção dos sujeitos de amanhã. Além disso, estudar na Alemanha significa estar inserido numa realidade diversa da brasileira, com outros modos de construir e significar a vida. Vivenciar o mundo universitário alemão é também entrar em contato com diferentes formas de pavimentar caminhos de acesso ao saber com autonomia e responsabilidade do próprio sujeito na construção do seu conhecimento. Viver e estudar na Alemanha, em Tübingen, é mais do que vivenciar a terra de poetas e pensadores, é mergulhar num país que constrói desenvolvimento alicerçando-o na valorização e união de tradição com inovação; é viver num país em que se investe pesado na geração de novo conhecimento, mas este não substitui nem destrói o que as gerações antecessoras produziram e construíram; é conhecer um mundo em que o passado e o presente se unem para gerar desenvolvimento social, cultural e econômico sustentável para o amanhã. Lissi Bender

Professora da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e doutoranda em Antropologia Cultural na Eberhard-Karls Universität lissi@unisc.br

9


ENTREVISTA

O professor deve provocar aprendizagens Por Carine Fernandes

M

uitos são os temas que estão em debate atualmente no cenário educacional: resultado das provas do Enem, mudanças propostas pelo governo que alteram a estrutura curricular das escolas, inclusão das novas tecnologias em sala de aula. Não importa o assunto, a discussão sobre a aprendizagem está sempre em pauta. Da sala de aula, onde todo o processo acontece, à mesa dos dirigentes que comandam a educação no país, o desejo é um só: que os alunos brasileiros aprendam! Mas essa aprendizagem não depende só das competências e habilidades do estudante – a forma de ensinar é tão importante quanto a capacidade de quem está aprendendo. Essa é a opinião da especialista em Psicodrama Pedagógico e Psicopedagogia Isabel Parolin. Para ela, muitos estudantes não aprendem por ter dificuldade com o método de ensino do professor. Nesta entrevista a Educação em Revista, ela, que também é mestre em Psicologia da Educação e autora de 20 livros, em sua maioria sobre aprendizagem, fala sobre o tema, além de outros também importantes como reprovação, TDAH e a relação entre escola e família. Confira os principais trechos da conversa: Educação em Revista - Quais as maiores causas para a dificuldade de aprendizagem das crianças, hoje? Isabel Parolin - A maioria dos casos que recebemos no consultório, e mesmo para supervisão, são de dificuldades com a aprendizagem. O que quero dizer com isso? Que as crianças e jovens que são ditos com dificuldades escolares, na verdade estão em desacordo com a forma de o professor ensinar, é dificuldade ‘com o ensino’, e não ‘de aprendizagem’. As crianças que têm uma forma de aprender que é diferente da forma de ensinar do professor sofrem com isso e, muitas vezes, não conseguem aprender. Cada um de nós tem um estilo próprio para aprender, e o professor, por ter também seu estilo, tem a tendência de ensinar da mesma forma que ele elege como a melhor para aprender – o seu estilo. Por outro lado, percebe-se que muitos alunos não têm a oportunidade de percorrer todos os caminhos que levam à aprendizagem: a imersão no conteúdo proposto, a possibilidade de acionar a sua imaginação, a dinamização de suas inteligências, o uso qualitativo da intuição (Gui Claxton - A arte de aprender ao longo da vida, da Artmed, leia mais na página 49). Sem essas oportunidades, perde-se a possibilidade de verdadeiramente ensinar e acaba-se gerando um grupo denominado ‘com dificuldades para aprender’.

10

Educação em Revista – E como resolver os problemas da aprendizagem? Isabel Parolin - Com formação adequada. Formação com conteúdos e práticas que realmente auxiliem o professor a entender e a conhecer o seu campo de trabalho, que é provocar aprendizagens. Pedro Demo diz uma coisa de que eu gosto muito: “Professor não é aquele que dá aulas, mas o que sabe fazer o aluno aprender”. Sinto o professor muito sozinho em sala de aula, cheio de responsabilidades e sem o apoio de que ele precisaria para dar o passo de qualidade fundamental. O professor precisa de um ‘espaço’, que é material, mas também psicológico, para reconstruir suas práticas e sua forma de pensar a sala de aula e o ato de ensinar. Para que isso aconteça, conhecer e refletir sobre sua prática educativa é de muita ajuda. Educação em Revista - Por que, muitas vezes, encontrar o verdadeiro problema de aprendizagem do aluno torna-se um obstáculo para o professor? Isabel Parolin - Por que é complexo entender o ser humano e, igualmente complexo, promover aprendizagens. Uma pessoa aprende em relação com o outro, mediada pela metodologia de abordagem que seu educador escolheu para aquela aprendizagem. Isso envolve duas pessoas relacionando-se, envolvidas em um ambiente educativo, e motivadas pelo clima emocional desse mesmo contexto, além da natureza do conteúdo que se quer ensinar. Paulo Freire afirmava que ninguém ensina ninguém, mas ninguém aprende sozinho. No jogo relacional da aprendizagem, tem o aluno e todo o seu universo biopsicossocial e tem o professor, igualmente, com o seu contexto particular, que em sala de aula encontram-se para compor o grupo educativo. Trabalhar como mediador de aprendizagens é tarefa de um profissional qualificado – o professor, não é para amadores.


Educação em Revista - Diagnósticos de hiperatividade e transtorno de atenção estão aparecendo com muita frequência dentro da escola. Os alunos estão realmente mais doentes ou estão sendo relacionados, equivocadamente, os problemas de comportamento e dificuldades com a aprendizagem a essas patologias? Isabel Parolin - Inicialmente é importante salientar que até pouco tempo o diagnóstico e as formas de tratar crianças e jovens que apresentavam sintomas de TDAH eram muito restritos. Pouco conhecimento e muito mito tornavam o tratamento do desatento ou hiperativo muito difícil. No entanto, sabe-se, de várias fontes, que há um engano bastante importante na forma de diagnosticar e encaminhar o tratamento de crianças com TDAH. Confunde-se, com frequência, crianças mal-educadas com hiperativas, crianças sem método ou motivação para aprender com desatentas. Não nego que haja um grupo de crianças que tenha o transtorno, somente alerto que é um número muito menor do que aquele com que temos tido contato nas escolas. Os pais já procuram o neurologista pedindo medicação para seus filhos, como se isso fosse resolver as questões de aprendizagem. Vale lembrar que não existe medicação que ensine. O procedimento de ensinar e provocar aprendizagens deve estar sempre presente, independentemente se a criança é agitada, dispersa, emotiva ou opositora. Educação em Revista - Esta nova orientação do Conselho Nacional de Educação, para a não reprovação nos anos iniciais, exige um maior compromisso com a aprendizagem, uma vez que não há a retenção do aluno, quando o mesmo não aprende. Há quem critique a medida, pois uma aprovação irresponsável é tão ou mais prejudicial que a reprovação. Na sua opinião, deve-se reprovar nos anos iniciais? Em que circunstâncias? Isabel Parolin - Isso daria um livro! (minha mais recente publicação). A questão não é aprovar ou reprovar, mas avaliar para bem ensinar. Temos a avaliação e os instrumentos todos que se constroem a partir dela, como um marco para aprovar ou reprovar um aluno. Se trabalhássemos a avaliação em seu conceito – entender o nível de aprendizagem do aluno para ensinar a partir desse nível – a discussão seria outra. Em vez de discutirmos se somos a favor ou contra reprovar, estaríamos procurando formas de abordar esses alunos exatamente em suas dificuldades, promovendo aprendizagens. Estudar estilos, diferentes metodologias, formas de avaliar as aprendizagens para garantir o ensino são tarefas de um professor comprometido. Se o professor for caminhando com os alunos não haverá aprovação/reprovação, forma de dicotomia que precisa ser superada por outras formas de pensar os encaminhamentos em sala de aula. Muitas escolas já trabalham assim e com muito sucesso. As recuperações têm sido, muito mais, uma forma de solidificar a dicotomia aprovação/reprovação do que mecanismos que geram oportunidade de aprender o que não foi anteriormente aprendido. (Leia mais sobre o assunto nas páginas 18 a 22 desta edição.)

Isabel Parolin - Certamente que lhes faltaram um bom ensino e, principalmente, bons exemplos leitores. Não acho que podemos afirmar que foi nos anos iniciais ou nos subsequentes que não se construiu a base para se formarem os conhecimentos necessários. Podemos ensinar sempre! Mesmo que esse aluno não seja mais, por exemplo, de alfabetização, se ele não desenvolveu as habilidades para ler e escrever ele precisa de um professor que ensine, encaminhe e ilumine com o seu conhecimento. Não se pode pensar em práticas educativas que fecham os olhos para alunos que não sabem ler e escrever! Para mim é impensável essa situação... Educação em Revista - A senhora defende que a escola ofereça cursos para formação de pais. Por quê? Quais conteúdos devem ser abordados nesses cursos? Isabel Parolin - Sim, defendo a formação de pais por constatar que a família precisa repensar sua forma de ser família para continuar sendo família. A tendência dos pais é transferir para a escola as tarefas que são familiares. É preciso refletir sobre os novos papéis da escola diante da família, mas, sobretudo, a família precisa participar desse repensar. Tenho uma coleção destinada a pais (Pais Educadores) e os temas são os relacionados ao desenvolvimento da criança e adolescente e às aprendizagens que são fundamentais para a construção de um cidadão bem instrumentalizado para o viver e conviver de forma harmoniosa nesta sociedade. Família e escola são instituições parceiras na construção desse cidadão, mas uma não faz o papel da outra. O papel dos pais é potencializar a escola, valorizar as aprendizagens conquistadas, incentivar o aluno a vencer suas dificuldades, proporcionar espaço e tempo adequados à reflexão, às tarefas e aos estudos, ou seja, dar o suporte para que o aluno trabalhe e entenda que construímos o nosso saber.

Educação em Revista - Por que muitos alunos chegam ao final do Ensino Fundamental ou ao Ensino Médio com dificuldades de interpretação textual e escrita? Onde está o problema? Foram os anos iniciais do Ensino Fundamental que não trouxeram uma base sólida para formar os conhecimentos necessários?

11


GESTÃO

Marketing em tempo de redes sociais POR Karine Ruy

É

12

bem provável que navegar pelo Twitter logo se torne um pré-requisito de inclusão na sociedade contemporânea, marcada pela revolução nas tecnologias da comunicação. Pela velocidade com que as redes sociais se fortalecem e multiplicam adeptos na internet, tudo indica que ter uma conta no Facebook será tão comum quanto usar o celular. A lógica vale para os internautas, mas não fica por aí. Instituições preocupadas com a visibilidade de suas marcas e relacionamento com o público-alvo precisam saber tirar proveito dessas ferramentas de comunicação. Para quem ainda torce o nariz e desconhece as novas utilidades de palavras como ‘curtir’ e ‘compartilhar’, vale a pena ficar atento aos números do setor. Segundo relatório divulgado no ano passado pela comScore – empresa especializada em inteligência do mercado digital –, o Brasil é o quinto país que mais acessa redes sociais, com 35,2 milhões de visitantes. As primeiras posições do ranking são ocupadas por Estados Unidos (174 milhões de usuários), seguido da China (97 milhões), Alemanha (37 milhões) e Rússia (35,3 milhões). Já na pesquisa realizada também em 2010 pela fabricante de softwares McAfee, o Brasil aparece na liderança. A investigação, nesse caso, procurou mapear a utilização das redes sociais pelo setor empresarial em 17 países. O resultado é instigante: no Brasil, Espanha e Índia, mais de 90% das empresas pesquisadas estão presentes em algum tipo de rede social. O diagnóstico do setor serve para dimensionar o potencial que Twitter, Facebook, Orkut e outras redes apresentam no panorama da comunicação nesta primeira década de século 21. Mas, no caso das instituições de educação, um outro tipo de contextualização deve ser levada em consideração no momento de avaliar esse modelo de marketing digital. Afinal, é nas escolas e universidades que estão os principais entusiastas da internet e todas as suas novidades, os membros da geração Y e Z – nascidos entre 1977 e 2000. Para essa turma, as ferramentas disponibilizadas pela internet representam, muitas vezes, a principal fonte de informação. Tanto que veículos de comunicação tradicionais vêm apostando na extensão de conteúdos para as redes sociais na tentativa de conquistar o interesse do público jovem. As “twitadas” de William Bonner são um exemplo. Ao levar para a internet seu lado mais descontraído e por vezes engraçado, o apresentador do Jornal Nacional, sob a alcunha de “realwbonner”, começou a flertar com uma audiência diferente do programa. Atualmente, ele já soma quase 2 milhões de seguidores. Estabelecimentos de ensino gaúchos já perceberam o impacto do

que o professor e pesquisador Genaro Galli define como “um caminho sem volta”. Em um estudo realizado em parceria com a professora Adriana Galli Velho e apresentado durante o Seminário Internacional de Educação, na Unisinos, o Diretor da Pós-Graduação e Extensão da ESPM destacou a valorização das redes sociais pelas políticas de comunicação das instituições de ensino. “Estão dentro do escopo das escolas várias ações voltadas para o marketing digital”, afirma Galli. A popularização pode ser explicada pela facilidade de acesso. Afinal, basta dispor de alguns minutos para criar uma conta e entrar no mundo das redes sociais. E, principalmente, sem mexer no orçamento. Talvez resida justamente aí o ponto que vai definir o sucesso ou fracasso de uma marca na internet. O fato de Twitter, Facebook, Orkut e afins disponibilizarem gratuitamente seus serviços não dispensa investimentos. “Tem que ter estrutura. É fácil para entrar e difícil para sair”, alerta Galli. A estrutura, no caso, significa principalmente que a instituição tenha condições de gerar conteúdos relevantes para os públicos de interesse. “A rede social não pode ser cemitério digital. Tem que alimentar e atualizar”, lembra o especialista. Assim como em outras estratégias de marketing, a inserção da marca no ambiente virtual precisa ser bem planejada. A recomendação da coordenadora de Social Media Marketing da agência Cadastra, Bianca Furtado, é responder a duas perguntas antes de partir para uma rede social: o que e quem a marca quer atingir no ambiente virtual? São as respostas a essas questões que irão definir os modelos de conteúdo a serem trabalhados em plataformas online. A dica de Bianca às instituições de ensino é incorporar às ações de marketing digital o mundo cotidiano do público. “A divulgação de vagas de estágio e trabalho nas redes é um ponto interessante, que leva o aluno a querer acompanhar, já que ele tem interesse nesse tipo de informação. Se o aluno já trabalha, uma boa opção é oferecer dicas de como se comportar em um ambiente corporativo ou como se especializar na área em que atua”, exemplifica Bianca. Ninguém duvida de que a democracia da comunicação virtual facilita o contato com o público. Contudo, a mesma facilidade com que é possível articular ações de marketing via redes sociais serve também


para a propaganda negativa. Na internet, o poder do boca a boca ganha proporções difíceis de serem dimensionadas. Imagine a seguinte situação: Maria tem 250 amigos no Facebook. Descontente com o serviço prestado em uma loja, ela compartilha seu desabafo na rede. Se cinco amigos resolverem apoiar o protesto de Maria, escrevendo algum comentário no seu mural ou simplesmente “curtindo” a publicação, é de se esperar que no mínimo outras 500 pessoas tenham acesso à crítica da consumidora. No mínimo. Uma pesquisa realizada pela Cadsoft, empresa especializada em soluções em gestão para instituições de ensino, buscou justamente entender o tipo de comentários associado às marcas do segmento educacional na internet. Divulgado em maio, o estudo intitulado “A Reputação das Instituições de Ensino Superior Privadas nas Mídias Sociais Sob a Perspectiva da Geração Y” monitorou de forma aleatória 79 instituições no Facebook, Twitter, Orkut, Reclame Aqui, Portais de Notícias e Blogs. Preço, Infraestrutura, Corpo Docente e Qualidade de Ensino foram alguns dos indicadores empregados para classificar as publicações entre positivas, negativas e neutras. Seguindo esses critérios, 48% das informações foram descartadas, 45% foram classificadas como neutras, 3,4% como positivas e 3% como negativas. A pesquisa também descobriu que as instituições do Sul aparecem em terceiro lugar na lista das regiões mais citadas, com 4,9%. As universidades e faculdades do Sudeste estão no topo do ranking, sendo responsáveis por 77,4% das citações, seguidas pelas instituições do Nordeste, com 11,4% do total. Não é possível controlar as opiniões que circularão nas redes sociais, mas uma estratégia pode fazer toda diferença na preservação da imagem de uma marca: monitoramento. Observando com atenção as discussões de temas de interesse nas principais redes sociais, os comentários publicados e os contextos nos quais as marcas são citadas, fica mais fácil evitar que informações enganosas ou situações mal resolvidas abalem a confiança nas instituições. E lembrando que, nas redes sociais, também vale – e muito – a regra de nunca deixar o consumidor sem resposta. “A presença

das marcas nas redes sociais pode potencializar elogios e críticas, por isso o monitoramento se torna tão importante para a empresa. Quanto mais rápida e eficaz a resposta, principalmente diante de uma crítica, melhor. O ideal é que a resposta seja clara e pela rede onde foi feita a crítica, salvo em casos em que dados pessoais precisam ser informados”, alerta Bianca. Em meio à popularização do uso das variadas plataformas de comunicação disponibilizadas na internet, é a qualidade investida na relação com o público que vai definir o sucesso de uma marca nas redes sociais. Bem-planejadas, as ações de marketing digital mostramse uma boa aposta para estabelecimentos de ensino cativarem amigos e seguidores. E não só no mundo virtual.

Quer saber mais sobre o assunto? Confira no portal do SINEPE/RS entrevista com Miguel Ângelo Henzo, professor do curso de Marketing da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP.

O Brasil é o quinto país que mais acessa redes sociais

13


Scool Picture

Instituição passou de 320 alunos em 2004 para 914 em 2011

Colégio Murialdo: uma gestão de mudança O Colégio Murialdo de Caxias do Sul sempre foi uma instituição tradicional na cidade. Foi fundado em 1947, com o objetivo de ser um espaço de acolhida para crianças carentes, e anos mais tarde, em 1956, iniciou suas atividades com o ensino particular. Ao longo desse tempo, o projeto educativo e a prática pedagógica sempre foram reconhecidos, com resultados qualitativos. Porém, no ano de 2003 a instituição percebeu que era o momento de rever suas práticas de gestão e planejar mudanças, pois registrava uma queda significativa no número de alunos: de 650 alunos em 1998, reduziu para 320 em 2003. Fechar o colégio ou evoluir? Foi esse o grande desafio que motivou a nova direção a buscar no planejamento estratégico a sua ferramenta de gestão. Assim, em 2004, com a assessoria do SINEPE/RS, iniciou-se o processo de elaboração do primeiro ciclo do planejamento estratégico. Participaram do processo, direção, representantes dos professores, funcionários, alunos, pais, ex-alunos e membros da comunidade. Deu-se início à chamada ‘gestão dos sonhos’. Como toda mudança gera certo desconforto, no Murialdo não foi diferente. Encontraram-se resistências por parte de algumas pessoas, mas a determinação da direção foi imprescindível nesse processo. Foram muitos encontros de reflexão, análise de dados de pesquisas internas e externas e elaboração dos planos de ação. Iniciou-se um caminho sem volta, rumo à evolução, ao crescimento e à melhoria contínua. Com as metas definidas, foi mais fácil encontrar ferramentas e mobilizar o grupo, que passou a ser uma equipe unida. As principais ações do primeiro ciclo do planejamento estratégico, que ocorreu de 2004 a 2009, estiveram centradas em dois focos: o primeiro deles foi a proposta pedagógica que se aliou à metodologia de ensino. O segundo centrava-se na reforma predial, com um novo conceito arquitetônico. Foram feitas mudança na portaria central, que recebeu ampla recepção, reforma de todo setor

14

administrativo, construção de novos banheiros, novas salas de aula, novos auditórios, praça de alimentação, pintura da fachada principal, novo calçamento e reestruturação dos acessos ao pátio. Em todos os espaços, buscou-se a valorização da luz natural. Também foram adquiridos novos aparelhos multimídia, e foi feito um trabalho para o fortalecimento da marca e da imagem da instituição, por meio de ações de marketing e padronização no atendimento. No segundo ciclo do planejamento estratégico, que vai até 2012, foi construída uma área coberta com 728 m² e a nova biblioteca com 400 m², que mensalmente recebe cerca de cem livros novos. Nesse mesmo período foi criada a área de Recursos Humanos, que tem auxiliado na implantação

Investimento em tecnologia, aliado a mudanças pedagógicas contribuiu para o crescimento da instituição


ARTIGO

Colégio continuará trabalhando para garantir educação de qualidade com responsabilidade social

Bernardete Chiesa

O gestor educacional e a responsabilidade social corporativa

da política de Gestão de Pessoas, com o foco na captação, integração, desenvolvimento e retenção de talentos. Um dos principais resultados está expresso no crescimento contínuo do número de alunos matriculados: de 320 alunos, em 2004, passou para 400 no ano seguinte, e em 2006 alcançou 502. Atualmente, 914 alunos estão na instituição. A nova gestão também apresentou resultados na área social: pela quarta vez consecutiva, a instituição recebeu o Selo ‘Escola Solidária’ do Instituto ‘Faça Parte’, bem como o Certificado de Responsabilidade Social da Assembleia Legislativa. As mudanças foram percebidas também por quem já passou pela instituição. “Se pudesse descrever em uma palavra minha passagem pelo Murialdo, desde a Educação Infantil ao Ensino Médio, esta seria ‘desenvolvimento’. O colégio realmente evolui e para melhor. Professores mestres, infraestrutura completa e a ‘bem unida família’ são a marca registrada do Colégio Murialdo”, afirma o ex-aluno e estudante de Arquitetura, Cássio S. de Freitas. Após sete anos de planejamento estratégico, percebese que muitas etapas precisam ainda ser vencidas para obter resultados positivos no mercado competitivo, onde a qualidade não é mais diferencial, e sim obrigação. Para os próximos anos, o Murialdo continuará o trabalho para ser a cada dia uma escola de referência que prioriza a formação integral do ser humano e promove a educação de qualidade com responsabilidade social.

Ser socialmente responsável hoje em dia é mais do que um modismo, é uma obrigação. As organizações estão preocupadas em desenvolver projetos de sustentabilidade, pois além de passar para o mercado uma ideia de marca responsável e fortificar sua imagem, todo o universo stakeholder clama por isso. Segundo Peter Drucker, justamente essa necessidade de a empresa ser bem-sucedida no mercado é que a faz atuar cada vez de modo mais responsável, visando diminuir os problemas sociais. Neste ponto vale reforçar que sustentabilidade vai além das boas práticas com o meio ambiente, o conceito é mais amplo e projeta as organizações para novas formas de fazer negócio, respeitando valores como ética, transparência, feedback, tomada de decisões, entre outros. E como ficam as instituições de ensino nesse contexto? As instituições de ensino devem ser as primeiras a “levantar a bandeira” da responsabilidade social corporativa, pelo seu caráter educacional. Precisam apresentar seus projetos, ações e aplicações. Se o Mcdonald’s vai a público e comprova uma redução de 30% em sua produção de resíduos sólidos, alterando o material usado para envolver seus produtos, as instituições de ensino devem alardear suas práticas responsáveis. O impacto social que causa na comunidade educativa é muito expressivo, sobretudo porque todos se envolvem e querem ver os resultados obtidos. Como o gestor educacional pode, enquanto líder, fomentar essas ações? Desde dezembro de 2010 temos a nosso favor a norma ISO 26000 (não é certificável), que pode servir de diretriz para a condução e aplicação de algumas práticas de responsabilidade social. A norma contempla sete temas: 1. direitos humanos, 2. práticas de trabalho, 3. meio ambiente, 4. governança organizacional, 5. práticas leais de operação, 6. relacionamento com consumidores, 7. envolvimento comunitário e desenvolvimento. O gestor pode desenvolvê-los na instituição, promovendo a melhoria de desempenhos e enfatizando resultados. A mobilização de toda a comunidade educativa, encabeçada pelo gestor, projeta-se desde o consumo correto de energia, educando colaboradores e alunos a desligar condicionadores de ar e luzes ao deixar uma sala, passando pela economia de impressão, até projetos maiores que envolvam a qualidade de vida dos colaboradores, escolha de fornecedores, valorização da diversidade e engajamento dos alunos nos projetos sociais e ambientais. A educação constante sobre o tema, a motivação e o estímulo à inovação fazem parte do desafio permanente que o líder educacional enfrenta no seu cotidiano, mas também é um trabalho estimulante e de resultados expressivos, que se bem conduzido gera um impacto agregador aos participantes. O importante é ter em mente e passar essa informação adiante: A sustentabilidade é uma tendência irreversível! Adriana Galli Velho

Economista, especialista em Marketing e Gestão Estratégica, professora de Economia, Gestão e Recursos Humanos na FAE – Sévigné, professora dos Cursos de Férias da ESPM. Responsável pelo RH do Colégio La Salle Dores. Consultora e palestrante. Proprietária da Armazém de Projetos Consultoria.

15


Lançamento do projeto contou com palestra sobre Personal Branding

PROJETO

Alunos do Colégio Israelita aprendem a planejar e gerenciar a sua vida

A formação escolar pode ir além do desenvolvimento de competências acadêmicas. A escola também é capaz de auxiliar o aluno a buscar o autoconhecimento e apoiá-lo no planejamento e gerenciamento da sua vida. Com essa perspectiva, o Colégio Israelita Brasileiro, de Porto Alegre, desenvolveu o projeto Curriculum Vitae. A iniciativa visa incentivar crianças e jovens a desenvolver com autonomia sua vida acadêmica e seus relacionamentos interpessoais. O projeto foi lançado em agosto com uma aula inaugural proferida pelo publicitário Arthur Bender sobre Personal Branding, no Sheraton Hotel, e já está sendo aplicado com alunos de 7ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e 1ª série do Ensino Médio. A proposta é que em 2012 se estenda para todo o Ensino Fundamental II e Ensino Médio. O Curriculum Vitae é dividido em cinco fases; três delas compreendem encontros individuais com os professores-tutores, onde o aluno é incentivado a buscar o autoconhecimento. A coordenadora educacional do Ensino Médio e gerente do projeto, Carolina Chem, salienta que os professores-tutores recebem capacitação específica para administrar os encontros. “Foi realizada uma contextualização metodológica que inclui noções de planejamento estratégico, gestão de desempenho e de resultados, e o conceito de coaching e suas fases”, esclarece. Além disso, os professores receberam treinamento para a aplicação da ferramenta que foi desenvolvida especialmente para o processo de tutoria. “Esta ferramenta contém questões de autoconhecimento, definição de metas para o desempenho acadêmico, questões para autoavaliação dos alunos nas competências de convivências e em características pessoais e elaboração de plano de ações para desenvolvimento”, complementa. As outras duas fases do projeto acontecem no intervalo dos encontros individuais. Nelas, o aluno faz a implementação e aperfeiçoamento de um plano de desenvolvimento pessoal. Para isto, deve escolher três das competências apresentadas na autoavaliação, para desenvolvê-las melhor, e define ações práticas para serem realizadas na fase seguinte. Além disso, são definidas estratégias para alcançar as metas de desempenho escolar que ficaram abaixo das expectativas do próprio estudante. Na avaliação da consultora na área de Desenvolvimento Humano e Estratégia e responsável pelo treinamento dos professores, Fernanda Zen Rutzen, a dinâmica do projeto alinha técnicas pedagógicas a

16

práticas utilizadas em processos de coaching profissional. “Assim, disponibilizamos aos alunos as melhores condições para que eles possam realizar o processo de autoanálise e explorar suas habilidades”, ressalta. Com a iniciativa, o Colégio Israelita mostra preocupação e cuidado não somente com a formação acadêmica dos estudantes, mas também seu desenvolvimento pessoal, contribuindo para que façam mais seguras e assertivas quando chegarem à vida adulta.

Saiba mais:

O Curriculum Vitae é um desdobramento do Currículo Socioafetivo, que compreende a um conjunto de objetivos, competências e conteúdos relativos às áreas de desenvolvimento social e afetivo dos alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio. Está alicerçado em quatro grandes pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. A instituição entende que a convivência (aprender a viver juntos) e a identidade (aprender a ser) formem dois grandes blocos temáticos, nos quais estão incluídas as competências, habilidades e aspectos a serem contemplados. O Projeto começa na Educação Infantil, através do estabelecimento de vínculos afetivos e de trocas das crianças entre si e com os adultos, visando o fortalecimento da autoestima, ampliando gradativamente as possibilidades de autoconhecimento, comunicação, interação social, construção de regras de convivência, formação de atitudes, valores e conhecimento de mundo e se estende com objetivos específicos até o final do Ensino Médio.



CAPA

O x da aprovação nos anos iniciais Por Karine Ruy

L

etras tortas escritas a lápis têm ares de troféu para crianças que dão os primeiros passos na vida escolar. Mas desenhar as vogais, emendar umas a outras e compreender o significado das palavras que vão se formando são conquistas que não chegam à mesma hora para todas elas. Essa assimetria natural do aprendizado infantil destaca-se hoje como um dos principais temas da educação, que enfrenta o desafio de compreender os prós e contras do sistema de reprovação. Em 2010, 2,6% dos alunos do primeiro ano e 9,2% do segundo ano do Ensino Fundamental foram reprovados no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Meninos e meninas com idade média de 6 anos que iniciavam a vida escolar e não deram conta da primeira missão: ter sucesso no processo de aprendizagem. O impacto desse número levou o Conselho Nacional de Educação a recomendar oficialmente o fim da reprovação durante os três primeiros anos escolares e a plena alfabetização das crianças até os 8 anos. “É um escândalo. Essas crianças não podem ser responsabilizadas por processos inadequados das escolas e das redes de ensino”, defende o conselheiro César Callegari, relator do processo. O objetivo da resolução é que as séries iniciais sejam encaradas como um bloco único de aprendizagem e de

18

compromisso com a alfabetização. A recomendação retoma o debate sobre as metodologias adotadas pelo sistema educacional brasileiro. O que está em pauta vai muito além do fim da reprovação, envolvendo discussões mais aprofundadas sobre as práticas pedagógicas empregadas nos processos de ensino-aprendizagem. Na avaliação da professora Beatriz Vargas Dorneles, doutora em Psicologia Escolar, ciclos de aprendizagem rígidos, divididos em séries, não conseguem contemplar a diversidade que compõe uma sala de aula. “Existe uma heterogeneidade muito grande no ritmo de aprendizagem das crianças. Algumas crianças de 6 e 7 anos já estão engajadas no processo de alfabetização. Outras da mesma idade não têm a mesma motivação e curiosidade, por falta de interação com o material escrito”, explica Beatriz. A posição da professora se deve, em grande parte, às consequências que a reprovação pode ter na vida de uma criança. Um “efeito perverso”, segundo a especialista, mas que é muito difícil de ser medido. “A criança que é reprovada acaba vivendo um processo de fracasso muito precoce. Muito cedo ela já começa a se sentir incapaz de dar conta das exigências”, pontua. É preciso levar em consideração que o aprendizado não se restringe somente à sala de aula. Quando uma criança chega à escola, carrega consigo referências que também irão influenciar o ritmo da sua


alfabetização. Para muitos alunos, o contato com o alfabeto antecede o ingresso no meio escolar. Basta circular por uma loja de brinquedos infantis para ver que não faltam opções lúdicas do universo da leitura para diversas idades. Até pequenos livros emborrachados podem virar brincadeira para um bebê durante o banho. Esse modelo de contato com as letras não é uma forma de aprendizado direto, mas pode influenciar o interesse da criança durante a alfabetização. “A criança precisa acreditar que o conhecimento é um valor a ser adquirido”, afirma a professora Sandra Bozza, de Curitiba. Especializada em linguística, ela acredita que as novas possibilidades de interação com o mundo, permitidas pela alfabetização, precisam ser apresentadas de forma estimulante aos alunos. “A primeira questão que o professor tem que mostrar para a criança é a importância da escrita”, defende. Pensar a escrita com os alunos, estimular a reflexão sobre os conteúdos apresentados, apoiar desde cedo o hábito da leitura e levar para a sala de aula assuntos de interesse das crianças são algumas táticas apontadas por Sandra para valorizar as conquistas da alfabetização. Quando o estímulo se une à criatividade, a aprendizagem tem tudo para se tornar um sucesso. A pedagoga Walkiria Gattermayr Ribeiro há 35 anos coloca em prática essa equação no Colégio Vértice, localizado em São Paulo. Uma das bases do método de alfabetização desenvolvido por ela é a identificação das principais ‘pegadinhas’ da língua portuguesa. “Eu procurei todas as encrencas da língua portuguesa e todas as complicações que os alunos têm ao serem alfabetizados”, conta Walkiria. Na escola que há dois anos lidera o ranking estadual do Enem – e terceira na colocação nacional em 2010, com 743,75 pontos na avaliação –, a alfabetização começa cedo, e de maneira lúdica. “Dizer que o ‘b’ mais o ‘a’ da ‘bá’ é muito abstrato para a criança. Ela vai aprender só pela repetição”, explica a pedagoga. Para que o aprendizado seja resultado de entendimento, Walkiria criou a Cidade das Letras. A incursão de descobertas começa pelas vogais. Cada uma tem um som e uma história sobre a sua personalidade. O ‘i’, por exemplo, é bem saidinho. Já o ‘e’, que muitas vezes não se denuncia no final da pronúncia, é da turma dos tímidos. “Esses recursos fazem com que a criança perceba que precisa prestar atenção no final da palavra”, justifica a pedagoga. E como explicar a aplicação do til? Segundo Walkiria, muito simples: “O ‘a’ resfriado precisa usar um lencinho”. O método do Colégio Vértice também abrange uma preparação especial para a escrita. As crianças exercitam a visão e a coordenação motora e aprendem a escrever com a letra cursiva – dividida em pedaços no início. Já as diversas funções da pontuação são explicadas a partir de leituras interpretativas feitas a partir do 1º ano com apoio de

A criança precisa acreditar que o conhecimento é um valor a ser adquirido Sandra Bozza

uma professora de teatro. “No final do ano a maioria está no mesmo ritmo”, comemora a pedagoga. Assim como acontece com a alfabetização, o ensino da matemática também requer um olhar interdisciplinar e a utilização de recursos lúdicos. Para que a introdução ao universo das relações numéricas seja bem-sucedida é preciso levar para a sala de aula os conhecimentos próprios do universo infantil. “A matemática faz parte das práticas sociais com as quais a criança interage, estão presentes no cotidiano delas. A escola tem que valorizá-las e organizá-las de forma contextualizada”, observa a coordenadora do curso de Pedagogia do UniRitter, Ana Cristina Souza Rangel. Autora de pesquisas sobre o ensino da matemática, ela defende a proposta da ampliação do campo numérico e da forma como os conceitos matemáticos são ensinados no início da vida escolar. “A escola força muito uma relação do número com a quantidade. É necessário trabalhar a apropriação numérica de forma mais apropriada à realidade da criança”, afirma. A alfabetização e o desenvolvimento da lógica matemática são complementares e devem ser englobados de forma conjunta nas séries iniciais. “As relações de ordem precisam ser exaustivamente trabalhadas na matemática e na alfabetização também. O trabalho não pode ser separado”, destaca. Um exemplo dessa contribuição mútua se dá quando a criança aprende a quantificar as sílabas orais, o que é imprescindível para o processo de alfabetização. Ao mesmo tempo, o professor precisa do auxílio da matemática no desafio de diferenciar significante de significado. Como exemplifica a professora Ana Cristina, a criança precisa entender que, no campo da linguagem, a frágil e minúscula formiguinha é “maior” que o robusto boi. “A matemática tem que estar mais a serviço da alfabetização” reforça a especialista.

Método de alfabetização desenvolvido no Colégio Vértice identifica as principais ‘pegadinhas’ da língua portuguesa

19


É preciso observar a modalidade de aprendizagem de cada criança

Um novo olhar sobre a prática docente No Rio Grande do Sul, o Conselho Estadual de Educação estabeleceu que cada instituição de ensino decida sobre a aplicação, ou não, da recomendação adotada pelo Ministério da Educação, a respeito da não reprovação. Para o presidente do SINEPE/RS, Osvino Toillier, é fundamental respeitar essa liberdade de decisão. “Ninguém melhor do que a escola para decidir sobre isso. Todos desejam o sucesso do aluno, tudo deve ser feito pela aprovação, mas não sem condições de ter continuidade. Estamos todos comprometidos com ‘aprendizes de sucesso’, e a escola, no dizer dos americanos, não está aí para ‘dar bomba nos seus alunos’”, afirma. A posição do Conselho Nacional de Educação, entretanto, gera algumas preocupações entre os especialistas. Casos como o do Colégio Vértice ilustram todo o potencial criativo da educação, mas estão atrelados a investimentos e inovações pedagógicas. É preciso levar em consideração que um novo olhar sobre a alfabetização e a aprendizagem requer, inevitavelmente, atenção à formação do professor. “A formação docente é um grande desafio, e creio que devamos rever tudo. O professor não pode entender sua missão como cumprida apenas com aula dada. Ela somente terá sido cumprida quando o aluno aprendeu e provou isso nas provas”, acredita Osvino. Professor emérito da Universidade de Brasília e autor de mais de 30 livros sobre educação, Pedro Demo faz críticas à posição levantada pelo MEC. Como outros especialistas, ele concorda que a reprovação não deva existir no início do Ensino Fundamental. Entretanto, Demo defende que a alfabetização seja concluída em todas as escolas já no primeiro ano. “É o que todos os países do mundo fazem”, alerta. E o caminho para tornar mais eficiente o modelo de alfabetização no Brasil é “um milagre” que, segundo o sociólogo, depende da figura do professor. “Precisamos cuidar do professor e investir na sua formação. Precisamos de bons professores com bons salários”, diz, mostrando sua preocupação com a aplicação da recomendação nas escolas públicas brasileiras. Metodologias plurais no ensino e na avaliação

A reprovação não deveria ser um componente natural da educação, mas a aprovação não pode ser gratuita Osvino Toillier

20

Os resultados do ensino podem variar de acordo com a proposta de aula de cada professor. Afinal, é comum que uma criança se adapte mais à metodologia de um do que à de outro – uma realidade que permanece válida em todo o processo de formação acadêmica. Por isso, o desenvolvimento e aplicação de abordagens de ensino múltiplas no contexto pedagógico também são defendidos pelos especialistas. “Uma questão importante a ser observada é que o


Deve-se investir em processos de avaliação gradativos e periódicos durante as séries iniciais

professor ‘migre’ para um conteúdo novo somente após todos da sala terem aprendido o que estava sendo trabalhado. É preciso observar a modalidade de aprendizagem de cada criança, no sentido de poder realmente monitorar e conhecer o funcionamento de sua aprendizagem, justamente porque somos seres únicos e singulares e, portanto, aprendemos de formas diferentes e em momentos distintos. Por tal motivo é preciso termos metodologias diferenciadas para dar conta deste universo da diversidade, da relevância de o professor conhecer as fases do desenvolvimento da criança para também adequar à práxis pedagógica”, pondera a pedagoga Janice Vidal Bertoldo, especialista em Psicopedagogia e mestre em Educação Brasileira pela UFSM. Outro ponto levantado com a recomendação do MEC, um dos mais polêmicos, diz respeito à avaliação dos alunos e à garantia do aprendizado nas séries iniciais. Como escapar ao regime de progressão e não transformar a alfabetização em um problema a ser resolvido adiante? Uma das preocupações do presidente do SINEPE/ RS é que a aprovação não ocorra de forma automática. “A reprovação não deveria ser um componente natural da educação, mas a aprovação não pode ser gratuita. Tudo deve ser feito pelo sucesso do aluno, que é também da responsabilidade discente e familiar. O aluno deve receber

Três perguntas para a pedagoga Janice Vidal Bertoldo: Qual deve ser o principal objetivo da educação nas séries iniciais? O aluno dos anos iniciais encontra-se em processo de alfabetização, e a nova compreensão sobre esse conceito visa aproximar os acontecimentos da sua vida com as áreas de conhecimentos, expressão, os valores. Esse é o transcender, é a leitura de mundo. Significa que é necessário estabelecer diálogos entre os conhecimentos, as linguagens e a afetividade, pois esses são elementos constituintes dos atos de ensinar e aprender. Acredito que assim atenderemos ao que hoje se denominam as três dimensões do currículo de uma escola: o currículo formal (planos e propostas pedagógicas), o currículo em ação (aquilo que efetivamente acontece nas salas de aula e nas escolas) e o currículo oculto (o não dito, aquilo que tanto alunos quanto professores trazem, carregado de sentidos próprios, criando as formas de relacionamento, poder e convivência nas salas de aula). Qual a importância de uma pedagogia interdisciplinar nas primeiras séries do ensino fundamental? A prática interdisciplinar vai depender da matriz curricular articular-se com a tríade planejamento, metodologia e avaliação. A interlocução entre esses segmentos é primordial para que a interdisciplinaridade ocorra na prática. Significa que os professores realmente precisam se organizar e planejar de forma coletiva,

respeitando-se individualidade e com autonomia com suas turmas. Afinal, cada turma é única, além de que cada aluno também é singular. E para que se concretize, a equipe gestora é a responsável em oportunizar os espaços de discussões e partilha. É como se fosse um trabalho em ‘rede compartilhada’. Claro que se devem respeitar as afinidades que vão aparecer em um grande grupo, pois quando as iniciativas são impositivas e para todos, já deixa de ter a conotação de interdisciplinar. Que consequências uma experiência de reprovação no início da vida escolar pode trazer para uma criança e para a sua relação com a escola e o aprendizado? É uma questão muito subjetiva, já que cada caso tem a sua particularidade. Também precisamos observar que nem toda criança tem a dimensão e o alcance de uma percepção, porque sua lógica é diferente da do adulto. O que pode muitas vezes ocorrer são seus familiares, em sua lógica adulta, se frustrarem, e não seus filhos. É preciso ter uma linha de ação para que o nível de frustração seja mínimo para a criança, já que teremos casos em que é preferível que ela não seja promovida em sua tenra idade do que seja aprovada com lacunas. Se assim ocorrer, esta mesma criança que não foi retida por uma questão de preservar sua autoestima pode vir a tê-la fragilizada se observar que não está conseguindo acompanhar seus pares. Dessa forma terá frustração também. Olhando por esse ângulo, reforço a ideia inicial de que cada caso é único, por isso a necessidade de ser analisado em todas as esferas que estejam envolvidas nesse processo de promoção ou retenção. Afinal, de que adianta uma criança passar de ano e não aprender?

21


UPF investe na ideia de que aprender pode ser muito prazeroso

oportunidades supletivas para aprender, mas deve merecê-la, mercê de seu esforço e dedicação”, lembra o professor Osvino Toillier. Além disso, a modernização dos processos educativos requer que a avaliação seja baseada em uma pluralidade de instrumentos e métodos. Resumindo, existem várias formas de se ensinar e também de colocar a avaliação em prática. “Se aprendemos por diversos canais, é preciso que sejamos avaliados de várias maneiras. Para ilustrar, um exemplo: podemos ter habilidade em nossa escrita e não sermos tão hábeis em nossa oratória, e vice-versa. Nesse sentido, é necessário atentar para o fato de que não podemos privilegiar uma única forma de avaliar, como, por exemplo, somente provas escritas”, explica Janice. Outra dica da pedagoga é investir em processos de avaliação gradativos e periódicos durante as séries iniciais. “O conteúdo concentrado dificulta a compreensão por parte do aluno, enquanto a forma diluída possibilita o que denominamos de aprendizagem significativa, portanto, o sucesso do aluno”, acrescenta a especialista. Já para reconhecer o desempenho de alunos das séries iniciais, a pedagoga Ana Cristina Souza Rangel recomenda a avaliação por portfólio, feita a partir de anotações e documentações contínuas do professor. “Um professor que acompanhe bem o seu grupo pode dizer como a criança está se desenvolvendo sem fazer uma prova. E quando existe a exigência de se aplicar um teste, a nota acaba retratando aquilo que o professor já havia observado”, analisa. O desafio de educadores, governo e entidades representativas do segmento é aproveitar esse momento de debates e discussões para qualificar o ensino no Brasil. Um novo olhar sobre o ensino é urgente, mas deve envolver as diversas esferas do processo educativo com comprometimento e responsabilidade. E mais do que nunca, escolas, professores e famílias precisam dialogar para que o encantamento comum aos primeiros passos na escola consiga ser traduzido em aprendizado e, principalmente, em um contínuo entusiasmo pelo conhecimento.

Mundo das múltiplas leituras Duas vezes por ano, a agenda para marcação de visitas ao Centro de Referências em Leituras em Multimeios da Universidade de Passo Fundo é aberta. Mas não por muito tempo. Escolas da cidade e de outros municípios vizinhos logo garantem que o espaço mais conhecido como Mundo da Leitura seja diariamente ocupado por estudantes de diversas idades. A rapidez da procura tem explicação. Lá, professores acompanham a aplicação de propostas e recursos de ensino diferenciados e os alunos percebem que todo aprender pode ser muito prazeroso. Mesmo não trabalhando diretamente com a alfabetização, as atividades servem como uma mistura de complemento e estímulo para os processos de aprendizagem desenvolvidos no ambiente escolar. As visitas ao espaço envolvem muito mais que uma sessão de contação de história. Uma equipe multidisciplinar formada por profissionais da Educação, Artes Visuais, Informática e Comunicação trabalha para que as duas horas de visita ao local sejam uma experiência única.

22

O livro tema deste ano, Cheiro de Mato, de Regina Reno, inspirou a criação de um cenário especial para receber a criançada. Para fazer referência à obra, até folhas e flores costumam ser espalhadas no espaço. Assista ao vídeo sobre o Projeto Mundo da Leitura em www.sinepe-rs.org.br .

A pauta desta reportagem foi construída em reunião realizada na Delegacia Regional Centro, com a colaboração dos seguintes educadores: Alexandre Lopes, Andréa Vieira e Juliana de Matos (Colégio Marista Santa Maria), Janice Bertoldo e Fernanda Marquezan (Unifra), Cristina Farias e Clair Buzatti (Colégio Antônio Alves Ramos), Glaucia Silva (Colégio Riachuelo), Helena Rohde e Ana Doria (Colégio Franciscano Sant’Anna), Soraya Freitas e Janete Colling (Escola Santa Catarina), e Nilza Garcez (Colégio Nossa Senhora Fátima).


NA década de 70 a instituição passou a oferecer cursos profissionalizantes

MEMÓRIA Colégio São Carlos: 75 anos educando para a vida

E

m 15 de fevereiro de 1936, num pequeno prédio na rua Feijó Júnior, em Caxias do Sul, o Colégio São Carlos iniciava suas atividades educacionais. A instituição, que começou com 160 alunos no Jardim de Infância e Curso Primário, hoje completa 75 anos, com muitas conquistas para celebrar. O avanço da instituição foi gradativo. Em 1945, passou à categoria de Ginásio, destacando-se por atender exclusivamente ao público feminino. Em 1962, passou a chamar-se Colégio São Carlos e já contava, além do Jardim, Primário e Ginásio, com os cursos Colegial Científico, Técnico em Contabilidade e Curso Normal. Na década de 70, passou a atender também o público masculino e a oferecer o curso de Auxiliar de Escritório e Auxiliar de Laboratório de Análises Químicas, adaptando-se à Reforma do Ensino realizada nesse período, que priorizava os cursos profissionalizantes em nível de 2º grau. Hoje, o Colégio São Carlos está localizado em nova sede, na rua Sinimbu, 2553, bairro São Pelegrino. Oferece o ensino da Educação Infantil ao Ensino Médio e também a opção de Turno Integral para alunos da Educação Infantil ao 5º ano, bem como variadas atividades extraclasse. Pertencente à Rede ESI – Educação Scalabriniana Integrada –, a instituição tem por missão “promover uma educação evangelizadora de excelência, comprometida com a cidadania universal, capaz de construir conhecimentos e responder criativamente aos desafios do mundo”, e por visão “ser uma escola de referência em educação, com ambientes de aprendizagem inovadores e profissionais comprometidos com a construção de uma sociedade justa, solidária e sustentável”.

Intensa programação para marcar os 75 anos Desde o início do ano muitas atividades foram realizadas para comemorar a data. A programação teve início no dia 11 de fevereiro, na abertura do ano letivo, com a palestra ‘O que você é deixa marcas’, proferida pelo publicitário Arthur Bender. Em julho, o Departamento Esportivo do Grêmio Estudantil realizou a 1ª etapa dos jogos de Interséries 2011 do Colégio São Carlos. Com o objetivo de promover a integração, a disciplina e o respeito, a atividade envolveu os alunos de 5ª a 8ª séries e Ensino Médio e teve como destaque a arrecadação de mais de mil quilos de alimentos não perecíveis, que foram doados a instituições assistenciais de Caxias do Sul. A Associação dos Ex-alunos do Colégio São Carlos também celebrou os 75 anos de fundação da instituição e o Dia do Ex-Aluno com um evento. Os mais de cem participantes relembraram seus tempos de escola e emocionaram-se com a execução do Hino do Colégio São Carlos, demonstrando muito orgulho em fazer parte desses 75 anos. Para este ano ainda está prevista a Celebração Eucarística em ação de Graças, e para março de 2012, no encerramento das festividades, será realizado um almoço de confraternização.

“O Colégio é um modelo de escola”

23


Hoje, o São Carlos oferece o ensino da Educação Infantil ao Ensino Médio, turno integral e variadas atividades extraclasse

“O Colégio é um modelo de escola” O meu ingresso à vida escolar foi no Colégio São Carlos, em 1975. O primeiro dia nesta Instituição foi um momento muito importante para mim, pois foi o primeiro passo significativo para novas conquistas, descobertas, aprendizagens e convivência. A escola era “grande”! Essa foi a minha primeira impressão, mas com a acolhida das irmãs e da professora, Ir. Graciema, tornou-se logo um ambiente familiar. Estudei no Colégio São Carlos desde a 1ª série do Ensino Fundamental até a conclusão do Curso Normal (antigo Magistério), quando fui convidada a realizar o estágio ali mesmo, no São Carlos. Desde então, há 24 anos, leciono para crianças das séries iniciais e trabalho, também, na Tesouraria. O Colégio foi e sempre será minha referência em formação pessoal e de aprendizagem. Considero-o como minha segunda família. Com o passar do tempo mudou sua estrutura física, mas seus princípios e valores se fundamentam cada vez mais em promover uma educação de excelência, formando pessoas comprometidas com a cidadania universal, fundamentada nos valores cristãosscalabrinianos. Por meio da instituição e seus colaboradores tive uma excelente base na minha formação, a qual perpasso aos meus alunos. O Colégio, com certeza, é um modelo de escola, pois busca constantemente formar o seu aluno na sua integridade, respondendo às necessidades da sociedade em constante mudança. Ao Colégio São Carlos o meu agradecimento, com muita estima. Miriam Jaqueline Moreira da Silva

Professora das séries iniciais do Ensino Fundamental

Miriam: “O São Carlos é minha segunda família”

24


Alunos mostram suas criações feitas a partir de materiais reciclados

Estudantes criam puff de garrafa pet

CIDADANIA

Os alunos do Curso Técnico em Mecânica do Colégio Sinodal Progresso de Montenegro estão, a cada dia, mais empenhados em inventar e reinventar formas que venham a contribuir com a preservação do meio ambiente. No estudo da Reciclagem os alunos deram um novo destino para as garrafas pet. Eles montaram o puff de garrafa pet. Um puff confortável e criativo e, o mais importante, um móvel, a partir da reutilização de materiais, visando à sustentabilidade.

Estudantes inventam moda nas aulas de inglês As aulas de inglês serviram de inspiração para praticar a reciclagem no Colégio Marista Aparecida, em Bento Gonçalves. Com o objetivo de compreender que nem tudo que é lixo é lixo, os alunos de 6ª e 8ª séries do Ensino Fundamental aprenderam a criar novas peças do vestuário e reutilizar embalagens de diferentes tipos. Foram redesenhadas e customizadas bolsas, camisetas e aventais, utilizando como material camisetas usadas, tecidos, botões, lacres de refrigerantes, plásticos, madeiras e embalagens variadas. Os trabalhos resultaram em um mostra na recepção do Colégio e numa exposição no shopping L’América, da cidade. Puff: confortável, criativo e sustentável

Alunas do Sagrado Coração de Jesus vencem concurso sobre meio ambiente O 4ª Concurso de Redação Jornal da Manhã e Rotary Club Ijuí premiou os melhores textos sobre o tema ‘Energia e Meio Ambiente - Convivência Harmônica e Responsável’. A competição reuniu 352 participantes do Ensino Fundamental e Médio. A aluna da 8ª série do Colégio Sagrado Coração de Jesus (CSCJ), de Ijuí, Mariana Sfalci de Oliveira, conquistou o primeiro lugar com o texto ‘Eles não entendem’. No Ensino Médio o título também foi para o Sagrado Coração de Jesus, com a aluna Laísa Pithan da Silva, do 2º ano. Ela escreveu o texto ‘Energia que move o mundo’. Na mesma categoria, a estudante Luna Schimitz conquistou a quinta colocação. O CSCJ participa desse concurso desde a sua primeira edição e já é tradicional a conquista de boas colocações. Neste ano não foi diferente. Para a diretora Maria Lorena Beal, o resultado vem coroar o fruto do trabalho em sala de aula, motivo de orgulho e satisfação. Estudantes comemoram a conquista

25


Colégio Imaculada Conceição promove projeto interdisciplinar sobre reciclagem A partir do tema proposto pela Campanha da Fraternidade 2011, o Colégio Imaculada Conceição, de Dois Irmãos, organizou um grande projeto sobre reciclagem envolvendo os alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio, em diferentes disciplinas. Após uma pesquisa em aula e com as famílias sobre o significado da palavra ‘reciclar’, diferentes atividades ocorreram paralelamente. No laboratório de Ciências, por exemplo, os estudantes produziram papéis reciclados, com os quais os alunos fizeram cartões sobre o meio ambiente e, posteriormente, para o Dia das Mães. Já o 3º ano, após a leitura do livro ‘O catador de papel’, encontrou uma solução para o reaproveitamento do óleo de cozinha, a produção de sabão ecológico. O tema ganhou grande repercussão entre os pequenos quando foi proposto o armazenamento de todo o lixo produzido com a merenda em uma semana, como potes de iogurte, papéis diversos, caixas de suco. Nas aulas de Educação Artística e Ciências, com a turma da 6ª série, as professoras trabalharam o tema em fotografias ambientais feitas pelos alunos. Eles fotografaram imagens que admiram e precisam ser preservadas e imagens que prejudicam a beleza da natureza. Na etapa seguinte, desenvolveram um trabalho plástico com a fotografia e aquarela, criando um quadro-moldura com resíduos da natureza, a partir das obras do artista Franz Krajckberg. A coordenação da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental, além de auxiliar os professores, durante o mês de junho, realizou o

Caminho do Saber terá primeira construção socioambiental do país O prédio que acolherá o Ensino Médio do Grupo Educacional Caminho do Saber, de Caxias do Sul, será a primeira construção socioambiental de uma escola privada no Brasil. A construção ficará pronta em 2012. Com mais de 2.100m² de área construída e 200m² de área de recreação coberta, terá seis pavimentos com acessibilidade total, conforto térmico e acústico. A concepção arquitetônica da edificação autossustentável busca reduzir impactos ambientais, tanto na construção quanto na utilização. A economia dos recursos naturais será feita por meio da reutilização da água da chuva, do aproveitamento da luz natural e da utilização de iluminação de alta eficiência energética. A construção terá toda a infraestrutura para inovações tecnológicas, como lousa eletrônica e uso de um notebook por aluno, fornecido pela escola, com wireless em todos os ambientes.

26

conselho de classe participativo nas turmas, focando a reciclagem, no sentido de ‘reciclar’ as atitudes. Cada aluno escreveu o que precisaria transformar na sua turma, colocando isso em uma máquina de reciclagem, construída especialmente para esse momento.

Entre as atividades, alunos refletiram sobre a quantidade de lixo produzido diariamente

Em Ivoti, alunos escolheram flores para cultivar na escola

Projeto sobre flores aproxima estudantes do meio ambiente O Colégio São José, de São Leopoldo, vem articulando os objetivos de diferentes disciplinas aos temas propostos pela Campanha da Fraternidade. Nesse sentido, está desenvolvendo o projeto ‘Cheiro de Flor’, com o propósito de conhecer e estudar os diferentes tipos de flores, chás e temperos, as formas de plantio, os bichos de jardim, os artistas que tinham como principal temática a pintura de flores (principalmente Claude Monet e Van Gogh), para que os alunos aprendam naturalmente sobre as formas de preservação do ecossistema. Entre as atividades, as turmas de Educação Infantil e 1º anos fizeram uma saída de estudos a Ivoti, conhecida como a Cidade das Flores. Foram até a Central das Flores, onde tocaram e cheiraram diversas flores, temperos e chás, e compraram mudas para cultivar no Colégio. Também fez parte do roteiro uma visita à Colônia Japonesa. Lá os alunos conversaram com o responsável pelo local sobre as estufas, canteiros de flores e foram presenteados com mudas de Melissa.


Educação em Revista apresenta neste espaço exemplos de ações práticas na área socioambiental.

Projeto Patrulheiro Ambiental Mirim aproxima alunos do meio ambiente O Colégio Salesiano Dom Bosco, de Porto Alegre, em parceria com o Comando Ambiental da Brigada Militar, desenvolve desde 2008 o projeto Patrulheiro Ambiental Mirim. O trabalho é direcionado aos estudantes do quarto ano do Ensino Fundamental, orientado pelo Comando da Brigada Militar, professores do Colégio e palestrantes convidados. A instituição foi pioneira nessa atividade entre as escolas particulares. Semanalmente, os alunos têm oportunidade de conhecer melhor o meio ambiente e participam de aulas teóricas e práticas, que contemplam pautas como cidadania, lixo, natureza viva, fauna, flora, água e ar, entre outros. No cronograma de atividades estão previstas algumas saídas de campo e passeios. Um deles ocorreu no dia 25 de agosto, quando os alunos, acompanhados das professoras Vera Regina Silveira Ferreira e Clarice Ribeiro Ferreira, foram conhecer a sede do Comando Ambiental da Brigada Militar. Os estudantes puderam explorar o espaço físico do local, assistiram a um vídeo a respeito do trabalho que é realizado e conheceram de perto o Comandante que coordena todos os trabalhos.

Estudantes promovem a paz em Canoas A promoção da paz na comunidade escolar é o objetivo central do Colégio Espírito Santo de Canoas com o projeto ‘Da Paz’. A iniciativa tem como objetivo estimular um clima de tranquilidade na escola e estender esse sentimento às famílias e aos demais ambientes frequentados pelos estudantes, além de prevenir situações de bullying e despertar o espírito de cidadania e solidariedade. As atividades são desenvolvidas por meio de três programas: ‘É tão Bom Brincar!’ ‘Brinca Comigo?’ ‘Diga Não às Brincadeiras Agressivas’, ‘Gincana da Paz’ e ‘Campanha da Paz’; todos voltados aos estudantes do Ensino Fundamental I. Neste mês de agosto, os alunos também realizaram a Caminhada Pela Paz.

Estudantes mostram com ações práticas como preservar o meio ambiente Os alunos do 2º Ano do Ensino Fundamental do Colégio Santa Inês, em Porto Alegre, desenvolvem desde o início do ano um projeto de educação ambiental chamado ‘Azul e lindo, Planeta Terra, nossa casa’. A iniciativa busca não somente sensibilizar os estudantes para as questões ambientais como utilizar a informação e o conhecimento para estimular ações práticas. Uma das principais atividades foi o trabalho realizado com o conceito dos 3Rs: reduzir, reutilizar e reciclar (também foram abordados os Rs do respeito e da responsabilidade, fundamentais para a mudança de valores e atitudes). “Realizamos uma campanha informativa sobre os 3Rs na escola. E como resultado, conseguimos reduzir a quantidade de papel gasto na realização dos trabalhos, aprendemos a não desperdiçar folhas de papel e água nos banheiros, evitando torneiras abertas ou pingando. Ações extremamente pequenas e simples, mas demonstram uma preocupação em acabar com a cultura do desperdício, tão presente na sociedade atual”, relata a professora coordenadora do projeto, Sílvia Wachholz Ayres. Com o trabalho, até o lixo foi reutilizado, transformando-se em arte. Um exemplo disso foi a construção de uma árvore de 28 metros, feita com sucata. A ideia da árvore saiu do trabalho realizado com o livro ‘Colorina, a árvore da vida’, da autora Nye Ribeiro, que conta a história sobre uma gigantesca árvore que transforma crianças em protetores da natureza. Materiais que iriam para o lixo foram usados para a confecção de uma árvore com 28 metros

27


Estudantes promoveram caminhada para sensibilizar a comunidade para a preservação ambiental

ARTIGO Redes de engajamento cívico

A produção contou somente com materiais que iriam para o lixo: as folhas foram feitas com rótulos de embalagens; o caule, com pontas de lápis guardadas durante meses pelos alunos; as flores foram feitas de garrafas pet; os bichos de jardim (borboletas, caracóis, joaninhas) foram confeccionados com rolinhos de papel higiênico e papel-toalha (dos banheiros da escola) e com pratos descartáveis das festinhas de aniversário. Outra ação do grupo foi a construção de inúmeros brinquedos com sucatas e de instrumentos musicais com latas, garrafas, caixas e potes, incrementando as aulas de música. Sílvia já comemora os resultados do trabalho: “Os alunos comprometem-se com o cuidado do ambiente da escola, garantindo que não haja desperdício. No jardim, flores jamais são arrancadas, só admiradas e valorizadas. Borboletas voam seguras e casulos se desenvolvem intactos nas plantas, acompanhados, de longe, por olhares curiosos, de quem já sabe respeitar o espaço de cada um no planeta. Temos a certeza de que essas ações ultrapassam os muros da escola, e já transformam as relações da família e destas com o planeta”. Para os próximos meses, ela adianta que ainda há muito trabalho pela frente. “Há árvores a plantar, animais abandonados a auxiliar, pessoas a informar sobre a importância das nossas pequenas ações”, adianta Sílvia. alunos aprendem a fazer arte com sucata

O Instituto Faça Parte de São Paulo publicou no dia 12 de setembro o resultado das escolas brasileiras contempladas com o Selo Escola Solidária. Criado em 2003, o Selo busca reconhecer instituições que desenvolvem programas sistemáticos de voluntariado educativo. Unindo questionário de autoavaliação institucional com análise de comissão julgadora, o Faça Parte de São Paulo diferencia o que seja uma ação pontual de um projeto continuado. Nesse aspecto, os grandes institutos com projetos de reconhecimento têm primado pela seriedade na validação de ações comprometidas com suas comunidades nos mais diversos matizes e desafios que as mesmas oferecem. Aqui, no Rio Grande do Sul, 332 escolas deram vida a seus sonhos de cidadania. Particularmente, 72 escolas integram a rede privada, e dessas, 71% pertencem ao SINEPE/RS. Das 16 escolas certificadas em Porto Alegre, 11 são particulares. O que elas possuem em comum? Escolas com propostas vivenciais na ótica da cidadania reforçam seus projetos políticos e pedagógicos. Assim como o exemplo segue sendo a única forma de ensinar, vivências ativas dão valor às palavras ditas. O próprio site do Faça Parte e de outros vários exemplos de relatos estão repletos de exemplos de vida e prática solidária. O Faça Parte legitima práticas solidárias contínuas que surgem da conjugação das palavras cidadania, emoção e resultado. A lição forte do conceito de responsabilidade social perpassa todo o projeto desde que o mesmo nasceu. Ao falar em Rede de Escolas Solidárias, inclui todas as experiências de sul a norte em nosso Brasil. Lições que chegam de escolas ribeirinhas, de centros acadêmicos mais bem dotados. O Selo Escola Solidária ensina a ver a realidade a ser transformada com olhar sensível do lugar social onde essas escolas estão. A sabedoria da generosidade e da solidariedade aproxima todos os jovens das 3.030 escolas brasileiras certificadas. Uma juventude e seus educadores que falam de temas cruciais para a dignidade humana. Temas que os fazem viver num permanente aprendizado o quanto são atores sociais de um tempo conjugado no presente. Diante de nós, está uma galera sedenta por uma palavra vivida. Cansaram de discursos vazios e meras discussões com teor sociológico. Querem, ao intervirem com suas vidas, entender o mundo em que vivem. Não querem delegar missões. Querem ser sinais vivos de que a esperança tem chão, voz, energia e uma vitalidade juvenil que encanta. O Faça Parte ensina a lição maravilhosa da palavra replicação. Um mergulho profundo pelas águas vivas das 3.030 escolas brasileiras revela o quanto precisamos escutar, vibrar, aprender, alimentar e participar dessa história viva. Felizes as escolas que entendem isso, colocam em prática aquilo que anunciam em seus paradigmas fundantes. É preciso ousar. Quando as palavras e projetos se parecem, apenas as práticas são capazes de revelar essa vitalidade. Convido os leitores dessa crônica a visitarem, com a devida seriedade, o site www.facaparte.org.br. Recomendo uma passagem pelo Mural Socioambiental do SINEPE/RS, em www.sinepe-rs.org.br. Carlos Alberto Barcellos Professor

28


INSTITUCIONAL

Nova diretoria buscará maior aproximação com o Legislativo e o Executivo

Presidente do SINEPE/RS integra a direção da Fenep

O

presidente do SINEPE/RS, Osvino Toillier, integra a nova diretoria da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) para o biênio 2011/2013, como diretor administrativo. Compõem a direção Amábile Pacios, presidente, Edgar Flexa Ribeiro, vice-presidente, Cláudia Regina de Souza Costa, vice-diretora administrativa, Antonio Eugenio Cunha, diretor financeiro, e Ademar Batista Pereira, vice-diretor financeiro. A posse ocorreu no dia 1º de setembro. Esta é a primeira vez que o SINEPE/RS assume um cargo na diretoria executiva da Federação. “A atuação confere maior responsabilidade por atuarmos na gestão do ensino privado em nível nacional”, salienta Toillier. Ele comenta que uma das principais funções será a retomada do planejamento estratégico da entidade. A Fenep representa 75% das entidades que oferecem educação particular no país. Por sua representatividade no cenário educacional

brasileiro, um dos principais desafios da entidade será estreitar a relação com os poderes do Legislativo e Executivo. “É preciso que o Legislativo nos ouça para não criar entraves que dificultem a caminhada. Temos hoje no Congresso 28 projetos de lei que tornam disciplinas obrigatórias. Ora, se todos forem aprovados, e mesmo com uma aula semanal de cada uma delas, não teremos tempo para ensinar a ler e a escrever. Entraves como esse não deixam o plano de educação caminhar”, salienta a presidente eleita. Além disso, ela acrescenta que outros assuntos também serão levados a Brasília, como a diminuição da tributação, políticas de combate à inadimplência, permissão para a concessão de bolsas para servidores e familiares, linha de financiamento para os estudantes no ensino superior, reconhecimento do valor acadêmico das instituições particulares de ensino, entre outros.

Instituições jubilares serão homenageadas O SINEPE/RS fará uma homenagem às instituições de ensino que completam 50, 75, 100, 125, 150 e 175 anos em 2011. A iniciativa tem como objetivo destacar e valorizar o trabalho de escolas, faculdades e universidades que construíram uma trajetória de sucesso no Estado, atuando na formação humana e intelectual de gerações. A distinção será realizada no dia 6 de dezembro, em evento comemorativo aos 63 anos do Sindicato. Para participar da homenagem, as instituições devem informar o Sindicato até o dia 28 de outubro, preenchendo um formulário disponível no portal do SINEPE/RS – www.sinepe-rs.org.br

Astronauta Marcos Pontes recebe um exemplar da Educação em Revista das mãos do presidente do SINEPE/RS Osvino Toillier, durante o 15º Congresso Saber, realizado em setembro em São Paulo

anualmente, distinção reconhece trajetória das instituições

29


IES

A pesquisa em tempos de “Ctrl C + Ctrl V” Por KARINE RUY

É

com a atenção de Sherlock Holmes que muitos professores folheiam os trabalhos acadêmicos que todo ano formam pilhas nas suas mesas e escaninhos. E não só para avaliar a compreensão dos conteúdos discutidos nas disciplinas e o grau de reflexão construído pelos estudantes. Cada vez mais, eles precisam exercitar o seu lado detetive para identificar – e punir – casos de plágio. Assumir a autoria de uma obra intelectual criada por outra pessoa é um crime que instituições de ensino superior já enfrentam com frequência. A situação provocou, no início do ano, um posicionamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), que divulgou um documento de combate à prática do plágio. Elaborado com base em orientações encaminhadas pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o texto recomenda que instituições de ensino públicas e privadas “adotem políticas de conscientização e informação sobre a propriedade intelectual”. A manifestação da OAB mostra preocupação, sobretudo, com as implicações trazidas pela internet e, consequentemente, pelos seus milhares de bancos de dados disponíveis na rede. Mas o que se encontra em debate, obviamente, não é a democratização do acesso à produção intelectual, e sim o uso feito a partir das ferramentas digitais. Um dos trechos mais enfáticos do documento chama a atenção para a capacidade de reflexão e expressão dos estudantes brasileiros. “Muitos de nossos alunos não sabem escrever, não sabem compor um texto, elaborar uma ideia original e, pior de tudo: não aprendem a pensar e desenvolver o senso crítico”, defende, em letras negritadas, a entidade. A cultura do “Ctrl C + Ctrl V” – comandos do teclado que permitem copiar e colar – levou muitas universidades a estabelecerem políticas de fiscalização e investigação de casos suspeitos. Em algumas instituições os alunos, inclusive de pósgraduação, recebem manuais de ética com normas sobre o uso e a devida referência das obras utilizadas em trabalhos acadêmicos. O jornalista e pesquisador Juremir Machado da Silva integra o comitê de ética da PUCRS, de Porto Alegre, para onde são encaminhadas as denúncias de casos de plágio na universidade. “É um assunto bem simples para nós. Se ficar demonstrado que tem plágio, o

30

aluno tem que ser punido”, afirma Juremir. “Pessoa que faz plágio é desonesta. Ninguém ensina a ser desonesto”, ressalta. A desonestidade a que Juremir se refere é um crime previsto pelo artigo 184 do código penal brasileiro. Poderia render de três meses a um ano de prisão ou multa. Mas na prática, as medidas diante de casos de plágio costumam envolver pedidos de indenização e também as punições previstas em cada universidade. “Uma tendência é tornar sem valor o título obtido com o trabalho”, explica o professor Gonzaga Adolfo, especialista em direitos autorais. “O plagiador ofende muito aos direitos morais do autor ao usar a obra de outro e afirmar que é sua”, complementa o especialista. Já a lei do direito autoral – L 9.610, de 1998 – não prevê um capítulo específico para o plágio, mas deixa claro que se trata de uma prática ilegal. No Artigo 24, por exemplo, são listados os direitos morais do autor, que incluem “reivindicar, a qualquer tempo, a autoria da obra”, “ter seu nome, pseudônimo ou sinal convencional indicado ou anunciado, como sendo o do autor, na utilização de sua obra” e “assegurar a integridade da obra, opondose a quaisquer modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra”. O plágio também acontece de forma indireta. Na internet, é fácil localizar empresas especializadas no comércio de trabalhos acadêmicos. Numa delas, o anúncio garante que todas as monografias prontas disponibilizadas no site são exclusivas. Na hora da negociação, a empresa verifica se a monografia em questão já foi vendida para a cidade do cliente em potencial – uma forma de garantir a segurança do interessado. Pressionados por universidades inglesas, o Google anunciou em 2007 que iria proibir anúncios de vendas de trabalhos acadêmicos, mas as ofertas continuam na rede. O crescimento desse tipo de serviço, muitas vezes batizado como “assessoria acadêmica”, provoca discussões sobre a prática pedagógica e o modelo de ensino-aprendizagem. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP e professor na mesma universidade, Richard Romancini defende que o plágio não deve


ser encarado como um problema introduzido pela tecnologia digital. A cópia hoje realizada com facilidade no computador se fazia, em outros tempos, à mão. “Muitas vezes o paradigma pedagógico favorece a ideia que localizar informações é construir conhecimento”, explica Romancini, lembrando o tempo em que a missão de fazer um trabalho envolvia incursões à Barsa. “A gente tem a ideia que a pesquisa era muito diferente, que antes não havia isso. O que existe de novo hoje é a abundância de informação que o acesso digital permite”, defende o professor. Para verificar a originalidade dos trabalhos recebidos, muitos professores já tornaram hábito jogar em sites de busca na internet trechos que despertam desconfiança. Opções mais sofisticadas também estão à disposição das instituições de ensino, como os softwares Turnitin, Plagiarism-Finder e o Safe Assign. Outras vezes, nem é preciso chegar perto do computador para constatar a cópia de outras obras. Como observa Romancini, o professor consegue perceber o plágio analisando a forma com as ideias vão sendo construídas no decorrer da pesquisa, na dificuldade de fazer relações teóricas e também no grau de reflexão apresentado pelo trabalho – algumas vezes muito distante do histórico do aluno e do próprio nível de aprendizado. Um dos desafios pedagógicos da atualidade é deixar claro, em todas as fases da vida escolar e acadêmica, que o acesso a informações não é sinônimo de conhecimento. Na avaliação da Doutora em Educação Maria Isabel da Cunha, professora do programa de pós-graduação da Unisinos, essa mudança de paradigmas iniciada no século 20 deve nortear a pedagogia. “O bom aluno não é mais aquele que sabe memorizar e repetir informações, e sim o que interage com o conhecimento e o ressignifica em função de condições específicas. Ao mesmo tempo,

O bom aluno não é mais aquele que sabe memorizar e repetir informações, e sim o que interage com o conhecimento e o ressignifica Maria Isabel da Cunha

Pesquisa aponta que o programa é fator de ascensão social para muitos alunos

o professor não é mais visto como um erudito que deve saber tudo de tudo e tem o papel de ‘dar’ aulas, distribuindo a sua erudição. Antes é alguém que compreende o conhecimento em movimento e ‘faz’ as aulas com os estudantes, valorizando o protagonismo dos mesmos na relação com o saber”, explica Maria Isabel. O essencial, na opinião da especialista, é que a dúvida seja encarada pelos estudantes como um motor para o aprendizado e experimentações originais. “Uma proposta de mudança paradigmática, que inclua a pesquisa como principio educativo, tem de levar em conta que a dúvida nasce da prática e ela precisa ser estimulada desde o início da formação. Trabalhar com a imprevisibilidade, com hipóteses e com o conhecimento relativo ajuda o aluno a pensar e a se ver como também capaz de produzir conhecimento. E essa premissa tem a ver com as práticas da aula e com os desenhos curriculares, que precisam acompanhar a mudança paradigmática”, observa a professora. Diante de novos paradigmas do cenário educacional, as tecnologias de comunicação não precisam ocupar o posto de vilões. Afinal, se a riqueza de conteúdos disponibilizados pela internet e a engenhosidade com que as novas gerações exploram o ambiente virtual forem incorporados de forma ética à prática acadêmica, o resultado tende a ser mais criatividade e muito menos fraude. O necessário, como destacou a professora Maria Isabel, é dar espaço para que cada estudante faça suas próprias perguntas e seja estimulado para buscar as respostas.

Quer saber mais sobre o assunto? Confira no portal do SINEPE/RS o documento da Capes, na íntegra, com orientações de combate ao plágio.

31


Aulas mais conectadas na Feevale Netbooks no lugar de cadernos, pads em vez de giz e uma lousa interativa no lugar de um quadro-negro. Essas serão algumas das novidades que os alunos terão à disposição, a partir deste semestre, na Escola de Educação Básica Feevale – Escola de Aplicação, em Novo Hamburgo. A sala 207 do segundo andar do Campus I da Universidade Feevale traz um novo conceito em aula interativa no Estado. A Sala Conectada será utilizada por alunos da Escola de Aplicação e nas aulas de qualquer curso de graduação da Feevale. Entre as novidades que o espaço oferece estão uma lousa interativa, votadores, pads e netbooks. A solução Sala de Aula Conectada, criada pela Dell, teve como piloto um projeto em parceria com a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo em 23 escolas públicas da cidade de Hortolândia, interior de São Paulo. No Rio Grande do Sul, é a primeira sala com essas soluções tecnológicas e com tecnologia Dell. Quatro câmeras de vigilância garantem a segurança dos equipamentos. Foram investidos cerca de R$ 120 mil no projeto. A Sala Conectada foi projetada especificamente para incentivar a interatividade, a construção coletiva do conhecimento e o trabalho colaborativo entre alunos e professores. O espaço comporta todo o suporte tecnológico para que as aulas de qualquer disciplina sejam mais atraentes e instigantes para alunos. Desde junho, docentes da Instituição estão sendo formados para que possam utilizar as inúmeras ferramentas tecnológicas inovadoras disponíveis na sala. Confira as ferramentas que a Sala Conectada possui e algumas possibilidades de uso: - Software gerenciador: permite que os professores organizem aulas, com possibilidade de arquivamento e modificações nas apresentações no próprio momento das aulas. Permite o uso de outros aplicativos, como Microsoft Office.

32

Leonardo Rosa/Universidade Feevale

No Rio Grande do Sul estA é a primeira sala com essas soluções tecnológicas e com tecnologia Dell

- Lousa interativa: o professor pode tanto escrever com canetas interativas na lousa como digitar no teclado. Arquivos multimídia podem ser apresentados na tela, como vídeos em flash e outros tipos de arquivos, além da captura de frames e da criação de vídeos. - 32 netbooks: dispostos em quatro mesas. Há um netbook por aluno, que poderá interagir com o professor durante as aulas. O professor terá acesso às telas e sites acessados pelos estudantes. Da mesma forma, a tela de cada aluno pode ser transposta para a lousa, fazendo com que todos possam construir conceitos e conhecimentos coletivos. - Internet wireless: a internet wireless possibilita acessar qualquer site, desde que autorizado pelo professor. Redes sociais, vídeos do You Tube e sites de compartilhamento, entre outros, podem ser vistos no momento das apresentações. - Câmera de documentos: experiências científicas podem ser vistas com zoom, por todos os alunos, bastando posicioná-las junto a uma câmera ligada ao computador principal. Além disso, o professor pode capturar uma página de livro e apresentá-la na lousa. - 2 pranchetas interativas: são pads que funcionam como pranchetas, cada um com uma caneta. A partir dos pads, os alunos e professores podem escrever na lousa sem serem obrigados a sair do lugar. - 32 votadores: são dispositivos que permitem ao professor organizar quizzes com os alunos, que podem votar nas questões que considerem corretas. O professor pode organizar jogos relacionados ao assunto que está sendo abordado, ou até mesmo simulados para vestibular.


gilson oliveira / pucrs

Brinquedo vira objeto de pesquisa na UPF

PUCRS tem a sua primeira patente concedida no Brasil Foi concedida a primeira patente de titularidade da Ubea/PUCRS no Brasil. O despacho na Revista de Propriedade Industrial (RPI) foi publicado em agosto e se refere ao modelo de utilidade Disposição Construtiva em Câmara Escura Individual e Portátil (CEIP), invento desenvolvido para simular as condições de voo noturno e demonstrar aspectos relativos à visão para profissionais do meio aeronáutico. A proteção foi requerida pelo Escritório de Transferência de Tecnologia da Universidade (ETT) em janeiro de 2002 e o projeto é dos pesquisadores Thais Russomano, Eduardo Grigôlo, Dario Francisco Azevedo, Rodrigo Coelho e João Castro, do Laboratório de Microgravidade e do Departamento de Engenharia Elétrica da Faculdade de Engenharia. A tecnologia permite o treinamento a um custo muito mais baixo em relação às câmaras escuras existentes, e possibilita o treinamento individual do piloto em diferentes locais. É a primeira patente da Ubea/PUCRS a ser concedida no País. A Universidade tem outras concessões no exterior: uma na China, Japão e Coreia e mais duas nos Estados Unidos. A PUCRS é ainda uma das 50 maiores solicitantes de patentes. O levantamento foi divulgado recentemente pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi), com as 50 instituições que mais fizeram os pedidos no período entre 2004 e 2008. A Universidade figura na 28ª colocação e é a única instituição de ensino superior privada na listagem.

Leonardo Andreoli

Os brinquedos controlados remotamente fazem sucesso entre as crianças há vários anos. No entanto, um novo invento deverá atrair a atenção não só de crianças, como também de adultos no próximo Natal. Mesmo antes de chegar às lojas brasileiras, os quadricópteros, sucesso nos EUA, já são objeto de estudo no Instituto de Ciências Exatas e Geociências da Universidade de Passo Fundo (ICEG/UPF). O Grupo de Pesquisa Mosaico, formado por acadêmicos e professores dos cursos da área de informática (Computação, Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Sistemas para a Internet), está realizando pesquisas com esses aparelhos, aplicando-os em soluções inovadoras nas mais diversas áreas, tanto na cidade quanto no campo. Os quadricópteros viraram objeto de interesse do grupo por oferecerem uma plataforma de desenvolvimento que permite o uso da tecnologia aliada aos recursos de computação e comunicação hoje existentes. Aplicações estão sendo desenvolvidas, por exemplo, para as áreas de segurança, ambiental e agricultura, trazendo benefícios e auxiliando na tomadas de decisões. Os quadricópteros podem ser controlados por computador, com uma antena específica e um joystick apropriado, por smartphones com o software adequado instalado, e também por meio de redes de internet sem fio. Um mesmo aparelho pode ser programado e reprogramado para desempenhar diversas funções. “Existem desde jogos com realidade aumentada, em que um equipamento vê o outro por meio do reconhecimento de determinados padrões de cores ou imagens que são configurados, até atividades que podem ser programadas para ele executar sozinho”, explica o professor responsável pelo projeto, Willington Pavan.

Professores fazem teste com um dos aparelhos controlando-o por meio de um iPhone

33


EDUCAÇÃO E NEUROCIÊNCIAS “A empatia pode combater a indisciplina”

Nesta edição, os participantes do 11º Congresso do Ensino Privado Gaúcho entrevistam o neurologista, chefe do Serviço de Neurologia do Hospital São Lucas (PUCRS) e professor da mesma universidade, André Palmini, sobre as neurociências e as relações professor-aluno. Em sua palestra, a empatia nos foi apresentada como a chave da Neurociência Social que, unida ao acolhimento, à motivação e ao que passa na cabeça do aluno seria uma forma extremamente eficaz de ativarmos os neurônios em espelho no resgate das relações professor-aluno. Como o educador deve agir e o que transformar para que esse processo se efetive? Lucia Regina Ozorio Giacomelli

Orientadora Educacional do Colégio Medianeira de Santiago

André Palmini – Lucia, você entendeu bem. A empatia é realmente a chave do processo e parece envolver a ativação de neurônios em espelho, aqueles que nos conectam com aspectos subjetivos das outras pessoas. Como outros sentimentos, a capacidade de termos empatia depende não só dos aspectos genéticos, que determinam a personalidade e o temperamento de cada um de nós, mas também de um treinamento que cada professor deve fazer, individualmente. O ponto de partida é o professor introjetar o quão importante é conectar-se de uma forma rica e afetiva com seus alunos. Essa ‘conexão’ parte da noção de que o professor tenta entender a realidade dos seus alunos, seus anseios, suas dificuldades e o

universo que os cerca. Nada a ver com a ‘aula’ – e tudo a ver com preocupar-se em fazer-se gostar como pessoa. Em outras palavras, na minha visão, a ‘pessoa’ do professor deve conquistar a ‘pessoa’ dos seus alunos. Essa conquista – base da empatia – necessita que o professor aproxime-se dos alunos independentemente de qualquer conteúdo programático ou curricular. A ‘pessoa’ do professor deve ser apreciada pelos alunos; assim, a transmissão do conhecimento, o estabelecimento da disciplina na sala de aula e as outras nuances do processo de ensino-aprendizagem passam a ser uma consequência natural. A partir de tais premissas, fica claro que ter uma postura empática determina ao professor uma ação proativa de conquistar seus alunos. A busca dessa conquista é pessoal e não depende do quanto o professor ‘sabe da matéria’. Como nem todas as pessoas têm a mesma facilidade com essa aproximação, o professor deve buscar ativamente treinar-se para tal. Talvez o maior estímulo para isso seja a constatação de que disso dependerá o sucesso do aprendizado dos alunos. Frente à ‘concorrência desleal’ dos estímulos visuais, tecnológico, midiáticos; e acreditando que a escola não tem que se equiparar na forma de uso dessas, em que nível se dará essa interação a fim de que se transforme em conhecimento? Silvana Nazario

Coordenadora Pedagógica de Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, do Colégio Marista Rosário de Porto Alegre

André Palmini – Certamente, existe uma concorrência entre o universo tecnológico que excita os alunos e a necessidade de que os conhecimentos fundamentais sejam transmitidos no ambiente escolar. Esse ambiente, como a Silvana corretamente diz, não precisa seguir a mesma linha de ‘tecnologização’. Entretanto, isto não é sinônimo de que os professores e a escola como um todo não devam levar em conta a realidade que cerca os alunos. Ao contrário, passa a ser uma necessidade buscar formas de utilizar as novas tecnologias para vir ao encontro dos objetivos educacionais. Isto implica que os professores devam ser criativos na busca dessa interação a que se refere a Silvana. Um exemplo bem prático disso seria a capacidade de que os professores, após suas aulas, sugerissem ‘sites’ na internet em que os assuntos tratados pudessem ser complementados ou vistos sob outros prismas. O que vale para todas as disciplinas e depende, naturalmente, do interesse de professores de ‘ garimpar’ ‘sites’ que sejam informativos sem deixar de ser interessantes – e vice-versa! Um dos grandes problemas que o professor enfrenta hoje é a indisciplina dos alunos. O senhor acredita que isso possa ser um reflexo da degradação da autoridade do professor no

34


com um ambiente com acesso a material educativo pode ser atraente. Em outras palavras, uma sugestão seria atrair as pessoas para a biblioteca por meio da mescla do tipo de publicações disponibilizadas, tornando a biblioteca um local prazeroso de se estar.

imaginário social (ex.: figuras caricatas na mídia; falta de reconhecimento da profissão pelas famílias; baixo prestígio socioeconômico da profissão, etc.)? No seu entendimento, o que é necessário para o fortalecimento da autoridade do professor, visto que aliado à gestão da sala de aula ele ainda precisa manter um ambiente acolhedor, construir empatia e motivar um alunado diverso para os processos de ensino e de aprendizagem?

Estranharíamos se um paciente olhasse para o dentista e dissesse: “Doutor, quem sabe você compra uma cadeira melhor para que eu possa ficar mais confortável em seu consultório”, ou dissesse como melhor obturar seu dente, mas, não raro, encontramos pessoas tecendo críticas ou receitas milagrosas sobre como ser um bom professor. Acredito que não há uma razão por parte da maioria dos profissionais da educação, mas me parece que a nossa classe necessita, além de todos os recursos disponíveis no mercado para nossa atualização, de propostas menos burocráticas, mais investimento por parte de todas as entidades que buscam na educação uma sociedade com direitos e deveres igualitários. O que o senhor pensa sobre essas questões?

Karina Dohms

Milton Dalpiaz

André Palmini – A Karina traz a difícil questão de como conciliar o necessário papel de autoridade do professor com a construção de um ambiente empático e acolhedor. Além disso, ela corretamente menciona a dificuldade adicional representada pelo desafio à autoridade do professor, estimulado por uma série de circunstâncias psicossociais. Como em várias questões ‘espinhosas’ nesta vida, a abordagem parte de algumas premissas. No caso, a premissa fundamental é de que a sociedade deve resgatar o papel de autoridade do professor. Essa não é (e não deve mesmo ser) uma ‘cruzada’ individual. Ao contrário: a tentativa de forçar uma postura de autoridade em um contexto social desfavorável só compromete a capacidade do professor de exercer uma empatia que, em determinadas circunstâncias, é a principal arma contra a indisciplina. Assim, o professor hoje em dia precisa equilibrar a capacidade de combater a indisciplina por meio de respostas criativas e empáticas e ao mesmo tempo atuar de forma ativa na sociedade para que se resgate a posição do professor como um legítimo representante dos pais, tendo sua autoridade respeitada. A omissão da sociedade não pode recair nas ‘costas’ do professor.

André Palmini –Milton, como brasileiro e como alguém que acredita ser impossível o respeito pelo conceito de ‘nação’ sem priorizar educação e saúde, eu acho que você está totalmente correto ao exigir posturas políticas condizentes com uma educação forte. Infelizmente, a sociedade brasileira, historicamente, trata com desrespeito os profissionais que trabalham em atividades pouco lucrativas, como educar crianças e jovens e tratar pessoas humildes em serviços públicos de saúde. Além disso, a tradição pouco profissional da atividade de professor, que vem de décadas atrás, quando a profissão era exercida por pessoas que aparentemente não se importariam com seu ganho, como mulheres que não necessitavam sustentar famílias ou religiosos em escolas de ordens religiosas, contribuiu para que a profissão de professor não seja valorizada pela nossa sociedade. Novamente, você está totalmente correto. Existe uma imperativa necessidade de se transformar a carreira de um professor em uma carreira valorizada pela sociedade. Sem isto, arrisca-se a que se tornem inócuas, sem sentido, todas as tentativas de aprimorar as relações na sala de aula. Eu não tenho dúvidas de que professores mais bem remunerados buscariam menos licença-saúde, teriam bem mais estímulo, poderiam trabalhar menos turnos e tornar-se-iam pessoas mais esclarecidas. Isto ‘giraria a roda’ no sentido de uma sociedade formando indivíduos mais preparados, mais respeitosos e, assim, viraríamos aquilo que estamos longe de ser: uma sociedade desenvolvida. Tomara que paremos, como povo, de confundir desenvolvimento econômico com desenvolvimento social.

Professora de Educação Física do Colégio Marista Assunção de Porto Alegre

Dentro dos contextos empatia, acolhida do ambiente e motivação, gostaria de saber como seria possível, e se seria, atuar no ambiente da biblioteca de forma eficaz com o professor a fim de torná-lo interessado e incentivador dos conhecimentos ali disponibilizados. Maritza Martins

Professor de Filosofia do Colégio La Salle Santo Antônio de Porto Alegre

Bibliotecária da Rede Cenecista - Campanha Nacional de Escolas da Comunidade CNEC

André Palmini – Na minha opinião, as bibliotecas deveriam ser muito mais visitadas. A motivação para que alunos e professores frequentem bibliotecas, entretanto, depende do que vão ali encontrar. Dessa forma, uma ideia possível seria combinar material educativo com revistas e periódicos que atraem tanto professores quanto alunos. O que envolve investimento, claro, mas a associação de um ambiente recompensador e prazeroso

Nas próximas edições, a Educação em Revista trará outros conferencistas do 11º Congresso do Ensino Privado Gaúcho para responder a perguntas dos participantes do evento. Se você quiser participar desta seção, solicite mais informações pelo e-mail educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br.

35


CULTURA

Tecnopuc recebe Centro Tecnológico Audiovisual ARQUIVO PUCRS

F

oi lançado em agosto o Centro Tecnológico Audiovisual do Rio Grande do Sul (Tecna) na PUCRS e apresentado nacionalmente no Festival de Cinema de Gramado. O projeto, realizado por meio de uma parceria entre a Universidade, o Governo Estadual e a Fundação Cinema RS, oferecerá soluções integradas para os agentes e empresas do setor, com ênfase na tecnologia. O Centro será sediado no Tecnopuc, em Viamão, ocupando 5 mil m2 das instalações do antigo Seminário Maior. As primeiras ações começarão até o final de 2011 e as demais devem estar concluídas em 2013. Também foi aberto um edital para instalação de empresas de cinema e vídeo na Incubadora Raiar da PUCRS. O local contará com laboratórios de pesquisa aplicada aos setores de produção, distribuição e exibição, além de infraestrutura para a realização de produtos audiovisuais. Inicialmente terá três estúdios, com facilidades de produção para live-action, incluindo área de open-stage, além de estúdios dedicados à produção de animação e cenários virtuais. Chegará a cinco estúdios na fase final. “Haverá programas específicos para treinamento e formação de iniciantes e profissionais, dedicados tanto às áreas de base quanto às de especialização da produção, incluindo fotografia, arte, som, animação 2D e 3D, finalização e efeitos especiais”, explica a coordenadora do Centro pela PUCRS, Aletéia Selonk.

Campus Viamão receberá as instalações do Tecna

Colégio São José é certificado para aplicar o exame americano SAT O Colégio São José de Erechim recebeu a certificação do órgão governamental de educação dos Estados Unidos para tornar-se um centro de testes do SAT (Scholastic Aptitude Test. Esses testes avaliam os conhecimentos dos estudantes do Ensino Médio e são usados como processo de seleção para universidades americanas. Também servem para testar conhecimentos da língua inglesa. O Colégio São José realizou um convênio com o College Board e o ETS americanos para a realização regular dos testes na instituição, nas mesmas datas e condições que nos Estados Unidos. No Rio Grande do Sul tais testes só poderão ser realizados no Colégio São José e em Porto Alegre. A primeira prova na instituição de Erechim ocorreu no dia 1º de outubro.

Instituição é a única da região autorizada a aplicar o teste

36


Alunos mostram seu talento contando histórias em inglês Os estudantes do 3º ano do Ensino Médio do Colégio La Salle Medianeira, de Cerro Largo, mostraram suas habilidades artísticas e o domínio da língua inglesa em apresentações que encantaram as turmas da Creche ao 5º ano. Eles aceitaram o desafio de contar histórias e cantar canções no idioma estrangeiro para as crianças na culminância do projeto What is your talent?, desenvolvido pela professora Adriana Bracht Tonel. “Eles estudam inglês desde os 5 anos de idade e prepararam trabalhos que demonstram todos esses anos de estudo”, explicou a professora, que se surpreendeu com a qualidade das apresentações. Além de conhecimento, os estudantes exibiram diversos talentos artísticos na competência de narrar histórias, de interpretação de personagens por meio do teatro de fantoches e na composição e execução musical. Nas histórias e encenações, os grupos ainda buscaram transmitir lições importantes aos pequenos, como a de que não é legal mentir e muito menos abrir mão de suas responsabilidades apenas por preguiça. Para que as crianças compreendessem todo o conteúdo das histórias, os alunos usaram estratégias criativas, como mesclar o inglês com o português, além de traduzir canções de roda conhecidas e repetir o enredo nos dois idiomas.

Obras de Tarsila Amaral e Kandinsky são estudadas em Matemática Para estudar geometria, as turmas 151 e 152 do Colégio Marista Maria Imaculada, em Canela, foram levadas ao mundo de pintores famosos, durante as últimas aulas de Matemática. Na primeira, observaram obras de Tarsila do Amaral – A Lua (1928), São Paulo (1924) e Estação Central do Brasil (1924) – e identificaram segmentos de reta, formas geométricas e ângulos. Após, receberam como tarefa criar suas próprias obras de arte, inspiradas nos quadros vistos. Na aula seguinte, conheceram o trabalho do artista russo Wassily Kandinsky, um dos mais notáveis pintores abstratos. Suas composições exploravam as figuras geométricas, a linha, o ponto e a cor, sempre associando com a música. Assim, puderam perceber que criatividade, beleza, simetria e dinamismo são características existentes tanto nas Artes quanto na Matemática.

Obras de arte criadas com base no estudo da geometria

Viagem cultural ao Rio de Janeiro aproxima alunos da história do Brasil

Apresentações encantaram as turmas da Creche ao 5º ano

Os alunos da 8ª Série do Ensino Fundamental do Colégio Mellinho, de Lajeado, realizaram uma viagem cultural ao Rio de Janeiro. A experiência aconteceu no período de 18 a 22 de julho, e possibilitou aos estudantes um importante resgate histórico do Brasil, ao visitarem o Museu Imperial, o Palácio de Cristal e o Museu Santos Dumont. A troca de experiências com hóspedes de outras nacionalidades, na Pousada Bonita Ipanema, tornou a viagem ainda mais interessante. Além das atrações turísticas mais populares nas viagens ao Rio de Janeiro (Pão de Açúcar, Cristo Redentor, Angra dos Reis e Ilha Grande), o grupo apreciou as belezas do Jardim Botânico e do Centro Histórico do Rio de Janeiro. Em Petrópolis, o Museu Imperial, o Palácio de Cristal e o Museu Santos Dumont fizeram parte do roteiro cultural.

37


PAINEL Música contra o crack O Grêmio Estudantil da Feevale, em parceria com os Grêmios dos Colégios Marista PIO XII, Sinodal da Paz e Cenecista NH, está desenvolvendo o projeto Música Cala o Crack. A iniciativa prevê uma série de ações com objetivo de esclarecer sobre os malefícios da droga e os benefícios que a música traz para a vida das pessoas. O lançamento do projeto ocorreu dia 30 de agosto, com palestra do professor Leonardo Castro Dorneles . O aluno da Feevale Gabriel Schuch abriu o evento tocando, no piano, as canções ‘Isto aqui o que é’ e ‘Com que roupa’. E para encerrar, o presidente do Grêmio Estudantil da Feevale, Gustavo Carniel Rubert, apresentou a música ‘Universo desconfigurado’, de sua autoria, que fala sobre o distanciamento do jovem do lado simples da vida.

Sepé Tiaraju lança campanha de fidelização Com o objetivo de estar cada vez mais próximo das famílias, o Colégio Cenecista Sepé Tiaraju lançou uma campanha de fidelização e captação de novos alunos chamada ‘Meu Colégio’. A iniciativa busca inicialmente motivar e fidelizar os alunos e seus pais, a fim de que esses, ao estarem satisfeitos, possam ser agentes formadores de opinião e divulgação do colégio. Para a Campanha de Matrículas 2012 estão previstos o lançamento da identidade visual das peças publicitárias, o lançamento de um novo VT da escola, a realização de uma pesquisa de opinião e o novo site do Colégio Sepé, que pretende ser um importante canal de comunicação com alunos e pais, e de interatividade, possibilitando que os alunos participem ativamente da atualização, com o envio de fotos. Além disso, o Sepé estará cada vez mais presente nas redes sociais, como o Twitter (@ ColegioSepe) e no Facebook (www.facebook. com.br/colegiosepe).

A matemática está na moda

Representantes dos Grêmios Estudantis receberam camisetas do projeto

38

Aprender matemática não é sinônimo apenas de devorar livros. Prova disso está na atividade realizada pelos alunos das terceiras séries do Ensino Médio do Colégio Nossa Senhora de Lourdes, de Farroupilha, que confeccionaram camisetas alusivas a alguns conteúdos matemáticos, escolhidos conforme interesse dos grupos e desenvolvidos anteriormente em sala de aula. Segundo o professor André da Silveira, o objetivo da tarefa foi aplicar os conteúdos escolhidos na peça de vestuário, de forma que ficasse visualmente interessante e informativa, além de deixar a criatividade rolar solta e se divertir.


Alunos vivenciam diferentes experiências com a literatura

Projeto de literatura do Sagrado Coração de Jesus é premiado Um projeto realizado no Colégio Sagrado Coração de Jesus de Ijuí conquistou o segundo lugar no 2º Prêmio SIEDUCA de Sucesso Escolar. Chamada ‘Experiências vividas, experiências compartilhadas’, a iniciativa é desenvolvida com alunos do 1º ano do Ensino Fundamental e visa promover, por meio da literatura, situações de aprendizagens significativas. São oportunizadas atividades nas quais os estudantes brincam com as imagens, letras, palavras, frases e rimas, dando asas à imaginação, possibilitando tornarem-se leitores, ilustradores e escritores. Os espaços da escola foram redimensionados, ou seja, foi possível transformar a caixa de areia da pracinha num circo, os brinquedos em atividades de circuitos, a sala de aula em uma floresta, o pátio da escola em lugares que escondem pistas e desafios e o ginásio transformou-se num amplo dormitório. “Para o desenvolvimento da proposta, inicialmente escolhemos uma literatura, observamos o tipo da escrita, o contexto, e organizamos um plano de ação. Este inclui a visitas de personagens, bruxas, borboletas, palhaços..., envio de cartas, desvendar ‘mistérios’, executar desafios, a elaboração e publicação de um livro gigante”, relatam as professoras autoras do projeto, Isabel Schneider e Mirian Metzdorf. “Evidenciamos que a literatura é o eixo norteador para explorar as diversas áreas do conhecimento, os diferentes saberes. Por meio dela é possível realizar pesquisas interativas, produzir rimas/ histórias/ músicas, encenações, participar de aventuras, dar asas a nossa imaginação, possibilitando ampliar conceitos e habilidades”, acreditam.

Projeto traz mais segurança na escolha profissional dos estudantes

Alunos salvatorianos recebem suporte para escolha profissional O Colégio Salvatoriano Bom Conselho, de Passo Fundo, orienta os alunos do Ensino Médio sobre a escolha profissional, por meio de um projeto coordenado pela equipe de Psicologia do Setor de Orientação Educacional. A iniciativa busca atender às necessidades dos alunos, instrumentalizando-os frente ao mercado de trabalho. O projeto prevê atividades como palestras, dinâmicas de integração e autoconhecimento, realização de testes vocacionais e de personalidade, visitas técnicas às faculdades e feira das profissões – que identificam tendências profissionais. Além de ajudar no processo de maturação da escolha individual, a Orientação Vocacional dentro da escola se apresenta como uma ferramenta importante para a decisão dos alunos, pois acontece mediante avaliação e análise do mesmo e de seus interesses e aptidões, a fim de inseri-lo em um campo de possibilidades que se coadune ao perfil identificado. Estudantes produziram camisetas alusivas a conteúdos matemáticos

39


Educação Infantil do La Salle Medianeira festeja 25 anos Os 25 anos da Educação Infantil do Colégio La Salle Medianeira, de Cerro Largo, foram comemorados no dia 12 de agosto com uma grande festa na escola. Foi uma tarde de alegria para as crianças, que brincaram no novo brinquedo instalado no parque infantil. Junto a essa área de lazer, camas elásticas e piscina de bolinhas foram outros atrativos que encantaram os pequenos. O Parabéns a Você foi cantado na área coberta em torno de um bolo gigante de chocolate na presença dos alunos, da direção, professores e representantes dos pais e entidades do colégio. A grande homenageada do dia, a professora Miria de Oliveira, professora do Pré II lassalista desde 1986, apagou as velinhas e recebeu o carinho das crianças. Em nome da escola, o diretor, Ir. Adão Bergmann, entregou à educadora um quadro com foto da 1ª turma de Educação Infantil da instituição. Miria manifestou-se agradecendo o apoio do colégio e dos colegas ao seu trabalho ao longo dessas duas décadas e deixou uma mensagem especial para as crianças. “Mesmo depois de grandes podem ter a certeza de que sempre me lembrarei de cada um de vocês e saberei contar como vocês eram quando crianças”, assegurou.

Aula de Geografia resulta em visita à Companhia Riograndense de Mineração No dia 18 de junho, 21 estudantes da turma 203, do 2° ano do Ensino Médio, do Colégio Pallotti, orientados pelo professor André Portella, da disciplina Geografia e Ambiente, e com o apoio do professor Marcelo Silveira realizaram uma saída pedagógica inédita à Companhia Riograndense de Mineração localizada no município de Minas do Leão. A visita teve como objetivo estabelecer relações entre os conhecimentos técnicos abordados em sala de aula e sua aplicabilidade, e faz parte do projeto ‘in loco’ da disciplina de Geografia. Entre as atividades desenvolvidas pelos alunos, destacaram-se as análises das formações topográficas, geológicas e geomorfológicas em que a Companhia está inserida, bem como a extração e o manejo da mineração de carvão a céu aberto, e o estudo da mina subterrânea desativada. “Articular as saídas pedagógicas a partir da contextualização dos conteúdos trabalhados em sala de aula traz aos estudantes uma plenitude de possibilidades de criação junto as suas realidades, sejam elas locais ou globais”, salientam os professores André e Marcelo.

40

Projeto ‘in loco’ promove saídas pedagógicas a partir do que é estudado em sala de aula

Professora Miria de Oliveira foi a grande homenageada da festa

Robótica Marista ganha destaque na mídia nacional A Robótica Educacional Marista ganhou destaque na matéria Escolas já despertaram para o desafio da inovação, publicada pela Veja Online no dia 10 de setembro. A reportagem aborda como as instituições de ensino espalhadas pelo Brasil vêm desenvolvendo novas maneiras de ensinar e de incentivar os estudantes na aprendizagem dos componentes curriculares. No Rio Grande do Sul, é ressaltada a atuação dos Colégios Maristas, com projetos que relacionam o ensino de robótica aos conteúdos de Matemática e Física, potencializando ainda mais o aprendizado dos estudantes. A matéria conta com depoimentos de Maurício Anony, coordenador de Tecnologias da Rede Marista do Rio Grande do Sul, e divulga também a 4ª edição Desafio de Robôs, que neste ano ocorre nos dias 14 e 15/10, no prédio 41 da PUCRS, em Porto Alegre.


Crianças têm contato com as ciências desde os primeiros anos de idade

Pequenos têm contato com experiências científicas

Concórdia realiza 21ª Festa do Caderno O Colégio Concórdia, de Porto Alegre, pioneiro na ‘Festa do Caderno de Linhas’, junto com as professoras e as famílias dos alunos do 1º ano do Ensino Fundamental, realizou recentemente sua 21ª Festa do Caderno. A festa, organizada de forma surpresa para os alunos, tem por objetivo corresponder às expectativas das crianças na espera do caderno de linhas, para escrever com a letra cursiva (ou emendada como a chamam), e também como estímulo e incentivo para que os estudantes possam dedicar-se cada vez com mais comprometimento e cuidado aos estudos. Segundo a equipe pedagógica do Colégio, comemorar o caderno de linhas é um modo de demonstrar que as atividades realizadas, ao longo do semestre, evitaram todo um trabalho mecanizado de caligrafia, que era um dos recursos preferidos e muito utilizado para o preparo da escrita cursiva. Nos primeiros dias sucessivos à Festa, as crianças do 1º ano ostentavam com orgulho o novo Caderno, e quando indagadas sobre a experiência respondiam, quase que em sintonia, que “tudo fica melhor, mais bonito, mais organizado, as linhas não deixam a letra ficar grande demais e é muito bom poder escrever com a letra emendada”.

A curiosidade aguçada nos primeiros anos de idade torna-se um estímulo para o ensino das ciências na Caracol Escolinha, em Porto Alegre. A instituição desenvolve o Projeto Experiências com 40 crianças na faixa etária de 2 a 3 anos. São realizadas experiências científicas de fácil manuseio, trazendo os resultados de maneira concreta e compreensível. Para as experiências são utilizados materiais do cotidiano das crianças, como tinta, brinquedos, giz, lápis, materiais reciclados e alguns alimentos. São realizados inúmeros experimentos, como, por exemplo, a descoberta das cores (primárias, secundárias e terciárias), e pinturas com cubos de gelo coloridos (estados físicos da água). “Um dos experimentos que mais chamaram a atenção das crianças foi o boneco ecológico, no qual cortamos uma perna de meia-calça e colocamos alpiste. Após, completamos com serragem, formando uma bola. Molhamos a cabeça do boneco, em alguns dias o alpiste começou a nascer, dando origem aos cabelos. As crianças puderam acompanhar o crescimento das sementes. Assim, perceberam a importância da água na vida das plantas”, contam as professoras Aline Talaveira, Ioana Santos, Jaqueline Telles e Joziane Wesz, que atuam na iniciativa. Os resultados obtidos com os experimentos puderam ser observados pela comunidade escolar na II Mostra de Ciências dos Maternais, realizada de 1º a 5 de setembro.

Alunos comemoram a chegada do caderno com linhas

41


Estudantes constroem réplica de dinossauro

Alunos de Santa Vitória do Palmar conhecem os parques eólicos de Osório

Os alunos dos terceiros anos do Instituto Maria Auxiliadora, de Porto Alegre, puderam conhecer de perto como eram os dinossauros que viviam na Terra há milhões de anos. Ao estudar esse conteúdo, na aula de Ciências, eles montaram uma réplica de um dinossauro gigante, o Estegossauro, o Lagarto Telhado, com tela, papel-jornal, fita crepe, cola branca e tinta. A atividade foi orientada pela professora Niura Paz de Oliveira. Além disso, os alunos confeccionam maquetes com detalhes característicos dos períodos triássico, jurássico e cretáceo, além de exibirem seus dinossauros pesquisados e preferidos. O projeto “No Mundo dos Dinossauros” foi apresentado na Feira Cultural do colégio, realizada no dia 9 de setembro. “Nessa perspectiva de colocar as ‘mãos na massa’, surgem as parcerias, as trocas, as alegrias, as emoções, os afetos e o desenvolvimento das habilidades e principalmente a satisfação e envolvimento de cada aluno, manifestados pela verbalização do encantamento pela réplica produzida”, destaca a professora Niura.

Com o intuito de conhecer um parque de produção de energia eólica, alunos do Ensino Médio do Colégio São Carlos, de Santa Vitória do Palmar, visitaram a maior usina eólica da América Latina, localizada no município de Osório. Eles constataram a importância da energia eólica como forma de energia limpa. O fato de Santa Vitória estar pleiteando um projeto de instalações de parques eólicos, por dispor de potencial de ventos, despertou a curiosidade dos alunos, o que favorece a exemplificação dos conteúdos ministrados em sala de aula, contribuindo para a aprendizagem. Ao retornar da visita, as turmas prepararam um relatório para ser apresentado aos demais alunos da Escola.

Estudo sobre o corpo humano incentiva alimentação saudável Os alunos da Educação Infantil do Colégio Salesiano Leão XIII, de Rio Grande, tiveram como primeiro projeto de estudo ‘O Corpo’ como fator principal da vida, bem como seu cuidado e utilidade. Foram realizadas atividades para ressaltar a importância dos sentidos, experiências sobre os órgãos dos sentidos, higiene e cuidados com a alimentação. Ao abordar os conteúdos sobre alimentação, foram preparados lanches coletivos e diferenciados, um caderno de receitas contendo as receitas preferidas da turma e realizada uma ‘Oficina de alimentação’, como encerramento do Projeto. Os alunos, vestidos de ‘Mestre-Cuca’, prepararam lanches, cartazes e fizeram uma exposição dos trabalhos confeccionados para esperar pelos responsáveis. Foi um momento muito agradável de integração entre pais e filhos, juntamente com a comunidade escolar.

Pequenos divertiram-se ao preparar lanches saudáveis

42

Trabalho foi apresentado na Feira Cultural do colégio


Jogos Matemáticos destacam criatividade no ensino Ensinar Matemática com criatividade é o principal objetivo dos Jogos Matemáticos, projeto desenvolvido desde 2005 pelo Colégio Maria Imaculada, em Canela. A iniciativa, idealizada pela educadora Dionéia Castilhos, busca potencializar o envolvimento e a interação dos estudantes com atividades diferenciadas. Na primeira semana de setembro, por exemplo, os alunos da turma 181 foram separados em grupos para realizar uma pesquisa que mostrasse a semelhança entre os triângulos e o Teorema de Tales. Utilizando recursos como maquetes e demonstração com diversos objetos, a turma apresentou suas descobertas e observou a importância da proporcionalidade, um dos conteúdos mais importantes da Matemática. Estudantes exploram novas aprendizagens com criatividade


ARTIGO Reflexões sobre o Marketing Educacional GENARO GALLI¹ Adriana Galli Velho² RESUMO O atual cenário da educação privada mostra-se cada vez mais competitivo, a oferta de cursos e vagas cresce a cada ano. Assim, as Instituições de Ensino (IE) passaram a empregar práticas de gestão para atingirem seus objetivos, dentre elas está o marketing educacional. O presente artigo tem por finalidade fazer uma análise dessa abordagem dentro das instituições de ensino de educação básica particular, identificando as dimensões operacionais e estratégicas. Palavras-chave: marketing educacional, educação básica. ABSTRACT The current scenery of private education proves to be increasingly competitive, offering courses and vacancies grows every year. So Education Institutions (EI) have to employ management practices to achieve their objectives, among them is the education marketing. This article aims to analyze this approach within the educational institutions of private basic education by identifying the operational and strategic dimensions. Keywords: marketing education, basic education.

INTRODUÇÃO O atual cenário da educação privada mostra-se cada vez mais competitivo, a oferta de cursos e vagas cresce a cada ano. Diante dessa situação, as Instituições de Ensino (IE) passaram a empregar técnicas de gestão para atingirem seus objetivos quantitativos e qualitativos. Uma das práticas que têm ganhado espaço nas últimas duas décadas é o marketing educacional. Na década de 90 já se podia perceber a existência de um marketing implícito por parte da maioria das universidades, normalmente sendo realizada pela área de assessoria de imprensa (Avila,1990). Kotler & Fox (1994) destacam que as IE tornaram-se mais receptivas ao marketing no momento em que seus mercados passaram a sofrer mudanças, ou seja, quando os estudantes começaram a ficar mais escassos ou difíceis de atrair. Porém o papel do marketing educacional não deve ser encarado como uma prática de comunicação ostensiva para atrair alunos.

44

A questão central do marketing é a busca da qualidade e um relacionamento sadio com os diversos públicos que orbitam no ambiente educacional, sejam eles professores, pais, alunos, colaboradores ou sociedade. A comunidade educativa é extremamente importante no ambiente educacional para formatação de políticas e práticas inovadoras de gestão. A construção da diferença entre aluno e cliente é outra questão importante para traçar um posicionamento reflexivo para as instituições. Nesse contexto, o presente artigo tem por finalidade fazer uma análise sobre como é abordado o marketing educacional dentro das instituições de ensino de educação básica particular, identificando as dimensões operacionais e estratégicas. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O tema Marketing traz para Gestão uma gama infinita de possibilidades e desafios. Seu conceito por si só já instiga pela magia de satisfazer as necessidades e principalmente os desejos de seus clientes. A própria evolução dessa importante ferramenta nos remete a décadas de desenvolvimento constante. Segundo Kotler et al. (2010), as décadas de 1950 e 1960 abordavam o conceito marketing no foco da gestão de produto, passando para a gestão do cliente entre 1970 e 1980, chegando à gestão de marcas nas décadas de 1990 e 2000. Acrescenta-se a grande importância à expressão cunhada por Neil Borden na década de 1950: “mix de marketing”, representada pelos 4Ps de Jerome McCarthy, na década de 1960, o que traduz a função de gerar demanda por produto, ou seja: Produto, Preço, Promoção e Praça. A demanda agora era gerada não pelo próprio produto ou serviço, mas sim pelo cliente. Com o passar dos anos, o conceito de marketing passou de um nível tático para um nível estratégico. O marketing visto como estratégico tem uma visão de longo prazo, baseado em análises das diversas variáveis que compõem o ambiente de negócios (macroambiente, setor, concorrentes e mercado), os profissionais traçam estratégias do composto de marketing (4Ps), orientadas aos segmentos-alvo da organização. Recentemente, Kotler et al. (2010) destacaram a perspectiva social do marketing. Para os autores, o consumidor é mais do que um simples comprador, ele tem preocupações coletivas e ambientais e aspira por uma sociedade melhor. Dessa forma, as empresas devem migrar de uma abordagem centrada no consumidor para uma abordagem centrada no ser humano. Esta seria a essência da proposta do marketing 3.0, ganhar vantagem competitiva por meio de ações conjuntas que nutrem as expectativas da organização, dos clientes e da sociedade. E como está inserido o marketing nas instituições de ensino? Para Kotler & Fox (1994), as instituições de ensino tornaram-se mais receptivas ao marketing no momento em que seus mercados passaram a sofrer mudanças, ou seja, quando os estudantes vieram a ser escassos ou difíceis de atrair. Ou seja, com a evolução das práticas gerenciais e o aumento da concorrência, as instituições de ensino passaram a adotar ações de marketing. Com o passar dos anos, a noção de marketing evoluiu do equivocado conceito de propaganda e, por conseguinte, “venda” de ensino para o efetivo conceito dessa ferramenta, constituindo-se, assim, numa nomenclatura própria e focada na criação, comunicação e entrega de valor: o marketing educacional.


Atualmente, as instituições de ensino de educação básica vêm enfrentando concorrência cada vez mais acentuada. A evasão, a inadimplência e a paridade na oferta de serviços estimulam o gestor educacional a buscar boas práticas para atingirem seus objetivos qualitativos e quantitativos. Diante de tal contexto, o marketing ganha força como ferramenta para auxiliar no crescimento sustentável das instituições de ensino. Porém, vale ressaltar que o marketing educacional não deve se restringir a uma abordagem operacional, mas sim estratégica. Segundo Cravens e Piercy (2007, p. 30): [...] o marketing estratégico é o processo de desenvolvimento de uma estratégia voltada para o mercado, que leva em consideração a constante mudança do ambiente e a necessidade de oferecer valor adicional ao cliente. O foco do marketing estratégico está no desempenho organizacional, e não no aumento de vendas. Já o marketing operacional, conforme Lambin (2000), caracteriza a ação no conceito de marketing, quando praticado revela um comportamento voluntarista de conquista de mercados existentes, cujo horizonte de ação se situa no curto/ médio prazos. Representa o típico comportamento comercial, orientado para o volume de vendas e ancorado nos meios táticos, principalmente as ferramentas de comunicação. Porém, não se pode deixar de salientar que o que norteia a prática educacional é o meio acadêmico, e não há ação de marketing que consiga sustentar uma instituição que não é provida de excelência na educação. Colombo (2005 p. 171) acrescenta um quinto P ao mix de marketing educacional: o Professor: Nesse novo cenário, cabe extrapolar, ir além das quatro paredes que delimitam o relacionamento tradicional, ..., criando, assim, uma verdadeira relação com seus clientes, alunos, atendendo a suas necessidades... É preciso criar novos caminhos e encantar. METODOLOGIA Visando atingir os objetivos propostos neste estudo, foi realizada uma pesquisa de vertente qualitativa do tipo exploratória. A coleta de dados se deu por meio de entrevistas em profundidade realizadas nos meses de maio e julho de 2011. Os dados foram analisados em vista do conteúdo das entrevistas. A análise de conteúdo é um método empregado por pesquisadores de todas as áreas em que os seres humanos expõem suas opiniões, percepções, crenças, sentimentos e ideias (Roesch, 1999). Tendo como base os objetivos do presente estudo, foram definidas três categorias para análise dos conteúdos levantados nas entrevistas. As categorias estruturadas são: Categoria 1: Configuração da área responsável pelo marketing educacional; Categoria 2: Atividades e funções da área responsável pelo marketing educacional; Categoria 3: Marketing Educacional e seu relacionamento com a área acadêmica.

Configuração da área responsável pelo marketing educacional As instituições analisadas possuem uma área de marketing bem-estruturada, porém enxuta, identificada pelo nome de área de comunicação ou assessoria de marketing e comunicação. A estrutura dos departamentos possui de um a três profissionais com formação nas áreas de relações públicas, publicidade e propaganda e jornalismo. Além dos profissionais internos existem prestadores de serviços externos, como agências de propaganda e assessoria de imprensa. Porém, existem escolas que optam por ter uma house agency (agência interna própria), onde todas as peças de comunicação são desenvolvidas internamente. A house agency, segundo os entrevistados, agiliza a criação e confecção dos materiais solicitados. Por outro lado, as chances de se ter materiais de comunicação inovadores são mais restritas. Observa-se que as áreas de marketing ganharam, com o passar dos anos, uma maior importância dentro da estrutura das escolas. A figura de uma área com um único profissional da área de comunicação e/ ou jornalismo dá espaço para setores de marketing maiores e mais estruturados. O motivo do crescimento dessas áreas está relacionado ao aumento da competitividade do setor e à busca pela oferta de serviços de melhor qualidade. Entretanto, ainda existe certo receio em identificar o departamento com a nomenclatura marketing. As instituições optam por nomenclaturas relacionadas à comunicação, como assessoria de comunicação. Atividades e funções da área responsável pelo marketing educacional As atividades realizadas pelos departamentos de marketing educacional estão relacionadas principalmente à comunicação interna e externa da instituição. Entre as atividades de comunicação interna estão a elaboração de jornais e revistas da escola, apoio a eventos acadêmicos e festivos, confecção de cartazes e peças de sinalização interna. O público-alvo dessas ações são alunos, pais de alunos, professores e funcionários da escola. As ações de comunicação externa desenvolvidas são voltadas para a captação de novos alunos e relacionamento com a sociedade, destaca-se a confecção de planos de comunicação e peças publicitárias. Essas atividades são desenvolvidas pela própria área de marketing ou em parceria com agências de propaganda. Tais ações ocorrem em maior intensidade no período de inscrições abertas das instituições. Outra atividade que se destaca são as ações de marketing digital, principalmente a ativação e gerenciamento de redes sociais como Orkut, Facebook e Twitter. Dessa forma, o monitoramento das redes, assim como a postagem de noticias, é responsabilidade da área de marketing. Como descrito anteriormente, as principais funções das áreas responsáveis pelo marketing educacional estão relacionadas a comunicação, captação de alunos e zelo pela imagem da instituição. Em relação à comunicação, as instituições investigadas utilizam praticamente todas as ferramentas do composto de comunicação: propaganda, assessoria de imprensa, eventos, relações públicas e comunicação digital. Observa-se que do arcabouço do composto de marketing, conhecido popularmente como 4ps, as funções do marketing educacional estão relacionadas basicamente ao “P” da promoção, ou seja, comunicação. As demais ferramentas do marketing mix – produto, preço e praça – não são de responsabilidade dos departamentos.

45


Outro ponto importante é que as funções e atividades ficam muito restritas a questões operacionais, ou seja, ações de curto prazo. As atividades relacionadas ao marketing estratégico, que envolvem planejamento mercadológico de médio e longo prazos, não são atividades centrais das áreas de marketing investigadas, o que torna esses departamentos basicamente operacionais. Conforme Cravens e Piercy (2007), o foco do marketing estratégico está no desempenho organizacional, e não no aumento de vendas no curto prazo. Porém, apesar dessa postura operacional, existe a consciência por parte dos profissionais investigados de que o marketing educacional deve ser mais estratégico, ou seja, ter a área de marketing como um apoio para as decisões estratégicas de longo prazo da escola. Existem inclusive instituições que já adotam uma postura mais estratégica de seus departamentos de marketing, envolvendo-os de forma ativa no processo de planejamento da escola. Conforme cita um dos entrevistados: “A área de marketing possui espaço na equipe de planejamento estratégico, com a presença de um profissional. O envolvimento é direto, com a apresentação de indicadores, dados internos e da concorrência, servindo como fonte de informação e auxilio nas tomadas de decisão”. Marketing Educacional e seu relacionamento com a área acadêmica A área responsável pelo marketing das instituições de ensino é diretamente subordinada ao diretor-geral da instituição, sendo staff para a comunicação interna e externa e o pilar central das atividades para captação de novos alunos e demais ações relacionadas à gestão da imagem do colégio. Segundo os entrevistados, os profissionais de marketing educacional devem ter uma relação próxima com o setor acadêmico, pois é fundamental compreender a proposta pedagógica e os valores do colégio para que as ações da instituição não sejam um discurso vazio. Uma das discussões presentes em torno do tema é o fato de o aluno ser ou não considerado cliente. Segundo a pesquisa, o posicionamento é no sentido de que pais e alunos são clientes somente nas relações administrativas, mas nas questões acadêmicas não são. CONSIDERAÇÕES FINAIS Segundo a pesquisa realizada, as áreas responsáveis pelo marketing educacional das escolas possuem uma abordagem mais operacional que estratégica. Para Kotler (1996), este é o primeiro estágio dos setores de marketing, ou seja, são constituídos por uma pequena equipe de marketing que desempenha atividades relacionadas à comunicação e trabalha de forma orgânica com o departamento comercial da organização, no caso, a captação de alunos. Essa abordagem se evidencia pelo fato de grande parte das atividades descritas serem relacionadas a atividades de comunicação. Porém, algumas escolas já têm uma abordagem mais estratégica de marketing que, segundo Kotler (1996), seria a terceira geração dos setores de marketing, em que as atividades

concentram-se na construção da marca e no apoio a planejamentos de longo prazo. De acordo com o autor, essas gerações dos departamentos de marketing estão associadas ao tempo de existência da área e da sua maturidade. Como o marketing educacional é relativamente novo, começou a ganhar maior relevância na década de 90, é normal que muitas instituições estejam no primeiro estágio, pois ele é o primeiro passo para uma postura mais estratégica. Um fato que se destacou na investigação é a adoção de ferramentas de comunicação digital por parte das instituições. A ativação e gerenciamento de redes sociais, ações de mobile marketing e otimização de resultados em sites de busca são atividades rotineiras das escolas investigadas. Vale ressaltar que, em relação a ações digitais, essas instituições de ensino estão em paridade com os departamentos de marketing de outros setores, pois de uma forma geral os departamentos de marketing passaram a incorporar ações digitais nos últimos cinco anos. O amadurecimento do marketing educacional também começa a moldar a relação do marketing com a área acadêmica das escolas. Uma das grandes preocupações dos gestores de marketing era uma interferência negativa do marketing na academia, transformando o aluno em cliente, o que seria, e é, um desastre para qualquer sala de aula. Porém, o que verificamos é uma posição em que o marketing não deve intervir em questões operacionais pedagógicas e que o sucesso de uma instituição depende de uma boa experiência na sala de aula, pois esse é o principal momento da verdade de uma instituição de ensino. Portanto, o marketing não deve ser visto como uma solução milagrosa, mas como um processo consistente e sério de construção, comunicação e entrega de valor. Sobre a entrega de valor, acreditamos que seja um dos principais desafios das instituições de ensino, principalmente pela falta de clareza da sociedade sobre o real papel que as escolas devem desempenhar na sociedade contemporânea. Por fim, ressaltamos que se a experiência acadêmica de uma intuição de ensino não for boa, não há marketing que resolva.

REFERÊNCIAS AVILA, Jorge de. O Papel do Marketing nas Universidades Brasileiras: Um Estudo Prospectivo Fundamentado no Método “DELPHI”. Dissertação de Mestrado em Administração. Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1990. COLOMBO, S.S. Marketing Educacional em Ação: Estratégias e Ferramentas. Porto Alegre: Artmed/Bookman, 2005. CRAVENS, D.W.; PIERCY, N.F. Marketing Estratégico. 8 ed. São Paulo: McGrawHill, 2007. HOFFMANN, K. D.; BATERSON J.E.G. Princípios de Marketing de Serviços. São Paulo: Thompson, 2003. LAMBIN, J.J. Marketing Estratégico. Lisboa: MacGraw-Hill, 2000. KOTLER, P. Administração de Marketing. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1996. KOTLER, P; FOX, K.F.A. Marketing estratégico para instituições educacionais. São Paulo: Atlas, 1994. KOTLER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 3.0: As forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

¹ Doutorando em Educação pela PUCRS, Diretor da Pós-Graduação e Extensão e professor da ESPM-SUL. E-mail: ggalli@espm.br ² Professora da FAE Porto Alegre. E-mail: agalli@ig.com.br

46

MEC/INEP – Censo Escolar 2010 – disponível em: <http://portal.mec.gov. br/index.php?option=com_content&view=article&id=16179>, 14 de julho de 2011. ROESCH, S. M. A. Projetos de estágios e de pesquisa em administração: guias de estágios, trabalhos de conclusão, dissertações e estudo de casos. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999.


LEGISLAÇÃO DE ENSINO Ensino Fundamental de nove (9) anos - Ingresso e Currículo

M

uito já se falou sobre o Ensino Fundamental de nove anos, sobre a obrigatoriedade de matricular os alunos com 6 anos de idade no ensino fundamental e não mais na pré-escola. Vários documentos legais foram exarados pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e pelo Conselho Estadual de Educação (CEED). Neste momento gostaríamos de retomar alguns, para melhores esclarecimentos. Ingresso no 1º ano do ensino fundamental de 9 anos: a Resolução do Conselho Estadual de Educação, nº 307/2010, no seu artigo 1º, expressa: ”Para ingresso no 1º ano do ensino fundamental, a criança deverá ter completado seis anos de idade até o dia 31 de março do ano em que ocorrer a matrícula”. Portanto, para o ano letivo de 2012, as escolas têm que efetuar matrícula no primeiro ano do ensino fundamental de nove anos somente para crianças com 6 anos de idade ou que completarem essa idade até 31/3/2012. Não existe mais outra possibilidade para a escola. Também queremos relembrar que, para matrícula na PréEscola, a criança deve ter, no mínimo, 4 anos de idade completos, até dia 31/3 do ano em que ocorrer a matrícula (Resolução CEED nº 311/2010). Organização do Ensino Fundamental de nove anos: a Resolução CNE/CEB de nº 3/2005, no seu art. 3º, nos dá a organização do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos e as nomenclaturas que devemos adotar: Anos Iniciais - dos 6 aos 10 anos de idade (1ª ao 5º ano) e Anos Finais - dos 11 aos 14 anos (6º ao 9º ano). Fica claro, por esta Resolução, que os anos iniciais do ensino fundamental incluem o 5º ano. Pela Resolução CNE/ CEB nº7/2010, o professor que tem a formação feita em curso normal de nível médio está apto a lecionar da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental, apesar de o artigo 62 da LDBEN expressar que “A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena..., admitida, como formação mínima, para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal”. Não encontramos norma legal alterando este artigo. Gostaríamos de relembrar que tanto o egresso do Curso de Pedagogia quanto o egresso do Curso Normal de nível médio estão aptos a lecionar da Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental, podendo, inclusive, lecionar os componentes curriculares Educação Física e Artes. O Conselho Nacional de Educação chama o professor que atua na Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental de professor referência da turma, por ser aquele com o qual os alunos permanecem a maior parte do tempo (Resolução CNE/CEB nº7/2010). Aconselhamos

às escolas a retomada da Resolução CNE/CP nº 1/2006, que trata sobre o Curso de Pedagogia. Este Curso está bastante modificado, possibilitando atuação, inclusive, em outros setores que exigem conhecimentos pedagógicos. Elaboração/construção do currículo escolar: além das normas legais supramencionadas, outras têm influência na organização do currículo escolar: o Parecer do CEED nº 194/2011, que mantém a decisão de retenção de alunos somente do 1º para o 2º ano do ensino fundamental, deixando às escolas a decisão de adotar bloco único do 1º ao 3º ano, sem retenção. Nosso Conselho se posiciona diferentemente do Nacional. O CNE considera os três primeiros anos como um bloco único, sem retenção do aluno (Resol. Nº 7/2010). Temos o Parecer CNE/CEB nº11/2010 que norteia também a construção do currículo. Ambos mostram que a escola não pode considerar como blocos distintos a base nacional comum e a parte diversificada do currículo, pois ambas formam um todo integrado. Expressam que “Os conteúdos sistematizados que fazem parte do currículo são denominados componentes curriculares, que se articulam às áreas do conhecimento”. As áreas do conhecimento dadas pela legislação são: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Ensino Religioso. São elas que ajudam na comunicação entre os conhecimentos e saberes dos diferentes componentes curriculares, mas, ao mesmo tempo, temos a obrigação de preservar o referencial de cada componente curricular. Temos uma nova lei federal aprovada em 1º de setembro/2011Lei nº 12.472. Ela acrescenta ao artigo 32 da LDBEN o § 6º que expressa: “O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído como tema transversal nos currículos do ensino fundamental”. O prazo para entrar em vigência é de 90 dias, o que significa estar presente nos currículos escolares em 2012. Ainda, por determinação legal, devem integrar o currículo outros temas como saúde, sexualidade e gênero, educação para o trânsito, direitos da criança, do adolescente e do idoso, preservação do meio ambiente, educação para o consumo, educação fiscal, trabalho, ciência e tecnologia, diversidade cultural. Esses temas denominados transversais devem permear o desenvolvimento dos conteúdos da base nacional comum e da parte diversificada do currículo, não permitindo o estudo como componente curricular isolado. Perguntamos: de que maneira a escola vai organizar sua matriz curricular para atender os componentes curriculares e os temas transversais obrigatórios? Quais serão os grandes eixos temáticos? A escola já pensou no seu papel frente às redes de aprendizagem? Não podemos dizer. A norma legal dá liberdade de escolha à escola. Nosso propósito é chamar a atenção para a mudança, mudança essa que exige muito estudo, diálogo e comprometimento de todos. Exige ousar. Célia Silveira

Especialista em supervisão educacional

47


CINEMA

Acerca da dignidade do animal na era do domínio ilimitado da natureza Por Adriana Kurtz*

A

ideia do homem, como bem notou Theodor Adorno, exprime-se na maneira pela qual ele é distinguido do animal. “A ausência da razão no animal prova a dignidade do homem”, disse – com amarga ironia – o filósofo na “Dialética do Esclarecimento” (1947). Tal ideia só aparentemente foi esquecida pelos behavioristas: “O fato de que aplicam aos homens as mesmas fórmulas e resultados que eles, desencadeados [livres, soltos], arrancam a animais indefesos em seus atrozes laboratórios de fisiologia confirma essa diferença de maneira particularmente refinada”. Todavia, “a conclusão que tiram dos corpos mutilados dos animais não se ajusta ao animal em liberdade, mas ao homem atual”. Para Adorno, em resumo, o homem, ao violentar os animais e a natureza, não fazia mais do que violentar a si mesmo, utilizando de sua razão para fins de dominação e destruição, sob o ritmo implacável da produção capitalista. Pois é exatamente a indústria cultural que nos oferece mais um produto da “franquia” – para usarmos o termo da moda – “Planeta dos Macacos”. O novo filme da série que se iniciou em 1968, baseada no romance de Pierre Boulle, bate recordes de bilheteria e arrasta multidões aos cinemas para acompanhar a saga de César, o personagem central de “Planeta dos Macacos: A Origem”. Mas como bem lembrou Edgar Morin, a cultura, ainda que transformada em produto, continua a ser “o mais humano de todos os produtos”, o que explica a relevância desta narrativa distópica que a indústria do cinema vem explorando há mais de quatro décadas. O primeiro e incomparável filme da série acompanhava o astronauta George Taylor (Charlton Heston) ao chegar a um planeta supostamente desconhecido, onde macacos falantes escravizavam humanos selvagens.

48

Ficha Técnica: Planeta dos Macacos: A Origem “Rise of the Planet of the Apes” EUA, 2011, 105 min, cor Direção: Rupert Wyatt Elenco: James Franco, Freida Pinto, Andy Serkis, Brian Cox, Tom Felton, David Hewlett, John Lithgow.

Com a ajuda do casal de cientistas Zira e Cornelius, Taylor consegue escapar do cativeiro e fugir até a “Zona Proibida”, onde se depara, horrorizado, com um pedaço da estátua da liberdade em plena beira-mar. Esta cena não escondia a alegoria da época, marcada pela Guerra Fria e o medo paranoico da ameaça nuclear. “A Origem” narra como os símios inteligentes vieram ao mundo, sob o ponto de vista de um deles, César (Andy Serkis). Aqui a distopia mira a ganância e a imoralidade de cientistas e projetos ligados à indústria farmacêutica, já que Will (James Franco) coordena pesquisas com vírus para aperfeiçoar a neurogênese, em busca da cura do mal de Alzheimer, doença de que seu pai (John Lithgow) sofre. Os testes com macacos são interrompidos quando a chipanzé Olhos Brilhantes (uma das muitas citações aos demais filmes da série) morre, deixando um bebê, que o cientista leva clandestinamente para casa. Como resultado dos experimentos com sua mãe, César começa a demonstrar uma inteligência fora do comum. Adulto, torna-se consciente da barbárie dos animais “racionais” e de seu poder, liderando uma revolta contra os humanos. Auxiliado por recursos tecnológicos de última geração, “Planeta dos Macacos” vale mesmo por aquela repetida advertência moral que, todavia, não aprendemos nunca. Retomando Adorno: “Durante milênios os homens sonharam com o domínio ilimitado da natureza e com a transformação do cosmo num infinito território de caça. É para isso que se voltavam as ideias [e diríamos, a ciência] das pessoas numa sociedade de homens”. Assim, resta-nos assistir a mais um filme da “franquia” milionária e, quem sabe, invejar a sabedoria de uma natureza sempre violentada.

*Doutora em Comunicação e Informação pela UFRGS e Professora dos Cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-Sul).


LIVROS

DICAS

DVD

Rubem Alves & Moacyr Scliar - Conversam sobre o corpo e a alma Rubem Alves & Moacyr Scliar

Com uma linguagem inédita em seu gênero, a obra traz uma conversa entre os dois autores sobre doenças da alma, como melancolia, inveja, culpa, além de abordar o poder mítico do médico, o poder da cura pela palavra e a questão da felicidade. Uma leitura fluente e inspiradora, indispensável para quem gosta de refletir sobre as grandes e pequenas questões da vida. Da Saberes Editora, a publicação tem 125 páginas e custa R$ 29. Mais informações: www.sabereseditora.com.br

Por que você não me obedece? Isabel Parolin (Org.)

Trazendo um tema pungente e atual, o livro compõe, com outros dois que o antecedem, um importante conjunto de obras escritas por psicólogos e psicopedagogos experientes em lidar com problemas de indisciplina, de bullying, de distúrbios de aprendizagem, entre outros. As contribuições dos autores auxiliarão os leitores a encontrar novos caminhos para exercer o difícil papel de pais e educadores. A obra, da editora Mediação, possui 104 páginas e custa R$ 34. Mais informações: editora. mediacao@terra.com.br

Como Estrelas na Terra

O filme conta a história de uma criança que sofre com dislexia e custa a ser compreendida pela família e na sociedade. Ishaan Awasthi, de 9 anos, é rejeitado pelo pai, que acredita ser apenas falta de disciplina e trata Ishaan com muita rudez e pouca sensibilidade. Após serem chamados na escola para falar com a diretora, o pai do garoto decide levá-lo a um internato. Tal atitude só faz regredir em Ishaan a vontade de aprender e de ser uma criança. Até que ele conhece o professor substituto de artes, que logo percebe os problemas de Ishaan. Não demorou para que o diagnóstico de dislexia ficasse claro para ele, o que o leva a pôr em prática um ambicioso plano de resgatar aquele garoto que havia perdido a vontade de viver. O drama é dirigido por Aamir Khan.

O desafio de aprender ao longo da vida Guy Claxton

Um livro inovador sobre o futuro da aprendizagem. As novas ciências do cérebro e da mente estão revelando que todos têm capacidade para aprender eficientemente e passar a vida aprendendo. Isso tem pouco a ver com a inteligência convencional ou com o sucesso educacional. Guy Claxton ensina como educar crianças que são exploradores curiosos e confiantes, e como nós mesmos podemos aprender a unir resolução de problemas com criatividade. Da Artmed, o livro tem 248 páginas e custa R$ 64. Mais informações: 0800 703 3444.

Antes de partir

Infanto-juvenil

Billy em busca de um mundo melhor

Org: Isabel Lizakoski 16 páginas R$ 4 Publicação da IENH Mais informações: (51) 3594 3022

O pequeno filósofo

Gabriel Chalita Globo Editora 115 páginas

R$ 24

Que animal eu vejo? Gabriela Degen Brinque Book 18 páginas R$ 26

Carter Chambers é um homem casado, que há 46 anos trabalha como mecânico. Submetido a um tratamento experimental para combater o câncer, ele se sente mal no trabalho e com isso é internado em um hospital. Logo passa a ter como companheiro de quarto Edward Cole, um rico empresário que é dono do próprio hospital. Edward também está com câncer e, após ser operado, descobre que tem poucos meses de vida. O mesmo acontece com Carter, que decide escrever seus principais desejos antes de morrer. Ao saber disto, Edward propõe que eles os realizem, o que faz com que ambos viajem pelo mundo para aproveitar seus últimos meses de vida. O drama tem a direção de Rob Reiner.

49


PUBLICAÇÕES As publicações institucionais, como jornais e revistas, são canais importantes para divulgar o trabalho das instituições e reforçar a sua imagem junto à comunidade em que atua. “Educação em Revista” recebeu algumas dessas publicações, as quais reproduz no espaço abaixo:

50



. O Ã Ç A M R A DE INFO

S I C E R P O EDUCAÇÃ

AGÊNCIA BISTRÔ

? O X I A B M E A N I S S A Ê VOC

iretamente e chegando d d a d li a u q e d dades nte conteúdo planejar ativi Revista gara m ra e a p o o çã çã ca a u da Ed as ais inform Ser assinante com as notíci significa ter m se so rIs za . li e a d a tu d a vi com exclusi realidades e na sua mão, hecer outras n co , casa. o n si n e ão de E/RS na sua P iç E u it IN st S in o d a a su do a revist dentro da ntes receben zo ri o h s u se e li ões/ ano) da área. Amp 55,00 (6 ediç

speciais de s condições e

roveite a

Assine já. Ap

0 6860 2 6 9 / 6 2 5 8 / 3024 2 8 2 3 2 2 0 3 1 5 s.org.br r e p e in s l@ comercia EM REVISTA

$

aniversário: R


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.