Edição 89

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Conheça as instituições vencedoras dos Prêmios do SINEPE/RS &/53&7*45"

Soleiman Dias fala sobre a receita de sucesso da Coreia do Sul




&91&%*&/5& (GXFDomR HP 5HYLVWD p R yUJmR RžFLDO de divulgação do Sindicato do Ensino Privado do Rio Grande do Sul - SINEPE/RS, com circulação bimestral ISSN 1806 – 7123

&%*503*"A educação em tempos de ‘terapia’ A educação brasileira vive um momento de autoanĂĄlise. A partir dos resultados de avaliaçþes como o Pisa, Enem, Enade e Prova Brasil, alĂŠm das avaliaçþes institucionais de cada escola, hĂĄ elementos de sobra para verificar o que nĂŁo vai bem e o que precisa melhorar no sistema educacional do paĂ­s. Sabemos que esse ĂŠ o primeiro passo de uma terapia; o segundo deve ser elaborar planos e estratĂŠgias para resolver o que nĂŁo estĂĄ bom. E ĂŠ neste estĂĄgio que a educação se encontra. Ao constatar que um dos maiores problemas ĂŠ o currĂ­culo escolar, os poderes do Legislativo e do Executivo tĂŞm investido esforços para propor mudanças. E nĂŁo sĂŁo poucas... sĂł na Câmara de Deputados transitam mais de 300 projetos de lei propondo a inserção de novos conteĂşdos e/ou componentes curriculares. Enquanto isso, no MinistĂŠrio da Educação discute-se a proposta de aumentar o nĂşmero de horas-aula. SerĂĄ esse o caminho para sairmos da 54ÂŞ posição no Pisa e figurarmos entre os melhores do mundo? Na reportagem de capa desta edição, mostramos um panorama dessas propostas e a avaliação dos especialistas sobre o que pode funcionar e o que ficarĂĄ somente na utopia. Ainda com um olhar internacional, a seção Entrevista traz um relato do brasileiro Soleiman Dias sobre o sistema educacional da Coreia do Sul. HĂĄ dez anos no paĂ­s asiĂĄtico, ele hoje ĂŠ vice-presidente do Conselho Coreano de Escolas Internacionais e faz parte da diretoria da Chadwick Internacional, considerada uma das escolas mais avançadas do mundo. Dias explica o que levou o paĂ­s a atingir Ă­ndices de excelĂŞncia na educação e sugere o que pode ser ‘copiado’ pelo Brasil. E para quem estĂĄ planejando a gestĂŁo financeira da instituição para 2012, a reportagem especial da seção GestĂŁo traz dicas de como garantir a sustentabilidade, diante das turbulĂŞncias da economia internacional. JĂĄ no Ensino Superior, a discussĂŁo gira em torno da inovação no processo ensinoaprendizagem, com o exemplo do mĂŠtodo que vem ganhando espaço no Brasil: o Peer Instruction (instrução pelos pares), criado pelo professor de FĂ­sica Eric Mazur, da Universidade de Harvard. Para completar esta edição, chamamos a atenção do leitor para as primeiras pĂĄginas da revista. LĂĄ estĂŁo os vencedores dos PrĂŞmios Inovação em Educação, de Responsabilidade Social e Destaque em Comunicação, que abrilhantaram o aniversĂĄrio de 63 anos do SINEPE/RS. Nossos parabĂŠns a essas instituiçþes que fazem a diferença no ensino privado gaĂşcho!

Presidente: Osvino Toillier 1Âş Vice-Presidente: HilĂĄrio Bassotto 2Âş Vice-Presidente: FlĂĄvio Romeu D’Almeida Reis 1Âş SecretĂĄrio: Vanderlei Langoni de Souza 2Âş SecretĂĄrio: Maria Helena Lobato 1Âş Tesoureiro: JoĂŁo Olide Costenaro 2Âş Tesoureiro: Wilson Ademar Griesang Suplentes: 1Âş Suplente: MĂ´nica Timm de Carvalho 2Âş Suplente: Oswaldo Dalpiaz 3Âş Suplente: AdĂŠlia Dannus 4Âş Suplente: Delmar Backes 5Âş Suplente: Olavo JosĂŠ Dalvit 6Âş Suplente: Bruno Eizerik 7Âş Suplente: Adelmo Germano Etges CONSELHO FISCAL Titulares: Ruben Werner Goldmeyer Luiz Fernando Felicetti Valderesa Moro Suplentes: 1Âş Suplente: Isaura Paviani 2Âş Suplente: Maria Angelina Enzweiler 3Âş Suplente: Anelori Lange Conselho Editorial: ProfÂş Osvino Toillier, ProfÂş HilĂĄrio Bassotto, ProfÂş FlĂĄvio D’Almeida Reis, ProfÂş Ruy Carlos Ostermann, ProfÂş Pedro Luiz da Silveira OsĂłrio, ProfÂŞ Naime Pigatto Sperb, ProfÂŞ MĂ´nica Timm de Carvalho e ProfÂş Carlos Jahn. Coordenador da Assessoria de Comunicação e Marketing: Prof. Osvino Toillier Assessora de Comunicação e Marketing: Graciela Dias de Oliveira Assessora de Imprensa: Carine Fernandes Assistente de Comunicação: ClĂĄudia Diniz de Farias Auxiliar de Comunicação: Yuri Vellinho Edição: Carine Fernandes (MTB 15449) Reportagens: Karine Ruy (MTB 11999) Foto da capa: IStockPhoto Ilustração: Vit NuĂąez

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Representar e congregar as instituiçþes do HQVLQR SULYDGR QD SURPRomR GH VXD TXDOLžFDomR permanente, diferenciação e sustentabilidade.

Ă“tima leitura. Carine Fernandes

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Editora da Educação em Revista

Ser referência como instituição no cenårio HGXFDFLRQDO EUDVLOHLUR UHFRQKHFLGD SHOD HžFLrQFLD na representação sindical e proposição de novos VLJQLžFDGRV DR VHWRU

Fale conosco Redação Cartas, comentårios, sugestþes, matÊrias; educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br

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AnĂşncios e assinaturas E-mail: comercial@sinepe-rs.org.br Fone: (51) 3022-3282/9998.5807

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Educação em Revista não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matÊrias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Por motivos de espaço e clareza, as cartas e artigos poderão ser resumidos

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Compromisso com o Associado - Ética e TransparĂŞncia - CompetĂŞncia - Cultura da Inovação - Responsabilidade Socioambiental.


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Conheça os vencedores dos Prêmios do SINEPE/RS 2011

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Soleiman Dias fala sobre a receita de sucesso da Coreia do Sul

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Especialistas discutem as propostas de mudanças na educação

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(&45«0 Como planejar as contas para 2012

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Iniciativa do Colégio João XXIII aproxima estudantes da Física

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A busca pela inovação pedagógica

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Tracey Espinosa responde a perguntas dos participantes do 11º Congresso

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$ Educaçmo Pro¾ssional de nível médio

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FOTOS: FLÁVIO DUTRA/SINEPE/RS

Destaques da educação dão lição de excelência nos 63 anos do SINEPE/RS

A

s 38 instituições agraciadas com o 9º Prêmio Destaque em Comunicação, o 6º Prêmio SINEPE/RS de Responsabilidade Social e o 2º Prêmio Inovação em Educação, na comemoração dos 63 anos do SINEPE/RS, não levaram apenas um prêmio para casa, mas o reconhecimento de que o desafio a que se propuseram está sendo vencido e os objetivos alcançados. O evento realizado em 6 de dezembro, na PUCRS, em Porto Alegre, mostrou que a maior lição é primar pela excelência. O reitor da Univates, de Lajeado, Ney José Lazzari, afirmou que a conquista do Prêmio Destaque em Comunicação, categoria Mídia Digital – pelo novo portal da universidade – é reflexo de trabalho desenvolvido para o bom relacionamento entre a instituição e seu público. Já, para o Colégio Israelita Brasileiro, de Porto Alegre, vencedor do Prêmio Inovação em Educação, categoria Gestão Pedagógica, com a Universidade Corporativa, a conquista é resultado dos objetivos da instituição. “Colocamos na nossa visão

a inovação, ter práticas inovadoras. Isso mostra que nossas metas estão sendo atingidas”, comemorou a diretora, Mônica Timm de Carvalho. O Colégio Marista Sant’Ana, de Uruguaiana, voltou para casa com o ouro na categoria Público Interno do Prêmio de Responsabilidade Social, com o projeto ‘Comunicação motivacional agregando valor à gestão’. A diretora Marisa Crivelaro acredita que a distinção mostra que “é possível investir na humanização das relações humanas e no resgate da autoestima por meio da comunicação, com criatividade e baixo custo”. Segundo ela, os frutos desse trabalho já estão sendo colhidos: a motivação de alunos e professores. As premiações do SINEPE/RS têm como objetivo qualificar e incentivar a promoção da qualidade do ensino privado, nas áreas da inovação, responsabilidade social e comunicação. Em 2011, foram inscritos 127 trabalhos e o processo de avaliação envolveu 87 jurados. “Temos, com essa premiação, a sacralidade da missão educativa. Não só os projetos vencedores, mas pela importância de todos os projetos inscritos”, declarou o presidente do SINEPE/RS, Osvino Toillier. O jurado do Prêmio de Comunicação e consultor dos prêmios, Paulo Ratinecas, lembrou que neste ano os critérios de avaliação foram aumentados. “As instituições de ensino premiadas foram ainda mais exigidas, o que tem um resultado muito grande nesse contexto.” Já, a jurada do Prêmio de Inovação, Elisabete Garbin, destacou que é prazeroso poder participar de um evento que prima pela ética, competência e pela exigência em todas as etapas da premiação. “O aprendizado que levamos dessa experiência é sem dúvida, um modelo a ser replicado por todos aqueles que de alguma forma ainda têm tesão pela educação”, acrescentou.

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FOTOS: FLÁVIO DUTRA/SINEPE/RS

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O gerente do Instituto Gerdau, Clóvis Xavier, representante dos jurados de Responsabilidade Social, cumprimentou a todos os jurados e escolas e afirmou que os projetos estão crescendo a cada ano. “Todos são ganhadores, porque a gente está encontrando um aprendizado. Principalmente na proposta de educação aos nossos jovens, nas escolas, no sentido de entenderem a comunidade onde vivem, compartilharem, inovarem, criarem e se tornarem pessoas melhores. O prêmio traz, sim, a proposta de educação. Nós encontramos jovens melhores, famílias interagindo com a escola, comunidades felizes. Para nós avaliadores, essa proposta é fantástica” afirmou. Ganhadora do Prêmio Excelência em Comunicação, a escritora gaúcha Lya Luft, falou da ligação da família com o ensino e da evolução do ensino privado no Estado. “Acompanho com enorme interesse não só nos meus artigos, mas na minha vida particular, a evolução, as lutas, as dificuldades e a excelência do ensino privado no Rio Grande do Sul. Vocês, na verdade, são heróis numa situação muito desfavorável à educação neste país. Eu tenho batalhado por isso, acho que todo mundo quer que melhore. Estas escolas, faculdades, entidades (premiadas) são verdadeiras ilhas de excelência em educação”, afirmou a escritora. Lya coleciona 23 livros publicados no Brasil e, atualmente, está produzindo um novo romance que deve sair até o final do próximo ano. Há sete anos, dedica parte do seu tempo à produção de crônica semanal para a Revista Veja. Em seus textos aprofunda temas sobre as relações humanas, estereótipos sociais e os problemas da educação. A entidade social Via Vida, que atua em prol da doação de órgãos e tecidos, foi homenageada com o Prêmio Excelência em Responsabilidade Social. A presidente da instituição, Lúcia Elbern, convidou a todos os voluntários para subirem ao palco e explicou o trabalho da Via Vida, que busca mudar a cultura sobre doação de

órgãos e tecidos, prevenção de patologias e promoção da saúde. “A saúde física e mental é o pilar que permite ao ser humano construir a sua vida, estudar, trabalhar e realizar os seus sonhos. Estamos cientes que nessa luta estamos trabalhando com algumas das partes mais importantes do direito humano, a educação e a saúde. Se no mundo atual estamos sujeitos a necessitar de um órgão ou tecido, sejamos também potenciais doadores”, afirmou Lúcia. No evento, foram homenageadas, também, 16 escolas jubilares, que completam 50, 75, 100 e 125 anos neste ano. A distinção tem como objetivo destacar e valorizar o trabalho das instituições que construíram uma trajetória de sucesso no Estado, atuando na formação humana e intelectual de gerações. Conheça, nas próximas páginas, todos os homenageados pelo SINEPE/RS.

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HOMENAGEM ÀS INSTITUIÇÕES JUBILARES

"/04 Escola de Ensino Fundamental Sagrado Coração de Jesus de São Leopoldo ColÊgio EvangÊlico Divino Mestre de São Leopoldo ColÊgio Antônio Alves Ramos de Santa Maria

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"/04 Instituto Marista Graças de ViamĂŁo Instituto de Educação Cenecista MarquĂŞs de Herval de OsĂłrio Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ă‚ngelo – IESA, de Santo Ă‚ngelo Escola de Ensino MĂŠdio Divino Mestre de TupanciretĂŁ

"/04 Escola de Ensino Fundamental Sagrado Coração de Jesus de Pedro Osório Escola de Ensino Fundamental Nossa Senhora Estrela do Mar de São Lourenço do Sul Escola de Ensino Fundamental Maria Rainha de Júlio de Castilhos

"/04 ColĂŠgio Sinodal de SĂŁo Leopoldo ColĂŠgio SĂŁo Carlos de Caxias do Sul ColĂŠgio La Salle Caxias de Caxias do Sul

"/04 ColĂŠgio Santa Teresa de Jesus de Santana do Livramento

"/04 ColĂŠgio Farroupilha de Porto Alegre


2Âş PRĂŠMIO INOVAĂ‡ĂƒO EM EDUCAĂ‡ĂƒO ÂŚ3&" '*. m &%6$"ÂŹÂŤ0 #ÂŚ4*$" Ouro: ColĂŠgio Anchieta de Porto Alegre Prata: ColĂŠgio Fundação Bradesco de GravataĂ­ Bronze: ColĂŠgio Marista RosĂĄrio de Porto Alegre

(&45ÂŤ0 1&%"(Âś(*$" m &%6$"ÂŹÂŤ0 #ÂŚ4*$" Ouro: ColĂŠgio Israelita Brasileiro de Porto Alegre Prata: ColĂŠgio Farroupilha de Porto Alegre Bronze: ColĂŠgio Anchieta de Porto Alegre

(&450 1&%"(œ(*$" m &/4*/0 461&3*03 Ouro: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS de Porto Alegre Prata: Universidade Feevale de Novo Hamburgo Bronze: Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos de São Leopoldo

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6Âş PRĂŠMIO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

-6$*" &-#&3/ 13&4*%&/5& %" 7*" 7*%" m 13Âś %0"ÂŹÂş&4 & 53"/41-"/5&4 recebeu o PrĂŞmio ExcelĂŞncia em Responsabilidade Social

13&4&37"ÂŹÂŤ0 ".#*&/5"- Ouro: Escola de Ensino Fundamental Sagrada FamĂ­lia de Rolante Prata: ColĂŠgio JoĂŁo Paulo I - Unidade Sul de Porto Alegre Bronze: Escola Luterana de Ensino MĂŠdio Martinho Lutero de Cachoeirinha

%&4&/70-7*.&/50 $6-563"- Ouro: ColĂŠgio Anchieta de Porto Alegre Prata: ColĂŠgio EspĂ­rito Santo de Canoas Bronze: Antonio Meneghetti Faculdade de Restinga Seca

1Ÿ#-*$0 */5&3/0 Ouro: ColÊgio Marista Sant’Ana de Uruguaiana Prata: Centro Universitårio La Salle - Unilasalle de Canoas

1"35*$*1"0 $0.6/*5Œ3*" Ouro: Universidade de Passo Fundo (UPF) de Passo Fundo Prata: Rede Marista de Educação e Solidariedade de Porto Alegre Bronze: ColÊgio Mauå de Santa Cruz do Sul


9Âş PRĂŠMIO DESTAQUE EM COMUNICAĂ‡ĂƒO

&4$3*503" -:" -6'5 recebeu o Prêmio Excelência em Comunicação

.Âą%*" %*(*5"- m &/4*/0 461&3*03 Ouro: Centro UniversitĂĄrio Univates de Lajeado Prata: PontifĂ­cia Universidade CatĂłlica do Rio Grande do Sul - PUCRS de Porto Alegre

.¹%*" *.13&44" m &%6$"0 #Œ4*$" Ouro: Fundação Escola TÊcnica Liberato Salzano Vieira da Cunha de Novo Hamburgo Prata: ColÊgio Marista Rosårio de Porto Alegre Bronze: ColÊgio Fundação Bradesco de Gravataí

.¹%*" *.13&44" &/4*/0 461&3*03 Ouro: Centro Universitårio Franciscano – UNIFRA de Santa Maria Prata: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul de Porto Alegre (PUCRS) Bronze: Centro Universitårio UNIVATES de Lajeado

.Âą%*" *.13&44" m ."/5&/&%03" Ouro: Rede La Salle de Porto Alegre


.¹%*" %*(*5"- m ."/5&/&%03" Ouro: Rede Marista de Educação e Solidariedade de Porto Alegre Prata: Rede La Salle de Porto Alegre

.¹%*" &-&53¡/*$" &/4*/0 461&3*03 Ouro: Centro Universitårio La Salle - Unilasalle de Canoas .¹%*" &-&53¡/*$" &%6$"0 #Œ4*$" Ouro: ColÊgio Marista Champagnat de Porto Alegre

.¹%*" &-&53¡/*$" m ."/5&/&%03" Ouro: Rede Marista de Educação e Solidariedade de Porto Alegre Prata: Rede La Salle de Porto Alegre

(&45ÂŤ0 %& $0.6/*$"ÂŹÂŤ0 & 3&-"$*0/".&/50 Ouro: ColĂŠgio Anchieta de Porto Alegre Prata: Rede Marista de Educação e Solidariedade de Porto Alegre Bronze: PontifĂ­cia Universidade CatĂłlica do Rio Grande do Sul – PUCRS de Porto Alegre


CONHEÇA OS JURADOS DAS PREMIAÇÕES PrĂŞmio Inovação em Educação

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Ana LĂşcia Fernandes

Ivaine Tonini

TĂŠcnica em GestĂŁo Educacional do Sesi/RS

Doutora em Educação e professora da Faculdade de Educação da UFRGS

Ana Rangel

Julio Jelvez

Mestre em Educação e professora universitåria

Carina Corrêa Mestre em Educação e professora universitåria

Carla Meinerz Doutora em Educação e professora da Faculdade de Educação da UFRGS

Dóris Fiss Doutora em Educação e professora da Faculdade de Educação da UFRGS

Elisabete Garbin Doutora em Educação e professora da Faculdade de Educação da UFRGS

Fernanda Busnello

Chefe do Departamento de Ensino e Currículo da Secretaria Estadual de Educação

Marcos Schwingel Gerente de Educação Cooperativa da Fundação Sicredi

Mariza Abreu Sócia-fundadora e membro da comissão tÊcnica do Todos pela Educação e ex-Secretåria Estadual de Educação

Nestor Kaercher Doutor em Geografia e professor da Faculdade de Educação da UFRGS

Rosa Maria Fischer

Analista TÊcnica da Unidade EstratÊgica de Resultados da Educação do Sesi/RS

Pós-Doutora em Educação e professora da Faculdade de Educação da UFRGS

Guilene Salerno

Rosana Marrone

Assessora TÊcnica do Gabinete da Secretaria Estadual de Educação

Helena Cortes Doutora em Educação e professora universitåria

HeloĂ­sa Junqueira

Pedagoga e assessora de Recursos Humanos da Secretaria Municipal de Educação de Porto Alegre

Roselane Costella Doutora em Geografia e professora do ColÊgio de Aplicação da UFRGS

Doutoranda em Educação em Ciências e professora da Faculdade de Educação da UFRGS

Sonia Balzano

Iara CaierĂŁo

SĂ´nia Bier

Presidente do Conselho Estadual de Educação do RS

Doutora em Educação, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia/ RS

Mestre em Educação e consultora educacional da Undime/RS

Iara Wortmann

Diretora pedagógica da Quinta da Estância Grande

Especialista em Supervisão Educacional e ex-Secretåria Estadual de Educação

Itanajara da Silveira

SĂ´nia Goelzer SĂ´nia VerĂ­ssimo Professora universitĂĄria e consultora educacional

Assessora TÊcnica da Secretaria Estadual de Educação


Prêmio de Responsabilidade Social

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Arlete Fante

Lise Mari Ortiz

Gerente de Responsabilidade Social do Hospital Mãe de Deus

Diretora da Fides - Desenvolvimento Pessoal e Social

Beth Johann

Lucas Goelzer

Coordenadora Acadêmica do MBA em Gestão Estratégica de Pessoas da Fundação Getúlio Vargas

Diretor Executivo da Fazenda Quinta da Estância Grande

Carla Zitto

Presidente da Via Vida

Diretora Técnica da Fasc - Fundação de Assistência Social e Cidadania de Porto Alegre

Cintia Bonder Diretora da Inovação Social

Clódis Xavier Gerente do Instituto Gerdau

Cristiane Mallmann Sócia-diretora de Negócios da HappyHouse

Cristiane Ostermann Diretora da Signi - Estratégias para a Sustentabilidade

Danara Dall Agnol Coordenadora do programa comunitário Vila Gaúcha do Hospital Mãe de Deus

Daniela Cidade Diretora de Marketing Cultural da Fundação Piratini - TVE e FM Cultura

Eliege Fante Jornalista ambiental

Fernanda Dalla Coletta Gerente de Gestão de Pessoas da Central Sicredi Sul

Ivan Novello

Lucia Elbern Luiz Fernando Gusmão Diretor de Projetos Especiais do Grupo Sinos

Marcos Santuario Professor universitário e editor de Cultura do Correio do Povo

Maria da Graça Costi Diretora da Desenvolver Consultoria em Gestão de Pessoas

Maria Elena Johannpeter Presidente voluntária da ONG Parceiros Voluntários

Maria Helena Gaidzinski Coordenadora da Ação Educativa do Santander Cultural de Porto Alegre

Marion de Souza Especialista em gestão do terceiro setor

Mirian Mion Diretora da Isocial - Inteligência em projetos sociais e educacionais

Myriam Colombo Diretora da Bioengenharia e Auditora Ambiental

Paulo Bernhad

Gerente de Comunicação e Programas Sociais do Sicredi

Presidente da Rede de Bancos de Alimentos do RS e Diretor Superintendente da Fundação dos Bancos Sociais da FIERGS

Janete Utzig

Priscila de Martini

Especialista em Educação Ambiental e Sócia-diretora da Fluir Consultoria Ambiental

Colunista de Meio Ambiente do jornal Zero Hora

Karen Santos

Rudáia Correia

Diretora da Difere - Comunicação e Sustentabilidade

Superintendente de Sustentabilidade do Instituto Visão Social

Kátia Magni

Simone Silva

Professora universitária e Coach Executiva na 3UpTalentos

Diretora de Eventos Científicos da ABRH-RS e diretora da RH BRASIL-RS

Lara Lutzenberger

Susana Malinski

Presidente da Fundação Gaia - Legado Lutzenberger

Assistente social da área de Responsabilidade Social do Sesi/RS

Leandro Parker

Vera Lucia Rosa

Coordenador de Qualificação do Projeto Pescar

Coordenadora do Núcleo Educativo do Margs


Prêmio Destaque em Comunicação

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Airton Rocha Presidente da Agência Martins e Andrade

Almir Freitas Professor universitário e Diretor da Uffizi Consultoria em Comunicação

Ângela dos Santos Diretora da MaxiMarket Gestão do Reconhecimento

Ângela Ravazzolo Editora de Educação do Grupo RBS

Arthur Bender Presidente da Key Jump - Inteligência, Estratégia e Branding e Diretor geral da Selling Outlier Thinking

Cybeli Moraes Doutoranda em Comunicação e professora universitária

Daniel Scola Repórter da RBSTV e apresentador da Rádio Gaúcha

Fernanda Vier Diretora da Doxxa Inteligência em Conteúdo

Fernando Tornaim Diretor do Kzuka/Grupo RBS

Francini Ledur Assessora de Imprensa do Grupo RBS

Genaro Galli Diretor de Pós-Graduação e Extensão da ESPM-RS

Gérson Becker Diretor da Lumiere Produtora

Gilberto Giustina Diretor de Planejamento da GAD’RED

Gladimir Dutra Gestor Executivo da Agência Digital Aldeia

Helenice Carvalho Doutora em Comunicação e professora na Faculdade de Comunicação da UFRGS

Karla Müller Doutora em Comunicação e professora da Faculdade de Comunicação da UFRGS

Marco Valério Sócio-diretor da Alfamídia Educação Profissional

Maria Berenice Machado Doutora em Comunicação e professora da Faculdade de Comunicação da UFRGS

Marta Koetz Atendimento publicitário da Capsula Cinematográfica

Melissa Lesnovski Sócia-diretora da Agência Digital Aldeia

Nikão Duarte Professor universitário e sócio da ComEfeito Comunicação Estratégica

Paulo Ratinecas Sócio-Diretor da MaxiMarket Gestão do Reconhecimento

Roberta Muradás Diretora de conteúdo da Giornale Comunicação Empresarial

Roberto Sirotsky Sócio-diretor da Agência 3yz

Sérgio Caraver Diretor da Agência Eskritório de Comunicação

Sylvio Pinheiro Diretor de Arte do Terra LatAm

Vitor Faccioni Diretor Geral MTV/RS e OI FM 90.3

Zeca Honorato Sócio-diretor da Agência AMA




CRÉDITO: ANDRÉ ÁVILA/UNISINOS

ENTREVISTA

As lições que vem do outro lado do mundo POR CARINE FERNANDES

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m país em que todos sabem, desde muito pequenos, que a educação é o único caminho para o futuro. Um lugar onde os pais participam ativamente da escola, e os alunos dedicam a maior parte do seu dia para os estudos. Este é o retrato da educação na Coreia do Sul. Os resultados para tanto esforço e dedicação não poderiam ser outros: o sistema educacional do país asiático está entre os melhores do mundo. O brasileiro Soleiman Dias conhece de perto esta realidade. Dez anos atrás ele foi para a Coreia estudar Educação Internacional e não voltou mais. Especializou-se em Educação e Desenvolvimento, tornou-se vice-presidente do Conselho Coreano de Escolas Internacionais e hoje faz parte da diretoria da Chadwick Internacional, considerada uma das escolas mais avançadas do mundo. Nesta entrevista concedida a Educação em Revista por e-mail, da Coreia do Sul, o especialista conta detalhes de como a educação faz parte da vida dos coreanos, como foi a trajetória do país até chegar ao topo e o que o Brasil pode aprender com os asiáticos. Confira: Educação em Revista – Nas últimas quatro edições da pesquisa da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a Coreia do Sul aparece entre os melhores países do mundo na área de educação. A que se deve esse resultado? Soleiman Dias – Esse resultado se deu como consequência de uma série de fatores que, combinados, colocam a Coreia como um dos países no mundo que mais se destacam nas competições acadêmicas internacionais. Sem dúvida que isso jamais aconteceria sem a premissa de que, aqui na Coreia, educação sempre foi – desde o início das dinastias e, portanto, civilizações milenares – e será sempre a prioridade de todos,

sociedade e governo. Isso altera todas as estruturas sociais e institucionais, tudo passa a girar em torno de garantir educação de qualidade. Outros fatores, porém, entram neste contexto, como: a necessidade de mão de obra qualificada para uma nação cuja economia se baseia em exportação com um mercado exigente, uma expansão quantitativa e qualitativa das escolas de base, participação constante e ativa dos pais nesse processo, bom suporte orçamentário para as escolas e um fator básico: boa remuneração aos educadores; a paixão pelo ensino se acaba quando o desrespeito agride o educador. Educação em Revista – Considerando as diferenças culturais, quais as receitas de sucesso da Coreia que podem ser aplicadas nas escolas brasileiras? Soleiman Dias – Não existe nenhum transplante de sistema que possa funcionar transnacionalmente. Precisamos, sim, aprender o que funciona em outras esquinas do mundo e traduzir tais sucessos na nossa língua. É preciso maior investigação nos casos que deram certo fora para que possamos acertar dentro. A maior lição é levar educação a sério, tê-la como prioridade – nosso dorminhoco Brasil nunca a teve. Se não houver uma terapia de choque nos que comandam o nosso sistema nada irá acontecer – é preciso uma revolução no ensino, a começar pelo respeito ao professor, como é aqui na Ásia. Outra grande lição é investir pesadamente tanto na educação de base como na pesquisa e pósgraduação. Educação não pode ser limitada; precisa ser contínua, impossível querer um país desenvolvido com cidadãos em nível medíocre de educação formal. Não podemos mais dar a desculpa de falta de verba. Não foi necessário investimento irracional do governo coreano para com a educação, aliás, em termos de gasto do PIB nacional da Coreia


com educação, é semelhante ao do nosso gigante Brasil. A simples aplicação do sistema educacional coreano no Brasil não funcionaria jamais. Aqui na Coreia, o progresso não aconteceu da noite para o dia; o Brasil precisará ainda de várias gerações para gerar líderes que venham a fazer mudanças radicais; precisamos de décadas para ver a educação virar prioridade; até hoje nunca foi. Educação em Revista – Apesar dos excelentes resultados na educação, a Coreia do Sul tem se defrontado com um grave problema: o alto índice de suicídio entre os jovens de idade escolar. Isso pode estar relacionado ao modelo de vida dos estudantes, que dedicam grande parte do seu dia aos estudos, sobrando muito pouco tempo para o lazer e o convívio social? Como obter o equilíbrio entre a vida escolar e a vida pessoal do estudante, sem interferir na qualidade da aprendizagem? Soleiman Dias – Estresse, bem como pressão, existe no mundo inteiro. Temos no Brasil as melhores desculpas para entrarmos nas estatísticas de países com grande número de suicídios no mundo. Para mim, suicídio aqui não tem raízes somente na falta de lazer. As definições de lazer e diversão aqui são bem diferentes; comportamentos sociais não podem ser analisados puramente sob o prisma de percepções e julgamentos externos. A causa maior do suicídio aqui vai muito além da falta de convívio social. Aliás, acho que convivemos em demasia no Brasil, brincamos demais, temos tempo de sobra. Há dez anos estudo o suicídio na Coreia e não concordo que a dedicação exagerada aos estudos seja o principal fator que leva esta geração a dar fim a sua própria vida. Existem vários outros elementos, sendo o maior deles a falta do acreditar no amanhã, a distância que este povo tem de uma forma de crença espiritual, do consumismo, da dependência tecnológica, da falta de fé, etc.

galgava na escada social quem adquiria maior nível de estudos. E, hoje, tudo gira em torno da escola onde se gradua ou universidade onde se conclui o nível superior. É quando a competição, mesmo se acirrada, tem seus méritos. Tudo gira em torno da competição aqui, até mesmo para entrar em uma escola de ensino fundamental. Educação em Revista – O Ministério da Educação brasileiro pretende ampliar o tempo de permanência dos alunos na escola. Como fazer com que mais tempo de estudo resulte em mais aprendizagem? Soleiman Dias – Esta proposta somente funcionará se toda a estrutura educacional no Brasil mudar: o currículo tem que se tornar mais criativo, aulas extras com conteúdo alternativo devem ser oferecidas, é importantíssimo que os professores sejam mais bem remunerados, as escolas precisam oferecer espaços amplos para a prática de esportes, artes, música, etc. É necessário um completo e eficaz planejamento antes de dar início a esse tipo de mudança. Sem políticas sérias para uma educação de qualidade – a longo prazo, sem a terrível tradição brasileira de mudar de programa a cada mudança de governo –, ampliando isoladamente o tempo de permanência na escola, não se trarão benefícios aos estudantes. Esse sistema funciona muito bem em muitos lugares do mundo. Foi nesses países que o progresso já chegou há bastante tempo.

ANDRÉ ÁVILA/UNISINOS

Educação em Revista – A valorização do conhecimento é algo muito forte nos estudantes coreanos. O que leva esses alunos a dedicarem grande parte do seu tempo aos estudos? Soleiman Dias – Porque eles bem sabem que sem o estudo o futuro não existe. São séculos que reforçam esta ideia; ninguém cresceu nas estruturas sociais deste país senão pelos estudos. Somente entrava nos palácios quem era educado, somente se

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Educação em Revista – Os brasileiros dedicam cinco horas por dia aos estudos, menos da metade do tempo dos coreanos. Como mudar essa cultura aqui no Brasil? Soleiman Dias – Acredito que nĂŁo mudarĂĄ jamais nesta geração. Mas tudo na vida começa do inĂ­cio. Comecemos pela primeira sĂŠrie e chegarĂĄ na universidade. Comecemos educando os pais, a comunidade, por meio de campanhas de conscientização, nas quais modelos de sucesso no mundo sĂŁo oferecidos. Talvez, assim, o nosso povo possa entender que nĂŁo ĂŠ estudando cinco horas e brincando dez que se constrĂłi um futuro prĂłspero!

e leve aqui nos anos 70 – da construção de navios e carros aos microchips. A necessidade de uma mĂŁo de obra nĂŁo somente superqualificada, mas especializada, levou o governo a aumentar substancialmente o foco na melhoria da qualidade de seus recursos humanos, principalmente porque os naturais sĂŁo quase que inexistentes neste paĂ­s quase 86 vezes menor que o Brasil. As universidades com cursos de ciĂŞncias tĂŞm verbas especiais, e os centros de pesquisas sĂŁo, na sua maioria, subsidiados pelo setor privado, portanto nĂŁo falta apoio. Mercado de trabalho para esse setor da indĂşstria nĂŁo falta. AtĂŠ os estudantes de escolas tĂŠcnicas terminam seus estudos com emprego garantido.

Educação em Revista – E qual o segredo para envolver mais a famĂ­lia na vida escolar dos alunos? Soleiman Dias – Esse elemento estĂĄ na base do sucesso do modelo educacional coreano: os pais de alunos estĂŁo constantemente nas escolas, nas salas de aula, ajudando o professor, conversando com os diretores, voluntariando nos eventos do colĂŠgio. Existem infinitas possibilidades de participação familiar na escola. Todos os dias grupos de pais visitam as escolas em programas organizados para dar suporte a tudo o que a escola faz. Mesmo os que trabalham encontram tempo para darem seus contributos, revezam-se, entram em acordo, fins de semana, etc. E, o mais importante, sĂŁo organizados: formam associaçþes de pais e ativamente fazem parte de todo o processo educacional.

Educação em Revista – Como as universidades coreanas conseguem atrair apoio das empresas, produzindo pesquisa afinada com as demandas do mercado? Soleiman Dias – Muito simples: existe uma afinidade muito grande entre governo e empresas, principalmente os conglomerados. Portanto, hĂĄ tradicional e forte diĂĄlogo entre esses dois importantes pilares das esferas sociais. Em conjunto, eles garantem o mercado de trabalho e facilitam o progresso da nação.

Educação em Revista – A formação de jovens cientistas ĂŠ outro ponto forte da Coreia. Por que e como eles sĂŁo atraĂ­dos para a ĂĄrea das ciĂŞncias? Soleiman Dias – Isto ĂŠ um fator facilmente explicado pela ĂŞnfase histĂłrica dada Ă pesquisa e os fatores econĂ´micos. Ocorreu um investimento massivo no desenvolvimento da indĂşstria pesada

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INTERNACIONAL

Um olhar voltado à educação do Chile

A

educação ĂŠ considerada central e estratĂŠgica para o crescimento e desenvolvimento das pessoas, das instituiçþes e das sociedades. No Chile, foram os governos da “Concertaçãoâ€?, conglomerado polĂ­tico e de oposição ao Governo Militar, os que levantaram a questĂŁo da Qualidade e Equidade do Ensino, desde 1990, quando a democracia retorna. Era uma grande necessidade da ĂŠpoca, tendo como base que os resultados dos alunos nas provas nacionais eram desfavorĂĄveis, principalmente na educação pĂşblica. LĂĄ, a distribuição das escolas ĂŠ a seguinte: 46,5% sĂŁo escolas municipais (escolas pĂşblicas), 45% escolas particulares subvencionadas, 7% escolas particulares pagas e um 1,5% sĂŁo estabelecimentos corporativos. Somados, alcançam o nĂşmero de 12.114 estabelecimentos de ensino. A educação pĂşblica depende dos municĂ­pios, com dinheiro destinado pelo Estado, subvencionando escolas de outros mantenedores. Toda escola aplica Objetivos Fundamentais e ConteĂşdos MĂ­nimos, utiliza uma carga horĂĄria sugerida, a que ĂŠ possĂ­vel incrementar com o mais genuĂ­no do lugar onde ela se achar, com horas de “livre disposiçãoâ€?. A formação dos professores, a exigĂŞncia nos resultados dos educandos, fornecer espaços, materiais e fazer uso adequado da tecnologia e dos idiomas, alĂŠm de uma assistĂŞncia regular Ă s aulas, asseguram o ĂŞxito esperado para conseguir a Qualidade e Equidade ansiadas. Esforço conjunto do Estado e sociedade, famĂ­lia e escola. O tema da educação saiu das escolas e se instalou na opiniĂŁo pĂşblica, ficou na sociedade e ĂŠ falado nas famĂ­lias com argumentos claros e sĂŠrios. E os resultados saltam Ă vista: escolas de diversos lugares e regiĂľes do Chile surpreendem pelos resultados, conseguidos pelo amor Ă vocação do professor e o amor diĂĄrio no processo ensino-aprendizagem. O sistema adotado, chamado de “Sistema de Medição da

Qualidade Educativaâ€? (SIMCE, sigla em espanhol), tem permitido superar barreiras e incrementar os resultados. SĂŁo aplicadas provas nas matĂŠrias bĂĄsicas de Linguagem, MatemĂĄtica, CiĂŞncias Naturais e Sociais, e nos Ăşltimos anos o InglĂŞs, o que tem permitido a motivação dos alunos pelo estudo e conhecimento desse idioma. A grande mudança se iniciou com uma simples pergunta... Que fazem os alunos depois das suas aulas? Resposta: ficam sozinhos ou vĂŁo para a rua atĂŠ a noite, ficam submetidos Ă vulnerabilidade prĂłpria e aos perigos, mesmo morando em apartamentos. A partir daĂ­, surgiu a Jornada Escolar Completa (JEC), que resultou no aumento do horĂĄrio de aulas e atividades anexas ao currĂ­culo. SĂŁo 36, 38, 40, ou mais horas pedagĂłgicas por semana (45 min, cada uma delas), segundo os nĂ­veis de estudo. A mudança obrigou a uma troca dos paradigmas, passando de um conhecimento academista ao da metacognição, muito bem valorado no processo educativo. Bom, permitam-me acabar este relato opinativo, dizendo que esses exemplos dados sĂŁo aplicĂĄveis hoje a qualquer realidade, e olhando para a educação brasileira, com tanta potencialidade e gozando com um nĂşmero de crianças e jovens, como nunca na sua histĂłria, estĂĄ obrigada a incrementar o tempo dos educandos nas escolas, fazendo que eles sejam protagonistas dos seus prĂłprios aprendizados e fazendo a conexĂŁo entre sua cultura, sociedade e vida, sem deixar de lado, para os que acreditam num Ser Superior, a sua fĂŠ. SerĂŁo homens e mulheres de bem, aportando o que o paĂ­s precisa para as geraçþes futuras. O valor da educação passa pelo gesto de educar. Os responsĂĄveis serĂŁo sempre professores, famĂ­lias e alunos. Nessa uniĂŁo e parceria, esperamos melhoras nos resultados. Ir. Carlos Alberto Jamade Hirmas Professor de Biologia e CiĂŞncias Naturais e Vice-Diretor do ColĂŠgio La Salle Dores. Foi Provincial da Rede La Salle no Chile por nove anos


ILUSTRAÇÃO: VIT NUÑEZ

CAPA

A educação no divã POR KARINE RUY

O

mundo não é mais o mesmo, suspiram os saudosistas. E com razão. As tecnologias digitais revolucionaram as formas de comunicação e o acesso à informação. As turbulências econômicas não conhecem mais fronteiras geográficas. A política divide poder com as bolsas de valores. Meio ambiente deixou de ser conversa de ecologistas. Com essas e tantas outras transformações, não é de espantar que a educação tenha ido parar no divã. Afinal, ela precisa descobrir como se adequar aos alunos da segunda década do século 21, sua relação com o ensinar e o aprender e, ainda, atender às expectativas da sociedade. No Brasil, a ‘terapia’ do sistema educacional vem ganhando destaque na agenda política. O interesse principal dos legisladores recai sobre a organização do currículo escolar. Uma breve pesquisa sobre os projetos de lei encaminhados pelo Congresso Nacional comprova que não faltam sugestões de conteúdos e disciplinas a serem introduzidos na sala de aula. Muitos deles, como é comum no sistema legislativo, não passam na peneira do Senado e são abandonados. Outros, com mais consistência, acabam sendo aprovados e, consequentemente, incorporados pelas escolas do país. Entre os conteúdos que passaram a fazer parte do dia a dia dos alunos está a Música, que pode ser abordada tanto numa aula de Arte quanto na de Português, com ênfase na estrutura das composições, rimas e análise textual. Outros projetos aguardam na fila, como os que propõem o ensino do esperanto e da Constituição Federal. (Confira o box no final dessa reportagem.) “O Congresso deveria se preocupar mais com definição de diretrizes, de grandes orientações. Quem define as disciplinas é a escola e o sistema de ensino, à vista das diretrizes e bases da

Educação”, defende o presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, Francisco Aparecido Cordão. Ele percebe, ainda, contradições entre o que está estabelecido na LDB e os posicionamentos legais posteriores. “Os congressistas querem ajudar, estão preocupados com a qualidade do ensino, mas não adianta eles quererem produzir um currículo enciclopédico”, alerta. Mas o debate que realmente vem mobilizando educadores e órgãos representativos vai muito além da questão da definição dos temas que serão abordados nos colégios. Afinal, a própria LDB oferece margem para que cada escola faça as adaptações de acordo com sua proposta pedagógica. A preocupação, com ares de unanimidade entre os especialistas, é construir uma matriz curricular capaz de aproximar o aprendizado escolar da vida e dos desafios apresentados além da sala de aula. “O conhecimento que tenho hoje não basta para os desafios de amanhã. O mundo está evoluindo. A cada quatro anos nós praticamente dobramos o volume de conhecimento disponível para a humanidade”, observa Cordão, para quem um dos desafios atuais dos professores é ensinar a aprender. “O aluno precisa aprender a mobilizar e articular conhecimentos para resolver desafios. É isso que tem que estar presente nas avaliações”, afirma. Assim como Cordão, o professor da Unisinos Alfredo Veiga Neto, Doutor em Educação, alerta para o crescente “desencaixe” entre escola e sociedade. “Cada vez a escola parece dar menos respostas”, analisa. “Como fazer seleção de conteúdos, de práticas, no que dar ênfase se tudo muda tão rápido?” Num cenário tão instável e diante de um futuro sobre o qual poucos audaciosos têm coragem de profetizar, como definir os caminhos capazes de levar a educação no Brasil a um patamar de


qualidade mais alto? Trata-se de processo complexo, que envolve decisões políticas, investimentos públicos e multiplicidade de opiniões. Contudo, os profissionais da educação se ressentem por não serem convidados a participar desse diálogo. A crítica principal é que, muitas vezes, professores e gestores ficam conhecendo as alterações nos currículos escolares quando as leis já foram sancionadas. “A educação é um campo de todo mundo. Ninguém se mete a dizer como fazer uma cirurgia de estômago, só os especialistas. Agora, no campo da educação, todo mundo acha que tem o que dizer. As pessoas podem opinar, mas temos que ter cuidado para que nossas decisões sejam técnicas”, observa Alfredo. A ampliação do Ensino Fundamental de oito para nove anos, por exemplo, provocou muitas dúvidas. Não sem motivos. Até o final de 2010 os colégios precisaram adaptar seus projetos pedagógicos de forma a dar conta do ano extra que fora incluído e dos questionamentos das famílias diante da novidade. Um dos objetivos do novo modelo é a possibilidade de estender o período de alfabetização, conforme destacado em documento editado pelo Ministério da Educação: “O Ensino Fundamental de nove anos ampliou o tempo dos anos iniciais, de quatro para cinco anos, para dar à criança um período mais longo para as aprendizagens próprias desta fase, inclusive da alfabetização”. A pressão dos pais, entretanto, continua sendo pela plena alfabetização das crianças durante o primeiro ano. Relatos de professores gaúchos mostram, inclusive, que muitas famílias insistem em matricular meninos e meninas com menos de 6 anos no Ensino Fundamental. (Educação em Revista abordou este tema na reportagem de capa da edição nº 88.) Atualmente as atenções do ensino privado se voltam para as diretrizes traçadas pelo Plano Nacional de Educação para os próximos dez anos. O PNE traz algumas diretrizes que preocupam a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep). Um dos pontos que precisam ser mais bem discutidos, na avaliação da presidente da entidade, Amabile Pacios, é a gestão escolar democrática. Segundo ela, é preciso estabelecer limites claros em relação aos temas que podem integrar esse tipo de iniciativa. “Esse conceito de democrático não implica ingerência nas empresas.

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Decisões relativas a investimentos, gastos e ao plano pedagógico devem ser próprias da escola”, destaca. Na opinião da presidente da Fenep, essa ressalva não impede que os estabelecimentos de ensino possam realizar a gestão democrática. “A escola deve ser um espaço onde todos se sintam acolhidos. Evidentemente existem decisões numa escola que poderão ser compartilhadas. Temas como admissão de alunos e valorização do esporte, por exemplo”, afirma. Mais tempo na escola, mais pontos para a aprendizagem? Quando o assunto educação é colocado em pauta, não demora para que uma variedade de “receitas” surjam à mesa. Mas mesmo com esse pano de fundo, um consenso parece ter se firmado entre professores, especialistas em educação e gestores educacionais no Brasil. Cada vez mais, todos concordam que é necessário aumentar o número de horas-aula nas escolas brasileiras. “Com média diária nacional de 3,7 horas-aula (número levantado pela Fundação Getúlio Vargas) não se consegue nem dar o currículo básico de forma adequada”, critica o coordenador Geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação Daniel Cara. “Com duas horas-aula a mais avançaríamos muito na possibilidade de criar formas de construção do conhecimento mais criativas”, complementa. Atualmente quem protagoniza esse debate é o Ministério da Educação, que lançou a proposta de subir de 800 para 1.000 o número de horas-aula mínimo previsto pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB. Inicialmente, o objetivo do MEC era ampliar os dias letivos de 200 para 220, projeto que não agradou às entidades representativas do setor. A proposta defendida pelo ministro Fernando Haddad tem como base os resultados de uma pesquisa coordenada pelo secretário de ações estratégicas da Presidência da República, Ricardo Paes de Barros. O estudo aponta que, ao aumentar o tempo passado na escola, beneficia-se o aprendizado dos alunos: com mais dez dias no ano letivo, o aprendizado do aluno pode

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aumentar em atĂŠ 44% no perĂ­odo de um ano. A pesquisa chama a atenção, ainda, para o fato de esse reflexo positivo sĂł ocorrer quando aumentado o nĂşmero de aulas oferecidas diariamente e nĂŁo o tempo de cada aula. “NĂŁo pode ser uma escola em perĂ­odo integral com mais do mesmo. NĂŁo ĂŠ simplesmente colocar outras atividades no contraturno. Tem que trabalhar o currĂ­culo de maneira integrada nos dois turnosâ€?, argumenta o conselheiro. A professora Sandra Mara Corazza, coordenadora do programa ObservatĂłrio de Educação, da UFRGS, tambĂŠm acredita que as plataformas curriculares precisarĂŁo ser revistas para se adequarem ao aumento da carga horĂĄria. “NĂŁo adianta colocar as crianças mais tempo na escola como se isso representasse um sacrifĂ­cioâ€?, pontua. Para a especialista, o tempo extra nĂŁo deve ser usado somente para trabalhar mais conteĂşdos clĂĄssicos, como PortuguĂŞs, MatemĂĄtica e CiĂŞncias, mas deve incluir tambĂŠm conteĂşdos mais prĂłximos da vida dos alunos. “A escola tem que ser menos escolar e mais culturalâ€?, acredita a professora. Diretor do ColĂŠgio Sinodal, de SĂŁo Leopoldo, Ivan Renner faz parte do grupo de entusiastas do aumento no nĂşmero de horas-aula no paĂ­s. E ele jĂĄ vĂŞ os resultados positivos dessa diretriz na prĂĄtica. Nos Ăşltimos cinco anos a escola vem aumentando gradativamente sua matriz curricular. Atualmente, os alunos do terceiro ano do Ensino MĂŠdio passam 39 horas por semana na escola. “NĂŁo podemos atuar com o mĂ­nimoâ€?, alerta o diretor. “Precisamos de uma matriz curricular mais ampla, com componentes curriculares e atividades extras que desenvolvam muitas habilidades e competĂŞncias dos estudantesâ€?, acredita Renner. Ao final de cada ano, professores e equipe pedagĂłgica se reĂşnem para fazer uma avaliação do currĂ­culo e apontar melhorias. Uma das iniciativas de sucesso do colĂŠgio ĂŠ a banca de redaçþes. Os textos dos alunos do Ensino MĂŠdio sĂŁo avaliados por mais de um professor, e as correçþes aparecem no formato de Ă­cone, obrigando os alunos a fazer uma releitura crĂ­tica das redaçþes para identificar os erros. NĂłs e os melhores A cada trĂŞs anos, quando sĂŁo divulgados os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), os

primeiros colocados tornam-se alvo da curiosidade geral de educadores, pedagogos e da imprensa. Todos querem identificar as razĂľes de desempenhos acima da mĂŠdia. Na mais recente edição, publicada em 2009, China (Xangai), Hong Kong e Finlândia ocuparam as trĂŞs primeiras posiçþes do ranking que testa os conhecimentos de leitura, MatemĂĄtica e CiĂŞncias entre estudantes de 65 paĂ­ses com idades entre 15 e 16 anos. A mĂŠdia geral do Brasil foi de 401 pontos, 176 a menos que o primeiro colocado. Apesar de ter ficado abaixo da mĂŠdia estabelecida pela OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento EconĂ´mico –, o paĂ­s evoluiu nas trĂŞs categorias avaliadas e obteve o segundo maior crescimento em MatemĂĄtica (veja o ranking na pĂĄgina seguinte). O relatĂłrio volumoso, com mĂŠdia de 300 pĂĄginas, traz alguns indicativos sobre o que estĂĄ por trĂĄs dos bons resultados. E nĂŁo existe nenhuma fĂłrmula secreta. Alto grau de investimento pĂşblico na educação, valorização do ensino e capacitação dos docentes aparecem no tripĂŠ dos casos de sucesso. Na Finlândia, por exemplo, desde a dĂŠcada de 1970 ĂŠ obrigatĂłrio que os professores tenham mestrado para lecionar, com exceção da prĂŠ-escola. Prestigiada, a carreira docente tambĂŠm se tornou concorrida no paĂ­s, com mĂŠdia de 20 inscritos para cada vaga aberta para os programas de formação de professores. Na opiniĂŁo do consultor de gestĂŁo escolar Mauro Yuki, nĂŁo existem diferenças profundas entre os conteĂşdos ensinados aqui e em paĂ­ses com resultados melhores no Pisa, mas sim na forma como se dĂŁo os processos de ensino-aprendizagem. “VocĂŞ vĂŞ grandes diferenças nos mĂŠtodos pedagĂłgicos e nas horas de estudoâ€?, afirma o especialista. PolĂ­ticas pĂşblicas de valorização dos profissionais da educação, aliadas Ă inovação pedagĂłgica, podem ser um caminho eficiente para que o Brasil atinja os padrĂľes mĂ­nimos da OCDE. “A educação ĂŠ uma ĂĄrea muito conservadora, medrosaâ€?, critica a professora Sandra Mara Corazza, chamando

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a atenção para a necessidade de dar espaço para didáticas mais criativas. Os caminhos para transformar positivamente a educação podem variar de acordo com a realidade sociocultural de cada nação – ou de cada região, no caso de um país com traços continentais como o Brasil. Em todos os casos, porém, sabese que repetir velhas fórmulas é insuficiente. Para permanecer como espaço nobre de aprendizagem e conhecimento, a escola precisa se abrir aos desafios contemporâneos e, quem sabe, identificar os que estão por vir. Assumindo de vez o papel de protagonista dessas reconfigurações, mais chances a educação tem de se levantar do divã e encerrar a terapia realmente renovada.

O ranking do Pisa (2009) Posição

País

Média geral (Leitura, Matemática e Ciências)

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 45 47 54

China (Xangai) Hong Kong Finlândia Cingapura Coreia Japão Canadá Nova Zelândia China (Taiwan) Austrália Chile Uruguai Brasil

577 546 543 543 541 529 527 524 520 519 439 427 401

Novo Ensino Médio no RS Em maio deste ano, o Conselho Nacional de Educação aprovou um parecer que aponta novas Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio. A proposta ainda aguarda homologação do MEC, mas a Secretaria de Educação do RS pretende iniciar a implementação nas escolas estaduais a partir do próximo ano. O projeto pretende tornar o ensino médio nas escolas públicas mais atrativo, investindo na aproximação dos alunos com o trabalho. Ao mesmo tempo, quer diminuir o abandono e reprovação durante o curso. De acordo com o Censo Escolar da Educação Básica 2010, esses índices no Estado foram respectivamente de 13% e 21,7%. “São 84 mil adolescentes ou jovens que estão fora da escola”, alerta a assessora do Ensino Médio da SEC, Vera Maria Ferreira. “Temos um currículo extremamente defasado e desarticulado com o tempo que nós vivemos.” De acordo com a proposta para as escolas estaduais, o

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currículo será composto por áreas do conhecimento obrigatórias para todas as escolas (Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas Tecnologias) e também por uma parte diversificada. No caso do Ensino Médio Politécnico, serão dez eixos temáticos transversais, incluindo esporte e lazer, Direitos Humanos, Comunicação e Uso das Mídias e Educação Econômica e Áreas de produção. Segundo Vera, a relação entre o currículo comum e os eixos temáticos da parte diversificada se dará por meio dos seminários integrados, nos quais os estudantes terão a oportunidade de desenvolver projetos com foco em suas áreas de interesse.


A Educação na mira dos projetos de lei Educação financeira A proposta: Altera a redação do art. 26 da Lei nÂş 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (cria a disciplina “Educação Financeiraâ€? nos currĂ­culos de 5ÂŞ a 8ÂŞ sĂŠries do ensino fundamental e do ensino mĂŠdio) Data de apresentação: 2009 Situação: Com a relatora Cidadania A proposta: DispĂľe sobre a inclusĂŁo da questĂŁo da violĂŞncia contra a mulher como parte dos Temas Transversais integrantes dos Parâmetros Curriculares Nacionais Data: 2004 Situação: Parada Trânsito A proposta: Determina que o currĂ­culo pleno dos estabelecimentos de ensino fundamental e mĂŠdio abranja obrigatoriamente Educação para o Trânsito. Data: 2002 Situação: Rejeitada Mundo do trabalho A proposta: Altera a Lei nÂş 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para tornar obrigatĂłria a inclusĂŁo de componente especĂ­fico de PrĂĄticas de Trabalho no currĂ­culo do ensino fundamental e mĂŠdio. Data: 2010 Situação: MatĂŠria com a relatora Constituição A proposta: Altera a Lei nÂş 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre o estudo, no ensino mĂŠdio, dos direitos e garantias fundamentais inscritos na Constituição Federal. Data: 2010 Situação: Com a relatora Esperanto A proposta: Altera a Lei nÂş 9.394, de 20 de dezembro de 1996, para dispor sobre inclusĂŁo facultativa do ensino do Esperanto no ensino mĂŠdio. Data: 2008 Situação: Na Câmara dos Deputados AmazĂ´nia A proposta: Altera o § 1Âş do art. 26 da Lei nÂş 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), para introduzir no currĂ­culo do ensino fundamental e mĂŠdio a obrigatoriedade de estudos sobre a AmazĂ´nia. Data: 2008 Situação: MatĂŠria com a relatora

A pauta desta reportagem foi construída em reunião realizada na Delegacia Regional Vale do Sinos, com a colaboração dos seguintes educadores: Janete Elena Kayser Arena (ColÊgio Santa Catarina), Ivan Renner (ColÊgio Sinodal), Kåtia do Canto Lopes (Escola de Aplicação Feevale), Marga Inês Schimt (Instituição EvangÊlica de Novo Hamburgo), Vera Kern Hoffmann (Instituto de Educação Ivoti) e Moana Meinhardt Momberger (Universidade Feevale)

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Confira na pĂĄgina on-line da Educação em Revista O relatĂłrio completo do Pisa A Ă­ntegra do projeto do Estado para implementar o novo Ensino MĂŠdio A sĂŠrie “Destino: educaçãoâ€?, do Canal Futura, que investiga o que leva os sistemas educacionais de paĂ­ses como Coreia do Sul, CanadĂĄ, Chile, Finlândia e a provĂ­ncia de Xangai, na China, a estarem entre os melhores do mundo Saiba mais em www.sinepe-rs.org.br


CIDADANIA Colégio Santa Catarina é vencedor do prêmio ‘Rio dos Sinos é Nosso’ O Colégio Santa Catarina, de Novo Hamburgo, conquistou o 1º lugar no 5º prêmio ‘Rio dos Sinos é Nosso’, com o projeto Gisa – Grupo de Intervenção Socioambiental. Neste ano, a competição envolveu alunos da rede municipal, estadual e privada dos 32 municípios da Bacia Hidrográfica do Sinos. O projeto é desenvolvido pelos alunos da turma 73 e coordenado pelas professoras Eliana Müller de Mello (Português) e Cíntia Ramos (Ciências). Foi implantado com a finalidade de promover o conhecimento ambiental para contribuir na transformação da sociedade, enfocando planos de ação em benefício da qualidade das águas do Rio dos Sinos e de seus afluentes. A iniciativa representou uma experiência inovadora que permitiu articular ensino, pesquisa e extensão na perspectiva da interdisciplinaridade. Não se tratou de ensinar sobre a natureza, mas de educar “para” e “com” a natureza, a fim de compreender e agir corretamente frente aos grandes problemas das relações do homem com o ambiente.

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Projeto no Salvatoriano Bom Conselho conscientiza sobre bullying e cyberbullying O Colégio Salvatoriano Bom Conselho, de Passo Fundo, está desenvolvendo o projeto “Respeite as diferenças, diga NÃO ao Bullying”, por meio do setor de Orientação Educacional (SOE). A ação tem como objetivo alertar pais, alunos, professores e comunidade escolar para os problemas do bullying e como é possível evitá-lo. São realizadas, semanalmente, palestras interativas e dinâmicas com as turmas da Educação Infantil ao 5° ano do Ensino Fundamental I, envolvendo apresentação de vídeos, propostas de discussão, atividades em grupo, além de orientação de postura diante de um caso de bullying. Desde o início do segundo semestre, o trabalho foi ampliado para os alunos da 5ª série ao 3º ano do Ensino Médio, com a discussão sobre o cyberbullying. As turmas são orientadas pelas estagiárias de psicologia do SOE e estudam a cartilha “Criança mais segura na Internet”. Em turmas, também são elaboradas atividades e dinâmicas que proporcionem reflexão e aprendizado, além de esclarecimento de dúvidas sobre atitudes na internet.

Conheça a cartilha na página on-line da Educação em Revista. Acesse www.sinepe-rs.org.br


Mostra Literária enfatiza o meio ambiente Neste ano, em outubro, o tema da Mostra Literária do Colégio Nossa Senhora de Lourdes, de Farroupilha, foi Vida e Meio Ambiente. Por isso, os livros escolhidos pelas professoras da Educação Infantil ao 5º ano foram de temáticas relacionadas à vida, à natureza, à paz e ao respeito. Cada professora fez o trabalho de leitura e discussão dos textos com seus alunos durante as aulas. Foram usados livros como ‘A arca de Noé’, de Ruth Rocha, e ‘Plástico Reciclar!’, de Verônica Bonar. Após, cada turma realizou uma atividade diferenciada sobre o livro, como desenhos, maquetes e brinquedos. Todos esses trabalhos foram atrativos da Mostra Literária, aberta à comunidade em geral.

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Gincana cultural aborda educação no trânsito A Gincana Cultural do Colégio São Carlos, de Caxias do Sul, abordou o tema ‘Trânsito: em defesa da vida’. A iniciativa envolveu os estudantes da 8ª série em diferentes atividades como elaboração de painéis com mensagens de conscientização, customização de camisetas e apresentação de paródias sobre o tema para os demais estudantes do colégio. Os alunos mostraram muita criatividade e desenvoltura no palco, revelando, dessa forma, maior consciência e respeito à vida no trânsito. A atividade foi prestigiada pelas turmas das 5ª, 6ª e 7ª séries e coordenada pelas professoras Juliana Pavan Rubbo e Aline Marques de Freitas.

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Estudantes da Escola Fátima ensinam sobre o destino correto do lixo Nos estudos da semana pedagógica de 2011, a Escola Fátima, de Sapucaia do Sul, tratou do tema ‘Fraternidade e a Vida do Planeta’. O assunto inspirou os alunos da 7ª série a desenvolver um projeto sobre o lixo, na disciplina de Educação Física. Na primeira etapa do trabalho os alunos filmaram e produziram imagens antes e após o recreio, nas salas de aula e

no pátio da escola, para avaliar qual destino é dado para o lixo. Nesses registros puderam constatar que muitos não separavam o lixo, e alguns, inclusive, colocavam lixo no chão. Os dados registrados serviram de material para a produção de cartazes, vídeos e fotos alertando as turmas sobre a importância de preservar o ambiente. O projeto resultou na redução do lixo exposto na escola.


Crianças do CEAP criam objetos com materiais recicláveis A atenção e cuidado com o Planeta motivaram as crianças do 1º ano do Ensino Fundamental do CEAP, de Ijuí, a participarem de um projeto que ensinou sobre a reciclagem. A iniciativa trabalhou com os três erres – reduzir, reutilizar e reciclar. A primeira ação foi coletar, junto com as famílias, garrafas pet que foram transformadas em pufes para as salas de aula. Com o mesmo material as crianças também confeccionaram um bilboquê e perceberam uma das formas de reutilização de materiais descartáveis. A tarefa que gerou o maior envolvimento das crianças foi a sacola ecológica, produzida em algodão. Nela, os alunos produziram, cada um, uma frase relacionada ao cuidado com o Planeta. Todas as produções foram entregues às famílias na conclusão do projeto, em uma pequena apresentação no miniauditório no dia 4 de novembro.

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Acampamento ecológico é atração no Colégio Murialdo No dia 24/11, o Colégio Murialdo de Caxias do Sul promoveu o acampamento ecológico, com o objetivo de alertar para a importância de ações sustentáveis, que garantam recursos naturais para as gerações futuras. O evento contou com exposição de brinquedos feitos de sucatas, oficinas sobre separação correta do lixo e de compostagem, e tenda sobre como reaproveitar sobras de comidas. No final do acampamento foram entregues mudas de flores aos visitantes. Uma das atrações do evento foram os lampiões movidos a biodiesel, que iluminou todo o espaço. O biodiesel foi fabricado pelos alunos da 8ª série, por meio do reaproveitamento do óleo de cozinha. A iniciativa integra o projeto “Somos Herdeiros do Futuro”, cujo objetivo é conscientizar os estudantes e seus familiares para que desenvolvam ações de sustentabilidade.

Educação em Revista apresenta neste espaço exemplos de ações práticas na área socioambiental.

Colégio cria miniong com foco na educação ambiental Periodicamente, um grupo de jovens do Colégio Israelita, de Porto Alegre, reúne-se, no turno inverso, para pensar e implementar ações educativas que promovam mudanças de hábitos com relação ao meio ambiente, estimulando atitudes de responsabilidade social. Eles participam da miniong Patrulha Ecorresponsável. Além de contribuir com o Planeta, a iniciativa ainda desenvolve nos participantes competências empreendedoras, promove a aprendizagem significativa, a inovação, valoriza as autorias juvenis e desenvolve a metacognição. O projeto nasceu em 2008, a partir de oficinas de Marketing Ecológico e Endomarketing. Foi transformado em miniong ao adquirir estrutura e uma organização própria: tem sede, marca própria, uma diretoria e até um plano estratégico desenvolvido pelos próprios alunos. Com essa evolução, o projeto consolidou-se como um braço de assessoria ao Projeto de Sustentabilidade da Escola: Israelita Ecorresponsável. O grupo é assessorado por uma professora de ciências e sua atividade tem dois focos fundamentais: formação permanente para instrumentalização dos próprios alunos e produção de materiais e atividades que respondam ao objetivo do projeto. Entre os materiais, os estudantes já produziram ímãs de geladeira, materiais de sinalização com mensagens de conscientização ambiental, sacolas ecológicas e marcadores de livros. O grupo também se envolve em levantamentos sobre questões ambientais da escola e promovem conversas de convencimento com a comunidade escolar. 1"35*$*1"/5&4 %" .*/*0/( 1"536-)" &$033&410/4¦7&- %«0 &9&.1-0 %& $*%"%"/*"


Projeto do Marista Roque mostra que é possível preservar o Rio Jacuí 4"$0-"4 &$0-¶(*$"4 '03". 130%6;*%"4 1&-0 (3610 & %*453*#6±%"4 /" $0.6/*%"%& &4$0-"3

Neste ano, a Patrulha entrou em novo campo de ação, elaborando e aplicando oficinas extracurriculares para alunos de Ensino Fundamental 1. A capacitação aborda temas como reciclagem e customização. Um dos principais resultados do projeto é fidelizar, ano a ano, um número significativo de novos voluntários. Confira depoimentos sobre a importância do projeto na escola: “Para começar, sempre me interessei pelo meio ambiente, porém não sabia como colaborar e fazer surtir efeito. Então, encontrei na Patrulha Ecorresponsável um lugar onde poderia expor minhas ideias e ver que elas surtiam efeito.” Pietro Waltrich Brum - Turma 81 “Resolvi entrar para a Patrulha porque depois que eu participei de uma reunião percebi que tinha muitas ideias boas para ajudar o ambiente e, por meio da Patrulha, colocar em prática.” Leonardo Hehman D’avila - Turma 101

No dia 22 de outubro, os 35 estudantes do 1º ano do Ensino Médio do Colégio Marista Roque, de Cachoeira do Sul, estiveram envolvidos em mais uma etapa do Projeto Conhecendo o Rio Jacuí. O trabalho, interdisciplinar, faz uma abordagem dos mais variados aspectos do rio, envolvendo os conteúdos desenvolvidos em sala de aula e traçando um levantamento ambiental do local. Acompanhados dos professores e pais do Marista Roque e militares do 3º Batalhão de Engenharia e Combate, os estudantes participaram do plantio de mudas de árvores nativas da região, identificando os principais focos de desmatamento e realizando o reflorestamento destas áreas. O projeto, desenvolvido há oito anos, também prevê estudos sobre as espécies vegetais, aves, mamíferos e répteis; e mata ciliar em pontos degradados. Além disso, identifica locais de poluição, por meio da análise da água coletada. Até o momento, já foram plantadas 7 mil mudas, sendo 300 de reposição. Outro destaque do projeto, que está sendo organizado, e servirá de banco de dados para estudos, é o lançamento de um livro analisando os resultados obtidos nesses oito anos com diversos enfoques: científico, social, econômico e poético.

“A Patrulha é uma organização que cuida do meio ambiente e pede ajuda para os alunos. Adorei fazer parte de um momento de discussão como representante de turma. Farei parte da Patrulha.” Paula Siminovich – Turma 52 “A Patrulha Ecorresponsável é uma das iniciativas mais importantes da Escola. Ser testemunha de um grupo de jovens supermotivados para o problema da sustentabilidade é um privilégio e renova nossas esperanças. O futuro do planeta estará em boas mãos.” – Jânio Alves – Professor de filosofia/ Coordenador do NEE 1"35*$*1"/5&4 %0 130+&50 "1-*$". 0'*$*/"4 &953"$633*$6-"3&4 1"3" "-6/04 %0 &/4*/0 '6/%".&/5"-

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GESTÃO

Driblando o vai e vem da economia POR KARINE RUY

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turbulência econômica na Europa gera um clima de inquietação ao redor do mundo. Depois do turbilhão provocado pela crise americana de 2008, não é de se estranhar que a ordem de apertar os cintos na Itália e na Grécia, principalmente, deixe o mercado internacional com a pulga atrás da orelha. Precisar a força com que essa crise pode atingir o Brasil no curto e médio prazos é difícil, mas mesmo assim os gestores precisam ficar atentos ao cenário internacional na hora de planejar as contas de 2012. As instituições de ensino percebem que a economia não vai bem quando os índices de inadimplência registram crescimento. Segundo o economista Gustavo de Moraes, da PUCRS, também é comum que atividades e cursos paralelos sejam dispensados. “Num mercado de trabalho desaquecido, as famílias estarão mais dispostas a cortar aqueles cursos optativos, que não são prioridade, como Línguas, por exemplo”, explica Moraes. A dica de Moraes para as escolas da rede privada é diminuir custos por meio da revisão de processos. Atitudes simples, como melhor aproveitamento de artigos de papelaria e utilização sustentável de água e energia elétrica, podem trazer uma diferença significativa no final do mês. Apostar na maior produtividade do corpo docente é outro caminho apresentado pelo economista. O que realmente deve ser deixado de lado na lista de investimentos para o próximo ano, na opinião do professor, são as grandes obras de expansão. Com o mercado de construção superaquecido no Brasil em função dos preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e dos números positivos da economia brasileira, os preços dos serviços e produtos do setor ficaram mais caros. “O custo da mão de obra subiu mais de 15% nos últimos anos”, exemplifica Moraes. Como é praxe do setor, as avaliações da economia não seguem uma única versão. Em linhas gerais, percebe-se que as análises se dividem entre as perspectivas cautelosas e as otimistas. Apesar de acreditar que a turbulência internacional não será rapidamente resolvida, o professor Ricardo Teixeira, da Fundação Getulio Vargas, aposta na preparação do país para os reflexos da crise europeia. “Você só consegue passar bem por um período de

instabilidade poupando. O Brasil construiu um colchão de amortecimento”, analisa Teixeira, prevendo a continuidade do ambiente de aquecimento econômico para o próximo ano. “A princípio o nível de emprego no Brasil, que hoje está bem elevado, vai continuar assim”, aposta o economista. Para manter e atrair novos alunos, independentemente dos indicadores econômicos que venham a se firmar no país, o caminho indicado por Teixeira é qualificar cada vez mais a educação. Assim, custos com mensalidade do colégio e outros cursos tendem a ser encarados pelas famílias como investimentos prioritários – e não gastos que podem ser riscados a qualquer momento do orçamento familiar. “As escolas precisam oferecer ensino de qualidade adequado às necessidades do mercado de hoje, criar aulas dinâmicas que realmente interessem aos alunos”, analisa Teixeira. Um olho na calculadora, outro no plano estratégico A eficiência de um sistema de gestão financeira bemestruturado aparece sobretudo naqueles momentos em que os rumos da economia parecem incertos. Afinal, faz parte das tarefas desse profissional avaliar os cenários econômicos e apontar os ajustes e investimentos que podem garantir a sustentabilidade financeira de uma instituição. Na prática, contudo, a atividade acaba sendo absorvida por outros profissionais dentro das escolas. “Poucas redes têm um gestor específico para esse tipo de situação”, afirma Moraes. Se a presença de um gestor financeiro dentro da equipe


de colaboradores ainda ĂŠ uma espĂŠcie de luxo para muitos estabelecimentos de ensino, o desenvolvimento e a aplicação de planejamento estratĂŠgico jĂĄ se tornaram uma obrigação. Trata-se de um subsĂ­dio importante tambĂŠm para decisĂľes financeiras. Com prioridades e objetivos a curto, mĂŠdio e longo prazos bemdefinidos, readequaçþes e possĂ­veis cortes no orçamento podem ser implementadas sem comprometer o futuro da instituição. Segundo Gustavo de Moraes, o perfil e a abrangĂŞncia do plano devem levar em consideração o porte de cada instituição. “Para redes com mais de 500 alunos o ideal ĂŠ pensar cinco anos para frente. Em escolas que tenham entre cem e 500 alunos, o planejamento deve ser feito para atĂŠ trĂŞs anosâ€?, explica. O vice-diretor do colĂŠgio SĂŁo JosĂŠ, de Pelotas, Luiz Gustavo AraĂşjo, concorda com a aplicação desse recurso. “O gestor precisa desenvolver uma sĂŠrie de mecanismos de percepção levando em consideração que nĂŁo haverĂĄ uma situação estĂĄtica. Precisamos detectar quando se aproximam esses momentos menos favorĂĄveis para nos prepararmos e nĂŁo sermos afetadosâ€?, afirma. Uma das preocupaçþes do diretor ĂŠ nĂŁo deixar que as variaçþes no cenĂĄrio econĂ´mico influenciem na qualidade do ensino. “Em vez de se restringir investimento, a escola tem que ter um projeto de educação a mĂŠdio e longo prazos coerente com sua proposta educacional, sem pensar em lucros nem crises.â€? O SĂŁo JosĂŠ tambĂŠm coloca em prĂĄtica outra lĂłgica essencial na sociedade da informação. Mais do que nunca, nĂŁo basta fazer bem: ĂŠ preciso tambĂŠm mostrar o que se faz. Observando essa adaptação do velho ditado “a propaganda ĂŠ a alma do negĂłcioâ€?, hĂĄ seis anos a escola investiu na formação de um departamento de comunicação. A equipe, coordenada por um ex-aluno da instituição, conta hoje com quatro colaboradores. O objetivo do

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setor ĂŠ dar visibilidade Ă s atividades realizadas pela instituição. Meios para isso nĂŁo faltam. AlĂŠm de site e conta na rede social twitter, o colĂŠgio conta com um encarte em um jornal local, informativo prĂłprio, rĂĄdio interna e programa de televisĂŁo exibido em duas redes de Pelotas. Segundo o diretor, o investimento se mostrou acertado. “A comunicação ĂŠ essencial. É ela que vai nos aproximar do pĂşblico-alvo, da comunidadeâ€?, justifica. As açþes de marketing tambĂŠm sĂŁo indicadas pelos especialistas por oferecerem uma boa relação custo-benefĂ­cio. Mesmo escolas com recursos limitados para essa ĂĄrea devem apostar no potencial das açþes de comunicação. Nesses casos, a recomendação do professor Gustavo de Moraes ĂŠ desenvolver atividades de divulgação com foco no bairro da escola – uma forma de se aproximar das famĂ­lias de atuais e possĂ­veis novos alunos – e tirar proveito de ferramentas gratuitas, como as redes sociais na internet.


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Planejamento estratégico traz sustentabilidade financeira para a Rede Notre Dame O desejo de fortalecer a marca Notre Dame como rede e a necessidade de padronizar os processos comuns das oito escolas mantidas no RS levaram a Rede Notre Dame a implementar o planejamento estratégico em 2008. Num trabalho conjunto entre a diretoria da Mantenedora e a direção das escolas, foram realizados estudos sobre gestão, análise do mercado educacional e uma autoavaliação, que permitiu conhecer melhor a Rede e suas escolas. A partir dos dados obtidos, foi possível definir os processos de trabalho e as estratégias comuns entre as escolas, resultando em maior integração e profissionalização da Rede e de todas as suas instituições de ensino. Nesses quatro anos, o planejamento estratégico trouxe resultados positivos tanto para a sustentabilidade financeira da Notre Dame quanto para a sua excelência acadêmica. O trabalho teve início com um encontro de três dias, em julho de 2008, quando se reuniram as direções das escolas, a diretoria da Mantenedora e o consultor do SINEPE/RS, Oscar Kronmeyer Filho, que acompanhou e orientou todo o planejamento. Naquele momento, foram estabelecidas as etapas do trabalho e as metas a curto, médio e longo prazos. Nas reuniões seguintes, o grupo dedicou-se a estudar o cenário educacional do Estado e das cidades que possuem escolas da Rede. Também foi analisada a realidade interna de cada instituição, especialmente fatores como: evolução no número de alunos, índice de sustentabilidade, evolução do percentual de descontos totais e dos percentuais de filantropia. Concluída essa etapa, passou-se à identificação das maiores forças e fraquezas, das ameaças e das grandes oportunidades para a Rede. Em 2009, visando compartilhar com todos os integrantes da Notre Dame a gradativa implantação do planejamento estratégico, e para torná-los coadjuvantes desse processo, foi realizada uma jornada pedagógica com a participação de todos os professores. Foram dois dias de estudos para nivelar o entendimento de conceitos de gestão e aprofundar os grandes temas do planejamento. Uma das primeiras ações concretas, que surgiu do planejamento, foi a criação do Centro de Comunicação e

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Assessoria Pedagógica (CCAPE) para realizar um trabalho conjunto entre a assessoria pedagógica, o marketing e os assuntos jurídicos relacionados à educação. “Cada documento ou peça publicitária devem ser pensados de forma estrategicamente atraente, pedagogicamente adequada e juridicamente correta, garantindo a segurança da apresentação e do compromisso da Rede perante seu público interno e externo”, explica a coordenadora pedagógica da Rede, Ir. Adélia Dannus. Uma das primeiras ações do setor foi a criação da nova logomarca unificando as comunidades educativas e religiosas Notre Dame. Também foram criados meios de comunicação, como a Revista ND em Ação e o site, unificados os materiais internos, com custos de produção reduzidos, e foi realizado um trabalho de endomarketing para fortalecer a ideia de rede. Ir. Adélia salienta que, hoje, o planejamento estratégico é ferramenta imprescindível para a instituição, contribuindo para a criação de valores e para o crescimento no mercado. “Este trabalho nos ajudou no redirecionamento do foco, na adoção de uma metodologia estratégica no tratamento da problemática diária do mundo da educação, na gestão administrativa e empreendedora da escola e no reconhecimento interno e externo da Rede. Nossas escolas começaram a fazer projeções, demonstrações de resultados, trabalharam o fluxo de caixa, reduziram custos, gerenciaram melhor as receitas financeiras e, consequentemente, atingiram resultados esperados”, comemora a dirigente.


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ARTIGO Seja um simples conversador

O que fez a Rede buscar o planejamento estratégico: - Necessidade de fortalecimento da Rede Notre Dame; - Compartilhamento das melhores práticas e investimentos comuns a todos os estabelecimentos; - Necessidade de elaboração dos processos operacionais dos setores das escolas da Rede; - Elaboração do Regimento Escolar comum para todas as instituições.

O que mudou com o planejamento estratégico: - Estabelecimento de um novo olhar sobre a visão, missão e valores da Rede; - Esforços voltados para os valores, desempenho e resultados; - Estabelecimento de critérios e índices nas diversas áreas de atuação; - Melhoria dos índices econômico-financeiros; - Abertura de novas alternativas para geração de resultado econômico-financeiro e visibilidade no mercado; - Fortalecimento da Rede e de iniciativas comuns; - Projetos comuns com redução de custos.

Se houvesse a possibilidade de se criar um manual para ensinar a liderar, a primeira orientação seria: Converse, de forma apreciativa. Isso significa, em primeiro lugar, ouvir. Bem, parece óbvio que quando alguém está falando há alguém escutando. Poucas vezes nos deparamos com pessoas conversando sozinhas, sem um interlocutor. Acontece que ouvir, atentamente, exige interesse pelo outro, além de respeito a sua história de vida. Sendo assim, uma conversa não pode ser mediada pela argumentação. Ouvir pensando em responder não nos capacita a sermos bons ouvintes. Outro aspecto importante para que se estabeleça uma conversa é perguntar. Essa atitude é a demonstração de interesse pelo que o outro está dizendo. Quando existe a compreensão de que uma conversa não é apenas a transmissão de conhecimentos uns para os outros ou, pior, de um para outros, mas uma troca de experiências, pode-se entender que perguntar não é identificar se o outro sabe. “Você entendeu o que eu falei?” Colocar o outro na condição de provável mau entendedor é, no mínimo, demonstrar desconfiança sobre a sua capacidade de compreensão. Do outro lado, o sujeito poderá se sentir humilhado e com pouca ou nenhuma motivação para responder que não entendeu, por exemplo. Melhor seria perguntar: “Consegui explicar o que eu gostaria?”. Quando a conversa desconsidera a hierarquia podem cair os preconceitos e os cargos e se torna possível estabelecer um profundo diálogo, sem conteúdos superiores. A origem do vocábulo diálogo está nas raízes gregas ‘dia’, que significa ‘através de’, e ‘logos’, que quer dizer ‘significado’. A palavra dá sentido ao encontro das pessoas por meio dos significados que compartilham para poderem compreender umas às outras. O que se percebe, no entanto, é que as lideranças fazem verdadeiros monólogos quando se consideram superiores em conhecimento. Quantos alunos e liderados evitam fazer perguntas por conta de um olhar crítico do professor ou de um líder? Segundo Paulo Freire, em seu livro Pedagogia da Autonomia, “é preciso estimular a pergunta em lugar da passividade em face das explicações discursivas do professor, espécies de respostas às perguntas que não foram feitas”. Um líder admirado é uma pessoa simples, que acolhe e respeita o que o outro está dizendo. A simplicidade tem força para derrubar os egos, podendo trazer à tona valores como humildade e aceitação das diferenças. Ninguém é melhor porque sabe mais, ganha mais, está cursando a faculdade, é homem, mulher, sabe cozinhar ou discursar. Sentir-se superior ao outro pelo fato de ter mais experiência e agir como se fosse o dono da verdade faz parte do processo de exclusão. Segundo Pierre Lévy, em seu livro Inteligência Coletiva, “ninguém sabe tudo, todos sabem alguma coisa, todo o saber está na humanidade. A luz do espírito brilha mesmo onde se tenta crer que não existe inteligência. Se você cometer a fraqueza de pensar que alguém é ignorante, procure em que contexto o que essa pessoa sabe é ouro”. A simplicidade é um estado que permite essa percepção. Conversar é o melhor caminho para o desenvolvimento. Um bom conversador inclui, acolhe e torna a vida de todos mais fácil, simples e bonita. Dulce Ribeiro Mestre em Ciências Sociais, Coach, Professora da ESPM SUL.


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PROJETO

Iniciativa do Colégio João XXIII aproxima estudantes da Física

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projeto Confraria das Ideias e Invenções do Colégio João XXIII, de Porto Alegre, encerra seu primeiro ano com a certeza de que é um espaço voltado para criações. Com 30 alunos e mais de 25 protótipos, a iniciativa, voltada para estudantes da 5ª a 7ª séries, é resultado da experiência da professora de Física Anna Maria Daniele e da vontade de inovar da diretora Anelori Lange. “Queremos atrair o interesse dos jovens para a Física, mas não por meio da robótica”, conta a professora, explicando, ainda, que a escolha da faixa etária não foi por acaso. “O interesse pela Ciência é despertado principalmente entre 10 e 13 anos, por isso focamos o projeto foca nessa fase”, ressalta Anna Maria. Divididos em três grupos, a Confraria – como a iniciativa ficou conhecida - acontece duas vezes por semana, no turno inverso da aula, em uma sala especial com piso emborrachado, cortinas que bloqueiam a luz solar, acesso livre à internet e mesas-redondas que propiciam a discussão coletiva. A ideia é incentivar os alunos a praticar e vivenciar a pesquisa a partir da criação. Isto é, na metodologia construída pela professora, os integrantes do projeto desenvolvem a fundamentação teórica só depois de terem

finalizado o protótipo. Baseado nas teorias da Aprendizagem Significativa de Ausubel, na qual o novo conteúdo adquire significado ao se relacionar com o conhecimento prévio; do Construtivismo de Piaget, que vê em cada faixa etária capacidades diferentes de aprendizagem; e no estudo sobre Inteligências Múltiplas de Howard Gardner, focado para a crescente dificuldade de concentração dos jovens, o método utilizado na Confraria está modificando a relação dos alunos do João XXIII com a sala de aula. “Os professores já perceberam que o modo de pensar dos estudantes está diferente. É um avanço, porque o objetivo desse trabalho também é ajudá-los a organizar pensamentos, fazendo com que se tornem concretos, porque ideias eles têm”, afirma Anna Maria. Se tudo isso vai terminar em um maior gosto pela Física só o tempo vai dizer, pois os alunos ainda não alcançaram o Ensino Médio. Mas a professora acredita que a Confraria das Ideias e Invenções fará com que os alunos cheguem nessa etapa mais interessados não só pela Física, mas pela pesquisa de modo geral, porque estarão mais seguros e por dentro desses processos.


IES

Em busca da nova aula POR KARINE RUY

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m professor universitário entra numa sala de aula para lecionar e encontra diante de si uma turma de jovens. Observa o grupo e vê alguns recém-saídos do Ensino Médio, com o rosto ainda marcado por acnes. Outros exibem feições cansadas, comuns àqueles que dividem o tempo entre a faculdade e o trabalho. Mirado por olhares de indivíduos diferentes, mas que dividem a ansiedade por desvendar os mistérios da profissão escolhida, o professor se questiona: como desenvolver uma aula diferente para responder a tantas – e variadas – expectativas? Não há dúvidas de que as formas de aprender e ensinar se transformam com o decorrer do tempo. A relação entre professores e alunos de hoje pouco lembra o ambiente da sala de aula comum na metade do século passado. Entretanto, a busca pela inovação pedagógica constitui-se como uma das questões mais atuais dos debates em torno da educação. Alguns se perguntam quais as melhores alternativas para manter o interesse dos alunos numa época em que o acesso às informações está ao alcance da mão, sob a forma de apetrechos eletrônicos como celular, iPads e iPhones. Para outros, a preocupação recai sobre o real aproveitamento dos conteúdos na vida dos alunos e em suas futuras práticas profissionais. Mas antes de virar os modelos tradicionais de aula de ponta-cabeça, é preciso discutir o próprio conceito de inovação metodológica. Caso contrário, corre-se o risco de considerar que a utilização de um simples computador ou apresentação de slides no PowerPoint signifiquem uma nova proposta pedagógica. O alerta é feito pelo professor Ives Araújo, do Departamento de Física da UFRGS. “A primeira coisa é chegarmos a um denominador comum sobre o que se deseja com as inovações e o que se considera como inovação. Uma das coisas que mais se veem hoje em aulas no ensino superior é a substituição do quadro-negro e do retroprojetor pela apresentação de slides no PowerPoint. Sem dúvida é uma inovação técnica, mas o problema subjacente da mera exposição

de informações aos alunos continua. Conforme um ditado popular em espanhol, está se colocando ‘vinho velho em garrafas novas’. Defendo que as inovações nos sistemas de ensino devam ter como meta o engajamento cognitivo, e com sorte emocional, dos alunos com seu próprio aprendizado”, argumenta Araújo. O essencial para um processo de inovação na educação, avalia o professor, é modificar o uso do tempo na classe, procurando alternativas complementares para qualificar o aprendizado, incentivando o trabalho colaborativo e o desenvolvimento do pensamento crítico. “Ainda estamos muito vinculados ao modelo de aula como espaço para divulgação de informações, transmissão de conhecimentos. Esse tempo seria bem melhor aproveitado se houvesse menos exposição oral por parte do professor sobre os conteúdos e mais trabalhos em pequenos grupos com os alunos tendo tarefas claras para realizar, preferencialmente, sendo usadas não só para definir conceitos finais, mas para fornecer feedback para o professor sobre o andamento do processo de ensinoaprendizagem”, afirma. Uma crítica comum que coordenadores de cursos superiores

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ouvem de ex-alunos é a lacuna percebida entre a formação universitária e as exigências encontradas no dia a dia do mercado de trabalho. Uma queixa também direcionada por empregadores, que não poucas vezes reclamam do tempo gasto na preparação do profissional graduado para torná-lo apto a assumir suas funções. Além desse desencaixe, a pedagoga e pós-doutora em Educação pela USP Léa Anastasiou acredita que as universidades devem urgentemente investir em atualização curricular para atender não só às exigências de cada campo profissional, mas também preparar seus alunos para a vida. Ao se formar na faculdade, eles já se deparam com um novo modelo de mundo de trabalho, no qual um colaborador não é avaliado apenas pelas habilidades específicas, mas também pela sua capacidade de gerenciar conflitos e atuar em grupo. “A articulação da teoria e prática começa desde o início do curso, sendo vivenciada também em ações de crescente complexidade operacional, tudo construído numa rede ou teia significativa. Para isso, outro elemento essencial é o cuidar da ampliação da inteligência emocional, que reflete nossa capacidade de interagir entre pessoas, cuidando-se reciprocamente e ampliando, entre os sujeitos docentes e discentes a metacognição, que trata da consciência da aprendizagem realizada, da aprendizagem ainda não realizada e do planejamento e gestão do caminho da própria aprendizagem e crescimento pessoal”, explica Léa. A pedagoga também alerta para a necessidade de qualificar os professores que ingressam no Ensino Superior, muitas vezes acompanhados somente de bagagem profissional. “Para inovar sistemas de ensino é preciso ter competência docente. Como a maioria dos profissionais que atua na docência universitária ‘dormiu profissional de uma área e acordou docente’, a formação continuada para a docência se torna uma necessidade e uma forma de possibilitar aos profissionais das diversas áreas os saberes cognitivos,

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procedimentais e atitudinais para atuarem, com alegria, prazer e realização também nas aulas universitárias da graduação.” Instrução pelos pares É em Harvard, a tradicional universidade norte-americana, que o professor de Física Eric Mazur realiza pesquisas com o método Peer Instrucion. Criado por ele há aproximadamente dez anos, por meio da metodologia desenvolveu aulas menos expositivas e com maior interação entre alunos e professor. Desde 2009, o professor Ives Araújo participa do grupo de pesquisa em ensino liderado por Mazur e acompanha a aplicação local da proposta em disciplinas do curso de Física da UFRGS, no Colégio de Aplicação da instituição e no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul RioGrandense. “O ponto principal está em colocar o aluno no centro do processo de ensino-aprendizagem, fazendo com que ele reflita sobre o conteúdo, formule hipóteses e discuta com os colegas em sala de aula, onde o professor está em condições de auxiliá-lo. É uma modificação tremenda no modelo de aula tradicional em que o professor apresenta e resolve problemas no quadro-negro, sem que os alunos de fato tenham tentado resolvê-lo, sem que eles tenham se engajado. É como ouvir respostas a perguntas que não fizemos, a atitude é passiva”, explica Araújo. Segundo o professor, o PI pode ser aplicado em qualquer classe e conteúdo, desde que realizada uma discussão prévia sobre a implementação do novo método e respeitadas as devidas adaptações. Para não gerar sustos com a mudança no perfil da aula, a dica de Araújo é introduzir o novo método aos poucos. “A única coisa que se torna difícil é querer voltar ao sistema antigo assim que os resultados positivos começam a aparecer”, garante o professor.

Confira na página on-line da Educação em Revista a íntegra da entrevista com a professora Léa Anastasiou Acesse: www.sinepe-rs.org.br


DIVULGAÇÃO/PUCRS

Oficinas reforçam a aprendizagem na PUCRS

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Feevale recebe selo de instituição socialmente responsável

Os alunos da PUCRS que desejam melhorar o desempenho nas áreas de Português e Matemática têm no Laboratório de Aprendizagem (Lapren) um grande auxílio. No espaço, vinculado ao Logos – Aprendizagem sem Fronteiras –, podem estudar individualmente nos computadores disponíveis, acessando os objetos de aprendizagem. As dúvidas são esclarecidas com os monitores – bolsistas de iniciação científica auxiliados por professores. Enquanto esse trabalho busca a autonomia dos estudantes, o Lapren também promove a troca de conhecimentos por meio de oficinas. Elas reúnem todos os acadêmicos interessados em determinado assunto para encontros na arena do Logos. Em 2011, as oficinas foram mais de 30 e atenderam a aproximadamente 700 alunos. “Nessa modalidade de ensino, as atividades se realizam coletivamente e os alunos podem interagir, compartilhando o conhecimento, pois a dúvida de um é, muitas vezes, a dúvida de muitos”, explica Marilene Müller, uma das professoras responsáveis pela área de Matemática do Lapren. Stela Fogliato está no 4º semestre do curso de Letras e, desde abril, é bolsista do Lapren. Além de auxiliar os colegas, ela também aprende. “Cada vez que ajudo alguém ou participo de uma oficina, reforço meu estudo”, afirma. Além disso, durante as aulas na Faculdade, ela percebe conteúdos que podem ser abordados no Laboratório. “Vejo as disciplinas que meus colegas e eu achamos mais complicadas e trago as informações para as professoras, visando a trabalhar aqueles conteúdos aqui”, relata.

BRUNA SALTIEL / FEEVALE

A Universidade Feevale, de Novo Hamburgo, recebeu da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) o selo “IES Socialmente Responsável”. Com validade até novembro de 2012, o selo certifica a Instituição como comprometida com a educação e com a sociedade. Entre as ações que contribuíram para o reconhecimento está a adesão ao Dia do Ensino Responsável 2011, que ocorreu em 24 de setembro. A Instituição promoveu, nessa data, o “Espaço Cidadão Feevale”, evento organizado pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários. Foram realizadas, gratuitamente, diversas atividades para a comunidade, entre as quais, oficinas e festival esportivo.

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CULTURA

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Jovens músicos do Instituto de Educação Ivoti subiram ao palco do Theatro São Pedro

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público da Capital apreciador de uma boa música e canto teve a oportunidade de conferir o trabalho realizado pelo Projeto de Música da Associação Pró Cultura e Arte Ivoti – Ascarte, do Instituto de Educação Ivoti. A Camerata Ivoti, Grupos Instrumentais e o Coro Juvenil se apresentaram no dia 15 de novembro no mais tradicional palco da capital gaúcha, o Theatro São Pedro. No espetáculo, subiram ao palco 80 jovens instrumentistas e coralistas do projeto, a partir de 4 anos de idade. O programa de duas horas trouxe composições como Verano Porteño, de Astor Piazzolla, Milonga para as Missões, de Gilberto Monteiro, as brasileiríssimas Carinhoso, Tico-Tico no Fubá e Garota de Ipanema e a cantata “Alles was Ihr tut, mit Worten oder mit Werken”, do alemão Dietrich Buxtehude. O mesmo repertório será apresentado em janeiro e fevereiro, em turnê pela Europa, passando por países como Alemanha, Noruega e Turquia. Além de apresentar o trabalho na área da educação musical desenvolvido pela Ascarte/IEI, a apresentação em Porto Alegre

buscou sensibilizar empresas e pessoas físicas a contribuir, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura - Lei Rouanet, com o projeto, que atende alunos de diferentes classes sociais, provenientes de Ivoti, cidades da Grande Porto Alegre e demais regiões do estado e do país, com vivência na Moradia Escolar do Instituto de Educação Ivoti (IEI).

Saiba mais - O projeto da Ascarte/IEI tem como objetivo desenvolver e aprimorar valores sócio-culturais no campo das artes, em todas as suas formas de expressão, por meio da música, da dança, das artes plásticas e cênicas. Aulas de teoria musical, música coral, música instrumental e a manutenção de quatro orquestras estão entre suas atividades que beneficiam crianças e jovens de 4 a 20 anos, das redes privada e pública de ensino da região.

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MEMÓRIA

História do Colégio Farroupilha é marcada pela inovação

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m 1886 surgiu em Porto Alegre uma instituição de ensino para os imigrantes alemães e seus descendentes. Chamada Escola de Meninos da Associação Beneficente Alemã (Knabenschule des Deutschen Hilfsverein), recebia estudantes dos 6 aos 14 anos para adquirirem fluência nas Línguas Alemã e Portuguesa e prepararem-se para estabelecerem seus próprios negócios. Assim, começou a história do Colégio Farroupilha, que completa, neste ano, 125 anos. Passados 18 anos desde a sua fundação, a instituição ampliou sua atuação, inaugurando uma Escola de Meninas, em sede própria no centro de Porto Alegre, local onde hoje está situado o Hotel Plaza São Rafael. O estabelecimento foi pioneiro na Educação Infantil por oferecer o primeiro Jardim de Infância do Rio Grande do Sul e o terceiro do Brasil. A escola também marcou história na década de 20, sendo a primeira na Capital a adotar o ecumenismo nas aulas de religião. Em 1929, foram unidas definitivamente a Escola de Meninos e a Escola de Meninas, outra inovação para a época. Seguindo uma filosofia marcada por valores éticos e cristãos, o estabelecimento tornou-se referência em educação de qualidade. Em 1962, o Colégio foi transferido para um novo prédio, construído em um terreno adquirido, em 1928, na localidade de Chácara Três Figueiras, nome que deu origem ao bairro que se formou ali. O local foi uma alternativa para a instalação da nova sede da escola, depois da recusa do Governo Municipal em permitir a construção de um colégio na área central da cidade, próxima ao Rosário e ao Instituto de Educação. As instalações da década de 60 foram modernizadas ao longo dos anos sob a gestão da Associação Beneficente e Educacional

1858, mantenedora da sede e de outras duas unidades do Colégio Farroupilha, em Porto Alegre. Localizada no bairro Três Figueiras, a sede da instituição é responsável pela educação de 2.218 alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio. A unidade Terra Ville, na Zona Sul da Capital, oferece Educação Infantil às crianças de 2 a 5 anos, residentes no condomínio homônimo. A unidade Tenente Coronel Correia Lima, que funciona dentro das dependências do Centro de Preparação de Oficiais de Reserva de Porto Alegre (CPOR-PA), no bairro Santa Tereza, atende, desde 2006, crianças do 1º ano à 7ª série do Ensino Fundamental em situação de vulnerabilidade social. Nesta unidade de responsabilidade social, 163 estudantes estão matriculados. Programação especial para a comunidade escolar nos 125 anos O Colégio desenvolve, ao longo de 2011, uma programação especial que aproxima ainda mais a escola dos alunos, exalunos, familiares e colaboradores. Os festejos se iniciaram em março, quando a instituição lançou nova logomarca, na qual a imagem da marca – atualizada, sólida e impactante – expressa o novo, atual e forte Farroupilha de 125 anos. Uma confraternização com a presença de ex-alunos, estudantes, familiares, direção e colaboradores do quadro atual e de aposentados foi realizada em setembro, na Sogipa. Incentivador da prática desportiva, o Farroupilha promoveu, em outubro, a Corrida dos 125 anos, com percursos que contemplaram duas categorias: atletas profissionais e amadores, destinada à comunidade escolar.

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“Costumo brincar que nunca saĂ­ do ColĂŠgio Farroupilhaâ€?

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Com 29 anos vividos no ColĂŠgio Farroupilha, a ex-aluna, ex-professora e atual coordenadora do Ensino Fundamental Anos Iniciais, MĂĄrcia Beck Terres, 40 anos, atribui aos professores “exigentes, mas que sabiam dosar amorosamente a disciplina e o afetoâ€? grande parte de sua formação pessoal e profissional. Duas educadoras, em especial, marcaram o perĂ­odo entre 1976 e 1984, ĂŠpoca em que MĂĄrcia cursou a Educação Infantil e o Ensino Fundamental. “Tenho Ăłtimas lembranças da professora Ingrid, que me deu aula no 3Âş ano e, no ano seguinte, foi morar em Fortaleza. A professora Mirtes Sulavan Soares Costa (colega atĂŠ hoje) nos proporcionou o contato com a ex-professora, por meio de cartas. Era uma expectativa imensa receber uma carta da professora Ingrid e trocar mensagens com elaâ€?, recorda-se ao contar que, no ano seguinte, teve a oportunidade de visitar a professora, durante as fĂŠrias de julho da famĂ­lia. “Tenho um imenso vĂ­nculo afetivo com o Farroupilha. Costumo brincar que nunca saĂ­ do ColĂŠgio, pois ingressei na escola como professora de 2Âş ano, isso hĂĄ 21 anos... Por 19 anos, atuei nas sĂŠries iniciais para depois assumir a coordenação de Ensino, um grande desafio. Sou muito realizada profissionalmente, pois minha função exige dinamicidade, comprometimento, responsabilidade e envolve pessoas. Tudo isso aliado a um processo incessante de formação e atualizaçãoâ€?, conta a pĂłs-graduada em Psicopedagogia. Foi nas dependĂŞncias do Farroupilha que MĂĄrcia conheceu o seu marido, JoĂŁo Carlos de Paiva Alves, colega de turma. Hoje, a filha do casal, Maria Eduarda, 6 anos, vivencia momentos de aprendizagem e afeto, propiciados pela equipe de profissionais e coleguinhas da Educação Infantil. “Tem algo no Farroupilha que atĂŠ hoje se perpetua e que comento quando me questionam qual o diferencial da Escola: mesmo sendo uma grande instituição, em diferentes aspectos, conseguimos personalizar o acompanhamento dos alunosâ€?, sintetiza.


EDUCAÇÃO E NEUROCIÊNCIAS “Precisamos desenvolver ‘hábitos da mente’”

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esta edição, os participantes do 11º Congresso do Ensino Privado Gaúcho entrevistam a Ph.D. em Educação e professora de Educação e Neuropsicologia Tracey Espinosa, que fala sobre a relação do professor com as neurociências. Confira: Em sua fala, aponta para a necessidade da integração das áreas da neurociência e psicologia à sala de aula. Ao mesmo tempo alerta que algumas informações foram aceitas pela área da educação sem o devido tratamento. Para que essa ‘ponte’ aconteça o que deve ser preconizado pelos professores? Sabrina Ferreira de Souza Mestre em Educação – Professora do Colégio Marista Rosário e da Fapa.

Tracey Espinosa - Os professores precisam ser consumidores cautelosos em relação às informações que acessam. Só porque algo vendeu bem não significa que é válido; e só porque outras ideias são menos conhecidas não significa que não são melhores do que as informações mais populares. Os professores devem também se dedicar a documentar suas práticas de forma adequada. Uma sugestão concreta é utilizar informações que tenham sido validadas por especialistas da área. Confira no portal do SINEPE/RS os livros indicados pela professora para leitura sobre o assunto. Penso que o objetivo de preparar professores com o intuito de formar os alunos como bons pensadores, seja o maior desafio da atualidade, pois alguns ainda preferem fazer uso de metodologias bastante tecnicistas. Como fazer para trabalhar a conscientização desses educadores a serem inspiradores de aprendizagens com significados considerando as experiências anteriores dos educandos? Maria das Graças Verônica de Lima Diretora – Escola Santa Teresa de Jesus – RJ.

Tracey Espinosa - Concordo que formar pensadores críticos é a chave para a educação moderna. É impossível transmitir todas as informações de todas as áreas, então, como professores, precisamos formar alunos que saibam levantar seus próprios questionamentos e descobrir suas próprias respostas. Entre os conceitos já estabelecidos em termos de Mente, Cérebro e Ciência da Educação, está o de que toda nova aprendizagem é influenciada por conhecimentos anteriores. Como professores, precisamos encontrar os melhores métodos possíveis para desencadear esses conhecimentos já existentes à medida que apresentamos novos conceitos. Hoje, na era da informação, precisamos ter como protagonistas do processo ensino–aprendizagem professores, ou melhor, cientistas educadores de mentes, que saibam unir territórios distintos para ensinar. Sabemos que este novo professor não tem condições de ser protagonista deste processo sozinho, então, qual é o papel dos estudantes, das famílias e da equipe administrativa desta nova escola, que precisa educar pessoas que pensem e que levantem suas próprias questões? Andréa Denise Ceni – Pedagoga/Professora Especial Escola de Educação Básica da URI – Campus de Erechim.

Tracey Espinosa - O próprio aluno, sua família e a equipe administrativa da escola, assim como a sociedade como um todo, precisam ajudar a desenvolver “hábitos da mente”, de modo a formar cidadãos melhores para o amanhã. Essas são as pessoas que potencialmente pensarão de forma crítica e serão líderes na sociedade. Os 16 hábitos da mente sugeridos por Arthur Costa são: 1) persistência; 2) gerenciamento da impulsividade; 3) capacidade para ouvir os outros e demonstrar empatia; 4) capacidade para pensar com flexibilidade; 5) metacognição; 6) capacidade de esforço para obter correção e precisão; 7) conhecimento sobre como questionar e apresentar problemas; 8) capacidade de aplicar o conhecimento anterior a novas situações; 9) capacidade para pensar e se comunicar com clareza e precisão; 10) conhecimento sobre como reunir informações por meio de todos os sentidos; 11) capacidade para criar, imaginar e inovar; 12) conhecimento sobre como responder com admiração e respeito; 13) capacidade para assumir riscos com responsabilidade; 14) meios para descobrir o humor; 15) pensamento independente; 16) aprendizado contínuo. Todos os atores (alunos, pais, professores, funcionários de escolas) precisam trabalhar para o desenvolvimento desses hábitos em todos os cidadãos da sociedade.


Hoje, sabemos que a aprendizagem é o resultado de um processo complexo e, ao mesmo tempo, natural ao ser humano. Seu processamento é pertinente ao indivíduo, sendo vivenciada, coletivamente (família, grupo social, sala de aula). Na aprendizagem estão inseridas as emoções que o indivíduo vive em relação à pessoa que educa, ao que será aprendido (o conteúdo ) e, em relação ao grupo na qual a pessoa está inserida. Nesse contexto, como a senhora percebe a formação dos novos educadores pelas universidades? Elas adaptaram seus currículos, tendo em vista esse novo momento que vivemos, ou ainda continuam reprisando uma formação segmentada, fundamentada no “ moldar os alunos para...”? Jerry Barth Vice-Diretor do Colégio Marista Santo Ângelo

Tracey Espinosa - Acho que as universidades apresentam resultados variados quando o assunto é a formação inicial de professores. Em um cenário ideal, estão atualizadas e conseguem repassar aos novos professores as melhores informações disponíveis, mas em um contexto não tão ideal, não possuem o conhecimento necessário em termos de informações de qualidade ou, em alguns casos, ensinam utilizando ferramentas ultrapassadas. As melhores estruturas de currículo para os programas de formação de professores devem incluir orientações como aquelas propostas pelo Painel de Delphi, que auxiliam a formar Mente, Cérebro e a Ciência da Educação. Algumas das orientações estão listadas a seguir. (TokuhamaEspinosa, 2010). Bons programas de formação de professores devem instruir sobre a importância de: Bons Ambientes de Aprendizagem; Senso, Significado e Transferência; Diferentes Tipos de Caminhos da Memória; Áreas de Atenção; A Natureza Social da Aprendizagem; A Conexão entre o Corpo e a Mente; Orquestrar e “Cocriar”; Processos Ativos; Metacognição e Autorreflexão; e Aprendizagem ao Longo da Vida. Se as universidades puderem incluir esses preceitos em seus currículos, elas serão mais bem-sucedidas. Música e teatro aumentam a capacidade de concentração e geram ganhos significativos em termos de memória de modo que isso possa se estender e aperfeiçoar outras áreas? Podem aqueles que aprendem a tocar um instrumento desenvolver maior capacidade em geometria e compreender um texto com mais facilidade? Em geral, os indivíduos que fazem teatro apresentam uma memória mais desenvolvida? Monica Chaves Diretora Pedagógica - Escola Romano Santa Marta de Porto Alegre

Tracey Espinosa - Surgem aqui três questões. Primeiramente, existem certas características de atividades que estimulam redes de memória e atenção (Best Practice By Steven Zemelman, Harvey Daniels, y Arthur Hyde (1998/2005):

Foco no aluno; Ativo; Holístico; Autêntico; Expressivo; Reflexivo; Social ; Colaborativo; Democrático; Cognitivo; Desenvolvimentista ; Construtivista; Desafiador. Pensando assim, é fácil perceber que as atividades que envolvem música e teatro compartilham muitas dessas características, tornando-as mais fáceis de serem lembradas ou prendendo a atenção do aluno. Em segundo lugar, existem estudos que demonstram que a exposição precoce à música faz com que o indivíduo apresente maior facilidade matemática (Johnson, C.M., & Memmott, J.E. (2006). Examination of relationships between participation in school music programs of differing quality and standardized test results. Journal of Research in Music Education, 54(4), 293). Em terceiro lugar, o simples ato do ensaio (como a memorização de falas em uma peça) força o cérebro a memorizar com mais facilidade. Devido à plasticidade do cérebro, quanto mais você faz alguma coisa mais fácil ela fica. Isto é, se alguém pratica algo com frequência (como a memorização de falas), ficará cada vez melhor no que faz. Isso significa que se um aluno frequenta aulas de teatro, ele provavelmente desenvolverá suas capacidades de memorização de forma mais ampla.

Nas próximas edições, a Educação em Revista trará outros conferencistas do 11º Congresso do Ensino Privado Gaúcho para responder a perguntas dos participantes do evento. Se você quiser participar desta seção, solicite mais informações pelo e-mail educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br


La Salle Dores recebe a 1ª Olimpíada de Filosofia com Crianças do RS

N Colégio São José aproxima estudantes da academia Com mais de 75 trabalhos inscritos, a Mostra Cientifica do Colégio São José de Pelotas foi um verdadeiro sucesso com a exposição de trabalhos realizados por alunos de 7ª série do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. Em quatro projetos os alunos pesquisaram e realizaram experiências em laboratórios da Universidade Católica de Pelotas (Ucpel). A iniciativa integra um projeto realizado entre a escola e a universidade para fomentar a iniciação científica. Até 2012, os laboratórios de Química, Física e Biologia do São José serão revitalizados com ajuda dos professores da Ucpel. Na Mostra, os alunos explicavam ao público cada experiência realizada e os resultados apurados. Um grupo de alunos explodiu garrafas e balões utilizando gases e ácidos, outro fez maquetes com luzes que funcionavam a energia eólica, outro grupo levou pulmões (de verdade) extraídos de pessoas que fumavam e trabalhavam em minas de carvão.

Teatro como recurso para aprender Espanhol

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Monteiro Lobato investe no incentivo Ă pesquisa O ColĂŠgio Monteiro Lobato, de Porto Alegre, reservou um dia para a comunidade escolar conhecer os resultados do projeto que norteia o princĂ­pio pedagĂłgico da escola, o ‘Aprender pela Pesquisa’. Foi realizado no dia 22 de outubro o ‘XX Monteiro, mostra tua cara!’. A programação contou com oficinas, rodas de conversa, debates e mostras interativas. Entre as atividades, os alunos da 5ÂŞ sĂŠrie convidaram os pais para brincarem com jogos e brincadeiras pesquisados nas Ăşltimas dĂŠcadas, por meio do projeto PaĂ­s chamado infância. JĂĄ os alunos do Ensino MĂŠdio puderam mostrar seus trabalhos inĂŠditos de pesquisa cientĂ­fica que farĂŁo parte do Projeto SeminĂĄrio CientĂ­fico. Os visitantes tambĂŠm puderam conhecer o bafĂ´metro artesanal, criado a partir de experimentos realizados no laboratĂłrio de QuĂ­mica. â€œĂ‰ contagiante o trabalho, nĂŁo tem quem nĂŁo se envolva e experimente junto com o alunoâ€?, relatou Suzana Souza, tia do aluno JoĂŁo Job do Maternal II.

Tecnologia a favor da aprendizagem no ColÊgio Batista O ColÊgio Batista, de Porto Alegre, lançou, em setembro, um projeto-piloto para implementar iPads nas salas de aula. Em grupos de três a quatro alunos por tablet, são desenvolvidas atividades para fixação do conteúdo apresentado em aula. Na Matemåtica, por exemplo, o iPad auxilia a identificar quantidades e na fixação das quatro operaçþes. Jå na årea de linguagens Ê possível trabalhar com o traçado das letras (alfabetização), construção de desenhos, pinturas, frases, fotos, gravação de voz, pronúncia, quebracabeça, memória, bingo e jogos. A experiência estå sendo bem-sucedida nas turmas do Jardim A, Jardim B, 1º e 2º ano, pois agrega valor ao aprendizado, proporcionando aos alunos novos recursos tecnológicos, diferentes formas de desenvolver aprendizagens, coordenação motora, trabalho em equipe e raciocínio lógico.

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IENH promove projeto de reaproveitamento de caça-nĂ­queis Alunos dos Cursos TĂŠcnicos e Superiores da Instituição EvangĂŠlica de Novo Hamburgo – IENH – estĂŁo participando de um projeto para reaproveitamento de caça-nĂ­queis. A iniciativa ĂŠ uma parceira entre a IENH, o Juizado Especial Criminal e o MinistĂŠrio PĂşblico da Comarca de Novo Hamburgo. Em maio de 2010, foi enviada uma solicitação ao MinistĂŠrio PĂşblico, por meio do Juizado Especial

Criminal, para obter a doação de alguns dos materiais apreendidos. Em janeiro de 2011 foram recebidos os primeiros equipamentos, quando, alÊm dos caçaníqueis, foram entregues monitores de LCD, placasmãe, processadores, memórias, celulares e câmera fotogråfica. O material doado Ê utilizado pelos alunos do Curso TÊcnico em Informåtica e do Curso Superior de Redes de Computadores.

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Aula de Matemática para aprender sobre educação financeira

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aluno do Colégio Espírito Santo, de Canoas, Jaime Luis Júnior, 14 anos, aprendeu a importância de poupar e planejar os gastos. Ele e os colegas de sala, da turma 103, e os estudantes das turmas 81 e 82 entenderam o conceito do consumo consciente, os perigos dos juros dos cartões de crédito e parcelamentos, entre outras armadilhas do crédito fácil. O trabalho é do professor de Matemática, Renato Petry. Por meio da educação financeira, eles aprendem como administrar o orçamento doméstico, usar o cartão de crédito, fazer investimentos, economizar e ainda tem a chance de aprender a consumir de um modo responsável, livre da alienação consumista. Como a educação exige consistência e repetição, quanto mais cedo se começa, maiores são as chances de sucesso na construção de uma mentalidade responsável em relação ao dinheiro. Durante o trabalho, os estudantes realizaram pesquisa em instituições bancárias, imobiliárias, corretoras de seguros e Previdência Social. O professor garante que o assunto interessa os alunos e os retornos são positivos na sala de aula. “Tudo isso é incentivado pelos altos índices de endividamento da população brasileira, e o baixo índice de pessoas preocupadas em poupar seu dinheiro para realizar compras à vista”, explica Petry. O objetivo é desenvolver habilidades para saber como administrar suas finanças de forma consciente, sem prejudicar o meio ambiente, aprendendo a ter ética para ganhar e gastar dinheiro.

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Feira do Sabor mostra como ter uma alimentação saudável Os alunos do 6º ano do Instituto Maria Auxiliadora de Porto Alegre promoveram a Feira do Sabor. O espaço ofereceu lanches saborosos e nutritivos, produzidos pelos estudantes, aos pais e alunos do 5º ano do turno integral. Uma das atrações do evento foi um caminhão, produzido pela professora Niura Paz de Oliveira, com exposição de produtos naturais. Para a Feira, a nutricionista Priscila Viero elaborou um cardápio especial, com sanduíches coloridos, sucos verdes, bolo do Shrek (de agrião) e salada de frutas. Em bancas ornamentadas foram expostos cartazes, receitas e propagandas incentivando a uma alimentação saudável.

Colégio Fátima comemora 60 anos com homenagens O Colégio Nossa Senhora de Fátima, de Santa Maria, comemora, em 2012, 60 anos de história. Para lembrar a data, estão sendo organizados diferentes momentos culturais, artísticos e religiosos com a comunidade estudantil. Um dos destaques da programação foi a entrega do ‘Troféu Destaque’ aos professores e funcionários com dez ou mais anos de trabalho na Instituição.

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LEGISLAÇÃO DE ENSINO Orientações sobre a Educação Profissional de nível médio

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ARTIGO Um modelo didáticopedagógico baseado na metodologia E. D. A. A. – um estudo de caso CLÁUDIO DE MUSACCHIO1 JULIANA LEÃO MACHADO2 RESUMO O principal objetivo deste trabalho é apresentar uma concepção de JAN AMOS COMENIUS contextualizada em uma escola de Informática para capacitação de jovens entre 12 e 17 anos com vistas ao mercado de trabalho em um primeiro emprego. A metodologia pedagógica utilizada na escola é a E. D. A. A (explanação, demonstração, aplicação e acompanhamento). O nome da escola é CEDASPY e possui hoje cerca de 50 mil alunos espalhados em mais de 40 unidades educacionais no Brasil. Como resultado da análise do modelo pedagógico adotado pela escola, verificaram-se a estrutura tecnológica existente, a capacitação dos professores, a metodologia construtivista da aprendizagem e as características dos processos de ensino e aprendizagem baseados no trinômio: teoria, prática e construção do conhecimento. Palavras-Chave: modelos pedagógicos, tecnologia educacional mediada por computadores, aprendendo a aprender, metodologia construtivista do ensino e da aprendizagem. ABSTRACT The main objective of this paper is to present a conception of Jan Amos Comenius contextualized in a computer school to train young people between 12 and 17 years with a view to the labor market in a first job. The teaching methodology used at school is E. D. A. A (explanation, demonstration, implementation and monitoring). The school’s name is CEDASPY and today has about 50,000 students attending over 40 educational units in Brazil. As a result of the analysis of the pedagogical model adopted by the school, there was the existing technological infrastructure, training of teachers, constructivist learning methodology and characteristics of teaching and learning based on the triad: theory, practice and knowledge building. Key-words: pedagogical models, computer-mediated educational technology, learning to learn, constructivist methodology of teaching and learning.

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AlĂŠm da lousa digital adotada na escola e dos conteĂşdos projetados via equipamentos especĂ­ficos, os alunos ainda sĂŁo convidados a aprofundar as questĂľes em estudo tambĂŠm pela apostila ou livro-texto adotado. Considera-se tambĂŠm como objeto de aprendizagem a utilização da sala de informĂĄtica com seus computadores, o ambiente Internet e os softwares ou aplicativos que contextualizam a todo o momento os conceitos expostos. 3.METODOLOGIA E. D. A. A. Segundo LITO e FORMIGA (2009), as pessoas aprendem por associação, por meio de condicionamento estĂ­mulo / resposta num primeiro momento; posteriormente, os alunos constroem seus prĂłprios conceitos e conhecimentos a partir do que jĂĄ conheciam sobre o assunto, mais os conceitos e princĂ­pios que lhes sĂŁo apresentados nesse contexto novo. (FAGUNDES, 1999) Associada ao novo conceito, segundo GASPARIN (1998), a metodologia adotada E. D. A. A. contempla a prĂĄtica pelos exercĂ­cios de fixação sobre a teoria abordada no primeiro momento, na fase expositiva da aula. Buscando, assim, a eficĂĄcia e excelĂŞncia no ensino, a escola estudada buscou o mĂŠtodo desenvolvido pelo professor e educador JoĂŁo Amos COMENIUS e ampliado por outros autores. Segundo o pensamento desse autor, algumas premissas sĂŁo contempladas, conforme a seguir: ‡7XGR R TXH VH GHYH VDEHU VH HQVLQD ‡4XDOTXHU HQVLQR p DFRPSDQKDGR GH XPD SUiWLFD obrigatoriamente; ‡2 HQVLQR GHYH VHU FODUR GLUHWR REMHWLYR VXFLQWR ‡2 HQVLQR GHYH FRQWHPSODU DV FDXVDV H RV SRUTXrV ‡3DUWLU GD H[SOLFDomR GR JHUDO SDUD R HVSHFtILFR ‡7RGRV RV HQVLQDPHQWRV WrP VHX WHPSR FHUWR H R PRPHQWR certo de serem ensinados; ‡3HUPDQHFHU QR DVVXQWR DWp TXH WRGDV DV G~YLGDV WHQKDP VLGR dissipadas; ‡(QVLQDU RV GLIHUHQWHV GH IRUPD GLIHUHQWH D ILP GH DWLQJLU R objetivo com todos.

considerar o modelo construtivista adotado pela metodologia E. D. A. A. Segundo GASPARIN (1998), ĂŠ a arte de ensinar tudo a todos, devendo-se lembrar, segundo Comenius, que “sĂł se pratica o ensino quando hĂĄ aprendizagemâ€?. Os alunos aprendem explorando ativamente o mundo que os rodeia, em uma troca de interaçþes que permite a construção da habilidade e da capacidade de integrar os conceitos dados pelo professor com os seus conceitos internalizados anteriormente. (LITO e FORMIGA, 2009), (MONTESSORI, 2003) No enfoque socioconstrutivista busca-se o desenvolvimento do aluno tambĂŠm por meio das atividades em grupo e do compartilhamento das tarefas no ambiente social, onde cada participação fornece feedback para o desenvolvimento individual. (ZABALA, 1999) Se, por um lado, a aprendizagem pode ser vista como uma construção ativa e pessoal dos conceitos apreendidos, por outro, a participação e colaboração nas atividades em grupo reconhecem a aprendizagem como sendo tambĂŠm um processo de prĂĄtica social (LITO e FORMIGA, 2009), partindo-se da concepção de que a colaboração dos alunos em estudo de grupos e a interação social ocasionada pela participação sĂŁo componentes fundamentais para a aprendizagem. (VYGOTSKY, 1998) 4.ANĂ LISE DA METODOLOGIA Para buscar a compreensĂŁo do avanço sistemĂĄtico da metodologia E. D. A. A. buscou-se uma turma iniciante no curso profissionalizante, que tem duração de 18 meses, divididos em 9 mĂłdulos na escola, e uma turma em fase final de curso. Assim, podemos comparar como o modelo serĂĄ percebido e vivenciado pelo aluno e como, no final, o modelo pĂ´de contribuir para a sua aprendizagem. Foi escolhido para a pesquisa o primeiro mĂłdulo chamado de Sistemas Operacionais. Neste mĂłdulo os alunos estudam os primeiros conceitos sobre informĂĄtica, equipamentos, sistemas operacionais e informaçþes de cuidados com o uso. No inĂ­cio do mĂłdulo foi realizado um questionĂĄrio com os alunos, com questĂľes dissertativas, sobre o mĂŠtodo que a escola utiliza para o ensino e aprendizagem. As questĂľes objetivaram conhecer o perfil dos alunos, o que pensam sobre a teoria do curso e como ela deveria ser apresentada aos alunos, o que eles achavam dos trabalhos em grupo, dos exercĂ­cios feitos em casa e da metodologia dos professores nas aulas expositivas. Entende-se a anĂĄlise de conteĂşdo como a melhor metodologia

É nessa perspectiva que se podem considerar as concepçþes construtivistas e socioconstrutivistas nas quais o conhecimento ĂŠ construĂ­do com base na interação do sujeito com os objetos de aprendizagem, e por meio de uma metodologia que privilegie a eficĂĄcia e a eficiĂŞncia do ensinar e do aprender (PIAGET, 2002). A interpretação por que passa o aluno quando recebe a informação do professor e processa a sua prĂłpria interpretação dos conceitos apreendidos ĂŠ a constatação da perspectiva cognitivista do aprendendo a fazer. É nesse sentido que se pode

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para se estudar qualitativamente os depoimentos e as entrevistas realizadas com os alunos no final do módulo, tendo em vista que a pesquisa buscava compreender a estratégia pedagógica adotada pelos professores e pela escola, e apurar os resultados positivos e negativos dessa aplicação por meio do depoimento dos alunos envolvidos. Como a escola não possui outro modelo pedagógico, não foi possível a comparação de modelos diferentes. Entretanto, foram consideradas para essa análise duas turmas distintas. Embora a metodologia tenha sido a mesma nas duas turmas, o que se constatou foi uma diferença notável entre as metodologias de cada professor e as diferenças das duas turmas em relação aos conhecimentos dos conteúdos abordados no módulo inicial e no módulo final, comparando-se com como o aluno se comportou frente à aprendizagem do primeiro módulo e, logo após, confrontando com a aprendizagem no último módulo. 5.OBSERVAÇÕES INICIAIS APONTADAS PELOS ALUNOS A pesquisa foi realizada na metade da aplicação do primeiro módulo, a partir das principais observações levantadas pelos alunos a respeito da metodologia E. D. A. A. aplicada pela escola, e os principais resultados a serem conquistados foram: período relativamente curto; todas as aulas expositivas estão na apostila; espaços de troca entre os alunos sobre os conteúdos; pouco interesse dos alunos por trabalhos individuais; avaliações em grupo ao invés de avaliações individuais. 6.OBSERVAÇÕES FINAIS APONTADAS PELOS ALUNOS No final do último módulo foi realizado um questionário com perguntas dissertativas. Tais perguntas foram respondidas em grupo. Os principais resultados foram apontados a seguir: lousa digital melhora a aula expositiva; tempo reduzido para aulas expositivas; trabalhos em grupo a distância apresentam resultados positivos; participação do professor no ambiente virtual é fundamental; trabalhos em grupo em sala de aula são muito producentes;

CONSIDERAÇÕES SOBRE A METODOLOGIA A utilização de tecnologias como lousas digitais, ambientes virtuais de aprendizagem, laboratórios equipados com computadores e acessos a Internet não significa sinais de sucesso necessariamente, se não houver por trás de todo esse aparato uma metodologia que permita ao aluno ouvir mais, enxergar mais longe, buscar suas próprias respostas, trabalhar colaborativamente e, sobretudo, que toda essa tecnologia faça sentido ao aluno, de modo a que ele perceba como é muito melhor a busca do desenvolvimento cognitivo usando as novas tecnologias. Entretanto, é preciso estar atento à metodologia empregada. A metodologia E. D. A. A., embora atinja seus objetivos, demonstrados nos provões instituídos na escola, anualmente, não deixa claro se todos os conteúdos foram compreendidos por todos os alunos e se esta compreensão se tornou realmente em aprendizagem. É muito difícil perceber se a aprendizagem realmente foi significativa quando os provões realizados na escola são apenas um recorte muito pequeno sobre os assuntos discutidos em sala de aula. O uso das ferramentas virtuais pela rede, como o Chat e os Fóruns de Debates, e as mensagens trocadas entre alunos são fundamentais para que eles tenham contato com a tecnologia que usarão mais tarde em ambiente profissional. A experiência de trabalhos colaborativos por meio da rede sociabiliza, ensina a trabalhar em grupo, desperta lideranças e instiga os alunos a perguntarem uns aos outros para que vivenciem vários processos de aquisição do saber. O modo como os alunos buscam aprender entre eles mesmos torna a metodologia E. D. A. A. a mais revolucionária metodologia nos últimos tempos. Dar este tempo em sala de aula, para os alunos promoverem as trocas, as discussões, as buscas pela informação, colabora para a construção do conhecimento. Assistir os alunos por intermédio das comunidades virtuais ou ambientes virtuais de aprendizagem oportuniza ao método a continuidade, além dos portões da escola, de uma educação responsável, afinada com os preceitos


de Comenius, que, segundo GASPARIN (1998), desejava ensinar tudo e a todos. CONCLUSÃO O estudo realizado pôde evidenciar que a metodologia E. D. A. A. adotada pela escola privilegia o aluno a aprender fazendo e entendendo o significado dos conceitos expostos. A construção do conhecimento dos alunos é conseguida pelo conceito “EU EXPLICO – EU DEMONSTRO – OS ALUNOS DISCUTEM E ENTENDEM – TRABALHO COLABORATIVO – EXERCÍCIOS INDIVIDUAIS DE REFORÇO”. Uma abordagem significativa da pesquisa pôde constatar o quanto é importante que o aluno saiba o que ele vai aprender em cada aula antecipadamente, e como esta aula expositiva é realizada. Também ficou evidenciado como é importante para os alunos o momento das trocas em sala de aula. E o principal

REFERÊNCIAS GASPARIN, João Luiz. COMENIUS: A Emergência da Modernidade na Educação, 147 págs. Edição Vozes, 2ª edição. 1998. FAGUNDES, Léa da Cruz; SATO, Luciane Sayuri; MAÇADA, Débora Laurino. Aprendizes do futuro: as inovações começaram! Coleção Informática para a mudança na Educação. Brasília: MEC / SEED / ProInfo, 1999. MONTESSORI, Maria. Para educar o potencial humano. São Paulo: Papirus, 2003. MORAN, José Manuel; MASETTO, Marcos T.; BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas Tecnologias e mediação pedagógica. São Paulo: Papirus, 2000. PIAGET, Jean. Epistemologia genética. São Paulo: Martins Fontes, 2002. PRIMO, Alex. Interação mediada por computador: comunicação, cibercultura, cognição. Porto Alegre: Sulina, 2007. SILVA, Marco. Sala de aula interativa. 3ª. Edição, Rio de Janeiro: Quartet, 2002. VYGOTSKY, Lev S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6ª. Edição, São Paulo: Martins Fontes, 1998. ZABALA, A. (1999). A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas.

argumento é que muitos alunos não perguntam para o professor por serem tímidos, e quando estão em grupo conseguem dissipar suas dúvidas, talvez em condições ideais de aprendizagem. Concluindo, ressalta-se que o trabalho deve ser mais analisado, buscando outros pontos não contemplados nesta pesquisa, tais como a análise dos objetos de aprendizagem, das lousas digitais, dos ambientes virtuais de aprendizagem utilizados, e as possibilidades de se introduzir em alguns momentos virtuais para que os alunos possam se reunir via rede e, assim, potencializar o trabalho colaborativo tão positivamente ressaltado por todos. Outros trabalhos devem ser investigados sobre a metodologia E. D. A. A., tais como a capacitação e preparo dos professores, estudos dos materiais empregados, os critérios para permitir que os conteúdos sejam contextualizados ou a utilização de sistemas de informação e comunicação via Internet, auxiliando significativamente a metodologia empregada.

¹ Aluno especial do doutorado no curso Informática na Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - RS, professor-tutor no ambiente virtual de aprendizagem PORTAL EAD BRASIL. e pós-graduado em Engenharia de Software pela Universidade Estácio de Sá Rio de Janeiro-RJ. musacchio@ portaleadbrasil.com.br ² Pedagoga, graduada em Pedagogia Supervisão Escolar pela Universidade Luterana do Brasil – Canoas - RS, Coordenadora de Treinamento da Escola CEDASPY, e Pós-Graduada em Tecnologias aplicadas a Sistemas de Informação, pela UNIRITTER – RS. julileao@gmail.com


CINEMA

Da vida dos palhaços: Selton Mello tematiza a busca da identidade e dialoga com a cultura popular e o cinema internacional POR ADRIANA KURTZ*

S

e, como disse Georges Bataille, “só o humor responde todas as vezes à questão suprema sobre a vida humana”, não causa espanto que um tema clássico da história do cinema volte a ocupar o centro das atenções no panorama cultural brasileiro: “O Palhaço” (2010), de Selton Mello, já arrebatou diversos prêmios nacionais e apresenta-se como um potencial sucesso de público num país sempre carente de obras consagradas por espectadores, afinal, domesticados e viciados nos produtos hollywoodianos. Parafraseando André Breton, para quem o humor era “uma revolta superior do espírito”, o filme pode bem ser uma revolta superior do cinema nacional e, sobretudo, autoral. Como disse o próprio Selton Mello numa das dezenas de entrevistas concedidas na época de seu lançamento, “O Palhaço” foge do padrão dos filmes nacionais, assolados pelo binômio pobreza e violência (faltaria ainda incluir o sexo). “A gente está monotemático, tratando o cinema com dureza. E os sonhos? E a delicadeza, a fantasia, a imaginação?”, questionou. O premiado ator, que amargou um insucesso em sua estreia como diretor em 2008 com “Feliz Natal”, considerado demasiado sombrio, agora recebe a entusiasmada acolhida do público, encantado com uma obra que flerta com o onírico e o bizarro. Qual a razão disso? É interessante constatar que “O Palhaço” articula, de fato, duas temáticas. Não se trata apenas do circo, da vida sempre encantadora do palhaço, o tema clássico incorporado à própria história do nascimento do cinema, com Georges Melies. Lembremos que Benjamim, o palhaço de Mello, é um tanto pós-moderno, já que está em crise de identidade e o que procura, afinal, é simplesmente se encontrar. É nesse registro que nos distanciamos do clássico e tocamos num ponto nevrálgico para as plateias contemporâneas, em busca certamente de um “eu” que seja mais concreto do que os produtos que não cessam de consumir e que sobreviva à fugacidade banal de intermináveis aparições nas redes sociais.

Ficha Técnica: O Palhaço Brasil, 2010, 90 minutos, colorido Direção: Selton Mello Roteiro: Selton Mello e Marcelo Vindicatto Elenco: Selton Mello, Paulo José, Jorge Loredo, Moacyr Franco, Ferrugem, Larissa Manoela Distribuidora: Imagem Filmes

Inspirado em inúmeras obras-primas do cinema, o personagem de Selton Mello resgata uma inocência e um humanismo certamente perdidos nesses tempos de muita exposição pública e de tantos clowns involuntários, que fogem da necessária melancolia enquanto buscam compulsivamente seus 15 minutos de fama. A metalinguagem, aliás, é um dos trunfos do “Palhaço”. Dos clowns de Fellini ao eterno vagabundo de Chaplin; dos ciganos do sérvio Emir Kusturica à caravana Rólidei de “Bye Bye Brasil” (Cacá Diegues), sem esquecer o grande Didi Mocó de Renato Aragão, o filme homenageia o humor, o cinema e seus mestres. A cultura popular e midiática ainda está representada nas presenças de Ferrugem, Zé Bonitinho e Moacyr Franco. Que bom que Rodrigo Santoro e Wagner Moura tenham recusado o papel principal. Mello, que se inspirou numa crise criativa pessoal enfrentada em 2009, também precisava se encontrar. É o humor respondendo, uma vez mais, à questão suprema sobre a vida humana...

*Doutora em Comunicação e Informação pela UFRGS e Professora dos Cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-Sul).


LIVROS

DICAS

DVD

Meu filho chegou à adolescência, e agora? Leo Fraiman O livro traz uma abordagem sobre os tipos de pais (negligentes, permissivos, autoritários e participativos), discorre sobre a transformação da família, fatores implicados no distanciamento casa-escola e mais: explana alguns estudos motivadores reconhecidos sobre a participação dos pais na educação escolar. De forma clara e cuidadosa, o autor aponta novos conhecimentos da neurociência, que vem modificando a maneira como compreendemos a delicada fase da adolescência. A obra tem 240 páginas, custa R$ 33,90 e é da Integrare Editora. Mais informações: www.integrareeditora.com.br

Encontros com o Professor – Cultura Brasileira em Entrevista, volume VI Ruy Carlos Ostermann São sete anos de evento, 166 Encontros, mais de 150 convidados e 110 canjas musicais. Para completar esses números expressivos, o projeto Encontros com o Professor, comandado pelo jornalista Ruy Carlos Ostermann, lança o sexto volume da série de livros Encontros com o Professor – Cultura Brasileira em Entrevista. Esta edição traz a síntese das entrevistas realizadas por Ostermann em 2010 como Yamandu Costa, Mino Carta, Júlio Conte e Laurentino, entre outros. O livro é uma realização da SigniCom – Projetos em Comunicação, tem 264 páginas e custa R$ 20. Mais informações: imprensa@signi.com.br

Marketing 3.0 Philip Kotler

Sem limites Eddie Morra (Bradley Cooper) sofre de bloqueio de escritor. Um dia, ele reencontra na rua seu ex-cunhado, Vernon (Johnny Whitworth), que lhe apresenta um remédio revolucionário que permite o uso de 100% da capacidade cerebral. O efeito é imediato em Eddie, pois ele passa a se lembrar de tudo que já leu, ouviu ou viu em sua vida. A partir de então ele consegue aprender outras línguas, fazer cálculos complicados e escrever muito rapidamente, mas para manter este ritmo precisa tomar o remédio todo dia. Seu desempenho chama a atenção do empresário Carl Van Loon (Robert De Niro), que resolve contar com sua ajuda para fechar um dos maiores negócios da História. O suspense dirigido por Neil Burger tem 105 minutos.

O novo modelo de marketing - Marketing 3.0 - trata os clientes não como meros clientes, mas como seres complexos e multifacetados. Estes, por sua vez, estão escolhendo produtos e serviços que satisfaçam suas necessidades de participação, criatividade, comunidade e idealismo. No livro, Philip Kotler, o mais influente pensador da área de marketing de todos os tempos, mostra por que o futuro do marketing está em criar produtos, serviços e empresas que inspirem, incluam e reflitam os valores de seus criatividade. Da Artmed, o livro tem 248 páginas e custa R$ 64. Mais informações: 0800 703 3444.

O som do coração

Infanto-juvenil

Mamãe como eu nasci? Marcos Ribeiro Editora Moderna 48 páginas R$ 33,50

O comedor de livros Comotto Autêntica Editora 36 páginas R$ 29,00

Poeplano Dilan Camargo Editora Projeto 96 páginas R$ 29,00

August Rush é filho de um encontro casual entre Louis, um guitarrista de rock, e Lyla, uma violoncelista clássica. Ele cresceu em um orfanato com a determinação de um dia encontrar seus pais. Dono de um talento musical impressionante, August se apresenta nas ruas de Nova York sob o olhar atento de dezenas de pessoas e de Mago. Porém, mesmo se transformando num astro mirim da música, August continua certo de que o encontro com seus pais pode acontecer a qualquer hora. O drama, dirigido por Kirsten Sheridan, tem 100 minutos.


PUBLICAÇÕES

As publicações institucionais, como jornais e revistas, são canais importantes para divulgar o trabalho das instituições e reforçar a sua imagem junto à comunidade em que atua. “Educação em Revista” recebeu algumas dessas publicações, as quais reproduz no espaço abaixo:

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. O Ã Ç A M R O ISA DE INF

C E R P O Ã Ç EDUCA

AGÊNCIA BISTRÔ

? O X I A B M E A N I S S A Ê C VO

etamente chegando dir e d a d li a u q e es conteúdo d ejar atividad n vista garante e la p R m ra e a p o o çã da Educa ais informaçã as notícias Ser assinante gnifica ter m si so Is . lizar-se com e a d a tu d a vi e si s lu e d xc a e com utras realid na sua mão, o, conhecer o n si sua casa. n e e d o ã INEPE/RS na stituiç S in o d a a su st a vi d re o dentr recebendo a s horizontes u se e li p m A s/ ano) da área. ,00 (6 ediçõe

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