Francisco Cordão
Gabriela Di Bella
ENTREVISTA
“A maior inovação desejada é cumprir as orientações da LDB” Por Ca r i ne Fer na ndes
U
ma nova proposta de Ensino Médio no Brasil vem se desenhando. A resolução 02/2012 do Conselho Nacional de Educação propõe que os currículos se tornem mais flexíveis e que possam se aproximar cada vez mais da vida dos estudantes para além da sala de aula – relação prevista pela própria Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Para o presidente da Câmara da Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, Francisco Aparecido Cordão, trata-se de um movimento positivo que pretende colocar em prática propostas já previstas na legislação. Mas para que esse processo seja incorporado de forma qualitativa pelas escolas brasileiras, Cordão chama a atenção para a necessidade do bom alinhamento entre currículos e propostas pedagógicas das instituições, investimento em infraestrutura adequada para atividades e motivação das equipes de gestores e professores. Educação em Revista conversou com o conselheiro sobre o assunto, confira os principais trechos da entrevista:
Educação em Revista - Quais as principais mudanças que deverão ocorrer na estrutura do Ensino Médio regular com a aprovação da Resolução CNE/CEB nº 02/2012, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio?
4
“
As Diretrizes Curriculares Nacionais, que traziam grandes avanços em relação à organização curricular do Ensino Médio, foram pouco estudadas e compreendidas.”
próprio currículo, estruturando-o, pois, haja concordância entre ele e o projeto Francisco Aparecido Cordão - A como dispõem as Diretrizes, ela é um Resolução CEB/CNE nº 02/2012, basea- pedagógico da escola, e que os gestores e professores assumam o desafio de im- “princípio pedagógico que possibilita que da no Parecer CEB/CNE nº 05/2011, não plementá-lo. Esta im- o estudante possa ser protagonista na intraz mudança vestigação e na busca de respostas em um plementação supõe significativa na A construção do professores moti- processo autônomo de (re)construção de estrutura básica conhecimentos”. vados e que tenham do Ensino Médio, currículo deve desenvolvido compois esta é dada pela LDB de contar com a efetiva petências docentes Educação em Revista - Em que medida que, certamente, não 1996, atualizada o Ensino Médio pode aproximar os esparticipação dos foram constituídas em 2008. O seu tudantes do mercado de trabalho? nos seus cursos destiobjetivo não é o professores e demais nados à formação ini- Cordão - Atualmente, o possível equíde alterar a esvoco na escolha inicial de uma profissão trutura do Ensino técnicos em educação cial para o magistério. se deve muito à própria multiplicidade de Supõem, também, Médio, mas, sim, profissões, muitas delas inexistentes até e, na medida do infraestrutura coma organização há poucos anos. O Ensino Médio deve, patível com o prodos currículos do sem dúvida alguma, contribuir para essa possível, também jeto pedagógico do Ensino Médio. O escolha. Concretamente, múltiplas atimais importante incluir os estudantes curso, com adequa- vidades podem ser desenvolvidas, como dos ambientes para é que consagra pesquisas e projetos interdisciplinares e seus pais” aulas, convivência, e encoraja a voltados para o mundo do trabalho, visiesportes, atividades flexibilidade e tas a empresas, entrevistas e debates com artístico-culturais, a diversificação profissionais, empresários e especialistas laboratórios, oficinas, ateliês e recursos curricular dos cursos. Vários aspectos em orientação profissional e em recursos desta Resolução tiveram como precur- tecnológicos. humanos. Há, também, o estágio supersor o Parecer CNE/CP nº 11/2009, por visionado, devendo fazer parte do projeto mim relatado no Plenário do Conselho Educação em Revista - A Resolução pedagógico do curso, bem como inteNacional de Educação, que analisou orienta que os currículos proponham grando o respectivo itinerário formativo e aprovou o mérito e a relevância da uma maior interação do jovem com o do educando. proposta de Experiência Curricular meio em que vive. Como isso deverá Inovadora, apresentada pelo MEC. Essa ocorrer? Educação em Revista - Muito se fala proposta, que ficou mais conhecida como Cordão - A proposição de maior inte- em inovação na educação. Para o do Ensino Médio Inovador, despertou inração com seu meio não pode ser vista senhor, em que se constitui a inovação teresse e muita repercussão, evidenciancomo nova, pois se a educação escolar no Ensino Médio? do o que muita gente esperava nas novas deve preparar para a vida, não pode ser Cordão - Sem pretender ironizar, diria Diretrizes Curriculares Nacionais para esquecido o mandamento primeiro da que a maior inovação desejada é a de que, essa etapa da Educação Básica. LDB, de que esta esteja vinculada ao simplesmente, sejam cumpridas as orienmundo do trabalho e à prática social. tações da atual LDB e que sejam aplicadas Educação em Revista - Em que medida Metodologias ativas e que estimulem a as novas Diretrizes Curriculares Nacionais, estas mudanças tornarão o Ensino participação e iniciativa dos estudantes, definidas pelo Conselho Nacional de Médio mais atraente aos jovens? mediante a pesquisa e o desenvolvimento Educação, sem travestir modelos cediços, de projetos interdisciplinares e contextuCordão - O que a citada Resolução herdados do século XIX e que não atendem alizados, podem propiciar essa interação, favorece e incentiva é a organização e mais à realidade do século XXI. bem como garantir maior eficácia do gestão do currículo escolar, objetivando Digo isto porque as Diretrizes processo de aprendizagem. superar os desafios colocados. Para que Curriculares Nacionais anteriormente deficonsigam ser significativos, os currículos nidas pelo Conselho Nacional de Educação, têm que ser concebidos com a necessária Educação em Revista - A Resolução que traziam grandes avanços em relação à flexibilidade e com ênfases e percursos também incentiva a pesquisa. Como o organização curricular do Ensino Médio, variados, que permitam a construção de currículo deve estar organizado para foram pouco estudadas e compreendidas itinerários formativos diversificados. Só contemplá-la de forma efetiva? e, se o foram, ainda assim, foram pouco assim responderão à heterogeneidade de aplicadas, usando-se rótulos modernizantes Cordão - A pesquisa não é algo que condições, interesses e aspirações dos para modelos tradicionais. Infelizmente, se agrega aos estudos. Ela é uma opção estudantes. É necessário também que não produziu os efeitos desejados. metodológica, que deve ser inerente ao
“
Educação E Ed du ucaaçã ção o 5
Gabriela Di Bella
valorizados e receber todo o apoio necessário e a devida formação permanente. Educação em Revista - Quando se fala em formação profissional, existe uma supervalorização do ensino superior em comparação aos cursos técnicos. Em razão disso, nos últimos anos, o governo federal tem investido em ações para fortalecer os cursos técnicos. Como o senhor percebe as ações do MEC para modificar esta realidade?
Educação em Revista - Que dicas o senhor daria aos coordenadores pedagógicos e às direções das instituições de ensino para realizar as adaptações às mudanças do Ensino Médio, propostas pela Resolução do Conselho Nacional de Educação? Cordão - A comunidade escolar deve conhecer e estudar atentamente essas Diretrizes, sinteticamente contidas na Resolução CEB/CNE nº 02/2012 e mais extensamente descritas no Parecer CEB/CNE nº 05/2011. A construção do currículo, que deve contar com a efetiva participação dos professores e demais técnicos em educação e, na medida do possível, também incluir os estudantes e seus pais ou responsáveis, deve ousar, sem temor de experimentação, para que a escola dê um salto de qualidade social na sua atuação diversificada e flexível, e não apenas proceda a uma mera adaptação formal e nominal.
6
Educação em Revista - E como o professor deve se adaptar a essas mudanças? Cordão - Para que a mudança seja efetiva, os professores devem assumi-la como de sua autoria. Obviamente, não é o professor sozinho que deve empreendê-las, mas todo o coletivo da escola, sem o que o esforço de um ou de alguns se torna infrutífero. Nesse sentido, cabe aos gestores escolares a liderança democrática do processo, promovendo o debate e a construção de Projeto Político-Pedagógico de suas escolas, consentâneo com a sociedade atual e suas demandas, e com as características de seu alunado, inclusive prevendo formação continuada e permanente aprimoramento dos seus professores em função desse Projeto e dos currículos adotados. Os professores, contudo, sempre serão considerados a chave das mudanças e dos sucessos e fracassos dos seus alunos, razão pela qual devem ser muito
Cordão - Não há dúvida de que as ações do MEC têm contribuído muito para a valorização da formação de técnicos de nível médio. Basta constatar a notável expansão da rede federal de educação profissional e tecnológica por todo o país. Entretanto, esta não é uma tarefa apenas do MEC. Aos Estados também cabe desenvolver suas redes públicas de educação profissional, e muitos deles têm cumprido a sua parte com muita eficiência e eficácia. Não podemos nos esquecer, contudo, da grande contribuição que têm dado nesse campo, há mais de 60 anos, os Serviços Nacionais de Aprendizagem, como o Senai e o Senac, e as demais instituições educacionais do chamado “Sistema S” e as Instituições privadas de Educação Profissional, que têm prestado serviços inestimáveis no âmbito da formação profissional de nossos trabalhadores e do desenvolvimento tecnológico de nossas organizações empresariais. Com esse espírito agregador é que foi concebido e lançado recentemente o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec) e, ainda mais recentemente, o Programa Nacional de Educação no Campo (Pronacampo). Esta é uma tarefa de todos nós, cidadãos brasileiros.
SAIBA MAIS Confira esta entrevista na íntegra na página on-line da Educação em Revista, saiba mais em www.sinepe-rs.org.br
Nicole Morás / Colégio Evangélico Alberto Torres
SUMÁRIO
C A PA
Mudanças demográficas exigirão nova atuação das instituições Com a projeção de queda nas matrículas da Educação Básica, em função da baixa natalidade, ensino privado deverá oferecer novos serviços
Gabriela Di Bella
22
GESTÃO Investimento em pesquisa pode alavancar o ensino superior
INTERDISCIPLINAR
9
TENDÊNCIAS
INTERNACIONAL
12
Os segredos da educação de excelência do Japão
20
17
Os tablets são eficientes em sala de aula?
histórias de 26 AsZé Victor Castiel
O egresso e o mercado de trabalho
32
29
Os cases de sucesso do Colégio Israelita, da Escola Sagrada Família e da Fundação Liberato Fundação Liberato
Conheça as atividades e os projetos inovadores que vêm sendo realizados pelas instituições de ensino
CULTUR A
37
PREMIADAS
SALA DE AULA
18
Escolas investem em berçário
ENSINO PR I VA DO
POR ONDE ANDA
EM DEBATE
14
Existe vida na aposentadoria: especialistas dão dicas de como encarar bem esta nova fase da vida
A relação entre o cinema e a História
FIQUE POR DENTRO
40
Facebook lança espaço exclusivo para instituições de ensino
Educação E Ed du ucaaçã ção o 7
EDITORIAL
Um olhar para o futuro Nos últimos anos, estatísticos e estudiosos têm chamado a atenção das autoridades brasileiras para a mudança demográfica que o país viverá nas próximas décadas. Segundo projeções do IBGE, em 2050 o percentual de adultos e idosos será muito maior do que o de crianças e jovens, reflexo da queda da natalidade e da maior longevidade dos brasileiros. Essa realidade trará impacto para todos os setores da economia, incluindo a educação. Embora o futuro esteja ainda distante, é importante que os gestores educacionais estejam atentos a esse novo cenário e já planejem estratégias para o futuro. Por esse motivo a Educação em Revista colocou o tema em destaque na reportagem de capa desta edição. A matéria apresenta projeções de estatísticos e a opinião de especialistas em economia e gestão educacional sobre como as instituições de ensino podem se planejar para essa nova realidade. Embora o futuro projete a redução de nascimentos, hoje, o setor da educação infantil ainda comemora resultados positivos, possivelmente, pela consolidação do ingresso da mulher no mercado de trabalho. Este assunto é destaque da seção Tendências, que aborda o crescimento dos berçários dentro da escola. Já na Sala de Aula, a discussão gira em torno da relação entre o profissional formado pela academia e as expectativas do mercado de trabalho. Ainda no Ensino Superior, a seção Gestão traz uma matéria sobre como o país pode avançar em qualidade na educação superior, com opinião de especialistas e representantes do ensino privado. Para quem já está pensando na aposentadoria ou se interessa pelo assunto, vale a pena conferir a página 14. Especialistas dão dicas de como planejar essa nova fase e aproveitar o que ela tem de melhor. Em Por Onde Anda, o ator Zé Victor Castiel conta suas histórias da época de aluno do Colégio Farroupilha. Esta edição conta ainda com artigos de opinião, de legislação educacional e sobre cultura. O leitor também poderá conhecer cases de sucesso do ensino privado e uma entrevista com o presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, Francisco Cordão. Boa leitura! Carine Fernandes
Edição: Carine Fernandes (MTB 15449) Produção: Carine Fernandes e Karine Ruy (MTB 11999) Reportagens: Carine Fernandes, Luciani Gomes (MTB 30381/RJ) e Vívian Gamba (MTB 9383) Foto da capa: Nicole Morás/ Colégio Evangélico Alberto Torres Conselho Editorial: Prof. Osvino Toillier, Prof. Hilário Bassotto, Prof. Flávio D’Almeida Reis, Profª Mônica Timm de Carvalho, Profª Naime Pigatto Sperb, Prof. Ruy Carlos Ostermann, Prof. Pedro Luiz da Silveira Osório e Prof. Carlos Jahn.
DIRETORIA Presidente: Osvino Toillier 1º Vice-Presidente: Hilário Bassotto 2º Vice-Presidente: Flávio Romeu D’Almeida Reis 1º Secretário: Vanderlei Langoni de Souza 2º Secretário: Maria Helena Lobato 1º Tesoureiro: João Olide Costenaro 2º Tesoureiro: Wilson Ademar Griesang Suplentes: 1º Suplente: Mônica Timm de Carvalho 2º Suplente: Oswaldo Dalpiaz 3º Suplente: Adélia Dannus 4º Suplente: Delmar Backes 5º Suplente: Olavo José Dalvit 6º Suplente: Bruno Eizerik 7º Suplente: Adelmo Germano Etges
CONSELHO FISCAL Titulares: Ruben Werner Goldmeyer Luiz Fernando Felicetti Valderesa Moro Suplentes: 1º Suplente: Isaura Paviani 2º Suplente: Maria Angelina Enzweiler 3º Suplente: Anelori Lange Coordenador da Assessoria de Comunicação e Marketing: Prof. Osvino Toillier Assessora de Comunicação e Marketing: Renata Santayana Assessora de Imprensa: Carine Fernandes Relações Públicas: Luciana Moriguchi Jeckel Assistente de Comunicação: Cláudia Diniz de Farias
Missão: Representar e congregar as instituições do ensino privado na promoção de sua qualificação permanente, diferenciação e sustentabilidade.
Visão: Ser referência como instituição no cenário educacional brasileiro, reconhecida pela eficiência na representação sindical e proposição de novos significados ao setor.
Valores:
Editora da Educação em Revista
&RPSURPLVVR FRP R $VVRFLDGR eWLFD H 7UDQVSDUrQFLD &RPSHWrQFLD &XOWXUD GD ,QRYDomR 5HVSRQVDELOLGDGH 6RFLRDPELHQWDO
ESPAÇO DO LEITOR:
FALE CONOSCO
Quero deixar registrada a minha satisfação ao ver a nova Educação em Revista. A “reinvenção” ficou nítida! O novo projeto gráfico valorizou o conteúdo mais variado nas novas seções, destacando os assuntos de grande relevância para os educadores, e com um grau de aprofundamento que muitas vezes falta à mídia de massa. Parabéns a todos os envolvidos e muito obrigada por mais essa entrega tão significativa! Continuem se reinventando e inspirando o ensino privado gaúcho a seguir buscando a inovação! Ana Claudia Klein Coordenadora de Comunicação e Marketing da Associação Antônio Vieira (ASAV), mantenedora da Rede Jesuíta do Brasil Meridional
Quero parabenizar pelo novo projeto gráfico da Educação em Revista. Além do conteúdo (que já trazia muitas novidades), a revista ficou mais leve com essa nova formatação e qualidade das imagens. Maricia da Silva Ferri Diretora Educacional do Colégio Santa Inês e Doutoranda em Educação pela PUCRS
8
Expediente
Redação Cartas, comentários, sugestões, matérias: educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br Anúncios e assinaturas E-mail: carolina.leal@designdemaria.com.br Fone: (51) 3092-0992 Informações Fones: (51) 3213-9090 | www.sinepe-rs.org.br Educação em Revista não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da revista. Por motivos de espaço e clareza, as cartas e artigos poderão ser resumidos.
GESTÃO
O caminho da educação de qualidade é a pesquisa Francisco Emolo / Jornal da USP
Por Vív ian Gamba
Tradição na área da pesquisa é a receita de sucesso das melhores universidades do mundo
E
ducação de qualidade. É isso que alunos, pais, professores, instituições de ensino e o país, em última instância, almejam. Mas qual o caminho que leva à excelência? Em março, a Times Higher Education – entidade britânica considerada uma das mais importantes avaliadoras em educação – divulgou uma lista com as cem melhores universidades do mundo. E o Brasil aparece na 61ª posição com a USP, a única representante da América Latina. O que essas universidades de ponta têm em comum e o que as colocou no topo? O conhecimento, a pesquisa. Para
compor o ranking, foram ouvidos 17.554 acadêmicos e pesquisadores de 137 países, que indicaram até 15 instituições que consideram as melhores do mundo em seus campos de estudo. Das 15 mais bem colocadas, 11 são americanas, entre elas, Harvard e Massachusets Institute of Technology (MIT), instituições com as quais a presidente Dilma Rousseff assinou acordos no início de abril para estreitar as relações acadêmicas do Brasil. A medida abrange também três britânicas (Cambridge, Oxford, Imperial College London). “Esses países possuem enorme tradição na área de educação superior e,
principalmente, na pesquisa. Algumas instituições têm mais de 800 anos de existência”, afirma o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da PUCRS, Jorge Audy. “Neste sentido, beneficiam-se de uma acumulação de conhecimento e de uma tradição secular, que se traduzem em qualidade e excelência em diversas áreas, com alto reconhecimento internacional”, justifica. Audy explica, ainda, que essas instituições têm diversos prêmios Nobel, fruto de pesquisa de ponta, e atuam em países onde a educação e a pesquisa científica e tecnológica são fatores fundamentais do desenvolvimento econômico, social e cultural de suas sociedades.
Educação E Ed du ucaaçã ção o 9
GESTÃO
Para a doutora em Educação e Gestão fatores de perseguições, mas oportunida Educação e coordenadora dos cursos dades de um verdadeiro esforço coletide Graduação da Faculdade Cenecista vo para alcançar um padrão mais alto Nossa Senhora dos Anjos (Facensa) de de qualidade. Gravataí, Maria Maira Picawy, o Brasil Audy diz que o Brasil ainda é muito está buscando sua identidade educacio- jovem nas áreas de educação e de nal por meio das inovações que o MEC pesquisa, mas ainda assim apresenta e o INEP têm procurado viabilizar resultados expressivos, como é o caso “nas tão únicas da USP. “A presença e diversificadas de uma instituição Precisamos trazer realidades braside ensino superior leiras”. “Temos brasileira entre as para nossas exigências a cem primeiras do instituições o valor serem organimundo é muito imzadas nas realiportante para o país. da apropriação dades escolares Nos últimos anos, o e estamos nos crítica e reflexiva do Brasil tem ampliado aproximando de significativamente conhecimento” uma proposta de os investimentos em qualidade ainda ciência, tecnologia Maria Maira Picawy não atingida e inovação, o que pelo nosso país. Um dos pontos mais se reflete nos excelentes resultados em nevrálgicos diz respeito à avaliação e publicações científicas internacionais, ao próprio desenvolvimento por compe- onde somos o 11º país em termos de tências. Precisamos trazer para nossas publicações científicas indexadas.” instituições o valor da apropriação Maria Maira reforça que a pesquisa crítica e reflexiva do conhecimento.” e os programas de iniciação científica Para isso, Maria Maira acredita que são oportunidades ímpares de desenavaliações como o Enem e o Enade volvimento acadêmico e de ruptura de não devem ser vistas como entraves ou paradigmas. “Sempre que pensamos Jorge Maruta/Jornal da USP
“
em buscar elementos de discussão ou reflexão para determinados objetos de interesse, pensamos em pesquisa.” Segundo ela, as faculdades orientam suas ações pedagógicas buscando o que lhes é possível fazer, mas raramente forma-se um novo plantel de pesquisadores, devido ao alto custo. “As universidades federais continuam as grandes vencedoras em programas de incentivo à pesquisa”, mas a especialista acredita nas pequenas ações gerando pequenas possibilidades. “Queremos crer que é possível. Não podemos inviabilizar produções pelo simples fato de pertencermos a esta ou aquela instituição de ensino superior.” No Brasil, segundo Audy, é necessária maior convergência sobre a importância real do ensino e os investimentos decorrentes disso para a construção de uma sociedade na qual a educação, em todos os seus níveis, seja valorizada e se constitua no alicerce para o desenvolvimento. “O aspecto positivo é que estamos evoluindo em ritmo acelerado, o que nos permite projetar um futuro promissor para a área de educação superior”, acredita. Maria argumenta que muito do sucesso das pesquisas das grandes universidades reside em orçamentos externos, em programas aos quais as pequenas faculdades não têm acesso. “As DCNs (Diretrizes Curriculares Nacionais) nos orientam a desenvolver um aprender fazendo. Estamos encaminhando deste modo, incentivando empreendimentos próximos, planejando avanços passo a passo, trazendo empresas investidoras e parceiras, naturalizando os objetos de pesquisa.” Para ela, esse é um dos segredos de sucesso da gestão: fazer o que está ao alcance das mãos.
SAIBA MAIS
A presença da USP entre as cem primeiras do mundo é muito importante para o país
10
Confira na página da Educação em Revista on-line a entrevista na íntegra com a professora Maria Maira Picawy. Saiba mais em: www.sinepe-rs.org.br
GESTÃO
Case
IESA já colhe resultados do planejamento estratégico
Instituição busca ser uma unidade Cenecista referência em educação no Sul do País
O planejamento estratégico institucional começou a ser implantado no Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo – IESA em 2011 e, apesar do pouco tempo, já sinaliza resultados positivos. O propósito da iniciativa é preparar o IESA para os desafios futuros, além de promover o fortalecimento da cultura de gestão estratégica, o alcance da sua Visão – Ser uma unidade cenecista referência em educação no Sul do País – e o cumprimento da Missão – Promover a formação integral das pessoas, oferecendo educação de excelência com compromisso social. Além disso, é uma forma de preparar a instituição para enfrentar os desafios comuns aos estabelecimentos de ensino privado no Brasil. Para que a implementação do projeto transcorresse de forma tranquila, funcionários, corpo docente e corpo discente tiveram ampla participação no processo. Durante o período de 20 dias a comunidade acadêmica também foi incentivada a colaborar por meio do envio de sugestões e críticas pela internet. Os resultados foram avaliados com a utilização de diversas ferramentas de marketing. Aplicando a matriz SWOT, por exemplo, os gestores conseguiram categorizar os
comentários em pontos fortes, fracos, ameaças e oportunidades. Outro método, o GUT (Gravidade, Urgência e Tendência), foi utilizado para delinear os objetivos estratégicos do IESA. Desse diálogo, nasceu um planejamento com dez objetivos estratégicos que visam melhoria e crescimento institucional nas seguintes perspectivas: Perspectiva do Cliente; Perspectiva dos Processos Internos; Perspectiva da Inovação, Aprendizado e Crescimento e na Perspectiva Financeira. As ações propostas pelo planejamento estratégico estão todas relacionadas à melhoria, ao crescimento e à consolidação das questões pedagógicas, pois educação é o negócio do IESA. Ainda assim, foram estabelecidos objetivos estratégicos com metas diretamente ligadas à melhoria do ensino e às práticas pedagógicas, bem como à evolução do processo de avaliação. Apesar de a instituição manter um ótimo aproveitamento em termos de aprovação de egressos em concursos públicos, em provas e boas avaliações em relação aos cursos, busca ser referência no Estado e na Região Sul do País. Mesmo estando na fase inicial da implementação do planejamento, alguns objetivos
estabelecidos no início do processo já foram alcançados. Outros foram revistos pela equipe gestora, que percebe na flexibilidade do planejamento uma oportunidade de realizar adaptações necessárias e melhorias no decorrer do seu desenvolvimento. Um dos méritos do IESA é perceber a necessidade de pensar a sociedade e as organizações de uma forma diferente. Como consequência, a instituição visualiza o planejamento estratégico como uma ferramenta capaz de proporcionar a situação ideal para o enfrentamento das complexas demandas organizacionais com a velocidade que a evolução da sociedade impõe.
As estratégias do IESA - Ouvir as críticas e sugestões da comunidade escolar e levá-las em consideração na elaboração do planejamento estratégico. - Perceber o planejamento como um conjunto de metas flexíveis e não ter receio em fazer mudanças. - Sempre aliar os objetivos ao cumprimento da visão e missão da instituição.
Educação E Ed du ucaaçã ção o 11
INTERNACIONAL
Tsunami Educacional
No Japão todos aprendem desde cedo que o coletivo tem precedência ao individual
H
á um ano, o mundo viu estarrecido uma imensa onda invadir a região de Tohoku, no Japão, após um terremoto sacudir boa parte desse país. As imagens impressionaram: casas e prédios, estradas, pontes, veículos e até aviões no pátio de um grande aeroporto eram carregados pelas águas; pessoas buscando seus pertences junto a escombros ou em desespero atrás de informações sobre pessoas desaparecidas. Depois de alguns dias, a cobertura da mídia passou a mostrar cenas que surpreenderam muita gente: as pessoas aguardando organizadamente em filas o momento de receberem comida ou agasalhos; pessoas devolvendo objetos e valores perdidos, os quais não lhes pertenciam; abrigos com um grande número de pessoas de todas as idades que, apesar de estarem acolhendo pessoas sem teto, à primeira vista pareciam um grande e organizado acampamento de férias. Ao completar um ano dessa catástrofe, a mídia voltou ao tema e as reportagens mostravam fotos e vídeos no estilo “antes e depois”. No curto intervalo de um ano, as imagens de antes, como descritas acima, deram lugar a imagens de locais e comunidades em que uma pessoa desavisada não imaginaria que por ali ocorreram um terremoto e uma tsunami. Como foi possível tamanha transformação? Que povo fantástico! Como conseguem isto? Talvez eu possa sugerir uma parte da explicação...
12
Desde o segundo ano do meu curso de Licenciatura em Ciências e Biologia, na UFRGS, iniciei minha carreira como professor no Colégio Marista Rosário e no Colégio Anchieta, em Porto Alegre, e, mais tarde, como docente da UFRGS e da PUCRS. Já são 32 anos acompanhando jovens em atividades escolares e universitárias. Durante esta convivência, desde cedo me chamou a atenção a influência do ambiente no processo educacional, bem mais do que a sua parte formal (currículos, cargas horárias, disciplinas). Ao cursar o doutorado em Biologia do Envelhecimento no Japão, pude confirmar de maneira consistente a influência do ambiente no processo educacional, pois tive a oportunidade de comparar dois sistemas educacionais de culturas com raízes bem diferentes: o brasileiro e o japonês. Por eu estar acompanhado da minha família durante os cinco anos em que morei no Japão, minhas filhas entraram para o ambiente escolar desde que chegamos e, assim, vivenciamos o lado da família em relação à escola. Paralelamente aos estudos do doutorado, trabalhei na Secretaria de Educação da Cidade de Nagoya, atuando como consultor educacional no atendimento às escolas que tinham alunos brasileiros matriculados. Esta atividade me proporcionou a visão do lado do sistema e da escola em relação ao aluno e sua família. Foi a partir desta dupla experiência, de pai e de educador, que arrisco uma explicação para
aquelas reações de espanto e admiração da mídia ocidental – colocar nas costas do aluno, dar um abraço, um beijo, mais alespecialmente a brasileira – ao tomar contato com a recuperação gumas recomendações... E o trânsito parado atrás do veículo, imediata e bem-sucedida do Japão após a catástrofe de março com outros motoristas impacientes para, eles próprios, andarem de 2011. mais algum metros e, é claro, pararem em frente ao portão para No Japão, a educação no âmbito familiar está em sinergia com que mais um aluno desça e, quem sabe, repetir aquilo que o a educação na escola, atendendo a dois aspectos: o desenvol- motorista anterior fez por seu turno... Pergunta-se: que lição de vimento intelectual da pessoa e a sua formação como cidadão. cidadania está sendo dada às crianças e jovens que vivenciam Assim, tanto a escola como a família esta situação exatamente com os seus moconseguem, por meio das atitudes do dia delos principais – seus pais e suas mães? No Japão, a a dia, internalizar uma das mais fortes Será que a escola não tem nada a dizer e características da cultura japonesa: o coa fazer com relação a isto? O individual é educação no âmbito mais importante que o coletivo? letivo tem precedência ao individual. Não importa o tamanho da cidade, os Apenas mais um exemplo: nas escolas familiar está em alunos de uma mesma escola reúnemjaponesas, o número de pessoas encarresinergia com a -se num ponto predeterminado que seja gadas da limpeza é muito reduzido. E não equidistante das residências próximas e, se pense que seja por falta de mão de obra. educação na escola” É porque não é necessário um batalhão de juntos e sob a supervisão dos mais velhos, seguem para a escola. Dois motivos para pessoas para varrer as salas e arrumar as isso: 1) desenvolvimento da autonomia da responsabilidade, classes todos os dias. Isto é tarefa dos professores e dos alunos. aprendendo a cuidar não apenas de si mesmo, mas do conjunto Os professores cuidam para que a lousa fique limpa depois que de colegas que seguem juntos para o mesmo objetivo; 2) evitar eles próprios a usaram. Os alunos cuidam para que o lixo que o congestionamento de automóveis próximo da escola, que cada um gerou vá para a lixeira e as classes que eles próprios ocorreria justamente na hora do rush diário. Por certo, não é o usaram fiquem arrumadas depois das aulas. No pátio, também, que observamos nas ruas próximas de muitas de nossas escolas cada um cuida de colocar o lixo nas lixeiras e que as bolas e aqui. O que vemos é, em média, um automóvel para cada um ou outros artigos de esporte voltem para o seu respectivo lugar dois alunos que chegam para o turno de estudos. Não bastasse depois do intervalo. Após uma reunião de pais com professores, o número elevado de carros que transtornam o trânsito das vias cada um ajuda a repor as mesas no local apropriado e as cadeipróximas, parece que cada aluno precisa descer exatamente em ras organizadas. Se ocorrer uma confraternização, os copos e frente ao portão da escola, faça chuva ou faça sol. Observa-se pratos descartáveis, garrafas etc. são levados em sacolas plástimuitas vezes que, ao parar para que o filho desça do carro, pai cas pelos participantes da reunião, para que sejam colocadas no ou mãe iniciam uma conversa, cabelos são penteados e ajeita- lixo da casa de cada um. Ao contrário, no final de um turno de dos, não raro o motor é desligado para que o motorista desça do aulas em nossas escolas ou universidades parece que a tsunami carro para abrir o porta-malas a fim de retirar a mochila escolar, ocorreu aqui. Lousas riscadas, giz esmagado no chão, papéis e copos descartáveis por todo lado, baganas de cigarro, classes e cadeiras desarrumadas... E um batalhão de pessoas que passam horas arrumando e limpando aquilo que no dia ou turno seguinte voltará ao pandemônio novamente. Pergunta-se: que lição de cidadania está sendo dada às crianças e jovens que vivenciam esta situação exatamente no local dedicado à educação – sua escola? Será que os pais não têm nada a dizer e a fazer com relação a isto? O individual é mais importante que o coletivo? Esta é a lição que devemos tirar ao ver as imagens dramáticas, antes e depois, da tsunami em Tohoku: o coletivo tem precedência ao individual, e isto aprende-se ao longo da vida e, em especial, durante a vida escolar. Mas não se aprende por meio de palestras, aulas, disciplinas do currículo. Aprende-se porque se vivencia este valor na família e na escola o tempo todo nas atitudes do dia a dia. E este aprendizado forja as bases da cidadania. Concluo com uma pergunta/desafio: será que não está na hora de provocarmos uma tsunami educacional em nosso meio?
“
Emilio A. Jeckel-Neto Emilio (C) realizou doutorado em Biologia do Envelhecimento no Japão
Professor Titular da Faculdade de Biociências, Diretor do Museu de Ciências e Tecnologia - PUCRS
Educação E Ed du ucaaçã ção o 13
Gabriela Di Bella
INTERDISCIPLINAR
A adaptação a essa nova fase vai depender da preparação de cada um
Aposentadoria é continuidade, não ruptura Por Vív ian Gamba
A
aposentadoria é o sonho de consumo de alguns, o temor de outros. Os trabalhadores, de maneira geral, não estão preparados para ela. Muitos dizem a si mesmos que vão comprar um sítio, morar na praia, fazer o que nunca fizeram, mas esse é um plano às vezes inatingível. Isso porque, conforme a psicóloga especialista em gerontologia Geraldine Alves dos Santos, não se aprende, via de regra, como envelhecer, e muito menos o que fazer na aposentadoria. “Vivemos em uma sociedade baseada na atividade, no trabalho e no rendimento financeiro. Lazer ainda é coisa de preguiçoso”, explica. A professora aposentada Célia Silveira não compartilha desse clichê: não sente saudades do trabalho e só vê vantagens na aposentadoria. “Enquanto trabalhei, amei trabalhar, mas quando vi que
14
estava mais velha – ela se aposentou no mês em que completou 62 anos –, saí para aproveitar o tempo que me resta com bastante saúde”, conta. O professor de serviço social da UFRGS Sergio Antonio Carlos explica que há aqueles que veem a aposentadoria como uma segunda vida, os que a percebem como férias e os que a encaram como castigo, pois estão privados do que mais gostam: o trabalho. A adaptação a essa nova fase vai depender da preparação de cada um. “É preciso falar sobre aposentadoria mesmo que ela esteja relativamente longe. Tratá-la como algo possível de acontecer e não como um fantasma. Além disso, se informar sobre limites e possibilidades e procurar planejar não só o aspecto financeiro, mas também de que forma usufruir desse período.” Geraldine alerta que a chegada da aposentadoria é acompanhada do
avanço no relógio biológico e por isso é necessário se adaptar às mudanças naturais do organismo e da mente e aprender a respeitá-las. “O corpo não responde da mesma maneira que há 20 anos. Portanto, quando planejamos a aposentadoria baseados em ações de 30 anos atrás, podemos cometer sérios erros.” Célia acordava às 6h e voltava para casa às 23h. Trabalhava 40 horas semanais e já pensava em parar mesmo enquanto o trabalho fosse agradável e havia respeito pelo que fazia, “pois observava pessoas com mais idade sendo ridicularizadas até por colegas”. A transição foi lenta. Diminuiu a carga horária para 30 horas e encontrou tempo para cinema e viagens de fim de semana. Após um ano, reduziu a jornada para 20 horas, quando começou a pintar. Depois de aposentada, mantém a rotina da academia, das aulas de pintura e de encontros com amigas e
“
O professor da Ufrgs acredita que a qualidade de vida na aposentadoria vai depender da qualidade de vida do indivíduo ao longo da sua existência. “Não se pode querer que uma pessoa mude sua maneira de viver só porque está aposentada.” Geraldine concorda: “A aposentadoria não é uma quebra na vida. Não nos tornamos outras pessoas e nada mudará radicalmente”. Para ela, um dos preceitos básicos para uma velhice bem-sucedida é estar atento ao próprio estilo de vida. Isso não significa somente boa alimentação, exercícios físicos ou mesmo tranquilidade emocional. “Se prestarmos atenção em nossas atitudes e tentarmos ajustá-las, temos grandes chances de bem-estar. Durante a vida chamada produtiva, as pessoas se preocupam tanto com o trabalho que se esquecem de si mesmas, da família e dos amigos e, principalmente, das atividades que lhes dão prazer.” “Existe vida fora do trabalho! Devemos nos reprogramar e ver que temos direito de viver de forma mais leve. Há muitas possibilidades”, aconselha Célia. Carlos complementa: “Para enriquecer a vida social, há redes sociais, associações, atividades culturais e físicas, clubes, leituras, reflexões”. “Mas o aposentado pode também – e por que não? – ‘velhar’.”
Caroline Ferrari / UniRitter
com a família. “Não posso dizer que no as modificações necessárias”, afirma. início não houve uma pequena falta do “Existem técnicas para isso, uma refletrabalho em si, mas ter reduzido horas xão estratégica: revisitar as competênnos dois últimos anos me ajudou no cias, os conhecimentos, as experiências, distanciamento. identificar talentos. Comecei a comer O que gosto? O que A qualidade de vida me faz vibrar? E o em casa, a saborear a comida que sou capaz de na aposentadoria (sem pressa), a realizar?”, explica a ter horário para especialista, ao se revai depender da leitura de jornais ferir aos Programas qualidade de vida do de Preparação para e livros, e abana Aposentadoria donei o relógio indivíduo ao longo (PPAs) que muitas de pulso.” Agora, empresas já Célia não tem dia da sua existência” oferecem. fixo nem para ir Sergio Antonio Carlos Esses programas ao supermercado ajudam a obter rese não quer mais postas. “Especialistas recomendam que compromissos, exceto os jogos do Inter, esse processo seja iniciado cinco anos a que dificilmente falta. antes do evento aposentadoria. Um poPara a psicóloga e gerenciadora de sicionamento mais ‘radical’ indica que carreiras Lígia Nery, essa preparação a pessoa deveria começar a pensar na é fundamental. “Hoje em dia isso não aposentadoria desde o momento em que é mais uma escolha. É preciso tomar ingressa no mercado de trabalho”, diz consciência de que as coisas se transCarlos. formam, refazer o projeto de vida e
Dicas para a aposentadoria Aposentadoria não significa perda, é uma etapa diferente. Planeje-se economicamente. Pense na organização familiar. Procure um PPA ou um psicólogo especializado em gerontologia. Pense em atividades nas quais têm habilidade e otimize-as.
Educação E Ed du ucaaçã ção o 15
Fronteiras da Educação/Clleber Passus
EM DEBATE
Os tabletss como ferramenta pedagógica
Carlos Seabra* Há cerca de 1.500 anos, os sumérios inventaram uma das primeiras formas de escrita. Usando um tipo de estilete de cana, faziam inscrições, em formato de cunha (daí a designação desse tipo de escrita: cuneiforme), nesses “tablets” primitivos de argila. Hoje, muitos passos após (hieróglifos em pergaminhos, monges copistas, Gutenberg, lápis, caneta e papel, máquinas de datilografar, computadores), as tabuletas retornam como avanço máximo da tecnologia digital na ponta dos dedos. As interfaces de tocar na tela, presentes tanto nos tablets quanto nos celulares, estes mais disseminados ainda (tanto que já há muito mais deles do que bolsos que os carregam), dão aos dedos funções para além de teclar em letras e números. Permitem que se desenhe diretamente na tela, que movimentos de pinça, com indicador e polegar opositor, aumentem ou diminuam imagens, que as rotacionem ou arrastem. A leitura de livros (mas também de jornais e revistas) é uma experiência quase próxima, embora ainda não igualável, à proporcionada pelo papel, permitindo destacar trechos, redigir anotações e,
“
principalmente, carregar sem aumento de peso centenas de obras. Só por este aspecto as costas dos alunos agradecem o alívio do peso em suas mochilas escolares. Com inúmeros recursos, reunidos num só aparelho, portátil e leve, com a capacidade de processamento inúmeras vezes maior que os primeiros computadores militares (que custavam milhões de dólares e pesavam muitas toneladas), certamente são um conjunto de ferramentas que podem viabilizar inúmeras atividades pedagógicas, facilitar a visualização de conteúdos cognitivos, estimular atividades cooperativas e o desenvolvimento de projetos. As pessoas vão deixar de ler livros no bom e consagrado formato de edições em papel? No caso dos livros didáticos e dos dicionários, em boa parte, sim; no caso de romances, de poesia, quase certamente não. Afinal, o papel é uma tecnologia comprovadamente resistente, que não necessita de fonte de energia, e assim como o cinema não acabou com o teatro, nem a televisão acabou com o cinema, o livro possui inúmeras vantagens que prognosticam sua continuidade. O maior inimigo dos livros não são os leitores de formatos digitais (que
O uso do tablet na escola exige um professor preparado, dinâmico e investigativo”
16
nos grandes sistemas online são também os maiores compradores de edições em papel), mas sim os não leitores. Os alunos desaprenderão a escrever com lápis e caneta no papel e sua caligrafia será um horror? O importante é aprender a escrever e ter prazer nisso. Se o instrumento utilizado para a escrita ou o desenho é a ponta do dedo, uma caneta ou um pincel, isso faz parte da diversidade de recursos cuja apropriação a escola deve estimular. Se a caligrafia for considerada importante, convenhamos que o tablet pode permitir estratégias mais adequadas e interativas do que canetas tinteiro. O uso do tablet na escola exige um professor preparado, dinâmico e investigativo, pois as perguntas e novas situações que surgem fogem do controle preestabelecido do currículo. Essa é a parte mais difícil desta tecnologia. E esse é o papel insubstituível do professor: elaborar estratégias que deem significado a essa porta que se abre para o universo do conhecimento. Sem isso, equipamentos e software podem apenas ser modismos adestradores de um mercado consumidor, perdendo-se a oportunidade de promover uma efetiva mudança na área do ensino. *Editor multimídia, é Coordenador Técnico Pedagógico da Gerência de Inovação e Novas Mídias da Editora FTD
Cada vez mais as escolas estão investindo em recursos tecnológicos com o objetivo de tornar o aprendizado mais atraente e significativo. Mas como fazer com que essas tecnologias tornem-se ferramentas pedagógicas eficazes na aprendizagem? Educação em Revista convidou dois especialistas, de diferentes áreas do conhecimento – educação e neurociências –, para discutir os ‘prós’ e ‘contras’ do uso dos tablets em sala de aula. Confira:
Elvira Lima* A função da escola é garantir a continuidade da espécie, formando a nova geração de forma que cada novo membro que nasce se aproprie do conhecimento formal acumulado até determinado momento histórico. Para que ocorra essa transmissão é preciso ensinar o conteúdo e ensinar as atividades que levam a formar as memórias desses conteúdos. São aprendizagens culturais. A cada período histórico, a ciência que se ocupa desse fenômeno, a pedagogia, dispôs de diferentes produtos culturais. Assim é hoje com os equipamentos da tecnologia que têm um grande impacto na vida escolar, mas que não é diferente do impacto que teve a invenção da imprensa. A tecnologia se insere, portanto, no desenvolvimento da espécie. A aprendizagem se efetiva no cérebro de cada pessoa. O conhecimento existe por formação de memória. No conhecimento formal, os conceitos são essenciais. Muitos deles precisam se transformar em instrumentos do pensamento para que a pessoa avance em suas aprendizagens. Equipamentos tecnológicos são produtos que possibilitam ampliar os processos de pensamento. Porém podem, também, limitar. Depende da ação pedagógica.
“
Equipamentos tecnológicos são produtos que possibilitam ampliar os processos de pensamento. Porém podem, também, limitar. Depende da ação pedagógica”
Pesquisas na neurociência já têm evidenciado que a mera utilização da tecnologia não conduz à aprendizagem. Há indicações claras de que o uso do computador de per si não amplia os conhecimentos de escrita e aumento do léxico. Coloca-se já a questão dos meios e dos fins. A neurociência não teria evoluído como a ciência complexa que é sem a tecnologia. Mas equipamentos tecnológicos em si não produzem o conhecimento. Este é o desafio pedagógico: promover a utilização de equipamentos tecnológicos como meios de consolidar a formação de conceitos na memória e formar estruturas de pensamento em cada aluno. Não é uma tarefa fácil, mas é instigante. Crianças e jovens manipulam com
perícia os equipamentos (computador, iPod, tablet, celular). Somente a perícia, no entanto, não forma formalmente o pensamento. É importante estar atento a esse fato. Podemos nos iludir com a rapidez de manejo da máquina que a nova geração apresenta. Aprender com ela é outra coisa. A questão é pedagógica. Envolve a docência não somente a aprendizagem dos alunos. Introduzir tablets em sala de aula, assim como foi com o computador, demanda integração em seu uso com o currículo e com a ação docente. *Pesquisadora em desenvolvimento humano, com formação em neurociências, psicologia, antropologia e música.
Educação E Ed du ucaaçã ção o 17
Elise Bozzetto / Univates
SALA DE AULA
A opinião de quem passa pela sala de aula da Univates é cada vez mais importante para a instituição
Como adequar o ensino superior às necessidades do mercado Por Vív ian Gamba
A
s instituições de ensino superior formam profissionais para o mercado de trabalho, e o mercado, em constante transformação, gera demandas específicas, que fazem com que as instituições se moldem a ele. Esse movimento requer atualização constante por parte dos estabelecimentos de ensino e, é claro, critérios sobre como fazê-lo e avaliações que validem a eficiência do processo. Será possível fazer esse balizamento? A Câmara dos Deputados analisa o
18
Projeto de Lei 3233/12, do parlamentar Bonifácio de Andrada (PSDBMG), que propõe que os resultados da prática profissional dos formandos sejam incluídos nessa avaliação por meio de um levantamento chamado “Identificação do Resultado Profissional da Faculdade (IRPF)”, disciplinado por regulamento do Poder Executivo. O projeto altera a Lei 10.861/04, que institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). Para a doutora em Educação e coordenadora do Mestrado Profissional
em Ensino de Ciências Exatas da Univates, Marlise Heemann Grassi, o projeto traz uma boa proposta e dá ênfase a um critério já presente no processo de avaliação das instituições. No entanto, considera prematuro incluir os resultados da prática profissional dos formandos nessa avaliação. “Um projeto dessa envergadura precisa ser discutido com a sociedade, especialmente com educadores e profissionais que atuam em diferentes áreas e que recebem os formandos. Há uma etapa anterior a ser cumprida, que deve considerar a
Gilson Oliveira/ PUCRS
Contemplar as demandas do mercado é desafio constante para as instituições
acompanhamento e avaliação dos diÉ uma abordagem original, mas plomados, inclusive quanto à empreainda não temos noção dos resultagabilidade”, adianta o coordenador de dos” – o trabalho ainda está em fase Avaliação Institucional da Univates, de tabulação de dados. Dalor Roberto Para a doutora em Heberle. Educação Marlise Avaliar se a O doutor em Grassi, as expectaEconomia e tivas profissionais universidade é coordenador do mercado ainda capaz de formar da pesquisa não são plenamente “Impactos da contempladas pela profissionais capazes Atuação da universidade. “Há UFRGS na inúmeros fatores de contribuir com Economia do que dificultam esse seus serviços a favor Rio Grande do processo, entre Sul”, Sabino os quais baixos da comunidade é Porto Junior, investimentos em afirma que relevante, mas precisa educação, políticas “as exigências públicas que não de uma consistente e do mercado dão continuidade a projetos de atude trabalho justa regulamentação” alização e apere o próprio feiçoamento dos conhecimento Marlise Heemann Grassi profissionais, resissão dinâmicas tência a mudanças e e mudam a inovações e práticas pedagógicas que todo tempo”, por isso é difícil dizer repetem padrões convencionais e não se as instituições formam profissiofazem uso de recursos tecnológicos nais qualificados, de fato. “Uma boa de ponta”, enumera. Portanto, há instituição de ensino com pesquisa e muito a resolver antes da inclusão de extensão tende a acompanhar esses resultados da prática profissional no desenvolvimentos e preparar bem processo de avaliação. seus alunos para os desafios contem“O retorno informacional e profisporâneos, mas reconheço que esses sional do egresso sempre é positivo, ajustes são complexos e nem sempre seja por meio de críticas, sugestões perfeitos”. Para Sabino, pesquisa e ou demandas novas”, defende Sabino. extensão são palavras chaves para “Contudo, isso tem que ser feito definir a expectativa de sucesso. de forma sistemática e continuada. Segundo o professor, o objetivo da Reconheço que é uma tarefa compesquisa é avaliar o impacto da UFRGS plexa e multifatorial. Assim, olhar na formação de capital humano na para indicadores unidimensionais região Sul, para a própria região e para de desempenho pode levar a resultao Brasil como um todo, e mensurar dos imprecisos.” Marlise concorda: como isso pode repercutir no cresci“Avaliar se a universidade é capaz mento e no bem-estar da comunidade de formar profissionais capazes de e do indivíduo. “Olhamos o impacto contribuir com seus serviços a favor sobre o emprego e a renda regional e da comunidade é relevante, mas também como a formação da UFRGS precisa de uma consistente e justa possibilita ou não uma inserção faregulamentação”. vorável no mercado de trabalho. Um dos objetivos é comparar o desempenho salarial de um ex-aluno com um profissional nas mesmas condições.
“
Gilson Oliveira/Divulgação PUCRS
instabilidade do mercado de trabalho, as crises econômicas e as condições de escolas da Educação Básica, espaços decisivos na formação da pessoa e do profissional”, avalia. Na Univates, os resultados das pesquisas com egressos do mestrado fornecem subsídios para os programas e cursos e também podem ser indicadores para o planejamento de cursos de extensão e de projetos de ação social a serem desenvolvidos pela universidade. “Pretende-se não somente pesquisar sobre, mas também ‘com’ os participantes, estreitando os vínculos entre universidade e realidade social e do trabalho”, explica Marlise. A instituição também vem trabalhando no aprimoramento das ferramentas de acompanhamento dos egressos. “O programa Conexão Univates – de relacionamento com egressos – passa por constantes revisões e revitalizações e terá uma nova sistemática regular de
Educação E Ed du ucaaçã ção o 19
Fotos: Nicole Morás/ Colégio Evangélico Alberto Torres
TENDÊNCIAS
A possibilidade de fazer uma escolha única para a educação dos filhos é um dos atrativos do berçário
Berçário ganha força na escola Por Luciani Gomes
A
dura tarefa de, ainda durante a licença-maternidade, ter que escolher e confiar em uma creche para deixar um bebê de seis meses começa a ganhar novos contornos, com o número crescente de escolas particulares gaúchas adicionando o berçário aos níveis de ensino oferecidos. Integradas às instituições que oferecem o ciclo completo –educação infantil, ensinos fundamental e médio –, as escolas com berçários vêm ganhando os pais, que se beneficiam não somente da infraestrutura e do pedagógico, mas também da tranquilidade e da possibilidade de fazer uma escolha única para a educação dos filhos. A conveniência traz mais benefício ainda quando se tem um filho mais velho matriculado na mesma instituição, além do bebê. “O irmão menor vai se beneficiar da presença do maior e vice-versa. Além disso, a família consegue participar com maior
20
intensidade da vida escolar quando não é necessário dividir a atenção entre diferentes instituições”, explica a professora da Faculdade de Educação da UFRGS Maria Carmen Barbosa. Pioneiro da educação infantil privada do município de Lajeado, o Colégio Evangélico Alberto Torres passou a oferecer berçário para crianças a partir de quatro meses em 2008, atendendo a pedidos da própria comunidade. “Houve a demanda das mães que já tinham filhos na escola e também um pedido de ex-alunos, querendo retornar com seus filhos pequenos”, conta a coordenadora pedagógica, Cláudia Horn. O número de alunos inscritos no berçário cresce anualmente e hoje já são cem bebês matriculados, de zero a dois anos de idade, organizados no turno integral ou meio turno. Cláudia explica que a principal diferença entre os berçários instalados em escolas e creches comuns é o fato de que, no primeiro, existe a continuidade da
proposta pedagógica da instituição entre os níveis de ensino, de forma que a transição entre a educação infantil e fundamental, por exemplo, acontece da maneira mais natural e suave possível, e assim sucessivamente. Pensando em conquistar novos alunos cada vez mais cedo e também se aproveitando do ineditismo da proposta na cidade, o La Salle de Carazinho também adotou a ideia. Uma das vantagens do berçário em escolas que a vice-diretora e supervisora educacional Francisca Doering aponta é que os bebês acabam não ficando restritos aos espaços somente a eles destinados. São promovidas atividades no restante da estrutura da escola também. Dentro da sala de aula, o diferencial fica por conta da estrutura e da metodologia desenvolvida pelos professores. No Colégio Medianeira de Bento Gonçalves, por exemplo, os bebês têm o momento do sono, no qual dormem ao som de canções de ninar ou de música clássica; o
de estimulação, quando são colocados bebê desenvolve a fala, a capacidade de para engatinhar entre objetos colose locomover e conviver. “Assim, deve ridos que produzem sons; atividades haver por parte da escola uma grande em sala de multimeios, onde brincam responsabilidade na sua definição com espelhos e fotos deles próprios; pedagógica, na sua seleção de recure o momento de socialização, que é a sos humanos e na organização de sua hora de interagir programação.”, com os brinquealerta Maria É importante que a dos e coleguinhas. Carmen. Ela Algumas instidiz ainda que é escola ofereça um tuições oferecem importante que atividades extras ambiente físico e social a escola ofereça como o momento ambiente físico adequado às exigências e social adequada Shantalla, massagem de origem do às exigências motoras, relacionais e indiana para motoras, relabebês, no La Salle cionais e afetiafetivas dos bebês” Carazinho. vas dos bebês. Especialistas “Com área verde, Maria Carmen Barbosa aconselham a bastante espaço, fazer a escolha materiais diverda primeira instituição de ensino da sos, fantasias, instrumentos musicais, criança com cuidado. Afinal, é nos três trabalhos com argila e tintas, jogos primeiros anos a fase de maior aprende construção, quebra-cabeças e um dizado, na qual as crianças começam corpo docente com formação específia reconhecer o mundo a sua volta e a ca”, exemplifica a professora. buscar se inserir nele. Nesse período o Após escol her a escola, é
“
i mpor ta nte pensa r na t ra nsição ent re a l icença-mater n idade e a volta ao trabalho após a chegada do bebê. E a instituição deve ajudar nesse processo. Desde a matrícula, deve haver contato com as famílias, além de sugestões de leituras, reuniões e entrevistas para que se possa iniciar, antes da ida da criança à escola de educação infantil, sua adaptação, segundo a professora Maria Carmen. “As famílias precisam sentir-se seguras em deixar os filhos com outros responsáveis. Isso se faz a partir das trocas, de dedicação e conversas”, diz. A especialista explica que, para tornar a transição ainda mais fácil, é melhor que a criança já se alimente de outras fontes além de leite materno, e que o bebê já tenha ficado sob o cuidado de outros que não os pais, para que não seja tudo novidade. É essencial também que os pais dediquem um tempo para conhecer os professores, para assim conseguir construir uma relação de confiança com a instituição escolhida.
Conversas e trocas entre a escola e a família auxiliam os pais a se sentirem seguros em deixar os filhos com outros responsáveis
Educação E Ed du ucaaçã ção o 21
C A PA
Projeção de queda da natalidade exige novas estratégias para o ensino privado Nicole Morás / Colégio Evangélico Alberto Torres
Por Luciani Gomes
Pesquisas apontam para diminuição da população de crianças e jovens nas próximas décadas
E
m 31 de outubro de 2011, a população mundial atingiu a marca dos 7 bilhões. A chegada de Danica, a bebê filipina que virou o símbolo da contagem, leva a crer que o mundo será cada vez mais cheio de crianças, mas não é bem assim. Aqui no Brasil e também em outros países, principalmente na Europa, as taxas de crescimento populacional têm caído, ao mesmo tempo em que a expectativa de vida tem aumentado. Assim, a proporção de adultos e idosos cresce, enquanto que a de jovens de zero a 19 anos diminui. O Rio Grande do Sul, por exemplo, tem a taxa de crescimento
22
populacional mais baixa do país, de 0,49% ao ano, segundo dados do Censo de 2010, frente a 1,17% do restante do país. Uma preocupação futura para o mercado de trabalho, mas, antes, para as instituições de ensino de educação básica é que, de acordo com as projeções, o número de alunos deve diminuir ao longo dos próximos anos. O momento atual ainda é de otimismo, consequência do aumento do poder aquisitivo da família brasileira. A classe C – de renda domiciliar per capita entre R$ 323 e R$ 1.388, segundo o Data Popular – cresce e ganha importância no país, correspondendo a 54% da população. E o mais importante, já
vê o estudo como principal caminho de ascensão social. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) mostram que dos 5,5 milhões de estudantes com até 14 anos matriculados em escolas privadas, 2,7 milhões, ou 49,2%, pertencem à classe C. Quando se observa o comportamento das classes C, D e E em relação ao ensino, o número de matriculados em escolas privadas é de 3,7 milhões, ou 67% do total. A favor das escolas particulares, também está a percepção de que escola pública vem piorando — de acordo com 57% dos entrevistados do Data Popular. Ao olhar para o número de matriculados
“
Não havendo mudanças radicais nos níveis de fecundidade e migração, o número de alunos deve diminuir” Marilene Dias Bandeira
“Isso faz com que as políticas públicas das diversas áreas sejam redirecionadas. Na parte do ensino, a quantidade deve dar lugar à qualidade. E deve-se investir mais na população idosa”, diz Oliveira. Marilene concorda. “Não havendo mudanças radicais nos níveis de fecundidade e migração, o número de alunos deve diminuir.” O problema é maior no Rio Grande do Sul, se comparado a outros estados brasileiros, por diversos motivos históricos e culturais, como o tipo de colonização europeia, o clima e a eficiência dos programas de saúde quando comparado com o restante do país. O principal fator é a taxa de fecundidade, que caiu significativamente nas últimas décadas. Nos anos 60, por exemplo, a mulher gaúcha tinha, em média, mais de cinco filhos. Dados do Censo de 2010, ainda não
Priscila Lacerda/PUC - SP
nas privadas já se percebe que as matrículas estão diminuindo. O ensino médio foi o que mais perdeu alunos nos últimos dez anos: de 65.809 matriculados em 2001 passou para 43.525 em 2011. No ano passado, um número menor de alunos cursava o ensino médio, tanto na rede privada quanto na pública (federal, estadual ou municipal). O total de inscritos caiu de 468.171 para 402.982. (Saiba mais na pág 25) A exemplo do que já aconteceu em países europeus, a sociedade brasileira passa por importante transformação. A estrutura da pirâmide etária brasileira e, principalmente gaúcha, passa a assumir um formato retangular, com uma diminuição da base (jovens) e alargamento do meio e do topo (idosos). “Chamamos esse fenômeno de envelhecimento populacional”, explica a professora da UFRGS, Marilene Dias Bandeira, que também atua na Fundação de Economia e Estatística do RS. Nos estados que já apresentavam características diferenciadas — indicadores sociais como taxa de natalidade, mortalidade infantil e expectativa de vida melhores que os do restante do país, como é o caso do Rio Grande do Sul —, o processo de envelhecimento da população já está quase consolidado, segundo Juarez de Castro Oliveira, gerente de estudos e análises de dinâmica demográfica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Investimento em programas voltados à terceira idade será uma das alternativas para garantir a sustentabilidade num futuro próximo
divulgados, devem revelar que hoje esse número caiu para em torno de 1,7, inferior ao nível de reposição populacional, de pouco mais de dois filhos por mulher. “Além disso, as mulheres que estão em idade fértil hoje são aquelas nascidas quando a fecundidade começou a declinar, o que faz com que o número de nascimentos também caia”, explica Oliveira. Os níveis de mortalidade têm caído, o que indica que a probabilidade de sobrevivência por idade está aumentando, assim fazendo crescer a expectativa de vida. Além disso, tradicionalmente, o estado tem um maior número de saída de pessoas (emigração) do que entrada (imigração), o que resulta em perda populacional. Cerca de 250 municípios têm diminuição da população, segundo dados do IBGE. “Mais da metade dos municípios do estado tem população declinante em valores absolutos. São casos em que o saldo vegetativo (diferença entre nascimentos e mortes) do crescimento populacional não compensa os possíveis efeitos da saída de pessoas por emigração”, explica Juarez de Castro Oliveira, do IBGE. Atualmente, a faixa etária predominante no Rio Grande do Sul é a de 25 a 29 anos, que representa 8,4% da população gaúcha, de 10.693.929 habitantes. Enquanto a população de 60 anos ou mais vem crescendo, registrando um percentual de 13,6% em 2010 frente a 5,8% de 1970, a quantidade de jovens de até 15 anos vem caindo. Se na década de 70 eles representavam 39% da população, hoje são somente 20,9%. Ou seja, em termos absolutos, em 1970 o contingente populacional de zero a 14 anos era de 2,6 milhões, comparado com 2,2 milhões em 2010. Segundo o economista e professor
Educação E Ed du ucaaçã ção o 23
que a instituição não dependeria apenas de uma faixa etária para garantir a sua sustentabilidade. “Outra alternativa, ainda, é lançar produtos acessórios, que complementem a educação formal, tal como cursos de esporte, teatro, música, novas tecnologias, empreendedorismo, etc.”, acrescenta. O presidente da Hoper Educação, que atua na área de consultoria e gestão educacional, Ryon Braga, concorda com a tese e diz que as escolas devem se valer de seus espaços físicos e expertise em educação a fim de ampliar sua atuação para as mais diversas áreas. No entanto, este deve ser um passo a ser tomado com cautela. “Deve ser feito de uma maneira bem pensada, evitando o choque entre as diferentes faixas etárias e diferentes cursos”, adverte. Ele defende ainda, como alternativa, a ruptura com o modelo que se tem hoje de instituição privada, de uma grande e única sede que comporta milhares de alunos. “Uma saída é passar a buscar várias sedes menores, de cinco a seis em uma cidade como Porto Alegre, espalhadas pelas
diversas regiões da cidade, com instalações para 700 a 900 alunos. Esta é uma tendência mundial”, explica Braga. Outra saída é investir esforços para captar os estudantes que têm condições de pagar pelo ensino privado, mas que, por algum motivo, ainda preferem a escola pública. “O RS é um dos estados com maior proporção de matrículas no ensino público, e convencer as famílias de que há relação custo-benefício positiva será fundamental”, diz ele. A imagem da escola é essencial nesse processo. É o melhor ativo que as instituições de ensino privado têm para tentar atrair um novo público, tanto de escolas públicas quanto de instituições concorrentes. Além da conveniência e fatores como preço e localização, a qualidade da instituição, se pública ou particular, é o que pesa na decisão. E a percepção de qualidade da escola varia segundo fatores como a tradição na comunidade, o índice de aprovação nos exames de admissão à universidade (Enem e vestibulares), as instalações, a forma com que lida com
Divulgação / Colégio Bom Conselho
de economia da PUCRS Gustavo Moraes, é a equação entre taxa de fecundidade e migração líquida que impactará no número de matrículas nas escolas. “Ambos os indicadores apontam uma estabilização da população gaúcha, com envelhecimento da pirâmide etária e concentração na região metropolitana”, diz. “Com um estreitamento da pirâmide etária na base, o contingente populacional que passa de cada idade para a seguinte vai gradativamente diminuindo, à medida que são menos jovens”, complementa Marilene. Dentro desse cenário, as escolas devem começar a traçar planos para atenuarem as consequências financeiras dessa nova sociedade que se forma. Moraes explica que uma das estratégias para o sistema educacional é aumentar a margem de lucro por aluno e oferecer novos produtos, voltados para a reciclagem do conhecimento, por exemplo, para atingir diretamente adultos e idosos. Assim, a escola passará a ser não apenas um local para jovens, mas um ambiente de ensino para todas as idades. O resultado é
Bom Conselho aproveitou o espaço físico inutilizado à noite para alugar a outras empresas
24
Matrículas no Rio Grande do Sul nos últimos dez anos
Fonte: Inep/MEC
curso de extensão com aulas sobre assuntos valores, as atividades extraclasse oferecidas, diversos, atividades culturais e passeios para entre outros pontos. Para Moraes, essa maior pessoas com mais de 40 anos. proporção de alunos na rede pública no RS A administração dos custos é a chave para se deve ao prestígio que as instituições ainda equilibrar a balança têm na região. “Por das instituições muito tempo, também, Há tendência para a frente à redução do as inúmeras dificuldanúmero de alunos, na des sociais, que se maruptura do modelo opinião de Moraes. nifestam no espaço da que se tem hoje de A saída, ele explica, escola, foram geridas não é tentar aumentar com competência instituição privada, o número de estudanpela escola pública tes diminuindo mengaúcha”, analisa o de uma grande salidades, pois isso economista. e única sede que só aumentaria as diO movimento de ficuldades. “A oferta diversificação de comporta milhares de novos serviços público já vem sendo e, em paralelo, uma visto no ensino sude alunos, para produtividade maior perior. Não é difícil várias unidades dentro da sala de aula encontrar, em diferencontribuiriam para tes cidades brasileiras, menores” a elevação das marcursos oferecidos Ryon Braga gens de lucro”, expliespecialmente à ca. Esta foi a opção terceira idade e ao do Colégio Salvatoriano Bom Conselho, de público adulto, de 35 a 50 anos. “Geralmente Passo Fundo, que percebeu o desperdício são cursos de pós-graduação ou cursos meque era deixar inutilizado durante a noite o nores, de extensão”, explica Ryon Braga. É espaço ocupado pelo ensino básico durante o caso da Pontifícia Universidade Católica o dia. “Havia ali estrutura organizada, que de São Paulo, por exemplo. Num modelo poderia gerar retorno financeiro para a similar ao da Universidade Estadual do Rio escola”, explica Miguel Rosseto, vicede Janeiro, foi a primeira a criar um curso -diretor. Um cuidado foi tomado ao decidir específico para a faixa etária, oferecendo para quem alugar o espaço, e duas empresas a Universidade Aberta à Maturidade, um
“
hoje aproveitam a estrutura da escola. E a iniciativa, além de preparar a escola para o novo cenário que vem por aí, poderá ajudar a equilibrar as finanças e trazer melhorias à instituição. O momento ainda é positivo para as instituições de ensino, mas é também a melhor hora para se começar a preparar para o futuro, já que a modificação no perfil da sociedade é apenas questão de tempo. Serão visionárias aquelas instituições que se anteciparem a essa nova realidade, desde já. A pauta desta reportagem foi construída em reunião realizada na Delegacia Regional do Vale do Taquari, com a colaboração dos seguintes educadores: Aline Schimidt e Graziela Cristina Lorenço (Colégio Cenecista João Batista de Mello); Cláudia Inês Horn, Nicole Sberse Morás, Rodrigo Mauricio Ulrich e Rosângela Von Muhlen Maciel (Colégio Evangélico Alberto Torres); Evelise Calvi Mezacasa (Colégio Scalabriniano São José), Jaqueline Silva (Centro Universitário Univates), Maria Elena Jacques e Marialda Schnorr Fornari (Colégio Madre Barbara);
SAIBA MAIS Confira na seção da Revista no portal do SINEPE/RS o link para o site do IBGE com dados da pirâmide populacional até 2050. Saiba mais em: www.sinepe-rs.org.br
Educação E Ed du ucaaçã ção o 25
POR ONDE ANDA
Marcelo Pacheco
“Foi a escola que valorizou nossas aptidões” Zé Victor Castiel é ator das telinhas e dos palcos. Com 52 anos de idade e mais de 35 de profissão, esse gaúcho frequentemente pode ser visto em novelas, minisséries filmes e, claro, muitas peças de teatro – com destaque para o sucesso de Homens de Perto e Homens de Perto 2, ambas com direção de Néstor Monastério e texto assinado por Artur José Pinto. Ex-aluno do Colégio Farroupilha, Zé Victor fala sobre a sua relação com a escola, as primeiras experiências com teatro amador e suas lembranças do tempo de estudante. Educação em Revista - Conte um pouco como foi a sua formação. Zé Victor Castiel - Fui alfabetizado no Colégio Farroupilha em 1965, onde fiz toda a trajetória escolar, me formando no antigo científico em 1976. Foi no final do curso ginasial que iniciei a carreira de ator amador. Ingressei na Faculdade de Direito da PUC em 1977 e me formei em dezembro de 1981. Exerci a advocacia concomitantemente à profissão de ator até 1988, quando optei pela carreira artística. Educação em Revista - Quais as lembranças mais marcantes da sua vida escolar? Zé Victor - A alfabetização numa instituição rígida como era o Farroupilha, a descoberta das aptidões para as artes durante o ginásio, a criação de um grupo de teatro amador dentro da escola, os primeiros namoricos e outras várias experiências adolescentes, mas sempre com a bagagem de responsabilidade que aprendíamos no Farroupilha. Educação em Revista - Como era o Zé Victor aluno? Zé Victor - Começando pelo fato de que na escola eu era o Victor José, Zé Victor foi o nome que adotei ao me tornar um ator profissional. Não fui o que se pode chamar de um excelente aluno. Era muito inquieto e pouco estudioso, embora nunca tenha repetido. Não era um apreciador de matemática, química, física e biologia. Gostava de português, literatura, artes, educação física. Penso que sempre fui mais afeito ao lúdico do que ao exato. Para meus filhos passei outros valores, que fizeram deles excelentes alunos. Hoje, a mais velha está formada e o menor já está cursando uma faculdade. Penso que poderíamos estudar uma maneira de modificar os currículos proporcionando ênfases para as aptidões de cada aluno. Seria uma utopia?
26
“
Acho que fazer teatro só é legal para aqueles que gostam. O teatro na escola é maravilhoso para quem curte. Para os tímidos é uma tortura”
Educação em Revista - A escola teve alguma influência na sua escolha profissional? Zé Victor - Total. Quando levei a estapafúrdia ideia (para a época) de termos um grupo de teatro amador na escola, a reação foi de incentivo. Foi a escola que criou as condições para que pudéssemos ensaiar e apresentar nossos espetáculos. Foi a escola que nos encaminhou para festivais de teatro amador. Foi a escola que valorizou nossas aptidões. Educação em Revista - Qual a contribuição do ensino privado para a sua vida profissional e pessoal? Zé Victor - Incomensurável, enorme, positiva, cabal e decisiva. Profissional e pessoalmente. Educação em Revista - Escolas particulares têm oferecido oficinas de teatro aos alunos como parte das atividades extracurriculares. Qual a importância do teatro para a educação? Zé Victor - Acho que fazer teatro só é legal para aqueles que gostam disto. O teatro na escola é maravilhoso para quem curte. Para os tímidos é uma tortura. O que quero dizer é que o teatro não pode servir como terapia. Por esta razão acho que o oferecimento como parte de atividades extracurriculares é exato.
OPINIÃO
O processo de mudança exige atitude e olhar diferenciados Mudar, inventar, reinventar... esses três verbos têm o poder de estruturar, inevitavelmente, todo o processo de formação do ser humano que inclui as etapas de nascer, crescer, amadurecer e desenvolver-se. Em cada uma dessas etapas acontecem mudanças impressionantes, muitas delas, involuntárias, como, por exemplo, as mudanças do corpo físico. Já as que correspondem ao comportamento, às atitudes e à busca comprometida pela construção de conhecimentos relevantes para a própria formação dependerão do tipo de educação que o ser humano irá receber, das relações e interações que estabelecerá com o seu meio físico e social. A qualidade dessas relações e interações fará muita diferença, agregando, ou não, na construção de uma escala de valores e atitudes que interferirá, decisivamente, na formação do caráter, da personalidade de cada pessoa. Entretanto, é na quarta etapa que se estruturam os diferenciais efetivos de cada ser humano. Há muitas pessoas que nascem, crescem e amadurecem, naturalmente, sem muitos esforços, bastando satisfazer suas necessidades básicas. E param por aí. Agora, desenvolver-se vai exigir esforço adicional e renúncias consideráveis que nem todos estão dispostos a fazer. Exige passos além. Desenvolver-se é uma questão de opção, de escolha estratégica. Depende de se ter construído uma boa autoestima e um alto nível de automotivação. Saber o que se quer da vida e colocar-se a caminho, cultivando a certeza de que na vida, no trabalho e nas relações de convivência há que se viver um processo de permanente mudança, reinvenção, sob pena de se cair numa rotina medíocre, que vicia e leva ao desencanto, à perda de energia, de entusiasmo, e isso afeta, de modo frontal, a saúde das pessoas e o clima organizacional das instituições, tendo também implicações diretas sobre a saúde dos trabalhadores. Um artigo do memorável escritor Moacyr Scliar, publicado no jornal Zero Hora, no dia 26/10/2010, alerta para uma necessidade premente a todo ser humano: “reinventar-se como profissional, como cônjuge, como pai ou mãe ou filho ou filha, reinventar-se como amigo, reinventar-se como cidadão ou cidadã, reinventar-se como pessoa”. E que significado tem o verbo reinventar-se no contexto da educação? Tem a ver com a atitude de se lançar um olhar diferenciado para o passado e para o futuro, simultaneamente, estabelecendo paralelos, observando as vertiginosas mudanças e compreendendo que aquilo que se fez e deu certo numa determinada época, gerou resultados animadores, no contexto da atualidade não serve mais, não convence mais, porque os tempos são outros, as gerações que estão protagonizando as mudanças aceleradas que se constatam, diariamente, construíram uma nova
cultura, com novos hábitos, formas de pensar e de agir diferenciadas e estão a requerer novas formas de intervenção e de interação. É preciso, então, reinventar processos, métodos, formas diferenciadas de mediação nos processos de ensino e de gestão das instituições que trabalham com a educação. Precisamos experimentar o processo de renovação propagado pela parábola da águia, que todos bem conhecem. E quem não tiver espírito aberto e disposição para construir novas aprendizagens, um novo jeito de fazer educação, sairá perdendo, seguramente; ficará em desvantagem nessa caminhada veloz, que não espera por ninguém, não dá tempo de lambuja para quem sempre se justifica, dizendo que precisa de um tempo maior para se adaptar. Como diz a canção, “Vem vamos embora que esperar não é saber. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Quem escolher acomodar-se e ficar para trás deixará de conhecer o prazer de vencer desafios, de superar seus próprios limites para acompanhar e viver em plenitude nesse tempo novo; perderá a chance de conhecer o prazer de viver, trabalhar e aprender um novo jeito de ser Professor, de ser Gestor, e correrá o risco de se tornar um profissional sem condições de manter reciprocidade com as crianças e jovens deste novo tempo, que aí está, exigindo um novo jeito de comunicação, de relacionamento e de mediação das aprendizagens que precisam construir. É a geração Y e Z. Fica o convite: vamos nos desafiar a viver o processo de reinvenção cotidianamente e conhecer o delicioso sabor da superação, de nos reconhecer competentes por sermos capazes de viver novas experiências e fazer aflorar nosso potencial criativo e inovador. Isso é evoluir, crescer, amadurecer, transformar-se... Isso é viver em plenitude! Cabe relembrar o que afirmou Alvin Tofler, célebre escritor e futurista norte-americano: “O analfabeto do século XXI será aquele que não souber aprender, desaprender e reaprender”. Marisa Crivelaro da Silva Graduada em Letras, pós-graduada em Psicopedagogia e em Docência do Ensino Superior, MBA em Gestão Educacional, MBA em Comportamento Organizacional, Mestre em Educação
Educação E Ed du ucaaçã ção o 27
LEGISLAÇÃO
Ensino Médio e suas diretrizes curriculares Quando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional foi aprovada (1996), ela veio instituir diretrizes curriculares para toda a educação. Em 1998, pela Resolução CNE/ CEB nº 3, saíram as primeiras diretrizes curriculares para o ensino médio, agora revogadas pela Resolução nº 2/2012 e Parecer CNE/CEB nº 5/2011. Diretrizes Curriculares, normas obrigatórias tanto para rede pública quanto privada, devem ser observadas pela escola na elaboração do projeto pedagógico e em sua organização curricular. No Parecer acima referido, denota-se que, mesmo considerando as inúmeras possibilidades de organização do Ensino Médio, a percepção é de que tal discussão não chegou à maioria das escolas, pois muitas continuam mantendo atenção no tratamento de conteúdos sem a articulação com o contexto do estudante e com os demais componentes das áreas de conhecimento. As Diretrizes Curriculares para tal etapa da educação querem evitar a orientação limitada de preparar para o vestibular; visam à construção de um Ensino Médio com uma formação humana integral e com uma unidade que possa atender a continuidade dos estudos, a preparação básica para o trabalho e que possibilite o exercício da cidadania. Tem o trabalho como princípio educativo em que o ser humano é produtor de sua realidade e dela se apropria, e pode transformá-la. Esse princípio se constitui numa prática econômica que garante a existência, produz riquezas e satisfaz necessidades. Tal relação, do ponto de vista organizacional do currículo, possibilita construções intelectuais mais complexas, a apropriação de conceitos necessários para intervenção consciente na realidade e a compreensão do processo de construção do conhecimento. Com essa concepção curricular, a pesquisa passa a ser um princípio pedagógico, pois o impacto das novas tecnologias sobre as escolas afeta tanto os meios a serem utilizados nas mesmas quanto os elementos do processo educativo: valorização da escola como centro do conhecimento, a transformação
28
das infraestruturas, a modificação dos papéis do professor e do aluno, a influência sobre os modelos de organização e gestão, a influência sobre metodologias, estratégias e instrumentos de avaliação; instiga o estudante no sentido da curiosidade do mundo que o cerca, possiinteração e articulação que a escola adotar. Tal bilitando ser protagonista na busca de saberes. organização não exclui e nem dilui componenQuando motivada e orientada pelo professor, tes curriculares com especificidades e saberes propicia o desenvolvimento de atitude científipróprios, mas implica o fortalecimento das reca. Uma concepção curricular em que a escola lações entre eles e a sua contextualização para deve ter a certeza de que deixa de ser o único apreensão e intervenção na realidade. Para tal centro de geração de informações, pois a ela se organização, requer planejamento e execução juntam outras instituições, movimentos e ações conjugados e cooperativos dos professores. culturais públicas e privadas, criadores e proA nova norma legal nos traz quatro áreas dutores de informação e de conteúdos. Torna de conhecimento, diferentemente da anterior, necessária a compreensão de que informação em que eram apenas três. Traz a separação da não pode ser confundida com conhecimento. Matemática da área das Ciências da Natureza, Para isso, a importância do papel do profesficando aquela como sor nas formas de uma nova área, implisistematizar tais A percepção é de cando, no nosso entenconteúdos e estabeder, muita leitura para lecer valores. Claro que tal discussão não uma reestruturação nos que a sociedade de currículos escolares. informação tem chegou à maioria das É significativo dizer como sustentação o escolas, pois muitas que tanto o Parecer aprendizado contíquanto a Resolução nuo ao longo de toda continuam mantendo estão mais didáticos, a vida, requerendo permitindo maior comdo aluno nova posatenção no tratamento preensão de como deve tura - aprender a de conteúdos” ser o Ensino Médio braaprender para consileiro. Ressaltam com tinuar aprendendo maior clareza como e requerendo dos deve ser o currículo desse ensino voltado para professores não mais a postura de transmisa Educação de Jovens e Adultos, quando este sores de conhecimentos, mas de mediadores, se voltar para profissionalizar em nível Técnico. facilitadores de aquisição de conhecimentos. Também orienta claramente quanto à carga A norma legal traz princípios que fundahorária mínima exigida, assim como mostra mentam a elaboração da proposta pedagógica a preocupação com a elaboração do projeto para esse Ensino Médio, princípios que caracpolítico-pedagógico pelas escolas. terizam a concepção de currículo mais amplo Temos a certeza de que todas as escolas e do ainda praticado. Continua o currículo tendo órgãos vinculados à educação devem, obrigatoa base nacional comum e a parte diversificada, riamente, discutir tais documentos legais para que não devem constituir blocos distintos, mas terem segurança na implantação das novas um todo integrado. Deve ser organizado em Diretrizes Curriculares do Ensino Médio. áreas de conhecimento, com tratamento metodológico que evidencie a contextualização Célia Silveira Especialista em supervisão escolar e a interdisciplinaridade, ou outras formas de
“
PREMIADAS
O sucesso da iniciativa que transforma professores em alunos
Professores voltam à sala de aula para rever conceitos e adquirir novos conhecimentos
Com o investimento na capacitação da equipe docente por meio da criação da Universidade Corporativa do Colégio Israelita Brasileiro (UniCCIB), o Israelita venceu o 1º Prêmio Inovação em Educação, na categoria Gestão Pedagógica/ Educação Básica. É o primeiro modelo implantado em uma instituição de ensino no país. Ambientes voltados ao desenvolvimento de competências profissionais, as universidades corporativas aliam aprendizagem a uma ação sistêmica para a obtenção de mudanças e de melhores resultados institucionais. No Colégio Israelita, a proposta foi criada em 2010 para possibilitar formação continuada aos profissionais que compõem a área pedagógica da Escola – 93 professores e 11 coordenadores, distribuídos entre Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Entre os objetivos da iniciativa destacam-se a estruturação de um currículo de formação docente, a alfabetização dos novos professores na cultura organizacional, o estabelecimento de polos de inovação pedagógica por meio da constituição de linhas de pesquisas aplicadas em educação, acompanhamento, via indicadores e metas, da performance dos professores e também o reconhecimento das
melhores práticas. O projeto começou a ser formatado a partir de um mapeamento do Processo de Ensino do Israelita, realizado com o apoio de 22 mestrandos do curso de Engenharia de Produção da UFRGS. Os resultados do estudo apontaram a necessidade de que revisassem os tempos dedicados aos encontros de professores, espaços que deveriam favorecer mais diretamente o Processo de Ensino da Escola. “A UniCCIB foi pensada para qualificar ainda mais a formação dos alunos do Israelita. Tudo é voltado à instrumentalização dos professores nas melhores práticas educativas que existem na atualidade”, afirma a diretora-geral do colégio e também da universidade, Mônica Timm de Carvalho. Todos os professores da Escola envolvem-se com a UniCCIB cursando duas disciplinas diferentes por semestre. As disciplinas são classificadas em três grupos: Cultura Organizacional, Base Comum e Área Específica. Em 2010 e 2011 foram oferecidos temas como Educação para o Empreendedorismo, Gestão Integrada de Projetos e Processos e Educação para a Sustentabilidade. Ao final de cada
disciplina, os professores-alunos realizam um trabalho de conclusão, que é avaliado pelos professores da UniCCIB. Os trabalhos propostos sempre se referem a uma aplicabilidade dos novos conhecimentos à prática dos profissionais do Israelita. “Por se tratar de experiência inovadora, não há modelos a serem seguidos; como escola aprendente, cabe-nos criar, ensaiar, corrigir rumos, numa autêntica atitude investigativa. Buscamos interlocutores que nos auxiliem a enfrentar as demandas de nossa realidade, estabelecendo diálogos com profissionais de diferentes campos, mas também valorizando o conhecimento construído dentro da Escola, por meio da docência de disciplinas por membros do Israelita. Aprender e ensinar, conectar-se e estabelecer redes são necessidades do nosso tempo, às quais a UniCCIB procura responder”, explica a psicóloga Denise Maia, Mestre em Educação, Coordenadora Educacional do Colégio Israelita Brasileiro e Gerente da UniCCIB.
Receitas de sucesso do projeto: - Oferecer formação continuada a todos os profissionais que compõem a área pedagógica da escola – 93 professores e 11 coordenadores. - Estabelecer polos de inovação pedagógica por meio da constituição de linhas de pesquisas aplicadas em educação. - Oferecer disciplinas classificadas em três grupos: Cultura Organizacional, Base Comum e Área Específica. - Acompanhar a performance dos professores e reconhecer as melhores práticas.
Educação E Ed du ucaaçã ção o 29
PREMIADAS
Projeto de reciclagem muda hábitos de alunos de Rolante Com o projeto “A arte de reciclar e transformar”, a Escola de Ensino Fundamental Sagrada Família, do município de Rolante, localizado no Vale do Paranhana, conquistou o primeiro lugar no Prêmio de Responsabilidade Social na categoria Preservação e Educação Ambiental. A essência do trabalho iniciado há três anos é a produção de obras de arte e brinquedos a partir da utilização de materiais que, em casa, teriam como destino a lata de lixo. As séries iniciais foram as primeiras a participar do projeto, que hoje já envolve todas as turmas da Escola e também a própria comunidade local. O interesse para a temática da reciclagem começou a se espalhar entre os estudantes e educadores a partir de uma oficina de fabricação de brinquedos como bilboquê, bola de sabão, cavalo de pau, avião, pés de lata, carrinhos de diversas espécies e vai e vem com garrafa pet. Logo, os alunos visitaram a Usina de Reciclagem de lixo da cidade e passaram a armazenar materiais com potencial de reaproveitamento para confeccionar brinquedos, presentes e outros utensílios. As famílias abraçaram a ideia e mandaram para a escola materiais como plástico, metal e vidros, que não seriam utilizados em casa. Com o passar do tempo, os alunos sentiram a necessidade de atingir um número maior de pessoas e realizaram uma parceria com a Escola Estadual Frei Miguelinho, passando a ensinar os colegas desta escola a confeccionar brinquedos com materiais considerados lixos. Assim, o projeto saiu dos muros da escola, atingindo maiores proporções. Hoje as diversas ações desenvolvidas dentro do projeto são divididas entre as turmas do colégio. Os alunos da Educação Infantil cuidam dos canteiros da Escola e do animal de estimação. A responsabilidade das séries iniciais é aproveitar o lixo orgânico na horta escolar e também manter a composteira sempre verde com a plantação de verduras, milho e ingredientes para o “Sanduíche da Maricota”. Também apostando na reciclagem, os alunos das 2ª e 3ª séries construíram, juntos, uma armadilha para mosquitos, artefato importante para impedir a proliferação do Aedes Aegypti, responsável pela transmissão da dengue. Os estudantes da 5ª série entrevistaram um catador de lixo da cidade para conhecer melhor a realidade desse tipo de trabalho. Ao final do encontro, presentearam o entrevistado com uma cesta básica repleta de alimentos variados. A atividade mostrou a importância de mudança de hábitos cotidianos, principalmente a redução da quantidade de lixo produzido e a reciclagem correta. Na 6ª série, o projeto envolveu todos em uma visita ao Parque Ambiental Instituto Souza Cruz, em Santa Cruz do Sul. O viés artístico também foi um enfoque da atividade: na 7ª série o exercício envolveu registros fotográficos do “belo e do feio” do município, e na 8ª, o lixo reciclado foi a matéria-prima para a releitura
30
Para conhecer outras realidades, crianças envolvidas no projeto fizeram um intercâmbio com uma escola da localidade rural
de obras de arte famosas.. “Com poucos recursos financeiros e muitos recursos humanos conseguimos realizar ações de grande impacto na comunidade local. Fica difícil quantificar o projeto, saber quantas pessoas foram sensibilizadas a partir de tudo o que foi realizado”, afirmam as professores, coordenadoras do projeto, Fabiana da Cunha e Cristina Lembi. Os depoimentos dos pais mostram que as mudanças de hábitos dos estudantes a partir do envolvimento com o projeto vêm envolvendo as famílias. Em casa, eles pedem refeições com verduras e sucos naturais e até motivam os pais a cultivar hortas.
Receitas de sucesso do projeto: - Retirar os alunos do ambiente didático e levá-los para os locais centrais do foco do projeto com o objetivo de inseri-los no contexto estudado. - Envolver os pais no projeto, fazendo com que as lições aprendidas estendam-se também para o ambiente caseiro. - Fazer com que os alunos interajam com colegas de outras escolas, fazendo com que, assim, eles compartilhem o que aprenderam nas tarefas.
Revista socializa o conhecimento produzido na Fundação Liberato A Revista Liberato tem valorizado e disseminado a produção científica nas áreas de Ciência, Educação e Tecnologia desde sua implantação, em 2000. A proposta possibilitou a interação entre comunidades científicas de diversos territórios, ampliou o espaço institucional na Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha – NH e, em 2011, foi reconhecida com o prêmio Destaque em Comunicação, na categoria Midia Impressa - Educação Básica. A publicação científica de periodicidade semestral (janeiro/junho e julho/dezembro), com tiragem aproximada de 800 exemplares, divulga trabalhos inéditos, de caráter teórico ou aplicado. O objetivo principal é ser instrumento de divulgação de projetos e resultados de processos de investigação científica que ocorrem em diversas áreas, e
vários contextos e espaços que, de alguma forma, se relacionam com a educação profissional e tecnológica – área de atuação da Fundação Liberato. A justificativa para a manutenção e o desenvolvimento dessa mídia impressa encontra-se nas possibilidades de envolvimento do público-alvo por meio da leitura, debate das temáticas abordadas, divulgação de pesquisas realizadas pela comunidade escolar e também publicação de trabalhos científicos de pesquisadores de todo o Brasil. Redes que não somente se destinam à troca de informações, mas à realimentação de discussões teóricas e acadêmicas para a produção de novos conhecimentos. “Para nós, gestores da Revista Liberato, o maior empenho é potencializar esforços para tornar visível e com qualidade o trabalho dos autores”, destaca a editora da revista, Elizabete Kuczynski Nunes. Para respeitar os prazos de lançamento, um dos desafios constantes da equipe gestora é conseguir a colaboração de pareceristas voluntários para realizar a revisão técnica dos materiais de forma profissional e ética. O cronograma também requer harmonia no processo de diagramação, de editoração e de distribuição, uma vez que problemas em qualquer uma dessas etapas podem significar atrasos no lançamento da revista. “A cada edição, temos a preocupação de ir além do formato peculiar de periódico científico, para buscar excelência na produção intelectual e, consequentemente, seu contínuo avanço nos processos de avaliação e classificação dentre os demais periódicos brasileiros”, complementa a professora Elizabete. Cerca de 90% da tiragem da Revista Liberato é distribuída entre autores, pareceristas e bibliotecas de escolas e universidades brasileiras
Diferenciais da publicação: - Promove a interação entre comunidades científicas de diversos territórios, por meio da divulgação de produções científicas. - Permite o envolvimento do público-alvo por meio da leitura. - Dedica-se a discussões teóricas e acadêmicas para a produção de novos conhecimentos. - A cada edição busca a excelência na produção intelectual. Revista envolve o público-alvo por meio da leitura
Educação E Ed du ucaaçã ção o 31
ENSINO PR I VA DO
Farroupilha incentiva o respeito também nas redes sociais Responsabilidade nos relacionamentos do mundo digital é a proposta que o Colégio Farroupilha, de Porto Alegre, apresenta no Guia de Posturas das Redes Sociais, lançado durante a comemoração dos 126 anos da instituição. O aniversário também marcou o ingresso do colégio no Facebook, Twitter, Flickr e YouTube. “Compartilhamos nossas opiniões sem limite de espaço, em um mundo cada vez mais sem fronteiras físicas. Precisamos agregar valor às nossas
relações, transmitindo uma imagem positiva, de respeito ao próximo e à legislação vigente”, destaca a diretora Magda von Galen. O guia foi elaborado com informações do ‘Movimento Criança + Segura na Internet’.
SAIBA MAIS
Acesse o guia na seção da Educação em Revista no portal do SINEPE/ RS - www.sinepe-rs.org.br
Ações marcaram distribuição do Guia de Posturas das Redes Sociais
Alunos do Ensino Médio têm aula prática sobre dengue Os alunos do 2° ano do Ensino Médio do Colégio Sinodal, de São Leopoldo, tiveram uma aula prática sobre dengue com a professora de Biologia Viviani Lopes Bastos, em março. Após uma explanação sobre o assunto em sala de aula, os estudantes partiram para a parte prática da atividade, quando buscaram possíveis focos de larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, em diversos ambientes do pátio da escola. “Assim eles puderam observar com um olhar mais apurado os lugares que eles frequentam no dia a dia ou em que brincavam quando crianças, quando tudo era lúdico. Agora os alunos podem, nesses mesmos ambientes, estudar o ecossistema e as relações ecológicas”, explica a professora responsável pela atividade.
2º Congresso Internacional do Unilasalle discute papel do professor A 2ª ed ição do Cong resso Inter nac iona l da Rede Iberoa mer ica na de I nvest igac ión sobre la Ca l idad de la Educac ión Super ior – R I A ICES, do Un i la sa l le, contou com a presença de represent a ntes da A mér ica Lat i na, A mér ica Cent ra l e Eu ropa, que d isc ut i ra m o
32
Estudantes foram à campo para buscar possíveis focos de larvas do mosquito
desa fio da for mação na educação super ior. O professor Fernando Ribeiro Gonçalves, fundador e presidente da Rede e um dos palestrantes, destacou o papel do professor nas instituições do ensino, salientando que avaliação, inovação, investigação e formação são os quatro pontos que devem ser trabalhados para melhorar a qualidade do ensino superior. Durante os três dias de congresso também foram realizadas conferências e apresentações de mais de 90 trabalhos, que mostraram, na prática, como a qualidade do ensino superior pode ser garantida nas instituições.
18º Encontro Nacional das Escolas Associadas da Unesco ocorrerá em Novo Hamburgo De 19 a 21 de setembro, o Colégio Santa Catarina sediará em Novo Hamburgo o 18º Encontro Nacional das Escolas Associadas do PEA Unesco. Durante o evento serão debatidos temas de trabalho da Unesco para 2012 – escolhido o Ano da Energia Sustentável para Todos e também o Ano Internacional das Cooperativas. “Será uma oportunidade única para as
escolas associadas conheceram uma das manifestações culturais mais típicas do País, a Semana Farroupilha, que mobiliza todo o Rio Grande do Sul com temas da história de sua formação”, comenta a Irmã Cláudia Chesini, diretora do Colégio Santa Catarina e coordenadora estadual da Unesco no RS. Informações sobe o evento podem
Tecnologia digital no dia a dia escolar O Colégio Nossa Senhora de Lourdes, de Farroupilha, agregou tecnologia digital às aulas. Por meio de uma parceria com um sistema de ensino, todas as salas de aula foram equipadas com lousas digitais duplas de 100 polegadas cada. O recurso é uma forma de tornar o aprendizado mais interessante e prazeroso ao aluno, possibilitando a interatividade e a utilização de recursos audiovisuais. Outro diferencial oferecido pela escola é a Sala 3D, na qual os estudantes podem vivenciar os conhecimentos com uma tecnologia de cinema. A instituição também investiu em uma nova biblioteca, com renovação e ampliação do acervo e criação de um espaço agradável para a leitura, e num novo laboratório de ciências, com melhores condições para experimentos.
ser obtidas pelo telefone (51) 35274862 ou pelo e-mail atendimento@ colegiosantanh.com.br. Criado no período pós-guerra, o PEA Unesco está presente em 130 países e conta com a coordenação nacional no Brasil desde 1997. A expectativa é de que o evento reúna mais de 250 diretores e coordenadores de escolas particulares e públicas.
Brincando com as rimas no Colégio Medianeira
Alunos criaram a ‘árvore’ de poesias para ser alimentada pelos colegas
Todas as salas de aula receberam lousas digitais duplas de 100 polegadas cada
Que tal plantar na sala de aula uma “poesieira” que produz “fruto-poesia”? Foi por meio dessa ideia que a turma do Pré III-A do Colégio Medianeira, de Bento Gonçalves, em conjunto com a professora Taise Agostini, deu início ao projeto “Brincando com as rimas”. Com o objetivo de despertar o gosto pela leitura resgatando a poesia, os alunos plantaram em uma lata com areia galhos secos onde penduraram poesias de vários autores, estilos e formas. O ‘pé de poesia’ que se encontra no corredor do prédio da Educação Infantil é constantemente alimentado. Qualquer aluno ou pessoa da escola pode colher um ‘fruto-poesia’, desde que coloque outro em seu lugar. Como culminância, os alunos irão apresentar aos pais na Escola a poesia recriada, quando cada um irá recitar a sua estrofe com a rima do seu nome.
Educação E Ed du ucaaçã ção o 33
ENSINO PR I VA DO
Estudantes do São Carlos vivenciam a solidariedade
Trigonometria aprendida na prática
Em março, os alunos do 3º ano do Ensino Médio do Colégio São Carlos, de Caxias do Sul, tiveram a oportunidade de conhecer um pouco da história de vida de Jean Carlos. Aos 44 anos, ele possui limitações físicas e motoras ocasionadas pela falta de assistência médica durante a gestação e o parto. Jean cresceu com atrofia muscular e necessita de auxílio permanente da mãe para se locomover. Apesar das dificuldades, ele se alfabetizou por meio de telecursos e cursos online, lê muito e já escreveu sua autobiografia, teclando com os pés. A ação faz parte de um projeto organizado pela Pastoral Escolar que segue o tema da Campanha da Fraternidade deste ano: Fraternidade e Saúde Pública. Os estudantes apadrinharam Jean Carlos, lhe oferecendo assistência com material de informática, alimentos e vestuário durante o ano. Estudantes foram desafiados a determinar a altura de três objetos localizados no pátio da escola
Alunos do Ensino Médio apadrinharam Jean Carlos
Em março, os estudantes das 2ªs séries do Ensino Médio da IENH – Instituição Evangélica de Novo Hamburgo participaram de uma atividade diferenciada nas aulas de Matemática da professora Marjúnia Klein. Em sala, os alunos relembraram, por meio da semelhança de triângulos, as razões trigonométricas. No pátio, eles foram desafiados a medir a altura de três objetos para depois, por meio da razão trigonométrica conveniente, determinar a sua altura. A atividade foi desenvolvida por meio de um instrumento produzido pelos próprios estudantes, o astrolábio, que mede ângulos de subida da visão, a altura. Os exercícios foram baseadas nas teorias da Aprendizagem Significativa de Ausubel (TAS) e na Teoria dos Campos Conceituais de Vergnaud (TCC).
Letramento, um desafio a ser conquistado O Colégio Romano Senhor Bom Jesus, de Porto Alegre, convida os alunos a conhecerem o mundo da leitura e da escrita de forma prazerosa com o Projeto de Alfabetização e Letramento. Voltado para estudantes do segundo ano do Ensino
34
Fundamental, a iniciativa tem como objetivo desenvolver atividades de leitura e escrita por meio de diversas modalidades de ações pedagógicas. As atividades incluem avaliações lúdicas diárias para acompanhamento do desenvolvimento dos alunos. A
família também tem um papel central no projeto: os pais são convidados a auxiliar as crianças nas atividades e jogos de reforço como tarefa de casa – uma forma de dar novo significado ao aprendizado e continuidade ao trabalho realizado no ambiente escolar.
Professores buscam a medida certa Professores do ensino fundamental do Colégio Marista São Pedro, de Porto Alegre, iniciaram o ano com um objetivo diferente: perder peso e entrar em forma. Para isso, chamaram o educador físico e personal trainning, Jefferson Rodrigues, para ajudar a atingir a meta. Realizaram uma avaliação antropométrica, em que conferiram medidas corporais: altura, peso, dobras cutâneas, índice de massa corporal e percentual de gordura. A dieta foi outro ponto a ser trabalhado. Lanches gordurosos, como tortas, bolos e salgados, foram substituídos por frutas e alimentos integrais. A motivação adicional para o grupo fica
por conta da organização de um bolão em que cada participante dá R$ 10,00 e, mensalmente, quem chegar mais próximo a medida certa ganha o valor total. Nem só a questão estética motivou a iniciativa, mas a preocupação dos educadores em serem exemplos para os estudantes. A primeira reavaliação do bolão da medida certa ocorreu dia 4 de abril, onde os participantes conferiram o resultado de seus esforços. A campeã da primeira etapa foi a professora Sabrina Remedi, do 5º ano do Ensino Fundamental, que emagreceu 2,4 kilos. O percentual geral de perda de gordura do grupo participante é de 9,01%, resultado satisfatório, segundo o personal trainning.
Rede La Salle homenageia Porto Alegre através de campanha no Facebook A Rede La Salle promoveu uma campanha para comemorar os 240 anos da capital gaúcha. Com o tema “Por que a gente Ama Porto Alegre?”, estudantes lassalistas criaram vídeos que demonstravam amor pela cidade. Mais de 950 alunos envolveram-se na produção e publicação de cerca de cem vídeos na página da instituição no Facebook. Os vencedores da promoção foram os alunos do 1º ano do Ensino Fundamental do Colégio La Salle São João, com uma versão da música Oração, da Banda mais Bonita da Cidade, e depoimentos produzidos por alunas do 3º ano do Ensino Médio do La Salle Dores e estudantes do Colégio La Salle Esmeralda. Todos os depoimentos podem ser acessados na página oficial da Rede no Facebook : www.facebook.com/RedeLaSalle.
Iniciativa foi motivada pela preocupação dos professores em serem exemplos para os alunos
PUCRS cria banco de ações sustentáveis O projeto Escola Sustentável, desenvolvido pela PUCRS, vem ajudando educadores a promover programas de gestão ambiental em escolas da Rede Marista em Porto Alegre. A proposta lançada no ano passado reuniu na fase inicial sete alunos de diferentes cursos de graduação da universidade, coordenados pela professora Rosane da Silva, da Faculdade de Biociências. Eles desenvolveram um banco de ações do projeto, que agrupa dicas em diferentes eixos, como matéria-prima, educação e resíduos. “Procuramos focar nas sugestões que não têm custo, pois elas mostram o quanto uma mudança de postura pode fazer a diferença”, explica a professora Rosane. O objetivo é compartilhar as informações com as escolas, de forma a qualificar as atividades voltadas para a temática da sustentabilidade. Em 2011, o projeto foi realizado no Colégio Marista Champagnat e no Colégio Marista Rosário. Para 2012, o grupo realizará avaliações em outras escolas da rede na Região Metropolitana de Porto Alegre.
Estudantes lassalistas criaram vídeos para demonstrar o amor pela cidade
Educação E Ed du ucaaçã ção o 35
MEMÓRIA
Colégio Madre Júlia celebra 75 anos
Ao longo dos 75 anos a instituição vem priorizando em seu processo de ensino e aprendizagem a valorização do potencial humano, espiritual e intelectual
É na viagem que quatro religiosas fizeram de Passo Fundo em direção a São Sepé, no dia 17 de fevereiro de 1937, que começa ser trilhada a história do Colégio Madre Júlia, que comemora o aniversário de 75 anos. Com a missão de oferecer ensino regular às crianças da região, elas chegaram à cidade e logo começaram a lecionar em duas salas de aula montadas com bancos velhos emprestados e tábuas transformadas em classe. A humildade da estrutura não impediu o crescimento da então Escola Beata Júlia: o primeiro ano letivo se iniciou com 15 alunos e terminou com cem matriculados. No ano seguinte, atendendo a pedidos dos pais das alunas, a escola abriu um internato feminino, que acolheu inicialmente 18 alunas e outras cinco estudantes em sistema de semi-internato. O desenvolvimento de habilidades manuais, como o bordado, a costura, a serrinha, além do ensino regular, foi um diferencial da escola, obedecendo à ordem de Santa Júlia Billiart: “Formai boas mães de família
36
e pessoas úteis à sociedade”. A partir de 1944 o internato passou a receber também meninos, uma solicitação de moradores do interior de São Sepé. Outro momento importante na trajetória da instituição foi a inauguração do curso ginasial. O curso foi autorizado pelo Ministério da Educação em fevereiro de
1956 e passou a funcionar em um prédio novo, que havia sido inaugurado dois anos antes. A ampliação do colégio continuou nos anos seguintes, num esforço contínuo em ampliar o acesso à educação às crianças e jovens de São Sepé. De uma visita do secretário de Educação e Cultura ao município, em 1963, surgiu a solicitação para que o Maria Júlia abrigasse também uma Escola Normal, pedido concretizado três anos depois sob o nome de Ginásio Beata Júlia. Já na década de 1970, a instituição lançou o Curso Técnico de Contabilidade e o Curso de Auxiliar Análises Químicas. “Os obstáculos foram muitos, mas, com o auxilio de Deus, a proteção da padroeira Santa Júlia e a colaboração da comunidade sepeense, o colégio foi tomando dimensões cada vez maiores”, destaca a diretora, Ir. Dalva Garlet. Atualmente, o Colégio Madre Júlia oferece Educação Infantil e Ensino Fundamental, contando com um corpo docente formado por aproximadamente 20 professores. Com a força de sua história e nutrido com a dedicação de muitos colaboradores e amigos, o Maju celebra 75 anos de atividades privilegiando sempre em seu processo de ensino e aprendizagem a valorização do potencial humano, espiritual e intelectual.
O desenvolvimento de habilidades manuais foi um diferencial da escola na década de 50
CULTUR A
A indústria dos sonhos e seus 117 anos de escritura da História “Jamais teria imaginado tal aliança do horror e da beleza.” A frase lapidar de Simone de Beavouir, dita num outro contexto, parece perfeita para pensar acerca da conturbada relação entre a História e o cinema. Pois a História, que Walter Benjamin via como uma “catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína”, sempre foi matéria-prima essencial das imagens em movimento desde seus primórdios. Se os registros “documentais” dos irmãos Lumière já faziam uma história do presente, o mago da imaginação e da fantasia, Georges Méliès (homenageado no filme Hugo Cabret), não se furtou em retratar em “L’Affaire Dreyfus” (1899), o escândalo político que levaria o escritor Émile Zola a divulgar sua carta aberta intitulada “J’accuse” (“Eu acuso!”). A História que retorna a nós pelas lentes do cinema é sem dúvida romanceada, falseada, imprecisa e contada sempre sob o ponto de vista dos poderosos e dos vencedores, sobretudo no sistema de produção hegemônico global, a mítica Hollywood. Lembremos que “O nascimento de uma Nação” (1915), de Griffith, filme racista cujo herói é o fundador da Ku Klux Klan, marca também o nascimento da narrativa clássica dos EUA. Daí os historiadores, durante décadas, desprezarem o cinema enquanto documento e Por outro lado, as obras-primas dos grandes mestres, a arte milifonte histórica, o que só mudaria a partir da obra de Marc Ferro, tante e engajada – a exemplo do cinema político italiano, o cinema “Cinema e História” (1977). feminista e gay, os documentaristas independentes, o cinema Mas mesmo quando o cinema peca em precisão e verdade no iraniano atual – constituem o que Ferro chama de contrapoder, resgate da história das civilizações [pensemos na Cleópatra de manifestando “uma independência diante das correntes ideolóElizabeth Taylor] e na representação de gicas dominantes” cuja intervenção busca fatos marcantes da vida política, eco– retomando Benjamin – “escovar a História nômica e sociocultural das sociedades A história que retorna a contrapelo”. modernas, os filmes são um documento Ninguém escreve (ou filma) a História a nós pelas lentes do essencial para pensarmos as ideologias, inocentemente, lembra Ferro. Se o jornaliso imaginário e as relações de dominação mo expôs para a sociedade norte-americana cinema é sem dúvida que se estabelecem entre aqueles que o equívoco da guerra do Vietnã, os galãs de detêm o poder de narrar e os sujeitos/ romanceada, falseada, Hollywood, de John Wayne a Stallone, trataobjetos tematizados. Assim, mexicanos, ram de recompor o orgulho ferido e transforimprecisa e contada índios, negros, mulheres, homossexuais, mar o vexame em propaganda nacionalista à campesinos, operários, asiáticos, islâmisempre sob o ponto de custa de mentiras históricas. Antes disso, a cos, entre tantos outros grupos, etnias enxurrada de filmes sobre a II Guerra já postuou minorias dominadas, serão retratados lara os heróis estadunidenses como exclusivos vista dos poderosos” sob o signo dos estereótipos grosseiros, carrascos de Hitler, omitindo o papel central da caricatura ou do mais puro precondos russos. Ironicamente, o casamento entre ceito. Filmes de propaganda, narrativas “heroicas” de guerras e cinema e História parece fracassar diante dos atentados de 11 de histórias bobas e alienantes produzidas em série pela indústria setembro. Sob forte trauma, Hollywood não consegue representar o norte-americana – todo um acervo acumulado em 117 anos desde mais cinematográfico fato histórico do século XXI. a invenção do cinematógrafo – nos fazem retomar aquela constaAdriana Schryver Kurtz tação de Walter Benjamin no derradeiro texto “Sobre o conceito da Professora dos Cursos de Publicidade e Propaganda e Jornalismo da Escola Superior de história” (1940): “Nunca houve um monumento da cultura que não Propaganda e Marketing (ESPM-SUL) . Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em “Comunicação e Informação” da UFRGS. fosse também um monumento da barbárie”.
“
Educação E Ed du ucaaçã ção o 37
CONGRESSO
“Quanto maior a empatia entre professor e aluno, maior será o aprendizado”
A
relação da memória com a aprendizagem é a pauta desta entrevista com a Doutora em Ciências Biológicas e presidente da Sociedade Brasileira de Neurociências e Educação, Daniela Marti Barros. As perguntas foram elaboradas pelos participantes do 11º Congresso do Ensino Privado Gaúcho, promovido pelo SINEPE/RS em julho deste ano. Confira:
A educação, já há algum tempo, vem sendo vítima de ‘modismos’. Saímos de um período em que a memorização de conteúdos era fortemente utilizada para outro em que tal prática era considerada um dos maiores vilões da aprendizagem. Hoje, vemos alunos que parecem usar apenas a memória de curta duração. A construção do conhecimento depende da memória. Como encontrar um equilíbrio entre essas duas práticas de forma a favorecer a retenção de conhecimentos especialmente na memória de longa duração? Cláudia de Andrade, Professora de Física do Colégio Farroupilha de Porto Alegre
Daniela Barros - A educação é um processo que está constantemente buscando aprimorar sua práxis para melhor servir aos professores e alunos. Não resta dúvida de
38
e ainda outros se enraízam e nos recorque durante um bom tempo a memorização, damos ao passar de longo tempo, como a ‘decoreba’ foi muito valorizada e gerou tocar um instrumento e andar de bicicleta. conhecimentos, não há como negar. No Por que alguns aprendizados ‘chegam’ à entanto, o momento em que vivemos é camemória de longo tempo e outros permaracterizado por uma infinidade de fontes de necem somente na de trabalho? Há como informação. Mesmo se ainda muitas pessoas otimizar esta migração de uma memória não têm acesso ao mundo digital, boa parte a outra? delas tem. Partindo daí, e utilizando os conhecimentos que a neurociência pode colaBruno J. G. Gallas, Auxiliar. Técnico de borar, nos damos conta de que a quantidade Robótica do Colégio Marista Pio XII de Novo de informações é relevante, especialmente Hamburgo como trabalhamos com essas informações. Utilizando um americanismo, como fazeDaniela Barros - Tendemos a guardar mos os ‘links’, entre o que conhecemos, o na memória aqueles aprendizados que estão que aprendemos e o que está na nossa merelacionados com um componente emociomória, tirando daí nal, isto é, guardamos novas ideias, novas melhor as memórias Guardamos melhor possibilidades. que adquirimos sob Saliento que deum contexto emocioas memórias que terminadas tarefas nal importante, que ou conhecimentos adquirimos sob um pode ser negativo ou são adquiridos e positivo. O que buscontexto emocional consolidados com a camos atualmente é repetição. A fim de gerar conhecimento importante” ajudar os alunos a de forma lúdica, em terem pensamento que os alunos tenham lógico, uma sugestão é partir de situações prazer em aprender. Por exemplo, em relação reais, do dia a dia, e trazer para a sala de aula, à tabuada, nossos bisavós aprenderam, talvez abordando diferentes aspectos. sob o olhar enfurecido de um professor com a palmatória. Hoje, os alunos aprendem e Alguns aprendizados, mesmo quando memorizam a tabuada utilizando materiais muito trabalhados, como a tabuada, pedagógicos lúdicos. Tanto os antigos como acabam por se esvair quando em desuso,
“
os mais jovens aprenderam a tabuada, porém diante de contextos emocionais bem distintos. Hoje, o grande desafio é tornar atraente e agradável o processo de ensino-aprendizagem, que certamente irá colaborar para a formação de uma memória de longa duração. Há diferentes tipos de aprendizados, os que contam com a memória declarativa para fatos e episódios e os ditos procedurais. Esses últimos processos ocorrem de forma diferente e em regiões distintas do cérebro. Assim, andar de bicicleta de início parece estar na memória declarativa, pois contamos com a participação da consciência. Ao subirmos na bicicleta contamos com a memória para refazer a sequência de movimentos, como sentar no banco, segurar no guidom, colocar o pé no pedal e dar um impulso para começar a andar. No momento em que aprendemos a nos equilibrar e começamos realmente a andar não necessitamos mais do uso da consciência, fazemos todas essas etapas de maneira inconsciente, automática. Voltando ao seu questionamento, cabe salientar que as informações que são armazenadas em redes neurais, quanto menos utilizadas, levam a um processo de redução de ativação das redes e com isso perdemos informações.
Qual é o papel da memória no processo de aquisição da leitura e escrita no que diz respeito à compreensão de texto (não apenas à decodificação de símbolos, mas sim o sentido da palavra lida), principalmente no início do processo de alfabetização? Cynthia Cristina von Mühlen, Coordenadora pedagógica da Educação Infantil; Sonia Paz Pereira, Coordenadora de ensino da Educação Infantil; Simone Schach; Professora da Educação Infantil do Colégio Sinodal de São Leopoldo
Daniela Barros - A leitura não é uma tarefa simples, ela conta com a atenção, compreensão, memória e outras habilidades. Podemos dizer que é uma atividade cognitiva bastante especializada. Para que haja o entendimento daquilo que se está lendo é necessário que o leitor, mesmo aquele leitor que está no início do processo de alfabetização, esteja envolvido com o que está lendo. Isso implica atenção, concentração e utilização dos conhecimentos prévios, a fim de que a leitura não seja apenas uma verbalização, mas que a partir da leitura de um texto o indivíduo seja capaz de relacionar com os conhecimentos prévios. Para compreender um texto, o leitor, mesmo que iniciante, ativa a memória, o que lhe confere uma série de informações, as quais ele poderá relacionar e a partir daí tirar conclusões, produzir novas ideias, fazer associações com o conhecimento prévio, o que lhe permitirá tomadas de decisão, por exemplo. Onde entra a memória? Como já abordado anteriormente, para a compreensão da leitura há a necessidade de buscar conhecimentos prévios. Essa bagagem de conhecimentos constitui a nossa memória semântica, que poderá ser aprimorada cada vez que lemos um texto, pois trazemos informações novas e conectamos com as informações já existentes, isto nos possibilita reforçar e formar novas redes neurais. O conhecimento é armazenado na forma de redes neurais que se ativam cada vez que aprendemos algo novo ou que evocamos a memória, assim a compreensão da leitura contribui para que um maior número de redes se forme. Não é à toa que uma das
formas de exercitar o nosso cérebro é por meio da leitura. O aprendizado se dá essencialmente pela capacidade que o aluno tem de ‘memorizar’ sobre determinado assunto. Esta tarefa é uma conjunção entre professor versus aluno, pois este precisa ser estimulado por aquele. Seria oportuno o professor, ao entrar na sala de aula, expor seus objetivos – sucintos –, explicar a matéria e, ao término da aula, convidar alguns alunos para de forma resumida apresentarem o que foi estudado? Gusttavo Arossi; Professor de Filosofia do Colégio Evangélico Alberto Torres de Lajeado
Daniela Barros - A relação professor-a lu no, em a mbos os sent idos, é fundamental, assim, quanto melhor o relacionamento, a empatia neste binômio, mais produtivo será o aprendizado. Um professor que estimula seus alunos, cria desafios, utiliza atividades lúdicas, gera um clima amistoso, certamente contribui para a formação de um conhecimento. Fazendo uma ligação com o processamento da memória, é importante que nos primeiros minutos da aula, nos quais a memória de trabalho ainda não está saturada, o professor dê as diretrizes de forma atraente, de forma que consiga a atenção e concentração dos alunos naquilo que está propondo. Muitas vezes, ao longo da aula, o aluno dispersa e se perde, então uma aula com um bom fechamento resgata o propósito inicial. Como você mesmo sugere, esse resgate poderá ser feito por alguns alunos, o que aumenta a proximidade, pois é realizado pelos pares, ou pelo próprio professor.
SAIBA MAIS Nas próximas edições, a Educação em Revista trará outros conferencistas do 11º Congresso do Ensino Privado Gaúcho para responder a perguntas dos participantes do evento. Se você quiser participar desta seção, solicite mais informações pelo e-mail educacaoemrevista@sinepe-rs.org.br
Educação E Ed du ucaaçã ção o 39
FIQUE POR DENTRO
Pesquisa mostra o retorno de se investir na faculdade Uma pesquisa realizada com 800 universitários da nova classe média mostrou a importância do ensino em sua ascensão econômica. De acordo com o estudo, 77% dos alunos recém-formados saem da faculdade já empregados. A maioria, 56%, consegue emprego em sua área de atuação já no primeiro ano após a conclusão do curso. Os dados são do fundo de crédito universitário Pravaler, gerido pela Ideal Invest.
Publicada lei que declara Paulo Freire patrono da educação brasileira O Diário Oficial da União publicou no dia 16 de abril a lei que declara o educador Paulo Freire patrono da educação brasileira. O projeto de lei foi aprovado no início de março pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, em decisão terminativa, por unanimidade. Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997) foi educador e filósofo. Considerado um dos principais pensadores da história da pedagogia mundial, influenciou o movimento chamado pedagogia crítica. Sua prática didática fundamentava-se na crença de que o estudante assimilaria o objeto de análise fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído. Freire ganhou 41 títulos de doutor honoris causa de universidades como Harvard, Cambridge e Oxford. Foi preso em 1964, exilou-se depois no Chile e percorreu diversos países, sempre levando seu modelo de alfabetização, antes de retornar ao Brasil em 1979, após a publicação da Lei da Anistia.
40
Livros acadêmicos para download gratuito A Universidade Estadual Paulista (Unesp), por meio da Cultura Acadêmica – segundo selo da Fundação Editora da Unesp – ,está disponibilizando 120 títulos acadêmicos em formato digital para download gratuito. A iniciativa faz parte da coleção PROPG-DIGITAL, que publica livros em primeira edição apenas nos formatos digitais. Os livros estão divididos em 23 áreas do conhecimento e são voltados para estudantes de graduação e pós-graduação que precisam de material de apoio para desenvolver projetos acadêmicos. Na área de educação são 25 e-books cadastrados. Entre as obras estão os livros “Complexidade da formação de professores – saberes teóricos e saberes práticos”, de Marilda da Silva, e “O jogo como recurso pedagógico no contexto educacional”, de José Milton de Lima. Para ter acesso ao material é preciso fazer somente um cadastro no portal www.culturaacademica. com.br. As obras também podem ser baixadas no portal da Universia Brasil (http://www.universia. com.br), na seção “Livros grátis”.
Melhores escolas no Enem têm carga horária de até 50 horas Um levantamento feito pelo site Terra, que teve como base dados fornecidos pelas 20 melhores escolas no ranking do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2011, mostra que todas elas possuem uma carga horária ampliada, com um montante de aulas que atinge até 50 horas por semana. Para a professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB), Inês Maria de Almeida, a jornada ampliada na escola é um importante diferencial para garantir a qualidade do ensino. “O sucesso da escola passa pela questão do tempo. Mas precisamos deixar claro que essa carga horária maior precisa vir acompanhada de projeto pedagógico, professores qualificados e infraestrutura”, afirma a educadora, que trabalha em pesquisas sobre a implantação do ensino integral do Brasil.
Acordo prevê vaga para professorvisitante do Brasil em Harvard O Brasil tem, a partir de agora, vaga permanente garantida na Universidade Harvard para um professor-visitante por ano. O acordo que institui a medida foi assinado em abril por representante da instituição norte-americana e pelo presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Jorge Guimarães. A seleção dos professores caberá à Capes.
anúncio gráfica
Educação E Ed du ucaaçã ção o 41
VITRINE
Programa ZOOM Ensino Médio é diferencial na preparação para o vestibular Há alguns anos, as escolas utilizavam a famosa ‘decoreba’ para ajudar os alunos a lembrarem dos conceitos estudados nas aulas de Física e Matemática e passarem no Vestibular. A evolução dos estudos na educação, no entanto, mostrou que compreender e contextualizar o os conceitos das disciplinas é muito mais importante do que simplesmente saber como resolvê-los. Desta forma, a ZOOM desenvolveu o Programa ZOOM Ensino Médio, que traz os complexos conceitos da área de exatas para o cotidiano dos adolescentes por meio do aprender-fazendo. Que tal desenvolver um projeto de
iluminação para um campo de futebol que vai sediar a final de uma Copa do Mundo? Parece uma proposta legal para um engenheiro experiente, mas são desafios como esses que os alunos do Programa ZOOM estão resolvendo em todo o Brasil. No caso, a ideia é construir uma maquete e utilizar os kits de tecnologia da LEGO® Education para determinar o menor número de lâmpadas necessárias para iluminar o campo de forma homogênea, trabalhando conceitos de fontes de luz, ângulos, geometria, trigonometria, entre outros. Saiba mais em: www.legozoom.com
Música no ensino é tema de livro Reunindo artigos produzidos ao longo da carreira acadêmica da prof.ª Maura Penna, autora com reconhecida produção no campo da educação musical, “Música(s) e seu ensino” é uma obra acessível para músicos e não músicos. Pode ser útil tanto ao professor de música quanto aos profissionais de outras áreas que se interessem por questões culturais ou pela educação brasileira de modo geral. Nesta 2ª edição, foram ainda incorporadas questões relativas à Lei 11.769/2008, que trata da obrigatoriedade da música na educação básica, inclusive com a discussão de possibilidades para sua implementação. Composto por dez capítulos, o livro é dividido em quatro partes: a primeira apresenta conceitos e concepções básicas sobre a música vinculada à prática pedagógica; a segunda é dedicada às relações entre música e cultura, um dos aspectos centrais da contemporaneidade; a terceira trata da música no currículo escolar; e a quarta é constituída por um conjunto de experiências e propostas que ilustram a prática pedagógica em música. A organização dos capítulos permite uma leitura encadeada, o que não impede, no entanto, a leitura autônoma de cada artigo, numa ordem aleatória. Mais informações: www.editorasulina.com.br
42
Coleção auxilia no ensino da filosofia O pensamento complexo e a capacidade de construir conceitos são necessidades latentes latente da educação brasileira, sobretudo na Educação Básica. Pensando nesses aspectos, a Coleção ‘A Vida é Mais’ lança no mercado os Cadernos de Educação para o Pensar para crianças e adolescentes do século XXI. São 36 cadernos para o Ensino Fundamental I e II (1º ao 9º ano), estruturados em quatro eixos temáticos, que levarão os estudantes a refletir sobre conceitos de filosofia a partir de diálogos filosóficos. Os eixos temáticos são: estética e condição humana (do ser e do existir); experiência e racionalidade (do conhecer); ética (do julgar e do valorar); e política (agir, conviver e participar em sociedade). O material utiliza uma linguagem contextualizada, coesa, coerente e auxilia na construção de mapas conceituais, de conceitos estruturadores, facilitando a transposição didática de conceitos filosóficos para os estudantes. Cada Caderno é acompanhado de um CD com o respectivo Manual do Professor.
Educação E Ed du ucaaçã ção o 43