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P.14 / COM A PALAVRA Miguel Zabalza: docência baseada na aprendizagem
UMA PUBLICAÇÃO DO SINEPE/RS Nº 129 /// ANO XXII /// SETEMBRO-OUTUBRO 2018
NOVAS COMPETÊNCIAS PARA UM NOVO EDUCADOR
P.22 / GESTÃO Como lidar com os grupos no WhatsApp?
2 /// COMEÇO DE CONVERSA
Um novo olhar sobre o professor
exploramos um pouco mais esse assunto, mostrando na prática como o professor pode usar recursos tecnológicos como grandes aliados da aprendizagem. Na outra ponta, a Educação Superior também está preocupada em reformular seu currículo, para tornar a formação
CARINE FERNANDES
acadêmica mais significativa e atual para os estudantes. Na seção
Editora da Educação em Revista
‘Radar’, abordamos tendências mundiais que têm inspirado as
A sociedade passou por fortes mudanças nas últimas décadas, e a escola tem sido pressionada a acompanhar essas transformações e rever seu papel e sua forma de ensinar. Nesse processo, o professor também precisa se reinventar e assumir novas competências, que até pouco tempo atrás não
instituições de ensino superior gaúchas a rever o modelo de graduação e quais mudanças já estão ocorrendo na prática. Outro destaque desta edição é uma discussão sobre os grupos de pais no WhatsApp e como esses movimentos influenciam no trabalho da escola. Ótima leitura!
eram nem pensadas pelos cursos de licenciaturas. Mas que competências são essas? Será que nossos professores já estão em sintonia com essa nova realidade? E os cursos de formação de professores estão acompanhando essas transformações? Esse é o tema central desta edição. Em artigos, entrevistas e reportagens, mostramos um panorama do que se espera da formação docente nesse novo contexto social e analisamos em que medida as licenciaturas e os programas de formação continuada dão conta dessa nova demanda. Para contribuir com essa discussão, temos a honra de contar com renomados especialistas, como o professor Miguel Zabalza, a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Kátia Smole, e a consultora do MEC Guiomar Namo de Mello. Uma das novas competências essenciais para a formação docente é a competência digital. Na seção ‘Pedagógico’,
/// EXPEDIENTE EDIÇÃO: Carine Fernandes. Produção: Carine Fernandes (MTB 15449) e Patrícia Gastmann (MTB 15336). Reportagens: Carine Fernandes, Vívian Gamba (MTB 9383) e Padrinho Conteúdo. Infográficos: Hermes Moura. Capa: Istock Photo. Diagramação: Prya Estúdio de Comunicação. Revisão: Rosane Vargas e Milton Gehrke. Conselho Editorial: Osvino Toillier, Hilário Bassotto, Flávio D’Almeida Reis, Mônica Timm de Carvalho, Naime Pigatto, Raquel Boechat, Ruy Carlos Ostermann, Ângela Ravazzolo, Rosângela Florczak e Gustavo Borba. Antenas: Adriana Gandin, Alfredo Fedrizzi, Caio Dibi, Crismeri Corrêa, Fernando Becker, José Moran, Laura Dalla Zen, Márcia Beck Terres, Mauro Mitio Yuki e Rodrigo Capelato. DIRETORIA: Presidente em exercício: Osvino Toillier, 2º Vice-Presidente: Oswaldo Dalpiaz, 1º Secretário: Marícia da Silva Ferri, 2º Secretário: Iron Augusto Müller, 1º Tesoureiro: Hilário Bassotto, 2º Tesoureiro: João Olide Costenaro. Suplentes: Maria Helena Rodrigues Lobato, Ruben Werner Goldmeyer, Joacir Della Giustina, Laura Coradini Frantz, Nestor Raschen, Jacinta Maria Rothe, Carlos Roberto Milioli. CONSELHO FISCAL: Titulares: Ademar Joenck, Inacir Pederiva, Cátia Teresinha Lange. Suplentes: Isaura Paviani, Maria Angelina Enzweiler, Guilherme Kühne. ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO E MARKETING: Coordenador: Prof. Osvino Toillier. Assessora de Comunicação e Marketing: Luciana Moriguchi Jeckel Lampugnani. Assessora de Imprensa: Carine Fernandes. Jornalista: Wagner Miranda de Figueiredo. Assistente de Comunicação: Tamara Stucky. Criação: Hermes Moura. Comercial: Bruno Pinheiro. FALE CONOSCO – Redação: Cartas, comentários, sugestões, matérias – educacaoemrevista@sinepe-rs.org. br. Comercial: Anúncios e assinaturas – comercial@sinepe-rs.org.br. Informações: Telefone (51) 3213.9090 e www.educacaoemrevista.com.br. ISSN: 1806-7123 A Educação em Revista não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam o pensamento dos respectivos autores.
INFORME COMERCIAL 3
Mercur: atuação em acessibilidade e inclusão Em 2009, uma indústria que há décadas atuava na área da Educação decidiu se questionar: como podemos contribuir de verdade ou, ao menos, não atrapalhar a Educação? Com vontade de mudar, a resposta foi encontrada em oficinas com o Instituto Paulo Freire sobre a pedagogia do oprimido. Desde então a Mercur, uma indústria de 94 anos, vem vivenciando o que chama de virada de chave: uma mudança na gestão e na sua forma de atuar. Dentre os aprendizados e questões que surgiram em rodas de conversa com os educadores, em busca de
ideias e muito a contribuir na criação de recursos que sejam realmente funcionais e facilitem o dia a dia”, relata. Hoje, a atuação da Mercur é pautada pela busca para
um propósito que mudasse uma atuação de interesse
compreender as reais necessidades das pessoas e para
para uma atuação com intenção, decidiu-se que o ponto
disponibilizar seu conhecimento e estrutura para ampliar
de partida seria eliminar os personagens de todos os
o acesso a serviços que promovam o bem-estar de todos,
produtos. Pois além de não colaborar com a educação,
que promovam um mundo de um jeito bom pra todo o
segregavam as crianças.
mundo. Por meio do Diversidade na Rua, de uma maneira
Destas mesmas conversas surgiu o apontamento
colaborativa, faz isto com ações, recursos, serviços e
de que as indústrias não pensavam nas pessoas com
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deficiência ou que os produtos feitos para elas não
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Segundo Cristina Fank, terapeuta ocupacional que atua na Mercur, desenvolver produtos com as pessoas e não para elas é o que faz sentido na caminhada que vem sendo experienciada. “Consideramos as pessoas como o centro do processo, como sujeitos que têm necessidades, desejos,
EDUCAÇÃO EM REVISTA ///
4 /// SUMÁRIO
06 CAPA Novas competências para um novo educador
14 COM A PALAVRA Miguel Zabalza discute a didática da Educação Superior
22 GESTÃO Como lidar com os grupos no WhatsApp?
28 RADAR Instituições investem em personalização do currículo no Ensino Superior
18 PEDAGÓGICO Escolas apostam em novas tecnologias
32 DIVERSIDADE O professor do Atendimento Educacional Especializado (AEE)
6 /// CAPA
NOVAS COMPETÊNCIAS PARA UM NOVO EDUCADOR POR VÍVIAN GAMBA
7
N
ovas formas de comunicação, mudanças tecnológicas e
horizontal, saber contextualizá-la em diferentes campos
na organização da sociedade são alguns dos exemplos
e situações. Não basta, então, ser um grande conhecedor,
de um novo contexto em que estamos vivendo, de um
deve construir significados por meio de exemplos, analogias,
mundo de novos desafios, em que uma das principais demandas
metáforas.” Outra grande habilidade do professor é o diálogo,
é por pessoas que saibam resolver problemas, sejam criativas,
para explorar diversos pontos de vista, além das chamadas
inovadoras, empreendedoras e, ao mesmo tempo, saibam acolher.
competências do século XXI, como criatividade, empatia,
Diante disso tudo, a escola também muda, o professor muda e,
resiliência. A secretária do MEC destaca também a importância
consequentemente, a educação. Pelo menos deveria ser assim.
de o docente abrir-se para o novo, levando para salas de aula
Mas por onde começar? O que, da velha cartilha docente,
seus aprendizados como cidadão de um mundo digital. “É cada
deve ser mantido? O que deve mudar? Quais são, afinal, as
vez mais importante que o professor desenvolva as novas
competências essenciais para um novo educador, o educador
competências para viver e ensinar em novos contextos que,
dos novos tempos?
além das habilidades de interagir com os novos instrumentos,
Há muitos componentes na formação dos saberes docentes, sendo que alguns deles independem de inovações tecnológicas,
envolvem colaboração, comunicação, flexibilidade, autonomia, empreendedorismo, autogestão”, acredita Kátia.
afirma a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC) e doutora em Educação na área de Ensino de
Academia x demanda
Ciências e Matemática pela FEUSP, Kátia Stocco Smole. Assim,
Para o professor estar preparado para ensinar nesse novo
segundo ela, continuam fazendo parte da formação docente
contexto, no entanto, é preciso rebobinar a fita. Saber se a
atual o domínio pedagógico da área/componente que leciona, o
academia está ensinando a ele o que ele deve ensinar aos seus
conhecimento da aprendizagem e do desenvolvimento do aluno
alunos. Membro do CEE-SP e consultora do MEC, Guiomar
da etapa em que atua, o comprometimento com a aprendizagem
Namo de Mello critica as faculdades de Educação. “Não adianta
dos alunos, a participação nas ações da escola e uma relação
dizer que o aluno tem que sair da Educação Básica sabendo
com a família e com a comunidade à qual a escola pertence.
aplicar conhecimentos e resolver problemas se o professor
Há outros saberes que derivam do desenvolvimento
não sabe. E o professor não sabe por que ele próprio não
científico e tecnológico e que envolvem conhecimentos
aprendeu; muitas vezes nem as competências básicas, como
sobre o que ocorre no mundo, que assiste à emergência de
domínio da própria língua, de leitura e de escrita, de raciocínio
novas maneiras de se comunicar, trabalhar, decidir e pensar,
matemático.” Ela pondera que há exceções; contudo, alerta que
complementa a secretária. “O mundo digital exige novas
as faculdades, de modo geral, sempre acham que o problema
competências dos cidadãos. Para estar no mundo é preciso
está na escola vizinha. “As pessoas nunca aceitam as críticas
estar conectado, fazer parte de redes, obter informação
para si mesmas, mas quando se trata de uma instituição que
e interagir com máquinas e sistemas (seja bancário, de
tem que refletir sobre o próprio trabalho, não dá (para aceitar).”
compras, de serviços, etc.). Praticamente tudo ao nosso
Para Kátia, há iniciativas diversas para desenvolver a
redor é cercado por tecnologia digital. Assim também tem
formação de educadores, alinhadas às necessidades atuais
se tornado a escola: uma instituição social inserida nesse
de educação. No entanto, o caminho a percorrer ainda é longo
universo e que tem que dar conta das competências que as
para que, em escala, as instituições atualizem seus percursos
novas gerações trazem, das novas tecnologias e, para isso,
formativos. “De modo geral, as instituições formadoras têm
conta com a geração anterior a essas para a aprendizagem.”
foco maior em teorias educacionais e não as relacionam,
O diretor do Instituto Singularidades e autor de livros didáticos e de reflexão sobre a profissão do professor, Miguel Thompson, reforça a ideia de que conhecer o conteúdo é fundamental, mas é importante saber trabalhar esse conhecimento em diversos contextos. “O professor deve conhecer verticalmente a Biologia, por exemplo. Mas, na
“O professor deve conhecer verticalmente a Biologia. Mas, na horizontal, saber contextualizá-la em diferentes campos e situações”, Miguel Thompson EDUCAÇÃO EM REVISTA ///
8 /// CAPA
necessariamente, à prática pedagógica. Em geral, as formações iniciais do educador se encontram afastadas das necessidades cotidianas das salas de aula e das demandas da sociedade atual.” O começo da solução, segundo Guiomar, é, ao mesmo tempo, uma mudança dentro dos cursos de formação inicial e no planejamento da formação continuada. “A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é a referência básica e todas as escolas deveriam aprender como colocá-la em prática. Temos que ter disposição, boa vontade, abertura”, alerta a educadora. Thompson acredita que, além dos cursos formais de formação continuada, é possível mudar algumas práticas cotidianas na escola para aprimorar o trabalho dos professores, como formar grupos de discussão, refletir, em conjunto, sobre o que aprenderam e o que podem aplicar, abrir a sala de aula para serem observados por um colega de confiança, ter um professor mais experiente como orientador. “É preciso incluir a escola e sua realidade na formação docente, de forma que, ao chegar
/// Discutir a prática docente auxilia na formação continuada
às escolas, o professor iniciante saiba que ela é diferente das lentes de uma investigação acadêmica”, fala Kátia. Ela concorda que a residência pedagógica supervisionada, discutida, a fim
competências socioemocionais”, avalia a secretária do
de investigar soluções para problemas, com possibilidade de
MEC. Ela defende que se a formação se der em um cenário
conhecer práticas exitosas que a escola tem, é um instrumento
próximo à escola, necessariamente haverá equilíbrio entre
importante nessa direção. “Não se nega que a universidade deva
conhecimentos específicos de componentes curriculares,
aproximar os futuros docentes de estudos inovadores, mas
gestão da escola, gestão do ensino e da aprendizagem, gestão
eles apenas farão sentido se junto a isso os futuros professores
do tempo e, ainda, o desenvolvimento de relações.
puderem fazer associações com a escola que existe fora das
A colaboração e a pesquisa/investigação permanentes
páginas dos estudos teóricos. Em diversos países essa já é uma
também se mostram competências essenciais do novo
realidade, precisamos que aconteça no Brasil também.”
educador. “Nas gerações anteriores, o que predominava era a competição, e com isso o conhecimento não se dissemina, não
Habilidades socioemocionais e colaboração
é apropriado por muitos. A colaboração melhora o desempenho
O equilíbrio entre o domínio de conteúdo e as habilidades
individual e do grupo, pois além do conhecimento em si
socioemocionais é outro componente dessa “fórmula” de
partilhado, acrescido, disseminado, há o desenvolvimento dessa
competências. “É importante que o professor seja conhecedor
competência”, explica Kátia. É uma conquista trabalhar em grupo
das discussões e estudos que chegam de muitos lados e que
e poder colaborar, e os professores aos poucos percebem isso.
se relacionam com a escola e a aprendizagem dos alunos,
Thompson coloca o coordenador pedagógico como
como é o caso hoje da ideia de desenvolvimento integral,
fundamental nesse processo. “É a função dele formar o professor
competências para o século XXI ou mesmo as chamadas
(na escola). Imagina aquele que consegue acompanhar de fato o professorado? Acompanha a BNCC, pega um plano de aula e
“Não adianta dizer que o aluno tem que saber aplicar conhecimentos e resolver problemas se o professor não sabe”, Guiomar Namo de Mello
discute o que é feito, o que não é feito. Ele deve ter tempo para pesquisar e fazer reuniões individuais e em grupo para fazer esse planejamento.” Para ele, tanto professores como alunos devem trabalhar de maneira comunitária, com a mediação dos coordenadores. “O professor investigador tem que ter práticas
9 muito parecidas com as dos médicos, que fazem registros (das aulas, dos problemas), reflexões sobre por que o aluno não está entendendo. É o vocabulário, não teve tempo suficiente?” Ele cita o educador inglês Lawrence Stenhouse ao afirmar que o currículo é uma hipótese a ser testada. “A sala de aula é um laboratório; eu
“É preciso incluir a escola na formação docente para que o professor iniciante saiba que ela é diferente das lentes de uma investigação acadêmica”, Kátia Smole
testo (as hipóteses) e avalio, com uma prova ou outra ferramenta, para ver se atingi o resultado (desejado). Se o professor quer focar no aprendizado, ele tem que ser investigador.” Desenvolver as competências necessárias para o novo mundo está no quadro de tarefas de todos os professores e instituições. Identificar carências faz parte do processo. Nenhum profissional sabe tudo e também é uma competência perceber que as necessidades profissionais são parte da incompletude de qualquer profissional. Como diz Kátia, “a capacidade de avaliarse, identificar necessidades e fazer disso uma oportunidade
A pauta desta reportagem foi construída em reunião realizada na Regional Centro, no Colégio Riachuelo, e contou com a participação dos seguintes educadores: Andréa Vieira, Eliane Maria Vieira Londero, Milena Pedroso, Roberto Chagas e Rovandro Spencer Dias (Colégio Riachuelo), Araciele Maria Ketzer, Carlos Henrique Sardi e Paulo Sergio Machado (Colégio Marista Santa Maria), Carlos Felipe Spall e Roselaine Casanova Corrêa (Centro Universitário Franciscano), Claudecira Bottoli e Helena Machado de Oliveira (Colégio Franciscano Sant’anna), Fernanda Araújo e Glaucia Raquel Rossignolo Silva (Colégio Coração de Maria).
de aprendizagem é uma característica inerente ao humano. Ela nos trouxe e nos levará longe como espécie. Façamos das
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que aprender sempre é uma dádiva.”
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10 /// ENTRE ASPAS
O professor pode ser o mentor do aluno?
A
novas competências para saber ajudar este aluno digital, que, diante de tantas informações, não consegue decidir o melhor caminho e o futuro para sua vida. Se até pouco tempo atrás os nossos adolescentes no Ensino Médio não sabiam o que fariam no vestibular, imaginem agora, quando eles ainda não sabem quais as profissões do futuro e aquela da qual eles estejam mais próximos? Com tantas informações, as escolhas passam a ser mais difíceis, as dúvidas acontecem o tempo todo, cada site e cada local onde buscam informações
ntes de falarmos do professor como um mentor, precisamos clarificar exatamente o que é um mentor: é aquele que dá suporte e encorajamento
trazem aos estudantes uma realidade ainda incerta. É necessário que busquemos novos caminhos. Não há modelo pronto, mas temos que caminhar valorizando tudo o que
para que a outra pessoa gerencie seu próprio aprendizado,
já aconteceu, respeitando as opiniões de todos e fazendo com
maximize seu potencial, desenvolva seus skills e aprimore
que a escola permaneça em um espaço mais democrático, onde
sua performance. Em outras palavras, um verdadeiro mentor
as pessoas tenham a possibilidade de transformar a educação
ajuda a pessoa a ser melhor e a encontrar um sentido para
com criatividade e o dinamismo que o mundo de hoje exige.
a sua vida. São pessoas que, direta ou indiretamente, nos
O professor é convidado a fazer rupturas de pensamentos
fazem acreditar em nossos sonhos, princípios, valores,
e considerar que precisamos do novo. Então, por que não
atitudes, conhecimentos e sabedoria. Você consegue ver
pensar a possibilidade de sermos os mentores de nossos
alguma relação entre o professor e o mentor?
jovens, guiando-os para um futuro melhor e que faça mais
Antes de tudo, é necessário que este professor disposto a se transformar em um mentor busque desenvolver novas
sentido para eles? Para isso, é necessária a clareza de que precisamos nos reinventar a cada dia.
habilidades e competências em si mesmo e que esse caminho passe pelo autoconhecimento e por entender as técnicas e as ferramentas de coaching, que lhe darão base para desenvolver um trabalho com excelência. O mentor não entrega as coisas prontas para seu aluno; ele trabalha para encorajá-lo a desenvolver novas
“O mentor não entrega as coisas prontas para seu aluno; ele trabalha para encorajá-lo a desenvolver novas competências e habilidades”
competências e habilidades e, dessa forma, pensar de forma mais positiva e intuitiva transformando seu mindset. Para isso, o professor precisa, necessariamente, entender que ele não sabe tudo e que precisa buscar novos aprendizados em cursos e formações que o auxiliem a dar conta dessa nova proposta de trabalho. O coaching, basicamente, é um processo de perguntas no qual o coachee/aluno deve encontrar as suas respostas. A partir de estratégias e ferramentas, o professor/mentor conseguirá fazer com que o aluno comece a ver sentido naquilo que está aprendendo e estudando, principalmente quando falamos de adolescentes que precisam buscar um sentido e propósito em sua vida e acabam tendo muitas dúvidas. Com a aprovação da Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Médio, o professor terá que buscar essas
LAURA DE ANDRADE Diretora de escola e master coach.
13
EDUCAÇÃO EM REVISTA ///
“A docência tem que ser baseada na aprendizagem”
BRUNO TODESCHINI/PUCRS
14 /// COM A PALAVRA
POR CARINE FERNANDES
R
eferência mundial em currículo e formação de professores, Miguel Zabalza é categórico ao dizer que a docência na maioria das universidades ainda
segue um modelo tradicional, voltada para o ensino e não para aprendizagem, e que para mudar são necessárias novas competências docentes. Nesta entrevista exclusiva para a Educação em Revista, o especialista, que também é presidente
Uma docência baseada na aprendizagem requer recursos
da Associação Ibero-Americana de Docência Universitária (AIDU)
muito diferentes. Bom conhecimento da disciplina e
e professor da Universidade de Santiago de Compostela (USC),
capacidade comunicativa não são suficientes. A aprendizagem
fala sobre quais competências são necessárias para o professor
é um processo individual, cada um de nós aprende à sua
hoje, analisa a didática da educação superior e faz um alerta: “O
maneira, temos dificuldades diferentes na hora de aprender,
individualismo é um dos problemas fundamentais da docência
temos capacidades e interesses distintos que afetam a
universitária”. Confira os principais trechos da conversa:
forma como nos aproximamos do conteúdo. Numa docência baseada na aprendizagem, o que realmente importa é se os
Educação em Revista – Diante de um novo cenário em que
estudantes aprendem, porque esse é o objetivo e a ele se
vivemos, pautado pelas novas tecnologias e um novo perfil
condicionam todos os demais. As competências, portanto, têm
profissional que a universidade precisa formar, quais são as
que se referir ao que o professor sabe dos seus estudantes
competências fundamentais que o docente deve ter?
e como eles aprendem, à forma de organizar um ambiente
Miguel Zabalza – Este tema tem sofrido uma importante
de aprendizagem que seja capaz de motivá-los e pô-los em
variação nos últimos anos (na Europa, desde a aparição da
situação de aprender, da capacidade para supervisionar e
Declaração de Bolonha no início do novo século). Um dos eixos
orientar o processo de aprendizagem. As competências
dessa Reforma Universitária se situou na ideia do “sift from
têm a ver, então, com o planejamento da docência, com a
teaching to learning”, isto é, a necessidade de que a docência
comunicação, com o domínio de metodologias didáticas
universitária desse um giro de 180º, passando da centralidade
adequadas aos estudantes de hoje em dia, com a tutoria e o
no ensino para focar na aprendizagem.
apoio aos estudantes, com a avaliação das aprendizagens.
Uma docência baseada no ensino tem como referência a disciplina que cada professor ensina. A identidade docente
O senhor afirma que a tecnologia é essencial para o trabalho do
se constrói, nesse contexto, como aquela pessoa que
professor e requer novas competências. Quais são elas?
conhece bem sua disciplina e sabe ensiná-la. Ou seja, ser
As tecnologias são necessárias na atualidade, já que estamos
bom docente na pedagogia universitária tradicional exige
num mundo tecnológico. Mas seu uso docente deve responder
duas competências básicas: a competência científica e a
à mesma condição didática que se assinalava anteriormente:
competência comunicativa. De fato, esse é o modelo que segue
que sua natureza e seu uso estejam orientados à aprendizagem.
predominando em nossas universidades.
Muito melhores serão as tecnologias (sejam novas, sejam
15 antigas, embora, no final, todas sejam antigas pouco tempo
pedagogos não costumam ser bem vistos pelos colegas de
depois de iniciadas) quanto maior apoio prestarem ao
outras faculdades porque nossas ideias estão construídas
processo de aprendizagem dos estudantes. É preciso levar em
em contextos educativos que têm pouco a ver com os
consideração que a incorporação das tecnologias ao ensino
universitários. No fundo, sabemos pouco sobre como ensinar
pode ser feita em três níveis que costumam ser consecutivos:
Medicina, ou Química ou Belas Artes. Quem sabe disso são
(a) aprender a tecnologia (aprender a usar a tecnologia); (b)
os docentes dessas faculdades, que, por sua vez, contam com
aprender a partir da tecnologia (usar tecnologias para avançar
experiência e com saberes empíricos, mas têm dificuldades
nas diferentes disciplinas); (c) aprender criando tecnologia
para formalizar esse conhecimento. A questão está em saber
(aprender a construir tecnologia, por exemplo, a robótica).
amalgamar ambos os conhecimentos e, por isso, em construir
O uso da tecnologia é, em si mesmo, uma competência e afeta,
um discurso didático que incorpore os princípios gerais da
por igual, professores e estudantes. E ambos os casos tem que
docência junto às circunstâncias específicas de cada área
começar por aprender a usar a tecnologia, coisa que custa muito
científica e as tradições de cada faculdade.
mais aos docentes que aos estudantes. Sem essa condição (que requer recursos e formação) não se pode pretender que
A docência pode ser um trabalho solitário e com tendência
o segundo nível (aprender diversas disciplinas a partir da
ao individualismo. Na sua opinião, qual a importância do
tecnologia ou de formatos virtuais) funcione bem. E chegar ao
trabalho coletivo e como romper essas barreiras?
máximo por meio da criação de tecnologia supõe estar num
Estou de acordo com a premissa que expõe a pergunta. O
nível de certa expertise comparado aos dois anteriores.
individualismo é um dos problemas fundamentais da docência
Existe pouco espaço nos currículos de mestrado e
disso se derivam não poucos problemas: a dificuldade para
doutorado no Brasil para discutir a didática no ensino
se coordenar, a quase impossibilidade de que as instituições
superior. Muitos alunos saem desses cursos para lecionar
universitárias gerem um projeto formativo específico, de forma
universitária. Cada um de nós quer ser rei no seu reino. E
na universidade sem essa base. Como o senhor avalia o
que todos estejam comprometidos; docentes que acabam se
preparo para a docência considerando essa realidade?
sentindo proprietários da matéria que ensinam; a dificuldade
As faculdades de educação, normalmente centradas em
de empreender inovações que vão além do âmbito de uma
etapas educativas de educação básica, têm prestado escassa
aula. A solução, óbvia, é ir rompendo esse isolamento com
atenção à educação superior. Provavelmente porque a
iniciativas, primeiro, informais e voluntárias, para pouco a pouco
própria educação superior tem prestado escassa atenção aos
ir convertendo-as para ações institucionais, que impliquem
aspectos pedagógicos de sua missão formativa. Mas hoje as
trabalhar com espaços interdisciplinares, incorporar atividades
coisas estão mudando, e aquelas instituições de educação
em que participem vários professores, etc.
superior preocupadas com o bom cumprimento de sua missão
Acredito que as universidades devam avançar nessa direção.
estão reforçando sua estrutura de recursos vinculados ao
Nos últimos tempos, tenho assessorado instituições que
desempenho pedagógico de seus profissionais.
querem iniciar esse caminho. Em minha opinião, temos
Essa certa desvinculação das faculdades de Educação da
baseado muito o trabalho docente em ações individuais ao
didática da educação superior pode ter, apesar de tudo, suas
invés de trabalhar em grupo, e isso tem se convertido num
vantagens. Permite construir um discurso mais interdisciplinar
peso para a renovação da docência. E agora não é fácil mudar
e menos contaminado com princípios e enfoques provenientes
o chip em que construímos nossa identidade profissional:
da educação básica, da pedagogia universitária. Os
formamo-nos e nos socializamos como pessoas especialistas que desenvolvem seu trabalho como sujeitos livres solitários,
“As competências têm que se referir ao que o professor sabe dos seus estudantes e como eles aprendem”
mas deveríamos tê-lo feito como membros de uma equipe docente que desenvolve um projeto formativo institucional. Podemos conseguir a mudança, mas não é fácil. Há que se trabalhar com os professores jovens nessa direção.
EDUCAÇÃO EM REVISTA ///
16 /// PONTOS DE VISTA
Competências Saber trabalhar em equipe e dominar as novas tecnologias estão entre as competências mais importantes para a docência nos dias atuais. Convidamos duas pesquisadoras para avaliar o desenvolvimento dessas competências nos professores que hoje estão em sala de aula e os desafios da gestão para auxiliá-los nesse processo. Confira:
A
tualmente, não se pode pensar em uma educação
do futuro sem pensar em todas as mudanças que deverão acompanhar este novo cenário educacional. A
contribuir nas situações de aprendizagem. A identificação das dificuldades apresentadas e a verificação dos conhecimentos que precisavam ser aprimorados auxiliaram
integração das Tecnologias da Informação e da Comunicação
novas discussões, como: a formação do professor deve priorizar
(TIC), nesse contexto, tem suscitado muitas oportunidades
a ampliação e a relação do saber como um subsídio para as suas
de repensar e melhorar a educação, mas, também, em
práticas diárias; o uso desses recursos deverá estar alinhado
contrapartida, tem demandado novos papéis e novas
e incorporado aos seus conteúdos, ao planejamento diário, à
estratégicas da prática docente. Muitas pesquisas educacionais
metodologia como instrumento de suporte, de comunicação e,
servem de insumos para os gestores visando à tomada de
também, como complementação de estudos dos seus alunos.
decisão como, também, para o planejamento em investimentos
Além disso, a sala de aula passa a ser um espaço de interação
e aquisição de tecnologias e momentos de formação.
entre todos os atores do contexto educacional.
Em pesquisa realizada recentemente com 160 (cento
Enfim, novas discussões precisam ainda ser exploradas
e sessenta) professores de cinco escolas da rede privada,
e analisadas para a evolução na apropriação do uso das
foi possível constatar que 41,20% não demonstravam
tecnologias educacionais pelos professores, como também
as habilidades básicas de alfabetização tecnológica e
para o desenvolvimento profissional e para a qualificação do
apenas 11,18% enquadravam-se na abordagem Criação do
processo de ensino e aprendizagem.
Conhecimento, conforme os Padrões de Competências em TIC para professores da UNESCO. Frente aos dados e às informações coletados, constatou-se na pesquisa alguns fatores que servem como ponto de partida para algumas reflexões: a falta de conhecimentos mínimos para a utilização desses recursos tecnológicos; os professores julgam não valer a pena, dado o nível de seus alunos; consideram mais fácil o ensino por meios tradicionais do que o esforço de pesquisar novas práticas integradas nos ambientes virtuais; desconhecem que as novas tecnologias poderiam
“Muitos professores consideram mais fácil o ensino por meios tradicionais do que o esforço de pesquisar novas práticas nos ambientes virtuais”
SÍLVIA REGINA ABREU LEAL Gerente educacional corporativa da Rede Verzeri e mestra em Gestão Educacional.
17
docência
D
esenvolver um programa de formação docente que contemple a diversidade de angústias dos professores e as demandas socialmente
atribuídas às instituições de ensino é um desafio
complexo. Há, porém, uma competência que, acreditamos, pode fortalecer o professor como profissional e respaldá-
“Na partilha dos desafios, o professor tem a possibilidade de tomar consciência de que trabalhar em conjunto dá mais encorajamento para assumir a sua autoridade”
lo em suas convicções, ampliar suas reflexões e amparálo em suas angústias: o trabalho em equipe. A busca por uma proposta que possibilitasse a formação permanente dos professores, de forma
com outros olhares, agregando hipóteses, buscando caminhos, compartilhando sentimentos, por meio de uma
reflexiva, nos possibilitou o feliz encontro com as
construção cooperativa e intersubjetiva, fortalecendo o
produções científicas do Grupo Dialugus, coordenado
sentimento de equipe e minimizando o sentimento de
pelo professor Celso Henz (UFSM), que desenvolveu
solidão dos educadores frente aos desafios do cotidiano.
uma proposta epistemológico-política a partir do
A partir do diálogo reflexivo, na partilha dos
pressuposto de que só há possibilidade de mobilização
desafios enfrentados no fazer docente, o professor tem
para formação quando todos os envolvidos são
a possibilidade de tomar consciência de que trabalhar
concebidos como sujeitos epistemológicos, assumindo-
em conjunto com seus pares, buscando soluções
se como coautores e percebendo-se como construtores
para desafios que não são somente seus, dá mais
de conhecimentos e práticas. Essa proposta metodológica configura-se em
tranquilidade, prazer e encorajamento para assumir a sua autoridade como profissional da educação.
uma proposta epistemológico-política à medida que contempla o professor como sujeito de seu processo de auto (trans) formação no partilhar de experiências com colegas professores, possibilitando um pensar sobre suas ações e concepções no cotidiano escolar no qual a fala, a angústia e a experiência de cada um são reconhecidas como significativas para a construção dos encontros de reflexão. A proposta também convida os integrantes do grupo a ampliar sua percepção sobre a problemática abordada. Isso se traduz em uma possibilidade de constituir um espaço-tempo metodológico coletivo para cada participante proferir sua palavra, compartilhar suas angústias, preocupações e conquistas. Da mesma forma, oportuniza um entrelaçamento do pedagógico, do emocional, do social e do moral com distanciamento da prática e permite pensar sobre ela de outro lugar,
ANDRÉA OLIVEIRA VIEIRA Diretora do Colégio Riachuelo - Ensino Médio, de Santa Maria, e mestranda em Políticas Públicas Educacionais na UFSM.
EDUCAÇÃO EM REVISTA ///
DIVULGAÇÃO/ COLÉGIO SANTA INÊS
18 /// PEDAGÓGICO
Novas tecnologias, novas formas de ensinar POR PEDRO PEREIRA
É
irreversível: as ferramentas tecnológicas permeiam praticamente todo o acesso que temos à informação. O desafio da escola – onde tradicionalmente ficava
O melhor caminho são projetos de transformação coletiva, professores conversando entre si, integrando atividades. É o que Moran chama de “sair da casinha”, do modelo
concentrado o conhecimento – é se adaptar para não
disciplinar fechado, de aula de 50 minutos, para projetos
perder a atenção dos alunos. O papel do professor muda
de maior experimentação. Nesta nova realidade o professor
consideravelmente, alcança outro modelo de ensino, mas
assume o papel de curador – é ele quem define, entre tantas
continua fundamental. “Tecnologia não é só aprender a
possibilidades, para onde será direcionado o foco dos alunos.
mexer em coisas”, alerta o professor aposentado da Escola de
Especialista em projetos de inovação e transformação
Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-
da educação, ele aponta os três pilares para um modelo
USP) José Moran. Ele lembra que o educador foi preparado
que utiliza tecnologia como aliada da aprendizagem.
mentalmente, por muitas gerações, para ser aquele que dava
Primeiro, a escola ajuda cada aluno a avançar por si mesmo,
as respostas. “Estava pronto para o que era certo, previsível.
absorvendo o conteúdo da maneira mais apropriada. A
Agora é preciso mudar de atitude, ser mais criativo, aprender
seguir, o recomendado é passar por uma etapa colaborativa,
a negociar com os alunos e a experimentar mais”, acredita.
de construção, debate e troca de informações. Por fim, o
A maior parte dos estudantes está acostumada a utilizar
professor assume o papel de mentor, ampliando a visão
a tecnologia como lazer e comunicação, então geralmente
do que o aluno já compreendeu sozinho e coletivamente,
funciona mais como uma distração. É preciso fazer propostas
indicando o caminho para a sequência do aprendizado.
que tenham sentido, nas quais os alunos percebam valor,
Mais importante do que utilizar ferramentas tecnológicas,
para que haja envolvimento. O grande salto é sair do modelo
é necessário entender que esse é apenas um pedaço de um
de entretenimento para o de engajamento.
processo maior de envolvimento. Gadgets, possibilidades em
DIVULGAÇÃO/ COLÉGIO SANTA INÊS
19
3D, realidade aumentada e cenários imersivos são recursos que devem ser utilizados como apoio para a autonomia, na parte do ensino que não depende do professor. Depois, vendo as qualidades e as dificuldades de cada aluno, ele
“Tecnologia não é só aprender a mexer em coisas. É preciso mudar de atitude e experimentar mais”, José Moran
pode criar atividades específicas, sendo sempre um mentor na condução da aprendizagem – e não mais o detentor
alunos: o projeto ‘Como surgiu a vida na Terra’ envolveu toda
exclusivo do conhecimento.
a comunidade escolar e foi encerrado com uma experiência
Em vez de competir com os smartphones pela atenção
que utilizou óculos de realidade virtual para uma viagem pelo
dos alunos, algumas escolas já aderiram a tecnologias que
Sistema Solar. Depois, as famílias participaram de um quiz
despertam o interesse e reforçam as atividades curriculares.
bilíngue (Português/Inglês).
Confira alguns exemplos: Gincana do conhecimento Viagem ao espaço O Colégio Israelita, em Porto Alegre, utiliza a plataforma OSMO, que combina o uso de tablets, objetos variados e
A terceira edição do Grand Prix do Conhecimento do La Salle Caxias teve como tema “tecnologias digitais”. Os alunos competiram utilizando ferramentas como drone, Google
dinâmicas educativas. A ferramenta é utilizada em atividades
Classroom, óculos de realidade virtual, trenas digitais, iPads,
interativas e colaborativas para resolução de problemas
chromebooks e smartphones. A pontuação foi calculada de
científicos, jogos com números e com o vocabulário da língua
acordo com a variação de uma bolsa de valores e simulou a
inglesa. Recentemente, outra atividade chamou a atenção dos
moeda virtual bitcoin.
EDUCAÇÃO EM REVISTA ///
La Escuela
Robôs em sala de aula
Aprender espanhol curtindo a série mais comentada da
Desde 2015 a IENH, de Novo Hamburgo, utiliza o
época. Esse foi o objetivo do Colégio Maria Imaculada, de Porto
pacote de ferramentas Google for Education graças a
Alegre, ao propor que os alunos do 1º ano do Ensino Médio
uma parceria firmada com a empresa para fomentar a
realizassem uma atividade inspirada na série ‘La Casa de Papel’,
inovação. A preparação dos professores começou um ano
da Netflix. A tarefa ajudou a desenvolver a habilidade auditiva
antes e permanece de forma contínua. Os equipamentos
e a oralidade enquanto eles davam suas opiniões sobre a série.
incluem óculos de realidade virtual, tablets, robô ozobot, chromebooks e equipamentos de programação e robótica.
Caçando dinossauros Realidade aumentada também faz parte da rotina do Colégio Santa Inês, em Porto Alegre. Um dos exemplos é o
Competição pedagógica O professor de Geografia Elisandro Matos, do Instituto
contato com a paleontologia pelos alunos do 4º ano do Ensino
Nossa Senhora da Glória, de Carazinho, utiliza uma
Fundamental. Por meio de um aplicativo instalado em tablets,
ferramenta interativa e divertida para revisar os conteúdos.
eles fizeram uma caça a dinossauros, que eram encontrados
Com o aplicativo on-line Kahoot, os alunos transformam
em diferentes locais da escola. A ferramenta também é
seus smartphones em controle remoto para responder
aplicada a atividades com elementos químicos, por exemplo.
a diversas questões. Depois, o sistema contabiliza os resultados e apresenta os três primeiros colocados. A
Imersão no conteúdo
gameficação tem servido como estímulo e o resultado,
A Escola Santa Mônica, em Pelotas, cuida da preparação
segundo Matos, é bastante positivo.
dos professores para utilizarem a tecnologia no apoio aos alunos em toda a rotina escolar. Todas as disciplinas já utilizam óculos especiais com vídeos em 360º – fazendo com que os alunos tenham uma experiência de imersão nos temas trabalhados em sala de aula. A dica é que
Geração de energia Em Cerro Largo, os alunos do 5º ano do Colégio La Salle Medianeira pesquisaram sobre circuitos elétricos e, depois, elaboraram um experimento que
muitos dos aplicativos utilizados
demonstrou como é gerada a energia. Eles
estão disponíveis gratuitamente
manusearam baterias, fios de cobre e
na internet.
foram além: demonstraram maneiras de criar corrente elétrica a partir de
Avaliação on-line Em Sapiranga, a Escola
materiais inusitados como forma de gelo, água, sal e parafusos. Com
Luterana São Mateus utiliza
a atividade, os alunos aprenderam a
a plataforma Positivo On, por
evitar acidentes e refletiram sobre
onde os professores disponibilizam
hábitos de consumo.
provas on-line. A partir de um amplo acervo de questões, é possível configurar ações como repetição, embaralhamento,
Intercâmbio 360º A Rede La Salle utilizou a tecnologia de realidade virtual para integrar os alunos
feedback, correção, divulgação do
dos diferentes locais. Eles gravaram vídeos
gabarito e autoestudo. Como a prova
360º mostrando o cotidiano escolar e
é interativa e o resultado, imediato, a aceitação pelos alunos só aumenta. Além disso, economizam-se tempo e recursos financeiros e naturais.
depois trocaram os conteúdos para que todos pudessem, utilizando óculos especiais, assistir e entender a rotina dos colegas. Com isso, fizeram uma avaliação sobre as diferenças culturais
INFORME COMERCIAL
REALIDADE AUMENTADA: CONTEÚDO EM MOVIMENTO A tecnologia transforma o modo como vivemos. A cada momento, novos recursos surgem e escolas e educadores não podem ser indiferentes a isso. Nas escolas que utilizam o Sistema Positivo de Ensino, a tecnologia está integrada à proposta pedagógica, enriquecendo o aprendizado. Além de aumentar a interação entre estudantes, professores e conhecimento, a tecnologia de Realidade Aumentada (RA) estimula os alunos a explorarem inúmeras possibilidades. “A RA funciona por meio da interação dos celulares dos alunos com códigos impressos nos livros. Ao apontar o celular para esse código, uma experiência em três dimensões, com áudios e animações, acontece na tela do celular, como se estivesse saindo do livro”, conta o supervisor de conteúdo digital da Editora Positivo, Cassiano Novacki. O uso da Realidade Aumentada pode ajudar na compreensão de alguns conceitos. Exemplo: é muito mais fácil compreender o movimento de rotação dos planetas utilizando uma animação em 3ª dimensão do que em uma imagem estática na página de um livro impresso. Experimente 1. Baixe o RA Positivo na Play Store ou Apple Store; 2. Utilize-o para fazer a leitura do código.
AGENDA DIGITAL PERSONALIZADA PARA A SUA INSTITUIÇÃO A Edufy surgiu com o objetivo de resolver a carência de comunicação de uma escola em Porto Alegre que, no mercado, não encontrou aplicativo ou solução que atendesse a 100% de suas demandas de comunicação. O desafio principal a vencer era a insegurança causada pela substituição da agenda física pela digital. A equipe de colaboradores da escola, juntamente com a equipe da Edufy, criou um produto totalmente aderente ao ambiente educacional. O funcionamento é muito simples! Basta a instituição escolher quais módulos quer implantar, considerando suas necessidades, que o sistema está pronto para a utilização. Na contratação, é criado um aplicativo com a identidade visual da escola, disponibilizado na Google Play e na App Store, além de uma versão web que pode ser acessada de qualquer dispositivo. Todos os 25 módulos fornecem relatórios e gráficos de estatísticas, facilitando a compreensão de informações e agilizando a tomada de decisões. Permita-se esta revolução na forma de se comunicar com sua comunidade!
22 /// GESTÃO
Como lidar com os grupos no WhatsApp? POR PEDRO PEREIRA
23
N
em sempre é possível perceber a intenção das palavras colocadas em uma mensagem de texto, ou mesmo de voz. Ironia, sarcasmo, tristeza ou euforia
podem ser perfeitamente mal interpretados ou mesmo
escondidos atrás de palavras quando não se está diante
“É importante instruir e entender qual o propósito dos grupos, quem são os mediadores e qual a validade do que for acordado por ali”, Margarida Kunsch
do emissor. Por isso, a comunicação via aplicativos como o WhatsApp é tão suscetível a interpretações equivocadas.
colhendo demandas e repassando à direção. “É importante
Quando o assunto de um grupo é a escola dos filhos, então,
preparar um comunicado mais direto, mostrando para
esse caminho pode ser ainda mais espinhoso.
cada família que a escola está aberta e, caso haja qualquer
Para evitar que as conversas virtuais possam conter, além dos erros de interpretação, opiniões embasadas em
problema, deve-se entrar em contato diretamente pela via institucional, para que não haja distorções”, acredita.
experiências únicas ou incompreendidas, o ideal é que a
Quando o problema não for evitado a tempo, a saída é
família tenha um caminho livre até a gestão escolar para
oferecer uma resposta imediata. Uma forma interessante
resolver situações incômodas antes que vire assunto de
de reverter a situação é reunir pais, alunos, professores e
grupos de Whatsapp. A professora titular da Escola de
gestores para debater o assunto e ouvir especialistas em
Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-
redes sociais. “A internet é muito usada para provocar. Em
USP) Margarida Kunsch sugere que a escola disponibilize um
se tratando da organização, é importante instruir e entender
canal direto de comunicação, que pode ser uma ouvidoria
qual o propósito dos grupos, quem são os mediadores e qual
– atuando de forma um pouco mais independente, mas
a validade do que for acordado por ali”, explica Kunsch.
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EDUCAÇÃO EM REVISTA ///
24 /// GESTÃO
Outra questão que está por trás dos problemas em torno dos grupos de pais no WhatsApp é a relação estabelecida entre pais e filhos. Para o psicoterapeuta Leo Fraiman, na medida em que muitos pais colocam para si o objetivo de tornar os filhos felizes, acabam percebendo
“Existe consenso na sociedade acadêmica de que o rendimento do aluno é favorecido pela boa relação entre escola e família”, Leo Fraiman
que rotinas, regras, leis, combinados e normas escolares são um obstáculo para que isso aconteça. E, ao tentar tirar
que os problemas venham à escola antes de tomarem maior
experiências momentaneamente negativas dos filhos, as
proporção nas redes.
famílias acabam criando a chamada “síndrome do imperador”,
Outra sugestão de especialistas é viralizar as boas
que consiste em dar um empoderamento exagerado,
experiências. “Existe consenso na sociedade acadêmica de
desnecessário e inútil aos filhos a fim de passar uma ideia
que o rendimento do aluno é favorecido pela boa relação
equivocada de felicidade. “Aí entram muitos dos maus usos
entre escola e família”, aponta Fraiman. Para contribuir
dos grupos de Whatsapp, já que os pais reclamam e expõem
nessa construção, os gestores precisam deixar as queixas
os erros da escola. É o ‘zapzap do mal’, quase toda escola tem
de lado e adotar uma postura mais propositiva para o uso
alguns grupos”, observa Fraiman.
dos grupos – sejam eles no Whatsapp, Facebook ou outras redes. O envio de conteúdos motivadores ou divertidos
Identifique influenciadores
sobre os assuntos ensinados em sala de aula pode ser uma
É natural que em qualquer grupo surjam, naturalmente,
boa opção. “Boa parte do afastamento dos pais se deve
alguns líderes. Identificá-los é prática comum em diversos
a maus-tratos no relacionamento com a escola. Quando
segmentos empresariais e como estratégia de marketing
um professor diz que o filho não está concentrado, afasta. Quando pergunta como ele está em casa, encaminha
– e, no caso do ambiente escolar, também ajuda muito.
soluções, é diferente”, exemplifica Fraiman.
Buscar uma interlocução em primeiro lugar com esses influenciadores, para esclarecer e orientar, pode fazer deles
Para a professora Margarida Kunsch, há espaço para a
porta-vozes da cultura da instituição junto aos outros
interação entre os familiares e também para resguardar as
familiares de alunos. Oferecer uma visão mais ponderada
informações oficiais da escola, livres de ruído. “Poderia haver
e que leve em consideração o lado da escola fará com que
dois tipos de grupo: um social, entre os pais, e outro informativo,
os debates entre pais sejam amenizados. Sem contar que,
com conteúdo institucional mais seguro. Isso evitaria tanta
quanto mais próximo o contato com os pais, mais provável
informação que muitas vezes não procede”, sugere.
Na prática
Dicas para conviver com grupos de pais no WhatsApp
01
Área de comunicação acompanhar o cotidiano dos alunos e enviar registros em fotos, vídeos e textos para os pais. Esse trabalho pode ser realizado por algum ex-aluno que esteja cursando ou seja formado em jornalismo, pois conhecer o DNA da escola é um ganho interessante.
Nas reuniões presenciais, por videoconferência ou em comunicados virtuais, referir-se sempre à comunidade escolar como “nós”, chamar os alunos pelo nome e começar sempre pelas coisas boas apresentadas por eles.
02
03
Comitê formado por pais, alunos e professores que criem conteúdo tem força poderosa: a mensagem fica mais próxima de todos os públicos e, assim, tem maior aceitação.
Se já houve algum dano à imagem da escola, deve-se entender que não será tão rápido para reverter e, portanto, a comunicação precisa de continuidade.
04
GESTÃO NA PRÁTICA /// 25
Escola e família mais próximas no ambiente digital
P
Educação digital e orientação para uma postura ética e segura nas redes sociais são as frentes de trabalho adotadas pelo Colégio Farroupilha, de Porto Alegre, para atuar nessa nova realidade. A instituição promoveu, durante a IV Semana Farroupilha Digital, o workshop ‘WhatsApp para a terceira idade’. Nele, avós e avôs puderam tirar suas dúvidas sobre a ferramenta e aprender a se proteger de fake news e de outros transtornos que podem surgir com o uso indevido do Whats. A instituição também reformulou, junto com a comunidade escolar, o ‘Código de Conduta e Convivência’, que tem uma parte voltada para o comportamento nos espaços digitais. Outra produção entregue recentemente foi o ‘Guia
ais reunidos para falar bem ou mal do trabalho da escola
de Segurança e Ética Digital: uma questão de cuidado’, que
não é uma novidade. Mas, esses espaços têm tomado
amplia as informações passadas no Código e orienta para
uma proporção maior e mais instantânea em função
uma postura ética e segura nos ambientes virtuais.
das redes sociais, como o WhatsApp. É uma nova realidade
O Colégio João XXIII, também na Capital, investe em
com que as escolas precisam aprender a conviver, e a adoção
iniciativa parecida. Desde 2012, promove a educação digital,
de estratégias de comunicação e relacionamento pode ajudar.
por meio de uma prática pedagógica complementar chamada
O Colégio Anchieta, de Porto Alegre, encontrou na Associação
Cibercultura e Ética digital. A atividade é oferecida a todos
de Pais e Mestres (APM) um caminho para estreitar a parceria
os alunos do 5º e 6º anos, semestralmente. O objetivo do
e fortalecer o relacionamento com a família no ambiente digital.
trabalho é proporcionar um espaço de reflexão envolvendo
Os integrantes da APM buscam espaços e atividades para
o universo da cibercultura e seus reflexos no dia a dia. Nesse
engajar e disseminar as comunicações oficiais da instituição
contexto, é abordado com os estudantes o uso responsável
aos pais. “Buscamos alinhar as informações com o objetivo
das redes sociais, entre elas o WhatsApp. A iniciativa vai
principal de colocar as famílias em sintonia com os assuntos
além da sala de aula, convocando as famílias para reuniões,
que são importantes para elas”, explica uma das coordenadoras
encontros com palestrantes da área, além de textos reflexivos
do Fortalecimento da Rede de Pais, Sirlei Franceschi. E, quando
sobre o uso e o impacto das redes sociais na vida e nas
algum assunto gera polêmica, sempre há um cuidado de
relações da comunidade escolar.
tratá-lo individualmente. “Nesses casos, os pais referências e representantes têm a responsabilidade de mediar os conflitos da forma mais harmoniosa possível”, explica. Já o Colégio Sinodal, em São Leopoldo, resolveu migrar a sua comunicação para o ambiente digital. Desde 2016, utiliza o ClassApp, um aplicativo multiplataforma, semelhante ao WhatsApp, como ferramenta oficial de interação com as famílias. Para o vice-diretor, Gerson Engster, a iniciativa mudou a relação entre escola e pais. “Antes, muitos pais pediam o WhatsApp de coordenadores e professores, o que não era um meio oficial de comunicação. Com o aplicativo, oficializamos a comunicação e temos registrado alta taxa de leitura”, comenta. Por meio da ferramenta, a família recebe a agenda escolar, comunicados, convocações, agendamento de reuniões, imagens de atividades escolares, pesquisas, entre outras comunicações.
/// Farroupilha fez workshop sobre uso do WhatsApp
EDUCAÇÃO EM REVISTA ///
26 /// INOVAÇÃO
Marista Graças propõe novo currículo
O
O processo passou por um trabalho intensivo com indicadores, metas e novas formas de ensinar. A escola adotou a metodologia de sequências didáticas, articulando os diferentes saberes dos componentes curriculares para a solução de problemas reais, promovendo uma imersão na realidade local para além dos muros da escola. Um exemplo desse trabalho foi proposto no componente curricular de Ciências Humanas, no qual os alunos do 9º ano foram convidados a pensar na seguinte situação: “Grupos
Colégio Marista Graças, de Viamão, investiu em
extremistas religiosos ampliaram seu domínio, invadindo
uma nova proposta curricular para os alunos do
territórios e forçando a saída de várias pessoas. Uma parcela
6º ano do Ensino Fundamental até o Ensino Médio,
delas veio para o Brasil. E vocês precisarão criar uma carta
envolvendo 430 alunos e 13 professores. A mudança,
aberta direcionada a essas pessoas”. Foram propostas
iniciada em 2012, foi marcada pela interdisciplinaridade –
questões para os alunos pesquisarem: “Como o cérebro
não só em sala de aula, mas em todos os setores da escola
funciona em relação às emoções?”; “Teria ainda o Iluminismo
– e pelas metodologias ativas. A iniciativa conquistou o
forças para influenciar o nosso presente?”; “Identifiquem,
primeiro lugar no 8º Prêmio Inovação em Educação, na
analisem e comparem as nuances das diferentes formas de
categoria Gestão Pedagógica, do SINEPE/RS.
intolerâncias apresentadas nas diversas redes sociais, para
27 assim elaborar e criar, utilizando os recursos midiáticos de imagem, uma conscientização dos seus usuários”. De acordo com a professora de Português Odessa Romero, trabalhar com jovens a partir do contexto dos estudantes foi um grande passo para toda a escola: “trazer para dentro da sala
Nova proposta de ensino articula os diferentes saberes dos componentes curriculares para a solução de problemas reais
de aula, de forma interdisciplinar, novos conceitos e novas vivências faz com que a aprendizagem, tanto dos educadores
temporárias com temas de interesse cultural dos
como dos estudantes, seja muito mais válida e proveitosa”,
estudantes, como Youtuber e as Rodas de Estudo,
destaca. Para facilitar esse modelo de ensino, as salas de aula
encontros diversificados para revisão dos conteúdos;
ganharam novo layout, sem as tradicionais fileiras, o que
e o Projeto de Vida, um conjunto de ações para que as
favorece o trabalho em grupo.
experiências curriculares contribuam de uma forma direta
Uma mudança importante na estrutura curricular ocorreu em 2015, quando a Rede Marista selecionou o
e intencional para a formação integral dos estudantes. Nestes seis anos de implantação do projeto, a escola
Marista Graças como escola piloto para implantação das
comemora resultados positivos. A fidelização, ao final do
novas Matrizes Curriculares, iniciando o trabalho por áreas
ano de 2017, foi de 90%, uma alta de 35% em comparação
de conhecimento. Essa prática interdisciplinar engloba
ao ano anterior. Já na captação também teve um aumento:
reuniões e sequências-didáticas, planejamento, avaliações,
7% a mais que no ano anterior. Também foram observados
conselhos e feedbacks para as turmas e para as famílias.
melhor desempenho dos alunos no Sistema Marista de
A avaliação também mudou. Há provas por componente
Avaliação (SIMA), que gera relatórios anuais de resultados
curricular diferenciadas e provas por área do conhecimento
de qualidade educacional, e crescimento gradativo dos
realizadas de forma interdisciplinar. Também é feito
estudantes no Enem em todas as áreas do conhecimento. A
acompanhamento personalizado, com pré-conselhos com
fidelização dos educadores foi outro resultado importante:
dinâmicas de grupo com a turma, conselhos de classe com
em quatro anos, aumentou em mais de 80%. De acordo com
os professores e devolutiva dos conselhos em forma de
o diretor, Maurício Anony, tudo isso é resultado de ações
scrapbooking, vídeos e outras formas criativas.
conjuntas que vêm sendo desenvolvidas e aperfeiçoadas
Outras inovações foram feitas neste tempo, como
de forma integrada há alguns anos: “o projeto é resultado
a criação de Laboratório de Aprendizagem, com aulas
de um planejamento estratégico, pedagógico e educacional
interdisciplinares em um sábado letivo que retomam os
Brasil Marista. A ideia foi voltada para melhorar ainda mais
temas abordados no trimestre; o Saiba Mais, oficinas
os resultados acadêmicos do colégio”, afirma.
EDUCAÇÃO EM REVISTA ///
28 /// RADAR
Personalização do currículo no ensino superior POR VÍVIAN GAMBA
29
U
niversidades de todo o mundo têm sido inspiração para instituições de ensino superior gaúchas, que estão apresentando aos seus alunos uma formatação
diferente de currículo na graduação, com possibilidade de
Instituição gaúcha oferece certificação em paralelo à graduação para ampliar a formação do aluno
personalização e a promessa de uma conclusão de curso mais alinhada com seus propósitos futuros. Nos Estados Unidos, é bastante comum o estudante escolher
isso o currículo precisa de profissionalização e personalização. “O estudante quer, sem dúvida, uma formação sólida na área
uma determinada área de formação mais sólida, denominada
que escolheu. Mas hoje o exercício profissional não tem apenas
major, na qual cursará uma série de disciplinas obrigatórias
um foco. As pessoas trabalham em equipes multidisciplinares e
dentro do segmento pretendido, e uma formação minor, ao
também buscam atuações variadas a partir de um saber. Então,
concentrar disciplinas eletivas numa determinada área, não
nesse contexto contemporâneo, entendemos que ele pode
raro bem diferente da sua escolha principal. Stanford, Columbia,
compor parte do seu currículo buscando competências em áreas
NYU, Boston University, Babson College (Boston) e Olin College
que ele entende complementares para o seu projeto de vida.”
of Engineering (o braço tecnológico da Babson) seguem esse
Nesse modelo de trajetória aberta, os cursos têm, então,
modelo. Essas instituições foram algumas das referências para a
disciplinas transversais e obrigatórias, como Filosofia e
PUCRS criar um novo conceito de currículo na graduação.
Ética, Cultura Religiosa; disciplinas de formação básica, como
De acordo com a diretora de graduação da PUCRS, Adriana
Matemática e Física nos cursos de Engenharia; uma parte
Kampff, a preocupação da universidade é oferecer possibilidades
profissional (que vai formar o engenheiro químico, mecânico
que conversem com o projeto de vida dos estudantes, e para
ou civil); e disciplinas eletivas, que podem ser avulsas ou um
EDUCAÇÃO EM REVISTA ///
30 /// RADAR
conjunto de disciplinas que gera uma certificação (mínimo de 12 créditos). “Essa certificação é um minicurrículo, tem
Vantagens da diversificação do currículo
uma ementa e um conjunto de disciplinas que compõe conhecimentos naquela área. Em geral, é feito numa área diferente da sua área de formação”, explica Adriana. Um exemplo é um estudante de Filosofia, licenciatura, que, ao
Amplia a base de conhecimentos do estudante e diversifica sua formação.
entender que o exercício profissional da docência também faz uso de tecnologia para chegar aos alunos, buscou uma certificação de estudos na escola de comunicação, na área de Produção Youtube. Hoje, a universidade oferece 22 certificações; são seis na área de comunicação, 15 na área de negócios e uma politécnica
Dá um direcionamento mais claro em relação à carreira e ao projeto de vida do aluno.
na área de engenharia elétrica, a única com restrição, destinada aos alunos de Engenharia da Computação e da Automação, que ao concluírem essa etapa, têm conferida pelo conselho uma atribuição profissional. As demais certificações estão abertas a todos os cursos, inclusive para alunos diplomados.
O modelo de trajetória confere uma certificação extradiploma e pode ter aproveitamento de créditos para o mestrado.
Vinculado à trajetória aberta, há também o programa GPG (Graduação e Pós-graduação), no qual o estudante pode antecipar o stricto sensu do mestrado, ainda na graduação, em até 12 créditos. Essa integração segue o modelo da Newcastle
As trilhas de formação dão autonomia para o aluno escolher seu percurso formativo, o que torna o currículo mais atrativo.
University, do Reino Unido, onde o quarto ano de estudos une a conclusão da graduação e o primeiro do mestrado. “Procuramos inovar em processos que se mostraram bastante acertados em universidades fora do país”, afirma o decano da Escola de Negócios da PUCRS, Éder Henriqson. No mesmo caminho da personalização, a partir de 2019 a
para concluir a vivência acadêmica com uma experiência internacional; Mestrado, para iniciar a pós-graduação e se aprofundar na pesquisa (na qual até 9 créditos da graduação
graduação da Unisinos seguirá uma proposta iniciada com a
são aproveitados); Empreendedorismo, para desenvolver um
Unisinos LAB: a de possibilitar que o aluno crie o seu percurso
projeto inovador, como a criação de uma startup; Inovação
formativo. De acordo com a gerente de Graduação da Unisinos
Social, para propor uma iniciativa para transformar a sociedade;
– São Leopoldo, Paula Campagnolo, essa plataforma oferece
ou Específica do Curso, para continuar experimentando e fazer
atividades extracurriculares vinculadas a competências
uma interlocução entre as trilhas, escolhendo as atividades que
fundamentais para atuação na sociedade e no mercado, e o
considerar mais interessantes, ou para se aprofundar em uma
desafio foi trazer esse modelo para dentro do currículo, para
área de interesse específica. “Na conclusão da graduação, os
que todos os alunos pudessem incorporá-lo.
alunos não farão necessariamente uma monografia, mas um
Então surgiram as trilhas de formação, que podem ser
projeto aplicado, que poderá ser o registro de uma patente, um
escolhidas, entre cinco, ao final do curso: Internacionalização,
plano de negócios, um artigo técnico”, explica Paula. A ideia é que o estudante conclua o curso pronto para a próxima etapa. O modelo estará disponível para 21 cursos, mas o plano é expandir
Novos modelos propõem trilhas de formação para aprofundar uma área de interesse do aluno e substituem TCC por projeto aplicado
para todos os cursos de graduação da Unisinos. CONTEÚDO ONLINE DISPONÍVEL Conheça como funciona o ensino nas universidades canadenses em entrevista com o pró-reitor da Ryerson University, Marcus Santos. educacaoemrevista.com.br
PERGUNTA DO LEITOR /// 31
Alimentação saudável nas escolas Recentemente, foi aprovada uma lei estadual que proíbe as cantinas escolares de venderem alimentos não saudáveis
essencial que os temas sejam construídos por profissionais com conhecimento técnico da área, para que a informação chegue correta aos alunos e, inclusive, para que o nutricionista assessore os professores no intuito de que tenham acesso aos conhecimentos básicos e às ferramentas para aplicação do conteúdo. Nutricionistas, educadores e pedagogos devem se unir para a elaboração conjunta de um plano de trabalho, inclusive com metodologia de aplicação prática em sala de aula, que, neste momento, serve como prevenção. As instituições que atendem o público infantil,
aos estudantes. Temos dúvidas sobre a eficácia da lei
independentemente das leis, devem criar ações de mudança de
porque os alunos podem trazer esses alimentos de casa ou
comportamento junto à sua comunidade, envolvendo os pais,
comprar no bar da esquina. Será que essa medida resolverá
os alunos, os professores e todos os influenciadores junto às
as questões nutricionais das crianças?
crianças. Essas ações devem ser inseridas na grade curricular
Nádia Gonçalves, diretora da Escola Vinícius de Morais, de
da escola, como, por exemplo, festas e datas comemorativas
Porto Alegre
com temáticas “saudáveis”, oficinas de gastronomia e culinária
A
saudável, aulas teóricas e práticas sobre os alimentos, etc. escola também é espaço de promoção da saúde, pelo
A escolha de fazer um trabalho próprio ou a contratação
papel destacado na formação do cidadão, estimulando
de empresas terceirizadas deve sempre ser realizada com
a autonomia, o exercício dos direitos e dos deveres, o
o envolvimento do nutricionista, pois o profissional fará a
controle das condições de saúde e qualidade de vida, bem como
supervisão do cardápio oferecido às crianças, auxiliando
na obtenção de comportamentos e atitudes saudáveis.
no balanceamento dos nutrientes e na melhor escolha do
Considerando que comer é um ato normalmente
preparo, eliminando frituras ou alimentos extremamente
relacionado ao prazer, uma estratégia que tem se mostrado
gordurosos. Esse profissional também será responsável por
vencedora nesse convencimento é demonstrar, na prática,
capacitar os colaboradores dentro das escolas não somente
que alimentos saudáveis também podem ser saborosos.
na parte nutricional, como também para as boas práticas de
Desde a infância, cada indivíduo já tem suas preferências
segurança dos alimentos.
alimentares, cabendo à família e à escola incentivar que estas sejam as mais saudáveis possíveis. Recentemente, foi publicada a alteração na Lei Federal
capacit
13.666/2018, referente às Diretrizes e Bases da Educação Nutricional. Esta alteração estabelece nos currículos do Ensino Fundamental e Médio a inserção da educação alimentar e nutricional como tema transversal. Essa lei entra em vigor em novembro de 2018. Devemos sentir os reflexos dessa mudança a partir do ano de 2019, quando se iniciará gradativamente essa inclusão na grade curricular, culminando em um novo comportamento da comunidade escolar. É importante ressaltar que a lei não obriga que um nutricionista (profissional especializado em alimentação) ministre as disciplinas, mas consideramos que este é o profissional habilitado para a criação dos conteúdos
LILIAN FERNANDES GONZALES
educativos necessários para o atendimento à lei alterada. É
Nutricionista (CRN: 27.984)
EDUCAÇÃO EM REVISTA ///
32 /// DIVERSIDADE
Investigar para incluir
(UFRGS) e membro da equipe clínica do Centro Lydia Coriat
POR VÍVIAN GAMBA
acontecer amanhã depende do hoje”, afirma Raquel.
M
inferências já existiram sobre o processo de aprendizagem dele, explica a psicopedagoga mestre em Educação Especial Raquel Sulzbach. E, muito importante, fazer um recorte do momento atual do aluno, “porque na infância e na adolescência nada está decidido. O ontem está presente, mas o que vai A psicopedagoga, educadora especial e pesquisadora
ais do que ter a investigação como parte inerente
do Núcleo de Pesquisa em Educação, Psicanálise e Cultura
ao seu trabalho, o professor do Atendimento
(UFRGS) Elaine Milmann alerta que os critérios para o
Educacional Especializado (AEE) faz dela a
atendimento educacional especializado ainda estão muito
principal ferramenta para atender seus alunos. É a partir
presos a questões diagnósticas. “Nem todas as crianças com
da observação, da interlocução com os serviços da escola
síndrome de Down precisam de AEE, por exemplo. Assim
(SOE, SSE), do conhecimento da dinâmica de sala de aula
como o professor, a partir de determinadas situações em sala
em que esses alunos estão inseridos e da troca com os
de aula, pode identificar crianças (não enquadradas pela lei)
profissionais da escola que ele cria uma política inclusiva e
que poderiam se favorecer do atendimento especializado.”
ajuda a instituição a construir essa prática. O início do processo de investigação requer conhecer a
A lei precisa criar certas balizas, mas há escolas que conseguem transitar pelas diferenças dos alunos sem tanto
trajetória desse aluno, seus terapeutas, por onde passou, qual
determinismo no diagnóstico, e o trabalho flui de forma muito
a ideia de construção do conhecimento que ele traz e que
interessante, explica Elaine. Para desenvolver essa sistemática
33 de trabalho, no entanto, é fundamental que o profissional do AEE seja orgânico na equipe pedagógica, afirma a especialista. Ele deve participar das reuniões e ter espaços de troca com os serviços da escola e demais professores do aluno, ter voz para traçar as suas características e ajudá-lo a pensar nas
“Nem todas as crianças com síndrome de Down precisam de AEE, assim como outras crianças podem se favorecer desse atendimento”, Elaine Milmann
adequações curriculares. Tempo é fundamental. Tempo além daquele do
professor está tratando apenas do problema de aprendizagem,
atendimento em si. O tempo para investigar, para atender à
estamos tirando o caráter desse atendimento, que é de fazer
demanda do professor da sala de aula regular, visitar a sala
pontes”, afirma Eliane. Isto é, multiplicar as possibilidades do
daquele aluno se surgir essa necessidade, tempo para contar
trabalho em sala de aula e fora dela – junto aos funcionários,
para o professor que determinado aluno do Ensino Médio que
a crianças de outra turma... –, fazer pontes de acordo com as
não consegue responder a uma prova de Física pode se sair
necessidades de cada aluno. Para Raquel, o grande desafio para
muito bem numa avaliação oral, por exemplo, pontua Raquel.
as escolas pensarem, hoje, em relação ao AEE, é que os alunos
“Mas, para isso, ele precisa encontrar esse professor fora do
não são alunos do AEE, são alunos da escola. Sendo assim, a
espaço da sala de aula, ter momentos com a equipe pedagógica
cultura inclusiva não pertence a uma sala ou a um professor,
para conversar sobre aquele aluno. Não pode ser uma vez
pertence a uma proposta pedagógica.
por ano, tem que ser pelo menos quatro vezes, em ritmo de acompanhamento, senão não tem construção”, aponta. “Se pensamos no AEE como atendimento clínico, em que o
CONTEÚDO ONLINE DISPONÍVEL Confira mais dicas sobre como trabalhar com o aluno no AEE. educacaoemrevista.com.br
EDUCAÇÃO EM REVISTA ///
34 /// EDUCAÇÃO EM REVISTA PERGUNTA
Menos alunos no vestibular de 2019, e agora? O “sequestro” de concluintes do Ensino Médio, decorrente
Neste ano, uma parte das escolas particulares gaúchas não está oferecendo o terceiro ano do Ensino Médio em decorrência da ampliação do Ensino Fundamental de nove anos. A mudança impactará o vestibular no próximo ano em muitas instituições de ensino privado. Como as IES estão se preparando para essa possível queda no número de ingressantes?
variável seriamente considerada no planejamento estratégico
de reformas na Educação Básica, pode, de fato, transformar-
e na construção coletiva do Plano de Desenvolvimento
se em um problema nos próximos processos seletivos. Por
Institucional (PDI). O PDI 2017-2022 estabeleceu a missão de
outro lado, também pode ser uma oportunidade para que as
“Ser comunidade de aprendizagem eficaz e inovadora”, orientada
IES se ocupem de forma inovadora com a pergunta: de onde
pela visão de “Consolidar-se até 2022 como instituição de
vêm e onde estão os estudantes universitários?
excelência acadêmica e administrativa”. Aperfeiçoar processos
Uma primeira resposta possível seria: eles não vêm, pois
de relacionamento, multiplicar alternativas de crédito estudantil,
já estão conosco. Nesse sentido, a Ulbra tem estabelecido
escapar do foco quase exclusivo no ensino de graduação e
como temas centrais a melhoria no relacionamento com
ampliar o conceito do portfólio de produtos e serviços são
os estudantes, com especial atenção aos dos primeiros
algumas das medidas para fazer frente ao “sequestro”. Nossa
semestres e o encantamento do aluno, vinculado a um
missão e visão estão a demandar uma profunda reestruturação
conjunto de iniciativas articulado sob o conceito de gestão
pedagógica, que, necessariamente, deve ser empreendida
preditiva. Por parte das IES, há, por vezes, um dispêndio
por todos aqueles que fazem a Universidade. Esta tem sido
desproporcional de tempo, recursos humanos e financeiros
norteada por nove tópicos: aprendizagem por competência,
tendo em vista a captação de novos alunos. Fazemos isso
autogestão da aprendizagem, avaliação emancipatória da
com frequência, mas para escutar as expectativas de quem já
aprendizagem, aproveitamento de estudos, acessibilidade
está matriculado e nos processos voltados a sua fidelização. Outra resposta seria: eles poderão vir, talvez, até mesmo
universal, curricularização da extensão, educação continuada, estruturação curricular por eixos e internacionalização.
em maior número, mas não do Ensino Médio. Um estudo baseado em projeções IBGE/Geofusion e dados do Censo do Ensino Superior MEC/INEP (2016) aponta para cidades com grande potencial de alunos. Citam-se Porto Alegre e cidades adjacentes, onde há 250 mil habitantes, com idade entre 18 a 30 anos e educação secundária completa, mas que não cursam Ensino Superior. O mesmo estudo aponta que diversas cidades do RS têm milhares de pessoas com certificado de Ensino Médio e entre R$ 450,00 e R$ 650,00 mensais disponíveis para investir em Educação Superior. Se as IES não lhes comunicarem de modo efetivo que o dinheiro investido na educação formal agrega em média 60% a sua renda, ao contrário de uma prestação de motocicleta, carro usado ou telefone celular, quem, no Brasil, irá fazê-lo? Por fim, mais uma resposta: o “sequestro” de candidatos não impactará de modo sensível a Ulbra, pois esta é uma
RICARDO WILLY RIETH Reitor da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra)
35 COMPARTILHAR /// 35
DOM FELICIANO INVESTE EM INICIAÇÃO CIENTÍFICA O Colégio Dom Feliciano, de Gravataí, vem investindo mais, a cada ano, na Iniciação Científica. Um exemplo disso ocorreu no mês de junho, na II Mostra de Ciência & Inovação. Destinada à divulgação dos projetos de iniciação científica desenvolvidos em sala de aula, a Mostra contou com 155 trabalhos de diferentes áreas do conhecimento, com foco na inovação e na intervenção social. Alunos da Educação Infantil aos Cursos Profissionalizantes mostraram que estão construindo conhecimentos capazes de mudar o mundo. Em cerimônia solene, foram premiados os 30 trabalhos que se destacaram, os quais representarão o Colégio em feiras externas.
MEIO AMBIENTE É TEMA DE FEIRA CIENTÍFICA NO CONCÓRDIA Fundamentado na campanha da ONU Meio Ambiente intitulada ‘O fim do relacionamento com os plásticos descartáveis’, o tema central da Feira Regional de Iniciação Científica do Colégio Luterano Concórdia (Feicicc) de São Leopoldo foi ‘Plástico: de Mocinho a Vilão’. O evento ocorreu nos dias 18 e 19 de setembro, com o objetivo de estimular a pesquisa entre os alunos sobre o assunto. A Feicicc exibiu projetos dos alunos do Ensino
A arte presente no Colégio Espírito Santo
escolas a partir do 9º ano. Os trabalhos mais destacados
O Colégio Espírito Santo, de Canoas, incentiva o
externas, como a Mostratec e a Cientec.
Médio e de Cursos Técnicos; também participaram outras receberam medalhas e credenciamento para feiras
gosto pela arte nos estudantes. Muitas atividades são realizadas ao longo de cada trimestre e a culminância se dá no Vernissage, no qual cada nível apresenta seus trabalhos por meio de técnicas de pintura, colagem, recorte, desenho, construção de objeto, usando a criatividade. O evento é mais uma oportunidade de aprendizado para os alunos, pois é possível conhecer vários artistas que fizeram e fazem parte da história da humanidade a partir das obras realizadas pelos alunos.
EDUCAÇÃO EM REVISTA ///
36 /// COMPARTILHAR
ALUNOS DO MADRE BÁRBARA ESTUDAM OS SUPER-HERÓIS As crianças do nível 2A (2 a 3 anos) do Colégio Madre Bárbara, de Lajeado, participaram do projeto ‘Patrulha 2ª’, proposto a partir do interesse das crianças em estudar mais sobre os super-heróis. Os alunos
‘Patrulha 2A em: O sorriso das bailarinas’, uma história
entraram no mundo do faz de conta criando seus próprios
criada pela turma em que cada um pode interpretar o
super-heróis e se transformaram neles ao utilizar capas
seu personagem na frente das câmeras. O resultado foi
e máscaras produzidas com a ajuda das famílias. Para
conferido pelas famílias em uma noite de cinema com
completar a atividade, os estudantes encenaram o filme
direito a pipoca.
JULIANA MATOS
COLÉGIO FRANCISCANO SÃO JOSÉ COMPLETA 95 ANOS Para marcar seus 95 anos, o Colégio Fransciscano São José, de Erechim, realizou a celebração de Ação de Graças reunindo estudantes, ex-estudantes e seus familiares, Irmãs, direção, professores e colaboradores da instituição. A programação também incluiu uma Missa Crioula, protocolo de homenagens, com destaque para Comenda entregue pelo Poder Legislativo Erechinense e almoço especial alusivo à data. A diretora, Irmã Silvana Arboite, reforça que a razão de ser da instituição é promover crianças, adolescentes
Marista Rosário promove ações de prevenção ao bullying O Colégio Marista Rosário, de Porto Alegre, realiza diferentes projetos sobre bullying. O estudante, quando entra na instituição, participa do ‘Projeto de Acolhida e Adaptação’. Educadores trazem para o debate questões presentes nas relações diárias no ‘Projeto Convivendo’. As ‘Assembleias de Turma’ têm metodologia para trabalhar a prevenção ao bullying e ao cyberbullying. Na segunda edição do ‘Conselho de Líderes Rosarienses’ (Cler), o tema também entrou em debate. A formação mais recente foi realizada durante a entrega de avaliações do 1º trimestre para as famílias dos Anos Finais EF, que participaram do bate-papo ‘Mídia, condutas e adolescência: reflexões necessárias’, com a advogada Cláudia Bressler.
e jovens a fim de se tornarem adultos capazes de trilhar sua vida e seu futuro com êxito, compromisso social e fortificados no amor ao próximo e a Deus.
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TECNOLOGIA E SUSTENTABILIDADE EM PAUTA NO LA SALLE CAXIAS Os alunos do 6º ano do Colégio La Salle Caxias, de Caxias do Sul, desenvolveram um projeto sobre o lixo eletrônico. A iniciativa teve como objetivo informar e despertar a conscientização dos estudantes sobre a necessidade do reaproveitamento e do descarte adequado desse material e reconhecer os impactos ambientais gerados a partir do encaminhamento inadequado. Em um espaço maker, os alunos construíram protótipos de equipamentos com lixo eletrônico e, em parceria com a empresa AMBE, propuseram, na comunidade educativa, um momento de coleta do material para desmanufatura.
/// Alunos exibem protótipos construídos com lixo eletrônico
ALBERTO TORRES PROMOVE PALESTRAS PARA OS PAIS O Colégio Evangélico Alberto Torres – CEAT, de Lajeado, promove, anualmente, os Seminários de Pais. O primeiro, destinado a pais e estudantes do Ensino Médio, abordou as habilidades e as competências do Enem e foi ministrado pelo diretor da Maestro Assessoria Educacional, Douglas Dantas. No segundo evento, o tema foi como os pais influenciam no desenvolvimento dos filhos, abordado pelo pesquisador da
MARISTA CHAMPAGNAT INVESTE EM GESTÃO DE RISCOS
Pedagogia Florença Roger Hansen. O último Seminário foi para o Ensino Fundamental, com a participação da advogada especialista em Direito Digital Patricia Peck, que falou sobre como proteger a família e os filhos na internet. JOSIANE MARTINI
/// Projeto promoverá a valorização da vida
O Colégio Marista Champagnat, de Porto Alegre, lançou o projeto ‘Começa Comigo’, um conjunto de atividades que resultarão em um plano de evacuação escolar, criando um ambiente mais seguro e uma cultura de prevenção e resiliência. A iniciativa é fruto de uma parceria da escola com a startup Pedra Circular e o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc). Situada no Tecnopuc, a Pedra Circular atua reduzindo a vulnerabilidade ambiental a partir da mudança pessoal. O cronograma de ações do ‘Começa Comigo’ contemplará atividades com educadores, estudantes e famílias do Colégio, com início em agosto deste ano e término em julho de 2019.
/// Douglas Dantas palestrou sobre as competências do Enem
EDUCAÇÃO EM REVISTA ///
38 /// COMPARTILHAR
PEQUENOS ESCRITORES DO RUI: UMA “RECEITA” QUE DEU CERTO Em 2017, as turmas do 3º ano do Ensino Fundamental do Colégio Sinodal Rui Barbosa, de Carazinho, foram desafiadas a produzir um livro. A proposta deu tão certo que, neste ano, as turmas, orientadas pelas professoras Rafaela Vargas Graeff e Solange Rupp Staffen, propuseram-se a encarar novamente esse desafio. ‘Pequenos Escritores do Rui – Volume 2’ reúne receitas culinárias, receitas poéticas e ilustrações de 47 alunos. A obra, desenvolvida em parceria com a editora Os Dez Melhores, foi lançada na noite do dia 2 de agosto com
/// Alunos escritores na noite do lançamento do livro
degustação das receitas contidas no livro, que foram preparadas pelas famílias especialmente para o evento.
MARISTA SANTA MARIA INVESTE EM FORMAÇÃO CONTINUADA No Colégio Marista Santa Maria, de Santa Maria, são realizadas diferentes atividades de formação continuada com profissionais de todos os níveis de ensino. A iniciativa tem como objetivo promover mudanças, fazendo as reconstruções pedagógicas necessárias para responder às exigências que a educação traz. O Plano de Formação contempla cerca de 20 temáticas, entre elas: Metodologias Ativas, Reestruturação Curricular, Inclusão Escolar, Cultura Juvenis, Avaliação por Área do Conhecimento, Diretrizes da Educação Infantil e
JULIANA MATOS
Tutoria como Prática da Autorregulação da Aprendizagem.
/// Professor Leandro Boeira (D) com um dos conferencistas
PROFESSOR DO SAGRADO APRESENTA TRABALHO NO MIT Um projeto interdisciplinar de Matemática e Literatura, desenvolvido pelos professores Leandro Boeira e Fabiana Fellini do Colégio Sagrado Coração de Jesus de Garibaldi resultou num pôster apresentado pelo professor Leandro na Scratch Conference 2018. O evento ocorreu em julho, no MediaLab do MIT (Massachussets Institute of Technology), na cidade de Cambridge, nos EUA. O trabalho, feito com o nono ano do Ensino Fundamental, consiste na criação de histórias animadas com auxílio da linguagem de programação Scratch baseadas em
/// Programa contou com o psicoterapeuta Leo Fraiman
contos de Monteiro Lobato e Simões Lopes Neto.
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SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS FAZ PARCERIA COM ENSINO SUPERIOR O ‘Projeto #HORADELIDERAR’, composto por alunos do Ensino Médio do Colégio Sagrado Coração de Jesus, de Bento Gonçalves, tem como objetivo fomentar o interesse pela investigação científica no Ensino Médio a partir da produção de pesquisas. Para enriquecer a proposta, a instituição firmou parceria com a Unisinos e a Univates para que os alunos possam aprofundar suas pesquisas no ambiente acadêmico. As atividades ocorrem no contraturno escolar. Um exemplo da proposta ocorre na Univates, onde seis estudantes atuam como pesquisadores voluntários em uma pesquisa que envolve análise de água.
ALUNOS DO SANTA CLARA DISTRIBUEM ABRAÇOS Estimulada pela história ‘Douglas quer um abraço’, a turma da Educação Infantil Nível II do Centro de Educação IDEAU – Colégio Santa Clara, de Getúlio Vargas, participou de uma dinâmica na qual distribuiu abraços na escola. Para a professora Luana Carla Toazza, esse momento foi de muito significado. “Vivemos em um mundo onde a correria às vezes nos impede de parar e observar momentos tão simples, que nos fazem tão bem. O abraço ativa nosso corpo, libera hormônios importantes, como a oxitocina e a endorfina, substâncias responsáveis por trazer uma sensação de bem-estar e felicidade”, afirma.
Jovens compartilham conhecimentos no Lourdes No Colégio Nossa Senhora de Lourdes, de Farroupilha, foram abertos grupos de estudos da disciplina de Matemática durante os meses de agosto e setembro, direcionados para alunos do 6º ano até a 2ª série do Ensino Médio. A iniciativa trouxe uma novidade: os estudantes que participam dos grupos são auxiliados por outros alunos. Dessa forma, os saberes são divididos, agregando valor aos estudos tanto de quem auxilia quanto de quem é auxiliado. Em razão do sucesso da experiência, a escola planeja repetir a ação, buscando focar também em outros componentes curriculares.
EDUCAÇÃO EM REVISTA ///
40 /// COMPARTILHAR
METODOLOGIA ATIVA NO ENSINO DE MATEMÁTICA O Colégio Scalabriniano Nossa Senhora Medianeira, de Bento Gonçalves, apostou em um projeto pioneiro no Estado, o ‘Pense Matemática’. É um programa multiplataforma que visa contextualizar a disciplina partindo de situações do cotidiano e oferecendo atividades que trazem os conteúdos de modo lúdico e próximo da realidade. Cada dinâmica é preparada para ser aplicada no Laboratório de Matemática, construído especialmente para acolher o projeto. As atividades aplicam uma metodologia ativa, em que o aluno é desafiado a construir suas habilidades assumindo o papel de protagonista na sua aprendizagem por meio de propostas pedagógicas mediadas pelo educador e coordenador de Matemática do colégio.
MINICONTOS PELO TWITTER NO SANTA TERESINHA No início do segundo semestre, o Colégio Santa Teresinha, de Campo Bom, começou uma nova proposta de incentivo à escrita criativa. Após um aprofundamento teórico sobre o tema, os estudantes de Língua Portuguesa dos anos finais do Ensino Fundamental começaram a produzir minicontos. Em decorrência das especificidades do gênero, o Twitter foi adotado enquanto ferramenta tecnológica de criação e divulgação. A limitação de caracteres proposta pela rede social auxilia no processo de desenvolvimento da capacidade de síntese dos
Colégio Santa Teresa realiza primeiro Torneio de Judô O Colégio Santa Teresa de Jesus, de Porto Alegre, recebeu, no dia 5 de agosto, os atletas que participaram 1º Torneio de Judô. Escolas de judô, clubes e entidades fizeram parte do evento, que contou também com a presença da ex-aluna do Colégio Isabela Meneguel, atleta da Sogipa, da Seleção Gaúcha e atual campeã do Meeting Brasileiro. A escola oferece a modalidade como uma de suas atividades extracurriculares. As categorias que participaram do torneiro foram do Pré-Mirim (a partir de 6 anos) até o Sub 15 (até 14 anos). O Santa Teresa ficou com o 2º lugar geral na competição.
estudantes em meio às demais produções textuais. A iniciativa pode ser encontrada na rede social pelo endereço @minicontosT.
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ALUNOS DE SAPUCAIA VIVENCIAM VALORES Inspiradas em uma educação baseada nos valores para a vida, as turmas do Nível II da Educação Infantil, da Escola Fátima, de Sapucaia do Sul, vivenciaram o sentido do altruísmo e da empatia a partir do projeto ‘O super-humano que vive em mim’. No projeto interdisciplinar, organizado pelo professor de Música, os alunos criaram uma paródia com o tema “super-humanos” e realizaram uma visita a uma instituição carente. Os estudantes das turmas do Nível II vestiram-se como super-heróis para uma troca de experiência, com a apresentação da música criada por eles e com a partilha de um delicioso lanche.
/// Alunos “super-heróis” visitaram instituição carente
PROJETO DE MEDITAÇÃO CAPACITA PROFESSORES NA EDUCAR-SE Entre as principais atividades desenvolvidas pela Escola Educar-se, de Lajeado, uma delas chama a atenção pela proposta inédita para o corpo docente. Realizado de maio a julho, o ‘Curso e Vivência em Meditação’ capacitou os professores para conduzirem práticas de meditação em sala de aula. Os encontros foram realizados uma vez por semana, na própria escola, envolvendo 15 profissionais de diferentes /// Ivan Renner comemora a conquista
SINODAL CONQUISTA SELO DE ÓTIMO LUGAR PARA TRABALHAR
níveis de ensino. Nas aulas, foram oferecidas instruções básicas para o aprendizado da técnica da meditação, baseadas nos ensinamentos do budismo e da yoga.
O Colégio Sinodal, que possui unidades em São Leopoldo e Portão, conquistou o selo da consultoria internacional Great Place to Work (Ótimo lugar para trabalhar). É a primeira instituição de Educação Básica do Estado a receber a certificação, concebida por meio de pesquisas confidenciais e individuais realizadas com funcionários da empresa. Quando o índice de satisfação apurado na ação é de 70% ou superior, a empresa ganha o selo. “Nossa ideia é sempre avançarmos, evoluirmos, não apenas para nossos alunos, mas para a nossa equipe profissional, já que isso se reflete também nos serviços
/// Docentes participaram de capacitação durante três meses
de educação”, diz o diretor-geral do Sinodal, Ivan Renner.
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42 /// COMPARTILHAR
EDUCADORES DA ALEGRIA NO NOSSA SENHORA DO BRASIL Inspirados pelo tema da Campanha da Fraternidade de 2018, os profissionais da Escola Nossa Senhora do Brasil, de Porto Alegre, criaram o projeto ‘Educadores da Alegria’. A iniciativa tem o objetivo de visitar mensalmente instituições como hospitais e casas geriátricas para promover doações e momentos de troca de afeto. A primeira ação ocorreu no dia 25 de junho, em benefício do Instituto do Câncer Infantil (ICI). Os estudantes, com autorização prévia dos seus responsáveis, doaram cabelos para confecção de perucas e lenços. A próxima /// Tuani Kersting (D) é a coordenadora do grupo
ação ocorrerá em benefício do Hemocentro de Porto Alegre.
NOSSA SENHORA DA GLÓRIA ENSINA TRÂNSITO NA PRÁTICA Respeito, cortesia, cooperação, solidariedade e responsabilidade são importantes no trânsito, e os alunos do Instituto de Educação Franciscana Nossa Senhora da Glória, de Carazinho, aprendem isso desde cedo. Os pequenos do Nível II ‘B’, orientados pela professora Ana Regina Paludo, percorreram os arredores da escola para aprender na prática sobre a identificação das placas, os hábitos de condutores e pedestres. Por meio dos exemplos, os estudantes refletiram sobre a importância do respeito às regras coletivas de trânsito.
/// Diretor do CEAP, Gustavo Malschitzky, na abertura do evento
XXXII CONGRESSO DA REDE SINODAL FOI REALIZADO EM IJUÍ De 17 a 19 de julho, o Colégio Evangélico Augusto Pestana (CEAP), de Ijuí, sediou a XXXII edição do Congresso da Rede Sinodal. O evento, com o tema ‘Escola Luterana em Rede(s) – a caminho dos próximos 500’, fazendo referência aos 500 anos da Reforma Luterana, completados em 2017, reuniu mais de 600 profissionais da educação e contou com quatro painéis temáticos e 22 minicursos, encontros extraoficiais e confraternizações. Participaram dessa edição o professor da USP José Moran e o diretor de Graduação da Unisinos, Gustavo Borba. /// Alunos foram às ruas aprender sobre o trânsito
43
CLAUCIA FERREIRA/FACCAT
ESTUDOS DE LÍNGUA PORTUGUESA SÃO DESTAQUE NA FACCAT As Faculdades Integradas de Taquara (Faccat), localizadas na cidade de Taquara, oferecem uma oportunidade para os acadêmicos e para pessoas da comunidade aperfeiçoarem seus conhecimentos na Língua Portuguesa no projeto ‘Estudos Orientados’. A iniciativa auxilia os participantes a compreenderem melhor os conteúdos específicos das disciplinas do curso de Letras, além de abordar a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). A dinâmica oportuniza ao aluno o desenvolvimento de suas habilidades de compreensão e produção escrita e também o desenvolvimento de sua expressão oral. O participante recebe certificação de 20 horas no final do semestre.
Escola Projeto completa 30 anos com comemorações Para comemorar o aniversário de 30 anos, as turmas da Educação Infantil e Fundamental 1 da Escola Projeto, de Porto Alegre, organizaram o lançamento do livro ‘Escola Projeto 30 anos: livro, música e arte fazendo parte’, escrito por Roger Lerina. A obra conta a história da escola, especialmente o trabalho realizado nas áreas de Literatura, Música, Artes Visuais e Teatro nas aulas regulares e projetos consagrados com artistas convidados. O livro traz depoimentos de pais, alunos e artistas. A instituição também está organizando um show no Auditório Araújo
ACADÊMICAS DA SETREM CRIAM CARTILHAS SOBRE ADOLESCÊNCIA
Viana, dia 16 de dezembro, com todos os músicos estudados no projeto ‘Encontro com o Compositor’.
Acadêmicas do curso superior de Psicologia da Setrem, de Três de Maio, criaram cartilhas informativas sobre assuntos relevantes da adolescência. Foram abordados temas como adolescência e a lei, sexualidade, drogas, imagem corporal e os transtornos alimentares, mídia e bullying. A atividade foi desenvolvida na disciplina de Adolescência, Desenvolvimento e Cultura, ministrada pela docente Pâmela Vione Morin. O objetivo foi instigar as acadêmicas na pesquisa e na produção de um material que desenvolvesse as habilidades de escrita, criatividade e reflexão. Após serem apresentadas e discutidas na disciplina, as cartilhas foram impressas e estão disponíveis no Serviço-Escola de Psicologia Setrem.
EDUCAÇÃO EM REVISTA ///
44 /// PESQUISA
Orientador educacional e a relação família-escola POR ROSANITA MOSCHINI VARGAS *
De acordo com Vasconcellos (2007, p. 76), orientação “vem do latim oriens, particípio presente do verbo oriri, levantar-se, ter sua origem (origo) de...; esta raiz etimológica é muito sugestiva: diz respeito tanto ao começo quanto aos princípios [...] buscar a origem é procurar a gênese e o caminho [...]”. Nesse sentido, o orientador educacional é aquele que busca, que dá sentido, é um articulador entre os subsistemas que permeiam a organização da escola. No que tange a este estudo, o orientador educacional é, também, segundo Almeida e Soares (2010), aquele que busca efetivar suas ações na perspectiva inclusiva e seus desafios. Assim, as ações desse profissional devem ser direcionadas para a busca, no conjunto da instituição (escola, família e
RESUMO
comunidade), visando garantir o processo de aprendizagem
O presente artigo aborda a temática da relação família-
quanto aos recursos físicos, materiais e humanos. Ao orientador
escola, tendo como objetivo refletir a respeito dos processos
educacional também cabe o acompanhamento sistemático do
inclusivos, da função do orientador educacional como um
processo de ensino-aprendizagem dos alunos com NEE, bem
elemento fundamental para essa relação e seu importante
como sua inclusão na turma e na escola, envolvendo suas
papel para a promoção do envolvimento parental na inclusão
famílias enquanto parceiras do processo de escolarização.
de pessoas com necessidades educacionais especiais (NEE).
Dessa forma, entende-se que se faz primordial o conhecimento, por parte do orientador educacional, sobre a
Palavras-chave: Orientação Educacional. Família. Escola.
relação família-escola, os processos inclusivos, bem como o
Processos Inclusivos.
conhecimento das características dos familiares dos alunos
45 com NEE, uma vez que é uma condição que afeta não apenas
possibilidades dessa relação, recorremos aos estudos de
a pessoa com deficiência, mas também sua família.
autores que têm se dedicado a desenvolver modelos que
Considera-se ainda a necessidade desse profissional de
auxiliem na compreensão desse tema.
conhecer e aprofundar-se no conhecimento sobre a parceria
O modelo teórico de Joyce Epstein (1987), ‘Esferas
entre a família e a escola, buscando, a partir da socialização
Sobrepostas’, vem ganhando relevo na literatura;retrata a
do saber sobre os alunos, a construção de práticas de
relação escola-família englobando pontos que exemplificam
envolvimento parental, na relação família-escola e na
diferentes maneiras de envolver os pais com a escola e a
inclusão escolar com vistas a atender às demandas próprias
aprendizagem, acrescentando a contribuição de cada parte
dos processos inclusivos.
dessa relação. Esse modelo inclui cinco tipos que resumem
Atualmente, as relações entre família e escola são
várias maneiras de envolver os pais com a escola: 1) Refere-
objeto de investigação em diversos estudos que remetem
se às obrigações básicas dos pais, suas responsabilidades
às possibilidades de integração entre esses dois sistemas
em relação aos cuidados, como saúde, segurança e bem-
como contextos de desenvolvimento fundamentais para a
estar ; 2) Aborda as obrigações básicas da escola quanto
trajetória de vida da pessoa.
às responsabilidades em enviar informações sobre regras,
A relação família-escola é abordada por Oliveira (2002)
normas, funcionamento, programas e métodos de ensino,
a partir dos vieses sociológico e psicológico. Dessa forma, o
além de comunicar sobre o progresso das crianças e demais
autor pressupõe que as escolas têm por objetivo também
informações relevantes; 3) Aborda o envolvimento dos pais
educar as famílias, fornecendo informações sobre o
na escola referindo-se ao voluntarismo em ajudar professores,
desenvolvimento e sobre a educação infantil e o atendimento
incluindo a equipe diretiva e também na escola em geral (sala
psicológico (SILVEIRA; WAGNER, 2009). Tais ideias
de aula, reuniões, eventos, etc.); 4) Contempla o envolvimento
ressaltam o caráter curativo de um sistema sobre o outro.
dos pais em atividades realizadas em casa que auxiliam
Polonia e Dessen (2005, 2007) apontam, em seus estudos,
na aprendizagem e no rendimento escolar ; 5) Apresenta o
a necessidade de se compreenderem as inter-relações entre
envolvimento dos pais no governo da escola quanto à inclusão
escola-família visando a uma integração mais efetiva entre os
destes frente à tomada de decisões em geral, Associações
sistemas, respeitando peculiaridades de cada segmento.
de Pais, Colegiado, Conselhos, bem como na intervenção
Já os estudos de Castro e Regattieri (2009) elegem como prioridade a recuperação da singularidade do aluno visto no seu contexto mais amplo. Em seus estudos, elencam
junto a Secretarias e Ministérios, incluindo movimentos da comunidade no que tange ao trabalho da escola e das crianças. Nesse sentido, a autora acrescenta ainda um sexto
um conjunto de pesquisas nacionais sobre o tema, as quais
tipo, que aborda a colaboração e as trocas entre escolas
destacam a importância do conhecimento e da compreensão
e organizações das comunidades. Este se refere aos
sobre as características dos alunos para a adequação das
programas escolares que permitem aos pais, às crianças e
estratégicas didáticas, visando ao aumento da eficácia do
aos profissionais o acesso aos serviços prestados por aquelas
trabalho pedagógico. Além disso, a participação das famílias
instituições que estão direta/indiretamente relacionadas
deve ser vista como parte constituinte do trabalho e do
ao bem-estar das crianças, sua segurança, saúde e
planejamento educacional.
oportunidades futuras (EPSTEIN; DAUBER, 1997).
Refletir acerca do contexto é fundamental quando se trata de relação família-escola. Assim, para entender as
Buscando compreender o envolvimento parental com a escola, encontramos o Modelo das Pirâmides Invertidas (HORNBY, 1990). Uma das pirâmides apresenta a hierarquia
“O orientador educacional é aquele que busca, que dá sentido, é um articulador entre os subsistemas que permeiam a organização da escola”
das necessidades dos pais; a outra, a hierarquia de suas habilidades e possíveis contribuições. As duas pirâmides apresentam níveis de necessidades e habilidades dos pais. O modelo mostra a heterogeneidade dos pais em relação às necessidades e às habilidades.
EDUCAÇÃO EM REVISTA ///
46 /// PESQUISA
“Os modelos de envolvimento parental parecem contribuir frente às possibilidades da relação entre famíliaescola no contexto da inclusão escolar”
presentes entre os professores e membros da escola, já que estes são objeto de interesse dos pais de crianças com NEE. Em síntese, os modelos de envolvimento parental parecem contribuir frente às possibilidades da relação entre famíliaescola no contexto da inclusão escolar de pessoas com NEE. Assim, é possível compreender que o envolvimento
Há ainda um terceiro modelo (BHERING, 2003), no qual
dos pais e dos professores/escola como parceiros frente à
são destacadas palavras-chave para a parceria entre pais e
educação das crianças com desenvolvimento típico ou NEE
escola, como comunicação, envolvimento e ajuda. Com isso,
é fundamental para garantir a adaptação e a aprendizagem.
criou-se um modelo de transportes no qual, metaforicamente,
O que separa as funções de cada um desses sistemas –
exemplifica-se, a partir de ilhas e navios, a dinâmica de
parental e escolar – são questões acerca do que compete e
trocas e negociações entre pais e escola. Nesse sistema, a
do que é semelhante a cada um deles.
comunicação é vista como um instrumento que viabiliza
Considera-se ainda que, no que se refere à gestão, o
a relação família-escola, atuando como um facilitador e
orientador educacional seja um importante elemento no
promotor dessa relação, ilustrando sua operacionalização,
processo de envolvimento parental, por ter como referência
enquanto as esferas fornecem o modelo teórico no qual se
na sua função a relação professor/ aluno, família/escola, no
baseia a relação escola-pais.
processo de aprendizagem, nas relações entre as instituições
Esses modelos nos auxiliam para compreendermos as
implicadas na relação escola-família, bem como nos
possibilidades de interação entre esses sistemas. Porém, eles
processos inclusivos escolares, no que tange à permanência
propõem entendimentos que não contemplam a presença de
e à aprendizagem dos alunos com NEE.
uma condição especial como as necessidades educacionais
Conclui-se que é importante a revisão dos modelos
especiais (NEE). Assim, questiona-se se essas propostas
teóricos sobre envolvimento parental com a escola, a
poderiam ser úteis na compreensão das relações entre pais
fim de estender a compreensão desse fenômeno aos
de filhos com NEE, por exemplo. Quando se trata desses alunos, encontramos nos estudos
processos inclusivos. Para tanto, parece ser necessário contemplar fatores que ocorrem, especificamente, com
de Laluvein (2003, 2010) pesquisas sobre as relações entre
famílias que possuem filho com NEE, como o estresse e
famílias e educadores de pessoas com NEE. A autora aponta
suas repercussões e comportamentos de preconceito em
a escassa literatura acadêmica internacional acerca do tema
ambientes sociais.
e destaca a dualidade que há entre pais e escola na busca por atender as necessidades particulares das crianças com NEE, que, por se tomarem, de posições diferentes acabam por oferecer diferentes perspectivas. Destaca, também, uma particularidade dos pais de crianças com NEE, que devido às características especiais dos filhos, acabam por buscar conhecimento amplo em relação à síndrome, ao transtorno, à limitação, tornando-se experts e obtendo uma gama de informações “parentais”, muitas vezes confrontando os conhecimentos “profissionais”. Portanto, parece importante considerar que a comunicação entre a família de pessoas com NEE e a escola merece uma atenção maior nos modelos de envolvimento parental. Uma das implicações possíveis é que conhecimentos específicos sobre a condição do aluno com deficiência devem estar
1 A Incluem-se nesse primeiro as condições básicas para o processo de desenvolvimento, ingresso na escola e as condições propícias para a aprendizagem em casa. 2 Referindo-se à ajuda que os pais dão às crianças em casa, seja pela iniciativa dos pais, dos professores ou das crianças em atividades como dever de casa, visitas culturais, pesquisas, etc.
*Mestra em Educação (UFSM); especialista em Educação Jesuítica (UNISINOS); especialista em Orientação Educacional (UNINTER); especialista em Infância e Família (UFRGS); especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional (UNILASALLE); orientadora educacional no Colégio Anchieta, de Porto Alegre; vice-presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia – Seção RS – Gestão 2017-2019 (ABPpRS).
CONTEÚDO ONLINE DISPONÍVEL Confira as referências bibliográficas do artigo e material complementar sobre o assunto.
POR DENTRO DA LEI /// 47
Os impactos do e-Social no ensino privado
O
Muitas práticas personalizadas e customizadas que visam contemplar casos específicos nas instituições poderão inviabilizar o atendimento ao e-Social. Os dados deverão ser informados por meio dos formatos definidos em layouts que objetivam dar dinâmica e precisão ao acesso das informações dos trabalhadores, agilizando, dessa forma, os serviços do Imposto de Renda, do FGTS, da Previdência Social e do Seguro-Desemprego. Atos praticados em algumas instituições de Educação Básica estão incompatíveis com o e-Social. Evidencia-se,
e-Social, Sistema de Escrituração Digital das
nesse cenário, a duração do período de uma hora-aula (que
Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas, foi
se difere da duração de uma hora-relógio), a contratação de
regulamentado por intermédio da Resolução nº 1 de
sistemas adequados de folha de pagamento, a contratação
20/02/2015, editada conjuntamente por MTE, MPS, INSS, CEF e
de um mesmo professor para atuar em níveis diferentes e
RFB, e já é uma realidade nas instituições de ensino privado. Uma
com valores respectivamente diferenciados de hora-aula
vez definidos os calendários das fases de implantação, agora os
para cada nível de atuação, a contratação de um mesmo
estabelecimentos devem ficar atentos às novas exigências.
profissional para mais de uma função com a forma de
A complexidade e a exatidão dos dados que deverão ser transmitidos para a plataforma do e-Social exigem uma
remuneração diferenciada (professor: horista e coordenador: mensalista), intervalos entre a jornada de horas-aula e a
atenção especial dos empregadores, uma vez que o não
jornada de horas-reuniões em um mesmo dia e, ainda, os
envio das informações corretamente, dentro dos prazos
casos de horas excedentes que não se caracterizam como
estabelecidos, acarretará multas e impedimentos legais.
sendo horas extras (passeios, festividades, etc.).
Os departamentos pessoais e de recursos humanos,
O e-Social gera a necessidade de as instituições de
setores responsáveis pelos procedimentos de admissões,
ensino promoverem revisões e adaptações em alguns dos
demissões e entrega de documentação, entre outros, estão
principais métodos adotados nos controles dos registros
enfrentando grandes desafios nos registros de dados para a
dos trabalhadores, bem como de investimentos em software,
compatibilização dos seus processos às regras do e-Social.
estrutura de informática, capacitação e treinamento de pessoal.
Portanto, faz-se necessária uma atualização no tratamento dos registros dos trabalhadores. Em algumas instituições, os procedimentos adotados continuam sem eliminar as práticas anteriores a esta nova realidade, como, por exemplo, as relacionadas a atrasos das admissões, demissões, alterações cadastrais, alterações de horário, atestados, etc. A adoção de sistemas de folha de pagamento incompatíveis com o e-Social, ou a falta de estrutura de informática ou, ainda, a ausência de capacitação e atualização dos colaboradores envolvidos na elaboração da folha de pagamento culminarão em erros e consequentes penalidades pelo não atendimento das normas do e-Social.
O SINEPE/RS está oferecendo um Grupo de Estudos sobre o assunto aos associados. Acompanhe no portal www.sinepe-rs.org.br quando será o próximo encontro e participe.
ROBERTO MEDEIROS Profissional da contabilidade, diretor da Patrimonial Assessoria Contábil e integrante da Comissão de Estudos do Terceiro Setor do Conselho Regional de Contabilidade do RS.
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