Inesperado amor

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ESCOLA MUNICIPAL MANOEL HENRIQUE DA SILVA BARRADAS

MARILENE GARCIA DE SOUZA

Inesperado

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AMOR


Comissão Organizadora: Célia Oliveira de Jesus Sacramento Vice Prefeitura José Antonio Nascimento Fundação Gregório de Matos (FGM) Lourdes de Fátima Santos Pinto Plano Municipal do Livro, da Leitura e da Biblioteca de Salvador (PMLLB) Roseli dos Santos Andrade Araújo Secretaria Municipal de Educação (SMED) Solange Sousa do Espírito Santo Biblioteca Comunitária

Comissão Julgadora: Antonio Alberto da Silva Monteiro de Freitas Universidade Católica do Salvador (UCSAL) Antonio Luiz M. Andrade Fundação Gregório de Matos (FGM) Daniel Dourado Nolasco Universidade Federal da Bahia (UFBA) Elton Linton Oliveira Magalhães Universidade Católica do Salvador (UCSAL) Jones Oliveira Mota Universidade Federal da Bahia (UFBA) Liliane Vasconcelos de Jesus Universidade Católica do Salvador (UCSAL) Lourdes de Fátima Santos Pinto Plano Municipal do Livro, da Leitura e da Biblioteca de Salvador (PMLLB) Maria Clara de Luz Vasconcelos Secretaria Municipal de Educação (SMED) Maria de Jesus Ribeiro B. Oliveira Universidade Católica do Salvador (UCSAL) Norma Lúcia Reis Souza Universidade Católica do Salvador (UCSAL) Tereza Cunha Sales de Almeida Fernandes Secretaria Municipal de Educação (SMED)


2º Marilene Garcia de Souza

Inesperado

AMOR

Esse texto é vencedor do Concurso Municipal de “ Literatura Prêmio Jorge Amado - 2014, promovido pela Prefeitura do Salvador.

Professora orientadora ANTONIETA CONCEIÇÃO BONFIM

ESCOLA MUNICIPAL MANOEL HENRIQUE DA SILVA BARRADAS GRE: SUBÚRBIO I



Inesperado Amor

I Era um dia ensolarado... finalzinho de primavera... entrada de verão... quase oito horas... linda manhã... Poderia der um dia como outro qualquer, poderia ser um dia... frio, ou... quente. Poderia ter sido chuvoso..., ensolarado, até mesmo tempestuoso. Que importância teria? Que diferença faria? Mas, não foi assim como nos dias passados, não para aquela linda jovem. Luiza, que já tinha acordado, levanta-se espreguiçando, veste seu roupão e, como de costume, enfia os pés nos chinelos e vai até a janela do seu quarto, que fica no primeiro andar da casa em um grande sobrado à beira de um grande e lindo lago. Ela ainda bocejava de sono, parecia contar os passos que dera de sua cama até a janela. Usando um roupão de cetim azul com estampas de flores vermelhas e amarelas, o que realçava ainda mais a sua beleza. Tinha lindos cabelos longos castanhos aloirados, pele morena clara, olhos castanhos mel. Dotada de grandes virtudes e inteligência, fineza, bondade e lealdade. Tinha o dom de desenhar e pintar, desde pequena a moça aprendera tocar piano com seu pai, seu Aurélio. Tocar piano: Esse costume, ou pode se dizer, passou a ser hereditário naquela família, porque desde o seu bisavô paterno, todos tinham o dom de tocar piano. Ela chega à janela, levanta a fronte, olha o sol, observa o tempo, ver que está tudo normal. Em seguida se debruça para admirar o jardim que havia embaixo. E sorrindo admirou as muitas flores e as lindas borboletas que sobrevoavam o mesmo. Luiza gostava muito daquela casa onde fora criada. É a caçula de dois irmãos. Perdera a mãe muito cedo, ainda criança, com oito anos apenas. Seus irmãos já estão casados e morando um pouco distante, não é sempre que se veem, apesar de serem muito unidos. Seu pai voltou a casar-se novamente, depois dela já moça, se dava bem com sua madrasta... veio-lhe um sobressalto de contentamento, mas logo é envolvida a alma por uma grande tristeza. Entristecera-se muito com as lembranças de sua mãe, de quando era pequena...

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Inesperado Amor Lembranças, somente lembranças. Não lhe bastava o amor do pai, o carinho dos irmãos, da Bá... queria uma afeição mais exclusiva, mais dela. Seu Aurélio cuidava da fazenda, do gado, dos cavalos e do resto dos animais. Era um médio fazendeiro dos arredores de um pacato vilarejo, interior da Bahia, chamado Vila Serena.

II Fazenda Lago Azul. Nome dado devido a um grande e lindo lago que ali havia. Seu avô construíra o grande sobrado a alguns metros a frente do lago que por sua vez fazia uma curva para o lado direito da casa, que era arrodeada de varandas e grandes janelas com vidros pintados de azul turquesa e paredes brancas. À frente, um baixo e largo portão para que se pudessem avistar as belezas que havia após o mesmo e

uma estradinha feita de

paralelepípedos até um pouco adiante do comprimento do lago, separava o mesmo como o portão. A banda do lago que dava para o campo havia uma grande quantidade de arvoredos e troncos enormes, robustos, com grandes galhos voltados para o mesmo. Ao longo do campo, uma grande e extensa vegetação quase que rasteira que se misturava em diferentes tons de cores, o verde do capim e flores pequenas do campo. O clima era tropical temperado úmido. Era uma coisa linda de se ver! Parecia um paraíso, desses que só se vê em contos de fada. Do lado que dava para a casa, toda margem era como um grande jardim, com lindos bancos com encosto de obra de artífice, pintados de branco, a beira de todo o lago, onde se podia sentar-se para apreciar as belezas dos arredores e do próprio lago.

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Inesperado Amor Era uma coisa linda de se ver! Parecia um paraíso, desses que só se vê em contos de fada. Do lado que dava para a casa, toda margem era como um grande jardim, com lindos bancos com encosto de obra de artífice, pintados de branco, a beira de todo o lago, onde se podia sentar-se para apreciar as belezas dos arredores e do próprio lago. Havia também uma grande variedade de aves: galinha, patos, gansos, galinhas d'água, entre outras espécies. Revoadas de passarinhos que faziam festa nos galhos e nas flores. No lago também tinha peixes de várias espécies. Um lindo barco sempre estava ancorado à beira daquele lago.

III O celeiro e o curral, estes foram construídos em outro ponto da fazenda, também num local muito bonito, numa parte mais alta onde se podia avistar ao pé de uma pequena montanha, ali também estava à casa do capataz. Atrás da montanha, açude onde davam de beber aos animais. Também por ali havia um pequeno rancho, onde havia alguns dos empregados, uns cinco mais ou menos. Também ali eram guardadas todas as ferramentas, os arreios e as rações dos animais. O lugar não era nem um pouco rotineiro, nem enfadonho, nem desagradável, a única coisa que se fazia ali de rotina era cuidar do gado, principalmente em tirar leite das vacas, dar ração aos cavalos no celeiro e dar milho as galinhas. Ali se ouvia o canto das aves, cocoricar das galinhas, latir dos cães, miar de gatos, mugir do gado, relinchar dos cavalos, som do berrante, do vento nas árvores, do cantar do galo jiló e etc. O lugar ideal para qualquer coisa que quisesse fazer. Poderia montar a cavalo, coisa que a moça gostava muito de fazer e montava muito bem, pescar, nadar, passear no campo, escolher a fruta que quisesse e até mesmo a comida.

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Inesperado Amor Pertinho da cidade... Dos amigos... Dos parentes... Era como se estivesse pertinho do céu, de Deus... (Apesar de não ser religiosa, possuía uma Bíblia e conhecia muito do Evangelho e era temente a Deus).

IV Mas naquela manhã, a moça estava olhando da janela: Luiza foi como que tomada de uma grande nostalgia, pois se lembrara da sua mãe, apesar da pouca idade que tinha, oito anos, foi uma época de tristeza para todos. Seus irmãos Luiz Alberto, o "Beto" 10 anos e Luiz Augusto o "Guto" 12 anos. Filhos de Aurélio Luiz Guimarães Garcia e Laura Maria Cerqueira Garcia. Seu Aurélio sofreu muito com a morte da amada esposa que ainda era tão jovem, ela voltava de uma viagem de avião que fizera ao Rio de Janeiro em visita a sua irmã que lá morava, quando o mesmo sofreu uma pane e caiu. Foi uma tragédia! Com tudo seu pai com a ajuda de seus avós e tios foi se recuperando juntamente com seus três filhos e soube dar-lhes uma boa educação, estudaram em bons colégios, fizeram faculdade e se formaram. Beto é engenheiro civil e Guto é Arquiteto. Luiza quis ser veterinária, pois gosta muito de animais.

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Inesperado Amor V Os três irmãos estudaram e se formaram em Salvador. Durante o tempo de faculdade moraram com sua tia Lúcia. Luiza conheceu um rapaz de quem gostou muito, chegou até a pensar em se casar com ele, o Danilo, o rapaz fez medicina, porém, ele não pensava em deixar a capital para ir ao interior, chegou até a visitá-la na fazenda, e foi aceito por seus irmãos, mas ela não queria deixar a seu pai, a fazenda, terminaram sendo amigos. Apesar de Danilo muito insistir para que casasse com ele e viesse para Salvador, ela permaneceu firme, determinada a ficar na fazenda. Então ele foi embora. Mas, naquela manhã, foi diferente das outras manhãs anteriores... A moça na janela pensava, pensava, já estava com 27 anos, era moça calma, tranquila, mesmo assim, tinha sonhos românticos, fantasias poéticas. Naquela linda manhã ela estava como que mudando de estações, como aquela primavera estava ficando para trás com a chegada do verão. Luiza sentiu saudades, sentiu tristeza por estar longe de seus irmãos, de Danilo, de sua tia Lúcia e, até mesmo, dos amigos e colegas que deixara para trás. A moça, na janela, vê os pássaros voar; Avista o gado no campo a pastar; Seu olhar é sereno, olhos abertos a sonhar; Ela apenas ouve o tempo passar; Tanto que Luiza nem sentiu quando sua madrasta entrou em seu quarto a lhe chamar; - Luiza! Lú! Bom dia!!! Luiza se volta como quem acorda de uma hipnose, mas sem querer demonstrar seus sentimentos, diz:

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Inesperado Amor - Que!? - Oh! Desculpe-me tia Bárbara, eu não percebi você chegar, eu estava aqui a admirar o jardim, as borboletas, as espécies de flores que temos; elas são lindas não são mesmo? - Elas estão aí desde os tempos da senhora Laura. Continuam iguais, não mudaram nada, parece até que o tempo não passou. - É parece que foi... Luiza a interrompe: - Minha mãe amava este jardim, não era mesmo Bá? - Sim, sim filha. A dona Laura gostava muito deste jardim! - Sim, sim! São lindas! Mas eu estou preocupada com você linda! - Mas, por quê? - Você não desceu pro café. Está doente? - Ó não, não. - Você tem noção... Ana Luiza interrompe... - Meu Deus! Que horas são? - São onze horas! Diz Bárbara. - Seu pai não quis que lhe chamasse, disse ele: deixa a menina dormir, deixa descansar, ela teve um dia cheio ontem cuidando dos bichos. - Menina, você não está com fome? - É, estou um pouco... - Então vamos descer? Disse a madrasta. - Vá indo minha tia, eu vou lavar o rosto, escovar os dentes, trocar de roupa e já desço.

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Inesperado Amor - Tá bem, vou indo.

VI Na cozinha, estava Áurea a cozinheira da casa desde os tempos de sua mãe, dona Laura Garcia. Era uma boa mulher, todos na casa gostavam dela, principalmente da comida que só dona Áurea sabia fazer. Áurea também ajudou muito na criação da moça e de seus irmãos, era quase como uma mãe. Ela era morena, cabelos curtos encaracolados, uns 60 anos, simpática senhora, casada e com dois filhos, também avó de três netos. Mas dona Bárbara também era querida por todos, inclusive pela cozinheira, pois quando esta chegou à fazenda, os rapazes já estavam formados e noivos de casamento marcado. Seu Aurélio conheceu Bárbara numa viagem de negócios que fizera a Ouro Preto, Minas Gerais, foi numa reunião em casa de amigos, ela era amiga da esposa de um dos amigos de negócios de lá. Seu amigo lhe contara que Bárbara tivera a infelicidade de conhecer um rapaz há 30 anos, de se apaixonar ficando grávida. O tal quando soube da gravidez, tratou logo de deixá-la, casando-se com outra, logo em seguida indo embora da cidade. Seus pais descobriram e a mandaram embora de casa. Sendo ainda ela menor de idade, a moça muito sofreu, chorou, mas era boa moça, tinha boas amigas. Bárbara não se desesperou, conseguiu dividir um quarto no quintal de uma casa, dividindo o aluguel com duas amigas que foram como irmãs para ela, pois, quando Bárbara não podia mais trabalhar elas deixaram que ficasse em casa enquanto trabalhavam e a ajudaram em tudo. Eram suas amigas de infância, colegas de escola e nunca a abandonariam. As amigas eram Alessandra e Simone, com quem Bárbara mantém contato até hoje. Somente quando o menino nasceu, foi que seus pais a procuraram pedindo que voltasse para casa, que eles cuidariam do neto enquanto ela ia trabalhar. Eles disseram que se arrependeram de tê-la expulsado de casa grávida. Pediram perdão para a filha e ela os perdoou.

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Inesperado Amor Ela pensou e resolveu voltar com os pais, porque se sentia como um peso para suas amigas, mesmo sabendo que faziam de bom coração. Esta mulher criou seu filho sozinha. Teve ajuda dos pais sim, também de irmãos e parentes. Mas foi ela que muito trabalhou para criar seu filho, para lhe dar uma boa educação, não quis mais saber de homens, pois não esquecera a vergonha, a humilhação, o sofrimento que passou por causa de um deles. Ela também era de boa família, pessoas simples, humildes, viviam do comércio, tinham uma humilde casa e um mercadinho que dava para viver com decência e dignidade. Formada em magistério, professora de português, mãe solteira, mas mulher de caráter, de fibra, aos quarenta e sete anos, ainda uma bela mulher.

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Inesperado Amor VII O casamento veio logo em seguida. Logo que se conheceram parecia que estavam se guardando um para o outro, da mesma forma que ela não queria casamentos, ele também não, pois ambos tinham passado por grandes sofrimentos. Ele por causa da grande tragédia que ocorrera com a sua esposa, ainda não tinha se recuperado. Ela, por sua vez, perdera a confiança nos homens, depois da grande decepção que tivera. Mas quando ele soube o que lhe sucedera, ficou muito impressionado com a atitude daquela mulher e quis conhecê-la. Levado por algum motivo que ele não conhecia. Talvez coisa do destino mesmo. Talvez por curiosidade apenas, mas ele quis, fez questão de conhecê-la. Bárbara sem ser avisada de nada, foi apresentada a Aurélio que quando a viu foi como se já conhecesse aquela mulher de olhar doce, serena, tinha ela 35 anos na ocasião, ele 41. Começaram a conversar, não demorou já estavam amigos, ela já gostou dele a primeira vista, mais não queria admitir, até que numa tarde em que ela dava aulas na escola onde era professora, recebeu uma grande e agradável surpresa. Seu Aurélio chegou com um lindo buquê de rosas vermelhas na recepção, perguntou por ela, e alguém foi chamá-la. Ao chegar não teve tempo nem de abrir a boca para cumprimentá-lo. Ele se dirigiu a ela e: - Quer casar comigo Bárbara? Ela ficou sem ação, parecia que as palavras não queriam sair de sua boca. Continua ele:

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Inesperado Amor - Quer casar comigo Bárbara? Ela ficou sem ação, parecia que as palavras não queriam sair de sua boca. Continua ele: - Se você disser que sim, eu ficarei até os dias que for preciso para o casamento. Se disser que não, então não terei mais nada para fazer aqui e amanhã mesmo irei embora. Ela: _ Mas, eu... Ele interrompe. - Não tem mais nem menos. É só dizer sim ou não. Eu espero que seja "sim". Toda surpresa já tinha amenizado, e ela então já podia falar, já tinha encontrado fôlego, já respirava. - Sim, sim, sim, eu me caso com você!

VIII O casamento foi marcado para dali a três dias, porque os noivos estavam com os documentos em dia. Ele não precisou se preocupar com os filhos porque já a muito eles lhe falavam: Meu pai arruma uma boa moça, case de novo, o senhor não pode ficar sozinho, sabemos que o senhor amou muito nossa mãe, mas já faz anos que ela morreu, nós já não somos mais crianças e estamos também para casar e não queremos que fique só. Resolveu fazer essa surpresa também aos filhos, pois conhecendo como os conhecia, sabia que teria o apoio deles. A família dela também concordou, pois viram que era homem de bem. O filho já estava com 18 anos, aceitou, mas, não poderia ir com sua mãe porque estava para terminar os estudos, ia fazer faculdade de direito, já estava tudo planejado e acertado, só

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Inesperado Amor poderia ir anos mais tarde, ficaria morando com seus avós, desejou felicidades para a mãe com seu Aurélio, de quem já tinha uma grande admiração e confiança. Casaram-se, foi uma cerimônia simples, mas muito bonita, da qual dona Bárbara tem boas recordações, como fotos e presentes dos amigos. Bárbara despede-se da escola onde ensinava, dando adeus aos seus alunos, dos quais era muito querida. Os mesmos lhe desejaram muitas felicidades. Despediram-se dos familiares, do filho e amigos e viajaram para o interior da Bahia. Dia e meio de viagem de ônibus porque seu Aurélio não gostava de dirigir durante suas viagens.

IX Chegando a Vila Serena, encontrou um dos seus empregados que fora fazer algumas compras para dona Aurea, pois a mesma lhe dera uma grande lista de compras de coisas que estavam faltando na casa. O moço sabendo o que ocorreu com seu patrão, o qual muito estimava, ficou muito contente, mesmo porque percebeu que seu senhor fizera uma boa escolha, que aquela mulher era gente boa, chamou seu Aurélio e pediu que se demorasse mais por ali, porque ele voltaria para a fazenda para visitar seus filhos que com certeza iria lhe preparar uma boa recepção. Ele concordou, pois, sua mulher merecia não só isso, mas, uma grande festa que pensava em lhe preparar depois. Algumas horas depois, sabendo que já podia ir para sua casa na fazenda, nem imaginava o que teriam feito seus filhos para recebê-los. Lá pela virada da noite, lá pelas seis e meia, mais ou menos, chegaram à fazenda.

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Inesperado Amor Estava tudo silencioso na casa. Saltaram do carro: Andam de mãos dadas em direção à porta principal da casa. Bárbara não teve tempo para admirar tanta beleza dos arredores quanto do sobrado, porque era noite e ela estava muito feliz e ao mesmo tempo apreensiva, pensando na recepção e em como receberiam os seus enteados, apesar de Aurélio tê-los descrevido e assegurado que iam gostar dela. .

X Ele colocou a mão na maçaneta da porta e abrindo-a: - Parabéns, sejam bem vindos!!! - Felicidades, muitas felicidades!!! - Vocês merecem!... E palmas, muitas palmas, abraços e mais abraços, parecia que nunca iam terminar os abraços, as saudações, os cumprimentos, não só dos dois filhos e da filha, mas de todos que moravam na fazenda como vizinhos de perto. Acha que parou por aí? Não parou não. Em menos de oito horas seus filhos ficaram tão contentes com a nova e resolveram dar essa grande alegria ao pai, pois ele muito merecia. Fizeram uma rápida reunião com todos da fazenda: com o vaqueiro, o leiteiro, o cocheiro, suas respectivas esposas e filhos e cada um concordou em fazer algo para agradar seu bom patrão. Fizeram bolos, doces, salgados, compraram refrigerantes, sucos e carnes para churrasco e outros foi a convidar os amigos e alguns parentes que moravam perto.

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Inesperado Amor Assim foram recebidos com uma grande festa! Luiza gostou logo de cara da madrasta, as duas se tornaram grandes amigas. Bárbara a compreendia e passou a estar, sempre que podia, ao lado de Lú, ajudando em tudo que podia.

XI Mais casamentos na família. Passaram-se cinco meses, chegou à data para o casamento dos dois filhos, marcado para o mesmo dia, tudo foi feito na fazenda, a beira do lago, onde foi preparado um lindo altar e um grande túnel de flores nas cores branco e rosa, começando do portão de entrada da casa até o altar que ficam a beira do lago, e mesas e cadeiras para os convidados, atendendo ao número programado de um lado do túnel e um grupo de banda musical do outro lado do túnel. Foi tudo muito lindo, o gramado entre o lago e a casa ficou todo coberto por cadeiras e mesas com toalhas em branco e rosa e muita gente, muita alegria, os músicos tocando lindamente, parecia coisa de filme de cinema. Ana Luiza desde essa época já tinha muitos pretendentes, rapazes de região, filhos de fazendeiros e rapazes das cidades, ela tratava bem a todos, mas nenhum deles lhe enchia os olhos, nenhum lhe causou interesse algum, suas amigas às vezes até mostravam-se indignadas com grande concorrência, mas compreendiam que ela não tinha culpa e que era muito amiga de todas, só não queria namorar rapazes só por namorar, ela tinha um projeto que era estudar e se formar, talvez pelo amor que tinha em seu coraçãozinho pela mãe que nunca esquecera, a qual perdeu naquela tragédia, ela se calara para não dar preocupações e sofria essa dor sozinha. Recebia muito carinho de todos, mais isso não bastava. A jovem se aprofundava nos estudos como meio de estar sempre ocupando a sua mente, e não pensar. Queria esquecer, mas como um filho esquece sua querida mãe que se fora tão jovem?

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Inesperado Amor Suas cunhadas, Aurora, esposa de Beto, e Fátima, esposa de Guto, eram moças nascidas e criadas na cidade, também eram suas amigas. Todas de família conhecidas de nomes.

XII Voltamos com Luiza no café daquela manhã: Sim, ela desceu os degraus daquela escada como se fosse aquela primeira vez, contando degrau a degrau, bem devagar. Não me lembro de quantos degraus foram contados, só sei que os mesmos davam para a sala principal da casa. Ao início da escada, do lado direito havia uma parede com largura de um metro e meio que ficava bem de frente para a entrada principal da casa, onde estavam pendurados dois majestosos quadros de retratos de seu pai e sua mãe. Aquele quadro era feito de fotos do casamento de seus pais. Ela virou-se e foi a andar em direção à entrada da sala de refeição que tinha sua porta entre essa mesma parede, o restante seguia para outro salão preparado para visitas. Lu parou, voltou alguns passos para o centro da sala, virou-se para os quadros a fitá-los. Queria entender porque a vida lhe pregara tal peça, tendo seus pensamentos interrompidos pela voz, desta vez, da sua babá e cozinheira. Aurora sabia o que estava acontecendo, porque a conhecia muito bem, pois, ela praticamente deixara de cuidar dos seus próprios filhos para cuidar daquela menina, fato que seu marido compreendia, pois ele também conheceu Aurora já trabalhando para aquela família onde ele também passou a fazer parte, vindo a ser empregado da fazenda. Bárbara o respeitava. Não tinha ciúmes, entendia, pois era apenas um quadro. Agora ela era a esposa e até tinha alguma admiração por aquele retrato.

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Inesperado Amor XIII Dona Aurea foi até ela, pegou-a pelo braço e sentou-se com Lu no divã daquela sala falando: - Ô, ô, minha filha, não fique assim! Dona Aurea era a única pessoa em que Lu confiava, contava-lhes seus problemas, seus segredos, seus sentimentos, não lhe escondia nada, e falando ela em desabafo: - Bá, minha Bá querida! Eu não murmuro contra a vontade de Deus, pois quem entende os seus desígnios? É Ele que dá vida... É Ele que tira a vida... e..., eu só queria entender...!? Só queria entender! - Filha, Deus também é força, também é justiça, é socorro, tenha fé, busque força Nele, não fique assim, levante a cabeça, sorria, eu tenho certeza, minha filha, que você há de ser muito, muito feliz! _ Fez um afago em sua cabeça e disse: - Venha, venha comer alguma coisa que saco vazio não fica em pé! E levou-a até a sala da copa onde havia uma linda mesa de frutas, pães, bolos, milho cozido, mel de abelha, leite, café, queijo e etc. Era uma casa farta, e eles também eram pessoas que gostavam de ajudar aos necessitados que havia nos arredores, sendo assim queridos por todos. Luiza sentou-se à mesa e comeu alguma coisa, não muita, porque também já se aproximava a hora do almoço e ela quis deixar um lugarzinho no estômago para poder comer daquela comida tão gostosa da dona Aurea. - Hum... que cheirinho Bá! Hoje eu vou comer um prato bem cheio viu! - Cá, cá, cá, cá! Quero só ver! Disse a Bá, indo para a cozinha.

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Inesperado Amor XIV Ana Luiza levantou saboreando uma fruta, indo até a Bá, dando-lhe um abraço que a deixou comovida, quase chorou. E dando-lhe as costas perguntou-lhe: - Bá, você sabe por onde anda a tia Bárbara? Por que assim a chamava, "tia Bárbara". - Tá lá fora, regando o jardim filha! - Vou lá ajudá-la. Disse a moça. Antes, porém Luiza foi até aquela parede, pegou o quadro de retratos e levou-os para o seu quarto, entendendo que aquele lugar agora seria para novos retratos, o de seu pai com Bárbara. Logo descendo e andando em direção à porta de saída da casa, ao tempo em que ouviu latindo os cães da casa, o Sansão e o Deik, coisa que só acontecia quando chegava um estranho. Ela só abriu a porta e já avistou o rapaz que acabara de chegar, estando do outro lado, ou seja, do portão para fora, mas, os cachorros somente latiam avisando que chegou algum estranho, mas não mordiam. O rapaz ia perguntando: - Bom dia senhorita! É aqui que mo... Bárbara que estava de costas de um lado do canteiro de margaridas virou-se sobressaltada quase que gritando: - Filho! Meu filho! É você mesmo? Que surpresa maravilhosa! Ana Luiza ficou meio que boquiaberta com aquela cena. Sabia da história da sua madrasta, do seu filho, mais não o conhecia, pois Bárbara tinha apenas fotos do filho ainda criança, ainda menino, em que ao vê-las uma única vez ela disse:

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Inesperado Amor - Seu filho é muito bonito tia. É um menino muito bonito mesmo. - Obrigada, disse Bárbara sorrindo enquanto beijava uma das fotos de seu querido filho, do qual morria de saudades. Era uma mulher bem bonita, formosa de se ver, era de altura medieval, esbelta de corpo, pele clara, de longos cabelos loiros e olhos azuis. Seu filho puxara para o lado da sua mãe, tendo assim as mesmas características. Era um belo de um rapaz de corpo atlético e muito charmoso. Ele, o Daniel, é também o nome do seu avô, pai de sua mãe Bárbara, que dera o nome de seu pai para assim homenageá-lo e diminuir um pouco a decepção que causara ao pai no passado. "Daniel Pacheco de Alcântara" como era o de sua mãe, que hoje se chama "Bárbara Alcântara Garcia". Daniel tinha o telefone da mãe, porém não quis ligar avisando da sua ida para vê-la, quis lhe fazer uma surpresa, ele também tinha o endereço. Seus avós não podiam ir com ele, por causa do mercadinho, que no momento estavam sem ninguém para ajudá-los, pois seus filhos, irmãos de sua mãe, estavam muito ocupados ficando assim para outra oportunidade para visitá-los na Bahia.

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Inesperado Amor XV - Seu filho? - É... é o seu filho? Falou a moça, não podendo esconder a grande surpresa. Ao mesmo tempo em que ele também quase que com admiração falou de olhos bem expressivos: - Vo...vo...cê, é... é... Ana Luiza? - Ana Luiza Guimarães Garcia, minha querida enteada meu filho, disse Bárbara, que olhando para Lú disse: - Este é Daniel, meu filho, Lú. - O meu Daniel. - Muito prazer!... Os dois falaram ao mesmo tempo em que apertavam as mãos. - O prazer é todo meu! Novamente falaram ao mesmo tempo, ficando assim os dois jovens meio sem graça, quando Bárbara percebendo o embaraço dos dois começou a rir, rindo de maneira a gargalhar, fazendo com que os dois se desprendessem daquele embaraço, caindo também nos risos, e riram-se muito da situação. Em seguida Bárbara se colocou no meio entre os dois, colocando os braços por volta dos ombros de um e de outro, fazendo com que entrassem na casa. E chamou um dos serviçais que logo surgiu na sala. - José, por favor, vá lá fora pegar as malas do meu filho e leve-as ao quarto de hóspedes. - Sim senhora, falou o jovem empregado, mostrando agilidade, trazendo em seguida toda bagagem do rapaz e mostrando-lhe seus aposentos.

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Inesperado Amor XVI A hora do almoço chega. Também chegou seu Aurélio, vindo do celeiro. - Oi meu amor! Disse Bárbara abraçando-o. - Como foi lá, tá tudo bem com a Queise? - Sim, está tudo bem com a égua. Ao mesmo tempo em que olham as duas e, percebendo em suas faces um brilho diferente do de costume perguntou-lhes: - Que há com vocês? Enquanto beijara a filha na testa. - Há meu amor... o motivo é que estamos mesmo muito alegres; é... eu estou muito alegre, corrigiu ela. Enquanto que Luiza se segurava para não rir. - E qual é a causa para tant... - Daniel está aqui, interrompeu Bárbara. - Meu filho está aqui! - É mesmo? Que ótimo! Ele veio para ficar? Perguntou-lhe seu esposo. - Ainda não sei meu bem, ainda não conversamos. Ele está no quarto de hospedes, mandei-o com o José, para que desfizesse suas malas. Dona Aurea interrompe na sala: - Pessoal, o almoço já está na mesa. Venham logo antes que esfrie! - Meu bem, vá logo lavar as mãos para irmos almoçar. Você também vem logo Lú! Esta ainda estava meio que estonteada. 19


Inesperado Amor - Não vão chamar o Daniel? Quis saber logo. - Eu mesmo vou chamá-lo, disse seu pai. Chegando ao quarto onde estava o moço que já terminara de desfazer suas malas? - Olá meu rapaz, seja bem vindo! - Como está o senhor? Falou o rapaz. - Muito bem! É muito bom tê-lo conosco aqui na fazenda, sua mãe está que é só alegria! - Fez boa viagem? - E seus avós, estão bem? - Sim, sim estão bem, mandaram-lhe abraços. Disseram que em breve estarão aqui em visita. - Será um prazer recebê-los. Disse seu Aurélio convidando o rapaz para almoçar. Eles chegaram perto da mesa onde estava a cozinheira a servi-los, a qual vendo o rapaz perguntou: - E quem é esse moço bonito? - Oh Áurea, eu não tive tempo para lhe apresentar, este é meu filho, o Daniel. Disse Bárbara se desculpando. - Meu jovem seja bem vindo! Sente-se aqui. Eu vou pegar outro prato, pois não fui avisada, mas tudo bem, eu já volto. E lá foi ela a cozinha buscar o prato e talheres, enquanto pensava... Que bom, será que esse rapaz tão bonito e tão simpático ficará morando aqui na fazenda?... Tenho certeza que a menina Luiza iria gostar muito da sua companhia... E, quem sabe... Ela precisa sair da solidão, e logo se ver que é um bom rapaz. Ela volta com o prato e talheres e: 20


Inesperado Amor - Por favor, senhora! Disse Daniel tentando esconder que ficara surpreso com aquele gesto da cozinheira. - Obrigado! Disse ele. Porém não passou despercebido aos olhos de Lú, tão pouco da sua querida Bá, que por conhecê-la tão bem, parecia adivinhar seus pensamentos e, sem que ela quisesse, estava com um sorriso no rosto. Sendo interrompida nesse mesmo instante por seu pai que sentado de frente a sua esposa, tendo o jovem Daniel ao seu lado direito da mesa e sua filha a esquerda, falou: - Filha, será que dá para você dar uma passadinha lá no celeiro para ver a Queise? - Claro que sim papai, eu vou daqui a pouquinho mesmo. Mais o que há? Houve alguma coisa? - Querido, você não disse que ela está bem? - Sim querida, acho que tudo vai bem com a égua, só gostaria que a Lú desse uma olhada para avaliar, ver como está... quero dizer, é, estou um pouco preocupado porque hoje ela não comeu e me pareceu que algo a incomodava. - Eu acho que já sei de que se trata papai. - É o que eu estou pensando filha? - Sim papai, a Queise está entrando em trabalho de parto e nós dois vamos ajudá-la. Percebendo que seu filho ficara curioso sobre tudo que ouviu, Bárbara disse: - A Luiza é veterinária, filho. - Há sim! Percebi, disse ele. - E os rapazes? Quis saber Daniel. - Eles moram não muito longe daqui, sempre que podem eles aparecem nos finais de semana, falou seu Aurélio. 21


Inesperado Amor XVII Almoçaram, levantaram-se e foram para a varanda da casa. Dona Aurea recolheu toda a louça para lavá-las e percebeu que o prato de Lú estava vazio. - Realmente a menina comeu bem hoje. - Gostei de ver! Falou Áurea para si mesma. Não sabendo ela que o motivo de Luiza ter comido tudo foi que, comeu sem perceber nem mesmo o que estava comendo, ela apenas tentava disfarçar, tentava acalmar seu coração por uma razão da qual ela já tinha diagnosticado, estava apaixonada, amor à primeira vista, não havia mais sinais de tristeza naqueles grandes e lindos olhos de mel, apenas não queria que descobrissem, tinha que disfarçar, custasse o que custasse. - Podemos ir todos ao celeiro? Perguntou Bárbara. - Claro que sim, vamos todos disse Lú. Seu pai nesse mesmo instante percebeu que a moça estava um pouco diferente, parecia um pouco eufórica, e passou a observá-la. Chegaram ao celeiro no exato momento em que a égua estava parindo, precisando da ajuda da veterinária. Nasceu um potrinho lindo e sadio, todos ficaram contentes. Após o jantar foram para a sala ver televisão, estava passando um programa musical, onde a maioria dos cantores eram sertanejos. Percebendo a alegria da filha que tão de repente passou a sorrir, a ficar com eles, não se isolando como fazia antes, cutucou sua mulher que, entendendo o que estava acontecendo logo, arrumou um pretexto qualquer e saiu daquela sala com seu marido, deixando assim os dois sozinhos ao som daquelas canções de amor.

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Inesperado Amor XVIII Os dois jovens começaram um diálogo sobre estudos e sobre os projetos de cada um. Falaram de coisas passadas, do presente e também do futuro. Em pouco tempo já sabiam tudo sobre a vida um do outro, pareciam velhos conhecidos. Sabendo até sobre as famílias, parentes, amigos, de tudo mesmo. Volta e meia falavam sobre as músicas que estavam ouvindo. Passaram-se alguns dias... Ela já o chamava pelo prenome "Dani". Ele passou a chamá-la, "Lú". (da mesma forma) A amizade dos dois foi crescendo, como também o carinho com que se tratavam: os olhares, os gestos já não passavam mais despercebidos por ninguém, que apesar de não falarem com eles sobre o assunto, havia uma torcida em comum por ver os dois juntos, namorando, sua Bá era a primeira. Passaram a estar sempre juntos. Ou estavam sentados à beira do lago, ou estavam passeando a cavalo pelos arredores, pelas terras da fazenda, pois a mesma era conhecida por suas belas paisagens. Em todos os afazeres, todas as atividades, fosse o que fosse, cuidavam até mesmo dos animais de menos importância. Isso agradava muito a donzela que tanto gostava dos bichos, e via que o moço também compartilhava com ela de todos os serviços, mesmo não sendo necessário porque tinha os empregados para tais coisas. Ele parecia mais um veterinário do que um advogado. Sem contar que ele também muitas vezes saía com seu pai para ver ou fazer alguma coisa relacionada à fazenda e aos negócios de seu Aurélio que já o tinha quase como um filho. Motivo de felicidade para todos. 23


Inesperado Amor Um mês depois... Na sala de visitas, Bárbara a andar de um lado para o outro e parando, recebe um telefonema que a deixara preocupada. Estava sozinha na casa. Naquele instante Lú adentra na sala cantarolando uma das suas canções preferidas quando, viu no rosto da tia algo diferente da expressão habitual e perguntou-lhe com interesse: - O que foi tia Bárbara? - É que recebi um telefonema... Bárbara é interrompida - E então, quem... Lú não termina a pergunta. - Foi seu irmão Beto... Novamente Lú a interrompe. - O que foi que aconteceu? Pergunta Lú. Bárbara então lhe explica: - Ele disse que nesse sábado não poderá vir porque sua sogra passou mal e foi internada às pressas, no momento está fazendo exames, segundo o médico, parece não ser nada grave. Luiz ficou muito triste, gostava muito da dona Inês. - Vou visitá-la, disse Lú. - Espera seu pai chegar com o Daniel, disse Bárbara. - Não posso, eles vão demorar muito ainda, disse Lú. E sai, pega a picape e segue viagem de mais ou menos hora e meia de carro. Chegando a Rio Real, onde mora seu irmão, encontra dona Inês já de alta, em casa, descansando. Deu-lhe um abraço e desejou-lhe saúde, conversou um pouco com seu irmão e com sua cunhada e quis logo ir embora. - Por que não deixa para ir amanhã? Diz seu irmão. - Liga para o papai avisando. Já são quase quinze horas. Disse Beto. Porém Luiza não podia, estava ansiosa por ver Daniel. Ana Luiza que nunca mentira antes, mente pela primeira vez, e o que lhe veio à mente foi: 24


Inesperado Amor - Preciso ver uma das vacas que está para parir a qualquer instante. E abraçou seu irmão e sua cunhada e seguiu viagem de volta para a fazenda. Seu carro já serpeando montanha acima, quando num dado momento surgiu a sua frente uma grande árvore caída, atravessando a estradinha de chão. É que desde uns três dias atrás estava chovendo e ventando muito. Uma situação totalmente difícil. Achava-se bastante empolgada momentos antes, mais agora estava também um pouco apreensiva. Os limpadores do para-brisa bailavam com seu ritmo hipnótico, enquanto as nuvens se dissipavam, sente as lágrimas se formarem sobre seus cílios. Pisca rapidamente. Chorar de nada adiantaria. As chuvas já estavam diminuindo, em algum ponto já se podia avistar com clareza tudo que havia nos arredores que eram tomados por grandes e lindas pedras rochosas. Finalmente a chuva parou. Aquelas eram chuvas torrenciais..

XIX Viu-se subitamente engolfada por recordações do passado. Lembrou-se de sua mãe lendo para ela dormir. Lembrou também das vezes que vira seu pai a chorar escondido. Ela mesma e seus irmãos combinaram de não chorar na frente de seu pai. Naquela tarde, sentada em seu carro encharcado, considerou o que realmente tinha importância em sua vida. Que Deus deu uma nova determinação de dedicar à vida dela apenas ao que fosse melhor... Quando de repente: - Está tudo bem moça? Alguém lhe perguntou, interrompendo seus pensamentos. - Ah! Ó! Sim! Comigo está tudo bem! Era um grupo de amigos que já chegou preparados para remover aquela árvore caída.

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Inesperado Amor Conseguiram removê-la. - Pronto moça, o caminho está livre, disse um deles. - Obrigada, eu agradeço a todos vocês! Falou ela, quando um entre eles perguntou: - Espera aí, a senhorita não é a dona Ana Luiza, a filha do senhor Aurélio Garcia da fazenda do Lago Azul? Eu conheço seu pai muito bem, somos amigos, desde os tempos do seu avô. Ele está bem? Perguntou aquele senhor. - Sim, sim; E o senhor, quem é mesmo? Perguntou Luiza. - Há sim! Eu sou Antônio Soares Menezes do sítio Beija Flor, aqui pertinho. Manda um abraço para seu pai. - Sim senhor, e mais uma vez obrigado! Tchau seu Antônio! Tchau rapazes, disse Luiza e foi embora. Em casa já estavam todos preocupados, pois Beto telefonara para informar que Luiza já estava a caminho de volta para a fazenda. E já se passara três horas desde então. Já eram dezoito e trinta e nada de Luiza. Já estava noite, estava escuro devido o céu nublado por causa das chuvas, não se podia ver no céu nem lua nem estrelas. - Está vendo alguma coisa? Perguntou à senhora Áurea para seu patrão e Daniel que estavam de pé na varanda a olhar para a estrada. - Acho que devemos pegar o carro e irmos ao seu encontro. Disse Bárbara, quando de repente: - Olhem! Falou o pai. - Vejam, é ela! Disse Daniel. - Ela está chegando! Disseram todos ao mesmo tempo, com muita alegria! Correram ao seu encontro. A picape parou em frente ao portão:

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Inesperado Amor - Meu Deus, o que foi que houve menina? Perguntou Bárbara. - Filha, estávamos todos preocupados. Ana Luiza, então, explica a todos o que lhe aconteceu: - Graças a Deus que aqueles homens apareceram. Disse Lú. Enquanto olhava para Daniel... estava ansiosa para vê-lo, parecia uma eternidade, as horas que passava distante dele. O mesmo acontecia a Daniel, que não se continha em olhá-la, ansiava por abraçá-la, desejava muito tê-la em seus braços. Era óbvio que os dois estavam apaixonados há muito tempo. Passado o susto, foram todos jantar, depois de conversarem um pouco, foram dormir para mais um dia de trabalho.

XX Passado dois dias, o tempo voltara a ficar bom. O sol já se mostrara sublime, brilhante, no céu. Tudo voltou ao normal, os pássaros faziam festa em revoados, os animais corriam no campo. As flores novamente abriam-se, pareciam sorrir para as borboletas e beija-flor. Naquele sábado à noite, a lua também deu o ar da graça. Apareceu bela, radiante, convidando a um passeio lá fora. Ana Luiza resolveu ir até à beira do lago, a magia do mesmo, aquela lua... Hum... dera vazão aos sonhos de Lú, fantasias poéticas, chegara a fechar os olhos e abraçar seu próprio corpo. Por outro lado, Daniel não podia mais esperar, não dava mais para aguentar. Era grande demais aquele amor, não cabia mais em seu coração, resolveu se declarar naquela mesma noite pra Luiza. Como num passe de mágica, começou a andar, andou do seu quarto em direção ao lago, quando de repente ficou perplexo com o que viu.

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Inesperado Amor Luiza estava lá, como quem estava a esperar por ele. Se alguém acredita em destino, não pode se dizer sim ou não. Mas, era aquele o momento certo, preparado como que de propósito para os dois. Ele chega perto dela, que nem percebeu quando ele chegou. Num impulso, não podendo mais dominar seus sentimentos: Abraçou a moça, tomou-a em seus braços, abraçou-a bem forte e beijou-a, sem uma palavra, como que para não quebrar o encanto daquele momento. Somente abraçou-a e beijou-lhe as mãos que estavam trêmulas. Ambos estavam dominados por aquele desejo de amor. Quando ele parou, olhou para ela, eram os olhos mais lindos que ele já vira. Ela se mantinha calada, como se seu coração fosse sair pela boca. Estava se entregando ao amor pela primeira vez de verdade. A princípio ficou atônita, depois desconcertada. Talvez até um pouco envergonhada, mas a vontade mesmo era de atirar-se em seus fortes braços, a ponto de pedir-lhe "beija-me". Então, Daniel começa a falar: - Eu te amo, eu te amo Luiza! - Há muito que te quero... - Luiza, quer ser minha namorada? Perguntou Daniel, não dando tempo para ela responder, e já lhe fazia outra pergunta: - Quer casar comigo Lú? Luiza parecia que não conseguia falar de tanta emoção e surpresa ao mesmo tempo. Daniel da meia volta, colhe uma rosa vermelha e, virando-se para ela, oferece-lhe a rosa e volta a falar como que implorando:

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Inesperado Amor - Diz que sim Lú! Por favor, diz que sim! Nesse momento Luiza já não podia mais esconder o quanto o amava também. - Sim, sim, sim, meu amor! Eu quero me casar com você! Eu também te amo! Os dois voltaram a se abraçar, a se beijar, parecia que não podiam mais se separar. Trocaram palavras de amor com muita ternura. Os dois formavam um lindo par, romântico, como nos velhos tempos se podia ver. E como em todo romance de amor, os dois reuniram suas famílias, marcaram o casamento, foi uma grande festa, como aquela nunca outra foi vista nas redondezas. Foi uma grande alegria para seu pai, sua madrasta, seus irmãos e sua Bá. E os dois casaram-se e a pedido de seus pais, continuaram morando na fazenda, e puderam ficar perto dos seus familiares tão queridos. Assim foram felizes para sempre.

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Inesperado Amor - Diz que sim Lú! Por favor, diz que sim! Nesse momento Luiza já não podia mais esconder o quanto o amava também. - Sim, sim, sim, meu amor! Eu quero me casar com você! Eu também te amo! Os dois voltaram a se abraçar, a se beijar, parecia que não podiam mais se separar. Trocaram palavras de amor com muita ternura. Os dois formavam um lindo par, romântico, como nos velhos tempos se podia ver. E como em todo romance de amor, os dois reuniram suas famílias, marcaram o casamento, foi uma grande festa, como aquela nunca outra foi vista nas redondezas. Foi uma grande alegria para seu pai, sua madrasta, seus irmãos e sua Bá. E os dois casaram-se e a pedido de seus pais, continuaram morando na fazenda, e puderam ficar perto dos seus familiares tão queridos. Assim foram felizes para sempre.

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