Meu primeiro amor

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Escola Municipal Centro Educacinal Carlo Novaresse

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Meu primamor eiro Lais Naldail Barreto Silva


Comissão Organizadora: Célia Oliveira de Jesus Sacramento Vice Prefeitura José Antonio Nascimento Fundação Gregório de Matos (FGM) Lourdes de Fátima Santos Pinto Plano Municipal do Livro, da Leitura e da Biblioteca de Salvador (PMLLB) Roseli dos Santos Andrade Araújo Secretaria Municipal de Educação (SMED) Solange Sousa do Espírito Santo Biblioteca Comunitária

Comissão Julgadora: Antonio Alberto da Silva Monteiro de Freitas Universidade Católica do Salvador (UCSAL) Antonio Luiz M. Andrade Fundação Gregório de Matos (FGM) Daniel Dourado Nolasco Universidade Federal da Bahia (UFBA) Elton Linton Oliveira Magalhães Universidade Católica do Salvador (UCSAL) Jones Oliveira Mota Universidade Federal da Bahia (UFBA) Liliane Vasconcelos de Jesus Universidade Católica do Salvador (UCSAL) Lourdes de Fátima Santos Pinto Plano Municipal do Livro, da Leitura e da Biblioteca de Salvador (PMLLB) Maria Clara de Luz Vasconcelos Secretaria Municipal de Educação (SMED) Maria de Jesus Ribeiro B. Oliveira Universidade Católica do Salvador (UCSAL) Norma Lúcia Reis Souza Universidade Católica do Salvador (UCSAL) Tereza Cunha Sales de Almeida Fernandes Secretaria Municipal de Educação (SMED)


3º Lais Naldail Barreto Silva

Meu primamor eiro Esse texto é vencedor do Concurso Municipal de “ Literatura Prêmio Jorge Amado - 2014, promovido pela Prefeitura do Salvador.

Professora orientadora

MARILDA RODRIGUES ANDRADE Escola Municipal Centro Educacinal Carlo Novaresse GRE: LIBERDADE



Capítulo 1 Na verdade o que Luna queria era sair da sombra de seus amigos, coisa difícil, considerando como ela era. Não que ela fosse feia, não, longe disso, ela apenas era apagada em relação a seus melhores amigos. Ana Clara de Castro, loira, alta de olhos castanhos, tinha os cabelos até a altura dos ombros em tom mel e natural que a fascinava tanto quanto o seu jeito meigo e meio agressivo de ser. Ela era daquele tipo de pessoa que está sempre lá pro que der e vier e você sempre pode contar pra tudo mesmo, desde dar conselhos bons, até mesmo colar a bunda da professora na cadeira. Apesar de seu jeito meio travesso é uma garota do bem e que sonha em um dia ser médica legista, coisa que Luna não duvida que possa acontecer, já que é uma menina muito estudiosa e uma das mais inteligentes da classe. Maria Eduarda Medeiros, morena alta de olhos castanhos escuros, seus cabelos certamente davam inveja a qualquer um, já que eram enormes, uma cascata de cabelos que caíam em cachos até sua cintura, num tom castanho. Também bastante inteligente ama os animais e uma das coisas que mais lhe dá prazer é fazer trabalhos comunitários, todas as terças e quintas á tarde ela trabalha num pet shop de graça e ajuda a cuidar dos animais que chegam para serem atendidos e o seu maior sonho é se tornar uma veterinária. Duda tinha tudo pra ser uma patricinha riquinha que não se importa com os sentimentos dos outros, mas ela realmente não se importa com o fato de morar numa mansão, ter um motorista particular para levá-la para onde quer que ela vá e tenha vários empregados que possam fazer o que ela quiser e na hora que ela quiser, mas na verdade tudo o que Duda quer é ser uma garota normal, ter uma casinha simples com um cachorro e uma família para chamar de sua, coisa que Luna sempre admirou, pois normalmente o que todos querem é ter a vida que uma de suas melhores amigas tem atualmente e que ela na verdade odeia. Marcelo Landin, alto e forte, cabelos negros e olhos de mesma cor, era certamente um cara pelo qual as garotas se interessavam, exceto talvez Luna, pois ela tinha quase certeza que ele era gay, isso porque ele dava ataques todas as vezes que ficava sem gel, ou toda vez que ganhava um quilinho a mais.Seus pais sempre trabalhavam bastante, mas nem por isso

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deixavam de lhe dar atenção e era evidente em seu rosto que ele foi e ainda é muito amado pelos dois. E no meio disso tudo, Luna, uma garota de cabelos lisos e negros, olhos castanhos escuros e tímida. Era certamente a nerd da escola, com a nota sempre acima de oito, o tipo de garota que prefere ficar em casa a ir a uma festa da escola. Na verdade não é só a personalidade dos outros três que se destacam mais que a de Luna, eles também se destacam porque são populares, não daqueles tipos de filmes dos Estados Unidos, mas certamente populares, Duda por sua beleza e simpatia, Ana por seu jeito durão e perigoso, mas que se mostrava uma grande amiga no fim e ajudava a todos no que fosse preciso e Marcelo por sua beleza e elegância, sem contar com o fato de que ele por onde passava arrancava suspiros das garotas ao redor. E o que era isso se comparada a vida monótona e chata de Luna? Era o que ela sempre se perguntava. O que a garota não conseguia entender era o porquê deles andarem com ela, sendo que eram claramente mais interessantes do que ela jamais foi ou que jamais será. Nem que eu andasse por ai vestida com pisca-pisca de natal eu não chamaria tanta atenção quanto eles. Pensou ela, mas não por mal, não que ela não gostasse de ser mais apagada que eles, não que ela sentisse inveja da popularidade deles, ela mesma não conseguiria ser o centro da atenção de tão tímida que era,o que a irritava é que todas as vezes que alguém que não fosse eles ou os professores lhe dirigiam a palavra era para perguntar sobre Ana, Duda ou Marcelo, seja porque precisava da ajuda de Ana para pregar uma peça num professor que foi malvado, ou Duda para conversar sobre as tartarugas marinhas que podem entrar em extinção e que devem fazer um protesto para pararem de matar as tartarugas marinhas, e até mesmo pra saber se Marcelo queria sair na sexta á noite, sendo ás vezes meninas e ás vezes meninos. Luna já estava cansada daquilo e várias vezes tentou se afastar deles, mas eles nunca deixavam, sempre iam atrás dela, sempre vinham lhe perguntar se ela estava bem, se precisava de algo, eles eram bons demais para ela simplesmente dizer que não queria mais estar perto deles o tempo inteiro porque estava cansada deles serem populares demais, além do mais não existe uma forma de dizer essas coisas sem ser grossa, sem os magoar e sem se arrepender depois por tê-los afastados e então perceber que ela precisa deles. Ultimamente não era só isso que vinha lhe chateando e tirando seu sono, sua concentração e seu sossego, ela tinha certeza que seus pais estavam á beira de uma separação, estava quase que estampado em suas testas isso. Os dois já não dormiam juntos há quase um mês, seu pai, Bruno, vinha dormindo todas as noites no sofá e isso estava lhe causando muitas dores nas costas. Sua mãe, Luiza, estava sempre estressada, e Luna tentava se lembrar da última vez que a viu sorrindo, na verdade não conseguia se lembrar da última vez que os viu

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sorridentes, era muito mais difícil agora pra ela imaginá-los felizes,rindo de coisas bobas,sem as brigas costumeiras,era quase impossível imaginar que um dia eles se amaram,que se casaram e tiveram uma lua de mel,que viajaram juntos para Paris e que estavam casados há 20 anos.Era mais impossível ainda pra Luna lembrar da última vez que os flagrou num beijo,ela se lembrava de ter uns 10 anos,mas não tinha certeza realmente,tudo o que conseguia se lembrar era que suas brigas começavam com a frase “tenho certeza que você está me traindo” e que terminava com “eu não vou discutir contigo” e então seu pai saindo e batendo a porta e aparecendo somente horas depois. - Lun? - Ouviu alguém lhe chamar - Terra chamando Luna, responda Luna. Lun era como os três a chamavam só pelo simples fato de que achavam errado todas as pessoas que tem o nome com as iniciais L e U terem que ser obrigatoriamente apelidadas de “Lu”. - O que? O que foi? - Falou tentando fazer com que Marcelo parasse de sacudi-la, uma das únicas manias que ela detestava nele. - Você ouviu o que falei? A aula acabou, as meninas querem ver um filme no cinema. - Um filme? - É, um filme, sabe aquele negócio que a gente faz pra se divertir?Ver imagens na tela com som e imagem? Então, é isso que elas querem fazer. - Eu sei o que é um filme, Marcelo. - Ela revirou os olhos para ele como se achando aquilo tudo ridículo. - Não, não é isso são os meus... ah, deixa pra lá. Vamos sim. Os dois foram andando pelo corredor enquanto Marcelo tentava enfiar as pressas o caderno na mochila e ela a segurava andando de lado com cautela para não cair. Sempre o mais atrasado de todos, o que sempre ficava na sala até depois de todos terem ido embora só para terminar de copiar a atividade que foi passada no quadro e que todos os outros já haviam terminado há tempos.Finalmente Marcelo conseguiu encaixar tudo em sua mochila e eles apressaram o passo e conseguiram chegar no exato momento em que o motorista de Duda vinha para buscá-la. - Ah, desculpa senhorita eu sei de tudo. Mas então, você vem ou não? Tá com uma carinha tão mal, precisa se divertir um pouco, esfriar a cabeça, anda estudando muito não é? - Aí estão vocês dois, demoraram hein? - Disse Ana num tom meio debochado que só ela tinha. - Foi difícil ligar Lun de volta, ela estava fazendo aquilo de novo. - Marcelo falava enquanto colocava a mochila nas costas.

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- O que está acontecendo Lun? - Era Duda falando dessa vez. - Você ultimamente vem tendo esses ataques de desligamento, agindo como se estivesse visualizando as coisas por trás de um vidro, tá acontecendo alguma coisa? Quer nos contar? Você sabe que estamos aqui e que pode confiar na gente seja lá pro que for. - Exato, a gente vai entender se você estiver assim porque sua professora lhe deu 9,9 em história e você achou injusto, quer se vingar e anda se desligando para poder esquematizar um plano do mal para fazê-la pagar pela injustiça.Posso até lhe ajudar se quiser. - Luna poderia até mesmo ficar com medo do olhar maliciosa que estava presente agora em Ana, mas a conhecia bem o suficiente para saber que ela não era inteiramente malvada e que ás vezes podia até mesmo ser inofensiva. - Não é nada gente, só estou preocupada com minha nota em matemática, acho que dessa vez não consigo um 10 e isso sujaria o meu boletim pro resto da vida. - Mentiu Luna. - Fica tranquila Lun, você consegue essa, vai ver. - Marcelo a abraçou, um abraço de amigos, de um braço só, que envolvia seus dois ombros. Os quatro entraram no carro e Duda se encarregou de sussurrar o destino ao ouvido do motorista

que

assentiu,

murmurou

um

“sim

senhorita

Medeiros”

e

seguiu

imediatamente.Durante o percurso nenhum deles conversou muito,era uma regra da Duda, não conversar demais no carro,pois ela sabia muito bem que seu pai ficava sabendo de cada palavra trocada naquele carro pois seu motorista era pago não só para dirigir,mas também para vigiar,ela havia descoberto isso numa vez que eles combinavam de ir num show sexta á noite após às oito,mas como seus pais já haviam dito que ela não poderia ir nesse show porque terminaria tarde demais ela decidiu que iria escondida, fingiria estar dormindo, trancaria a porta do quarto,sairia pela janela e desceria pela árvore que tem bem ao lado de sua janela.O plano tinha tudo para dar certo,ela sabia que seus pais não verificavam se ela estava mesmo dormindo ou acordada depois da hora em que a mandaram pra cama,mas tudo foi por água abaixo quando ela chegou em casa na quinta á noite e seu pai lhe esperava de braços cruzados e cara fechada.Ele não gritou,não reclamou,nem mesmo disse aqueles costumeiros “perdi a confiança em você”,simplesmente a mandou para o quarto não sem antes pegar o celular,o fone de ouvido tirar o notbook e a televisão de seu quarto com o aviso de que ela só teria essas coisas de volta quando merecesse. O shopping não estava tão movimentado como normalmente fica nas sextas á tarde, o que era algo bastante raro considerando o fato de que eles moram em Salvador.Eles compraram o ingresso bem rápido para um filme brasileiro de comédia que estava em cartaz e foi exatamente como Marcelo disse, aquilo conseguiu distrair Luna problemas que tinha.

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um pouco e até mesmo esquecer dos problemas que tinha. - Vamos comprar um Mc Lanche feliz? - Ana falava com evidente entusiasmo na voz após sair da sala do cinema. - Não acha que está um pouco grandinha pra Mc Lanche feliz, Ana? - Marcelo falava enquanto respondia uma mensagem de sua mãe no telefone. - Nunca se é grande o bastante para se parar de comer um Mc Lanche feliz. Aliás, não sei quem foi que disse que só as crianças podem comer Mc Lanche feliz. - Bom, certamente foi o brinquedo que vem o acompanhando. - Então aquele brinquedo é somente para crianças? Não vejo porque, tem uns bem legais, tenho uma coleção deles lá em casa. - É verdade, ela tem duas prateleiras lotadas, eu já vi. - Duda dizia enquanto puxava a carteira pra verificar o dinheiro que ainda lhe restava. - Você é tão criancinha, Ana. - E você é muito adulto não é mesmo, Marcelo? Não tem nem coragem de assumir logo que gosta de uma certa pessoa. Bem, se isso é ser adulto eu quero ser criança e continuar comendo Mc Lanche feliz. Os dois se encaravam feio numa conversa de olhares que mais parecia uma luta de MMA, e que aparentemente Luna era a única que não entendia o porquê, ela sabia que Marcelo gostava de alguém, isso era claro, mas não sabia de quem, suspeitava de Duda, mas uma vez havia lhe perguntado se ele a achava bonita e se namoraria com ela, ele simplesmente disse que sim, mas não ela não fazia o seu tipo. Luna na ocasião decidiu se calar, não sabia qual era o tipo de Marcelo, mas certamente não era morena alta e de cabelos longos. Eles se sentaram numa mesa em frente ao Mc Donald’s e foram ver o que iriam comer deixando Duda sentada olhando as coisas enquanto tentava destravar o celular murmurando coisas como “porcaria de celular”. Ela não podia comer nada daquilo ali, isso se ela não quisesse ouvir sua mãe reclamar por horas só porque ela saiu da dieta preparada especialmente pra ela por uma nutricionista super cara.A verdade é que tudo que Duda tinha era exageradamente caro e tinha que ser exageradamente bem cuidado, o que lhe rendia horas e mais horas de reclamações dos pais caso uma unha dela quebrasse. De certa forma Luna entendia o que ela sentia, mesmo com todos os problemas que tinha ela não trocaria a sua vida pela

de sua amiga, não sabia se aguentaria tanta reclamação assim por coisas tão mínimas

como uma escapadinha rápida da dieta. Como Ana havia dito ela comprou o Mc Lanche feliz que no fim não foi tão feliz assim, já que o brinquedo que ela queria já havia se esgotado, então ela saiu segurando a bandeja e

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resmungando como sempre faz. Marcelo escolheu um mil shake pequeno e um hambúrguer simples e Luna um milk shake, um hambúrguer e batatas fritas. - Nossa, Marcelo Lucas Landin comendo essas comidas gordurosas de praça de alimentação de shopping sem reclamar dos quilos a mais que vai ganhar? Meu Deus, isso é um milagre, temos que tirar uma foto pra posteridade. - Duda levantou o celular e fez uma careta digam selfie - ela murmurou e logo depois ouvimos o som que indicava que a foto havia sido tirada. - Olha ai como ficou e me digam se posso postar. - Analisaram e foto e então assentiram com a cabeça. - Então meninas, tava pensando em fazer uma festa do pijama só para meninas. - Ana falava entre uma mastigada e outra. - E eu? Isso é uma injustiça contra os meninos, essas festas deviam ser abertas para nós também.Sabemos ser bem divertidos. - Marcelo não sabia em que se concentrar, se era no hambúrguer que comia como se não comesse um há muito tempo (coisa que nenhum dos que estavam na mesa duvidava) ou na discussão com Ana sobre a injustiça de garotos não poderem participar de festas de pijama só para meninas. - Ah não ser que você faça uma cirurgia e me volte aqui com seios, cabelos grandes e uma voz fina, você não pode participar de festas do pijama só para meninas. - O que acontece nessas festas? - Ah Marcelo, você sabe, nós fazemos as unhas, o focamos, assistimos á filmes de romance água com açúcar e depois dormimos. - Verdade isso meninas? - Ana olhava para as outras ao redor com o olhar que dizia para confirmarem que sim, e foi o que as duas fizeram sem prestar muita atenção na conversa daqueles dois. - Mas que chato, se tivesse uma festa dessa de garotos aí sim vocês saberiam o que é diversão. Em, tenho que ir garotas, minha mãe já me ligou umas mil vezes, mas não precisam chorar, depois nos falamos. Boa festa do pijama para vocês. - Marcelo se levantou com um giro gracioso e saiu com um aceno. - Humf - o olhar fuzilante de Ana o seguiu até ele sumir de vista. - Convencido. - Olha só meninas, vocês não vão acreditar no que acabei de ver aqui. - O olhar de Duda estava vidrado no celular, como se estivesse evitando olhar para todas as pessoas comendo aquelas comidas gordurosas e que lhe eram proibidas, temendo não consegui controlar-se e acabar atacando alguém e arrancando seja lá o que essa pessoa esteja comendo. - O quê? O que você viu? - Luna soltou seu hambúrguer e se inclinou mais pra frente. - A Cassandra Clare vai escrever novos livros. - Duda estendeu o seu celular para mostrar a notícia que tinha como tinha como título “não acaba por ai:após sucesso

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mundial da saga Os instrumentos mortais, autora pensa em novos livros ainda no mundo dos Caçadores de Sombras”. - Alguém me belisca. - Luna sentiu um aperto no braço e exclamou um “ai” quando Ana a beliscou - Não era pra beliscar de verdade, nossa. - Ela esfregava o braço enquanto falava o quanto estava ansiosa pelos próximos livros e o quanto queria que os seus personagens favoritos voltassem nesse e que ela afinal não tinha ficado órfã dos livros da Cassandra.

Capítulo 2 Luna chegou em casa exausta, colocou a mochila em cima da cama e sentou-se na cadeira do computador para pesquisar mais e saber se era realmente verdade que novos livros iriam ser lançados. Aquela era a escritora favorita dela, desde que leu o primeiro livro após ganhar de sua tia um exemplar aos 13 anos,ela tinha se apaixonado por toda a história e agora com 16 já tinha lido todos os livros da autora.Ela recordava-se do dia em que pediu a seus pais permissão para fazer uma tatuagem na mão direita, o símbolo de clarividência que todos os Caçadores de Sombras tem,lembra de como chorou naquele dia,de raiva dos pais e também porquê queria muito ter aquela tatuagem,no dia ela havia dito que quando fizesse dezoito iria fazer a tatuagem e ninguém poderia lhe impedir,hoje,faltando 2 anos para completar dezoito essa virou uma mera lembrança que no momento não era,mas agora pensando bem a fazia rir. Luna levantou de sua cadeira sorrindo ao confirmar a notícia e foi em direção ao banheiro em seu quarto já tirando a blusa pra tomar um banho e se livrar do suor que fazia alguns fios de cabelo grudarem em sua testa e nuca. Antes mesmo que a garota pudesse terminar o seu banho ouviu um barulho de vidro quebrando e um grito de dor, ela se enrolou imediatamente na toalha e foi correndo até a cozinha, lugar de onde vinha o barulho.Sua mãe e seu pai estava lá, a mão de Luiza sangrando e um prato no chão partido em mínimos pedaços, seu pai a encarando de cara fechada. - O que aconteceu aqui? - Perguntou Luna, o espanto evidente em sua voz e sua expressão. - Nada minha filha, só deixei cair sem querer o prato e me cortei ao pegar os cacos do chão, não foi nada tá? Vai pro seu quarto e fica quietinha lá, certo? Mamãe te ama.

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- Luiza falava forçando um sorriso nada convincente a Luna, que acabou por perder a paciência que vinham mantendo há dias. - Não mãe, não vou pro meu quarto,é claro que algo aconteceu aqui, na verdade vem acontecendo há muito tempo,vocês acham que sou idiota?Eu sei o que está acontecendo aqui ,não me tratem como uma criança de 5 anos porque mãe,eu já não tenho mais 5 anos há muito tempo.Vocês pensam que podem me enganar fingindo estar tudo bem e dizer que me ama,mas acreditem,não enganam de forma alguma,eu venho há dias me esforçando pra me manter calada,pra não explodir e falar tudo o que está bem aqui entalado,mas não dá,não tem como,se vocês não abrem o jogo comigo e querem me fazer de idiota,tudo bem,mas não me tratem como se eu fosse uma garotinha que não entende nada. - Os dois a olharam com verdadeiro espanto, Luna não sabia dizer se era porque pela primeira vez ela havia desrespeitado a regra de não falar alto,ou até mesmo por pela primeira vez em sua vida ela tinha usado tais palavras com seus próprios pais.Ela nunca havia falado com eles assim antes,nunca se metia em suas brigas,fingia até não saber o que se passava,mas ultimamente a sua paciência estava no limite,eles a tratavam como uma criança que com um simples “eu te amo” não faz mais perguntas,achavam que ela não sabia que estavam brigando,achavam que ela não sabia que eles iriam se separar.Ela sabia que mais cedo ou mais tarde iria ter duas casas,que não veria um dos dois todos os dias,que ficaria dúvida entre Bruno e Luiza e não estava apavorada com isso,tudo o que ela queria na verdade era que eles parassem de brigar e fossem felizes,juntos ou separados,não importando se ela estava ou não feliz,porque era isso que Luna sempre fazia, se preocupar com a felicidade dos outros,colocar os problemas dos outros acima de seus próprio problemas,não que isso estivesse errado,simplesmente certas vezes a deixava infeliz. - Sei que vocês brigam sussurrando, os conheço bem o suficiente pra saber que não gostam de gritaria, principalmente em brigas, sei que aparentemente o papai vem lhe traindo,sei que estão á beira de uma separação e que estão infelizes um com o outro,só não consigo entender porque não se separam logo,não estou triste com o fato de que vão se separar e não vou mais ter os dois juntos na mesma casa,estou infeliz porque vocês estão infelizes.Se estão adiando isso por causa de mim saibam que tudo o que eu quero é a felicidade de vocês dois,independente de estarem ou não juntos,só por favor,parem de brigar,isso é pior pra todos nós. - Luna saiu andando, entrou no quarto, fechou a porta, colocou uma roupa e deitou na cama olhando para o teto,lembrando-se de quando em sua antiga casa ela e Marcelo haviam colado estrelas para que sempre que ela fosse dormir tivesse um pouco do universo pra ela.Ela agora sentia falta das estrelas no teto,sentia falta de quando era criança e viam seus pais felizes,sentia falta de quando Marcelo ia em sua casa e eles assistiam filmes até pegarem no solo,sentia falta de quando seu pai a carregava até a cama quando ela acabava

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pegando sono no sofá,sentia falta dessas coisas pequenas que pra ela faziam toda a diferença,e foi lembrando de todos esses momentos felizes que ela pegou no sono. Luna foi acordada por seu celular tocando, ela apalpou a cômoda ao lado de sua cama até encontrar o celular e ainda um pouco sonolenta atender. - Alô? - Ela falava com a voz meio arrastada tentando manter os olhos firmes pra não dormir novamente. - Lun? É a Ana. - A garota do outro lado da linha falou. - Oi Ana, o que foi? - Lun você tá bem? Tá com a voz estranha, parece que fumou maconha. Você não fumou, né? - O quê? Não, eu só estou meio sonolenta, é que tava dormindo. - Ah sim. Bom, queria saber se vamos mesmo fazer a festa do pijama mesmo, tô de bobeira hoje, meus pais saíram pra jantar, sabe como é né? Estão comemorando 16 anos de casados e isso não é o tipo de comemoração pela qual uma filha deva participar, duvido que cheguem antes das quatro da manhã. - Sei sim. Bom, por mim tudo bem, mas só se tiver fini. - Com certeza vai ter fini Lun. Então beleza, vou falar com a Duda e ai te ligo pra confirmar tudo, certo? - Certo. Luna desligou e levantou da cama num pulo, não se sentia mais sonolenta e sim animada, aquele era o único tipo de festa que ela gostava, era bom voltar aos velhos tempos onde dormiam uma na casa da outra e brincavam juntas, parecia ser um pouco infantil, mas ela não ligava, não achava que tinha muita diferença em ser criança ou adolescente, era apenas Luna, independente de sua idade.

Capítulo 3 A festa iria ser na casa de Duda,o que significava que ela poderia matar a saudade da torta especial que só a mãe de Duda fazia.Recordava-se do dia em que comeu pela primeira vez,era

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um gosto tão bom,ela imaginou na ocasião uma sala cheia daquelas tortas todas para ela,tinha plena consciência de que aquele não era um pensamento muito saudável,mas não podia evitar,ninguém que experimentasse a torta da Sra. Medeiros conseguia resistir ,uma vez quando era menor ela chegou a cogitar se a mãe de sua amiga era uma feiticeira que havia posto um feitiço em sua torta para que ela se apaixonasse por ela. Luna terminou de arrumar sua mochila com tudo que sabia que precisaria e então desceu as escadas indo em direção à porta de saída, que foi bloqueada pela imagem de sua mãe. - Para onde vai? - Ela perguntou com ar de curiosidade. - Para a casa de Duda. Festa do pijama com as meninas. - Respondeu Luna virando o ombro pra mostrar a mochila em suas costas. - E a senhorita não pede mais permissão?É isso?Perdemos o poder de controle sobre você?Decidiu soltar de uma vez só a adolescente dentro de você? - Mãe, é apenas uma festa do pijama com as meninas, faço isso desde os 10 anos e eu iria avisar a vocês. - Não, não iria. Minha filha, o que está acontecendo com você?O jeito como falou comigo e seu pai mais cedo… - Nada está acontecendo mãe - cortou-a - apenas quero sair um pouco com minhas amigas, me divertir um pouco, ando muito estressada com a escola, me desculpa por ter falado com vocês daquele jeito, não vai acontecer novamente. - Ela parou por um segundo e então prosseguiu - Posso ir ou você vai me deixar de castigo? - Não, você pode ir, mas quero que esteja aqui antes das dez da manhã, certo? - Tudo bem.

Capítulo 4 Chegar à casa de Duda nem demorou tanto assim, na verdade foi mais rápido do que ela esperava e quando se deu conta já estava na porta da casa.Ela tocou a companhia duas vezes e

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- Oi amiga. Nossa, que cara é essa? Aconteceu alguma coisa? Alguém tentou te estuprar enquanto vinha? - Duda encostou o ombro na porta e me encarou. - Mas o quê? Não, não é nada disso. Ah, depois eu explico. As duas entraram e mesmo depois de anos Luna ainda tinha a mesma sensação de quando entraram ali pela primeira vez e que quase sempre a deixava de boca aberta, era tudo muito lindo, tudo em concordância, era elegante e aconchegante ao mesmo tempo. O mordomo, Daniel, veio até ela e a cumprimentou com um aceno de cabeça e um sorriso, como sempre fazia quando a via. - Oi Daniel, quanto tempo. - Falou Luna retribuindo o sorriso. - Olá senhorita Mendel, como vão as coisas? - Ele tentava ser o menos formou possível, já que Duda sempre reclamava com ele por ele ser formal demais com pessoas que já eram praticamente da casa como eu e Ana. - Na medida do possível. -Daniel, ela adorava esse nome, sempre lhe parecera que o nome tinha algo de angelical, era um nome tão simples, tão bonito, era um dos nomes de garotos favoritos dela, só ficava atrás de Rafael. - Ah, adivinha só o que minha mãe fez hoje especialmente pra você. - Falou Duda a tirando de seu devaneio. - Hum, me deixa ver. Batata frita? - Ela errou de propósito. - Não, tinha certeza que acertaria de cara. Ela fez torta de morango. - Sério? Eu amo a torta de morango da sua mãe. - Eu sei que ama, pedi pra ela fazer quando Ana me ligou mais cedo. Falando em Ana, ela está nos esperando lá no quarto, Daniel, leve um pedaço de torta para as duas. - Mas e a senhorita? - Daniel, você sabe que esse tipo de coisa tem muita caloria, não posso sair de forma. As duas subiram as escadas correndo e entraram na primeira porta a esquerda, onde ficava o quarto de Duda.Aquele quarto não tinha a cara dela, era o que Luna pensava todas as vezes que entrava nele,as paredes rosa claro,as cortinas florais,alguns pôsteres colados na parede,um painel com fotografias dela com os pais,dela com os amigos,mas nada de fotos de animais que ela já tivera,nada que indicasse que ela amava os animais e que fazia trabalhos comunitários,nada que tirasse da cabeça de quem não a conhecia que ela era uma patricinha metida. - Ah, finalmente, por que demoraram tanto? - Ana falou levantando a cabeça do seu PSP. - Foi mal Ana, estávamos falando com Daniel. - Respondeu Luna. - Deve ter sido uma conversa emocionante. - O sarcasmo era evidente na voz de Ana.

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Elas se sentaram no tapete e ficaram encarando umas às outras em silencio, até que não aguentaram mais e começaram a rir. - Vocês brincar de verdadeiro ou falso? - Duda sugeriu tentando parar de rir. - Vamos. - Luna aceitou - Você começa. - Tá...verdadeiro ou falso, Ana, você é apaixonada pelo Kendall, da Big Time Rush. - Duda falou se inclinando para ver o rosto de Ana. - Falso, eu sou apaixonada pelo Logan, aquelas covinhas dele são tão fofas. - Ana respondeu suspirando como se em sua mente agora viesse a imagem do Logan sorrindo. - Certo, sou eu. Verdadeiro ou falso, Lun, você ainda não beijou ninguém, o que te faz bi. - Falso. Quando eu tinha um cachorro uma vez sem querer ele conseguiu me beijar. - falou Luna rindo. - Cachorro não vale Lun, apesar de ser engraçado. - Certo, então é verdadeiro, eu nunca beijei ninguém. - Não, né possível isso. - as duas a olhavam incrédulas, como se não pudessem acreditar naquilo. - Ninguém mesmo? Nunca? Nem aquele um beijinho de nada? - Duda tentava acreditar. - Não, nunca, e não vejo porque tanto espanto, eu só tenho 16 anos. - Mas cara, eu dei o meu primeiro beijo com onze. - Ana falou também tentando acreditar como aquilo era possível. - Como foi? - Duda agora já amenizava a sua expressão que segundos antes era de espanto. - Ah, foi com um menino numa festa de aniversário, a gente foi pegar refrigerante, ai não tinha ninguém lá, e ele começou a me olhar estranho, tenho certeza que devia ser pelo menos 2 anos mais velha que eu, mas eu sabia muito bem que ele ia me beijar. - E você não deu pra trás? - Luna tentava se concentrar no rosto de Ana e não conseguia evitar imaginar a cena, Ana com 11 anos, mas com o mesmo rosto que tem hoje, um pouco mais baixinha, com duas presilhas prendendo duas mechas da frente de seu cabelo e o resto solto atrás,usando uma jaqueta de couro de manga longa que só ia até metade de seu tórax e com aquelas botas com um pouco de salto que a faziam parecer uma mulher,se não fosse pela carinha de criança travessa que ainda mantinha,a altura e a voz fina de criança,olhando para aquele garoto que se aproximava dela,sabendo o que ele faria,mas não recuando,segurando um copo de refrigerante na mão e sustentando o olhar do garoto. - Mesmo sabendo o que ele faria? - Não, não vi porque fazer isso, quer dizer, não é um crime beijar, ou é? Só sei que foi estranho de um jeito legal. Depois que ele se afastou de mim disse que eu era muito

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linda e então saiu andando. - Teve língua? - perguntou Duda eufórica. - Duda! - Censurou-a Luna. - O que foi? Perguntei algo errado? - Teve língua. - Ana respondeu sem rodeios. Antes que qualquer um deles pudesse falar algo mais Daniel bateu na porta do quarto e então entrou segurando uma bandeja com dois pratinhos com pedaços de torta de morango. Ele estendeu os pratos, um para Ana e outro para Luna, e então foi embora não sem antes fazer uma reverência e avisar que se precisassem era só chamar. - Faltou o seu Duda. - Ana tentava comer o mais devagar possível, mas se tratando da famosa torta da Sra. Medeiros Luna sabia que era impossível comer devagar. - Não faltou, eu pedi que trouxesse só pra vocês duas. - Duda olhava pra baixo fingindo analisar as unhas perfeitamente feitas. - Ah não, é por causa dos quilos que vai engordar?Isso é uma bobagem, sabia? Há quanto tempo você não come um doce? - Não sei Ana, há muito tempo. - Pois bem, vamos dividir esse bolo. - Ana, você sabe quantas calorias tem isso? - Quem liga? E depois eu e Lun vamos fazer exercícios com você, polichinelos, essas coisas aí, você perde o que ganhou, mas não pode ficar se privando de comer essas coisas, a vida é curta demais pra você ficar regulando seu peso, além do mais isso está uma maravilha, olha só. - Ana colocou o prato bem debaixo do nariz de Duda, provocando-a até que ela puxou o prato da mão de Ana e tirou um pedaço. - Vocês estão me fazendo burlar as regras, deviam ser presas. - Duda falou após mastigar o seu pedaço. - Se posso ser presa por fazer minha amiga feliz, então me prendam agora. - Ana estendeu a as mãos cerradas e juntas uma da outra. - Ela tem razão, Duda, você tem que parar de se privar de comer as coisas que gosta. - Luna estendeu o prato pra ela e a amiga tirou um pedaço. - Ai, tá bom, eu como, mas vocês duas vão malhar comigo okay? - Okay. - as duas responderam em uníssono.

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Capítulo 5 Na segunda quando Luna levantou estava chovendo, ela tomou um banho rápido e após de vestir desceu até a cozinha, onde seu pai e sua mãe comiam calados e de cabeça baixa, sem encarar um ao outro. - Consigo sentir o clima depressivo no ar que emana de vocês dois. - Luna falou entrando e ele não se moveu. - Bom dia pra vocês também. - Bom dia filha. - sua mãe falou, o desânimo evidente em sua voz. - Certo, sabe do que vocês precisam? De sair um pouco, ir a um show de rock com muita gritaria, tomarem energético, ficarem bêbados, fazerem loucuras por ai e depois virem pra casa e acordar de ressaca indo pro banheiro vomitar. - Eu não bebo. - Os dois reponderam. - Sugerir a maconha não seria uma boa, né? Okay, já entendi. Vocês poderiam, sei lá, irem jantar e então passarem a noite fora. Ah, qual é gente, se animem. - Luna tentava reanimar a relação dos dois desde quando chegou da casa de Duda exatamente ás dez da manhã, mas não vinha dando muito certo, sim, eles haviam parado de brigar e não se olhavam mais com ódio,mas ainda não se encaravam,não sorriam,não dirigiam a palavra um ao outro,seu pai ainda dormia no sofá e os dois estavam desanimados,ela sabia que iria demorar bastante tempo para que as coisas se resolvessem e que havia somente dois caminhos pelo qual a relação de seus pais iriam,separação,ou então eles fariam as pazes,claro que ela torcia pela parte em que eles faziam as pazes,todo filho torce por isso,mas conseguia aceitar em sua cabeça que talvez eles não ficassem mais juntos. - Não dá pra ficar animada numa segunda de manhã, filha. - seu pai se pronunciava levantando a cabeça. - Então pode se animar com minhas notas, certo? Tirei dez em biologia, química, português e geografia. - Filha, você sabe que sempre foi nosso orgulho, não é? E não só pelas notas, mas pelo o que você é, nós nos orgulhamos de você, posso falar por mim e por seu pai. - Luna percebia o esforço que sua mãe fazia para encará-lo enquanto sorria mesmo que esse não fosse um sorriso totalmente sincero.

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Capítulo 6 Poucas pessoas já haviam chegado quando ela entrou na escola,havia saído mais cedo de casa,odiava aquele clima de depressão tanto quanto odiava que a contrariassem,não que fosse uma atitude certa de sua parte,era até mesmo egoísta,mas não podia evitar,ela simplesmente não aceitava quando as pessoas lhe diziam que estava errada,ela queria estar certa o tempo inteiro,esse era um de seus piores defeitos.Ela pensava nisso enquanto andava pelo corredor da escola,os livros que não couberam na mochila pesando em sua mão,ela andando devagar com medo de derrubá-los quando alguém tombou com ela e os seus livros caíram no chão quase fazendo-a cair também,se não fosse pelo braço que a segurou e a soltou assim que ela recobrou o equilíbrio se abaixando imediatamente para recolher os livros no chão enquanto via a sombra de um garoto alto se abaixando á sua frente para ajudá-la a recolher os livros. - Me desculpa como sou desastrado. - o garoto murmurava com evidente nervoso na voz, enquanto pegava rapidamente os livros do chão. - Não tem problema. - falou Luna pegando alguns dos livros e se levantando ao perceber que já não havia mais nenhum no chão. - Me desculpa mesmo, não foi minha intenção. - o garoto lhe entregou os livros. Ela percebeu com curiosidade que ele tinha um sotaque diferente, não parecia ser daqui, não era só o sotaque que mostrava isso, era ele por inteiro, loiro e de olhos verdes, alto e forte, parecia um surfista, mas não como os daqui, como os da Califórnia. - Que isso, não foi nada, eu também estava distraída. - ela sorriu timidamente pra ele ajeitando os livros na mão que a essa altura já estava dormente com o peso. - Bom, er...eu sou novo aqui, você já deve ter percebido, né? - ele passava a mão no cabelo enquanto falava um pouco tímido, parecia querer perguntar algo. - Realmente, nunca o vi aqui, na escola, quero dizer. - É que eu vim pra Salvador há pouco tempo. E me matriculei ontem, será que pode me dizer onde fica a sala do 2° ano A? - É a minha sala, estou indo para lá agora. - Ótimo, posso ir com você? Estava tentando achá-la, mas ainda não encontrei. - Claro que pode. - ele olhou para os livros em sua mão,como se percebendo o peso que ela estava suportando,peso demais para ela. - Deixa eu te ajudar com isso. - ele pegou alguns livros de sua mão, a maioria e

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murmurou um “não este pesado pra mim” quando ela protestou e então os dois começaram a ir em direção á sala. Quando eles chegaram lá ela se sentou em seu lugar de costume, na segunda cadeira da primeira fileira, bem perto de onde ficava a mesa do professor para poder ouvi-lo melhor, o garoto depositou os livros na mesa em que ela colocou a mochila. - Que falta de educação a minha, nem me apresentei, me chamo Rafael Mendes. - o garoto, Rafael, estendeu a mão esquerda com um sorriso gentil no rosto. Esquerda, canhoto, pensou ela aceitando sua mão e apertando-a. - Luna Mendel. - disse apenas. - Luna? Nome diferente, nunca conheci uma Luna. - seu olhar era curioso enquanto recolhia a mão. - Pois bem, está conhecendo agora. - Luna Mendel, você é nascida aqui? - Sim, sou soteropolitana, é que meus pais queriam me dar um nome menos comum e meigo ao mesmo tempo. - E você faz jus ao nome? - Não sei, não me considero uma pessoa muito meiga. - Não é o que o seu rosto diz. - ele sorriu novamente. - Sou californiano, filho de um surfista brasileiro com uma surfista californiana. - Então me deixe adivinhar, você também é surfista? - Luna havia se sentado e analisava seu rosto com a cabeça levantada, apoiada nas mãos, até que ele se sentou numa cadeira ao lado. - Não necessariamente, sei surfar, mas nunca gostei como minha mãe e meu pai, apesar de que morei na Califórnia até os 11 anos e durante todo esse tempo eu surfava muito. - Veio ao Brasil com onze? - Sim, e acredite, foi mais rápido me adaptar a morar aqui do que morar lá todos esses anos, eu já sabia falar português, meu pai havia me ensinado, então foi bem fácil me comunicar com as pessoas daqui, fui primeiramente pro Rio de Janeiro, depois pra São Paulo, Espírito Santo e agora aqui, Salvador, dizem que aqui é onde tem as mais belas praias, é verdade? - Não sei, não costumo ir muito na praia, não gosto muito até, mas certamente é uma paisagem muito bonita. Eles ficaram conversando por mais um tempo até perceberem como a sala já havia enchido e o professor entrado, a conversa estava tão legal com ele contando sobre suas aventuras que ela nem mesmo tinha percebido que seus amigos haviam chegado, se perguntou porque eles não haviam ido até ela, provavelmente por educação, vendo que

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ela estava no meio de uma conversa. Assim que a aula acabou ele acenou para ela e foi embora, segundos depois ela foi atacada por uma Duda e uma Ana que lhe faziam uma pergunta atrás da outra não dando oportunidade para que ela respondesse ou sequer entendesse o que as duas queriam dizer. - Quem era o gato com quem você conversava? - conseguiu entender depois de um tempo a pergunta de Duda. - Você já o conhecia e nem nos apresentou? - Ana perguntou quase não dando tempo de Duda concluir sua pergunta. - Ele é seu namorado? - Duda seguiu perguntando rapidamente. Elas continuavam a falar sem parar e Luna não sabia o que fazer, se esperava elas parassem de falar, ou tentava fazer com que elas parassem. - Espera aí, uma de cada vez, por favor, mal consigo entende o que dizem. - ela falou cortando-as. - Certo, o que queremos saber é quem era aquele gato que estava aqui falando com você. - Duda olhava para a garota com curiosidade evidente nos olhos, e Ana a acompanhava. - Era o Rafael Mendes, ele é novo aqui. - Luna respondeu devagar. - Ele é algum primo gato seu? - perguntou Ana. - Não, o conheci hoje, ele tombou comigo e então me perguntou onde ficava a sala do 2° A, foi só isso. - Só isso? Vocês pareciam super íntimos quando cheguei, como se já se conhecessem há bastante tempo. - Luna não sabia se era coisa da cabeça dela, mas notou um pouco de malícia na voz de Duda. - Acredite, eu o conheci hoje, ele estava me falando sobre a Califórnia e como se adaptou rápido ao Brasil, e como gostou daqui logo de cara. - ELE É CALIFORNIANO? - Ana parecia espantada. - Ai meu Deus. - Meninas, menos, por favor, menos. - Mas isso é perfeito, perfeito. - O que é perfeito? - Marcelo perguntou entrando na conversa enquanto colocava a mochila nos ombros. - Certamente não é você. - Ana o olhava com desprezo enquanto falava. - Eu também te amo. - Marcelo falou sorrindo e Ana revirou os olhos. - Quem era o carinha conversando com você aqui? - Rafael Mendes, ele é novo aqui. - Luna falou sem rodeios. - Percebi, se fosse aqui da escola eu o conheceria.

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ela estava no meio de uma conversa. Assim que a aula acabou ele acenou para ela e foi embora, segundos depois ela foi atacada por uma Duda e uma Ana que lhe faziam uma pergunta atrás da outra não dando oportunidade para que ela respondesse ou sequer entendesse o que as duas queriam dizer. - Quem era o gato com quem você conversava? - conseguiu entender depois de um tempo a pergunta de Duda. - Você já o conhecia e nem nos apresentou? - Ana perguntou quase não dando tempo de Duda concluir sua pergunta. - Ele é seu namorado? - Duda seguiu perguntando rapidamente. Elas continuavam a falar sem parar e Luna não sabia o que fazer, se esperava elas parassem de falar, ou tentava fazer com que elas parassem. - Espera aí, uma de cada vez, por favor, mal consigo entende o que dizem. - ela falou cortando-as. - Certo, o que queremos saber é quem era aquele gato que estava aqui falando com você. - Duda olhava para a garota com curiosidade evidente nos olhos, e Ana a acompanhava. - Era o Rafael Mendes, ele é novo aqui. - Luna respondeu devagar. - Ele é algum primo gato seu? - perguntou Ana. - Não, o conheci hoje, ele tombou comigo e então me perguntou onde ficava a sala do 2° A, foi só isso. - Só isso? Vocês pareciam super íntimos quando cheguei, como se já se conhecessem há bastante tempo. - Luna não sabia se era coisa da cabeça dela, mas notou um pouco de malícia na voz de Duda. - Acredite, eu o conheci hoje, ele estava me falando sobre a Califórnia e como se adaptou rápido ao Brasil, e como gostou daqui logo de cara. - ELE É CALIFORNIANO? - Ana parecia espantada. - Ai meu Deus. - Meninas, menos, por favor, menos. - Mas isso é perfeito, perfeito. - O que é perfeito? - Marcelo perguntou entrando na conversa enquanto colocava a mochila nos ombros. - Certamente não é você. - Ana o olhava com desprezo enquanto falava. - Eu também te amo. - Marcelo falou sorrindo e Ana revirou os olhos. - Quem era o carinha conversando com você aqui? - Rafael Mendes, ele é novo aqui. - Luna falou sem rodeios. - Percebi, se fosse aqui da escola eu o conheceria.

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- É, afinal quem você não conhece, não é mesmo Marcelo? - o tom de voz de Ana era provocativo. - Verdade, eu conheço muita gente. - Vocês tem mais alguma pergunta para me fazer ou eu estou liberada do interrogatório? - Luna levantou-se pegando a mochila e colocando em um dos outros. - Por hora a tenente Maria Eduarda... - começou Ana - Duda - cortou-a - sabe que não gosto de ser chamada de Maria Eduarda. - Tudo bem. Por hora a tenente Duda e a capitã Ana Clara a libera, mas a senhorita esta proibida de sair da cidade. - Vocês duas são umas bobas, e eu as amo por isso. - Luna sorria. - Como não me amar, não é mesmo? - Ana tinha ar de orgulho de si própria. - Tudo bem, todo mundo se amando e me excluindo. Eu sou o mal amado daqui. Marcelo abaixou a cabeça fingindo estar triste. - Eu te amo. - Luna foi até ele, colocou a mão em sua bochecha e no outro lado lhe deu um beijo. Quando se afastou percebeu que Ana e Duda os encarava, e ela corou. - Certo - falou Ana prolongando o som do E - depois desse lindo momento de declarações amorosas e de constrangimento total, que tal se fôssemos pra casa? Todo mundo já foi embora. Eles se despediram com um aceno e foram para suas respectivas casas.

Capítulo 7 Os dias que se passaram foram uma mistura de alegria e tristeza para Luna, primeiro ela acordava pela manhã,tomava banho,se arrumava e descia para tomar o café da manhã com seus pais,que ainda não dirigiam a palavra um ao outro,que ainda não encaravam um ao outro,que ainda mantinham aquela mesma cara de desânimo. Na verdade eles mal falavam, Luna tentava puxar assunto e eles só respondiam o necessário,como se fossem robôs programados a isso e ela já estava de saco cheio,por isso procurava passar menos tempo possível naquele lugar. E então ela ia pra escola e ficava conversando com Rafael até a aula começar.Era tão bom conversar com ele,ele a entendia como quase ninguém tinha a capacidade de entender,era

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e bonito,extremamente bonito,era o que as meninas diziam,na verdade era só nele que elas falavam ultimamente e toda vez que começavam a falar sobre Rafael,Marcelo se encolhia e ficava calado até alguém chamar-lhe atenção, Luna não sabia bem porquê.Marcelo estava assim desde o dia em que Luna o apresentou a Rafael formalmente,depois que a aula havia terminado, Rafael estendeu-lhe a mão murmurando um “prazer em conhecê-lo, Marcelo” e Luna teve a impressão de que ele só aceitou aquele aperto de mão por educação,porque a todo momento enquanto eles apertavam as mão Marcelo mantinha a cara fechada e Rafael sorria,aquele sorriso encantador,seus dentes tão brancos que daria para ser modelo de comercial de creme dental e tão acolhedor como uma cama quentinha no inverno.Ela vinha pensando bastante nesse sorriso ultimamente,nele por inteiro,pra falar a verdade,se o dia tivesse 25 horas,ela com certeza pensaria nele essas 25 horas do dia,e era impossível parar,era impossível não pensar no quanto ele era gentil,no quanto era divertido,no quanto ela o adorava.Eu gosto dele,era o que sempre pensava,mas não gostar como ela gosta de seus amigos,não gostar como ela gosta de ler,ela gosta dele como nunca,jamais gostou de alguém,ela nunca havia ficado tão ansiosa todos os dias para chegar a hora em que iria falar com ele,para que ela pudesse vê-lo,para que pudesse vislumbrar seu sorriso perfeito,tudo nele era perfeito,tudo nele era lindo,tudo nele era apaixonante.Ela sabia,e apesar de não querer assumir,ela sabia muito bem, que estava apaixonada. Estava indo na casa de Duda, sem avisar, não sabia nem se ela estaria em casa,mas não se importava em esperar por ela se não estivesse.Duda era a única que ela conseguia realmente conversar de coisas íntimas que ela não falaria com mais ninguém,não que Ana fosse menos amiga dela porque ela preferia não tocar nesse tipo de assunto na frente dela,mas acontece que Ana nunca conseguia prestar realmente atenção nas coisas,estava sempre tentando fazer piadinhas de tudo e quase nunca levava á sério o que tinha que ser levado,não que isso fosse ruim,era até bom em algumas ocasiões,mas não nessa.Marcelo era outro que ela com toda certeza não podia conversar sobre isso,não só pelo fato de que ele aparentemente não gosta de Rafael,mas também pelo fato de que ele é um menino e ela não se sentiria bem para conversar sobre isso com um menino,não mais do que se sentia bem para falar sobre a primeira vez som seus pais. Ela chegou na porta da mansão de Duda e tocou a companhia três vezes, mas sem nenhuma resposta, já estava quase na quarta quando Daniel abriu a porta. Estava vestido como sempre, quase todo de preto com apenas alguns detalhes brancos em sua roupa, o cabelo liso e castanho penteado pra trás, nos olhos castanhos escuros Luna via o quanto estava exausto.Ela sorriu pra ele.

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- Olá Daniel. - Olá senhorita Mendel,

o que a trás a casa dos Madeiros? - ele respondeu retribuindo

o sorriso dela com um sorriso torto. - Ora Daniel, não seja tão formal, eu te conheço desde… - ela se interrompeu pensando. - desde os 7 anos? Nos conhecemos há tempo suficiente para que me chame de Luna. - Perdão senhorita Mendel,

mas são ordens do patrão, tratar a todos com

formalidade. - Bem, Duda é filha deles e já disse que com suas amigas você pode ser mais informal. - Se me permite dizer senhorita, mas a senhorita Maria Eduarda não paga o meu salário. - Duda está ai? - Luna sentiu a necessidade de trocar de assunto. - Está em seus aposentos, pediu para que não a incomodasse. - Bem, eu não sou um incômodo, ou sou? - De maneira alguma senhorita Mendel, de maneira alguma. Com isso ele abriu caminho para que ela passasse e fosse até o quarto de Duda. Foi necessário apenas uma batida na porta para que Luna obtivesse respostas, mesmo que não muito gentis. - O que é? - Duda respondeu, ódio presente em seu tom de voz e apesar de Luna saber que não era dela que Duda tinha raiva, ainda assim se encolheu e foi cautelosa ao responder. - Sou eu Duda, Luna. Um segundo depois a porta foi aberta e a garota apareceu, estava com os cabelos soltos que lhe caiam cheios e pesados até a cintura e usava um pijama rosa claro com listras brancas. - Desculpa, pensei que fosse minha mãe. - ela falou um pouco sem graça. - Brigaram de n ovo? - brigas entre Duda e sua mãe era algo muito comum, Luna sabia bem disso. - Sim, minha mãe acha que sabe de tudo e que eu sou um robô que tem que obedecer a ela sempre, ou seja, não tenho voz nessa casa, ninguém me ouve, estou sempre errada. - Todos os pais são assim, acham que sabem de tudo. - Ah! Mas minha mãe é chata elevado a mil! Ora, vamos, entre no quarto. Duda deu espaço para que Luna passasse e entrasse no quarto fechando a porta atrás de si. - Sente-se. - Duda indicou a cadeira perto da cama, onde Luna se sentou. - Então, por que está aqui? Certamente você não viu em sua bola de cristal que eu briguei com minha mãe e veio aqui fazer o papel de amiga consoladora. - Bem, você acertou na mosca, eu vim aqui porque vi na minha bola de cristal. - brincou Luna. - Ah é? Então se você é vidente, me diz se um dia vou me casar.

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- Minhas visões não podem ser controladas, elas vêm quando querem. - Engraçadinha. Vai, fala, por que veio aqui? - Não posso querer visitar uma amiga sem querer nada? - Poder até pode, mas isso não é a sua cara. - Não, não mesmo. É que...eu queria lhe perguntar uma coisa. - Então pergunte ué. - dava pra perceber pelo tom de voz de Duda que ela não estava muito paciente, aquilo fez Luna se lembrar do dia em que a conheceu, num parque de diversões, ela havia derrubado refrigerante no vestido de Duda e a outra ficou furiosa, seus pais tiveram que prometer outro vestido igual a ela e dar um ursinho a ela. - Sabe o Rafael? - Lindo, californiano, olhos verdes, forte, loiro? Não, não sei quem é. - É que acho que estou gostando dele. - Luna falou ignorando o tom de sarcasmo que Duda havia usado com ela. - Não diga, só agora você descobriu isso? - Como assim? - Lun, está estampado na sua testa que você gosta dele, só o jeito como você olha pra ele já te denuncia. - Luna ficou em silêncio e então Duda continuou - Olha, se você acha que tem algo de errado em você gostar de um garoto, digo-lhe que não tem. Você tem 16 anos moça, já tá na hora de namorar, se divertir um pouco. - Eu sei, é que é tão estranho, sabe? Eu nunca havia me apaixonado. - Sempre tem uma primeira vez.Acho que você deveria investir nele. - Mas e se ele não gostar de mim? - Então Lun, você vai ter que conviver com isso. Sabe, de certa forma, eu tenho inveja de você. - Inveja de mim? - o tom de voz de Luna misturava incredulidade e um certo deboche Por quê? Porque eu estou apaixonada por um cara que conheci não tem nem um mês? Porque sou tão tímida que tive que reunir a coragem que não tenho para assumir isso? Porque meus pais estão se separando e eu não suporto ficar um segundo em casa? Porque eu sou a nerdzinha apagada do grupo de populares? Aquelas palavras saíram de vez e antes que Luna pudesse as impedir, Duda a olhava espantada, talvez porque essa era a primeira vez que ela realmente o que pensava e sentia sem rodeios. - Você não é a nerdzinha apagada do grupo. - foi a única coisa que conseguiu falar. - Ah não? Todas as vezes que alguém que não seja Você, Marcelo, Ana ou os professores é alguém para perguntar algo sobre você,Marcelo,Ana ou os professores.

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Quando você terminou com aquela cara,o Lúcio,ele veio até mim só para perguntar se você ainda gostava dele.Uma vez um garoto chegou perto de mim e me perguntou se Marcelo era gay e o que ele faria se convidasse Marcelo pra sair.Uma garota veio até mim e começou a falar dos 6,5 que levou em história,então ela perguntou se eu tinha visto Ana,porque ela queria conversar com ela sobre a vingança contra o professor.Sempre são vocês,vocês são os famosos,vocês são os populares,Ana é a esperta e inteligente,você a bondosa,Marcelo o garoto gato e metrossexual,mas e eu?Ninguém gosta de nerds a não ser que seja pra fazer crescer suas notas.Eu sou apenas a estrela apagada atrás do brilho de vocês. - Não sabia que você pensava assim. - Duda evitava encará-la. - Eu queria ser como você, inteligente e bonita, não ser o centro das atenções, ter pais que me amam e conversam comigo sem ser pra reclamar, ter amigos que se preocupam comigo. - Eu me preocupo com você Duda, acredite, eu amo você, amo todos vocês, vocês são meus melhores amigos, cada um de vocês tem um lugar reservado no meu coração.

Capítulo 8 Luna não parava de pensar na conversa que teve com Duda,lembrava-se dela falando de como a invejava,de como seus pais não se importavam tanto com ela,ela vinha sendo tão egoísta todo esse tempo,só ligando pros seus problemas sem perceber que seus amigos também tem os deles,que eles não tem a vida perfeita,ela se sentia tão mal por isso,por todo esse tempo olhar somente para o seu umbigo não percebendo o que se passava ao redor.Ela pensava nisso tudo enquanto andava pelo corredor vazio da escola,até que uma voz irrompeu de seus pensamentos. - Luna? - Rafael havia lhe parado segurando levemente o seu braço. - Você tá bem? - Ah, oi Rafael, estou sim. - Bom, er...queria falar contigo, pode ser? - Claro. Eles foram até o pátio da escola que estava tão cheio quanto o próprio corredor e se sentaram no banquinho de lá. - É que - ele começou mas se interrompeu inspirando forte o ar - eu percebi que gosto de você e vou entender perfeitamente se você não sentir o mesmo que eu, mas tudo o que eu quero

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desde que te conheci é fazer isso. R

afael se inclinou e a beijou. No primeiro momento Luna hesitou tomada pela surpresa,

mas logo depois se deixou levar pelos lábios quentes de Rafael. A boca dele tinha gosto de menta refrescante, ela gostava daquilo. - Me desculpa, mas eu precisava disso. - ele falou após se afastar. - Eu...eu...não precisa se desculpar.Acho que posso dizer o mesmo, também gosto de você. - ela fechou os olhos para falar e falou quase tão rápido que mal deu para entender. - Verdade? - entusiasmo era presente em sua voz. - Verdade. Ela abriu os olhos e ficou olhando para o chão, observando o raio de sol que lhe tocava, em silêncio, tentando regularizar os batimentos cardíacos. - Luna, sei que é um pouco sedo pra isso, mas...você quer namorar comigo? Aquela pergunta havia surpreendido Luna tanto quanto o beijo de Rafael, tanto quanto a revelação de que ele gostava dela e ela não sabia o que fazer, deveria saber, bestava responder que sim, mas não sabia, estava confusa demais pra isso e não falou nada por muito tempo, até que o sinal tocou e ela pegou sua mochila e foi correndo para a sala gritando antes de ver a imagem de Rafael sumir um “tenho que ir”. Depois da aula ela não falou com ninguém, ela simplesmente enfiou tudo na mochila e saiu correndo para casa, não queria encarar Rafael e nem mais ninguém, ela ainda não tinha uma resposta. Chegou em casa, jogou sua mochila no sofá e se sentou ao lado dela, a cabeça inclinada para trás olhando para o teto, e então ficou naquela posição por muito tempo, até sua mãe chegar. Luna sabia muito bem que sua mãe chegava naquele horário, mas isso não a impediu de tomar um susto, estava tudo tão silencioso, ela estava tão jogada em seus pensamentos que não estava prestando em nada se não o branco do teto de sua casa.Estava tão distraída que se respirar não fosse automático ela certamente esqueceria de fazer. - Desculpa filha, te assustei? - a voz de sua mãe era doce, Luna sabia, mesmo quando sua mãe estava brava, que era difícil ela perder aquele tom doce que tem. Luna não sabia exatamente pelo quê seu pai havia se apaixonado em sua mãe, mas sabia que se fosse ela na ocasião se apaixonaria, primeiramente, por sua voz. - Não, não, eu que estava distraída mesmo. - Luna respondeu e sua mãe foi andando em direção a escada que dava para os quartos. - Mãe, posso te perguntar uma coisa? Luiza parou e olhou para ela, tinha o olhar cansado mas ainda assim a olhava como sempre olhara, docemente, como se estivesse vendo algo delicado que pudesse se quebrar,

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sua mãe nunca havia sido grossa com ela, Luna não se recorda de nenhuma vez em que a mãe tenha aumentado o tom de voz. - Tudo o que você quiser, meu anjo. - Luiza sorriu ao falar isso. - O que você acharia se eu tivesse um namorado. - Luna percebeu a luta de sua mãe para não mudar sua expressão, ela sabia bem que para os pais os filhos eram sempre crianças, que eles tentava proteger ao máximo todos os filhos não importando a idade,que eles mal se davam conta de que os seus filhos já haviam crescido e iriam namorar,sair de casa,se casar,ter filhos...Era a primeira vez que Luna tocava num assunto como esse e é claro que sua mãe devia estar assustada,o primeiro namorado é sempre um susto para qualquer pai. Sua mãe veio andando até ela e então se sentou ao seu lado colocando a bolsa no braço do sofá. Ela suspirou e então respondeu: - Filha, não sou eu quem tem que achar nada, você já é grandinha, quase uma adulta, sabe o que é melhor para você, se esse rapaz for gentil e você goste dele não acho que eu posso fazer menos do que aceitar, não é mesmo? Só não quero que atrapalhe seus estudos. - É mamãe, é só que... ele me pediu em namoro hoje, mas eu não sabia o que fazer, fugi dele até as aulas acabarem, mas eu gosto dele mãe, ele é tão gentil, doce, bonito, na verdade não entendo o que ele quer comigo, eu não sou tão interessante assim, não tenho nada de especial. Luna abaixou a cabeça após falar. Luiza colocou o dedo indicador abaixo do queixo de Luna fazendo com que ela virasse e olhasse para a mãe. - Você não tem nada de especial? - ela parecia não consegui acreditar no que ouviu Filha, você é inteligente, bonita, se preocupa com os outros, é doce, delicada, quem não iria querer namorar com você? - O Marcelo. - ela falou sem pensar e desejou poder apagar o que disse. Quando ela tinha uns 13 anos ela viu o quanto gostava de Marcelo, não que ela estivesse apaixonada por ele, mas gostava dele, só que ele nunca correspondeu, nunca agiu como se tivesse algum interesse nela, então ela desistiu e aceitou a ideia de que eles eram só amigos e mais nada. - O Marcelo? É isso? Você gostava dele e ele não correspondeu? - Luna assentiu com a cabeça. - Filha, não é porque um garoto não correspondeu que todos não vão te querer, acredite em mim, você tem algo de especial pelo qual esse garoto deve ter gostado em você e não nas outras, se vocês se gostam, fique tranquila, é normal essas dúvidas, além do mais se você achar que não vai dar certo, que não gostava tanto quanto achava basta pedir para terminar. Elas ficaram em silêncio por um instante até que sua mãe voltou a se pronunciar.

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- Eu só quero que você tome cuidado, sabe? Você ainda não terminou os estudos, ainda não tem idade para ter filhos, se for fazer algo lembre dos preserva… - Mãe! - Luna exclamou - Eu dei o meu primeiro beijo hoje e você já está pensando nisso? - O seu primeiro beijo. - a fala saiu cortada. - Filha, me desculpa, tá? Esquece o que acabei de falar. Elas ficaram em silêncio mais uma vez e dessa vez foi Luna quem se pronunciou: - Mãe, o que está acontecendo entre você e papai?Por que vivem brigando? - ela olhava para a mãe com aquele mesmo olhar que tinha quando pedia algo. - Filha, não acho que seja certo falar sobre isso. - Luiza lutava para manter a voz firme, após bastante tempo depois de descobrir tudo aquilo ainda doía em seu peito tanto quanto se tivesse atirado nela com um canhão. - E por que não, mãe? Eu mereço saber disso, sou a filha de vocês. - afirmou confiante. - Porque eu não quero que fique com raiva de seu pai, porque independente do que ele fez ainda assim vai continuar sendo seu pai, entende? - sua mãe evitava encará-la. - Não, não entendo, pra isso eu precisaria saber o que ele fez. Luiza suspirou profundamente e então começou: - Você já conhece a história de como nos conhecemos, não é mesmo? Numa festa, seu pai era filho do sócio do meu pai, então quando nos vimos nós nos apaixonamos, alguns meses depois nos casamos, você sabe, tivemos a lua de mel em Paris, era tudo muito mágico, eu mal podia acreditar e eu estava tão apaixonada. - ela se interrompeu, como se relembrando tudo o que se passou. - E então tivemos você, nossa filhinha, e te amamos desde quando eu soube que iria ter um bebê, ficamos meses preparando tudinho para quando você chegasse e quando chegou foi tão maravilhoso, Bruno fazia questão de dizer a todo mundo que tinha uma filha, ele sentia tanto orgulho de você… - E? - Luna foi obrigada a falar para que sua mãe prosseguisse. - E então foram se passando os anos, seu pai ficava cada vez menos em casa, vivia saindo com os amigos, não me dava mais atenção, se eu o tocava ele se esquivava, chegava tarde da noite, eu sentia falta de quando ele me dizia que me amava, de quando me beijava, de quando me deixava tocá-lo.Então eu descobri que seu pai estava me traindo. Aquela revelação atingiu Luna como um soco, ela sabia que vários casamentos acabavam por traição e que isso estava ficando cada vez mais normal em casamentos, mas nunca imaginaria que seu pai, seu próprio pai, teria coragem de fazer algo assim com sua mãe, ela não imaginava mais ainda por quê.

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- Quando você descobriu, doeu muito? - Luna sentiu a necessidade de perguntar. - Eu já imaginava que isso estava acontecendo, mas é claro que doeu, eu sempre fui fiel e não posso negar que ainda amo seu pai, eu olho pra ele e enxergo aquele garoto pelo qual me apaixonei, aquele garoto pelo qual me entreguei plenamente, o garoto que passou tantos momentos felizes comigo e que me deu a coisa mais importante na minha vida, você. Luna procurava uma explicação para a traição de seu pai, mas não a encontrava, sua mãe era tão bonita, gentil, doce, inteligente, não conseguia acreditar o que seu pai queria além daquilo que ele já tinha em casa, talvez não conseguisse uma explicação porque ele era homem, mas talvez ela não conseguisse uma explicação porque realmente não tinha. - Mãe, há quanto tempo vocês não… - Luna não precisou terminar, sua mãe sabia perfeitamente do que ela estava falando. - Não sei filha. - ela passou a mão pelo cabelo. - Não sei, bastante tempo. - Não consigo me lembrar quando isso começou, porque não consigo me lembrar de quando vocês eram felizes, quando vocês ainda se beijavam, quando sorriam pela manhã, não consigo. - Nem eu mesma consigo. Mas não fique se preocupando com isso, certo? Aconteça o que acontecer saiba que ainda a amamos. - Luiza chegou mais perto de Luna e a abraçou, e depois de bastante tempo Luna conseguia encontrar conforto nos braços de alguém.

Capítulo 9 Luna chegou mais tarde á escola naquele dia,ela acordou,tomou o seu costumeiro banho,se arrumou e desceu para tomar café da manhã com seus pais,eles pareciam mais animados,ainda não se falavam mas puxavam conversa com ela perguntando sobre a escola e seus amigos.Sua mãe não falou nada sobre o que haviam conversado no dia anterior,nada sobre o garoto que ela nem mesmo sabia o nome mas que havia pedido sua filha em namoro,nada sobre ela ter revelado a sua filha que seu pai havia traído ela com outra mulher,nada sobre sua filha de certa forma estivesse pedindo permissão para namorar. Mas Luna percebia a diferença, seu pai perguntava se tinha algo que ela queria, se ela queria conversar sobre algo e ele se perguntava se ela sabia do pedido de namoro que havia recebido, duvidava que sua mãe tivesse revelado

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a seu pai, não, não era do feitio dela e além do mais eles não se falavam, mas parecia que o instinto paterno de seu pai era tão aguçado quanto e sexto sentido de uma mulher, então presumiu que ele só queria confirmar se estava certo. Mas Luna simplesmente disse que não, ela queria primeiro conversar com Rafael para aí sim poder conversar formalmente com seus pais sobre ele. Ela saiu de casa, mas não sem antes dar um beijo na bochecha de seu pai e dizer que o amava,coisa que ele respondeu entrelaçando seus dedos nos dela,apertando suas mãos contra a bochecha dele e logo depois beijando as coisas da mão da filha.Logo depois ela foi até a mãe e a abraçou tirando da cabeça que aquilo mais parecia uma despedida,como se ela não fosse vê-los por um bom tempo.Enquanto sua mãe a abraçava sussurrou no ouvido da filha um “faça o que te fizer feliz” e então desvencilhou-se de seus braços deixando Luna ir. A garota não estava com pressa para falar com Rafael, mas ele aparentemente estava, pois quando ela chegou na escola ele já a esperava encostado na parede com os pés cruzados.Ela passou por ele como se não o conhecesse e foi andando sabendo que ele vinha a acompanhando como uma sombra. - Você vai fingir que não existo? - Rafael havia parado ela segurando em seu braço. - Eu te fiz uma pergunta ontem, você disse que gostava de mim, então me responda, você quer ou não namorar comigo? - Olha Rafael, eu gosto de você de verdade, mas não quero que isso atrapalhe meus estudos. - ela o encarou esperando que ele falasse algo, ele não falou. - Eu estudei muito todos esses anos para simplesmente jogar tudo fora por causa de um namoro. Eu nunca namorei, ontem, quando você me beijou, aquela foi a primeira vez que eu beijei alguém, eu não tenho experiência nisso e você obviamente tem, não quero me magoar, nem me arrepender. - Mas não vai Luna, eu gosto de você de verdade, eu não vou fazer nada para te magoar e isso não vai atrapalhar seus estudos, acredite em mim. - o olhar de Rafael era suplicante, ele era tão fofo, parecia mesmo gostar de Luna, ela não tinha como dizer não. - Não vai atrapalhar meus estudos? - Não, nunca deixaria que isso atrapalhasse a coisa mais importante em sua vida. - Ele fez uma pausa e olhou ao redor como se procurando algo. - Isso é um sim? - Sim. E então ele a puxou pela cintura e a beijou, um beijo diferente do anterior, esse era mais lento, mais despreocupado, como se antes ele tivesse medo de que eu recuasse e pudesse lhe bater, esse era um beijo mais apaixonado. Luna estava tensa no início, mas logo relaxou e então seus

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e então seus lábios entraram em perfeita sincronia, era como se eles fossem um só e nada mais importava, mas então Luna ficou tensa novamente, ela levou suas mãos ao peito de Rafael e o empurrou levemente continuando com as mãos em seu peito. - O que foi? - ele perguntou sem entender. - Por que recuou? Somos namorados agora, e namorados podem se beijar, não podem? - Podem, mas não na escola, - falou - é proibido beijar aqui, eles não te falaram quando você se matriculou? - esclareceu ela. - Verdade, eu me esqueci. - ele pôs a mão na testa - Se nos víssemos aqui podíamos levar uma suspensão. Os dois começaram a rir e então depois que conseguiram parar foram seguindo para a sala, onde ficaram ouvindo música até a aula começar. Depois que a aula acabou ela e Rafael saíram juntos, não estavam de mãos dadas, mas estavam perto o suficiente um do outro para que as costas de suas mãos se tocassem.Eles foram até o ponto de ônibus e Rafael se despediu dela com um beijo caloroso e a deixou lá ainda á espera de seu ônibus.Minutos depois uma Ana e uma Duda eufóricas veio até mim com uma única pergunta, que na boca delas pareciam mil. - VOCÊS ESTÃO NAMORANDO? - as duas falaram em uníssono após recobrarem o fôlego. - Bem...sim. - Luna respondeu um pouco tímida. - Aí meu Deus, aí meu Deus! Isso é tão, tão...perfeito. - Ana parecia até mesmo mais eufórica que Duda. - Quando isso aconteceu? - Duda perguntou. - Por que não nos contou? - A gente começou a namorar hoje de manhã, não dava para eu ter falado antes. - Ele beija bem? - Ana tinha uma ansiedade lunática nos olhos. - Quem beija bem? - Marcelo, como sempre, atrasado e chegando no meio da conversa tinha aquele olhar de curiosidade inocente. - O namorado de Lun. - Ana respondeu sem rodeios. - Vocês estão namorando? - Marcelo parecia estar decepcionado e lutava para não deixar aparecer a decepção em sua expressão. - Sim, estamos. - Luna respondeu. Duda e Ana voltaram a fazer várias outras perguntas e antes que Luna pudesse perceber Marcelo já havia ido embora. - Ele tem nome, Ana, é Rafael. - falou Luna.

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Capítulo 10 Idiota, era assim que Marcelo se sentia,um idiota,havia perdido a menina pelo qual estava apaixonado desde os 11 anos porque não tinha coragem pra assumir isso,se sentia um idiota,fracassado,um covarde,se existisse um prêmio para homem mais covarde ele ganharia o primeiro lugar,com certeza era uma desonra para a raça masculina.Como isso era possível?Um garoto que ela conhece há menos de 2 meses consegue conquistá-la e namorar com ela,e ele que a conhecia desde criança não tinha a capacidade de fazer isso tinha raiva dele, raiva de sua covardia, raiva de Rafael, raiva dela por nunca notar que os olhos dele brilhavam ao vê-la,que ele corava toda vez que ela dizia que o amava,mesmo ele sabendo que ela o amava como amigo,quase como um irmão. Ele pensava nisso tudo enquanto ia para casa, andava lentamente até ela, mas querendo chegar logo para poder deitar na cama e ficar olhando para o teto até cansar, ou até um de seus pais vim falar com ele. Seus pais, sempre lhe davam atenção, faziam questão de lhe dizer o quanto o amavam, questão de saber se ele estava bem e se podiam fazer algo caso ele não estivesse, e sempre davam um jeito de melhorar seu humor, sempre davam um jeito de amenizar sua dor, mas não dessa vez, ele não achava que nada além de Luna poderia mudar o seu humor, nada além de Luna poderia amenizar sua dor e aquela era uma dor que ele precisava sentir, por ser covarde demais, fraco demais, por ser um idiota. - Oi filho. - sua mãe sorriu para ele quando ele chegou em casa. - Tudo bem com você?Por que essa carinha? - ela agora parecia preocupada. Lúcia Landin era o nome de sua mãe, ela tinha os cabelos castanhos,olhos de mesma cor e era baixinha,quando Marcelo a abraçava sua cabeça mal chegava a atingir seu peito,era até engraçado o fato dela ter um filho tão grande sendo tão pequena.Ela não trabalhava fora de casa,mas não quer dizer que fosse menos esforçada que as outras mães que trabalham fora em empresas e tudo o mais,além dela cuidar da casa e estar sempre disposta a fazer o que Marcelo e o seu pai,Pedro quisesse ela também gostava de fazer doces para vender,claro que isso lhe rendia algum dinheiro,mas ela fazia sobretudo pela diversão.Então estava sempre fazendo doces para festas e as pessoas elogiavam muito e perguntavam o seu segredo,ela simplesmente respondia “basta depositar muito amor e carinho ao que se está fazendo”.

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- Esta tudo bem mamãe, não precisa se preocupar. - Marcelo respondeu indo na direção de seu quarto. Lúcia o parou. - Não, não está tudo bem, o que aconteceu meu filho?Conta pra sua mãe. Eles se sentaram no sofá da sala e Marcelo contou, sua mãe já sabia que ele era apaixonado por Luna desde os 11 anos, na verdade achava interessante como a própria Luna nunca notou isso. A paixonite de Marcelo por Luna estava quase que estampada no rosto de Marcelo, principalmente em seus olhos, que brilhavam toda vez que a viam. Lúcia sempre tentava fazer o melhor por seu filho, dar a ele o que ele quisesse, mas isso era algo que ela não podia dar, ele tinha que sozinho conquistar o coração da garota. Marcelo se deitou no colo de sua mãe e ela começou a acariciar o seu cabelo gentilmente, como se ele fosse uma criança que havia caído da bicicleta e ela estivesse fazendo parar de chorar. - Meu filho, você sabia que seria difícil conquistá-la, não dê tudo como perdido, lute pelo coração dessa garota. - Como posso competir com esse cara? - Marcelo soava derrotado - Loiro, olhos verdes, forte, bonito, californiano, já conhece vários lugares, é surfista, engraçado, inteligente. Como posso competir com isso? Você é bonito, inteligente, forte, alto. - sua mãe começou. - E acima de tudo, você é amigo dela, sempre esteve lá quando ela precisava, esse garoto não, lute por ela meu filho, essa guerra ainda não foi vencida. Marcelo foi para o seu quarto pensando nas palavras da mãe, ela estava certa, ele não podia desistir tão facilmente, se amava Luna tanto assim ele não podia desistir. E foi pensando nisso que ele adormeceu. Na manhã seguinte Marcelo foi cedo para a escola, decidiu que se iria disputar Luna com aquele cara então ele tinha que conhecê-lo melhor. “Mantenha seus amigos perto e inimigos mais perto ainda”, era esse o ditado no qual ele se inspirava agora, ele tinha que conhecer seus pontos fracos, seus defeitos, e usar essas coisas contra ele. Estava chegando perto da escola quando os avistou, Luna estava com os cabelos soltos ao vento do jeito como ele gostava, estava inclinada sobre Rafael, as mãos em seus ombros, a cabeça levemente levantada para que pudesse olhar em seus olhos e ela ria, e quanto mais Marcelo se aproximava ele ia percebendo que ela chegava mais perto dele até que viu que eles se beijavam. No momento ele sentiu raiva, tanta raiva pulsando em suas veias que pareciam que iriam saltar de suas veias, ele queria pular em cima de Rafael e o arrancá-lo de perto de Luna, mas sabia que se fizesse isso iria perder todas as chances que tinha com Luna, e ele não queria fazer isso, então simplesmente esperou até que se separassem para poder chegar mais perto.

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Antes que ele encostasse-se aos dois Luna e avistou e sorriu, aquele sorriso sincero e inocente que o deixaria feliz a qualquer hora. - Marcelo, você sumiu ontem, fiquei preocupada. - sua voz demonstrava sinceridade. - Lembrei que tinha uma coisa importante pra fazer, não pude esperar. - mentiu. - Tá tudo bem com você cara?Tá com uma cara meio estranha. - Rafael falou enquanto passava a mão pela cintura de Luna. Não, não está tudo bem, como poderia estar com você namorando a mulher da minha vida? Pensou Marcelo, mas não falou nada, apenas sorriu e respondeu: - Não, esta tudo bem, é só cansaço mesmo, acordar cedo é algo que eu nunca aprendi a me acostumar. - Também não gosto muito de acordar de manhã, mas já me acostumei, meu pai costumava me acordar às 5 da manhã pra surfar desde pequeno. Eles entraram e ficaram conversando, Luna apenas observando os dois. Marcelo estava se saindo bem, não deixava que Rafael percebesse que ele na verdade o detestava e que não estava nem aí pro que ele estava falando, não se importava se era um cara gentil, só estava sendo legal com ele para poder conhecê-lo e para que Luna visse o quanto ele também era legal.

Capítulo 11 Luna estava gostando daquela aproximação de Rafael e Marcelo, ela antes achava que Marcelo não gostava de Rafael, chegou até mesmo a pensar que Marcelo tinha ciúmes, mas agora via que era uma bobagem tudo isso, que era só seu amigo sendo cauteloso. Estava feliz por os dois estarem se entendendo, se era pra namorar alguém então essa pessoa tinha que se dar bem com todos os seus amigos,\sem exceção e Rafael estava fazendo isso muito bem,\pelo menos no início. Um mês após o início do namoro parecia que as coisas estavam começando a se acertar, eles dois saíam no fim de semana,\seus pais pareciam finalmente voltar a se entenderem,claro,eles se falavam ainda muito pouco,mas já era um começo,as únicas coisas que estavam chateando-a é que Rafael não deixava ela falar com os amigos,não como antes,principalmente com Marcelo,ele havia cismado que o garoto estava apaixonado por ela e que ele iria tirá-la dele,

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ela não sabia se aquilo era normal num namoro e mesmo que fosse ela não gostava,eram os amigos dela,ele tinha que aceitar,mesmo que estivesse certo sobre o fato de que Marcelo gostava dela ele não tinha o direito de mandar nela assim,se tinha algo que ela odiava era ser mandada. Dois meses depois ela já não aguentava mais aquilo, entendia que ele a amava e que tinha medo de perdê-la, mas quilo estava ficando fora de controle, primeiro que começara a se tornar violento, toda vez que ela ia falar com Marcelo, até mesmo com Ana e Duda ele a olhava de cara feia e cortava a conversa e foi quando começou as brigas, uma em cima da outra, eles ficavam 2 minutos bem e 10 brigando, aquilo estava insuportável e ela começou a questionar-se se gostava tanto dele assim,se valia ficar brigando como cão e gato por 10 minutos só para ter 2 minutos de bem com ele,ela decidiu que não,não valia a pena,então ela pediu para terminar. Lembrava-se muito bem do dia. Eles estavam na casa de Rafael quando a costumeira briga começou ele falando como ela se fazia de inocente quando sabia perfeitamente que Marcelo gostava dela e que suas amigas estavam de acordo com Marcelo e a estavam empurrando ela contra ele, então ela simplesmente disse: - Eu não aguento mais isso! Tu não me deixas em paz! Fica com seu ciúme idiota, caramba, eu gostava de você, pensava que não te largaria nunca, mas você me fez perder todo o encanto que eu tinha por você, me fez desgostar de você, eu não quero mais isso, acabou, entendeu? Acabou! Luna saiu correndo de sua casa chorando, tinha plena consciência de que Rafael chamava por ela, pedindo para conversar, mas não tinha conversa, ela não queria fraquejar agora e aceitar novamente suas desculpas só para depois ele voltar a fazer as mesmas coisas, Luna não era o tipo de pessoa que repedia os erros. Aquilo não havia sido fácil para ela, duvidava que tivesse sido fácil para qualquer uma das partes, mas não podia mais suportar aquilo, tudo o que havia sobrado era lembranças mínimas de quando ela gostava dele. Ela estava correndo na rua quando se bateu com um muro, não, não era um muro, era uma pessoa alta, bem alta e forte, ela olhou pra cima e viu o rosto dele, aquele rosto tão familiar a ela, tão lindo, aquele rosto que ela um dia havia gostado e que talvez, bem lá no fundo ela ainda gostasse. - O que aconteceu? - Marcelo perguntou vendo seu estado. - Marcelo, é você. - Luna parecia maravilhada ao falar. - É sou né? - ele falou e então ela o abraçou bem forte temendo que ele recuasse, mas ele não o fez, não fez mais perguntas também, apenas a abraçou forte.

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Os dois foram até a casa de Marcelo e Luna contou tudo, e o outro a ouviu pacientemente, sem perguntar nada. Outra diferença entre ele e Rafael, se você não queria falar sobre um assunto Marcelo não insistia, diferente de Rafael que insistia até a pessoa não aguentar mais e falar. - Acho que estava tão apaixonada no início que não percebi todos os defeitos dele. - Luna bebia um copo de leite quente que Marcelo havia feito pra ela, ele sabia que era algo que ela gostava desde criança. - Isso é uma das piores das características humanas, a gente fica burro quando se apaixona. - a voz dele era doce aos seus ouvidos. - Mas não fique triste, você fica tão mais bonita quando esta alegre. Luna sorriu e terminou de beber seu leite.

Capítulo 12 Marcelo teve que se conter para não sair por ai gritando e sorrindo de triunfo,eles haviam terminado e ela estava aqui sendo consolada por ele,e ele nem teve que fazer muita coisa,no fim o próprio Rafael acabou com o seu namoro,tudo o que Marcelo fez foi ser irritantemente gentil e esperar,esperar até que eles terminassem,Ana já havia lhe dito que eles vinham brigando,mas ele não achava que fosse verdade,pareciam tão bem quando os viam juntos que só pôde acreditar quando a própria Luna lhe contou, por fora ele demonstrava compaixão por uma amiga que havia terminado o seu namoro,por dentro ele sorria largamente,era essa a hora,o momento certo para poder conquistá-la.Ele havia consolado ela até tarde da noite e então a levou para casa,não tentou nada,apenas fez o papel de amigo consolador,não parecia certo fazer nada agora,ele tinha que esperar mais um pouco. Quando chegou a casa após levar Luna até a dela ele foi correndo contar para a mãe, que sorriu e então falou: - Eu disse que você não era pra desistir. Agora apenas espere um tempo, ela ainda está abalada demais com o fim do namoro e você pode perder pontos com ela assim, seja paciente, faça companhia a ela quando ela quiser e se afaste se ela pedir, faça o que ela quiser, seja gentil e então ela vai notar você.

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Ele pretendia fazer exatamente o que sua mãe havia dito ser paciente, já havia esperado tanto tempo que esperar mais um pouco não seria nada para ele. Na manhã seguinte ele acordou com um sorriso no rosto e foi direto para a escola, não estava com fome, queria apenas vê-la, saber se ela estava bem, confortá-la em seus braços, mas quando chegou lá ela estava falando com Rafael, mas não parecia gostar nada daquela conversa, conseguiu ouvir ela dizer: - Não temos mais nada para conversar Rafael, aceite isso. E então Rafael responder: - Mas Luna, eu não posso, eu te amo. - Você terá que conviver com isso Rafael, eu não o amo, não mais. Saia da minha frente, por favor. - Não, não vou sair, vou ficar aqui até você voltar pra mim. - Você não ouviu o que ela falou? Saia da frente. - Marcelo se intrometeu e Rafael olhou dele para Luna e para ele novamente. - Então quer dizer que nós mal terminamos e você já está com esse ai? - Rafael apontou para Marcelo. - O que? - Luna parecia não entender. - Sempre soube que você era infiel, se faz de inocente, mas todos sabem que não é verdade. - Quem você pensa que é pra falar assim comigo, Rafael? - Luna agora tinha raiva na voz. - Vamos Luna, o deixa. - Marcelo a esticava agora, sabendo que as pessoas ao redor começavam a parar para ouvir a discussão. - Não, agora ele vai ouvir, eu terminei com você não porque eu estava saindo com Marcelo escondida, não porque estava te traindo porque traição é algo que eu não aceito, mas porque eu não aguentava mais você e seus ciúmes bobo, porque você estava querendo mandar em mim e eu não admito isso, então antes de abrir essa sua boca pro falar de mim procura ver os defeitos que você tem, que pra mim são muitos. Ela saiu andando, abrindo caminho em meio a multidão de gente que observava tudo, estava chateada, mais do que isso, estava com raiva de Rafael. - Acabou o show pessoal, vão fazer algo de útil. - Rafael falou abrindo os braços e então Marcelo o ouviu murmurar baixinho. - Isso não vai ficar assim. Quando as aulas acabaram Marcelo foi até a mesa de Luna perguntar como ela estava, o que era ridículo já que sua cara denunciava o óbvio, ela estava péssima, ele a chamou para ir em sua casa dizendo que sua mãe faria torta e ela relutante aceitou. Claro

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que aceitou, ela ama torta, isso é algo que com certeza Rafael não sabe, pensou ele, Rafael não sabe de muitas coisas e jamais saberá, foi muito burro ao fazer exatamente as coisas que todos sabiam que Luna não admitia. Era isso que Marcelo mais admirava em Luna, a personalidade forte dela, ela não se deixava ser persuadida por ninguém, se achava que estava errado ela iria até o fim para comprovar que estava errado, ele queria ser assim como ela, mas não gostava de discussões, com ninguém, preferia aceitar aquilo que lhe tivessem propondo do que ir até o fim com sua opinião, lhe poupava estresse à toa. Eles comeram a torta de sua mãe e Luna pareceu se animar mais com aquilo, depois foram ver um filme de terror, Luna tinha tanto medo que toda vez que se assustada se agarrava a Marcelo e ele não podia deixar de negar que gostava daquilo e que até mesmo estava tirando proveito da situação, não era certo, ele sabia, mas não podia simplesmente dizer o contrário a si próprio. Os outros dias foram melhores para os dois, Luna estava mais sorridente e passava mais tempo com ele do que jamais passou em sua vida,sua mãe o parabenizava pelo progresso que estava tendo.Tudo isso melhorava pelo fato de que Rafael não estava aparecendo mais nas aulas,ele sabia que era melhor assim,o garoto tinha que aceitar logo que tinha acabado,que ele tinha perdido,mas Marcelo ainda tinha uma sensação estranha e ficava se lembrando das últimas palavras que ouviu do garoto.Isso não vai ficar assim,ele não sabia o que aquilo significava,mas talvez não quisesse saber mesmo,queria simplesmente tirar aquele garoto da sua cabeça e pronto,mas essa frase ficava voltando o tempo inteiro em sua cabeça.

Capítulo13 Marcelo vinha sendo um verdadeiro príncipe, por um lado ele confortava Luna e fazia o papel que todo amigo deve fazer, o de consolar a sua amiga e por outro lado ele estava fazendo com que Luna estivesse se apaixonando por ela. Ela vinha percebendo isso e acabou notando que realmente estava apaixonada por ele quando viu que não conseguia parar de pensar nele, em como ele era diferente de Rafael, como era respeitador, ele não havia tentado uma vez sequer se aproveitar da fragilidade dela e ela gostava daquilo, agora que não estava mais com Rafael pôde .

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perceber esse brilho nos olhos de Marcelo que Rafael tanto falava, talvez ele gostasse dela sim, mas sabia respeitá-la, sabia ouvir não, coisa que Rafael não fazia. Marcelo e Rafael, ela odiava ter que compará-los, mas era difícil não o fazer, Marcelo tinha seus defeitos é claro, já conhecia ele a tanto tempo que ela sabia bem disso, mas acima de tudo ele tinha as suas qualidades também, e eram essa qualidade que estavam fazendo com que Luna se apaixonasse por ele. Eles estavam voltando pra casa um dia depois de uma seção de filmes de terror, Luna odiava, mas tinha que confessar que se aproveitou do fato de ter medo de filmes de terror para agarrá-lo, claro, ela tinha medo, mas não precisava a cada segundo abraçá-lo como estava fazendo. Ele parou em frente a porta de sua casa e a olhou, um sorriso sincero no rosto. - Eu me diverti bastante hoje. - ele falou a cabeça inclinada para baixo para que pudesse olhar em meus olhos. - Eu também me diverti bastante hoje, podemos fazer novamente outro dia. - sugeri. - Sim, podemos, ainda tem bastantes filmes de terror que quero ver. - Certamente, quero ver todos que você quiser. - ela falou e então chegou mais perto dele, ele se manteve imóvel e ela continuou avançando, não sabia por que estava fazendo aquilo, mas sabia que queria, então ela pôs a mão em sua nuca e o beijou. Em nenhum momento sequer ele recuou, pareceu relaxar como se estivesse esperando aquilo por bastante tempo, e talvez estivesse mesmo esperando. Ele pós as mão em sua cintura e a puxou pra mais perto, seus lábios tinham gosto de café com leite e hortelã e ela pareceu gostar da combinação. Seus lábios eram calorosos e viciantes. Beijar Luna era como uma droga que viciava e só a fazia querer mais, cada vez mais, mas não podia, então quando eles se afastaram ela murmurou um “te vejo amanhã” e então fechou a porta. Só que o amanhã nunca chegou.

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Capítulo 14 Luna não acreditava no que tinha feito,ela havia beijado Marcelo e o mais impressionante de tudo,ela havia gostado daquilo,havia gostado do jeito como ele colocou a mão em sua cintura,de como ele não recuou,de como respeitou quando ela se afastou dele,do jeito como a combinação hortelã e café com leite era uma ótima combinação,ela gostou de tudo naquele beijo e poderia ter continuado por mais mil anos,mas ela sabia que não podiam ficar ali parados,então se afastou e murmurou um “Te vejo amanhã” fechando a porta sem esperar pra ver sua reação. Na manhã seguinte Luna se sentia estranha, não sabia por que, devia estar feliz e estava, mas ainda estava com aquela sensação estranha.Ela desceu as escadas e sentou na cadeira da mesa da cozinha e murmurou um bom dia 3 vezes mais alegre. - Nossa filha, quanta animação hein? - sua mãe falava sorrindo. - Ah mãe, estou muito alegre, finalmente está tudo se acertando. - Luna sorria ao falar. - Novo namorado? - Como assim novo? - seu pai vinha descendo as escadas. Descendo as escadas? Mas ele não estava dormindo no sofá? - Espera ai, eu vi isso mesmo? - Isso o que Lun? - sua mãe lhe perguntou. - Pai, você vinha do quarto lá em cima? - Luna ria ao ver que seu pai havia corado. – Então vocês se entenderam?É isso? - Bem, nós estamos nos entendendo. – Sua mãe respondeu olhando para baixo, Luna se divertia com aquilo tudo. - Quando pretendia me contar? - Você ainda não respondeu a pergunta, que namorado novo é esse? - seu pai tentava mudar de assunto. - Você está mudando de assunto pai. - Na verdade quem começou a mudar de assunto foi você. Que novo namorado é esse? – perguntou novamente. - Não estamos namorando ainda,foi só um beijo e vocês já o conhecem,é o Marcelo. - Vocês se beijaram? - sua mãe a olhava maravilhada. - Sim, ai mãe, ele é tão legal comigo.

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- Espero que seja, caso contrário vai se ver comigo. - seu pai falou se sentando na cadeira. Luna riu, gostava tanto daquele ciúme de pai, gostava mais ainda de saber que seus pais estavam se entendendo, finalmente estavam se entendendo, ela não precisaria escolher entre um e outro, não precisaria viver sem ver os dois todos os dias, eles estavam se acertando e Luna estava tão feliz por eles. Ela foi andando até o ponto de ônibus ouvindo música no celular, ainda tinha aquela sensação estranha, não sabia se era a sensação de estar sendo seguida, ou observada, na verdade depois de pensar um pouco ela concluiu que há um certo tempo vinha sentido essa sensação, como se alguém a tivesse seguindo. A rua estava vazia, não se via ninguém próximo a ela,mas ela parecia ouvir passos,a música estava alta,mas ela não achava que estava fantasiando,ela estava ouvindo passos sim,foi quando ela sentiu a sensação de que alguém vinha atrás dela,mais forte que antes agora,ela se virou,mas não viu ninguém,acelerou o passo e virou novamente e não viu ninguém,já estava quase correndo agora e então quando se virou avistou Rafael com um pano na mão,ela nem mesmo teve tempo de gritar,ele já havia pego ela e colocado o pano na região de seu nariz,sua visão ficou turva,suas pernas fraquejaram,ela tentava se manter de pé,mas aquilo era mais do que ela podia suportar,estava perdendo a consciência,mas ainda assim lutava para se manter de pé,para tentar tirar aquele pano que Rafael pressionava contra seu nariz,até que acabou sendo vencida e tudo ficou preto.

Capítulo 15 Marcelo acordou e saiu da cama com um pulo, era difícil disfarçar o quanto estava feliz, ainda podia sentir o gosto de sua boca, seus lábios formigavam toda vez que se lembrava do beijo que fora tão bom,não só pelo fato de que ele finalmente havia conseguido o que queria,mas também porque ela beijava bem,ele tinha que assumir isso,ela beijava tão bem quanto fazia contas de matemática,tão bem quanto falava inglês,ele sentia falta de ter seus lábios colados no dela,queria poder chegar na escola e vê-la, beijá-la, pedi-la em namoro. Mas quando finalmente chegou lá percebeu que ela não estava lá. E não apareceu, certamente

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alguma coisa havia acontecido, ela podia ter pegado um resfriado ou algo assim, ou então... ela podia ter se arrependido do beijo e não estava com coragem de encará-lo agora, sua mente dizia que era isso, mas seu corpo dizia que, ele não queria acreditar que aquilo era possível, afinal foi ela quem o beijou, foi ela que tomou a iniciativa, não, alguma coisa deve ter acontecido. Ele chegou em casa, jogou sua mochila num canto e ligou para ela,seu telefone chamava mais não atendia,ele tentou várias vezes,mas nenhuma delas deu certo.Ele sentia um bolo na garganta se formar,sentia que iria explodir em lágrimas,ele não queria chorar,sempre acreditou que homens de verdade não choram, e então ele contou as lágrimas,até que não aguentou mais e as deixou rolarem soltas como uma enxurrada. Ele chorou tanto que temia estar desidratado,ainda tentava não acreditar naquilo,que ela havia simplesmente usado ele para se consolar,mas depois viu que não precisava mais dele,não parecia do feitio dela,mas era a resposta mais plausível que ele tinha e foi pensando nisso que ele dormiu. Foi acordado de madrugada por seu celular tocando, ele apalpou a cômoda ao lado da cama até achar o celular e ainda sonolenta atender: - Alô? - ele falou e logo em seguida ouviu aquela voz familiar, aquela voz doce da mãe de Luna, mas dessa vez ao invés de doce como sempre estava agora desesperada. - Marcelo? Luna está ai? Ela ainda não chegou a casa e não consigo falar com ela. - Ela não está aqui não dona Luiza, aliás, ela nem mesmo apareceu na escola hoje. - Ela não apareceu? - Luiza parecia desesperada. - Se consegui falar com ela por fazer me avise, eu estou desesperada. - Aviso sim dona Luiza. Assim que Marcelo desligou, ele levantou da cama num só pulo, não sabia o que fazer, ela havia sumido, havia sumido e ele tinha certeza que fora Rafael, a última frase que ouviu da boca do garoto rolava em sua mente.Isso não vai ficar assim, Marcelo sabia que ele iria querer tentar algo, mas nunca imaginara que ele iria fazer isso, pra ele o garoto tentaria conversar com ela, reconquistá-la, mas isso? Marcelo se arrumou e foi para a casa de Luna, não precisou bater muito para que Luiza o atendesse, ela estava com os cabelos presos num coque bagunçado, parecia estar cansada, usava um robe creme de seda e estava descalça. - Que horas ela saiu daqui? - Marcelo perguntou. - Umas 06h40min da manhã, ela estava alegre - Luiza respondeu. -, me contou o que houve entre vocês. Marcelo corou. Luiza o fez entrar e ele se sentou no sofá colocando a cabeça entre as mãos.

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- Foi Rafael, tenho certeza. - afirmou - Ele disse que não ficaria assim, que não deixaria o namoro deles terminar tão fácil assim, ele deve tê-la sequestrado. - Então temos que ligar para a polícia e mandar buscá-lo. - Luiza falou. - Não é tão simples assim, não temos provas e ela não tem 24 horas de sumida, eles não vão aceitar antes das 24 horas, precisamos esperar. – o pai de Luna falou. - Esperar? Ela pode estar morta até lá, sabe-se lá o que ele está fazendo com minha filha nesse momento, não posso esperar. - Ela também é minha filha Luiza, eu a amo tanto quanto você, mas sejamos racionais, todos nós sabemos que existem regras, eles não farão nada agora, não adianta, é perda de tempo, vamos esperar mais um pouco, esperar pelas 24 horas. Marcelo tinha a sensação de que estava esquecendo de algo, que tinha que se lembrar de algo mais não sabia exatamente o quê. - Eu também quero saber onde ela esta dona Luiza, mas seu marido tem razão, eles só farão algo após 24 horas. Luiza começou a chorar, Marcelo se levantou e a abraçou. Apesar de Luiza ser um pouco mais alta que sua mãe a sua cabeça batia na metade de seu peito. Ele a confortava em seus braços enquanto sentia as lágrimas de Luiza molharem sua camisa, tentado se lembrar do que precisava, mas tudo o que ele conseguia fazer era relembrar do primeiro dia de namoro entre Luna e Rafael, ele não sabia porque.

Capítulo 16 Luna acordou num quarto deitada numa cama, suas mãos e pés amarrados e uma fita havia sido colocada em sua boca para que não gritasse, pela escuridão do quarto ela presumia que era de noite, não conseguia enxergar quase nada, tudo parecia um breu, até que o avistou, aqueles olhos verdes vidrados nela, os cabelos claros arrumados como sempre. - Ora, ora, você finalmente acordou meu amor. Dormiu bem? - ele tinha um tom de voz sínico e irritante. Ela tentava falar, mas não conseguia, sair apenas barulhos surdos. - Certo, você não pode falar, me desculpa, mas fui obrigado a colocar essa fita adesiva em sua boca, sabe? Não quero que você acorde os vizinhos com seus gritos, mas logo, logo vamos poder sair daqui, vamos viajar pelo mundo e conhecer vários lugares, a começar por Paris, lembra de

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quando me falou que gostava de Paris? Ele falava uma coisa atrás da outra, parecia ter enlouquecido, ou talvez ele sempre fosse Luna apenas não notou isso antes. - Ah, nós vamos ser tão felizes, vamos ficar juntinhos a vida toda, quem sabe ter filhos? Ah, eu adoraria ter um filho, o nome dele podia ser Gabriel, acho tão bonitos meninos com nome de anjo. Rafael olhava pra cima e suspirava como se imaginando todo aquele futuro para eles enquanto Luna tentava gritar sem sucesso, qualquer esforço que ela fizesse era em vão, toda vez que tentava soltar suas mãos ela só fazia machucar cada vez mais o seu pulso, o nó estava muito forte pra que ela conseguisse soltar. Rafael chegou perto dela e então se deitou a seu lado acariciando o seu rosto, Luna virou o rosto para ele,não queria que ele o tocasse,sentia nojo do seu toque. - Não gosta de estar aqui? - ele soava magoado. - Mas isso aqui não era tudo o que você queria? Agora você pode ficar comigo, não tem nenhum Marcelo para atrapalhar nosso amor, agora podemos ser felizes. Rafael começou a cantar uma música enquanto acariciava levemente os cabelos de Luna, tudo o que ela conseguia pensar era em seus pais,em como eles deviam estar preocupados com ela,em Duda e Ana,que uma hora dessas já sabiam de seu desaparecimento e em Marcelo,o garoto que ela havia percebido que amava,ela pensava principalmente nele,onde estava,se estava tentando salvá-la,ela achava que sim,tinha que acreditar que sim,Marcelo era a sua última esperança,era o rosto que vinha em sua mente,ela o imaginava indo até ela e dizendo como a amava,o imaginava pedindo para aguentar e foi isso que fez com que ela suportasse aqueles 5 dias com aquele psicopata,foi aquilo que lhe deu forças,ela ouvia sua voz em seu ouvido.Estou chegando,aguente por mim,ela o ouvia falar,não sabia se estava tão louca quanto Rafael, mas sabia que tinha que esperar,por ele,por ela,pelo amor entre os dois.

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Capítulo 17 5 dias,5 dias haviam se passado e nada, nenhum sinal, eles já haviam notificado a polícia mas ela não havia feito muito coisa, diziam sempre que não podiam fazer nada sem provas.Provas, aquilo era ridículo, não precisava de provas, ele sabia que Rafael era ao responsável por aquilo, Marcelo estava enlouquecendo, não queria dormir, não queria comer, ele queria respostas, saber onde ela estava, queria poder vê-la novamente. E ainda tinha aquela sensação de que deveria se lembrar de algo, ele não sabia porque, mas ficava o tempo inteiro relembrando o dia em que ele e Rafael ficaram conversando, ele aturando Rafael enquanto o garoto lhe contava sobre suas aventuras, suas casas no Rio, em São Paulo, Salvador...estava pensando nisso pela milionésima vez quando se recordou de algo.Eu tenho duas casas aqui em Salvador, Rafael falara na ocasião, duas casas, era isso! Marcelo tinha quase certeza de que eles estavam nessa segunda casa, mas não conseguia lembrar onde. Ele discou o número e esperou até ouvir a voz na outra linha. - O que é Marcelo? - Ana parecia irritada. - Calma, só quero perguntar uma coisa. - Então pergunte logo. - Bom, Ana, eu sei que você tem uma memória incrivelmente boa, então... se lembra do dia em que eu estava conversando com Rafael, um dia depois dele e Luna começarem a namorar? - Lembro você estava num chamego só com Rafael - Ana provocou - pareciam íntimos. - Não é hora pra brincadeiras, Ana. Quero saber se você se lembra de se ele falou onde ficava essa outra casa dele, lembro que ele me falou que tinha duas, acho que ele pode estar nessa segunda. - É possível, hum...deixa eu ver..na Barra, ele falou que tinha uma perto da escola e outra na Barra, perto da praia, atrás de um bar famoso de lá. Aquilo foi como uma lanterna ascendendo na cabeça de Marcelo e ele tratou logo de desligar e discar o número da casa de Luna, Luiza atendeu quase que imediatamente. - Alô? Dona Luiza? - ele falou. - Oi Marcelo. - sua voz aparentava cansaço. - Acho que sei onde Luna está.

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Ele foi até a casa de Luiza e ele, Bruno (pai de Luna) e Luiza foram juntos até a casa.Ela parecia fechada,estava tudo escuro lá dentro,mas ele sentia em seu coração que Luna estava lá, então ele foi até a porta e bateu,percebendo que ela estava aberta,eles entraram e Luiza e Bruno analisariam o andar de baixo,nada,nenhum sinal deles,então eles subiram as escadas,com cuidado para não fazer barulho,na primeira porta também não tinha nada,na segunda eles se depararam com um banheiro,mas na terceira eles a viram,ela estava amarrada na cama,suas roupas estavam rasgadas e ela tinha hematomas pelo corpo. Marcelo entrou correndo e foi até ela que estava com os olhos fechados, ele se desesperou e checou a pulsação, alívio dominou seu corpo quando percebeu que ainda estava batendo, os pais de Luna vinham logo atrás e checavam o rosto da filha. - Ela está morta? - a voz de Luiza vacilou. - Não, desmaiada, vai ficar bem, só vamos tirá-la daqui. - Vocês não vão tirar ninguém daqui. - Marcelo se virou e encarou Rafael, ele o olhava com ódio evidente, estava com algo brilhante na mão, uma faca? Marcelo não sabia e mal deu tempo de confirmar, pois Rafael avençou em cima dele e eles começaram a briga. Rafael o acertou com o que á uma hora dessas Marcelo já sabia que era uma faca,mas mesmo assim o garoto não recuou,desviou do segundo ataque de Rafael e lhe deu um soco no ombro, Rafael deu pra trás, mas logo avançou de novo, Marcelo conseguiu ver de soslaio que os pais de Luna a soltaram e ela recobrava a consciência agora.Marcelo voltou a atacar e conseguiu atingir o rosto de Rafael,que o atacou de novo com a faca sem dar chances para que ele se esquivasse abrindo um corte não muito profundo na barriga de Marcelo.Ele estava na vantagem,Marcelo sabia disso e sabia mais ainda que tinha que tirar aquela faca de sua mão.Rafael voltou a atacar,estava ficando cada vez mais difícil para Marcelo desviar de seus ataques, então numa manobra rápida ele se esquivou e deu uma rasteira em Rafael que acabou caindo no chão, Marcelo o prendeu com as pernas e segurou suas mão com a mão esquerda enquanto dava socos com a direita,mas incrivelmente Rafael conseguiu se jogar por cima de Marcelo e o tinha prendido.Ele tentava acertar seu olho,a faca a centímetros dos olhos dele,somente suas mão a detendo,suas mãos tremiam,ele depositava toda sua força ali e no final ele era mais forte e conseguiu afastar Rafael o suficiente para que desse uma joelhada no estômago do garoto que caiu pro lado dando a chance pra Marcelo passar as pernas por seu pescoço e só soltar ao perceber que ele havia desmaiado. Marcelo levantou com dificuldade, só agora os machucados vieram doer. Ele pegou a faca da mão de Rafael e a entregou para Bruno, não precisou dizer nada, o pai de Luna segurou firme a faca e foi na direção de Rafael pegando o telefone para ligar para a polícia prestando

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atenção no garoto com a faca apontada para ele. Marcelo foi até Luna que já estava acordada,quando ela o avistou seus olhos brilharam,ele foi até ela e a abraçou forte. Ela não parava de murmurar “você veio, eu sabia que viria, sabia”. Eles dois ficaram abraçados por um tempo até que se afastaram, mas somente para poderem colar os lábios um do outro num beijo. Não ligavam para a mãe de Luna que os olhava, não ligavam para Bruno que certamente sabia o que estava acontecendo, eles sentiam tanto falta um do outro, sentiam falta do calor dos lábios um do outro. - Você veio, eu sabia que viria. - Luna falou depois que eles se separaram. - Claro que eu viria, eu te amo Luna. - Marcelo colocou a mão em seu rosto gentilmente sorrindo. - Eu também te amo. - Ela respondeu.

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Epílogo Quase um ano depois dos acontecimentos Luna e Marcelo ainda tentavam esquecer o que aconteceu não que isso atrapalhasse no namoro entre os dois, isso só fez com que eles ficassem cada vez mais juntos, Marcelo não queria passar um segundo sequer longe de Luna e Luna também não queria estar longe de Marcelo, então as visitas na casa um do outro eram bem frequentes. Duda e Ana estavam felizes que os dois estavam juntos, Luna lembrava-se agora de quando elas souberam que estavam juntos, Ana é claro, sempre a mais eufórica e animada que se pronunciou primeiro: - Quem não sabia que esses dois iriam acabar juntos? Fala sério, todo mundo sabe que esse cara te ama desde os 11 anos. – Marcelo corou após essa revelação. - Verdade amor? – perguntou Luna inclinando a cabeça para olhá-lo, ele a abraçava por trás. - Ah, já estão se chamando de amor, isso é tão lindo. – Duda falou. - Não tem como eu chamá-lo de outra coisa, ele é o amor da minha vida e sempre será. – Luna inclinou novamente a cabeça pra trás e o beijou. O que a deixava tensa era o fato de que o julgamento estava chegando, ela não queria ter que olhar para a cara dele, não pela dor física que ele havia provocado nela, mas porque pra ela, ele era um monstro. No dia do julgamento ela acordou de cara fechada, perguntou a seus pais várias vezes se precisava realmente ir e eles responderam todas às vezes pacientemente. Marcelo chegou a sua casa no horário marcado o que pra ela foi uma surpresa, ele nunca chegava no horário certo. - Marcelo? – ela falou surpresa ao vê-lo na porta de casa. - Oi amor, não está feliz em me ver? – ele perguntou confuso. - Sim, mas é que... você sempre chega atrasado. - É, estou tentando mudar isso. Eles dois entraram e ficaram esperando sua mãe e seu pai descer.Estavam em silêncio até que Luna quebrou o gelo. - Que horas você acordou? – perguntou sem saber o motivo. - 5 da manhã. – ele respondeu e ela riu.

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- 5 da amanhã? E demorou esse tempo todo pra se arrumar? - Não se apressa a perfeição. – ele falou orgulhoso - Convencido. - Eu? Não, imagina, nem um pouco. – no seu tom de voz dava pra perceber claramente o sarcasmo. - Não seja sarcástico Marcelo. - Mas é o sarcasmo que faz parte de meu charme irresistível. - Ah, então agora eu sei por que não resisto a você. – Luna foi se aproximando dele. - Ninguém resiste, acredite. – eles se beijaram e poderiam ter ficado ali por mais tempo, se não fosse por Bruno, que pigarreou fazendo eles dois se afastarem corados. - Os pombinhos ai vão ou preferem ficar aqui se agarrando? – Bruno parecia não ter gostado da cena que viu, sua expressão fez Luna rir. Eles chegaram lá tão rápido que nem daria para Luna desistir, ela evitou ao máximo encarar Rafael, mas era impossível, o garoto a todo o momento olhava para ela. - E se ele não for condenado? – Ela perguntou baixinho á Marcelo. - Ele vai. – respondeu o garoto. - Mas e se não for? – ela insistiu. - Então eu te protejo. Ela deu o seu depoimento e logo depois voou para os braços de Marcelo, manteve a cabeça encostada no peito dele como se estivesse em uma montanha-russa e ela precisasse segurar alguém para ter menos medo. - Vai ficar tudo bem. – Marcelo falava acariciando seus cabelos. - Eu sei, eu sei que vai. – ela falava tentando convencer a si mesma de que iria, mas na verdade só conseguiu ficar aliviada quando ouviu a palavra culpado. Ela ergueu a cabeça e encarou o juiz que comunicava os anos de pena. 25 anos ,ela achava pouco para o que ele tinha feito com ela,a torturado todos aquele dias,batido nela,deixado ela com fome e som sede,seus pulsos ainda tinham as marcas da corda que ele usou para prendê-la,ele quase chegou a abusar dela,se não fosse por Marcelo e seus pais que chegaram no momento exato antes que ele pudesse violentá-la,mas por enquanto estava bom para ela,não iria precisar ter medo de sair por ai sabendo que ele estava solto,poderiam ficar tranquila vivendo sua vida normal,terminando seus estudos. Do outro lado ela via um casal chorar, presumia que fossem os pais dele, poderia até mesmo ter pena deles, mas se tem uma coisa que ela havia aprendido com ele era de não ter pena e ele havia a maltratado tanto para ela ter pena.

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Depois que eles saíram do tribunal foram direto pra casa onde brindaram, ela e Marcelo ainda não tinham idade para ingerir bebida alcoólica, mas não deixaram de brindar com um copo de refrigerante de limão. - Eu te amo. – Marcelo falou a abraçando por trás. - Eu também te amo. – ela falou se virando para lhe beijar.

Fim

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