O amor em preto e branco

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ESCOLA MUNICIPAL OLGA FIGUEREDO

VITORIA RAMOS DE SOUZA

OpretoAMOR e branco EM


Comissão Organizadora: Célia Oliveira de Jesus Sacramento Vice Prefeitura José Antonio Nascimento Fundação Gregório de Matos (FGM) Lourdes de Fátima Santos Pinto Plano Municipal do Livro, da Leitura e da Biblioteca de Salvador (PMLLB) Roseli dos Santos Andrade Araújo Secretaria Municipal de Educação (SMED) Solange Sousa do Espírito Santo Biblioteca Comunitária

Comissão Julgadora: Antonio Alberto da Silva Monteiro de Freitas Universidade Católica do Salvador (UCSAL) Antonio Luiz M. Andrade Fundação Gregório de Matos (FGM) Daniel Dourado Nolasco Universidade Federal da Bahia (UFBA) Elton Linton Oliveira Magalhães Universidade Católica do Salvador (UCSAL) Jones Oliveira Mota Universidade Federal da Bahia (UFBA) Liliane Vasconcelos de Jesus Universidade Católica do Salvador (UCSAL) Lourdes de Fátima Santos Pinto Plano Municipal do Livro, da Leitura e da Biblioteca de Salvador (PMLLB) Maria Clara de Luz Vasconcelos Secretaria Municipal de Educação (SMED) Maria de Jesus Ribeiro B. Oliveira Universidade Católica do Salvador (UCSAL) Norma Lúcia Reis Souza Universidade Católica do Salvador (UCSAL) Tereza Cunha Sales de Almeida Fernandes Secretaria Municipal de Educação (SMED)


1º Vitoria Ramos de Souza

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Esse texto é vencedor do Concurso Municipal de “ Literatura Prêmio Jorge Amado - 2014, promovido pela Prefeitura do Salvador.

Professora orientadora LAIS DE PINHO DIAS

ESCOLA MUNICIPAL OLGA FIGUEREDO GRE: CENTRO



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1º ato Arlequim: Uma moça formosa, de cabelos compridos e cacheados, de pele tão clara, branca quem nem algodão, e de classe alta. Colombina: Bela era o nome dela, pois ela era bela demais. Assim como eu! Arlequim: Ela sonhava ter seu primeiro amor. Colombina: Mais que isso! Queria conhecer a vida. Explorar o mundo. Arlequim: Mas Bela tinha medo da vida! Colombina: E do amor. Arlequim: Pois ainda não tinha sido apresentada a nenhum deles. Colombina: Um dia ela resolveu ir às compras na feira. Sozinha. Sem empregados para ajudar, nem motorista para levar, nem segurança para vigiar. Arlequim: De repente, ela, que estava tão branca como sempre, viu um rapaz que chamou sua atenção, como ninguém nunca tinha feito. Colombina: Ele era forte, elegante e muito bonito. Ele tinha a pele mais negra que ela já tinha visto. Era uma cor que enfeitiçava, que prendia o olhar de Bela. Arlequim: Na mesma hora... Arlequim e Colombina: ...ela se apaixonou. Arlequim: Mas ela ainda não sabia o que era aquilo. Primeiro sentiu, depois soube que davam o nome de paixão àquela coisa que não se sabe bem explicar, mas que sufoca a gente por dentro. Colombina: Ah, foi amor à primeira vista! E ele, ao se deparar com aquela moça formosa, de cabelos compridos e cacheados, também se apaixonou.

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Arlequim e Colombina: Foi aí que a história começou! Colombina: Ah, o amor! É o começo e o fim de tudo! (Arlequim e Colombina vão saindo de cena) Arlequim: Ela, Bela, clara como o dia, abriu aquele sorriso despertado! Ah, a paixão arrebata a gente de uma forma inexplicável. Colombina: E ele, negro como a noite, envolvido pelo mesmo sentimento, sentiu o seu coração despertar por ela. (Som de coração batendo) Arlequim e Colombina: Os dois se olharam! Era o dia e a noite juntos no brilho da paixão. (Arlequim e Colombina observam a cena no fundo do palco. O rapaz vai até Bela e oferece ajuda com as compras. Ela fica admirada com a gentileza do rapaz. Ele se apresenta a ela). João: Meu nome é João! E você, como se chama? Bela: O meu é Bela. Arlequim Colombina: Ah, o amor! (Arlequim e Colombina saem do palco cantando uma música de amor e João e Bela ficam conversando) João: Bela, quer ir ao parque da cidade comigo mais tarde? Vamos ver o por do sol! Bela: Sim... claro! (Os dois se despedem com um abraço. Arlequim e Colombina aparecem de novo. Chegando a casa, Bela fica pensando.) Bela: Será que devo ir a esse encontro? Arlequim: Bela tinha esquecido tudo o que poderia impedir aquele encontro. Não sabia se ia ou não ia se encontrar com João, pois Bela tinha medo de o amor enfeitiçar o coração dela. Colombina: O amor já tinha enfeitiçado o seu coração. 2


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Bela: Eu tenho medo de amar, nunca amei ninguém. E meus pais? O que eles vão dizer? Colombina: Bela sabia que seus pais não iriam aceitar esse amor. Arlequim: O medo foi maior que o amor...

2º ato (Arlequim entra cantando uma música triste e interpreta tudo o que Colombina fala) Colombina: João ficou esperando seu amor na praça até anoitecer e, depois que anoiteceu, ele foi para embora muito triste. João ficou com o coração partido. Assim, como o amor, ele também nunca tinha sentido aquilo. Arlequim: Na manhã seguinte, João foi trabalhar, ele trabalhava na fábrica de vestidos. João não conseguia tirar Bela da cabeça. (Arlequim e Colombina sentam no palco, um de cada lado. João entra na fábrica de tecidos, onde está sua amiga que também trabalha lá, Verinha.) João: Bom dia, Verinha... Verinha: Bom dia, João! O que você tem, hein? Está estranho... João: Estou apaixonado por uma moça que conheci na feira... Verinha: Qual é o nome da sortuda, posso saber? João: É Bela, Verinha... Verinha: Não perguntei se ela é bonita, seu engraçadinho! Quero saber como ela se chama!

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João: O nome dela é esse: Bela. Verinha: Bela? Só isso? João: Sim, Verinha... Verinha: Não é Isabela, Siribela, Florisbela? João: Não, é só Bela mesmo... Verinha: Pouco, né? É um nome pequenininho. Ela é baixinha, é? João: O seu nome não é Vera? O dela é Bela! Tem quatro letras, igual ao seu! Só tem de pequeno o nome, Verinha, porque a beleza dela é tão grande que me deixou assim... Verinha: É mesmo! (Rindo, sem graça.) João: Tem muito trabalho hoje por aqui? (Verinha fica pensativa e não responde) João: Verinha... (Verinha não responde) João: Verinha! Verinha: Oi! (assustada) João, por acaso, essa sua Bela é uma bem branquinha? João: Branca como leite! Verinha: Vem cá, ela tem cabelo comprido? João: E lindo! Verinha: Cacheado? João: Como um caracol... (João fica com cara de bobo)

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Verinha: Olhe, João, sua Bela é a filha do doutor Ricardo! João: Então eu amo a filha de um doutor... (espantado) (A cena congela) Colombina: Bela também estava triste naquela manhã. Ela queria ter ido. Mas teve medo. Muito medo. Arlequim: Do mundo... e do amor! (Bela e uma empregada entram na fábrica conversando)

Bela: Vou pegar o vestido para a festa de hoje! Empregada: Soube que a cidade toda vai... Essa noite promete! Não perco por nada! (Bela e João se veem. João vai falar com ela). João: Bela, te esperei ontem... Bela: Desculpe, não pude ir... João: Tudo bem... Bela: Mas pensei em você o tempo todo! João: Você vai para a festa da cidade? Bela: Sim, vim buscar meu vestido... Você trabalha aqui? João: Sim. Quer me encontrar hoje na festa da cidade?

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Bela: Como quero! (pensou alto) (Bela e João riem) Verinha e Empregada: Isso não vai prestar... Bela: Então, até mais tarde! João: Até... (Todos se despedem. Ficam a sós Arlequim e Colombina. Colombina interpreta tudo o que Arlequim fala.) Arlequim: Bela ficou feliz, se arrumou toda! Penteou o cabelo, amarrou um laço, passou batom... Desta vez, ela que queria se encontrar com ele na festa! (Arlequim sai do palco dançando com Colombina ao som de uma música)

3º ato (A rua cheia de gente andando para todos os lados e João aparece no meio da multidão e vai em direção a Bela). João: Bela! Venha aqui comigo! (Sentaram num banquinho de praça e as pessoas começam a sumir) João: Desde o dia em que te vi não paro de pensar em você, Bela! Bela: Eu também não penso em outra coisa... João: Não sei o que há de errado comigo. Bela: Eu também nunca me senti assim...

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João: É um aperto no peito! Bela: Uma dor de saudade... Não sei o que está acontecendo... (João puxou Bela e deu um grande beijo.) João: Te amo, Bela! Desde a primeira vez que te vi na feira! (Bela ficou assustada e não disse nada. Verinha e Empregada chegam e correm em direção a eles.) Verinha: Até que fim encontrei vocês! Doutor Ricardo está procurando Bela! Empregada: Quando o pai dela ficou sabendo que você tinha sumido, não gostou nadinha! E me mandou ir atrás de você! Verinha: João, parece que Doutor Ricardo já sabe de vocês... Empregada: Pois falou que João não era da mesma classe que eles... Que você, João, é de classe baixa e tem pele negra! Verinha: Que absurdo! Verinha: Até que fim encontrei vocês! Doutor Ricardo está procurando Bela! Empregada: Quando o pai dela ficou sabendo que você tinha sumido, não gostou nadinha! E me mandou ir atrás de você! Verinha: João, parece que Doutor Ricardo já sabe de vocês... Empregada: Pois falou que João não era da mesma classe que eles... Que você, João, é de classe baixa e tem pele negra! Verinha: Que absurdo! (Música sobre o amor, todos que estavam na rua cantam e dançam junto com eles.. Anoitece e amanhece na janela da casa de Bela. Ficam a sós Arlequim e Colombina, que acordam com Verinha na janela).

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Verinha: Bela! Bela! Beeeela! Bela: O que foi, Verinha? Verinha: Trouxe um bilhete de João! Tchau, preciso ir! Bela: Obrigada!! Tchau, Verinha!

(Bela começa a se arrumar) Arlequim: “Minha Bela, me encontre hoje no bosque da cidade. Um beijo. Com amor e saudade. Assinado: João.” Colombina: Bela ficou com medo de ir, mas a coragem foi maior que o medo e foi ao encontro de com João! Ela saiu pela janela do quarto, escondida da família e de todos da casa, e lá estava João esperando por ela. Arlequim: Os dois começaram a namorar escondido, pois o amor deles era proibido por toda a família, só quem sabia era Verinha e a empregada de Bela. (Bela e João no fundo do palco interpretando tudo o que Arlequim e Colombina falam) Colombina: Os dois começaram a se encontrar no bosque escondido, Bela e João estavam felizes, mas Bela não sabia direito o que sentia por João, e Bela sofria por amor, pois quem ama sofre... Arlequim: Mas ela estava feliz e era isso o que importava! Colombina: O tempo foi passando. Arlequim: E o amor só aumentando. Colombina e Arlequim: Mas é segredo!

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4º ato (João joga pedra na janela de Bela, que abre. Ana, a empregada, pega os dois.) Ana: Bela! João! Bela: Ana... Ana: O que você está fazendo aqui, João? Se seu pai vê isso! Ele mata você, você e eu também! João: A gente não fez nada, Ana... só entrei por aqui porque a família dela não me aceita. Bela: Por favor, Ana, prometa que não vai contar a ninguém! Não posso ficar sem João! João: A gente se ama, Ana! Mas a família dela não quer a gente junto porque sou negro e pobre. Sou gente de bem, trabalhador, e amo minha cor! Bela: Mas as pessoas ainda são muito preconceituosas! Ana: Está bem, eu prometo... (Bela e João se abraçam) Ana: Vivam o amor de vocês, não tenham medo, pois amar alguém é a melhor parte da vida! Eu mesma já vivi um grande amor. A verdade que todos nós já tivemos um grande amor, um primeiro amor... Todas as pessoas do mundo já tiveram um grande amor inesquecível, que nunca vai esquecer, que está gravado na tábua do coração. Eu sou uma dessas pessoas que amou alguém e nunca mais esqueceu. João: Queria que fosse mais fácil, Ana, que a gente pudesse amar sem se preocupar com cor, religião, classe social... Bela: Desde criança, ouço que os negros são mal educados, sujos e nojentos, mas, na verdade, não são!! Os meus pais estão errados, os negros são como todos os outros... o que muda é a cor de pele...que é linda!

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João: Eu digo por mim... Sou educado, trato todas as pessoas muito bem, trabalho, sou honesto, mas parece que isso não basta! Ana: A sua família é muito preconceituosa, Bela... e discrimina as pessoas pobres e negras, como eu também... isso só porque são ricos. Acham que o dinheiro pode mandar nos sentimentos... Não pode! Bela: Pois é, Ana... até minha profissão eles querem escolher! Tudo o que mais quero é ser desenhista, amo desenhar, mas minha mãe quer que eu seja advogada que nem ela... Ana: Por que você não conversa com eles? Bela: Você acha que ia adiantar? Do jeito que eles são? Ana: Vale tentar... Deixa voltar a trabalhar! Juízo! (Ana sai. A cena congela e Arlequim e Colombina voltam.) Arlequim: E assim levaram aquela noite... Falaram de amor e preconceito. Mas o amor falou mais alto. Ele sempre fala mais alto. Colombina: E o amor finalmente pegou Bela, desde criança ela queria encontrar o seu príncipe encantado e ela encontrou João. Arlequim: Mas ela tinha medo de se de decepcionar, pois o amor e traiçoeiro, o amor é mal educado, não bate na porta do coração, vai logo entrado sem pedir permissão, e quando você vê, já está apaixonado... foi assim que aconteceu com João e Bela. Colombina: Ele era louco por ela e ela era louca por ele. Colombina: dois adolescentes vivendo um grande amor, conhecendo a cada dia a surpresa do amor, os dois apaixonados se encontravam escondidos para viver esse amor proibido. Ninguém podia saber. (Arlequim e Colombina observam e cena descongela) João: Quero que você conheça minha família!

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Bela: Eu vou adorar! João: Então, vamos lá agora!

(Saem do quarto e vão pela rua até chegar à comunidade onde João mora) Arlequim: João morava numa favela muito perigosa, mas ela não ligou. O importante era que ele a fazia feliz, isso era o que importava. Colombina: Com a força do amor, eles enfrentaram a discriminação e o preconceito, que se manifestaram por onde eles passavam através de olhares, julgamento, críticas... (Entram na casa de João. Casa bem simples, porém arrumada, ele tinha sete irmãos, pai e mãe.) Mãe: seja bem vinda, minha filha! Não repare na bagunça, estou arrumando o trabalho de amanhã. Trabalho aqui na creche daqui de cima. (Chega o pai, catador de latinha.) Pai: Que dia puxado! Mas consegui muitas latinhas! (Os filhos abraçam o pai e observa o carinho entre todos da família) João: O que foi, Bela? Não gostou da minha família? Bela: Seus pais são tão carinhosos e seus irmãos são tão alegres... A cor da pele é uma besteira. Todos nós temos sentimentos, coração e amor, bem no fundo, todos nós somos frutas da mesma salada, todos nós temos boca, cabeça, braços e pernas!! A minha família está errada, João! João: Vamos enfrentar isso juntos! O nosso amor é maior que todo preconceito! Mas, vamos, vou te levar para casa antes que sintam sua falta! Mãe: Volte sempre, minha filha! (Todos se despedem)

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5º ato (Ana bate na porta de Bela) Ana: Trouxe um lanchinho! Bela: Ana, você já amou alguém? Ana: Já, sim... Ele foi o meu grande e único amor e eu amava e ele me amava. Bela: Me conte essa sua história de amor! Ana: Eu conheci ele na minha juventude, eu era louca por ele e ele era louco por mim, ele tinha me pedido em casamento e eu aceitei, foram os melhores dias da minha vida! A gente tinha se casado, depois de dois anos ele foi viajar com o amigo de carro e eu fiquei sozinha em casa... De repente, eu recebi uma ligação de que havia acontecido uma tragédia: ele e o amigo haviam morrido, eles tinham batido em outro carro e capotaram. No começo, eu sofria muito, chorava e não acreditava que o destino tinha tirado o meu Marcos de mim... A gente tinha tantos planos, mudar para uma casa maior, ter três filhos e um cachorro e viajar para vários países. Eu não sei o que ia fazer sem o meu Marcos, já passei em desistir da vida várias vezes, eu tinha perdido o meu sentido da vida e foi aí que procurei apoio em minha família. E eu nunca desisti de viver, sempre andei pra frente com esse vazio que se chama saudade, até hoje tenho esse vazio, ele nunca vai ser preenchido, só uma pessoa pode preencher esse vazio em meu coração... Só Marcos pode preencher. Eu tinha que superar essa dor e recomeçar, pois a vida não anda para trás, ela anda para frente, e eu comecei a trabalhar de empregada para seu pai... Eu estou com 40 anos e nunca esqueci o Marcos, eu nunca consegui amar mais ninguém, ele foi o meu primeiro amor e último! Eu ainda me lembro dos nossos momentos que a gente já passou juntos, vão ficar na minha memória, eu nunca mais vou esquecer ele e nunca mais vou amar ninguém, pois ele foi o meu único amor! Não existe espaço mais pra ninguém, só pra ele. Ele foi um grande amor. Inesquecível. Quer um conselho, Bela? Bela: Claro, Ana... Ana: Não tenha medo do amor, não tenha medo de amar, se jogue nessa paixão e não tenha medo de cair, amar é coisa da vida, nós não podemos evitar o amor, o amor sempre dá um jeito de encontrar a gente por mais que a gente corra, não tem jeito.

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Bela: Verdade! Feliz é aquele que não tem medo de se arriscar pra vida, quem tem medo acaba não vivendo a vida intensamente... Ana: Não tenha medo dos seus pais e não ligue pra as críticas que as pessoas vão falar, o importante que vocês se amam, ame as pessoas, ame a vida, ame João, faça tudo que você tenha vontade, escute o seu coração, viva a vida intensamente, aprecie a cada momento que a vida te dá... A vida é curta demais pra você viver com medo! Seja ousada com vida só, os ousados vivem, realize os seus sonhos, corra atrás das pessoas que você ama, nunca desista da vida e do amor, seja feliz hoje, dê risada hoje, faça a diferença hoje, não deixe nada pra amanhã. Ninguém sabe o que vai acontecer; só Deus sabe! Bela: Obrigada, Ana! Ana: Agora descanse um pouco e pense no que conversamos! Bela: Boa noite! Ana: Boa noite... (Entram Arlequim e Colombina) Arlequim: Já estava na metade do ano, ninguém tinha descoberto. Bela estava vivendo os melhores dias da vida dela. Colombina: Só que Bela e João estavam cansados de viver escondidos da sociedade, do que iam pensar... Uma branquinha namorando um negro. Arlequim: Foi então que os dois decidiram enfrentar o preconceito da família dela. (Arlequim e Colombina assistem a cena) João: Não aguento mais, Bela! Bela: Tenho medo, João! E se eu não puder mais te ver? João: Nós vamos vencer o preconceito, Bela! Confie em mim Colombina: Bela finalmente tomou coragem para contar para os pais dela. Quem ama cria coragem!

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Arlequim: O amor nos dá coragem pra continuar a viver! Bela: vou contar tudo, sobre você, sobre meu sonho de ser desenhista! João: O nosso amor nunca vai se acabar. Ele vai ser para sempre, eu te amo, Bela, agora e para sempre, eu vou até o fim por você, eu posso ir às profundezas do mar pra pegar o seu amor, posso ir até o fim do mundo pra ter você no meu lado. Bela: Eu não acreditava no amor antes de te conhecer... João: E eu não vou desistir de você, não vou desistir de te amar, pois quem ama nunca desiste, e eu te amo, posso fazer qualquer coisa só pra ter você ao meu lado. Tudo isso porque eu te amo! Bela: Esse amor não pode ser proibido e não tem com evitar... A verdade é que eu te amo e sempre vou te amar, o meu coração te escolheu. (Eles se abraçam bem forte. A cena congela e entram em cena Arlequim e Colombina). Arlequim: Bela contou tudo a Ana, Ana disse que era pra confiar na vida que a vida poderia surpreender. Ana ficou muito feliz, pois Bela tomou coragem de contar tudo aos pais... Colombina: Bela estava com medo do que os pais dela iam dizer, mas, antes de dormir, ela pensou e pensou e chegou numa conclusão: os pais dela não eram inimigos pra ela ter medo! Os pais eram amigos dela e eles tinham que entender que Bela amava João! Bela já tinha completado 18 anos e poderia muito bem tomar suas próprias decisões... Ela estava determina em dizer que amava João! Arlequim: E dizer que ela queria ser uma desenhista! Ela queria mostrar para as pessoas como a vida era linda! Ela não queria resolver as causas das pessoas e sim mostrar a eles as belezas da vida... Colombina: A vida é cheia de belezas! Basta abrir os olhos da imaginação e ver... O mundo é um lugar maravilhoso! Pena que as pessoas estão cegas e não enxergam isso. Arlequim: Ela queria gritar pra todo mundo ouvir... Bela: Eu amo João! Sim, um negro! E não me importo com a cor e sim com sentimentos. Colombina: Ela foi dormir cheia de coragem, na amanha seguinte, ela acordou feliz cheia de sonhos e apaixonada por João. Ela foi pra escola como todos os dias e passou no trabalho de João. O mundo estava todo colorido parece que tudo ganhou cor era o amor. 14


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Arlequim: Quando a gente ama tudo fica mais lindo, tudo fica mais colorido! O amor acrescenta uma visão preciosa aos olhos de quem ama! Colombina: Ela amava João, ela tinha o prazer de viver só de ouvir o nome de João, ela ficava feliz e abria um sorriso de paixão! Todos os dias no mesmo lugar eles se encontravam bosque. À noite, o bosque era lindo! A lua e as estrelas iluminavam o bosque, Bela e João. (Surgem Bela e João no bosque. Arlequim e Colombina os observam.) Bela: A vida é um show e nós não podemos ter medo de subir no palco! João: A vida é bela... Pena que as pessoas estão muito ocupadas se preocupando com elas mesmas, e esquecendo-se de amar as pessoas, estão esquecendo-se de ajudar as pessoas, esquecendo-se de sentir a dor um dos outros, elas estão preocupadas demais com a cor e esquecendo que todo mundo é gente, só muda a cor! Bela: E mal sabem elas que uma das melhores coisas da vida é a gente ter amigos, compartilhar os momentos de tristeza e alegria e de ajudar as pessoas, de amar as pessoas. Falta mais amor nesse mundo! João: As pessoas estão ocupadas demais e não veem isso, não veem que é nas coisas pequenas da vida que mora a felicidade! Colombina: Havia muito amor! Mas o grande dia chegava, o tempo estava passando muito rápido... Enquanto isso, eles aproveitavam cada momento, cada risada, cada beijo, cada abraço, cada brincadeira, cada carinho. Arlequim: Ambos sabiam que os pais dela não iam aceitar, mas, mesmo assim, eles acreditavam no amor e na vida! Nada é impossível para o amor, o impossível é possível! João: Precisamos ir, Bela, amanhã é o grande dia! Bela: Enfim, vou contar a todos sobre nós dois! Vou gritar para todo mundo ouvir que eu te amo!

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6º Ato (Todos da família de Bela na sala enquanto Arlequim e Colombina narram) Arlequim: O dia chegou, era sábado, Bela acordou determinada e cheia de coragem! De manhã, ela se encontrou com João, Bela estava planejando um jantar para os pais dela conhecerem João! Todos estavam torcendo pra dar tudo certo: Verinha, a família de João e Ana! Colombina: todos estavam tensos! O que será que ia acontecer? O que será que a vida ia fazer? Será que o destino ia separar eles? Arlequim: Enfim, chegou à noite! A mesa estava linda! Bela: Pai, mãe, hoje vai vir uma visita! É uma pessoa muito especial para mim! Pai: Quem é, filha? Mãe: É homem ou mulher? Já sei, é uma das suas amigas! Bela: Calma, é surpresa! Na hora vocês vão ver quem é! Colombina: Os pais de bela ficaram surpresos quando viram um negro arrumado e cheiroso com flores na mão tocando companhia. (Os pais se se sentam à mesa) João: Olá! Boa noite! Bela: Pai, mãe, esse é João, meu namorado! Pai: O que? Mãe: É uma brincadeira?? Se for, é de péssimo gosto! João: Eu amo a filha de vocês! Bela: Nós estamos namorando há quase um ano. 16


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Mãe: Bela, você só pode estar brincando... Bela: É verdade, mãe, eu amo João! E ele também me ama! Pai: Saia da minha casa agora, João! Eu nunca mais eu quero ver você aqui na minha casa! Esqueça a minha filha, ela não é pra você!! Alfredo tire ele daqui agora!!

(Alfredo, o segurança, tira João à força.) Mãe: E você, Bela, não pense que você não vai sair dessa numa boa... Você vai morar com o seu irmão no Canadá! Arlequim: Os pais de Bela ficaram furiosos, eles nunca iriam aceitar aquele amor, pois eles dois eram muito diferentes! Os pais dela queriam que Bela se casasse com um rico e branco e não com um negro e pobre... João e Bela: Mas a gente se ama!! Colombina: Os pais dela não entendiam que o amor não é olhar para aparência e sim para o coração... Bela: E tem mais! Eu quero ser uma desenhista! Pai: Por que, filha, você resolveu mudar de ideia? Desde criança você queria ser uma advogada! Mãe: É esse João que fica botando ela no mau caminho... Você vai por Canadá!! Pai: Ana, você sabia disso? Ana: Sim... Pai: E por que não nos contou? Ana: Ela pediu segredo! E eles se amam...

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Pai: Era obrigações sua me dizer!! Eu só não vou despedir porque você é a empregada de muitos anos na nossa casa... Arlequim: Bela subiu pro quarto aos prantos, ela não queria se separar de João, e foi ali que ela viu que o amor também fazia sofrer... Colombina: Foi aí que ela teve mais certeza de que amava João... quando podia perdê-lo. Arlequim: Bela fugiu pela janela e foi pra a casa de João. (Na casa de João, eles se abraçam bem forte.) João: Bela! Bela: Eles vão me mandar por Canadá eu não quero ir!! João: Calma, Bela, vai dar tudo certo! Bela: Eu não quero me separar de você, eu amo você... João: Eu vou cumprir a promessa que eu fiz pra você, eu vou te amar para sempre, a distância não vai nos separar, Bela! Bela: Eu te amo! Você é o meu primeiro amor, é o amor da minha vida, vou te amar por mil anos, eu só vou te amar e mais ninguém! João: Eu também te amo! Bela, eu só quero só você e mais ninguém, você é a mulher da minha vida, você é a única que me faz feliz! Só você mim faz feliz! Bela: Eu vou pedir para as estrelas me levarem até você! Eu vou desejar muito ter você ao meu lado! Dizem que quando a gente acredita na vida e deseja muito alguma coisa realmente acontece... Realmente o mundo conspira a nosso favor e eu não vou desistir de você! (Bela e João adormecem juntos) Colombina: Na amanha seguinte, os dois ficaram sabendo que os pais de Bela estavam procurando ela. Eles chegaram a casa dele furiosos. Pai: Eu não acredito no que eu estou vendo!!! Que decepção, minha filha...

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Mãe: Você vai pro Canadá imediatamente!! Sua passagem já está compra! Sua mala já está aqui!! Ele é uma péssima companhia!! Olhe onde você está Bela! Numa favela!!! E com um negro! Colombina: Os pais dela não entendiam que eles se amavam de verdade! Arlequim: Na verdade, eles não conheciam o amor... Bela: Eu te amo, João, não se esqueça de mim... Eu te amo! Muito mesmo! João: Bela, é impossível esquecer o amor da minha vida! Eu nunca te esquecerei, eu te amo mais que tudo! Arlequim: Bela foi pra levada para o aeroporto, pegou o avião e foi ao encontro do irmão. Ela chorava muito, perguntava pra vida... Bela: Por que a vida fez isso comigo? Qual é o meu destino? (Uma senhora de idade senta ao lado de Bela) Senhora: Por que tu choras tanto, minha jovem? Bela: Tirara o amor da minha vida de mim, eu não quero me separar dele... eu o amo tanto! Senhora: A vida é tão cruel, minha filha! Mas, não fique assim, nada é impossível para o amor! Se o amor for verdadeiro, vai suportar essa distância... Quem ama de verdade não desiste, o vento não apaga as chamas do amor, elas ficam acesas! Nunca desista do seu amor, o amor passa por cima de tudo, de qualquer barreira, o amor é o único sentimento que não desiste... Bela: Senhora, muito obrigada por seu conselho! Arlequim: Finalmente, Bela chegou ao Canadá e encontrou Pablo, seu irmão. Colombina: Dias se passaram e Bela não aguentava mais aquele buraco que se abriu no coração... Bela não conseguia dormir, comer, Bela só pensava nele. Dia e noite. Os dois pensavam um no outro, Bela chorava de saudade e João também. Arlequim: Os dois se amavam demais, os dois sofriam de amor juntos. Bela sentia um vazio no coração, um vazio que ninguém preenchia, só João... esse vazio chamava saudade! Ela começou a trabalhar como desenhista, ela vivia por viver. 19


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Colombina: Mas bem lá no fundo, naquele buraco que se faz no coração, existia uma luz que iluminava a escuridão, essa luz se chama esperança. Arlequim: Nada ainda estava perdido! Colombina: Meses se passavam e a saudade aumentando. Bela e João estavam tristes, mas as chamas desse amor não se apagaram. Bela nunca deixou de acreditar na vida e no amor. O que motivava ela era a lembrança de João, pois sabia que, lá no fundo do coração, algo maravilhoso ia acontecer! Arlequim: Assim foi um ano de saudade, de sofrimento, de tristezas. Colombina: Bela tinha mudado, amadurecido e se decidiu... Bela: Vou voltar pra a casa! Chega desse sofrimento, dessa saudade sem fim!

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7º Ato Bela: Pai! Mãe! Ana! Cheguei! Pai: Minha filha! Mãe: Que saudade, meu amor! Como foi de viagem? Bela: Muito boa, pensei bastante em muitas coisas... Que saudade da comida de Ana! Hum, que cheirinho gostoso! Ana: Minha menina! Como está diferente! Mais bonita! Uma moça feita! Colombina: João ficou sabendo que ela havia voltado e ficou louco pra vê-la! Arlequim: Ana disse que ele estava fazendo a faculdade de biologia, era o sonho dele! Passaram três dias e nada de João! Era um sábado, Bela resolveu ir à feira, onde encontrou João pela primeira vez... (Bela e João se encontram no meio da multidão e um corre para o outro) Bela: João! Casa comigo, eu estou me sentido tão sozinha, eu te amo!! Colombina: João, como nobre príncipe que era, ajoelhou-se. João: Case-se comigo, você nunca mais vai se sentir sozinha, já falei com o seu pai e sua mãe enquanto você estava fora... eles, enfim, compreenderam! Vá comprar seu vestido de noiva! (Bela sai de cena) Arlequim: João, em segredo, tinha conversado com os pais de Bela, foi aí que os pais de Bela viram que eles se amavam de verdade, que ele era humilde, mas era tinha riqueza no coração. A pele não importa! Colombina: O amor não é olhar para fora e sim por dentro. Não é você que escolhe quem vai amar, é o amor que escolhe, o amor é o único sentimento puro que não olha se é pobre, rico, branco, negro...

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João: O amor não olha a cor dos olhos, a cor ou o tipo do cabelo e a cor da pele... o amor não olha pra nada disso, olha para o coração... (João vai atrás de Bela) Arlequim: E foi isso o que todos descobriram! (Entram todos os personagens) Colombina: Os dois se casaram... tiveram uma família linda... E viveram tão felizes! Arlequim: Uma família colorida! Colombina: E um amor... Todos: ...em preto e branco!

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A vida é bela... Pena que as pessoas estão muito ocupadas se preocupando com elas mesmas, e esquecendo-se de amar as pessoas, estão esquecendo-se de ajudar as pessoas, esquecendo-se de sentir a dor um dos outros, elas estão preocupadas demais com a cor e esquecendo que todo mundo é gente, só muda a cor!


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