Um olhar sobre o ATL “ Educar é uma arte. (...) Os conhecimentos necessários para o fazer não são apenas uma competência técnica. Podem ser, sem dúvida, adquiridos, mas são também algo que provém das crenças mais profundas de cada um de nós e da nossa paixão pela Criança e pelo Mundo” Walsh, comunicação pessoal, 28 de Abril de 1994 O ATL visa o acompanhamento das crianças e adolescentes em idade escolar, promovendo competências de estudo, atenção e concentração mas essencialmente criando um espaço para a exploração de actividades não escolares de cariz variado: culturais, de expressão artística e de desenvolvimento cognitivo afectivo e motor. O projecto pedagógico da sala de ATL tem como objectivo promover um desenvolvimento global das crianças participantes, proporcionando-lhes experiências diversificadas que lhes permitam partilhar vivencias, assimilar conhecimentos, explorar diferentes áreas, aprendizagens, capacidades, gostos, motivações etc. No ATL, tempo livre significa tempo de imaginar, criar, brincar, experimentar, optar, aprender, interagir, crescer e tudo que é importante para um desenvolvimento pessoal pleno. Para concretizar este projecto são fundamentais as parcerias com os pais e familiares, como também com a comunidade. A valência de A.T.L. tem como objectivos fundamentais:
Promover a ocupação dos tempos livres das crianças em idade escolar com actividades criativas e formativas que lhes permitam um desenvolvimento global e harmonioso; Apoiar a criança na realização dos trabalhos escolares; Fomentar na criança o gosto pela utilização dos recursos ao dispor de forma organizada e disciplinada; Promover um espírito de aceitação dos deveres e direitos de cidadania; Estabelecer uma rede afectiva de acção entre crianças, pais e responsáveis; Criar hábitos de trabalho, organização, civismo e cooperação; Consciencializar e promover a auto - estima; Tornar o ATL num espaço aprazível, harmonioso e seguro capaz de responder às necessidades de cada criança promovendo o seu bem-estar; Promover a relação interpessoal como um meio fundamental para modelar a sensibilidade e atitudes da criança;
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Promover espaços de acção lúdica e pedagógica favoráveis ao desenvolvimento das capacidades de expressão, comunicação, imaginação e criatividade;
Apresentação NA CAIXINHA DOS VALORES HÁ uMa Onda DE EMOÇÕES ... Ser, Estar, Aprender e Crescer...
O tema do Projecto Educativo de Sala para o ano lectivo de 2008/2009 intitula-se:” Na caixinha dos valores há uma onda de emoções: ser, estar, aprender e crescer” e pretende ser um prolongamento do Projecto Educativo do Agrupamento de Escolas de Esgueira intitulado “Saber estar para gostar” que abarca os valores a desenvolver e a transmitir pela escola. Este projecto visa criar uma ponte entre o EU e os OUTROS através da educação para os valores e para as emoções. É importante ter em atenção que a emoção está no coração do indivíduo, é a expressão da sua vida. Saber ouvir os outros, compreendê-los, respeitá-los significa escutar e respeitar a pessoa de cada um de nós. Com a entrada para a escola primária, as crianças deparam-se com a multiculturalidade, ou seja, com crianças de raças diferentes, com credos e tradições diferentes daquelas que estão habituados a viver. A par desta realidade, as crianças deparam-se com outra. As Crianças com alguma deficiência física, ou, mental, o que, por vezes, pode gerar situações emocionais diversas tais como o gozo, risos, desprezo etc. Um outro aspecto a considerar é que o grupo de crianças que frequenta o ATL é um grupo com muitos meninos e meninas e que dentro de uma sala necessitam de regras de comportamento e de valores essenciais para 2 Aveiro, ATL - http://portadeactividades.blogspot.com/
conseguirem gerir as suas emoções de modo a poderem conviver uns com os outros e contribuírem para um bom ambiente educativo e de bem-estar.
“Na caixinha dos valores há uma onda de emoções” é um projecto que tem como principal objectivo reflectir, transmitir e promover junto das crianças os valores que são defendidos pela sociedade e que promovem o bem-estar individual e social, tais como: responsabilidade (serem capazes de assumirem uma tarefa), solidariedade (entreajuda), paz/solidariedade (não se zangarem uns com os outros), respeito (pelo outro, pelo espaço, pelas regras), democracia (saber esperar pela sua vez, saber escolher), cidadania (respeitar os direitos e cumprir com os deveres), liberdade (ser livre sem interferir com a liberdade do outro), autonomia (ser capaz de decidir)... Os valores projectam em cada um de nós um misto (onda) de emoções. Emoções que as crianças devem poder reconhecer para as poder controlar. Emoções tais como o estar contente e o estar triste, o estar zangado ou com medo. Os valores e as emoções são dois pilares da educação que ajudarão a criança a formar a sua personalidade e as ajudarão a “Ser, Estar, Aprender e Crescer”. Aprender a “Ser”um individuo responsável capaz de respeitar o outro, a ser solidário, a espalhar a paz e a harmonia entre os povos; Aprender a “Estar” entre individuos de várias culturas e etnias sem preconceitos, respeitando a individualidade de cada um; aprender a “Aprender”, transmitindo os seus saberes, valores e emoções às novas gerações para que desta forma possam “Crescer”ensinando e aprendendo. Ajudar as crianças a conhecer e a lidar com os seus sentimentos e emoções é um dos principais objectivos. A educação das emoções favorece o desenvolvimento da Inteligência Emocional. A Educação Emocional é responsável pelo sucesso pessoal e profissional do indivíduo. Daí a minha intenção de a trabalhar com estas crianças que por vezes lidam mal com as suas frustrações, com os seus medos, com as suas angústias. Afinal, fazemos todos parte de um grupo, e como membros deste grupo, devemos cultivar o respeito, a cooperação, a amizade. Para começar nada melhor do que trabalhar as nossas próprias emoções para depois conhecer as emoções dos outros. Segundo Eduardo Sá (Conferência sobre “Educação Emocional” realizada no dia 23 de Fevereiro de 2002) “só aprendemos a ler-nos quando nos lemos no outro”, e Paulo Freire (citado na apresentação de um livro, no dia 25), que reforça “ninguém educa ninguém, tão pouco se educa sozinho, as pessoas se educam entre si”. Outros temas a serem abordados ao longo do ano lectivo prendem-se com o Plano Anual de Actividades elaborado pela Instituição. Além destes e no surgimento de interesses e/ou necessidades das crianças, outros temas poderão ser abordados da mesma forma. 3 Aveiro, ATL - http://portadeactividades.blogspot.com/
Finalidades do projecto Este projecto tem como principal finalidade articular as aprendizagens partindo do que as crianças já sabem, estimulando-as a procurarem mais informação para partilharem com os colegas. Não pretende ser uma aprendizagem unilateral mas bilateral. É importante estimular a curiosidade das crianças para que pesquisem, reflictam, questionem e construam o seu conhecimento. É importante ajudar as crianças a (re)conhecer melhor os sentimentos, a nomeá-los, e a fazer uma distinção entre eles, nelas próprias e nos outros. Assim, aprendem a imaginar-se na perspectiva do outro, o que ajuda a desenvolver a sua consciência social. A criança necessita de conhecer, saber, explorar e participar activamente, porque se interroga constantemente sobre tudo o que a rodeia. Este crescimento interior só poderá ser adquirido se a criança, partindo de si mesma, procurar o outro participando em actividades e/ou aprendizagens que lhes proporcione momentos de partilha, de brincadeira, de escuta, de atenção, de entreajuda, de respeito pelo outro. Desta forma o cumprimento das regras e de comportamento poderão manifestar-se mais positivamente na sala. Os pais são um factor de promoção e acompanhamento dessas aprendizagens e devem participar nessa caminhada lado a lado, ajudando a promover o auto conhecimento. As finalidades deste projecto é acima de tudo:
Favorecer a amizade, o respeito e a compreensão pelos outros; Alcançar uma imagem positiva e precisa de si mesmo, identificando características e qualidades pessoais; Progredir no reconhecimento da autoria dos próprios actos; Desenvolver a própria autonomia pessoal; Identificar as possibilidades e limitações pessoais e valorizá-las adequadamente; Identificar os próprios sentimentos, emoções e necessidades e comunicá-los aos outros, assim como identificar e respeitar os dos outros; Incrementar a capacidade de resistência à frustração e manifestar uma atitude de superação ante as dificuldades; Potenciar as vivências afectivas pessoais: os sentimentos de plenitude, de gozo, felicidade, etc; Avançar na comunicação afectiva com os outros. 4
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Tomar a iniciativa, planificar e dar sequência às próprias acções, para resolver tarefas simples ou problemas da vida quotidiana. Compreender e valorizar as consequências dos próprios actos em si próprio e nos outros; Adequar o próprio comportamento às necessidades, solicitações e exigências de outras crianças ou adultos; Progredir nas habilidades de integração, comunicação e participação; Potenciar o desenvolvimento de condutas, hábitos atitudes prosociais (colaboração, altruísmo, reciprocidade, respeito, etc.); Progredir na interiorização e no respeito e valorização do património cultural; Promover estratégias que ajudem as crianças a lidar com as suas atitudes, comportamentos e emoções;
Como desenvolver este projecto Não se trata apenas de desenvolver aprendizagens específicas e importantes para o crescimento do quadro conceptual das crianças. Crescer com o grupo é, acima de tudo respeitar a sua individualidade através das relações de afectividade e da compreensão, da segurança e bem-estar. Este projecto não é linear. As actividades e conceitos pedagógicos têm a capacidade de se moldar e a adaptar de acordo com os interesses e necessidades de cada criança e do grupo. Pretendo sobretudo sair um pouco da expressão plástica e projectar as aprendizagens através da expressão dramática e da expressão corporal através da dança, da aeróbica e de jogos didácticos que possibilitem o trabalho em equipa e, o respeito pelo outro e o cumprimento de regras. Além dos temas que se intercalam no projecto, como os dias celebrados pela Instituição, o projecto aponta alguns mais específicos.
Possíveis estratégias ... para abordar as Emoções Responsabilizar cada criança para que tenha um papel activo dentro do grupo com direitos e deveres dando oportunidade a cada uma de exteriorizar as suas emoções; Identificar através de actividades lúdicas as características de cada um, levando a criança a respeitar as opiniões, as emoções, as vontades e os saberes dos outros; 5 Aveiro, ATL - http://portadeactividades.blogspot.com/
Estimular a criança a expressar todas as suas emoções através das várias áreas de expressão; Propor às crianças que escolham uma imagem e identifiquem a emoção exteriorizada pela mesma; Desenvolver a expressão corporal como meio de comunicação verbal e não verbal que levem a criança a conhecer, a explorar, a dominar e expressar as suas emoções; Criar uma mala de emoções em que através de cartões onde se descreve uma determinada situação ou um fantoche com as diferentes emoções faciais ou uma imagem, a criança possa reflectir sobre a mesma exteriorizando as emoções nela contida; Proporcionar a valorização de vivências do mundo sonoro através da participação e cooperação em actividades musicais; Sensibilizar a criança para o mundo da fantasia através dos contos tradicionais, desenvolvendo as competências linguísticas e contribuindo assim para a compreensão das suas diferentes emoções; Realizar dramatizações de situações ou histórias infantis que reflitam uma ou mais emoções; Utilizar filmes que transmitam uma série de situações emocionais para que sejam alvo de diálogo na sala entre o grupo; Criar pequenos grupos de “jornalistas” que num fim de semana irão procurar notícias reais sobre acontecimentos onde as emoções estejam presentes para serem divulgadas às outras crianças ou mesmo num folheto informativo aos pais; Fotografar as diferentes emoções faciais nas crianças e conversar sobre elas; Através das interacções vividas pelo grupo (grande grupo; pequeno grupo ou individualmente) proporcionar ocasiões de comunicação diferentes (narrar acontecimentos, reproduzir ou inventar uma história); Criar um espaço próprio para que a criança tenha contacto com áudio visuais que a levem a criar diferentes formas de comunicação; Desenvolver a linguagem oral e mímica através de actividades de expressão dramática; Proporcionar á criança diferentes estilos musicais, identificando-os com os seus gostos pessoais e os seus diferentes estados de emoções; Criar uma parceria com as Famílias, envolvendo-as directamente no Projecto Educativo através de inquéritos, ideias, sugestões, histórias…; 6 Aveiro, ATL - http://portadeactividades.blogspot.com/
... para abordar os valores Transmitir à criança valores como a amizade, a verdade, a partilha, a justiça, o respeito pelo outro…permitindo uma reflexão e tomada de consciência da sua importância do seu crescimento pessoal; Parar e reflectir com as crianças sempre que haja uma situação de conflito de modo a que sejam elas a encontrar uma solução; Criar uma mala de valores em que através de cartões onde se descreve uma determinada situação ou um fantoche que representa diferentes valores ou uma imagem, a criança possa reflectir sobre a mesma explicitando os valores nela contida; Criar com as crianças um conjunto de regras que proporcione uma boa convivência/conduta entre as crianças e entre adultos e crianças; Criar um quadro de comportamentos em que todos os dias as crianças desenharão uma emoção facial de acordo com o seu comportamento nesse dia; Criar um livrinho para que seja carimbado mensalmente pelas crianças cada vez que o seu comportamento seja positivo; Criar pequenos grupos de “jornalistas” que num fim de semana irão procurar notícias reais sobre acontecimentos onde os valores estejam presentes para serem divulgadas às outras crianças ou mesmo num folheto informativo aos pais; Conversar com as crianças em grupo ou individualmente sobre atitudes e valores que poderão ser mais positivos; Procurar em revistas imagens que reflictam um valor; Eleger todos os dias duas crianças responsáveis para ajudar a lidar e resolver os conflitos entre as crianças e a organizar juntamente com o adulto as actividades e rotinas da sala; Através das interacções vividas pelo grupo (grande grupo; pequeno grupo ou individualmente) proporcionar ocasiões de comunicação diferentes (narrar acontecimentos, reproduzir ou inventar uma história); Realizar dramatizações de situações ou histórias infantis que reflictam uma ou mais valores; Transmitir alguns valores através de imagens, dramatização ou expressão corporal às crianças das outras salas da Instituição; 7 Aveiro, ATL - http://portadeactividades.blogspot.com/
NA CAIXINHA DOS VALORES HÁ uma Onda DE EMOÇÕES ... Ser, Estar, Aprender e Crescer ...
“ Na escola, o coração, as emoções, tão esquecidas numa era racional, são de facto os motores de toda a acção e comunicação porque ensinar e aprender são, no essencial, processos afectivos…”. Helena Águeda Araújo e Luís Miguel Neto in Optimismo e Esperança na Educação, Editorial Presença
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