PREFACE (PORTUGUESE LANGUAGE) Solicitam-me os doutores Antero Benedito, Samuel Penteado Urban e Irlan von Linsingen para escrever uma introdução à obra que vão publicar em língua inglesa e Tétum. Trata-se da ‘Educação Popular’ em Timor-Leste, no passado e no presente. A educação faz parte da natureza humana. O homem aprende, conserva e transmite conhecimentos, experiências, cultura e artes. A palavra ‘educação’, ‘education’, ‘edukasaun´ deriva de três vocábulos latinos: “educare” e “educere” que significam: “educare”, que, no sentido primitivo, significa criar, alimentar; também deriva do “educere”, que significa direção para fora e do verbo “ducere”, conduzir, tirar de dentro para fora, fazer sair, extrair. Antes de serem contraditórios estes verbos ‘educare’, ‘educere’ e ‘ducere’ unem e completam-se para nos dizerem que a educação se compõe de dois movimentos: um, de dentro para fora, o desenvolvimento; outro, de fora para dentro, a ajuda, o alimento, o apoio, a orientação dos outros. O termo educação leva-nos a pensar, em primeiro lugar, nas crianças e nos adolescentes. De facto, a educação está ligada à pedagogia, que vem do grego pais, paidós, menino/criança; e agogô ou agogé que significa conduzir, ação de conduzir. Portanto, Pedagogia significa literalmente “condução de crianças”. Quando os autores deste livro se referem à “Educação Popular”, penso que a dita educação tem um horizonte mais amplo. Não é só para meninos e jovens, mas também para adultos, o povo, a classe mais desfavorecida. Porém, antes de entrarmos propriamente no cerne da questão, ‘educação popular’, é conveniente referirmo-nos ao ambiente social do território de Timor-Leste. A sociedade timorense era essencialmente tradicional e agrícola. O timorense vivia em aldeias quer nas montanhas quer nos planaltos e planícies. Nalguns períodos da história, os homens viviam em guerra. Não se pode falar de um grau de instrução, à maneira europeia, ocidental. As crianças aprendiam os usos e costumes dos seus antepassados numa lógica de ensino doméstico tradicional, ou seja, transmitido de pais para filhos: para os rapazes, guardar os rebanhos ovino e/ou 12