Gravidez e Maternidade_Preview

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Gravidez e maternidade


Universidade Federal Fluminense REITOR Sidney Luiz de Matos Mello VICE-REITOR Antonio Claudio Lucas da Nóbrega

Eduff – Editora da Universidade Federal Fluminense CONSELHO EDITORIAL Aníbal Francisco Alves Bragança (presidente) Antônio Amaral Serra Carlos Walter Porto-Gonçalves Charles Freitas Pessanha Guilherme Pereira das Neves João Luiz Vieira Laura Cavalcante Padilha Luiz de Gonzaga Gawryszewski Marlice Nazareth Soares de Azevedo Nanci Gonçalves da Nóbrega Roberto Kant de Lima Túlio Batista Franco DIRETOR Aníbal Francisco Alves Bragança


Bruno Jorge, Eduardo de Moura e Pedro Lanzieri

Gravidez e maternidade Uma abordagem mĂŠdica do milagre da vida


Copyright © 2014 Bruno Jorge, Eduardo de Moura e Pedro Lanzieri Copyright © 2016 Eduff - Editora da Universidade Federal Fluminense

Nova Biblioteca, 5

É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da editora.

Direitos desta edição cedidos à Eduff - Editora da Universidade Federal Fluminense Rua Miguel de Frias, 9, anexo/sobreloja - Icaraí - Niterói - RJ CEP 24220-008 - Brasil Tel.: +55 21 2629-5287 www.eduff.uff.br - faleconosco@eduff.uff.br

Impresso no Brasil, 2016 Foi feito o depósito legal.


Sumário

Apresentação | 7 O pré-natal e sua importância | 9 Cuidados com a gestante | 17 Gestação de alto risco | 23 O dia do parto | 33 O pós-parto | 41 Mitos da gravidez | 45 O primeiro mês de vida do bebê, semana a semana | 49 Cuidados com o lactente | 55 Cuidados no segundo ano | 67 Cuidados com o pré-escolar | 71 Cuidados com o escolar | 79 Educação positiva | 83 Amamentação | 91 Alimentação complementar | 95 Suplementação vitamínica e mineral | 105 Higiene do bebê | 109 Saúde e doenças | 115 Segurança do bebê | 123 Referências | 129



Apresentação

A

maternidade é uma benção recebida por pais que são escolhidos para uma missão maior: o prosseguimento da espécie humana. Este livro foi escrito por três médicos com intuito de conduzir a caminhada de mães e pais na criação dos seus filhos. Sabemos que esta missão causa um turbilhão de sentimentos e que produz muitas vezes medos e receios. Gravidez e maternidade tem como objetivo básico a orientação, utilizando o conhecimento médico como base, para a melhor compreensão sobre o que é gerar uma nova vida e a criação de um cidadão. Abordaremos nos próximos capítulos os mais diversos temas, desde o período gestacional até a adolescência. Iremos esclarecer dúvidas médicas, fornecer orientações de saúde, ensinar um pouco sobre o crescimento e desenvolvimento e aconselhar sobre o desafio que é participar da educação de seus filhos. Em poucas páginas você poderá desvendar alguns dos maravilhosos segredos do período gestacional e da maternidade e, mesmo que não seja pai ou mãe de primeira viagem, adquirir um conhecimento adicional para a sua experiência. Afinal de contas, nunca é tarde para aprendermos um pouco mais sobre o bem mais precioso que a vida pode nos dar: nossos filhos.

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O pré-natal e sua importância

O

pré-natal é o acompanhamento clínico realizado desde a descoberta da gravidez até o parto. Este acompanhamento é fundamental para uma maior segurança durante a gestação e parto, tanto para mãe quanto para o bebê. Durante o pré-natal, pode-se acompanhar o desenvolvimento do feto e encontrar o quanto antes qualquer alteração ou risco, o que favorece uma intervenção médica precoce. Além disso, é durante o pré-natal que algumas doenças maternas, que trazem risco ao feto, podem ser controladas e acompanhadas de maneira adequada. O pré-natal é uma ótima maneira de aproximar a mãe do médico e da medicina, com a possibilidade de esclarecimento de dúvidas, orientações e criação de um vínculo médico-paciente. O principal indicador do prognóstico ao nascer é um pré-natal adequado e de qualidade. O quanto antes seja iniciado o pré-natal, maiores as chances de um parto seguro e um bebê mais saudável. 9


As consultas de pré-natal A Organização Mundial de Saúde (OMS) orienta a realização de no mínimo seis consultas, sem existência de alta do ­pré-natal. As consultas devem ser mensais até a 28ª semana, a cada quinze dias entre a 28ª e 36ª e semanais a partir de então até o parto. Quando o parto não ocorre até a 41ª semana, a gestante deve ser avaliada novamente para o bem-estar fetal. A participação da família é muito importante. É sempre bom que alguém, principalmente o pai da criança, acompanhe a mulher nas consultas. A família deve ser envolvida com os assuntos da gravidez. Deve apoiar a mãe e cuidar do recém-nascido, ajudando a mãe para que possa descansar e amamentar o bebê exclusivamente com leite materno até os 6 meses. O período do pré-natal é fundamental para conhecer as seguintes questões: • Como funciona a unidade de saúde e a importância das consultas, dos exames (inclusive das mamas e de prevenção do HIV e sífilis) e das vacinas; • Mudanças corporais e emocionais que acontecem durante a gravidez, o parto e o pós-parto; • Mudanças dos hábitos de vida como dieta, higiene, trabalho e comportamento sexual; • Tipos de parto; • Cuidados gerais com o recém-nascido, valorizando o aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses de vida; • Importância das consultas após o parto; • Saber com antecedência o local onde vai ter o bebê; • Todos os direitos da gestante, da puérpera e do recém-nascido; • Orientações quanto ao registro.

10 passos para o pré-natal de qualidade 1º) Iniciar o pré-natal na Atenção Primária à Saúde até a 12ª semana de gestação (captação precoce). 10


2º) Garantir os recursos humanos, físicos, materiais e técnicos necessários à atenção pré-natal. 3º) Toda gestante deve ter assegurado a solicitação, realização e avaliação em termo oportuno do resultado dos exames preconizados no atendimento pré-natal. 4º) Promover a escuta ativa da gestante e de seus/suas acompanhantes, considerando aspectos intelectuais, emocionais, sociais e culturais e não somente um cuidado biológico: “rodas de gestantes”. 5º) Garantir o transporte público gratuito da gestante para o atendimento pré-natal, quando necessário. 6º) É direito do(a) parceiro(a) ser cuidado (realização de consultas, exames e ter acesso a informações) antes, durante e depois da gestação: “pré-natal do(a) parceiro(a)”. 7º) Garantir o acesso à unidade de referência especializada, caso seja necessário. 8º) Estimular e informar sobre os benefícios do parto fisiológico, incluindo a elaboração do “Plano de Parto”. 9º) Toda gestante tem direito de conhecer e visitar previamente o serviço de saúde no qual irá dar à luz (vínculo). 10º) As mulheres devem conhecer e exercer os direitos garantidos por lei no período gravídico-puerperal. Exames laboratoriais solicitados na primeira consulta: • Hemograma: Tipagem sanguínea e fator Rh, coombs indireto (se for Rh negativo); • Glicemia de jejum; • Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR; • Teste rápido diagnóstico anti-HIV; • Toxoplasmose IgM e IgG; • Sorologia para hepatite B (HbsAg); • Exame de urina e urocultura; • Ultrassonografia obstétrica (não é obrigatório), com a função de verificar a idade gestacional; 11


• Citopatológico de colo de útero (se necessário); • Exame da secreção vaginal (se houver indicação clínica); • Parasitológico de fezes (se houver indicação clínica); • Eletroforese de hemoglobina (se a gestante for negra, tiver antecedentes familiares de anemia falciforme e/ou apresentar história de anemia crônica). Exames laboratoriais para o segundo trimestre: • Teste oral de tolerância à glicose com 75g de dextrose: Se a glicemia de jejum estiver acima de 85mg/dl ou se houver fator de risco (realize este exame preferencialmente entre a 24ª e a 28ª semana); • Coombs indireto (se for Rh negativo). Exames laboratoriais para o terceiro trimestre: • Hemograma; • Glicemia de jejum; • Coombs indireto (se for Rh negativo); • VDRL e Anti-HIV; • Sorologia para hepatite B (HbsAg); • Repita o exame de toxoplasmose se o IgG não for reagente; • Urinocultura + urina tipo I (sumário de urina ou EAS); • Bacterioscopia de secreção vaginal (a partir de 37ª semana de gestação). Atualizando as vacinas: • Toda grávida deve receber a vacina antitetânica, se: - Nunca tomou a vacina (ou não tem comprovação) deve tomar três doses; - Não tomou todas as doses, deve completar as que faltam; - Tomou as três doses há mais de cinco anos precisa tomar uma dose de reforço. 12


• Outras vacinas, como, por exemplo, para a hepatite B, podem ser administradas, dependendo da situação e de indicação médica; • A vacina contra gripe é indicada para todas as gestantes.

O pré-natal de risco O pré-natal de risco é direcionado para aproximadamente 10% das gestantes. Para ser indicada para um pré-natal de risco, deve-se apresentar algum dos fatores de risco listados abaixo. Risco de intercorrências gestacionais: • Doenças cardíacas; • Doenças pulmonares graves (incluindo asma brônquica); • Doenças renais graves (como insuficiência renal crônica e em casos de transplantados); • Doenças hormonais (especialmente diabetes mellitus, hipotireoidismo e hipertireoidismo); • Doenças hematológicas (inclusive Anemia falciforme e Talassemia); • Hipertensão arterial crônica e/ou pacientes que façam uso de anti-hipertensivo (PA>140/90mmHg antes de 20 semanas de idade gestacional); • Doenças neurológicas (como epilepsia); • Doenças psiquiátricas que necessitam de acompanhamento (psicoses, depressão grave, etc.); • Doenças autoimunes (Lúpus eritematoso sistêmico, outras colagenoses); • Alterações genéticas maternas; • Antecedente de trombose venosa profunda ou embolia pulmonar; • Doenças ginecológicas (malformação uterina, miomatose, tumores anexiais e outras); • Portadoras de doenças infecciosas como hepatites, 13


toxoplasmose, infecção pelo HIV, sífilis terciária (USG com malformação fetal) e outras DSTs (condiloma); • Hanseníase ou tuberculose; • Dependência de drogas lícitas ou ilícitas; • Qualquer patologia clínica que necessite de acompanhamento especializado. Fatores relacionados à história reprodutiva anterior: • Morte intrauterina ou perinatal em gestação anterior, principalmente se for de causa desconhecida; • História prévia de doença hipertensiva da gestação, com mau resultado obstétrico e/ou perinatal (interrupção prematura da gestação, morte fetal intrauterina, síndrome Hellp, eclâmpsia, internação da mãe em UTI); • Abortamento habitual; • Esterilidade/infertilidade. Fatores relacionados à gravidez atual: • Restrição do crescimento intrauterino; • Polidrâmnio ou oligodrâmnio; • Gemelaridade; • Malformações fetais ou arritmia fetal; • Distúrbios hipertensivos da gestação (hipertensão crônica preexistente, hipertensão gestacional ou transitória); • Infecção urinária de repetição ou dois ou mais episódios de pielonefrite (toda gestante com pielonefrite deve ser inicialmente encaminhada ao hospital de referência para avaliação); • Anemia grave ou não responsiva a 30-60 dias de tratamento com sulfato ferroso; • Doenças infecciosas na gravidez: rubéola, citomegalovirose; • Evidência laboratorial de proteinúria; • Diabetes mellitus gestacional; 14


• Desnutrição materna severa; • Obesidade mórbida ou baixo peso (nestes casos, devese encaminhar a gestante para avaliação nutricional); • Exame citopatológico com laudo de NIC III (nestes casos, deve-se encaminhar a gestante ao oncologista); • Alta suspeita clínica de câncer de mama ou mamografia com Bi-rads III ou mais (nestes casos, deve-se encaminhar a gestante ao oncologista); • Adolescentes com fatores de risco psicossocial.

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