Sujeitos na história: perspectivas e abordagens

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Sujeitos na Histรณria

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Universidade Federal Fluminense REITOR Sidney Luiz de Matos Mello VICE-REITOR Antonio Claudio Lucas da Nóbrega

Eduff – Editora da Universidade Federal Fluminense CONSELHO EDITORIAL Aníbal Francisco Alves Bragança (presidente) Antônio Amaral Serra Carlos Walter Porto-Gonçalves Charles Freitas Pessanha Guilherme Pereira das Neves João Luiz Vieira Laura Cavalcante Padilha Luiz de Gonzaga Gawryszewski Marlice Nazareth Soares de Azevedo Nanci Gonçalves da Nóbrega Roberto Kant de Lima Túlio Batista Franco DIRETOR Aníbal Francisco Alves Bragança

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Giselle Venancio Larissa Viana Maria Verรณnica Secreto (Organizadoras)

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Copyright © 2013 Giselle Venancio, Larissa Viana, Maria Verónica Secreto Copyright © 2018 Eduff – Editora da Universidade Federal Fluminense

Série Pesquisas, 3

É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da editora.

Direitos desta edição cedidos à Eduff – Editora da Universidade Federal Fluminense Rua Miguel de Frias, 9, anexo/sobreloja – Icaraí – Niterói – RJ CEP 24220-008 – Brasil Tel.: +55 21 2629-5287 www.eduff.uff.br – faleconosco@eduff.uff.br

Impresso no Brasil, 2018 Foi feito o depósito legal.

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação - CIP S948

Sujeitos na história : perspectivas e abordagens / Organizado por Giselle Venancio, Larissa Viana e Maria Verónica Secreto. – Niterói : Eduff, 2018. – 449 p. : il. ; 23 cm. – (Pesquisas, 3). Inclui bibliografia.
 ISBN 978-85-228-1111-3
 BISAC HIS054000 HISTORY / Social History 1.História social. I. Venancio, Giselle. II. Viana, Larissa. III. Secreto, Maria Verónica. IV. Série. CDD 303.4

Ficha catalográfica elaborada por Fátima Carvalho Corrêa (CRB 3.961) 4

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À Rachel Soihet, que nos ensinou que se pode combinar modéstia com ousadia acadêmica. Convivência fraterna, debate franco e pluralidade de pensamento possibilitaram vida longa ao NUPEHC.

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Sumário Introdução 9 Conferências Historiando o NUPEHC – Memórias de uma participante 25 Rachel Soihet História social da cultura ou história cultural da sociedade 47 Giovanni Levi

Redes, trajetórias e sociabilidades políticas Trajetórias individuais no Império português do século XVII: o caso do financista João de Mattos de Aguiar 61 Luciana Mendes Gandelman Privilégios institucionais ou individuais? Vice-reis da Índia e governadores-gerais do Brasil nos séculos XVII e XVIII 83 Marilia Nogueira dos Santos

Identidades, etnicidade e lutas políticas Sensibilidades locais, poder camarário e justiça: índios e “portugueses” em uma vila da monarquia pluricontinental portuguesa (Nova Benavente, ES, 1795-1798) 103 Vânia Maria Losada Moreira Entre a hierarquia e a igualdade: degraus de individualização. Buenos Aires 1787-1817 127 Maria Verónica Secreto

Intelectuais, projetos e experiências Educação e abolição como projetos de reforma social: trajetória intelectual e propostas educacionais de José do Patrocínio 151 Alessandra Frota Martinez de Schueler Entre festas e discursos: racialização e politização da questão racial nas viagens de Monteiro Lopes pelo Brasil (1909-1910) 171 Carolina Vianna Dantas A salvação pela palavra: flexibilidade e polidez nas viagens europeias de Afonso Arinos de Melo Franco 195 Carmen Lucia Tavares Felgueiras 7

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Construindo vidas: uma memória sobre a trajetória política de Rachel de Queiroz 207 Natália de Santanna Guerellus

Indivíduos, registros da história e historiografia A apropriação de O século do corporativismo, de Michael Manoilesco, no Brasil de Vargas (1930/1940) 231 Angela Maria de Castro Gomes Os protagonistas da história: o indivíduo como problema historiográfico no Brasil, século XIX e início do XX 257 Maria da Glória de Oliveira e Rebeca Gontijo Teixeira Américo Jacobina Lacombe e a coleção Brasiliana entre 1956 e 1961 277 Giselle Martins Venancio

Movimentos sociais – entre trajetórias individuais e coletivas “O meu pai contava...”: histórias de um antigo senhor na tradição oral do quilombo do Bracuí – RJ, litoral sul fluminense 293 Hebe Mattos, Martha Campos Abreu e Patrícia de Araújo Brandão Couto Policiais militares em protesto: ação coletiva, imprensa e oralidade 319 Juniele Rabêlo de Almeida Uma família de educadores “de cor”: magistério, redes de sociabilidade e projetos abolicionistas na capital fluminense (1860-1910) 345 Heloisa de Oliveira Santos Villela

Culturas políticas, feminino e feminismos: narrativas e experiências A chegada das mulheres ao poder: o caso de Alzira Vargas do Amaral Peixoto, a segunda consciência de Getúlio Vargas 371 Suely Gomes Costa Cultura política feminista nas telas: aproximações e distanciamentos entre Bemberg e Yamasaki 385 Alcilene Cavalcante Oliveira Sob o olhar de uma estrangeira: Independência do Brasil e mulheres da elite oitocentista no diário de Maria Graham 407 Isabela Candeloro Campoi “Esto no es un chiste”: artes visuais e representações do feminino 427 Maria da Conceição Francisca Pires e Joana Francisca Pires Rodrigues

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Introdução

Desde, aproximadamente, meados de 1980, vive-se uma condição de aparente dispersão dos objetos e enfoques historiográficos. Até aquele momento, manteve-se uma clara filiação intelectual aos chamados grandes paradigmas que haviam sustentado ou dominado a história desde os primeiros decênios do século XX e que se definiam, em larga medida, pela atenção dada aos grupos e não aos indivíduos e pelo destaque conferido às estruturas socioeconômicas e não aos acontecimentos. O avanço dessa perspectiva havia desencadeado a existência de uma narrativa histórica marcada pela ausência de atores e pela crítica à ideia do indivíduo como agenciador do mundo e da história. Afirmava-se frequentemente a crença de que a história se fazia, prioritariamente, de forma ignorada pelos indivíduos, que agiam rigorosamente controlados por forças que os dominavam e por mecanismos mentais que os condicionavam. Destas ideias derivava uma abordagem historiográfica objetiva, estrutural e quantitativa que promovia, em seu limite, um esquecimento dos agentes sociais. Na década de 1990, as narrativas históricas realizadas, embora tendo rompido com os modelos anteriores, mantiveram-se associadas às novas abordagens, particularmente aquelas ligadas às histórias culturais, em suas vertentes inglesa, francesa, italiana, entre outras. Recentemente, a 9

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historiografia latino-americana tem buscado ganhar autonomia em relação a estas matrizes historiográficas, garantindo uma especificidade própria. Assim, a conjuntura científica, e mais amplamente intelectual, tem se caracterizado pela problematização dos modelos importados. Por esse motivo, é necessário um maior esforço analítico, ao se pretender refazer os percursos de algumas das perspectivas a partir das quais foram construídas as contribuições mais destacadas da historiografia contemporânea. No processo de questionamento desses paradigmas, evidenciou-se o que se pode considerar um retorno dos sujeitos, baseado numa atenção mais refinada dos historiadores que cada vez mais se propunham a pensar, de uma parte, os constrangimentos sociais que pesam sobre os agentes e, de outra, a capacidade de invenção e intervenção desses mesmos atores sociais. Sem abandonar a análise do poder dos constrangimentos sociais, os historiadores focaram sua atenção nas ações deliberadas e conscientes dos sujeitos, passando a compreender os processos históricos entre as práticas socialmente estabelecidas e as liberdades dos sujeitos históricos. É possível, então, se perguntar: o que teriam em comum Liberata,1 Leo Africanus,2 Menocchio,3 Rufino4 e Martin Guerre5? Talvez a resposta esteja, justamente, no fato de que as narrativas sobre suas vidas tenham resultado da análise de suas ações vistas a partir de uma constante negociação, manipulação, escolhas e decisões dos sujeitos. Essas histórias no singular foram elaboradas ao se destacar do conjunto de acontecimentos e processos as trajetórias de sujeitos específicos, impondo aos historiadores instigantes desafios e questionamentos importantes. Estes desafios foram respondidos por historiadores de diferentes tradições historiográficas – como, por exemplo, pela história cultural francesa, pela micro-história italiana, pela história social inglesa e pela historiografia norte-americana, fortemente influenciada pela antropologia –, que possuíam como ponto comum de suas análises a relevância dada aos sujeitos como agentes de seu devir histórico. Na tradição da história cultural francesa, Roger Chartier, em texto de 1994, propunha enfatizar as vontades individuais, a liberdade dos sujeitos, a 1 Escrava que moveu um processo contra seu senhor e conseguiu a liberdade. A trajetória de Liberata foi abordada por Grinberg (1994). 2 Explorador africano que viveu no século XVI, cuja trajetória foi abordada por DAVIS, 2006. 3 Moleiro de Friulli, Itália, personagem central do notável estudo de GINZBURG, 1987. 4 Africano, ex-escravo e adivinho famoso no Recife do século XIX, estudado por REIS; GOMES; CARVALHO, 2010. 5 Camponês do Sul da França estudado por Natalie Zemon Davis (1987). 10

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parte refletida da ação. Ele recusava, simultaneamente, os procedimentos clássicos da história social que visavam identificar as determinações desconhecidas que comandavam os pensamentos e as condutas, e afirmava o primado das ações deliberadas dos sujeitos históricos, valorizando a dimensão política, tão amplamente rejeitada nos paradigmas anteriores.6 Porém, em sua proposta, Chartier evitava se deixar encantar pelo projeto, então fortemente difundido por uma “nova” história política, de centralidade absoluta dos sujeitos. Nas palavras de Chartier estabelecia-se, em consequência, uma proposta historiográfica cujo projeto era “reconhecer a maneira como os atores sociais investem de sentido suas práticas e seus discursos”, buscando evidenciar “na tensão entre as capacidades inventivas dos indivíduos ou das comunidades e os constrangimentos, as normas, as convenções que limitam – mais ou menos fortemente, dependendo de sua posição nas relações de dominação – o que lhes é possível pensar, enunciar e fazer”. No que se refere ao que se convencionou chamar micro-história italiana, pode-se centrar a análise na proposta de Carlo Ginzburg evidenciada em seu livro O queijo e os vermes, publicado em 1976. Ginzburg tinha como fonte um processo inquisitorial. Em seu livro o foco estava em um sujeito, o moleiro, mais do que na comunidade, mas esta estava presente como possibilidade. Esse exemplo ilustra uma das características da história vista de baixo, escrita na perspectiva micro-histórica: a utilização de fontes cuja intencionalidade não era o de registro para as gerações futuras. Cada um dos repositórios documentais é resultado de relações sociais específicas. Os registros civis ou paroquiais apresentam os indivíduos como nascidos, casados e mortos. Os registros cadastrais como proprietários, arrendatários. Os processos civis como autores ou réus de uma demanda etc. Dessa forma, afirmava Ginzburg, corria-se o risco de perder a complexidade social em que estava imerso o indivíduo. Por isso, seguir um mesmo sujeito, por seu nome, em diferentes arquivos, poderia ajudar a repor o contexto social múltiplo: “As linhas que convergem para o nome e que dele partem, compondo uma espécie de teia de malha fina, dão ao observador a imagem gráfica do tecido social em que o indivíduo está inserido.”7 Na tradição da história social inglesa, pode-se destacar a contribuição de E. P. Thompson, um dos historiadores que mais têm influenciado a história social nas Américas, sobretudo aquela vinculada a objetos como a escravidão, a história do trabalho e a história agrária. Este autor afirmava, em 1965: 6 CHARTIER, 1994, p. 102. 7 GINZBURG, 1989, p. 173. 11

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Estou procurando resgatar o pobre descalço, o agricultor ultrapassado, o tecelão do tear manual “obsoleto”, o artesão utopista, e até os seguidores enganados de Joanna Southcott, da enorme condescendência da posteridade. Suas habilidades e tradições podem ter-se tornado moribundas. Sua hostilidade ao novo industrialismo pode ter-se tornado retrógrada. Seus ideais comunitários podem ter-se tornado fantasias. Suas conspirações insurrecionais podem ter-se tornado imprudentes. Mas eles viveram nesses períodos de extrema perturbação social, e nós, não.8 Da mesma forma, Eric Hobsbawm falava na história vista de baixo, e nesta perspectiva destacava a originalidade e peculiaridade das fontes que traziam informações sobre os sujeitos subalternos que durante a maior parte da história não tiveram acesso à palavra escrita, a não ser indiretamente quando se falava deles ou por eles. Jim Sharpe, usando a mesma denominação, trazia o exemplo do soldado William Wheeler, que escreveu, em 1815, do campo de batalha para sua esposa. A coleção de cartas de William lhe permite aproximar-se e aproximar-nos do que pensava o soldado raso sobre a guerra.9 A abordagem de E. P. Thompson sobre a formação da classe trabalhadora inglesa considerava esse processo sob o viés do comportamento dos atores sociais, sua agência e capacidade de moldar as relações sociais que os cercavam (em meio a constrangimentos e limites). Entretanto, é importante registrar que tal análise adotou uma perspectiva macro-histórica. A historiadora italiana Simona Cerutti foi quem, ao investigar um objeto em parte correlato àquele de Thompson – a formação de corporações de ofício em Turim entre os séculos XVII e XVIII –, evidenciou sua dívida em relação ao historiador inglês, ao mesmo tempo que apontou outros caminhos para o estudo dos indivíduos em meio à constituição de grupos socioprofissionais. Ao escolher a microanálise como escala de investigação, Cerutti buscou acompanhar os protagonistas daquele processo de formação de corporações pela análise de algumas trajetórias individuais, para reconstituir a variedade de experiências sociais que se conjugavam na organização de grupos de trabalhadores e de suas instituições. Explicitando sua escolha, Cerutti afirmou “que escalas diferentes implicam informações diferentes, possibilidades diversas de interpretação e ação”.10 Tal modelo de leitura da 8 THOMPSON, 1963. 9 SHARPE, 1992. 10 CERUTTI, 1998, p. 196. 12

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realidade social contribuiria, segundo a autora, para restituir a pluralidade das vozes que compunham o jogo social, bem como os constrangimentos e limitações presentes na formação de grupos sociais cuja construção é um processo, como já havia apontado E. P. Thompson. A dimensão das experiências subjetivas em meio aos processos coletivos tem sido também o objeto preferencial de alguns historiadores norte-americanos, bastante influenciados pelas análises antropológicas. É o caso, por exemplo, de Natalie Zamon Davis. Ao fazer um retrospecto de sua própria trajetória intelectual, Davis descreveu seu empenho de resgatar as histórias de vida de judeus, mulheres, índios e africanos como uma “missão de salvamento”.11 De fato, esta notável especialista em história social e cultural da época moderna dedicou muitos de seus livros e artigos a iluminar as vivências de sujeitos mais ou menos anônimos, a partir de uma perspectiva que dialoga seguramente com a matriz antropológica de muitas de suas discussões: como a história local, por vezes, de um indivíduo e seu grupo permite levantar questões e análises sociais mais gerais? Nos anos 1980, Davis publicou O retorno de Martin Guerre, no qual analisou um processo envolvendo o caso de um camponês do Languedoc (no século XVI), desaparecido havia vários anos que retorna a sua comunidade e lá vive até ser denunciado pela esposa como um impostor. A história de Martin Guerre abriu caminhos para que Davis pensasse no sistema judiciário francês no início da época moderna, nas relações comunitárias em uma área rural, nas questões de gênero, e mesmo na dimensão narrativa dos processos judiciários como fontes para a história, assunto ao qual ela retornaria, com outros matizes, em Fiction in the Archives, de 1987. Mais recentemente, em Trickster Travels (2006), Davis descortina a fascinante história de Leo Africanus, um destacado geógrafo de seu tempo que viajou intensamente pela África, e lá, após ser capturado por piratas espanhóis, foi levado para a Europa onde se converteu ao cristianismo e foi batizado pelo Papa Leão X pessoalmente. Mais uma vez aqui, o “saber local” encerrado na vida de um sujeito no limite entre vários mundos (católicos e muçulmanos, livres e escravos, letrados e iletrados) oferece possibilidades de análise que ultrapassam as fronteiras da história de um só indivíduo. Assim, por meio de processos correlatos e simultâneos de diversas tradições historiográficas, criou-se uma perspectiva analítica que impunha ao historiador a observação das margens de liberdade exploradas pelos sujeitos submetidos aos sistemas normativos das sociedades em que viviam.12 11 Ver a introdução à entrevista com Natalie Davis realizada por Maria Lucia Pallares Burke. BURKE, 2000. p. 81. 12 LEVI, 1992, p. 135. 13

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Os historiadores passaram, então, a apreciar a singularidade de trajetórias individuais pensadas num espaço e tempo forjados por constrangimentos sociais. Em outras palavras, tornou-se importante para os historiadores investigar não apenas o que residia no geral, nem o que estava fixado no particular, mas sim identificar suas conexões.13 Dessa forma, o foco no destino de sujeitos particulares mostrou-se uma forma de enriquecer a análise social, criando variáveis mais numerosas, mais complexas e também mais móveis. Interessou aos historiadores conhecer um grande número de experiências distintas vividas em contextos diversos. Nesse sentido, pôde-se propor, com Maurizio Gribaudi, acompanhar itinerários individuais que permitiam fazer aparecer a multiplicidade de experiências, a pluralidade de seus contextos de referências e as contradições internas e externas das quais eram portadoras.14 A ideia de itinerário opondo-se à visão de narrativas individuais como um relato linear e cronológico buscava desvendar os múltiplos fios que ligavam um indivíduo ao seu contexto, recuperando a relação e não reforçando a antítese entre o social e o individual. A concepção aproximava-se da noção de trajetória, elaborada por Pierre Bourdieu, que se opunha à ideia de narrativa biográfica – com base no pressuposto de que a vida constitui um todo coerente e orientado que se desenrola numa ordem cronológica – e destacava a descontinuidade de uma vida.15 Dessa forma, ao questionar a postura que evidenciava a antítese entre o individual e o social, os historiadores atuaram no sentido de “restaurar o papel dos indivíduos na construção dos laços sociais.16 A elaboração deste modelo de análise, realizada como demonstrado anteriormente a partir de diferentes procedências teórico-metodológicas, contribuiu para a emergência da noção de sujeitos agentes de seu próprio devir histórico. A partir da década de 1980 e, sobretudo, em 1990, constituiu-se um modelo de narrativa centrado nas ações deliberadas e conscientes dos sujeitos para se compreender, até mesmo, atores coletivos como as classes sociais, as comunidades ou grupos 13 REVEL, 1996, p. 23. 14 GRIBAUDI, 1996. 15 Bourdieu define trajetória “como [...] uma série de posições sucessivamente ocupadas por um mesmo agente (ou um mesmo grupo), em um espaço ele próprio em devir e submetido a transformações incessantes. [...] Os acontecimentos biográficos definem-se antes como alocações e como deslocamentos no espaço social, isto é, mais precisamente, nos diferentes estados sucessivos da estrutura da distribuição dos diferentes tipos de capital que estão em jogo no campo considerado.[...] Isso é, não podemos compreender uma trajetória, a menos que tenhamos previamente construído os estados sucessivos do campo no qual ela se desenrolou; logo o conjunto de relações objetivas que vincularam o agente considerado ao conjunto dos outros agentes envolvidos no mesmo campo e que se defrontaram no mesmo espaço de possíveis” BOURDIEU, p. 81-82. 16 CHARTIER, 1994. 14

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sociais específicos. Assim, é importante considerar ainda que a emergência dos sujeitos nas análises historiográficas não ficou restrita às sociedades de indivíduos. É possível encontrar também abordagens centradas nas intenções de sujeitos tão variados, como índios, camponeses, escravos etc., característicos de sociedades holísticas.17 A emergência do sujeito na história, portanto, se distancia da percepção da ação individualizada, pois o que se busca evidenciar são as ações deliberadas de sujeitos históricos, inseridos em processos cujos constrangimentos sociais promovem maior ou menor possibilidade de alargamento da liberdade de atuação.

*** Em 1992, foi criado o Núcleo de Pesquisas e Estudos em História Cultural (NUPEHC), liderado por Rachel Soihet, vinculado ao Departamento de História da Universidade Federal Fluminense. O Núcleo reúne, desde então, professores e alunos de graduação e pós-graduação, notabilizando-se como espaço de debates plurais e de produção historiográfica inovadora. Para celebrar os 20 anos do grupo, realizamos, em outubro de 2012, o Seminário Internacional Sujeitos na História: perspectivas e abordagens, que reuniu pesquisadores dedicados a refletir sobre as trajetórias, biografias e experiências de diferentes sujeitos históricos, individuais e coletivos. A celebração dos 20 anos de fundação do NUPEHC, em 2012, inaugurou um novo momento na já longa e fértil trajetória acadêmica do Núcleo. Visando discutir os caminhos teóricos e conceituais que atualmente norteiam as investigações dos pesquisadores vinculados ao NUPEHC, realizamos nesse Seminário um debate voltado para a discussão de temas de grande atualidade na produção historiográfica nacional e internacional: Trajetórias e Biografia; Sujeitos e Experiências; Identidades, Subjetividades e Memória. Buscamos recuperar ao máximo a estrutura original do Seminário Sujeitos na História: perspectivas e abordagens ao organizar este livro. O leitor encontrará inicialmente a reprodução integral das conferências proferidas por Rachel Soihet e Giovanni Levi, às quais se seguem as seis Seções temáticas que compuseram nossas discussões. A Seção Redes, trajetórias e sociabilidades políticas apresenta reflexões acerca das normas institucionais e do espaço de ação dos indivíduos a partir de dois estudos de caso. Em Trajetórias individuais no Império português do século XVII: o caso do financista João de Mattos de 17 DUMONT, 1992. 15

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Aguiar, Luciana Mendes Gandelman se propõe a explorar a relação entre a dádiva, a reciprocidade e os mecanismos de mercado, examinando-a em seu entrelaçamento com a construção da trajetória de um indivíduo, o financista João de Aguiar, um dos maiores credores particulares da Bahia do século XVII e, provavelmente, um dos maiores doadores de seu período na América portuguesa. Marilia Nogueira dos Santos, autora de Privilégios institucionais ou individuais? Vice-reis da Índia e governadores-gerais do Brasil nos séculos XVII e XVIII, volta-se para os meandros do governo dos Estados da Índia e do Brasil para analisar a trajetória de dois ministros em suas disputas políticas pela manutenção de prestígio e poderes administrativos. A autora busca mostrar como estes homens tentaram transformar em individuais privilégios atrelados a seus cargos, descortinando assim estratégias políticas relativas aos conflitos administrativos e à qualidade social daqueles que ocupavam cargos na governança no âmbito do Império Português. Identidades, etnicidade e lutas políticas são os temas da segunda Seção, que reúne discussões atentas à dimensão dos sujeitos coletivos, nomeadamente escravos, índios e libertos, na formação de alianças políticas e solidariedades étnicas e sociais que lhes permitissem transitar em meio aos códigos hierárquicos da sociedade do Antigo Regime na América Ibérica. Sensibilidades locais, poder camarário e justiça: índios e “portugueses” em uma vila da monarquia pluricontinental portuguesa (Nova Benavente, ES, 1795-1798) é o artigo no qual Vânia Maria Losada Moreira investiga um conflito de terras envolvendo índios e portugueses na vila de Benavente, situada na capitania do Espírito Santo, no contexto do impacto das reformas pombalinas na região. Atenta ao agenciamento da lei pelos índios, a autora demonstra como tal comunidade reagiu, à luz dos costumes da terra, às inovações instituídas pela política pombalina, apropriando-se para tanto dos recursos políticos e jurídicos disponibilizados pela própria legislação reformista. Maria Verónica Secreto, em Entre a hierarquia e a igualdade: degraus de individualização. Buenos Aires 1787-1817, explora as temáticas da formação do indivíduo moderno, o questionamento da hierarquia nas sociedades tradicionais e as formas de negociação da liberdade na vigência da ordem escravista. Nos regimentos negros, nos grêmios de oficiais de cor e nas relações entre senhores e escravos, mediadas pela justiça, descortina-se um rico universo de tensões identificadas em diferentes níveis da sociabilidade negra na cidade de Buenos Aires, e examinadas por um corpus de processos relativos às décadas finais do período colonial. 16

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A Seção Intelectuais, projetos e experiências congrega reflexões sobre os intelectuais como atores representativos na construção das culturas políticas em que se inserem suas trajetórias. A Seção é aberta pelo artigo Educação e abolição como projetos de reforma social: trajetória intelectual e propostas educacionais de José do Patrocínio, no qual Alessandra Frota Martinez de Schueler analisa a trajetória de formação intelectual e as propostas educacionais de José do Patrocínio, personagem reconhecido por sua atuação como abolicionista e republicano nas últimas décadas do século XIX. O objetivo central da autora é o de apontar renovados caminhos de investigação sobre a atuação dos intelectuais negros na cidade do Rio de Janeiro, sobretudo no âmbito da construção de projetos educacionais no contexto das décadas finais da escravidão. O artigo seguinte, Entre festas e discursos: racialização e politização da questão racial nas viagens de Monteiro Lopes pelo Brasil (19091910), de Carolina Vianna Dantas, tem como fio condutor a trajetória do advogado e político negro Manuel da Motta Monteiro Lopes, com vistas a investigar as formas pelas quais ele próprio e seus admiradores se apresentavam no espaço público e as estratégias que mobilizavam para combater as “distinções de cor” e se inserir naquela jovem república. A autora privilegia a análise das viagens empreendidas por Monteiro Lopes como deputado e as festividades cívicas com que era recebido nas cidades por onde passou, de modo a pensar nas possibilidades de politização da questão racial e da presença dos negros nos espaços políticos formais da república. As viagens também são tema do trabalho seguinte, A salvação pela palavra: flexibilidade e polidez nas viagens europeias de Afonso Arinos de Melo Franco, no qual Carmen Felgueiras debruça-se sobre um aspecto específico da notável obra e atuação pública de Afonso Arinos de Melo Franco. A escolha da autora foi a de abordar o pensamento deste intelectual mineiro pelos relatos de suas viagens, nomeadamente aquela que o levou à Europa, no início da década de 1920. Visando refletir sobre a relação do homem público que foi Afonso Arinos com o modernismo e a sua concepção da cultura nacional, o texto privilegia a consideração da formação da subjetividade que o relato das suas experiências de viagem evidencia. A Seção se encerra com o artigo Construindo vidas: uma memória sobre a trajetória política de Rachel de Queiroz, de Natália de Santanna Guerellus, que busca desvendar um traço menos conhecido e discutido da escritora cearense Rachel de Queiroz, seguindo as trilhas de seu ativismo político e de seus combates intelectuais. A autora pretende, assim, refletir acerca da memória sobre a trajetória política de Rachel de Queiroz, procurando mapear esta 17

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memória, compreender seus deslocamentos e, sobretudo, demonstrar como Rachel de Queiroz escreveu sobre política sem trégua, ao longo de mais de 70 anos de sua vida. Indivíduos, registros da história e historiografia são os temas da Seção que reúne trabalhos afinados pela perspectiva de refletir sobre as estreitas aproximações entre a escrita historiográfica e as articulações intelectuais que lhes conferem inteligibilidade e sentido político. Em A apropriação de O século do corporativismo, de Michael Manoilesco, no Brasil de Vargas (1930/1940), Angela Maria de Castro Gomes volta-se para o fértil e diversificado campo dos chamados “estudos brasileiros” pós-1930, período no qual diferentes interpretações procuravam responder a questionamentos fundamentais sobre o “caráter” e a “realidade” brasileiros. Em meio a esse contexto de produção intelectual, chegou ao Brasil, em 1938, o livro de Michael Manoilesco, traduzido por Antônio José de Azevedo, cuja trajetória é acompanhada pela autora de modo a descortinar as formas de apropriação de Manoilesco no país. Em Os protagonistas da história: o indivíduo como problema historiográfico no Brasil, século XIX e início do XX, artigo de Rebeca Gontijo Teixeira e Maria da Glória de Oliveira, indaga-se sobre o lugar do indivíduo na historiografia produzida no Brasil após a década de 1870, marcada pelo debate sobre a formação nacional brasileira e a construção do regime republicano. As autoras propõem uma dupla reflexão: de um lado, analisar as conexões entre o individual e o coletivo na historiografia brasileira, considerando o século XIX e o início do XX, e, de outro, refletir sobre as mudanças do papel social e da tarefa do historiador nesse período. Américo Jacobina Lacombe e a coleção Brasiliana entre 1956 e 1961, é o artigo de Giselle Martins Venancio, que encerra esta Seção. Considerando o contexto de produção intelectual nacional de meados dos anos 1950, no qual autores de diversas vertentes voltaram-se para a elaboração de balanços sobre a produção intelectual nacional e buscaram avaliar o que havia sido produzido nas ciências sociais e humanas desde o século XIX, a autora reflete sobre as articulações intelectuais envolvidas na tarefa de constituir cânones do pensamento brasileiro. O artigo acompanha as possibilidades de ação política e intelectual de um sujeito em particular, Américo Jacobina Lacombe, diretor do projeto editorial Brasiliana, com vistas a investigar seu poder e suas limitações na definição dos rumos da coleção Brasiliana, bem como refletir sobre o papel de tal coleção na constituição de novos cânones historiográficos no país.

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A Seção seguinte é Movimentos sociais – entre trajetórias individuais e coletivas, voltada para a discussão da religião, das culturas políticas, da memória e das redes de sociabilidade intelectual como aspectos diversos dos movimentos sociais contemporâneos. O artigo de Hebe Mattos, Martha Campos Abreu e Patrícia de Araújo Brandão Couto, intitulado “O meu pai contava...”: histórias de um antigo senhor na tradição oral do quilombo do Bracuí – RJ, litoral sul fluminense, discute a rica tradição oral dos moradores deste quilombo do Sul Fluminense, que expressa uma original versão sobre as ações de um antigo senhor de terras e escravos do Vale do Paraíba cafeeiro: José de Souza Breves. As histórias contadas pela comunidade, hoje fundamentais na construção identitária e nas lutas pela posse da terra coletiva na região, revelam momentos históricos ainda pouco abordados pelos historiadores, como o tráfico ilegal de africanos. Em Policiais militares em protesto: ação coletiva, imprensa e oralidade, Juniele Rabêlo de Almeida contempla as relações entre memória e história a partir do trabalho com história oral voltado para a emergência das memórias subterrâneas, em contraponto e diálogo com as chamadas memórias oficiais. O trabalho privilegia a análise das trajetórias de vida dos policiais militares que integraram, no ano de 1997, o primeiro ciclo de movimentos reivindicatórios da corporação em nível nacional. Uma família de educadores “de cor”: magistério, redes de sociabilidade e projetos abolicionistas na capital fluminense (1860-1910), artigo de Heloisa Villela, encerra esta parte do livro com a proposta de reconstituir a trajetória de um professor negro, Philippe José Alberto Júnior, cuja trajetória no magistério e na militância abolicionista, na segunda metade do século XIX, começa a ser revelada. Os dados sobre a vida e a obra pedagógica desse professor apontam para a existência de uma família de educadores negros que escapou às análises da história da educação brasileira referente ao período, lançando luz sobre uma via ainda pouco explorada e extremamente rica de possibilidades de análise histórica. Os estudos reunidos na Seção Culturas políticas, feminino e feminismos – narrativas e experiências recuperam e renovam alguns dos temas clássicos da produção do NUPEHC, ao aliar as questões de gênero ao âmbito das culturas políticas em seu sentido plural. Em A chegada das mulheres ao poder: o caso de Alzira Vargas do Amaral Peixoto, a “segunda consciência” de Getúlio Vargas, Suely Gomes Costa propõe uma nova leitura do livro Getúlio Vargas, meu pai, trilhando os caminhos pelos quais Alzira Vargas, num momento de tomada de consciência de si, fez rupturas e reorientou os rumos de sua própria vida e de sua atuação na esfera pública brasileira. Cultura política 19

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feminista nas telas: aproximações e distanciamentos entre Bemberg e Yamasaki é o texto de Alcilene Cavalcante, que se dedica a refletir sobre a produção cinematográfica feita por mulheres latino-americanas no período da transição democrática. A análise recai sobre as ideias feministas em curso na Argentina e no Brasil, nas décadas de 1970/1980, especificamente, nos filmes Camila (1984) e Parahíba, mulher macho (1983). Ainda nesta seção, passamos ao artigo Sob o olhar de uma estrangeira: Independência do Brasil e mulheres da elite oitocentista no diário de Maria Graham, de Isabela Candeloro Campoi. A autora reflete sobre as relações entre literatura de viagem, narrativas sobre o feminino e história cultural pela escrita da inglesa Maria Graham e de suas visões sobre a situação política do Brasil às vésperas da Independência. Conceição Pires e Joana F. P. Rodrigues nos trazem, finalmente, o artigo “Esto no es un chiste”: artes visuais e representações do feminino, que explora uma série de manifestações visuais contemporâneas sobre o feminino antes de se deter no exame de uma personagem, Rê Bordosa. Tal personagem é pensada pelas autoras como uma representante da produção quadrinística underground no Brasil de 1980, apresentando como característica básica uma conduta de transgressão de fronteiras antes consideradas intransponíveis para as mulheres. Gostaríamos de registrar, por fim, nossos agradecimentos a todos os apoios institucionais que possibilitaram a realização deste trabalho: Capes, Faperj, Proppi/UFF, Labhoi/UFF, Departamento de História, Programa de Pós-Graduação em História e Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense foram nossos parceiros nesta jornada. Aos companheiros do NUPEHC que nos brindaram com suas reflexões e contribuições durante o Seminário – Maria Fernanda B. Bicalho, Jorge Ferreira, Ronald Raminelli, Maria Regina Celestino e Tereza Baumann – deixamos também registrada nossa satisfação de compartilhar os resultados finais deste trabalho. Aos nossos alunos e colaboradores, especialmente Roberta Cristina da Costa Ferreira, Filipe Oliveira da Silva, Renan Rubim Caldas, Mariana Rodrigues Tavares e Caroline Santos Guedes, muito obrigada pela competência e extremo profissionalismo com que nos apoiaram. Maria Verónica Secreto Giselle Venancio Larissa Viana

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